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Da rádio para a televisão : a produção de conteúdos em linguagens e formatos distintos

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Academic year: 2020

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Universidade do Minho

Instituto de Ciências Sociais

João Pedro Silva Oliveira

Julho de 2012

Da Rádio para a Televisão:

a Produção de Conteúdos em Linguagens

e Formatos Distintos

UMinho|20 12 João P edr o Silva Oliv eir a Da Rádio para a T ele

visão: a Produção de Conteúdos em Linguagens e F

ormatos Dis

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Trabalho realizado sob a orientação da

Professora Doutora Madalena Oliveira

Universidade do Minho

Instituto de Ciências Sociais

João Pedro Silva Oliveira

Julho de 2012

Relatório de Estágio

Mestrado em Ciências da Comunicação

Área de Especialização em Informação e Jornalismo

Da Rádio para a Televisão:

a Produção de Conteúdos em Linguagens

e Formatos Distintos

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É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTE RELATÓRIO DE ESTÁGIO, APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

Universidade do Minho, ___/___/______

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Conteúdo

Advertências ... 5

Introdução ... 6

Resumo - Da Rádio Para a Televisão: a Produção de Conteúdos em Linguagens e Formatos Distintos ... 8

Abstract - From Radio to Television: Producing Contents in Different Languages and Formats ... 9

O Estágio Curricular – ANTENA 1 ... 10

O Cinemax e a redacção de desporto – porquê os dois? ... 10

A plataforma multimédia ... 11

O trabalho no Cinemax ... 11

A importância dos idiomas ... 12

O trabalho na redacção de desporto ... 13

O Estágio Profissional – ACADEMIA RTP ... 15

A minha candidatura... 16

As palestras ... 16

O projecto – a evolução da ideia ... 17

CÓDIGO DE BAIRRO: a sinopse ... 17

O dossier Academia RTP ... 18

Bairro Sentido – o arranque do episódio-piloto ... 19

A planificação das tarefas ... 20

Limitações/Constrangimentos ... 22

A banda sonora ... 22

A Segunda Fase da ACADEMIA ... 23

As Três Primeiras Decisões ... 23

A mudança de nome... 24

A transição para o formato TV... 24

O número de episódios a realizar ... 24

Mais apoio e melhores condições de trabalho ... 25

A escolha dos bairros ... 26

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O orçamento do projecto ... 27

Tempo: o maior obstáculo ... 28

A divisão de funções ... 30

As minhas funções no projecto ... 31

Balanço dos estágios ... 33

Antena 1 ... 33

O estágio na rádio em duas áreas distintas: implicações ... 33

A experiência:... 33

Os pontos negativos ... 34

O balanço do estágio curricular ... 35

Academia RTP ... 35

A experiência ... 35

Os pontos negativos ... 37

Balanço do estágio profissional ... 38

O tema: identificação e esclarecimento ... 39

A Especificidade da Linguagem Radiofónica ... 40

Escrever para a oralidade ... 41

Os desejos de universalidade – a abrangência alargada do discurso radiofónico ... 43

Linguagem rádio – alguns atributos essenciais... 43

Objectividade existe? ... 45

Escrita criativa no Jornalismo de rádio? ... 46

A repetição de palavras/ideias importantes ... 47

As dobragens na rádio ... 47

A pronúncia na rádio: há ou não um sotaque-padrão? ... 49

A Criação de um Produto para Televisão ... 50

A pesquisa para o documentário de TV... 50

A pesquisa na Antena 1 ... 51

A pesquisa de campo ... 52

O caderno de rascunhos ... 53

Fontes documentais e audiovisuais ... 55

A informação que não está na Internet ... 56

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4 CÓDIGO DE BAIRRO – A produção de cinema documental, informativo e de entretenimento para televisão

... 59

O estilo/abordagem ... 59

As técnicas da entrevista ... 61

Os „truques‟ em documentário – justificáveis ou não? ... 64

Elementos importantes no sucesso do programa de TV ... 67

CÓDIGO DE BAIRRO – elementos chamativos de público ... 68

O Valor da Informação: do Jornalismo ao Cinema ... 72

Sumário/conclusões finais ... 74

Definições: ... 76

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Advertências

- Para a presente dissertação, assumi como opção recorrer a escassos suportes bibliográficos. Considerando que esta tem como base dois estágios (um curricular, na Antena 1, e um profissional no âmbito da Academia RTP) e considerando também a aprendizagem que estes possibilitaram, acredito que é mais lógico, interessante e útil abordar a presente dissertação conferindo-lhe um carácter descritivo e de reflexão mais aprofundado. Tomando a bibliografia escolhida, irei confrontar ideias, pontos de vista e técnicas dos autores com as situações vividas e a experiência adquirida em ambos os estágios, com especial enfoque no segundo, pois foi o primeiro programa de estágios do género e ofereceu condições e apoios de trabalho invulgares, tanto no contexto actual, como para recém-licenciados sem experiência de trabalho. De forma a valorizar a experiência, decidi então fundamentar uma porção significativa desta dissertação no trabalho efectuado nos estágios e nos resultados extremamente positivos que desse trabalho advieram, confrontando-os com um número reduzido de referências bibliográficas que considero adequadas a este tipo de temáticas.

- Por valorizar a experiência e ensinamentos obtidos e achar também importante a reflexão que deles pretendo fazer, decidi também escrever a presente dissertação recorrendo com frequência ao uso da 1ª pessoa do singular.

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Introdução

O primeiro estágio de um jovem licenciado é, sem sombra de dúvida, um momento marcante na sua vida. Seja por boas razões, más razões, ou mesmo por ambas, a primeira experiência fora da sala de aula e dentro da empresa que nos vai acolher é assustadora, por mais que queiramos afirmar o contrário aos nossos familiares e amigos. É como passar das palavras aos actos e não há teoria que nos prepare a cem por cento para a prática. No entanto, é algo que temos que enfrentar. Um estágio é, por definição, temporário e é provável que durante esse período não tenhamos o acompanhamento nem o trabalho desejados. A solução só pode ser uma: ser proactivo e retirar o melhor possível da experiência.

Foi na mesma empresa, a RTP – Rádio e Televisão de Portugal – que tive a oportunidade de efectuar dois estágios. O primeiro foi curricular, decorreu entre Outubro de 2010 e Janeiro de 2011, na Antena 1, secção de rádio da RTP, mais concretamente no programa Cinemax, alternando com a redacção de desporto (mais adiante abordarei pormenorizadamente esta situação). O segundo estágio foi profissional e aconteceu entre Maio de 2011 e Janeiro de 2012, no âmbito do programa de estágios ACADEMIA RTP, promovido pela estação e pelo IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional. O tema da presente dissertação reporta a ambos os estágios, algo que também terei a oportunidade de pormenorizar mais adiante.

O primeiro estágio possibilitou-me o contacto com a produção de um programa informativo/de entretenimento para rádio, sobre cinema nacional e internacional, e com a redacção de desporto da Antena 1. Já o segundo permitiu-me escrever e produzir uma série de cariz documental e cinematográfico para televisão. O facto de ambos terem decorrido na mesma empresa – a RTP – fez com que começasse a minha experiência profissionalizante “a sério” num local e contexto de topo a nível nacional, com a duração total de um ano e com as vantagens (e desvantagens) que isso implica. Na RTP tive a possibilidade de conviver com excelentes profissionais de áreas diferentes da comunicação, perceber melhor como funciona o trabalho numa redacção, aprender como funcionam as fases de pré-produção e produção de programas para rádio e televisão. Assisti com vista privilegiada ao stress de entregar uma peça

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de rádio no prazo estipulado, percebi a importância da entreajuda e do trabalho em equipa para se finalizar trabalhos morosos e desgastantes, e aprendi a adequar o meu discurso aos mais diferentes sujeitos, desde o chefe de redacção ao entrevistado com escolaridade mínima – sempre, e cada vez mais, consciente do quanto precisava de todos eles para fazer bem o meu trabalho.

Se no primeiro estágio não tive nem o acompanhamento, nem a quantidade de trabalho desejados, no segundo não tive mãos a medir. Ambas as experiências foram muito enriquecedoras e inesquecíveis, não só por terem sido as primeiras, mas também por ter conseguido entrar com sucesso num ritmo acelerado de um trabalho que gostei muito de fazer e que me ensinou muito.

Foram duas experiências de aprendizagem e de trabalho em duas plataformas distintas da mesma empresa. Se na Antena 1 produzi peças de rádio para cinema e desporto - adequando essa mesma produção a uma determinada linguagem e formato -, na Academia RTP produzi e escrevi para um projecto destinado à televisão - e, portanto, desenvolvido noutro tipo de linguagem e formato e com finalidades diferentes.

Quando se cria um programa para a televisão ou para rádio, deve ter-se em conta que estas plataformas têm um conjunto de especificidades e regras que a diferenciam de outras e entre si. No caso da televisão – aquele que será mais visado - independentemente do tipo de programa que estejamos a desenvolver e dos nossos gostos e desejos pessoais, é importante que ele se torne num produto para essa mesma plataforma, ou seja, formatado de acordo com a linguagem televisiva, o público-alvo e o carácter de imediatismo inerente à televisão, entre outros aspectos a considerar. Neste contexto, é interessante reflectir sobre a forma como se prepara e se escreve um documentário para televisão, como se desenvolve o trabalho de investigação, como se recolhe e filtra a informação.

É com base nestas premissas que desenvolverei a presente dissertação. Pegando na aprendizagem adquirida nos dois estágios, mas dando especial enfoque ao da Academia RTP, proponho-me a comparar a produção de informação/entretenimento em rádio e televisão, desenvolvendo a seguinte temática: Da Rádio para a Televisão: a Produção de Conteúdos em Linguagens e Formatos Distintos.

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Resumo - Da Rádio Para a Televisão: a Produção de Conteúdos em

Linguagens e Formatos Distintos

A rádio e a televisão são e sempre foram para mim as plataformas mais interessantes e apelativas da comunicação. Depois de efectuar um estágio onde trabalhei em produção de conteúdos jornalísticos para rádio e outro onde pude desenvolver conteúdos de entretenimento para televisão, não podia recusar a oportunidade de reflectir sobre as duas experiências diferentes, ambas vividas na mesma empresa – a RTP. Tendo por base os dois estágios, irei reflectir sobre conteúdos produzidos em linguagens próprias, de formatos distintos e destinados a plataformas distintas. Particularmente, irei comparar e dissertar sobre as diferenças e semelhanças entre produtos jornalísticos, realizados para rádio nas áreas do desporto e do cinema, e produtos de entretenimento realizados para televisão, no formato de cinema documental.

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Abstract - From Radio to Television: Producing Contents in Different

Languages and Formats

To me, radio and television are and have always been the most interesting and appellative platforms of communication. After an internship where I worked on the production of radio journalism and another one where I developed entertainment contents for television, I could not pass the opportunity to reflect on these two different experiences that took place in the same network – RTP. Based on both internships, I shall reflect on the production of contents that use their own language, that have different formats and that are designed for different platforms. I shall compare them and explore the differences and similarities between journalistic products about cinema and sports, and entertainment products directed for television, in the form of documental cinema.

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O Estágio Curricular – ANTENA 1

Dos dois estágios efectuados na RTP, em Vila Nova de Gaia, o primeiro foi o curricular. Teve lugar na secção de rádio, mais precisamente na Antena 1, entre Outubro de 2010 e Janeiro de 2011.

Escolhi a Antena 1 porque sempre fui um ouvinte regular de rádio, não só dos blocos informativos, mas também de talk shows e programas musicais. Considero a rádio uma excelente escola de comunicação, pois permite trabalhar capacidades essenciais na nossa área, como a oratória e a capacidade de selecção daquilo que verdadeiramente interessa, a separação entre a informação pura e dura e o ruído. E porque as vozes da rádio sempre exerceram em mim um certo fascínio, resolvi descobrir a razão por que os mais velhos falam na “magia da rádio”. Um dos programas que acompanho com assiduidade na Antena 1 é o Cinemax, compacto semanal de cerca de uma hora, com actualizações diárias de três minutos, que aborda a actualidade do cinema nacional e internacional. Sendo eu um aficionado de cinema, foi também com esse intuito que optei pelo estágio na Antena 1: juntar uma plataforma da comunicação que me agrada – a rádio - a uma área de que gosto muito – o cinema.

O Cinemax e a Redacção de Desporto – porquê os dois?

A ideia era clara e muito desejada – desenvolver competências na rádio e tratar um tema cultural específico – o cinema. Contudo, não foi bem dessa forma que o meu estágio decorreu. Segundo me informaram à chegada, o pedido era invulgar, pois nunca ninguém tinha mostrado interesse em estagiar no Cinemax rádio. Por norma, os estagiários de jornalismo na Antena 1 eram distribuídos pela redacção de informação, sendo que podiam optar pela secção de desporto ou pela informação geral. O meu orientador de estágio na empresa, Tiago Alves – director de programas da emissora e editor e coordenador do Cinemax – informou-me da impossibilidade de estagiar diariamente no Cinemax, considerando que o volume de trabalho não o justificava. A solução encontrada foi alternar entre o magazine de cinema e a redacção de

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desporto, secção que, nunca tendo sido a minha prioridade quando concorri – o objectivo primordial e único era o Cinemax – não deixava de me agradar. O jornalismo de desporto era outra das minhas inclinações.

A plataforma multimédia

Tanto no que respeita ao Cinemax, como no que toca à redacção de desporto, aprendi a trabalhar com uma ferramenta essencial para o estágio – um programa de edição e multimédia. Neste caso, o programa usado pela Antena 1 era o Dalet ( http://www.dalet.com/radio-production-playout/). O programa é relativamente fácil e intuitivo e não tive grandes dificuldades em usá-lo na gravação de peças, quer para a secção de desporto, quer para o Cinemax, embora para o segundo fosse preciso um maior domínio de ferramentas do programa como, por exemplo, saber colocar uma faixa musical no meio da peça e controlar os volumes de som para que esta não se sobrepusesse ao texto em off. Confesso que não fiquei a dominar esta componente na perfeição, posto que os três meses não foram suficientes e andei sempre a trabalhar entre uma e outra área da redacção.

O trabalho no Cinemax

O Cinemax é um magazine diário e semanal de carácter informativo e de entretenimento, que cobre a generalidade do cinema Português e internacional – as estreias, as rodagens, as bilheteiras e os festivais, incluindo críticas e entrevistas a actores, realizadores, e outras personalidades de relevo no campo da sétima arte. O programa tem transmissões em formato televisivo e radiofónico. O Cinemax rádio é emitido de segunda a quinta-feira, às 10.40h, em compactos de aproximadamente três minutos, e a sua versão semanal de cerca de uma hora de duração vai para o ar à quinta-feira pelas 23.12h, com repetições ao sábado às 05.00h e às 18.00h.

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Por questões legais, a política interna da RTP não permite que estagiários coloquem peças suas no ar. Assim sendo, o meu trabalho no Cinemax consistiu na redacção e gravação de peças sobre filmes, actores e realizadores para avaliação do orientador na empresa. Adicionalmente, fazia com frequência traduções do Inglês e do Espanhol para Português e dobragens de voz para trabalhos de outros jornalistas. Produzi peças sobre estreias de filmes como O Americano, Jogo Limpo, A Tempo e Horas, Cela 211, Megamind, I‟m Still Here, Harry Potter e os Talismãs da Morte, entre outros; sobre actores como Daniel Radcliffe, Tina Fey, Joaquim Phoenix, Robert Downey Jr, Sean Penn e Naomi Wats; e realizadores como Todd Phillips, Anton Corbjin, Casey Affleck e Doug Liman. No caso das traduções e das dobragens efectuadas, estas foram aproveitadas para emissão. Quanto às peças produzidas na íntegra por mim, a sua finalidade era outra: foram apenas exercícios de aprendizagem sem possibilidade de emissão. O trabalho que me deu mais prazer planear e executar foi uma entrevista por telefone ao realizador Espanhol Daniel Monzón, a propósito do filme Cela 211, que estava prestes a estrear. Na altura, foi-me pedido que efectuasse a entrevista em Inglês, visto que o cineasta não compreendia bem o Português. No entanto, resolvi arriscar e conduzi a entrevista em Espanhol, apesar de os meus conhecimentos na língua não serem vastos. Investiguei as palavras que não conhecia e das quais iria precisar mais e a entrevista correu bem - o realizador foi bastante acessível e não se importou de falar mais tempo do que aquele previamente estipulado.

A importância dos idiomas

Para contextualizar este item, é pertinente que se refira o seguinte: tenho o Certificate of Proficiency de Cambridge, um curso de 8 anos ministrado pelo Instituto Britânico; estudei a língua Francesa durante seis anos na escola básica e secundária e um ano em Ciências da Comunicação, na Universidade do Minho; efectuei o primeiro nível do curso de Italiano na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Adicionalmente, interesso-me pela língua Espanhola e ao longo dos anos procuro aprender mais sobre o idioma. Sumariando, possuo um nível considerado de Inglês, um nível médio de Francês e alguns conhecimentos de Espanhol e Italiano, que procuro melhorar quando é possível.

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Conforme referido no capítulo anterior, foi possível aproveitar os conhecimentos linguísticos em trabalhos para o Cinemax – através de dobragens e traduções. A minha participação nesta secção, que era reduzida, pôde então tornar-se ligeiramente mais significante e útil em virtude destas valências, pois as competências linguísticas que terei demonstrado permitiram a inclusão de textos traduzidos por mim e da minha voz em dobragens de peças emitidas no programa. Permitiram também, como já foi mencionado, que efectuasse uma entrevista a um cineasta Espanhol.

O domínio de línguas (e quantas mais se dominar, melhor) pode ser uma mais-valia decisiva para qualquer profissional na área das Ciências da Comunicação, pois alarga o leque de interlocutores com os quais se pode comunicar e contribuir/integrar os seus trabalhos, além de constituir uma vantagem em relação a outros profissionais, menos conhecedores de outros idiomas. Durante o estágio na Antena 1 fui confrontado com uma opinião de um jornalista, que afirmava que este tipo de trabalho não era jornalismo, era sim um trabalho menor. E que, como tal, eu deveria fazer menos dobragens e traduções e produzir mais peças. Concordo, parcialmente: de facto, devia ter-me sido dada a hipótese de gravar mais peças integralmente produzidas por mim. No entanto, discordo do resto, pelas razões já explicadas e porque o conhecimento de idiomas é apenas um aspecto/apetência de uma evolução profissional que nunca deve conhecer limites.

Nesta área ou noutra qualquer, é importante que um profissional procure adquirir ao longo do tempo conhecimentos e especializações que o valorizem cada vez mais. Considero portanto, que o domínio de outras línguas se enquadra perfeitamente no tipo de evolução recomendada a quem trabalhe na área das Ciências da Comunicação.

O trabalho na redacção de desporto

Na secção do desporto da Antena 1 tive um maior volume de trabalho e, principalmente, uma participação mais activa naquilo que ia para o ar. Tal como acontecia para o Cinemax, também no desporto procedia à gravação de peças para serem ouvidas e criticadas pelo meu orientador – no desporto era Fernando Eurico, relator desportivo e chefe da secção de desporto

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da Antena 1. Os noticiários desportivos na Antena 1 repartem-se pelos seguintes horários: as sínteses vão para o ar às 07.30h, 08.30h, 09.30h, 16.30h, 17.30h e 19.30h; os jornais alargados são transmitidos às 12.30h, 18.35h e às 22.30h. A redacção de Gaia e a de Lisboa alternam entre si a transmissão das actualizações desportivas conforme a conveniência, ou seja, nas horas em que estas são transmitidas pela redacção de Lisboa, o trabalho da redacção de Gaia é enviar sons e peças editadas para emissão. O contrário acontece quando o noticiário é transmitido em directo de Gaia.

Nesta área da redacção, tive a possibilidade de cortar sons, entrevistar várias e distintas personalidades do desporto, em especial futebolistas, ex-futebolistas, treinadores, presidentes e outros dirigentes desportivos. Feitas as entrevistas, procedia ao corte e selecção dos sons mais importantes e sugeria textos para acompanhar as peças que seriam usadas nas actualizações desportivas. O meu horário de trabalho dependia daquilo que precisava de ser feito no Cinemax e na redacção de desporto. Quando não havia jogos de futebol com cobertura agendada, entrava ao início da manhã e saía ao fim da tarde. Em dias de jogos, o meu horário e o tipo de trabalho variavam. Desloquei-me com jornalistas da Antena 1 a estádios para acompanhar os relatos (em jogos do campeonato nacional, Taça de Portugal, Liga dos Campeões e Liga Europa) e assisti na coordenação em estúdio de emissões de jogos, sendo que o meu trabalho era o mesmo para ambos: assistir o relator no estádio ou coordenador em estúdio com informações de relevo sobre os intervenientes (jogadores, treinadores, árbitros), as equipas e o jogo que estava a ser emitido. Também tive a oportunidade de assistir a conferências de imprensa de antevisão de jogos e conferências pós-jogo. Nestas, comecei por assistir e mais tarde tive a possibilidade de editar os sons e seleccionar os mais importantes. Outros exemplos de ocasiões que pude acompanhar são: conferência de André Villas-Boas (na altura treinador do Futebol Clube do Porto) no centro de estágios do Olival, de antevisão de um jogo do campeonato; conferência pós-jogo dos treinadores de F.C. Porto e Moreirense (Jorge Casquilha), num encontro a contar para a Taça de Portugal; conferência de Domingos Paciência (na altura treinador do Sporting Clube de Braga) de antevisão de um encontro para o campeonato nacional.

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O Estágio Profissional – ACADEMIA RTP

A minha segunda experiência na RTP foi um estágio profissional de nove meses, que teve início em Maio de 2011 e terminou no fim de Janeiro de 2012. Inseriu-se no âmbito da primeira edição do programa de estágios promovidos pela RTP e pelo IEFP, para jovens dos 18 aos 30 anos, intitulado ACADEMIA RTP.

O conceito da ACADEMIA é simples: durante nove meses, 100 estagiários trabalham para a criação de conteúdos originais e financeiramente viáveis destinados às diferentes plataformas do canal – televisão, rádio, web ou multiplataforma -, usufruindo da ajuda dos profissionais, condições e estruturas da RTP. Para isso, os interessados candidatam-se pela internet, individualmente ou em grupos até quatro pessoas, com uma ideia original e da sua autoria. Todos os formatos são permitidos: seja documentário, curta ou longa-metragem, concurso, série ou sitcom, programa de música, história, desporto, humor, etc. Após a selecção, começa o estágio que se divide em duas fases distintas. A primeira dura três meses, dos quais as primeiras duas semanas são de workshops e palestras com profissionais da área da comunicação social. O tempo restante é usado na execução dos projectos, isto é, os estagiários criam um programa/episódio piloto1 com base na ideia com a qual concorreram e, no final dos três meses, este é sujeito a avaliação, podendo ser aprovado para produção ou chumbado. Na segunda fase - os seis meses seguintes - os estagiários cujos projectos não seguiram em frente são integrados nos projectos que passaram, sendo essa colocação baseada nas apetências e capacidades mostradas por eles na primeira etapa. No final do estágio, após a conclusão dos projectos, estes serão transmitidos na sua respectiva plataforma caso tenham qualidade suficiente para tal.

O objectivo por trás da ACADEMIA RTP é que jovens com ideias criativas e inovadoras tenham a oportunidade de as desenvolver e pôr em prática, num ambiente de partilha de conhecimentos e experiências entre os estagiários e com profissionais da área dos audiovisuais. Pretende-se que desenvolvam novas competências ao longo do seu percurso e que com elas obtenham resultados positivos, cada vez melhores e úteis para o seu futuro profissional.

1Piloto: Um programa de televisão produzido como protótipo de uma série considerada para emissão por parte de uma estação televisiva -

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A minha candidatura

No meu caso, optei por uma candidatura em grupo - quatro pessoas - e contactei amigos da área das Ciências da Comunicação que estivessem interessados em concorrer. Encontrados os colegas de pré-projecto, juntámo-nos quase todos os dias durante cerca de um mês e candidatámo-nos com quatro ideias de temáticas diferentes (cada elemento do grupo podia assinar uma), todas elas em formato documental, com duração de 10 a 15 minutos e destinadas à web, mas com intenções de transitarem para a televisão, aumentando a sua duração – cerca de 25 minutos. Fomos seleccionados com o projecto que na altura intitulámos de Bairro Social.

As palestras

As duas primeiras semanas de estágio foram de palestras no Parque Tecnológico de S. Félix da Marinha. Estas tiveram a presença dos mais variados representantes do audiovisual e dos media, que falaram da sua área e competências específicas e das suas experiências pessoais, com o intuito de nos darem uma noção do dia-a-dia nas mais distintas variantes do mundo dos media. Catarina Furtado e José Carlos Malato (apresentadores de televisão), José Eduardo Moniz (ex-director geral da TVI), Marcelo Rebelo de Sousa (comentador político da TVI); Nuno Santos (Director de Informação da RTP); Carlos Daniel (jornalista RTP); João Seabra (fundador da Jump Willy, empresa de Animação 3D, VFX e Composição Musical), Patrícia Vasconcelos (Directora de Castings), e Fernando Alvim (radialista) foram alguns dos oradores.

As palestras foram bastante heterogéneas, tendo-se abordado os mais distintos temas, desde guionismo, argumento, produção, castings, animação, filmagem, edição, apresentação e jornalismo a estratégias de trabalho, de comunicação, gestão, formas de motivação, uso da criatividade, etc. Como já foi referido, os oradores falaram também sobre as suas experiências pessoais e profissionais a título de exemplo.

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Na minha opinião, a duração das palestras (desde o início da manhã até ao fim da tarde, durante duas semanas seguidas) e o número de oradores eram excessivos, tendo-se tornado, algumas delas, desnecessariamente repetitivas e enfadonhas. Contudo, no cômputo geral, estas sessões foram interessantes precisamente pela heterogeneidade de temáticas, sendo que muitas das ideias e situações discutidas iriam ser enfrentadas pelos estagiários ao longo do período de estágio. Adicionalmente, os oradores, na sua maioria, eram indivíduos acessíveis e disponíveis para ajudar os estagiários.

O projecto – a evolução da ideia

Como referi anteriormente, o projecto que me seleccionou para a ACADEMIA RTP, começou por se chamar Bairro Social. No entanto, à medida que fomos aprofundando a investigação sobre o tema, apercebemo-nos de que as mensagens e o estilo que pretendíamos impregnar nos documentários se adequavam mais a outro tipo de bairros que não aqueles comummente apelidados de bairros sociais. Virámos agulhas para um tipo de bairros ligeiramente diferente e partimos daí para a escolha dos locais de filmagem. Isto implicou necessariamente uma mudança de título. A série de documentários que começou por ser Bairro Social passou, com a preparação do piloto, a chamar-se Bairro Sentido. Na segunda fase, quando o projecto foi aprovado para produção (falarei sobre isso mais adiante), o nome mudou para o seu terceiro e definitivo título: CÓDIGO DE BAIRRO.

CÓDIGO DE BAIRRO: a sinopse

Passemos ao projecto tal qual ele ficou definido. CÓDIGO DE BAIRRO é uma série de curtas-metragens documentais, de cerca de 25 minutos cada, que retratam a vida quotidiana nos bairros típicos portugueses. Cada curta relata as vivências, experiências, espírito de entreajuda e de comunidade existentes em cada bairro. Sem julgar, dá voz aos moradores, às suas dificuldades, problemas do dia-a-dia, alegrias e sonhos, num registo diferente do habitual

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neste tipo de filmes: um registo informal e bem-disposto. O lado negativo é registado, mas é mais importante mostrar a identidade, a unidade e a forma de estar alegre destes indivíduos, que seguem em frente com as suas vidas sem olhar para trás. O estilo dos documentários é marcadamente cinematográfico (pelo menos assim foi ambicionado) e sem narração – são as palavras das personagens que contam as histórias e pautam o ritmo dos documentários.

O

Dossier

Academia RTP

Na fase inicial do estágio, e na qual se começou a planear o documentário piloto (algo que será aprofundado no item seguinte), foi pedido a todos os grupos que elaborassem um Dossier Academia RTP contendo um modelo já mais pormenorizado, mas não vinculativo, do projecto a desenvolver.

O dossier incluía os seguintes itens a preencher: - Tema;

- Proposta de documentário; - Personagens-tipo;

- Abordagem;

- Abordagem fílmica/cenografia;

- Alinhamento do programa (Abertura, Genérico, Introdução, Desenvolvimento e Conclusão);

- Público-alvo; - Considerantes;

- Orçamento (isto dizia apenas respeito ao material e aos dias necessários)

- Website (esta componente do projecto acabou por ser abandonada, após a transição

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Bairro Sentido – o arranque do episódio-piloto

Depois das duas semanas de palestras que deram início ao estágio profissional na RTP, começou a trabalhar-se seriamente no episódio piloto que teria de ser apresentado no fim dos primeiros três meses.

Antes da pesquisa propriamente dita, houve a necessidade de chegar a um acordo quanto à localização geográfica do primeiro bairro a retratar. Visto que na fase do piloto ainda não dispúnhamos de meios que mais tarde viriam a estar disponíveis e que os custos do episódio seriam comportados pelo grupo de trabalho, decidiu-se começar pela cidade do Porto. A procura inicial aconteceu online. Pesquisaram-se bairros e freguesias portuenses, associações de cariz social, cultural, desportivo, juntas de freguesia, de forma a filtrar as possibilidades de escolha. Seguiu-se para a pesquisa de campo. Visitámos zonas como Ramalde e Bairro da Pasteleira, e aí percebemos que bairros sociais não correspondiam bem ao que procurávamos, como afirmei anteriormente. Passou-se então para a zona histórica do Porto: Sé, S. Nicolau, Vitória, Sto. Ildefonso, Massarelos e finalmente, Miragaia. A escolha recaiu então em Miragaia, uma das três freguesias nucleares da cidade do Porto. E as razões são fáceis de compreender: zona geograficamente acessível, antiga, pobre, esteticamente apelativa (bonita, apesar da degradação), negligenciada e, no entanto, bem-disposta – a adesão, simpatia e vivacidade dos moradores revelaram-se fulcrais para a concretização do episódio.

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A planificação das tarefas

De forma a aproveitar os dois meses e meio até ao fim da primeira fase da ACADEMIA, foi elaborado um calendário semanal de planeamento de tarefas com objectivos a cumprir até à entrega do episódio piloto. Assim sendo, dividiu-se o tempo em 10 semanas:

Semana 1 Escolha do bairro onde se realizaria o episódio-piloto. Pesquisa sobre associações, clubes recreativos e desportivos sediados no bairro escolhido, de forma a facilitar a nossa chegada às pessoas. Decisão sobre o material a utilizar

Semana 2 Início da pesquisa no campo, recolha de vídeos e fotografias. Contactos

com as associações que nos possam ser úteis. Início da escrita do script

Semana 3 Continuação com a pesquisa de campo e respectivos contactos com

associações e moradores. Continuação da escrita do script. Início da preparação de um storyboard utilizando os vídeos e fotografias recolhidas anteriormente. Decisão sobre o estilo da banda sonora do projecto através de pesquisa baseada na recolha de vídeos e imagens feita anteriormente

Semana 4 Continuação de todos os aspectos da semana anterior; iniciar a parte

gráfica. Criar o lettering para o título e créditos do programa. Início da construção das plataformas paralelas como página de Web, caso se justifique, facebook, com galeria de fotos, artigos de opinião

Semana 5 Visita ao bairro de forma a preparar as filmagens para a semana a

seguir, sem descurar todos os outros aspectos da construção do projecto. Finalização da escrita do script e storyboard

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Semana 6 Início das filmagens. Nesta semana, apesar de continuarmos a parte

gráfica e a gestão de plataformas paralelas, o foco principal seria a recolha de imagens. Recolha de bastante material de forma a ter, posteriormente, na edição, um grande número de opções viáveis para a realização do episódio piloto

Semana 7 Continuação das filmagens para que no fim da semana já tivéssemos

todo o material necessário para a edição do projecto

Semana 8 Início da edição do episódio. Início da realização do genérico. Início da

divulgação do projecto nas plataformas paralelas

Semana 9 Continuação da edição do projecto com a inclusão da banda sonora.

Intensificar a divulgação do projecto aliada à construção de artigos de opinião

Semana 10 Conclusão da edição e entrega do projecto

A planificação acima descrita não foi seguida à risca, pois contemplou elementos que acabaram por ser excluídos (como a elaboração da plataforma online que acompanharia ao detalhe os documentários) e outros que não foram cumpridos na semana designada. No entanto, foi um bom ponto de partida para a organização do episódio piloto e permitiu que se cobrisse a quase totalidade do trabalho a efectuar. De uma forma mais sucinta, o trabalho distribuiu-se do seguinte modo: duas semanas de pesquisa de campo, online e escolha do bairro; três semanas de reperage2 (contacto directo e estabelecimento de relações com o bairro

e os habitantes), de conhecimento da identidade do bairro, temas relevantes e escolha das personagens; três semanas de filmagens; duas semanas de edição, finalização e entrega do projecto. No decurso deste processo, foi-se construindo uma narrativa baseada na identidade – características, qualidades, defeitos, problemas e formas de estar na vida – de Miragaia e dos moradores. Isto serviria para facilitar a fase de edição.

2Reperage: (filmagens) reconhecimento de locais - http://www.infopedia.pt/frances-portugues/rep%C3%A9rage

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Limitações/Constrangimentos

O material disponível para a fase de rodagem e mais tarde para a edição do documentário-piloto era, como já referi, escasso e de qualidade inferior ao disponibilizado na segunda fase do estágio.

Durante as filmagens foi usado um gravador de som, uma perche3 e duas câmaras de

filmar – uma disponibilizada pela RTP e outra pertencente a um elemento do grupo. Posto que nesta fase ainda não havia um orçamento disponível, as deslocações, as refeições e outros extras eram também da responsabilidade do grupo de trabalho. Na fase de pós-produção – duas

semanas –, tivemos acesso a um computador Macintosh para edição, mas apenas durante a

primeira semana. Na segunda semana recorreu-se ao computador pessoal de um dos elementos do grupo, algo que tornou o processo de edição mais difícil e moroso. Este tipo de limitações de material aconteceu na primeira fase do estágio porque nesta altura eram 66 os projectos-piloto em desenvolvimento, o que obrigou a que se estabelecesse um sistema de reserva de material. Isto ajudou a lidar com a situação mas não a resolveu na totalidade, já que muitos grupos – o nosso incluído – precisaram de obter determinados recursos tecnológicos por outras vias, como o aluguer ou mesmo pedindo material emprestado a amigos e conhecidos. Contudo, é importante referir que este era o primeiro estágio do género na RTP e que nem os próprios estagiários sabiam precisar exactamente todo o material de que iriam necessitar. Havia obviamente uma noção inicial daquilo que seria necessário, mas só com o arranque dos projectos é que se soube realmente tudo o que fazia falta.

A banda sonora

No que diz respeito à banda sonora a usar nos documentários, havia duas possibilidades: recorrer a música que a RTP tem liberdade de uso ou contactar directamente, e em nome da estação, músicos relativamente conhecidos que estivessem interessados em

3Perche: (francês perche) s. f. [Cinema, Televisão] Vara comprida onde se fixa ou movimenta um microfone.= PERCHA -

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disponibilizar os seus trabalhos. Contudo, no nosso caso optou-se por um compositor desconhecido, amigo de um dos elementos do grupo. Foram-lhe enviados brutos do episódio piloto, juntamente com canções de bandas de determinados estilos musicais que se coadunavam com aquilo que o grupo pretendia, com os moradores e com o ambiente do bairro. Os resultados foram extremamente positivos: o músico criou uma banda sonora, com base no material e informações recebidas, que superou as expectativas. Mais tarde, na segunda fase da ACADEMIA RTP, recorreu-se à mesma pessoa para os quatro episódios seguintes, e fazia todo o sentido que assim acontecesse. Os responsáveis da ACADEMIA tiveram algumas reticências relativamente a esta opção, visto que não era uma opção contemplada inicialmente. Mas tendo ouvido os resultados, acabaram, felizmente, por permitir que se seguisse esta opção.

A Segunda Fase da ACADEMIA

Terminada a primeira fase do estágio na Academia, em fins de Julho de 2011, o episódio-piloto foi apresentado ao júri que o iria avaliar e decidir a sua continuidade ou não na segunda fase. Após visionar o episódio, o júri mostrou-se bastante agradado com o resultado, colocou questões pertinentes sobre vários aspectos com os quais tivemos de lidar ao longo do episódio e deixou alguns apontamentos e críticas construtivas, antevendo a possibilidade do projecto seguir em frente. Em fins de Agosto a selecção estava feita e, como já foi referido, o projecto CÓDIGO DE BAIRRO foi um dos escolhidos.

As Três Primeiras Decisões

Com o início da segunda fase da ACADEMIA RTP e antes da entrada na pré-produção da série, foram tomadas, em reunião com os responsáveis da Academia, as três primeiras medidas que influenciariam o decurso do projecto até à sua conclusão: a mudança do nome, a transição para o formato televisivo e o número de episódios a realizar.

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A mudança de nome

Quando se decidiu mudar o tipo de bairro a retratar e, portanto, mudar também o título da candidatura – Bairro Social – tomei a iniciativa de criar hipóteses de nomes. Após o registo de cerca de 20 nomes, chegou-se a um consenso relativamente a dois: BAIRRO SENTIDO e CÓDIGO DE BAIRRO. Como já foi referido, decidiu-se que o episódio piloto teria o primeiro título. Contudo, chegada a segunda fase, foi-nos sugerido pelos responsáveis que mudássemos para o segundo nome. CÓDIGO DE BAIRRO é mais apelativo, mais sugestivo, mais fácil de recordar e coadunava-se com aquilo que queríamos retratar em cada documentário: a identidade de um bairro, a sua forma de estar, as relações entre os habitantes e a sua forma de tratamento, o sotaque, expressões e linguagens que o bairro usa para a comunicação do dia-a-dia. Em suma, os seus códigos. Mudou-se então o nome da série documental para CÓDIGO DE BAIRRO.

A transição para o formato TV

O episódio-piloto tinha a duração de apenas 12 minutos e era pensado para a plataforma online. Essa condição também se alterou. O júri da academia viu no projecto ideias e qualidades suficientes para transitar para a plataforma televisiva, o que implicou desde logo a extensão de cada documentário para cerca de 25 minutos. E aqui entrou-se com mais seriedade num aspecto fulcral em televisão: as audiências. A partir daqui, a responsabilidade do grupo aumentou, também devido a este novo elemento. Iria realizar-se um produto para televisão e para os telespectadores. Ou seja, à nossa visão relativamente ao que pretendíamos mostrar em cada curta-metragem acrescentou-se aquilo que o público quer ver num produto deste género. Mais do que antes, estava-se a trabalhar para ser visto, para um público mais abrangente, enfim, para as audiências.

O número de episódios a realizar

Uma realidade cedo apreendida no estágio na RTP foi a de que a criação de um produto para televisão é um trabalho necessariamente colectivo e dispendioso. Assim sendo, é fulcral que a sua ideia base seja muito bem concebida e que apresente condições e qualidade suficientes para lutar por lucro e audiências. E para lucrar deve ser optimizada ao máximo.

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Significa isto, no caso do projecto CÓDIGO DE BAIRRO, que este deveria ser realizado com o maior número de episódios possível, no mais curto período de tempo possível e com os custos mais reduzidos possíveis. Pela primeira vez compreendi de forma mais aprofundada a cultura de imediatismo da televisão. Ficou então decidido que iriam realizar-se mais quatro curtas-metragens documentais – Miragaia (Porto); Alfama (Lisboa); Troino (Setúbal); e Caxinas (Vila do Conde) – num espaço de sensivelmente 4 meses (este período de tempo incluía o trabalho de investigação, pré-produção, reperage, rodagem4 e pós produção).

Mais apoio e melhores condições de trabalho

Tal como referido anteriormente, nesta segunda fase as responsabilidades na empresa eram consideravelmente superiores. O projecto CÓDIGO DE BAIRRO foi um dos 24 seleccionados para continuação, transferiu o seu formato para a plataforma televisiva e passou a incluir uma série de elementos novos, disponibilizados pela ACADEMIA RTP, com vista a potenciar o mais possível o produto final.

Foi-nos atribuído um Gestor de Projecto (Marco Oliveira, profissional da área do audiovisual da RTP) para supervisionar o trabalho, fazer sugestões, críticas e prestar auxílio em tudo o que fosse preciso; passámos a dispor de mais e melhor material para a fase de rodagem; foi atribuído um orçamento de 20 mil euros ao documentário e, através da rede de contactos do Gestor de Projecto, o grupo passou também a contar com um Director de Fotografia – Pedro Azevedo, um profissional externo à RTP, que trabalha principalmente em filmes e videoclipes de música, e que nos assistiu com a sua experiência na fase de rodagem e de pós-produção.

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A escolha dos bairros

Devido às melhores condições proporcionadas pela RTP na segunda fase do estágio, à mudança de formato e ao consequente aumento na duração de cada episódio, não houve aproveitamento audiovisual do episódio-piloto em Miragaia, ou seja, esse documentário seria novamente criado de raiz. Havia então a necessidade de escolher os outros três locais para documentar.

O processo de escolha foi semelhante ao da primeira fase, com a diferença de que esta busca seria feita a nível nacional. Embora a RTP tenha dado a liberdade de eleger bairros em qualquer ponto do país (podiam ter sido escolhidos bairros unicamente do norte, por exemplo), optou-se por seleccionar dois mais a norte e outros dois mais a sul. Começou-se pela pesquisa online em blogs, fóruns, associações culturais, sociais, desportivas, juntas de freguesia, mas em virtude do pouco tempo de que dispúnhamos e da importância que as escolhas iriam assumir, este tipo de busca não era suficiente. Procedeu-se então à pesquisa no campo. Obteve-se a autorização da RTP e o grupo visitou em dois períodos diferentes de três dias cada as cidades de Lisboa e de Setúbal (é de referir que a empresa não suportou os custos das viagens).

Em Lisboa, percorreu-se a freguesia da Graça e os bairros de Alfama, Mouraria e Madragoa. A opção recaiu em Alfama, apesar de algumas reticências iniciais, pois é um bairro muito conhecido pela sua antiguidade e forte incidência da cultura fadista, e onde já se fizeram produções audiovisuais de vários tipos, como filmes e videoclipes musicais. Contudo, a beleza arquitectónica do local e a heterogeneidade dos moradores foram argumentos suficientes para que Alfama fosse o segundo bairro escolhido.

Na segunda pesquisa de campo, em Setúbal, a busca foi mais filtrada. Percorreram-se os bairros do Troino e das Fontainhas. Ambos são semelhantes, antigos, degradados, envelhecidos e vivem essencialmente das pescas. O Troino acabou por ser a escolha seguinte, por ser o bairro mas antigo de Setúbal e por ser aí a origem de algo que se pode chamar de código de bairro: o “Charroque”, dialecto antigo dos Setubalenses, mescla dos sotaques nortenhos, algarvios e do francês.

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Além das viagens efectuadas ao sul do país, foi feita outra com a duração de um dia a Vila do Conde, mais propriamente às Caxinas. Esta opção já era praticamente assumida, pois o grupo de trabalho já conhecia o lugar e considerava-o adequado aos propósitos e ao conceito da série, apesar de não ser freguesia nem bairro. A visita serviu apenas para confirmar o forte sentido de comunidade dos habitantes e a vincada identidade do lugar.

O calendário

Na primeira fase, os trabalhos diziam respeito a um só episódio, filmado num só bairro, na baixa do Porto. Aí, o trabalho alternou entre Miragaia e as instalações da RTP, em Vila Nova de Gaia, num período de dois meses e meio, pelo que a calendarização de tarefas foi relativamente simples de planear e executar. Já na segunda fase, a elaboração de um calendário assumiu um papel consideravelmente mais importante. Havia quatro episódios para realizar em cerca de três meses e meio (desde meados de Outubro até 31 de Janeiro, o último dia do estágio profissional), fazendo jus ao imediatismo que a TV requer e à necessidade de optimização de recursos. No calendário planificado incluíram-se os dias de reperage, rodagem, escrita dos guiões, edição e pós-produção dos quatro documentários.

O calendário está preenchido até ao dia sete de Janeiro de 2012, sendo essa última semana dedicada à edição do documentário nas Caxinas. Mas na prática, o trabalho estendeu-se até ao dia 31 de Janeiro, sendo que esse último mês de estágio serviu para fazer um pouco de tudo, desde a finalização dos guiões dos episódios aos últimos retoques na edição vídeo e áudio dos mesmos.

O orçamento do projecto

Para o projecto CÓDIGO DE BAIRRO, a RTP estipulou um orçamento de 20 mil euros, que incluiu os seguintes itens:

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- Equipamento e produção técnica: Carros de exteriores, xslider, steadycam, discos rígidos;

- Deslocações e estadias: hotéis, refeições, portagens e viatura; - Música: compositor/arranjos musicais.

A contratação do Director de Fotografia possibilitou o uso de muito do seu material, como uma máquina filmar, tripés, material de iluminação, filtros, lentes, etc. Desta forma, poupou-se a necessidade de incluir tais itens no orçamento.

Tempo: o maior obstáculo

Já aqui foram abordadas as questões da maior responsabilidade e da superior carga de trabalho na segunda fase da ACADEMIA RTP. Falemos agora do tempo. Também aqui já foi referido que o tempo determinado para a concretização de objectivos no estágio profissional foi bastante diferente da primeira para a segunda etapa. Se no episódio-piloto foi possível dedicar dois meses e meio a uma curta-metragem centrada numa freguesia Portuense de fácil e rápido acesso, na segunda fase o desafio revelou-se bem mais exigente e complexo.

Durante a realização do documentário piloto, juntando os períodos de pesquisa de campo, reperage e filmagens, foi possível passar cerca de seis semanas em Miragaia a contactar com os moradores, a construir relações de confiança e a perceber as dinâmicas, o modo de vida e a identidade do local – permitindo assim que se fosse começando a construir o guião da estória. Adicionalmente, para outras questões como a banda sonora, a finalização do guião, a edição e entrega do documentário, sobrou um período de mais ou menos quatro semanas.

Já na realização dos quatro episódios seguintes, o imediatismo e a optimização de recursos próprios da televisão e, porque não dizê-lo, compreensíveis num projecto arriscado como foi o da ACADEMIA RTP, entraram em cena. Calendarizados estavam apenas quatro dias de pesquisa de campo e reperage por cada documentário, cinco dias de filmagens também por documentário e, relativamente à edição, sete dias para o episódio de Miragaia, seis para o de Alfama, seis para o do Troino e cinco para o das Caxinas. Isto tendo em conta que o calendário

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ficou planificado até ao dia sete de Janeiro e que o resto dos dias até ao fim do mês (e, consequentemente, do estágio) seriam para continuar e finalizar a pós-produção de todos os episódios.

No que diz respeito aos períodos de pesquisa de campo e conhecimento do local, dos moradores e das dinâmicas dos bairros, quatro dias de reperage por documentário são manifestamente poucos e o episódio de Miragaia saiu claramente a ganhar na equação dos bairros. Devido ao trabalho feito anteriormente na freguesia Portuense e ao tempo lá passado, as relações já estavam estabelecidas, os moradores tinham bastante cumplicidade com o grupo, as dinâmicas e temas essenciais do bairro tiveram tempo suficiente para serem bem explorados e seleccionados. Em suma, houve tempo para o local se habituar a nós e tempo para nós conhecermos bem o local, o que de certa forma facilitou a realização do episódio de Miragaia na segunda fase (tanto quanto se pode facilitar um trabalho desta magnitude feito por recém-licenciados e pela primeira vez…). Ora, esperar que se adquirisse isto em apenas quatro dias por bairro era injusto, se não impossível… E foi este o aspecto em que mais se notaram as limitações da falta de tempo, que obrigaram a que se fosse registando as temáticas a explorar e a planificar as entrevistas às personagens durante o período de reperage e também de filmagens.

O número de dias estipulado para cada rodagem também foi bastante reduzido, levando a um ritmo de trabalho muito intenso. A título de exemplo, a reperage e a rodagem dos documentários de Alfama (Lisboa) e Troino (Setúbal) foram efectuadas de forma seguida, durante 20 dias – entre o dia 12 de Novembro e o dia 1 de Dezembro – com fins-de-semana incluídos e com apenas um dia de descanso. Sendo eu o principal responsável pela pesquisa de campo e pela ligação dos bairros e dos moradores com o grupo de trabalho, o meu trabalho no sul do país começou três dias mais cedo, no dia 9 de Novembro.

No que diz respeito ao tempo estabelecido para edição e conclusão dos quatro documentários, esse também foi bastante inferior quando comparado com a edição do episódio-piloto. Mas ter passado o mês de Janeiro quase todo nas instalações da RTP, dedicado exclusivamente a escrever os argumentos e a editar os episódios, muitas vezes dia e noite, foi bastante produtivo. No episódio-piloto, todos os elementos do grupo participaram juntos na edição, o que não é uma estratégia ideal, pois quatro pessoas juntas dia e noite à volta de um

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programa de edição torna-se, a partir de certo ponto, difícil de suportar. Já na edição dos quatro episódios seguintes, procedeu-se a uma divisão de tarefas que permitiu ganhar tempo e se revelou bem mais frutífera: enquanto uns procediam à selecção de vídeos e à escrita do argumento de determinado episódio, outros iam editando um episódio diferente. E assim foi até à conclusão dos quatro documentários.

Concluindo este item, o tempo imposto ao grupo foi efectivamente a maior barreira a ultrapassar. No entanto, este não foi um aspecto inteiramente negativo do estágio, longe disso. A explicação é fácil de perceber: a quantidade de trabalho que havia para realizar e o ritmo intenso que esse mesmo trabalho exigiu permitiram melhorar a produtividade, as capacidades de decisão e de selecção relativamente ao que era, de facto, relevante para os objectivos do grupo em todas as fases da realização dos documentários. O ritmo elevado de trabalho e a pressão dos prazos determinados ajudaram a trazer alguma experiência ao grupo, nesta fase inicial das nossas carreiras profissionais.

A divisão de funções

O grupo de trabalho ligado ao projecto CÓDIGO DE BAIRRO era composto por quatro elementos formados na área das Ciências da Comunicação. Dois deles ligados à vertente audiovisual do curso e outros dois (onde eu me incluo) à de informação e jornalismo. A heterogeneidade de competências dentro da área foi algo que tomei em consideração quando decidi candidatar-me à ACADEMIA RTP e iniciei a procura de elementos para formar um grupo. Diferentes competências permitiriam um grupo mais completo, mais equilibrado e uma repartição de funções mais fácil e lógica.

Ainda assim, e na fase inicial, não se pode dizer que houvesse uma divisão clara e intransigente de tarefas dentro do projecto. Isto é, com algumas excepções (eu nunca exerci funções de filmagem, por exemplo), todos os elementos faziam um pouco de tudo. No entanto, com o passar do tempo e especialmente após a transição para a segunda fase do estágio, a necessidade de optimizar o tempo disponível e de potenciar ao máximo as apetências de cada elemento levaram a que se estabelecesse uma divisão mais clara e definida de funções. Isto foi

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algo que também os responsáveis pelo estágio incentivaram e, conforme esperado, foi uma decisão acertada.

As minhas funções no projecto

Antes de entrar mais detalhadamente nas minhas competências dentro do projecto, é relevante referir a primeira de todas: a autoria. A entrada para o estágio resultou de uma candidatura baseada numa ideia, e essa ideia foi formulada pelos quatro elementos do grupo. Assim sendo, pode afirmar-se que a primeira função é/foi a de co-autor da série documental CÓDIGO DE BAIRRO, algo que é mencionado nos créditos iniciais de cada documentário. Já nos créditos finais de cada episódio, o meu nome aparece como Documentarista e Anotador. Mas como já foi aqui escrito anteriormente, as funções desempenhadas foram muito para além das duas denominações acima mencionadas. Abordemos agora este item de forma mais aprofundada.

Uma das primeiras funções desempenhadas foi a de investigação e produção, com vista a escolher os bairros a documentar. Assim, coube-me a pesquisa online e por telefone, contactando e recolhendo informações em câmaras municipais, juntas de freguesia, associações culturais, sociais, desportivas, etc. Desta busca era retirado um número reduzido de bairros a visitar posteriormente para efeitos de escolha. A pesquisa de campo era outra função. Através desta, fiz a ligação do grupo de trabalho com os locais e as pessoas. Escolhidos os bairros, o meu trabalho passava por visitar as associações e estabelecimentos comerciais de relevo, conhecer os locais de interesse e os mais frequentados, travar conhecimentos com os moradores, conquistar a sua confiança, conhecer as suas dinâmicas e as do bairro, entender que tipo de pessoas são, a forma de pensar e de estar, os problemas enfrentados no dia-a-dia. Em suma, conhecer e compreender a identidade do local, para avançar para os objectivos seguintes: a estruturação do argumento e da fase de rodagem. Neste âmbito, coube-me escolher as “personagens”, as temáticas a abordar consoante as informações retiradas e consoante aquilo que era pretendido de cada indivíduo retratado, e preparar as entrevistas (que na prática eram conversas informais e descontraídas, pois era esse o tom desejado nos documentários).

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Visto que era eu o elo de ligação com as pessoas, procedia também à marcação dos encontros, à escolha dos locais (e respectiva autorização para filmar) e à obtenção de autorizações de direitos de imagem. Nos episódios que implicaram deslocações e dormidas (já referi anteriormente os dias passados no sul do país para reperage e rodagem em Alfama e Troino), assumi também funções de produção, marcando hotéis e viaturas. Na organização do material audiovisual captado para facilitar mais tarde a fase de pós-produção, coube-me também – como referido no primeiro parágrafo – proceder à anotação escrita das cenas filmadas durante as rodagens.

Ultrapassadas as fases de rodagem dos quatro programas, as minhas funções até ao fim do estágio, bem como as dos restantes elementos, passaram a desenrolar-se unicamente nas instalações da RTP. Durante esse tempo - a fase de pós-produção - recolhi todo o material audiovisual, e toda a informação escrita em documentos e apontamentos pessoais, e elaborei os argumentos dos documentários. Este trabalho consistiu no visionamento de todas as conversas com as personagens e de todas as filmagens de situação em que personagens e outros moradores interagissem. Após esse visionamento, feito várias vezes, fiz uma selecção de trechos das informações e dos momentos mais importantes, tendo em conta os temas mais marcantes de cada bairro e a mensagem que se pretendia passar, e a partir dessa selecção construí o argumento de cada episódio. É de referir que cada argumento entregue aos colegas de grupo que depois iriam editar não era uma estrutura inalterável, isto é, por questões relacionadas com a edição, essa estrutura poderia sofrer algumas alterações, sem que o argumento por mim composto fosse beliscado de alguma forma no tom e nas mensagens a transmitir. Isto foi algo fácil de fazer na medida em que os quatro autores do projecto estavam globalmente de acordo quanto ao produto final ambicionado.

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Balanço dos estágios

Antena 1

O estágio na rádio em duas áreas distintas: implicações

Como já foi aqui referido e explicado, o estágio curricular efectuado na Antena 1, V. N. Gaia, repartiu-se pela secção de desporto e pelo magazine de cinema Cinemax. Tal divisão teve consequências, positivas e negativas.

Estar entre duas áreas permitiu/implicou que prestasse atenção às duas, ou seja, o trabalho de investigação e de actualização permanente e necessário antes da produção de peças englobava o desporto e o cinema. Sendo eu aficionado nas duas áreas, este tipo de trabalho não foi encarado unicamente como obrigação, mas também como algo a fazer com gosto. Da mesma forma, a escrita de peças para desporto e cinema foi também algo feito com prazer, sabendo que estava a adquirir práticas em dois tipos de peças diferentes (apesar de estas serem meros exercícios cuja prática só me beneficiaria a mim, dada a impossibilidade, já referida, de irem para o ar). Mas esta situação impediu que intensificasse a minha prática e experiência radiofónica numa só área e, adicionalmente, que o fizesse no programa pelo qual escolhi a Antena 1 para estágio curricular – o Cinemax rádio. Consequentemente, o trabalho efectuado e o respectivo acompanhamento foram inferiores nesta área.

A experiência:

O contacto com a plataforma da rádio Antena 1, numa empresa com excelentes estruturas e condições, permitiu uma aprendizagem mais prática da linguagem radiofónica e respectivas regras, nomeadamente no jornalismo desportivo e num programa de cariz cultural como é o Cinemax.

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Houve efectivamente um acréscimo de conhecimentos na edição para rádio, bem como uma maior consciencialização da voz enquanto ferramenta de trabalho e da importância de aspectos como a colocação, dicção e as pausas. O trabalho de campo, em conferências e estádios, onde me foi permitido prestar assistência aos jornalistas da Antena 1, foi interessante e permitiu desmistificar várias noções pré-concebidas sobre os relatos, os comentários, as conferências de imprensa e as sessões de perguntas nas denominadas “zonas mistas”, mas também tomar conta das implicações e constrangimentos inerentes. Da mesma forma, também a coordenação em estúdio das emissões desportivas foi interessante de assistir, pela sua complexidade e risco.

Uma das funções que me foi possível efectuar com mais frequência e que mais apreciei foi a das entrevistas por telefone, para posterior edição e produção de peça. Infelizmente e por força das circunstâncias, todas elas, com excepção de uma, foram feitas a personalidades ligadas ao desporto. No entanto, foram exercícios aliciantes de fazer, mais ainda por saber que os sons mais relevantes das entrevistas, seleccionados por mim, iriam sempre ser usados nos compactos desportivos da Antena 1. O aspecto mais marcante do estágio curricular na Antena 1, talvez por ter sido a experiência profissional mais longa na área até à altura, foi o do ritmo de trabalho. Na redacção, todos têm peças para produzir e prazos para cumprir, logo, há pouco tempo para a escrita das peças e para a gravação e edição. Dada a minha condição de estagiário, o trabalho por mim efectuado foi obviamente menos afectado por esse ritmo, mas o facto de ter assistido a esse ambiente diariamente permitiu adquirir uma maior compreensão das exigências requeridas neste tipo de funções.

Os pontos negativos

O facto de ter sido pouco afectado por um ritmo mais intenso pode considerar-se um aspecto negativo do estágio, no sentido em que o meu trabalho, além das traduções e as dobragens para o Cinemax, o apoio prestado em transmissões de jogos e as entrevistas feitas na secção de desporto, consistia em exercícios de rádio que eram avaliados pelos dois orientadores

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de estágio. Efectivamente, só no estágio seguinte na Academia RTP pude experienciar a 100% essa intensidade de trabalho.

Apesar dos dois orientadores, o acompanhamento ao meu trabalho foi escasso, sendo ligeiramente superior na secção de desporto. Superior na medida em que a minha participação na redacção de desporto foi, também ela, substancialmente mais intensa do que no trabalho realizado para o Cinemax, a minha primeira opção na Antena 1.

O balanço do estágio curricular

O trabalho na redacção da Antena 1 foi, em termos genéricos, uma experiência enriquecedora, pois neste primeiro estágio na área das Ciências da Comunicação pude conviver e aprender diariamente com excelentes profissionais da RTP, nomeadamente das áreas com as quais contactei mais de perto (construindo assim uma rede de contactos, sempre útil). É certo que o pouco acompanhamento, juntamente com a colocação em duas áreas distintas da redacção de rádio, foram pontos negativos incontornáveis. O término do estágio deixou a sensação de que podia ter-se feito e apreendido mais. No entanto, a convivência na redacção com trabalhadores da RTP e a vontade/possibilidade de aprender pela via da prática e num contexto profissional, foram importantes e ajudaram a levantar o véu sobre as realidades que me esperam doravante na carreira profissional, venha ela a passar pela rádio, por outra plataforma ou mesmo por outra qualquer área das ciências da comunicação.

Academia RTP

A experiência

Depois de três meses de estágio curricular na Antena 1, ter sido seleccionado para um estágio remunerado na mesma empresa – RTP –, com duração de nove meses e a possibilidade

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de desenvolver uma ideia original, foi uma oportunidade interessante e pouco comum na conjuntura actual.

Em termos de realização profissional e pessoal, desenvolver uma ideia original numa empresa como a RTP, sabendo da possibilidade dessa mesma ideia ir para o ar, foi uma das grandes mais-valias proporcionadas pela ACADEMIA RTP. Esta condição fez crescer o nível de responsabilidades, algo que inicialmente causou alguns receios, mas que acabou por ser positivo, pois elas fazem parte da vida profissional de qualquer indivíduo em qualquer área do mercado de trabalho. Ter responsabilidades aguçou o sentido de responsabilidade - estimulou a concentração e a capacidade de trabalho.

Alicerçadas no incitamento do potencial e criatividade dos estagiários da Academia estavam as condições/estruturas tecnológicas e humanas. Durante as duas fases do estágio, e principalmente na segunda, foi frequente a disponibilidade dos responsáveis pela Academia para ajuda, sugestões e críticas. A cooperação do Gestor de Projecto e a disponibilidade e simpatia de outros profissionais da RTP que não estavam ligados à Academia possibilitaram a formação de uma boa rede de contactos, a partilha de experiências entre estagiários e um saudável ambiente de entreajuda. Com isto beneficiaram a aprendizagem e a experiência dos estagiários, e a própria empresa que passou a contar, ainda que temporariamente, com jovens criativos e motivados.

Outro ponto positivo do estágio profissional, proporcionado pela RTP mas também pelo próprio carácter do projecto CÓDIGO DE BAIRRO, está relacionado com a comunicação e a convivência com diferentes tipos de interlocutores, dos mais variados estratos sociais, muitas vezes na rua – ou, se quisermos, nos bairros, nas associações, nas juntas de freguesia, nos cafés, restaurantes, igrejas, nas casas, e até no aluguer de material, viaturas e marcação de hotéis. O sucesso ou concretização do projecto com resultados minimamente positivos dependia muito de uma boa relação comunicacional com vários tipos de agentes, e essa devia adaptar-se o mais possível a eles e ser feita com estratégia, ponderação, boas intenções e finalidade. Muito do meu trabalho de campo assentou nestas premissas. E foi com prazer que foi encarado esse trabalho de campo, quer nas fases de pesquisa, quer nos dias de rodagem. Trabalhar entre os bairros do norte e do sul e as instalações da RTP evitou o aborrecimento e evitou que se criassem rotinas, muitas vezes prejudiciais para a qualidade do produto almejado.

Referências

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