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O estresse em docentes de ensino superior / Stress in higher education teachers

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Academic year: 2020

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O estresse em docentes de ensino superior

Stress in higher education teachers

DOI:10.34117/bjdv5n12-318

Recebimento dos originais: 07/10/2019 Aceitação para publicação: 23/12/2019

André Luiz Alvim

Doutorando e mestre em enfermagem pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Professor do curso de enfermagem da Faculdade UNA de Contagem

Av Maria Da Gloria Rocha, 175 Lote 01 Letra B - Contagem – MG, Brasil E-mail: andrealvim1@hotmail.com

Jorlene Alves Da Silva Ferrarezi

Discente de enfermagem pelo Centro Universitário UNA, Campus Guajajaras Rua dos Guajajaras, 175 - Centro, Belo Horizonte - MG, Brasil

E-mail: jorleneferrarezi80@gmail.com

Laura Moreira Silva

Discente de enfermagem pelo Centro Universitário UNA, Campus Guajajaras Rua dos Guajajaras, 175 - Centro, Belo Horizonte - MG, Brasil

E-mail: laurinha_ms29@hotmail.com

Leonardo Ferreira Floriano

Discente de enfermagem pelo Centro Universitário UNA, Campus Guajajaras Rua dos Guajajaras, 175 - Centro, Belo Horizonte - MG, Brasil

E-mail: leozynhoff@yahoo.com.br

Renata Lacerda Prata Rocha

Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Professora do curso de Enfermagem do Centro Universitário UNA, Belo Horizonte

Rua dos Guajajaras, 175 - Centro, Belo Horizonte - MG, Brasil E-mail: renatalacerdapr@yahoo.com.br

RESUMO

Objetivo: Analisar o estresse na perspectiva dos fatores estressantes e do impacto físico em docentes de uma instituição de ensino superior de Belo Horizonte. Metodologia: Estudo descritivo realizado com 82 professores de um centro universitário de Belo Horizonte, MG, Brasil. Foi aplicado questionário estruturado com questões relacionadas ao perfil socioeconômico, ao impacto físico do estresse e as possíveis repercussões no estado de saúde. Resultados: Do total, a maioria é do sexo feminino (74,4%), casada (68,3%) e da cor branca (74,4%). Grande parte possui o mestrado como titulação acadêmica (61,0%) e trabalha no período noturno (90,2%). Os professores concordaram parcialmente ao sentirem dores de cabeça constante (36,6%), desconforto gástrico e náuseas (30,5%), insônia (30,5%), dificuldade de concentração (40,2%), ansiedade (42,7%) e angústia (36,6%). Conclusão: Os docentes avaliados neste estudo relatam sintomas decorrentes do estresse que impactam negativamente na qualidade de vida.

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ABCTRACT

Objective: To analyze stress from the perspective of stressors and physical impact on teachers of a higher education institution in Belo Horizonte. Methodology: A descriptive study conducted with 82 teachers from a university center in Belo Horizonte, MG, Brazil. A structured questionnaire with questions related to socioeconomic profile, physical impact of stress and possible repercussions on health status was applied. Results: Of the total, most are female (74.4%), married (68.3%) and white (74.4%). Most have a master's degree as an academic degree (60.0%) and work at night (90.2%). Teachers partially agreed with constant headache (36.6%), gastric discomfort and nausea (30.5%), insomnia (30.5%), difficulty concentrating (40.2%), anxiety (42, 7%) and distress (36.6%). Conclusion: The teachers evaluated in this study report stress-related symptoms that negatively impact on quality of life.

Keywords: Occupational Stress, Faculty, Universities.

1 INTRODUÇÃO

Devido as novas tecnologias e a competitividade, o ambiente de trabalho está continuamente presente na vida das pessoas, pois em qualquer lugar pode-se executar tarefas através de celulares, tablets e notebooks. Portanto, pode-se dizer que a vida das pessoas gira em torno da organização na qual se trabalha, possibilitando o surgimento do estresse (1-4).

O estresse refere-se a uma síndrome que se apresenta de forma inespecífica diante às exigências em que o ser humano é submetido, manifestando-se de forma positiva, que motiva e provoca a resposta adequada aos estímulos estressores; ou negativa, que intimida o indivíduo diante de uma situação ameaçadora, com sinais de ansiedade, medo, tristeza e raiva(1-2). Essa síndrome possui relação não somente com as questões biológicas que ocasionam, mas também com as psicológicas e emocionais (3).

Nesse contexto, o estresse ocupacional acontece quando o indivíduo não consegue atender às atividades requisitadas por seu trabalho, causando sofrimento psíquico, mal-estar, mudanças de comportamento, distúrbios de sono e sentimentos negativos (5).

Considerando o impacto negativo do estresse, tanto para o trabalhador quanto para as instituições, destaca-se que ao longo dos anos expandiram-se as investigações cujo objeto de estudo refere-se a essa relação entre o estresse e o trabalho. Entre os profissionais que sofrem elevada carga de estresse destacam-se os professores, em especial, àqueles que atuam no ensino superior (6).

O estresse na carreira docente poderá promover maiores riscos de afastamento, caracterizado pela diminuição ou perda de recursos emocionais que deixam o profissional mais propenso à baixa produtividade (6). As causas do estresse associam-se ao excesso de trabalho, a carga horária elevada, as dificuldades de relacionamento com os alunos e o trabalho burocrático. Além disso, os conflitos

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gerados pelas relações de hierarquia, a falta de autonomia em suas tarefas, as cobranças por produtividade e os prazos apertados para revisão de textos e publicações em periódicos acadêmicos

(7).

Um número considerável de professores tem apresentado alterações na saúde física e mental decorrente de sua atividade laboral. As alterações estão relacionadas as doenças musculoesqueléticas, problemas com a voz, sono, a memória e ao próprio estresse. Entretanto, os transtornos psíquicos são considerados uma das principais causas de afastamentos trabalhistas. Tal fato é preocupante e coloca em evidência a necessidade de investigação sobre o estresse, pois este pode ser deflagrador das diversas disfunções que afetam a qualidade de vida do indivíduo (8-9).

Dessa forma, considerando o impacto negativo do estresse na vida das pessoas, torna-se essencial desenvolver pesquisas que abordem essa temática no contexto da docência, tendo em vista que o estresse pode influenciar não somente o professor, mas também o aluno e as instituições de ensino. Por esse motivo, este estudo poderá estimular reflexões acerca desta problemática, norteando ações de melhorias para a saúde do trabalhador.

Objetivou-se analisar o estresse na perspectiva dos fatores estressantes e do impacto físico em docentes de uma instituição de ensino superior de Belo Horizonte.

2 METODOLOGIA Tipo de estudo

Trata-se de um estudo descritivo, de natureza quantitativa.

Participantes da Pesquisa

Realizada amostragem por conveniência que foi constituída por 82 professores (100%). Os critérios de inclusão foram: ser docente de ensino superior, vinculado há, pelo menos, seis meses e que aceitaram participar do estudo através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Local do estudo

A pesquisa foi realizada em uma Instituição de Ensino Superior (IES) privada, que possui 16 unidades em Minas Gerais e Goiás. Destacam-se 56 anos de existência e oferta mais de 50 cursos de graduação, entre eles, bacharelado, licenciatura, tecnólogos e pós-graduação. O presente estudo foi realizado no campus dos cursos de ciências biológicas e saúde, localizada na região centro-sul do município de Belo Horizonte.

Coleta de dados

A coleta de dados foi realizada pelos próprios pesquisadores, em dias alternados, contemplando os profissionais que atuam no período diurno e noturno. Foi aplicado um instrumento estruturado com 24 questões de múltipla escolha, construído pelos autores deste estudo baseado em

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uma pesquisa prévia publicada na literatura (8). Adotou-se a escala de Likert, por ser uma das formas mais confiáveis de medir conhecimento, opinião e comportamento. As alternativas variaram de 1 a 5, sendo 1= discordo totalmente, 2= discordo parcialmente, 3= nunca, 4= concordo parcialmente e 5= concordo totalmente. Posteriormente, o instrumento foi migrado para o programa Google docs, otimizando o tempo de aplicação e flexibilizando os locais de coleta.

As variáveis do questionário estavam relacionadas ao perfil socioeconômico (sexo, idade, formação profissional, estado civil, cor/etnia e turno de trabalho) e também a classificação do nível de estresse sob a visão do docente (sobrecarga de trabalho, insatisfação profissional, indisciplina dos alunos, cobranças por parte da coordenação, exaustão emocional, entre outras). Além dessas, foram incluídas as variáveis relacionadas ao impacto físico do estresse e as repercussões no estado de saúde do professor.

Procedimentos e análise de dados

Os dados coletados foram analisados através da estatística descritiva simples para apresentação de valores absolutos e relativos sobre o perfil dos participantes, os fatores estressantes e o impacto físico do estresse na saúde dos docentes. Associaram-se as medidas de tendência central (mediana e moda) para interpretação da escala de Likert. A média foi utilizada para as variáveis contínuas, como a idade, o tempo de trabalho e de profissão. Todas as análises foram realizadas pelo

software Epi Info versão 7.0. As informações foram organizadas em gráficos e tabelas utilizando o Microsoft Excel 2013.

Procedimentos Éticos

Este estudo seguiu todas as recomendações da Resolução n° 510 de 2016 e Portaria nº 466 de 2012, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob parecer de nº 3.602.817.

3 RESULTADOS

Em relação à caracterização dos participantes, destaca-se que a maioria é do sexo feminino (74,4%), casada (68,3%) e da cor branca (74,49%). Grande parte dos professores possui o mestrado como titulação acadêmica (60,0%) e trabalha no período noturno (90,2%) (Tabela 1).

Tabela 1. Caracterização dos participantes do estudo (n=82), Belo Horizonte, MG, 2019.

Variáveis n % Sexo Feminino 61 74,4 Masculino 21 25,6 Estado civil Casado 56 68,3 Solteiro 20 24,4 Divorciado/outro 6 7,3

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Cor/etnia Branco 61 74,4 Pardo 15 18,3 Negro 4 4,9 Amarelo 2 2,4 Titulação acadêmica Mestrado 50 60,0 Doutorado 18 21,9 Pós-doutorado 9 12,0 Pós-graduação 5 6,1 Turno de trabalho Noite 74 90,2 Manhã 6 7,3 Tarde 2 2,5

De acordo com a avaliação dos fatores estressantes, observa-se que a maioria dos docentes concorda totalmente (50%) ao realizar as tarefas em casa, pois não tem tempo de executá-las no ambiente de trabalho. Além disso, os participantes do estudo discordam parcialmente (34,2%) ao realizar as tarefas no meu ambiente de trabalho devido conversas e barulhos excessivos. Os docentes concordam parcialmente (40,2%) ao se sentirem pressionados pelos superiores, com grandes demandas a serem entregues. Pouco mais da metade (53,6%) concorda parcialmente ao se sentirem realizados profissionalmente e ao participarem da tomada de decisão referente às atividades. No entanto, discordam parcialmente (47,2%) ao relatar que os alunos são indisciplinados. Por fim, a maioria (58,5%) concorda totalmente em relação ao bom relacionamento com os alunos (Tabela 2).

Tabela 2. Avaliação dos fatores estressantes (n=82), Belo Horizonte, MG, 2019.

Variáveis

DT DP N CP CT

Mediana Moda

n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)

Realizo as tarefas de trabalho em casa, pois não tenho tempo de executá-las no ambiente de trabalho.

5 (6,1) 6 (7,3) 0 (0,0) 30 (36,6) 41 (50,0) 4,5 5,0

Realizo as tarefas no meu ambiente de trabalho, sem que eu me desconcentre em decorrência de conversas e barulhos excessivos. 26 (31,7) 28 (34,2) 5 (6,1) 19 (23,2) 4 (4,8) 2,0 2,0 Sinto-me pressionado (a) pelo meu superior,

com grandes

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demandas para serem entregues. Participo da tomada de decisão referente às minhas atividades. 8 (9,8) 14 (17,1) 1 (1,2) 42 (51,2) 17 (20,7) 4,0 4,0

A maioria dos meus

alunos é indisciplinada. 14 (17,1) 35 (42,7) 1 (1,2) 29 (35,4) 3 (3,7) 2,0 2,0 Tenho um bom relacionamento com meus alunos. 4 (4,88) 1 (1,2) 0 (0,0) 29 (35,4) 48 (58,5) 5,0 5,0

Sinto-me realizado (a) profissionalmente.

5 (6,1) 2 (2,4) 0 (0,0) 44 (53,6) 31 (37,8) 4,0 4,0

Nota: DT = Discordo totalmente; DP = Discordo totalmente; N = Nunca; CP = Concordo parcialmente; CT= Concordo totalmente.

Em relação ao impacto físico do estresse, os professores concordaram parcialmente ao sentirem dores de cabeça constante (36,6%), desconforto gástrico e náuseas (30,5%) insônia (30,5%), dificuldade de concentração (40,2%), ansiedade (42,7%) e angústia (36,6%) (Tabela 3).

Tabela 3. Avaliação do impacto do estresse (n=82), Belo Horizonte, MG, 2019.

Variáveis DT DP N CP CT Mediana Moda n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) Sinto dores de cabeça constantes. 10 (12,2) 23 (28,1) 7 (8,5) 30 (36,6) 12 (14,6) 4,0 4,0 Sinto dores musculares. 23 (28,1) 12 (14,6) 22 (26,8) 18 (22,0) 7 (8,5) 3,0 1,0 Sinto desconforto gástrico e náuseas. 24 (29,3) 13 (15,9) 17 (20,7) 25 (30,5) 3 (3,7) 3,0 4,0

Sinto dor no peito e taquicardia. 22 (26,8) 15 (18,3) 24 (29,3) 17 (20,7) 4 (4,9) 3,0 3,0 Tenho ficado muito irritado. 8 (9,8) 15 (18,3) 3 (3,7) 43 (52,4) 13 (15,6) 4,0 4,0 Tenho hipertensão arterial. 43 (52,4) 2 (2,4) 26 (31,7) 6 (7,3) 5 (6,1) 1,0 1,0 17 (20,7) 12 (14,6) 14 (17,1) 25 (30,5) 14 (17,1) 3,0 4,0

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Tenho tido insônia atualmente. Não consigo me concentrar. 14 (17,1) 26 (31,7) 9 (11,0) 33 (40,2) 0 (0,0) 3,0 4,0 Tenho ficado muito ansioso. 6 (7,3) 19 (23,2) 1 (1,2) 35 (42,7) 21 (25,6) 4,0 4,0 Tenho apresentado queda de cabelo. 28 (34,2) 8 (9,8) 22 (26,8) 17 (20,7) 7 (8,5) 3,0 1,0 Sinto-me angustiado. 18 (21,9) 13 (15,8) 8 (9,8) 30 (36,6) 13 (15,9) 4,0 4,0 Sinto falta de ar frequentemente. 25 (30,5) 12 (14,6) 26 (31,7) 15 (18,3) 4 (4,9) 3,0 3,0 Nota: DT = Discordo totalmente; DP = Discordo totalmente; N = Nunca; CP = Concordo parcialmente; CT= Concordo totalmente.

4 DISCUSSÃO

Este estudo mostrou que a maioria dos participantes é do sexo feminino, casada e da cor branca. Além disso, possui o mestrado como titulação acadêmica e trabalham no período noturno. Os dados corroboraram com outras pesquisas, destacando a estabilidade no trabalho e a boa relação com a família como fatores que promovem maior capacidade para o enfrentamento de problemas pessoais e conflitos emocionais (10-11). No entanto, a titulação acadêmica e o trabalho noturno foram associados às maiores situações de estresse devido grandes responsabilidades e também, poucas horas de sono que se tornam prejudiciais à saúde física e mental (12).

Destaca-se que os profissionais entrevistados realizam grande parte de suas tarefas em casa por não terem tempo de realizá-las no ambiente de trabalho. Este fato pode limitar o convívio com a família, amigos e atividades de lazer (8). Uma das possíveis explicações pode estar relacionada ao

barulho excessivo no local de trabalho, aos ruídos advindos da rua e as conversas paralelas que interferem na produtividade do docente (12).

Este estudo mostrou que os professores sofrem pressão de superiores com grande demanda de trabalho. Pesquisa encontrou dados similares e atribuiu tal fato ao cumprimento de atividades em curto prazo (13). Além disso, os autores encontraram baixa realização profissional devido falta de

tempo para os professores se especializarem e também, atribuíram o resultado a má valorização profissional no mercado de trabalho.

Observa-se que os docentes deste estudo não consideraram os alunos indisciplinados, relatando bom relacionamento com os discentes. Tal fato contradiz um estudo conduzido no Brasil

(8)

que atribuiu as principais queixas ao fato de não os respeitarem e não comprimem as atividades estabelecidas em sala de aula ou àquelas destinadas a serem realizadas em casa (13).

Em relação à avaliação do impacto do estresse, destaca-se o relato de dores de cabeça constantes. Estudo mostrou que 42,6% dos docentes universitários apresentaram cefaleia frequente e intensa, interferindo no lazer e no trabalho em maior proporção (7). Corroborando, outros pesquisadores atribuíram tal queixa à grande pressão profissional, ao curto prazo na entrega de atividades e as exigências de cumprimento do calendário acadêmico semestral (14-15).

No caso da insônia, destaca-se que dois estudos atribuíram a dificuldade de dormir dos docentes a dupla jornada de trabalho e múltiplas tarefas. Este fato deve alertar os profissionais, principalmente, pelo fato de o sono ser considerado um importante estado de recuperação do cansaço gerado pelo trabalho (16-17).

As náuseas e desconforto gástrico são comumente sintomas associados ao estresse. Estudo mostrou que além das náuseas, as úlceras gástricas também são encontradas entre professores com nível de estresse elevado (16). Atribui-se ao efeito direto ou intermediário de hormônios, como a

adrenalina e o cortisol que causam alterações na secreção de suco gástrico, na regulação de fatores protetores da mucosa do estômago e na percepção de estímulos sensoriais gástricos, aumentando a sensibilidade gástrica de forma que um estímulo considerado normal passe a ser percebido como estímulo de dor (18).

Outro resultado importante diz respeito à dificuldade de concentração. Autores observaram resultados similares entre docentes de ensino superior, elencando esquecimentos constantes, principalmente, no final do semestre acadêmico (16). O prazo rigoroso para aplicação de provas, avaliação de trabalhos e lançamento das notas podem ser fatores que influenciam diretamente a ocorrência deste sintoma.

Já a ansiedade relatada entre os participantes desta pesquisa também foi relacionada, na literatura, como uma das principais queixas de afastamentos trabalhistas (19). O estado de ansiedade gerado pelo trabalho docente esgota o professor e a atividade passa a ser vista como fonte de garantia de subsistência, sem a conotação satisfatória determinada pelo prazer, alegria e, principalmente pela saúde (20).

Por fim, os dados revelaram a angustia como outro sintoma relatado entre os participantes. Estudo relacionou essa queixa com a pressão no ambiente de trabalho, as cobranças institucionais e as competências pedagógicas (13). O estresse é considerado um dos fatores que podem promover a angústia devido a interação entre o indivíduo e o ambiente, surgindo quando a pessoa percebe uma discrepância, real ou não, entre as demandas situacionais e os recursos dos seus sistemas biológico,

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psicológico e/ou social. Tal fato contribui para que o indivíduo foque mais nos aspectos negativos das situações, dando excessiva relevância aos problemas que ocorrem no seu trabalho(21).

Limitações do estudo

Destaca-se que a pesquisa foi realizada em apenas um local de estudo.

Contribuições para a prática

Os resultados obtidos nesta pesquisa podem revelar uma realidade ainda não identificada, estimulando discussões e reflexões acerca do tema em questão que são essenciais para nortear ações de melhoria na saúde do trabalhador e no processo de ensino-aprendizagem.

5 CONCLUSÃO

Este estudo analisou o estresse na perspectiva dos fatores estressantes e do impacto físico em docentes de uma instituição de ensino superior. Conclui-se que grande parte dos docentes avaliados relatam vários sintomas, tais como dores de cabeça constante, desconforto gástrico, náuseas, insônia, dificuldade de concentração, ansiedade e angústia que influenciam negativamente a qualidade de vida desses profissionais.

Sugere-se que a instituição de ensino promova ações de melhoria para que o docente não sofra danos à saúde por consequência do estresse, tendo em vista o impacto no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, espera-se que novos estudos, com outros enfoques metodológicos sejam realizados para melhor compreensão da temática.

Contribuição dos autores

Análise e interpretação dos dados, concepção, redação do artigo e revisão final: André Luiz da Silva Alvim, Jorlene Alves da Silva Ferrarezzi, Laura Moreira Silva, Leonardo Ferreira Floriano. Orientação do projeto: Renata Lacerda Prata Rocha

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Tabela 1. Caracterização dos participantes do estudo (n=82), Belo Horizonte, MG, 2019
Tabela 2. Avaliação dos fatores estressantes (n=82), Belo Horizonte, MG, 2019.
Tabela 3. Avaliação do impacto do estresse (n=82), Belo Horizonte, MG, 2019.

Referências

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