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Caracterização morfológica e física de solo de uma área com Murundus no oeste da Bahia / Morphological and physical characterization of the soil in an area with “Murundus” in the west of Bahia

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Caracterização morfológica e física de solo de uma área com Murundus no oeste

da Bahia

Morphological and physical characterization of the soil in an area with

“Murundus” in the west of Bahia

DOI:10.34117/bjdv6n11-354

Recebimento dos originais: 03/10/2020 Aceitação para publicação: 17/11/2020

André Lopes dos Santos

Engenheiro Agrônomo Técnico da fazenda Santa Maria E-mail: Lopes_msn@hotmail.com

Joaquim Pedro Soares Neto

Universidade do Estado da Bahia

Professor Pleno do Colegiado de Engenharia Agronômica E-mail: jpsneto@uneb.br

Heliab Bomfim Nunes

Doutor em Agronomia Universidade do Estado da Bahia

E-mail: hbnunes@uneb.br

Rafael da Rocha Nascimento

Engenheiro Agrônomo Universidade do Estado da Bahia E-mail: Rafael.rocha_agro@hotmail.com

Paulino Joaquim Soares Neto Sol

Engenheiro Agrônomo Universidade do Estado da Bahia E-mail: paulinoagro@hotmail.com

Bruno de Leles Balisa

Engenheiro Agrônomo JCO Fertilizantes

E-mail: blb_balisa@outlook.com

Joyce das Neves Cruz

Graduanda em Engenharia Agronômica Universidade do Estado da Bahia E-mail: joycedasneves@hotmail.com;

Klever de Sousa Calixto

Graduando em Engenharia Agronômica Universidade do Estado da Bahia

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RESUMO

No Oeste da Bahia, os “murundus” são mais comumente encontrados na zona leste em áreas ocupadas pela agricultura familiar. Até então, pouco se sabe sobre o seu comportamento ou prejuízos econômicos que pode causar aos agricultores, portanto, o objetivo deste trabalho é caracterizar seus atributos físicos, comparando-os com os das áreas adjacentes. O estudo foi realizado em um campo de murundu, localizado no município de Catolândia, BA, cujas coordenadas geográficas são: 12 ° 16'41,9 "S 44 ° 33'40,7" W. A granulometria do solo foi determinada pelo método de pipeta. A densidade do solo foi determinada pelo método do anel volumétrico e a estabilidade dos agregados determinada em amostras cortadas e peneiradas entre peneiras de 8 mm e 4 mm e agitadas verticalmente em água. O volume dos macroporos foi obtido pela diferença entre o volume total dos poros e o dos microporos. As frações argila, areia e silte dos solos “murundus” diferiram significativamente entre os solos “murundus” e das áreas adjacentes, enquanto a relação silte / argila não apresentou diferença estatística. Os solos do “murundus” apresentaram textura franco-argilosa e os demais pontos amostrados foram classificados como franco-arenoso. Entretanto, os atributos macroagregados e microagregados não apresentaram diferença significativa (P <0,05) entre os três pontos de amostragem. Todos os “murundus” têm diâmetros e alturas semelhantes, indicando que foram formados a partir do mesmo material de origem. Observou-se nos solos “murundus” uma estrutura granulométrica simples devido ao alto teor de areia e solos bastante intemperizados.

Palavras-chave: Agricultura familiar, Poros do solo, Atributos do solo, Estrutura do solo. ABSTRACT

In the West of Bahia, the “murundus” are most commonly found in the east side in areas occupied by family farming. Until then, there is little knowledge about its behavior or economic damages that it can cause to the farmers, thus, the aim of this work is to characterize its physical attributes, comparing them with those of the adjacent areas. The study was carried out in a “murundu” field, located in the municipality of Catolândia, BA, whose geographic coordinates are: 12 ° 16'41.9 "S 44 ° 33'40.7" W. Soil granulometry was determined by the pipette method. Soil density was determined by the volumetric ring method and the stability of aggregates determined in samples slashed and sieved between 8 mm and 4 mm sieves and shaken vertically in water. The volume of macropores was obtained by the difference between the total volume of pores and that of micropores. The clay, sand and silt fractions of “murundus” soils differed significantly between “murundus” soil and that of the adjacent areas, while the silt / clay ratio did not show statistical difference. The soils of the “murundus” presented a sandy clay loam texture and the other points sampled were classified as sandy loam. However, the macroaggregates and microaggregates attributes presented no significant difference (P <0.05) between the three sampling points. All “murundus” have similar diameters and heights, indicating that they were formed from the same source material. It was observed in the “murundus” soils a simple grain structure due to the high content of sand and very weathered soils.

Keywords: Family agriculture, Soil pores, Soil attributes, soil structure.

1 INTRODUÇÃO

Entre os biomas brasileiros, o cerrado se destaca por ser o segundo maior do país, com formações vegetais desde campos abertos até formações de florestas densas (MEDEIROS, 2011). Das várias fitofisionomias que acontecem nesse bioma, ocorrem os campos de murundus que são importantes para a biodiversidade de animais e plantas (PAULINO et al., 2015). Murundu é uma

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de um cone ou uma calota, com dimensões que podem chegar até 22 m de diâmetro, à base, e, altura que pode chegar a 3 metros (Oliveira Filho, 1988; Oliveira Filho e Furley, 1990; Baptista et al, 2013). Na paisagem brasileira ocorrem em duas condições ambientais: áreas com e sem influência do aquífero subterrâneo sazonal (Oliveira-Filho & Furley, 1990). No primeiro caso, os murundus ocorrem em campos brejosos e planícies de inundação de grandes rios do Brasil Central, onde o solo permanece encharcado durante uma parte do ano. A maior parte dos estudos desenvolvidos sobre murundus estão associados à condições de drenagem deficiente (Côrrea, 1989; Midgley, 2010; Renard et al., 2012). São duas hipóteses que separam a concepção sobre a gênese do murundu: uma delas é a geomorfológica ou abiótica, que consiste na ação erosiva da água e a outra é a biológica, que aponta o surgimento pelas atividades de cupins. A origem desses montículos ainda não é bem definida e difere somente no grau de relevância conferida a ação da água e dos térmitas, mas ambas as ideias não descartam a maneira como o assunto é abordado pela outra (Araujo Neto, 1981; Oliveira Filho, 1988; Oliveira Filho e Furley, 1990).

Na região Oeste da Bahia, esse tipo de micro relevo é mais encontrado na parte leste, portanto em ambiente sem a influência do aquífero, ou mais precisamente, nos municípios de Cristópolis, Angical, Baianópolis, Wanderley, Riachão das Neves e Catolândia. Essas terras são na sua maioria ocupadas pela agricultura familiar ou pequenos produtores. Essa formação tem causado problemas para esses agricultores, seja na mecanização da propriedade ou por apresentarem baixo desenvolvimento vegetativo das plantas.

Os trabalhos feitos sobre estes campos são mais relacionadas a levantamentos fitossociológicos, havendo raros relatos sobre estudos de atributos físicos, químicos e biológicos do solo. Por causa da sua importância ecológica sobre o sistema que está incluso, a transformação dessas áreas em sistemas de plantio pode ocasionar a degradações físicas, químicas e biológicas dos solos, comprometendo a sua função ecológica (Paulino et al., 2015).

Antunes et al. (2012), relatam a necessidade de grandes investimentos para o agricultor utilizar a terra em locais com murundus, onde se faz o uso do trator de esteira com lâmina para a destruição e incorporação dos murundus, porém isso não garante uma produtividade de qualidade. Segundo Bahia (1997), existe murundus na região do vão São Francisco, sendo estes caracterizados por serem endurecidos e grandes, mas não se tem um estudo físico especificando os seus atributos, podendo assim questionar a real compactação que os micro relevos possuem.

Até então, são poucos os conhecimentos sobre o comportamento físico dos solos de murundus no Oeste da Bahia. Considerando a expressão geográfica e os danos econômicos causados por estes microrelevos, objetivou-se com esse trabalho fazer uma caracterização topográfica, morfológica e uma avaliação dos seus atributos físicos, comparando-os com o solo adjacentes.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

O estudo foi realizado num campo de murundu com aproximadamente 150 hectares, localizado na fazenda Santa Maria, no município de Catolândia, no Oeste da Bahia, cujas coordenadas geográficas são: 12°16'41.9"S 44°33'40.7"W.

O clima é classificado, segundo Koppen, como Aw, com inverno seco e verão chuvoso. A temperatura média anual superior a 22°C, com uma pluviosidade média anual de 1.168 mm. O mês mais seco é julho e o mais Chuvoso é dezembro (Soares Neto et al., 2013; Merkel, 2016). A área onde estão os micro relevos se localiza em terreno seco, bem drenado, com solo predominante Latossolo Vermelho-Amarelo. A área de estudo sofreu uma alteração antrópica há 10 anos, com a implantação de pastagem com a finalidade de criação gado.

Inicialmente foi realizado um levantamento topográfico dos murundus da área com auxilio de um nível de água. Foi também, aberta uma trincheira em um dos murundus para descrição morfológica do solo, além disso, foram coletadas amostras de solo em quatro murundus (M1, M2, M3 e M4) e nos solos adjacentes, nas profundidades de 0,00 a 0,20 e 0,20 a 0,40 e 0,40 a 0,60 m, para determinação dos atributos físicos.

2.2 DETERMINAÇÃO DOS ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO

A granulometria do solo foi determinada pelo método da pipeta, utilizando-se solução de hidróxido de sódio como dispersante químico. A fração areia foi removida por tamisação em peneira de 0,053 mm. As frações silte e argila foram separadas por sedimentação e posterior pipetagem da argila em suspensão. As frações argila e areia foram determinadas por pesagem após retirada da estufa a 105 ⁰C e o silte calculado por diferença. A densidade do solo (Ds) foi determinada pelo método do anel volumétrico, em amostras com estrutura preservada. A estabilidade de agregados foi determinada em amostras destorroadas e tamisadas em uma peneiras de 8 mm e utilizando-se como base o método descrito por Kemper e Chepil (1965), com alterações propostas por Carpenedo e Mielniczuk (1990) e por Silva e Mielniczuk (1997), consistindo na separação dos agregados em classes de tamanho pela dispersão e peneiramento em água. O volume de microporos foi determinado em função da retenção de água, após saturação das amostras do solo submetidas à tensão de 6 kPa em mesa de tensão. O volume de macroporos foi obtido pela diferença entre o volume total de poros e o de microporos. A porosidade total (PT) foi calculada utilizando-se a densidade do solo (Ds) e das partículas (Dp), pela equação: 1-(Ds/Dp) (EMBRAPA, 2017). O diâmetro médio ponderado (DMP) foi determinado pela equação:

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Sendo xi = diâmetro médio das classes de agregados; wi = proporção de cada classe em relação ao total.

O diâmetro médio geométrico (DMG) foi encontrado utilizando-se a seguinte relação:

Onde xi = quociente da massa de agregados retidos na peneira i sobre a massa total; di = diâmetro médio da fração.

2.3 ESTATÍSTICA

Os dados foram submetidos a uma análise de variância, pressupondo-se em um arranjo fatorial, com dois fatores (local e profundidade) em três níveis cada uma, sendo o fator local: murundus, entre murundus e solos adjacentes; o fator profundidade: 0,00 a 0,20; 0,20 a 0,40 e 0,40 a 0,60 m. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey com significância variando de 1% e 5% de probabilidade. O “software” utilizado foi o Assistat versão 7.7.

Continuando a análise estatística, realizou-se as análises multivariadas, com técnicas de análise de agrupamentos hierárquico e análise de componentes principais (ACP) nas variáveis físicas, visando indicar similaridades entre as amostras de solos dos murundus e solos limítrofes. ACP foi realizada para diferentes grupos de variáveis e baseada na sua matriz de correlação usando o programa Past. A ACP permitiu a construção do círculo de autovetores das variáveis e o diagrama de ordenação das amostras (solos de murundus e perfis de solos adjacentes), para os dois primeiros componentes, representados pelos eixos x e y (primeiro e segundo eixo, respectivamente).

Foram utilizados somente os dois primeiros eixos, pois considerou-se que seriam suficientes para explicar os dados, assim como pela maior facilidade de interpretação de um gráfico bidimensional. Os dados foram padronizados (média nula e variância igual a um) visando uniformizar unidades e escalas do grupo de variáveis estudadas. Para a extração do número de componentes, consideraram-se somente as componentes com variância superior a um. Realizou-se a análise fatorial e, foram considerados significativos apenas os fatores que apresentaram autovalores maiores que 1.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 MORFOLOGIA DOS MURUNDUS

Os murundus estudados, não se degradam facilmente. A pouca precipitação, e consequente baixo intemperismo local, explicam a existência destas estruturas por longos períodos de tempo. Os murundus estudados encontram-se em áreas bem drenadas sob pastagem de Brachiaria. Esses apresentaram diâmetro entre 15,40 a 20,20 m com média de 17,62 m. A altura variou de 0,60 a 1,00 m com média de 0,85 m (Figura 1) e distância entre os murundus oscilou entre 31,88 a 62,09 m com média de 46,13 m. Portanto, essas pequenas variações no diâmetro e altura desses montículos, pode indicar que todos são provenientes do mesmo material de origem.

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Antunes et al. (2012) avaliando murundus no semi-árido mineiro, encontraram variação menores que a do presente trabalho, tanto para o diâmetro como para a altura. Os mesmos autores, encontraram valores de diâmetro dos murundus variando entre 9,3 a 9,9 m e de altura entre 0,84 a 1,93 m.

3.2 MORFOLOGIA DO SOLO

A descrição da organização estrutural dos perfis de solo de murundus feita a campo é apresentada na Tabela 1. Verifica-se que o solo de murundus estudados apresentam variação de argila entre os horizontes, principalmente entre o horizonte Ap e os demais, além disso, também se mostram com maior teor de argila que os solos entre murundus e solos adjacentes (Tabela 2). A matiz varia de 7,5YR a 5YR, tanto úmida como seca, no entanto à consistência desse solo mostrou-se variando de solta quando seco e friável quando úmida e na camada superficial apresentou-se ligeiramente pegajoso e ligeiramente plástico, seguidos por horizontes não pegajoso e não plástico, quando molhado, isso reflete a diminuição do conteúdo de argila nas camadas subsuperficiais. Esses resultados diferem dos encontrados por Simões (2012), trabalhando em Latossolo Vermelho Amarelo Argissólico, Argissolo Amarelo distrófico típico e Cambissolo Háplico Distrófico típico, em que a consistência apresentou-se variando de dura a extremamente dura quando seco e pegajoso e plástico quando molhados.

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Os solos de murundus apresentaram grau de desenvolvimento da estrutura moderada, com grãos simples e muito pequenos em todo perfil (Tabela 1). Já quanto a origem desses murundus, verificou-se ocorrência de bioturbação realizado por térmitas no passado, indicando, provavelmente, uma origem biológica, resultados que assemelham-se aos encontrados por Simões (2012). É importante salientar que a topografia dos micro relevos, permite que o escoamento superficial da agua seja acentuado em razão de sua declividade, prejudicando a infiltração de água, fato que pode comprometer o desenvolvimento da estrutura do solo.

Diversos são os fatores que interferem na agregação do solo. Dentre esses, os principais são: tipo e teor de argila, metais polivalentes, carbonato de cálcio, óxidos e hidróxidos de ferro, alumínio e manganês, exsudatos orgânicos de plantas, substâncias orgânicas provenientes da ação de microrganismos e outros compostos orgânicos (Salton, 2008). Assim, parece correto afirmar que para esses solos de murundus, essas atividades, inclusive as térmitas, só foram suficientes para formar estrutura granular, apesar do alto grau de intemperismos químico dos solos.

3.3 ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO

As frações argila, areia e silte dos solos de murundus diferiram significativamente dos solos entre murundus e adjacentes, enquanto a relação silte/argila não apresentou diferença estatística. Os solos dos montículos apresentaram textura franco argilo arenoso e os demais pontos amostrados foram classificados como franco arenoso (Tabela 2). Por apresentar alto conteúdo de areia, proporcionando uma estrutura granular e baixa coesão entre as partículas, esses solos podem ter baixa capacidade de retenção de água, tornando-se vulnerável aos veranicos frequentes na região.

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Neste sentido, solos que apresentam elevadas quantidades de frações silte e areia devem ser manejados adequadamente visando a sua proteção frente aos processos de destacamento e transporte de partículas (Correia et al., 2016). Assim, maior atenção deve ser dada a esses solos, visto que possuem uma maior susceptibilidade erosiva, apesar de serem profundos, evitando que a superfície do solo fique temporariamente exposta, principalmente no período chuvoso do ano.

Os valores dos atributos físicos dos solos encontram-se na Tabela 3. Observa-se nessa Tabela que a densidade do solo (Ds) dos murundus e o solo adjacente não foram diferentes, enquanto que ambos diferenciaram-se dos solos entre murundus e, este mostrando-se com menor densidade do solo. Já os atributos, macroagregados (MAAG), microagregados (MIAG), DMP e DMG não apresentaram diferença significativa pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, entre os três pontos de amostragens. Apesar de não apresentarem diferenças estatísticas entre eles, observa-se uma tendência de aumento desse índice nos solos entre murundus e adjacentes. Acredita-se que isso ocorreu devido a correção desses solos com calcário. De acordo com Castro Filho (2002), o aumento do pH do solo faz com que o alumínio precipite e polimerize e, com isso aconteça a redução desse elemento na solução do solo e a aderência desses polímeros às partículas de maneira não trocável, aumentando, portanto a agregação do solo.

Quanto a macro e microporosidade, constata-se que a macroporosidade entre os murundus foi superior as dos solos amostrados em cima dos montículos e dos solos adjacentes, por outro lado, a microporosidade dos solos dos murundus foi estatisticamente maior do que as dos solos entre murundus

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e adjacentes. Nota-se na Tabela 3 que a densidade do solo apresentou uma relação inversa com a macroporosidade, ou seja, onde a Ds foi menor a macroporisidade foi maior. Isso já foi verificado em Latossolo Vermelho distroferrico típico por Genro Junior (2002) e Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico por Soares Neto (2005).

Os dendogramas obtidos pela análise de Clauster (Figura 2 a, b e c) para as profundidades de 0,00 a 0,20 m e de 0,20 a 0,40 m, mostram a formação de três grupos distintos para ambas as profundidades: G1 os solos de muruduns M2 e M3, G2 os muruduns M1, M4 e o ponto C, A, D e B entre muruduns e P2, P3 e P4 dos solos adjacentes, o G3 é formado apenas pela amostra dos pontos P1 de solos adjacentes (Figura 2a). Já a configuração dos agrupamentos da profundidade de 0,20 a 0,40 m, distingue-se apenas dois grupos, sendo o G1 formado da mesma forma que na profundidade de 0,00 a 0,20 m e o G2 agrupando os demais pontos de amostragem (Figura 2b). Na Figura 2c, que representa a profundidade de 0,40 a 0,60 m, apesar dos pontos de amostragens terem sido agrupados em dois grupos distintos, apresentam uma conformação completamente diferente da profundidade de 0,20 a 0,40 m. Nota-se nessa profundidade que todas as mostras dos murundus se agruparam no grupo 1 juntos com ponto de amostragem entre murundus (B), enquanto que os demais se agruparam no G2.

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A diferenciação dos dados apresentados para as profundidades analisadas (0,00 a 0,20 e 0,20 a 0,40 m) foi marcante, mostrando as particularidades de cada posição dos pontos de amostragens, pois as características dos atributos de um mesmo grupo são semelhantes e diferentes do comportamento de outros agrupamentos, o que corrobora com Freitas et al. (2014). Esses resultados devem-se ao fato de que, a partir dos agrupamentos formados pela análise de Cluster, pode-se separar nitidamente, principalmente, os solos dos pontos de amostragens nos murundus dos demais pontos, mostrando, assim, que ocorrem diferenças entre eles.

Na análise de componentes principais (ACP) (Figura 3 a, b e c), foram considerados os dois primeiros componentes (Fator 1 e Fator 2), pois estes conseguem reter cumulativamente a quantidade suficiente da informação total contida no conjunto das variáveis originais, para cada local de amostragem, definido por 11 variáveis, o que possibilita sua localização com um ponto em um gráfico bidimensional (Hair et al., 2005). Quanto ao percentual da variância explicada pelos componentes principais (CPs), verifica-se que, na profundidade de 0,00 - 0,20 m (Figura 3a), o primeiro e o segundo componentes são responsáveis por 94,55% da variância total, sendo 73,00% na CP1 e 21,55% na CP2. Na profundidade de 0,20 - 0,40 m (Figura 3b), os dois primeiros CPs foram responsáveis por 93,56% da variância dos dados originais, com 76,09% na CP1 e 17,47% na CP2. Na profundidade de 0,40 - 0,60 m (Figura 3c) as variações explicadas foram de 81,24 e 15,69% nas componentes principais 1 e 2, respectivamente. Em todas as profundidades estudadas, observa-se que os valores das variâncias explicadas para os dois componentes estão acima de 80%, o que satisfaz a recomendação de Ayres et al. (2007).

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Figura 3. Análises de componentes principais dos atributos físicos dos solos de murundus, entre murundus e adjacentes,

nas profundidades de 0,00 a 0,20 m (a), 020 a 0,40 m (b) e 0,40 a 0,60 m.

Verifica-se ainda, na Figura 3a, que as variáveis argila, areia, macroagregados (MAAG) e microagregados (MIAG) foram as que apresentaram correlação com os CP1 e CP2 acima de 0,50, na profundidade de 0,00 - 0,20 m. Já, na profundidade de 0,20 - 0,40 m os atributos físicos do solo que apresentaram maior correlação com o CP1 foram a argila (-0,6088) e a areia (0,7434), enquanto que com CP2, apenas a variável macroporos (MAP) teve correlação positiva de 0,6951 (Figura 3b). Os macroagregados e microagregados apresentaram uma correlação de 0,6298, positiva e negativa,

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respectivamente, com o CP1, o componente principal 2 teve maior correlação, de forma negativa, com a argila (-0,5853) e positiva com a areia (0,6322) (Figura 3c).

Esses resultados diferem do encontrados por Guidoline (2015), para solos de São Paulo, onde encontrou correlação positiva, na camada de 0,00 a 0,20 m, para o componente principal 1 apenas para umidade gravimétrica e correlações negativas para microporosidade e porosidade total e para o segundo componente principal, as correlações foram com areia e argila, negativa e positiva respectivamente. A diferenças de comportamento do solo, nessa camada, pode ser explicado pelas classes de solo que são diferentes, ou ainda pela influencia do solo com murundus.

4 CONCLUSÕES

Todos os murundus apresentam diâmetros e alturas semelhantes, indicando que foram formados do mesmo material de origem.

Nos solos dos murundus foi observada estrutura em grãos simples, devido ao alto conteúdo de areia e solos muito intemperizados, a influência da atividade biológica na formação da estrutura foi inibida.

A diferenciação entre os solos de murundus e os solos adjacentes não foram expressadas pelos atributos físicos.

Na análise de Clauster foram descriminados na profundidade de 0,00 a 0,20 m três grupos, na 0,20 a 0,40 m e de 0,40 a 0,60 m dois grupos distintos.

Os componentes principais em todas as profundidades estudadas, explicou a variância total das variáveis em mais de 90%.

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Figura 3. Análises de componentes principais dos atributos físicos dos solos de murundus, entre murundus e adjacentes,  nas profundidades de 0,00 a 0,20 m (a), 020 a 0,40 m (b) e 0,40 a 0,60 m

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