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Educação inclusiva: as práticas pedagógicas e a relação professora/aluna surda no processo ensino aprendizagem de uma escola em Abaetetuba-PA / Inclusive education:pedagogical practices and the dealing teacher / student relationship in the teaching learn

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Academic year: 2020

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Educação inclusiva: as práticas pedagógicas e a relação professora/aluna

surda no processo ensino aprendizagem de uma escola em Abaetetuba-PA

Inclusive education: pedagogical practices and the dealing teacher / student

relationship in the teaching learning process of a school in Abaetetuba-PA

DOI:10.34117/bjdv6n4-369

Recebimento dos originais: 27/03/2020 Aceitação para publicação: 28/04/2020

Kedma dos Santos Bitencourt

Graduada em Licenciatura em Pedagogias pela Faculdade da Amazônia – Abaetetuba Instituição: Faculdade da Amazônia (FAM)

End.: Rod. Dr. João Miranda, 3072 - Bosque, Abaetetuba - PA, 68440-000 E-mail: bitencourtkedma@gmail.com

Claudia do Socorro Azevedo Magalhães

Especialista em docência da Libras. Especialista em tradução e interpretação da Língua Brasileira de Sinais. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural -

PPDRGEA/IFPA Castanhal Instituição: IFPA – Abaetetuba

End.: Av. Rio de Janeiro, 3322 - Francilândia, Abaetetuba - PA, 68440-000 E-mail: azevedomagalhaes.claudia@gmail.com

Luis Ricardo Ravagnani

Mestre em Ciências Sociais – Antropologia (PPGSA/UFPA). Instituição: IFPA – Abaetetuba

End.: Av. Rio de Janeiro, 3322 - Francilândia, Abaetetuba - PA, 68440-000 E-mail: luis.ravagnani@ifpa.edu.br

RESUMO

A inclusão de pessoas com deficiências em ambientes educacionais inclusivos é um assunto complexo, porque prevê mudanças de paradigmas e transformação de toda a escola, de suas práticas sociais, culturais e pedagógicas. A escola pode representar um espaço significativo para o desenvolvimento das crianças com deficiências, portanto, tem grande responsabilidade e papel fundamental na formação delas. Quando se trata de inclusão de alunos surdos e práticas pedagógicas é necessário considerar as especificidades destes sujeitos, suas diferenças linguísticas e culturais. Nessa perspectiva, essa pesquisa tem por objetivo identificar como ocorre a inclusão de pessoas surdas e quais metodologias utilizadas na relação professora- aluna surda de uma Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental, localizada na rodovia

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PA 481, Ramal do Itacupé/Abaetetuba, Pará – Amazônia. A metodologia utilizada nesta pesquisa foi qualitativa, que se dá através do contato direto do pesquisador com situações e sujeitos pesquisados. Optou-se pelo estudo de caso, que segundo Yin (2001) “contribui, de forma inigualável, para a compreensão que temos dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos. A coleta de dados foi feita através de observações diretas e entrevistas. Como resultado, identificou-se que a aluna surda se comunica em Libras, mas sentiu dificuldades em compreender alguns sinais específicos. Não há Atendimento Educacional Especializado (AEE) na escola. Tal atendimento é feito em uma escola polo na cidade de Abaetetuba e a aluna não participa por dificuldades sociais e econômicas. A professora regente não tem formação em Libras ou na área da educação especial ou inclusiva. Não participou de nenhuma formação continuada. Utiliza outros recursos visuais para se comunicar com a aluna, como gestos e pantomimas. A metodologia usada com a aluna surda no período observado, foi a mesma que a utilizada para todos os outros alunos. As atividades em sua maioria, foram feitas em língua portuguesa escrita, sem diferenciação de provas ou exercícios. A intérprete se posicionava ao lado da aluna e utilizava a Libras e outros recursos visuais, como imagens em papel. A relação da professora com a aluna era de respeito, amor e carinho. Os resultados apontam que há urgência em se implantar mudanças nas estruturas escolares e a formação continuada para profissionais da educação é uma estratégia que deve ser constante nas escolas regulares, pois mesmo que haja boa vontade e amor, nem sempre as práticas pedagógicas utilizadas, sem conhecimentos e habilidades específicas, favorecem o ensino aprendizagem da pessoa surda.

Palavras-Chave: Inclusão. Práticas pedagógicas. Surdez

ABSTRACT

The inclusion of people with disabilities in inclusive educational environments is a complex issue, because it provides for paradigm shifts and transformation of the whole school, its social, cultural and pedagogical practices. The school can represent a significant space for the development of children with disabilities, therefore, it has a great responsibility and a fundamental role in their formation. When it comes to the inclusion of deaf students and pedagogical practices, it is necessary to consider the specificities of these subjects, their linguistic and cultural differences. In this perspective, this research aims to identify how the inclusion of deaf people occurs and what methodologies are used in the deaf teacher-student relationship of a Municipal School of Infant and Elementary Education, located on the PA 481 highway, Itacupé / Abaetetuba branch, Pará - Amazon. The methodology used in this research was qualitative, which occurs through the direct contact of the researcher with situations and subjects researched. We opted for the case study, which according to Yin (2001) “contributes, in an unparalleled way, to our understanding of individual, organizational, social and political phenomena. Data collection was done through direct observations and interviews. As a result, it was identified that the deaf student communicates in Libras, but found it difficult to understand some specific signs. There is no Specialized Educational Service (AEE) at the school. Such assistance is provided at a polo school in the city of Abaetetuba and the student does not participate due to social and economic difficulties. The conducting teacher has no training in Libras or in the area of special or inclusive education. He did not participate in any continuing training. Uses other visual aids to communicate with the student, such as gestures and pantomimes. The methodology used with the deaf student in the observed period was the same as that used for all other students. Most of the activities were carried out in written Portuguese, without differentiating between tests and exercises. The interpreter positioned

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente, um dos maiores desafios das escolas é tornar-se inclusiva, rompendo com os velhos paradigmas referentes à pessoa com deficiência e criando um espaço acolhedor, acessível e democrático, na qual receba todas e todos sem nenhum tipo de preconceito e discriminação, promovendo aprendizagens significativas e de qualidade para os alunos.

[...] a Educação Inclusiva é uma prática inovadora que está enfatizando a qualidade de ensino para todos os alunos, exigindo que a escola se modernize e que os professores aperfeiçoem suas práticas pedagógicas. É um novo paradigma que desafia o cotidiano escolar brasileiro. São barreiras a serem superadas por todos: profissionais da educação, comunidade, pais e alunos. Precisamos aprender mais sobre a diversidade humana, a fim de compreender os modos diferenciados de cada ser humano ser, sentir, agir e pensar. (ROSA, 2003, p. 15)

Compreende-se que a construção de uma escola inclusiva não se dará de uma só vez, acontece gradativamente, pois são vários aspectos que precisam ser modificados e repensados, como: estrutura física, formação continuada para os profissionais e a relação professor aluno por meio das práticas pedagógicas, para que assim possa haver êxito no processo de ensino- aprendizagem.

Mantoan (2015, p. 62) afirma:

A inclusão é uma inovação que implica um esforço de modernizar e reestruturar a natureza atual da maioria de nossas escolas. Isso acontece à medida que as instituições de ensino assumem que as dificuldades de alguns alunos não são apenas deles, mas resultam, em grande parte, do modo como o ensino é minstrado e de como a aprendizagem é concebida e avaliada.

herself next to the student and used Libras and other visual aids, such as images on paper. The teacher's relationship with the student was one of respect, love and affection. The results point out that there is an urgent need to implement changes in school structures and continuing training for education professionals is a strategy that must be constant in mainstream schools, because even if there is good will and love, not always the pedagogical practices used, without knowledge and specific skills, favor the teaching and learning of the deaf person.

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Sabe-se que para que tal prática aconteça é preciso que os envolvidos se façam presentes ativamente, promovendo estratégias de ensino aprendizagem para todos os/as alunos/as da turma.

Segundo Mantoan (2015, p. 69):

A inclusão não prevê a utilização de práticas/métodos de ensino escolar específicos para esta ou aquela deficiência e/ou dificuldades de aprender. Os alunos aprendem nos seus limites e se o ensino for, de fato, de boa qualidade, o professor levará em conta esses limites e explorará convenientemente as possibilidades de cada um. Não se trata de uma aceitação passiva do desempenho escolar, mas de agirmos com realismo e coerência e admitirmos que as escolas existem para formar as novas gerações e não apenas alguns dos seus futuros membros, os mais capacitados e privilegiados.

Assim, é importante destacar que o professor em sala de aula precisa trabalhar com metodologias diferenciadas e adequadas a turma toda. Buscando estratégias de ensino que facilite o processo de aprendizagem de todos os alunos, tornando-os seres críticos reflexivos. Assim como a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) de 2015, no capítulo II trata da igualdade e não discriminação, e no Art. 4º afirma que “Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação”.

Nesse sentido, este estudo tem como objetivo geral identificar como acontece a aprendizagem dos alunos surdos mediante as metodologias utilizadas pelo professor em sala de aula, para que se tenha eficácia na concretização da pesquisa. A metodologia utilizada nesta pesquisa foi a qualitativa, e se deu através do contato direto do pesquisador com situações e sujeitos pesquisados. Optou-se pelo estudo de caso, que segundo Yin (2001) “contribui, de forma inigualável para a compreensão que temos dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos.

1.1 INCLUSÃO E SURDEZ: DESAFIOS E POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS

A Educação Inclusiva é o atual paradigma da educação brasileira, o qual exige que as escolas se transformem, que sejam lugares onde todos os alunos possam ter acesso, permanência e sucesso em seu contexto, constituindo-se em um processo de mudanças em todos os aspectos da instituição escolar, para que acolha todos os alunos, inclusive os surdos, respeitando suas diferenças, necessidades e valorizando as suas potencialidades.

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Para Mantoan (2015), é um processo que:

[...] Implica uma mudança de perspectiva educacional, pois não atinge apenas alunos com deficiências e os que apresentam dificuldades em aprender, mas todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. [...] A inclusão é uma provocação, cuja intenção é melhorar a qualidade do ensino das escolas, atingindo todos os alunos que fracassam em suas salas de aula (MANTOAN, 2015, p.16-17).

Portanto, trata-se de um processo amplo e complexo de mudança na sociedade e principalmente no contexto escolar, envolvendo a revisão das concepções, atitudes e práticas historicamente construídas, que se colocam como barreiras a uma escola realmente para todos.

Essa concepção de deficiência, que inferioriza o sujeito e limita, através de barreiras físicas, comunicacionais e/ou atitudinais, suas chances de ser e estar no mundo, vem sendo responsável pela própria constituição dessa deficiência, uma vez que interfere de maneira direta nas possibilidades de interação de indivíduos com deficiência com outras pessoas e vice-versa. (SILVA, 2014, p. 15-16).

Cabe aqui ressaltar que tais práticas e barreiras criadas, devem ser superadas, não somente, pelos professores em sala de aula, mas por todos que fazem parte do processo educativo e da sociedade. Desta forma é possível proporcionar para todos os alunos aprendizagem significativa, no que diz respeito a sua formação enquanto cidadão ou cidadã pertencente a essa sociedade, com direitos, deveres e capacidade produtiva para a coletividade. O contexto educacional, é diverso, trata-se de um ambiente onde diferentes culturas, religiões, hábitos e outras peculiaridades estão presentes. Percebe-se, porém, que nas escolas nem sempre essas diferenças são reconhecidas e respeitadas, pois muitas vezes os alunos são tratados de maneira homogênea, reforçando a segregação e a exclusão. Jesus et al. (2009, p. 59), afirma que:

[...] como as demais instituições que fazem parte da rede de relações sociais, a escola tem feito seu papel de reprodutora das significações importantes, para tornar a sociedade cada vez mais uniforme, padronizada.

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Frente a essa velha maneira de tratar a diferença e as peculiaridades, principalmente daqueles que apresentam alguma necessidade especial, a inclusão surge como uma possibilidade na superação do modelo tradicional de educar, que ignora o aluno como centro do processo educativo. Silva (2014, p. 16)

No ambiente escolar, todos os seus atores têm papel fundamental na consecução da educação inclusiva. Esta envolve a possibilidade e a concretização de significativas interações para todos, tornando possível construir uma escola em que as relações e práticas pedagógicas sejam menos discriminatórias e excludentes, em que as diferenças sejam entendidas como inerentes ao ser humano e como potencialidades para a aprendizagem de todos os envolvidos.

Pesquisas e experiências vivenciadas no campo da educação têm mostrado as dificuldades históricas que se contrapõem ao processo de inclusão das pessoas com deficiência, principalmente sendo essas advindas da surdez, concebida como dificuldade e/ou ausência de comunicação entre surdos e ouvintes. Ser surdo nesta concepção é ser incapaz de interagir e aprender, o que tem trazido grandes limitações na educação desses alunos. É importante destacar que:

Os conceitos e concepções sobre a surdez e sobre as pessoas surdas variam de acordo com as diferentes épocas e os grupos sociais nas quais são produzidas, e são essas representações que dão origem as diferentes práticas sociais, que podem limitar ou ampliar o universo de possibilidades para o exercício da cidadania dos sujeitos surdos (BRASIL, 2006, p. 65).

Nesse sentido, a partir do paradigma inclusivo, essa concepção tende a mudar, pois a surdez, diferentemente do passado, apresentada como doença, vista como um problema, uma impossibilidade, hoje, passa por mudanças conceituais e passa a ser vista como:

[...] uma experiência visual que traz aos surdos a possibilidade de constituir sua subjetividade por meio de experiências cognitivo - linguísticas diversas, mediadas por formas alternativas de comunicação simbólica, que encontram, na língua de sinais, seu principal meio de concretização (FERNANDES, 2006, p. 68).

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Dessa forma a surdez deixa de ser um problema intransponível que exclui a pessoa surda, principalmente da educação escolar, tornando-se possibilidade de construções diferenciadas de aprendizado. Essa nova forma de conceber a surdez desloca o foco, até então centrado exclusivamente na deficiência, para focalizar-se nas respostas às suas necessidades especiais, por meio dos suportes e recursos necessários.

Considerando que cada sujeito aprende de maneira diferente no contexto escolar, o surdo também tem à sua maneira própria de lidar com o ensino aprendizado, e não é igual ao dos ouvintes. Como afirma Carvalho (1998, p. 11) “[...] Ser surdo não é uma opção de vida, mas uma condição com a qual a pessoa deve aprender a lidar no decurso da vida [...]”. Compreende- se que a pessoa que nasceu ou adquiriu a surdez, no decorrer de sua vida, deve aprender a conviver com sua condição, enquanto sujeito surdo, mas que isso não o impedirá de levar a sua vida como qualquer outra pessoa.

Em se tratando de desafios e possibilidades das práticas pedagógicas com alunos surdos, torna-se importante frisar que não é possível um ensino aprendizado inclusivo sem considerar as especificidades do aluno surdo, sua condição linguística e a proposta bilíngue.

1.2 PROFESSOR INCLUSIVO: ATITUDES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

O professor inclusivo, é aquele que entende que na sala de aula terá sempre uma diversidade de alunos, cada um com seu modo de ser e de aprender, sua maneira diferente de compreender o mundo e a realidade que o rodeia. Assim, respeitar as peculiaridades, identidades e culturas, por exemplo, é importante, para que haja um processo democrático e inclusivo, pois segundo Mantoan (2015, p. 79):

O professor inclusivo não procura eliminar a diferença em favor de uma suposta igualdade do alunado – tão almejado pelos que apregoam a homogeneidade das salas de aula. Ele está atento aos diferentes tons de vozes que compõe a turma, promovendo a harmonia, o diálogo, contrapondo-as, complementando-as.

Sabe-se que o papel do professor inclusivo, não é tarefa fácil, até porque as estruturas e condições de trabalho oferecidas não são adequadas e a valorização profissional ainda é precária, porém torna-se urgente e necessário que esse profissional melhore suas práticas para que supere as situações de exclusão ainda presentes nesse contexto.

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Compreende-se que para melhorar a qualidade do ensino-aprendizado do aluno, é necessário que as práticas educativas que são utilizadas pelo professor em sala de aula, sejam revistas e reavaliadas além de analisadas criticamente. É prudente que se perceba quais as dificuldades dos alunos e quais estratégias usar para saná-las.

Nesse contexto é imprescindível realizar o que Paulo Freire (1997) chama de “ação- reflexão-ação”, onde o professor realiza auto avaliação, de acordo com a metodologia que foi desenvolvida em sala de aula, averiguando se o objetivo que foi traçado para aquela aula foi atingido, caso contrário, este deve tentar avançar e melhorar nas aulas seguintes.

Acredita-se que quando se trata de assuntos referentes a educação, vale ressaltar que a mesma está em constante mudança e torna-se necessário que o professor acompanhe essas mudanças que são importantes para significar o ensino-aprendizado dos alunos, pois metodologias que foram utilizadas no passado com os educandos, hoje podem não fazer mais sentido, pois os alunos que estão na escola não são mais os mesmos de décadas atrás.

Para Mantoan (2015, p. 81) “[...] a formação do professor inclusivo requer o redesenho das propostas de profissionalização existentes e uma formação continuada que também muda”. É preciso encaixar-se na dinâmica da sociedade do conhecimento.

Sabe-se que a formação do professor, para o atual contexto sócio educacional que se apresenta, exige saberes diversos e principalmente a capacidade da busca permanente, de conhecer seus alunos e a realidade que os cerca, de significar conteúdos, de entender que não há um conhecimento pronto e acabado, mas um processo contínuo de aprendizado e sua formação deve, portanto, visar as práticas inclusivas.

Compreende-se que é de extrema importância a participação ativa da família nos assuntos referentes a aprendizagem dos seus filhos, buscando participar das reuniões na escola, na elaboração do projeto político pedagógico, discutindo e interagindo, para que a prática da inclusão seja efetivada no espaço educacional, pois como afirma Carvalho (1998, p. 193)

A operacionalidade da inclusão de qualquer aluno no espaço escolar deve resultar de relações dialógicas envolvendo família, escola e comunidade, de modo que cada escola ressignifique as diferenças individuais, bem como reexamine sua prática pedagógica.

É de extrema importância o professor repensar e avaliar as metodologias que estão sendo trabalhadas em sala de aula com o aluno, analisando os sucessos e fracassos, para que assim

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possa buscar inovar e aperfeiçoar seu trabalho do dia-a-dia, tendo como referência o aluno, que é o centro da aprendizagem, verificando como está o desenvolvimento do mesmo individualmente, ou seja, se houve progresso na sua aprendizagem, e também coletivamente se respeita e sabe conviver com o colega que é diferente e que tem muito a contribuir para a sua formação, pois como afirma O Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001, “o grande avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana”.

1.3 BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS

Nesse sentido, sabe-se que a educação das pessoas surdas é um capítulo à parte da história da educação brasileira que, historicamente esteve marcada pela exclusão, segregação e pela diferenciação de oportunidades, principalmente em se tratando de grupos vítimas do preconceito e discriminação, como é o caso das pessoas com deficiência. Nídia de Sá, ao falar dessa história em relação aos surdos, destaca que:

[...] primeiramente os Surdos foram “descobertos” pelos ouvintes, depois eles foram isolados da sociedade para serem “educados” e afinal conseguirem ser como os ouvintes; quando não mais se pôde isolá-los, porque eles começaram a formar grupos que se fortaleciam, tentou-se dispersá-los, para que não criassem guetos (SÁ, 2004, p.03).

A caminhada histórica da educação de surdos é, portanto, repleta de desafios e incoerências, há o reconhecimento de que não há surdez absoluta e que os restos auditivos podem ser utilizados e desenvolvidos e séculos depois se chegou ao reconhecimento do surdo enquanto pertencente a um grupo linguístico distinto.

[...] antes de surgirem estas discussões sobre a educação, os sujeitos surdos eram rejeitados pela sociedade e posteriormente eram isolados nos asilos para que pudessem ser protegidos, pois não se acreditava que pudessem ter uma educação em função da sua ‘anormalidade’, ou seja aquela conduta marcada pela intolerância obscura na visão negativa sobre os surdos, viam-nos como ‘anormais’ ou ‘doentes (PERLIN E STROBEL, 2006, p. 05)

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No período de 06 a 11 de setembro de 1880 aconteceu o Congresso de Milão, no qual se decidiu qual a proposta seria mais eficaz: o oralismo, a língua de sinais ou o misto. Nele haviam pessoas surdas, porém, ficaram invisíveis mediante as discussões promovidas por ouvintes que, exercendo a superioridade, decidiram proibir, permanentemente o uso da língua de sinais e decretaram que a aprendizagem dos alunos surdos aconteceria mediante o oralismo.

O oralismo, ou filosofia oralista, usa a integração da criança surda à comunidade de ouvintes, dando-lhe condições de desenvolver a língua oral (no caso do Brasil, o Português). O oralismo percebe a surdez como uma deficiência que deve ser minimizada através da estimulação auditiva. (GOLDFELD, 1997, p. 30 e 31).

Nessa proposta, cabia à escola promover o treinamento auditivo, o desenvolvimento da fala e a leitura labial na tentativa de normalizar os surdos. Assim, essa filosofia perdurou por mais de 100 anos. Para Perlin e Strobel (2006, p. 06):

[...] nenhum outro evento na história de surdos teve um impacto maior na educação de povos surdos como este que provocou uma turbulência séria na educação que arrasou por mais de cem anos, nos quais os sujeitos surdos ficaram subjugados ás práticas ouvintistas, tendo que abandonar sua cultura, sua identidade surda e se submeteram a uma ‘etnocêntrica ouvintista’, tendo de imitá-los.

Pode-se constatar que as pessoas surdas, ao longo da caminhada histórica, enfrentaram e ainda enfrentam piedade e loucura, descrédito, discriminação, preconceito e exclusão (SKLIAR, 1997).

Com o fracasso do Oralismo e da Comunicação Total, surge a atual filosofia de ensino que se faz presente até os dias atuais o Bilinguismo, que se pauta no ensino da língua de sinais brasileira (LIBRAS) como primeira língua para os surdos (L1) e a língua majoritária, no Brasil a língua portuguesa na modalidade escrita (L2).

O bilinguismo é uma proposta de ensino usado por escolas que se propõe a tornar acessível à criança as duas línguas no contexto escolar. Os estudos têm apontado para essa proposta como sendo mais adequada para o ensino de crianças surdas, tendo em vista que considera a língua de sinais como sendo língua natural e parte desse pressuposto para o ensino da língua escrita (QUADROS, 1997, p. 27)

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O bilinguismo surge com a necessidade de proporcionar para os alunos surdos, aprendizagens satisfatórias, que chegue ao entendimento dos mesmos, de forma clara e facilitadora, tornando-o, ser ativo em sua formação, reconhecendo e valorizando sua cultura, sua condição enquanto sujeito surdo, que possui sua própria língua, a língua de sinais.

Em 2001 as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica no parágrafo 2.º do artigo 12 da Resolução do CNE/CEB nº 2/2001, definiu que “ao aluno surdo deva ser assegurado o acesso aos conteúdos curriculares, mediante a utilização de língua de sinais, sem prejuízo do aprendizado da língua portuguesa.” O aluno deve aprender na escola as duas línguas: Língua Brasileira de Sinais como sendo sua primeira língua e, no Brasil, a Língua Portuguesa, como sua segunda língua.

Considera-se que cada indivíduo desenvolve a sua aprendizagem, de maneira peculiar, e para que isso ocorra faz-se necessário que sua língua natural seja reconhecida e desenvolvida. No caso do surdo, é preciso que a escola esteja de fato preparada para recebê-lo e tratá-lo de acordo com os seus direitos.

O professor que busca no seu dia-a-dia na escola especificamente na sala de aula ter práticas inclusivas, deve sempre estar aberto para o “novo”, ir em busca de formações, se possível, para assim desenvolver aulas que atenda a todos os alunos que fazem parte daquela turma.

2 METODOLOGIA

O Município de Abaetetuba está localizado à margem direita do Rio Maratauíra, afluente do Rio Tocantins, nordeste do Estado do Pará, possuindo uma extensão territorial com uma área de aproximadamente 1.610,743 km² (mil seiscentos e dez, setecentos e quarenta e três quilômetros quadrados) e uma área urbana, com crescimento horizontal acelerado, estimada em 10 km² (dez quilômetros quadrados).

Seus limites físicos são: ao Norte, o rio Pará e o Município de Barcarena; ao Sul, os Municípios de Igarapé-Miri e Moju; a Leste, o Município de Moju; e a Oeste os Municípios de Igarapé-Miri, Limoeiro do Ajuru e Muaná. A sede do município tem as seguintes coordenadas geográficas: 01º 43’ 24” de latitude Sul 48º 53’54” de longitude a Oeste de Greenwich. (IBGE, 2018).

Seu território encontra-se dividido em zona urbana e zona rural. O estudo da distribuição espacial da população, do ponto de vista de sua localização no meio urbano e no meio rural,

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segundo os dados censitários (IBGE, 2018), constata que Abaetetuba possui uma população estimada em 156.292 (cento e cinquenta e seis mil duzentos e noventa e dois) habitantes.

Conforme Sousa (2009), a zona rural do município de Abaetetuba está subdividida em zona rural-ilhas, que é composta por 72 ilhas interligadas por inúmeros rios, furos e igarapés, que compõe o complexo hidrográfico da região e zona rural-centro, a Leste, que compõem aproximadamente, trinta e cinco colônias, além do distrito de Beja, que constituem acesso à cidade por ramais e estradas. Contudo, grande parte da população rural encontra-se nas proximidades dos núcleos urbanos, a cidade e o campo vivem em compartimentos isolados, mas possuem dinâmicas cada vez mais interligadas, como argumenta (SOUSA, 2009).

É na zona rural-centro que está localizada a Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Nossa Senhora Auxiliadora na qual a pesquisa foi realizada. Os dados referentes as informações obtidas sobre a escola foram coletadas a partir do diálogo com o gestor e professores.

2.1 ASPECTO HISTÓRICO

A Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Nossa Senhora Auxiliadora, está vinculada a Secretaria Municipal de Educação de Abaetetuba. Antes de 1962 até meados de 1981, funcionou em uma casa e Centro Comunitário. Nesse período, atuava com um quadro funcional de apenas uma professora em classes multisseriadas e sem funcionário de apoio, cabendo a execução de todos as tarefas educacionais a cargo da professora.

Atualmente a escola se localiza na PA 481 Ramal do Itacupé município de Abaetetuba. Foi fundada em 05 de maio de 1983 sendo a instituição mantida pela Prefeitura Municipal, onde atende crianças da Educação Infantil e Ensino Fundamental de 1º ao 5º ano. Em 2018 foram matriculados cerca de 73 alunos. É uma escola de pequeno porte funcionando com duas turmas no turno da manhã e duas no turno da tarde. No quadro de profissionais estão um professor de educação física, um professor de apoio, dois auxiliares de serviços gerais, quatro professores e um gestor.

Segundo informações obtidas, a escola contém 02 salas de aula, com ventiladores, armários, carteiras, 1 sala de informática que não está funcionando, 1 refeitório, 4 banheiros, sendo dois para necessidades fisiológicas e dois para higiene pessoal, 1 escovódromo, 1 área de recreação. Na escola não tem quadra esportiva, mas o Professor de Educação Física, leva os alunos para um campo de futebol que tem de frente com a escola, para a realização de

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exercícios físicos, brincadeiras e práticas de esportes como: futebol, vôlei e queimada. Na instituição não tem biblioteca, ou um espaço destinado a prática de leitura para os alunos.

O planejamento das atividades escolares começa no início do ano letivo. Após as realizações das provas bimestrais, acontece o Plantão Pedagógico, no qual os pais dos alunos se deslocam até a escola para conversar com o professor sobre as notas dos seus filhos e os avanços que tiveram referente a aprendizagem. Os conteúdos trabalhados na escola são adequados pelo professor a partir do contexto de vida do aluno e as avaliações ocorrem de forma qualitativa.

[...] A escola tem papel fundamental nesse processo, pois nela acontecem interações, trocas e construções de conhecimentos altamente significativas e singulares. Ela representa um espaço que pode contribuir para a inclusão das pessoas com deficiência, criando condições para que a educação nela construída cotidianamente possa ser, efetivamente, levada a todos os alunos matriculados, buscando romper com o paradigma dominante acerca da deficiência. (Silva, 2014, p. 16)

Portanto, cabe a escola a busca permanente do trabalho coletivo e organizado para conseguir os meios e suportes adequados para tornar-se inclusiva. Para melhor desvelar a realidade nesta pesquisa, além da observação, realizou-se o diálogo e entrevista com o gestor, professora regente e mãe da aluna. Para preservar a identidade de cada participante da entrevista optou-se em não citar nomes.

3 PESQUISA DE CAMPO E RESULTADOS

No mês de outubro de 2018, iniciou-se a pesquisa de campo na escola Nossa Senhora Auxiliadora para uma boa execução do trabalho pedagógico, faz-se necessário que haja a cooperação dos profissionais, que fazem parte do quadro de funcionário da escola, visando um espaço educacional de valores, respeitando a diversidade. Como ressalta, Silva (2014, p. 30) “[...] orienta-se que a atuação pedagógica seja dinâmica, cooperativa e que promova não só a sua socialização, mas também aprendizagem em conjunto com os demais alunos”.

Observou-se que não há cooperação, nenhum trabalho coletivo, entre os profissionais. Percebeu-se certo distanciamento entre os profissionais da manhã e da tarde. Ressalta-se que a inclusão, por tratar de mudanças profundas na escola, precisa de união de esforços, da ajuda mútua, da participação de todos.

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A entrevista foi realizada com o gestor da escola que tem formação em Licenciatura em Educação do Campo com Habilitação em Ciências Humanas e especialização em Relações Interpessoais, a professora regente é formada em Pedagogia e pós-graduada em Informática e Educação. Ambos tiveram experiência com a surdez a partir do momento que a aluna começou a estudar na escola. A mãe da aluna tem o Ensino Fundamental I incompleto e tem experiência com a surdez desde o nascimento de sua filha.

3.1 PARA VOCÊ O QUE É INCLUSÃO?

“É dar oportunidades de aprendizagem aos alunos especiais, com metodologias que favoreçam o seu aprendizado. É a escola que tem que se adaptar aos alunos e não os alunos a escola”. (Gestor)

“Quando você está aberto a todos, de igual e procura respeitar as limitações do outro”. (Professora Regente).

“Inclusão é os surdos serem aceitos na sociedade, não só os surdos, como qualquer pessoa que seja diferente”. (Mãe da Aluna)

De acordo com as respostas dadas é possível perceber-se que mesmo diante de conhecimentos e experiências diferentes, tanto a gestão, como a professora regente e mãe têm uma visão aproximada de inclusão, ou seja, têm certa consciência de que a inclusão é um processo amplo de mudanças, para que a escola seja realmente para todos. Reiterando que não é necessariamente a deficiência o impedimento para uma aprendizagem efetiva, mas as condições oferecidas pela escola.

A inclusão é uma inovação que implica um esforço de modernização e de reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas (especialmente as de nível básico), ao assumirem que as dificuldades de alguns alunos não são apenas deles, mas resultam, em grande parte, do modo como o ensino é ministrado e de como a aprendizagem é concebida e avaliada (MANTOAN, 2015, p. 32).

Para saber se a escola na qual foi realizada a pesquisa de campo é inclusiva, realizou-se a seguinte pergunta para o gestor, professora regente e a mãe da aluna.

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3.2 PARA VOCÊ, A ESCOLA É INCLUSIVA? POR QUÊ?

“Sim, porque temos alunos especiais, e procuramos da melhor forma possível

proporcionar a esses alunos um ensino de qualidade, apesar das limitações que temos”. (Gestor);

“Sim, sempre está aberto a todos com todo amor, carinho significativo e intervenção de aprendizagem”. (Professora Regente)

“Nem todas as vezes, mês de junho minha filha queria participar da quadrilha da escola e uma pessoa disse que ela não poderia, porque ela é surda, mesmo assim eu coloquei ela, faço toda a vontade dela e não ia ser essa pessoa que ia fazer eu mudar de ideia, e quando tinha ensaios ela era a única que não ia ensaiar porque eles não me avisavam”. (Mãe da Aluna)

Percebe-se que há diferença de opiniões a respeito da pergunta se a escola é inclusiva. Não adianta somente o/a professor/a ter práticas inclusivas, se na sala de aula ou a escola como um todo, não mudarem as velhas práticas existentes. Práticas estas, que interferem diretamente na forma de tratar o outro e de aceitá-lo no contexto educacional.

Considera-se importante que na escola, especificamente na sala de aula, o/a professor/a possa realizar dinâmicas, na qual envolva todos/as os/as alunos/as, para que este perceba que é peça crucial no processo de ensino-aprendizagem é que cada um deles irá contribuir significativamente na obtenção de conhecimento, com a valiosa troca de experiência e instiga- los a participarem desse processo.

Contudo, perguntou-se a professora regente:

3.3 COMO ACONTECE A PRÁTICA PEDAGÓGICA DE INCLUSÃO?

“A partir da chegada da aluna na escola, receber todos de igualdade e a escola procura mecanismos para os anseios da dificuldade do aluno”. (Professora Regente).

Durante a realização das observações, notou-se que a sala de aula possui 19 alunos/as, sendo que a mesma funciona a multisérie 1º e 2º ano juntos, a sala é adequada para o número de alunos, os ventiladores não funcionam, mas pelo o ambiente ser amplo, isso não interferia na aprendizagem dos/as educandos/as. A relação professora-aluno/a, existe, a mesma é bastante atenciosa com a turma, busca mecanismos para desenvolver sua aula com qualidade, trabalhando com assuntos relacionado ao cotidiano dos/as alunos/as.

Dentre vários aspectos observados, percebeu-se que há tratamentos diferenciados por parte da professora regente para com a aluna surda. A aluna tinha liberdade de sair a hora que

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alunos, que só podiam sair com a permissão da professora. E quando a aluna queria qualquer coisa sendo da professora ou dos colegas a professora dava para ela.

Acredita-se que na sala de aula os/as alunos/as, tem diferenças, que precisam ser reconhecidas e respeitadas, mas possuem igualdade de oportunidade.

É importante destacar que na escola, não funciona o Atendimento Educacional Especializado (AEE), o atendimento para a aluna surda é feito em uma escola em Abaetetuba- Centro, uma vez por semana, só que no diálogo realizado com a mãe da aluna, a mesma diz encontrar dificuldades em ter que levar a sua filha para o atendimento, visto que ela tem gastos, a viajem é cansativa e em 2018, sua filha faltou bastante, pelos fatores citados acima e também por conta que a menina adoeceu.

Para ressaltar como a participação da família ou responsáveis do/a aluno/a é importante no desenvolvimento da criança no processo de ensino-aprendizagem, realizou-se a seguinte pergunta para a mãe da aluna:

3.4 VOCÊ É PRESENTE NA VIDA ESTUDANTIL DE SUA FILHA? O QUE VOCÊ ME DIZ A RESPEITO DO ENSINO OFERTADO PARA A SUA FILHA?

“No meu ponto de vista sim, olho o caderno, vou nas reuniões, vou brigar na escola,

para que minha filha tenha o tratamento que merece e toda vez que me chamam na escola eu vou. Não reclamando, mas eu acho que poderia ter mais exercícios em Libras para ela entender, porque ela não entende. Muitas coisas melhoraram agora, depois da intérprete, ela ajuda muito a minha filha, sabe muitas coisas agora”. (Mãe da Aluna)

Durante as observações realizadas na pesquisa de campo, foi possível perceber que a avaliação de como está o desenvolvimento da aprendizagem da aluna é feita com a presença da professora, onde a mesma realiza o Plantão Pedagógico, reunindo os pais ou responsáveis, para entregar as avaliações bimestrais e falar sobre os alunos na sala de aula.

Contudo, não se tem, o momento destinado a avaliação dos profissionais da escola, da professora, das metodologias utilizadas, dos acertos e fracassos.

3.5 COMO ACONTECE A RELAÇÃO PROFESSORA-ALUNA SURDA?

“Relação boa de duplicidade, de respeito, amor, carinho no processo de aprendizagem, respeitando sempre suas limitações”. (Professora Regente)

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Quando há amor, responsabilidade, compromisso e abertura para descobrir as necessidades do outro é possível mudar realidades que aparentemente são adversas.

3.6 QUAIS PROBLEMÁTICAS VOCÊ ENFRENTA? PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS?

“A dificuldade de interagir na compreensão dos sinais. Positivos: que eles são bastante dóceis, interessados, afetivos. Negativo: que você não tem uma interação eficaz com o educando” (Professora Regente).

“A dificuldade maior é a escola oferecer aquilo que é direito da aluna, em especial a Libras, porém estamos lutando para melhorar a sua inclusão” (Gestor)

“A maior dificuldade é quando minha filha é discriminada, quando ela não consegue entender as coisas. E positivo é que ela é uma filha muito boa e carinhosa” (Mãe da aluna)

Acredita-se que uma das dificuldades encontrada pela professora regente em sala de aula é referente a comunicação com a aluna, como estabelecer esta comunicação, sendo que a mesma deve se dar através da Língua de Sinais. Contudo, pode-se na sala de aula ao ministrar sua aula, utilizar recursos visuais, imagens ilustrativas, jogos, brincadeiras, instigar a aluna a participar, fazendo perceber que é peça fundamental em sua aprendizagem.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O paradigma da segregação precisa ser rompido, em especial a pessoa com deficiência que não deve ser educada à parte, mas junto com os demais alunos no contexto educacional.

A pesquisa de campo proporcionou momentos de reflexões e mudanças de pensamentos e ideias, pois quando se está na graduação, na sala de aula é fácil nas discussões realizadas falar sobre o papel do/a professor/a em sala de aula, questionar sobre a sua atuação, as metodologias que são utilizadas. Destaca-se que quando se vai a campo e sai-se do “conforto”, percebe-se o quão difícil é a tarefa do professor para superar todas as dificuldades e ensinar a todos, tratando-os com respeito, dignidade, carinho, mesmo que seu trabalho não seja valorizado e reconhecido pelos profissionais que fazem parte do contexto educacional, pelos pais/responsáveis dos/as alunos/as e da sociedade como um todo.

Acredita-se que os objetivos traçados neste estudo foram alcançados, pois foi possível conhecer a realidade educacional da aluna surda, a prática pedagógica desenvolvida e a relação professora e aluna ficando evidente que a inclusão desses alunos ainda não ocorre como

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e aluno, apesar de boa, falta ainda ser mais interativa e acima de tudo é preciso que a escola assegure o ensino da Libras e em Libras para a referida aluna.

Acreditamos que a pesquisa de campo foi realizada com êxito, as informações fornecidas pela mãe da aluna, professora regente e gestor, ajudaram bastante a evidenciar o quanto ainda é necessário aperfeiçoar o processo de inclusão escolar de alunos surdos, principalmente em escolas campesinas. A escola também precisa atentar para a construção de uma proposta pedagógica inclusiva que valorize a formação continuada dos professores e que juntamente com a família, Estado e comunidade possa unir forças para melhorar as práticas inclusivas.

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BRASIL. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência): promulgada em 6 de julho de 2015 / obra coletiva de autoria do Ministério Público do Trabalho, Procuradoria Regional do Trabalho da 17ª Região, PCDLegal. - Vitória : Procuradoria Regional do Trabalho da 17ª Região, 2016.

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