Seleção, síntese e disseminação de evidências para profissionais de saúde por meio
de correio eletrónico
Selection, synthesis and dissemination of evidence for health professionals using
Maria Cristiane Barbosa GALVÃO. FMRP-USP, Ribeirão Preto, Brasil.
(
mgalvao@usp.br
)
Ivan Luiz Marques RICARTE. FT-UNICAMP, Limeira, Brasil. (
ricarte@unicamp.br
)
Fabio CARMONA. FMRP-USP, Ribeirão Preto, Brasil. (
carmona@fmrp.usp.br
)
Danielle
Alves Fernandes dos SANTOS. FAPESP TT3, Ribeirão Preto, Brasil.
(
danielleafsantos@gmail.com
)
Resumo
Apresenta-se o processo de seleção, tradução, síntese e disseminação de evidências em saúde
por meio de correio eletrónico aos profissionais de saúde que atuam no Estado de São Paulo,
Brasil. Trezentos e quarenta e oito profissionais de saúde que aceitaram o convite para
participar do projeto receberam por correio eletrónico, durante 48 semanas, o total de 144
conteúdos informacionais selecionados, traduzidos para a língua portuguesa e distribuídos por
correio eletrónico às segundas, quartas e sextas, exceto em feriados. O profissional de saúde
pôde avaliar ou não o conteúdo informacional recebido, dependendo de sua vontade, por
meio de instrumento de avaliação específico. Os profissionais de saúde que participaram do
projeto relataram usar as evidências recebidas por correio eletrónico para: assistir o paciente
de modo diferente (36%), justificar uma escolha durante a assistência (20%), estar mais certo
sobre uma decisão (20%), entender melhor uma condição ou tecnologia em saúde (24%),
discutir o assunto com pacientes ou outros profissionais (33%), convencer os pacientes ou
outros profissionais sobre uma questão em saúde (23%). Logo, a informação em saúde
transforma a assistência. Profissionais de saúde precisam de informação adequada, resumida e
facilmente acessível, possuindo pouco tempo para se manterem atualizados ou frequentarem
uma biblioteca. Para tanto, é fundamental o estabelecimento de parcerias produtivas entre
profissionais de biblioteconomia, informática e saúde para o desenvolvimento de serviços
inovadores e adequados às demandas informacionais atuais.
Palavras-chave: Serviços de informação; Prática clínica baseada em evidências; Correio
eletrônico
Abstract
We present the process of selection, translation, synthesis and dissemination of evidence in
health through e-mail to health professionals working in the State of São Paulo, Brazil. Three
hundred and forty-eight health professionals who accepted the invitation to participate in the
project received by e-mail, during 48 weeks, the total of 144 selected informational contents,
translated into Portuguese and distributed by e-mail on Mondays, Wednesdays and Fridays,
except on holidays. Health professionals could assess or not the information content received,
depending on their will, through a specific assessment tool. Health professionals who
participated in the project reported using the evidence received by e-mail to: assist patient
differently (36%), justify choice for assistance (20%), being more sure about a decision (20%)
better understand a health condition or technology (24%), discuss it with patients or other
professionals (33%), convince patients or other professionals about a health issue (23%).
Therefore, the health information transforms assistance. Health professionals need proper
information, summarized and easily accessible because they have little time to keep up to date
or to go to the library. It is therefore essential to establish productive partnerships between
library, information technology and health professionals for the development of innovative
and appropriate services to attend current informational demands.
Keywords: Information services; Evidence-based practice; Electronic mail
Introdução
O presente texto apresenta o processo de seleção, tradução, síntese e disseminação de
disseminação de evidências em saúde por meio de correio eletrônico aos profissionais de
saúde que atuam no Estado de São Paulo, Brasil. Esse projeto empregou uma abordagem
transdisciplinar
1e foi desenvolvido por pesquisadores com experiência nas áreas da
informação (um bibliotecário), informática (um engenheiro) e saúde (um médico e um
nutricionista), sendo aprovado por comitê de ética em pesquisa com seres humanos
(certificado 37030414.0.0000.5440).
Na primeira etapa do estudo (julho-dezembro 2014) foram convidados a participar do projeto
profissionais de saúde, com nível superior, que atuavam no Estado de São Paulo, registados no
respectivo conselho regional de sua profissão, do sexo masculino ou feminino, com qualquer
idade, que possuíssem acesso à Internet e conta de correio eletrônico e que atuassem
diretamente na assistência ao paciente. Trezentos e quarenta e oito profissionais de saúde
aceitaram o convite para participar do projeto. A Figura 1 apresenta a formação desses
profissionais.
Figura 1. Profissão dos participantes no projeto.
É importante destacar que os gestores de saúde do Estado de São Paulo contatados não
possuíam qualquer tipo de cadastro ou listagem dos correios eletrônicos dos profissionais de
saúde que atuam nesse território. Assim, a divulgação do projeto foi realizada em redes
sociais, jornais e revistas de grande circulação, nos conselhos das diferentes profissões de
saúde e pelo YouTube. Ressalta-se também que o sistema de saúde brasileiro trabalha com o
conceito de equipas multiprofissionais de saúde e não com o conceito de assistência em saúde
médico-centrada, sendo de interesse público que as equipas multiprofissionais tenham suas
demandas informacionais atendidas.
Na segunda etapa do estudo (janeiro-dezembro de 2015), os 348 profissionais de saúde que
aceitaram o convite para participar do projeto receberam por correio eletrônico, durante 48
semanas, o total de 144 conteúdos informacionais selecionados, traduzidos para a língua
portuguesa e distribuídos por correio eletrônico às segundas, quartas e sextas, exceto em
feriados. O profissional de saúde pôde avaliar ou não o conteúdo informacional recebido,
dependendo de sua vontade, por meio de instrumento de avaliação específico
2.
Metodologia para a seleção de evidências
Como a produção de informação em saúde é exponencial, uma questão relevante é identificar
quais evidências devem ser disseminadas para os profissionais de saúde. Para solucionar este
problema, a equipa do projeto decidiu selecionar evidências que pudessem auxiliar no
atendimento da população assistida em unidades de saúde do Estado de São Paulo. Assim,
elegeram-se como temáticas prioritárias aquelas relacionadas com o perfil epidemiológico do
Estado de São Paulo, como sejam: insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral,
cardiopatias congênitas, risco cardiovascular, violência doméstica, violência sexual, acidente
76 67 64 53 17 16 11 9 8 7 6 3 2 9 0 10 20 30 40 50 60 70 80
de trânsito, lesões traumáticas acidentais, lesões traumáticas não acidentais, exposição a
poluentes ambientais, doenças alérgicas, obesidade, tabagismo, antimicrobianos, infecções,
febre amarela, febre maculosa, leishmaniose, esquistossomose, hanseníase, tracoma,
HIV/AIDS, hepatite, tuberculose, saúde mental, crack, gestação, parto, puerpério, cesárea,
populações vulneráveis, humanização em saúde, educação em saúde, comunicação em saúde,
saúde bucal, câncer bucal, hipertensão arterial sistêmica, tecnologias relacionadas a
portadores de necessidades especiais, micoses, HPV, norovírus, viroses respiratórias, raiva,
anemia falciforme e esclerose múltipla.
Além do perfil epidemiológico priorizaram-se, na seleção de evidências, as revisões
sistemáticas, quando existentes. Esta decisão foi embasada na classificação de Oxford para
níveis de evidências
3.
Para a busca e seleção de evidências priorizaram-se as bases de dados assinadas e
disponibilizadas no Portal Saúde Baseada em Evidências, do Ministério da Saúde do Brasil,
inclusive para verificar se tais bases atendiam às necessidades informacionais do Estado de São
Paulo. Assim, foram selecionados conteúdos das bases DynaMed; Access Medicine; BVS
Atenção primária à saúde; Atheneu; ProQualis; Rehabilitation Reference Center; BMJ
BestPractice; Access Physiotherapy; ProQuest Saúde da Família; REBRATS; ProQuest
Enfermagem; Micromedex; ProQuest Gestão em Saúde; e Conselho Federal de Farmácia. No
entanto, por volta do mês de julho de 2015, o Ministério da Saúde do Brasil, em decorrência
da crise financeira, deixou de assinar várias bases de dados (Atheneu; BMJ BestPractice;
ProQuest Saúde da Família; ProQuest Enfermagem; e ProQuest Gestão em Saúde). Dessa
forma, durante o desenvolvimento do projeto decidiu-se incluir também a base de dados
PubMed. A Figura 2 apresenta a quantidade de conteúdos informacionais selecionados de
cada base de dados.
Figura 2. Quantidade de conteúdos informacionais selecionados de cada base.
É importante destacar que algumas bases de dados já possuem classificação das evidências,
como é o caso da Dynamed, facilitando o processo de seleção segura de conteúdos
informacionais a serem disseminados. Por outro lado, muitas bases de dados internacionais
têm como foco os profissionais de saúde que atuam em países desenvolvidos e cobrem muito
superficialmente o perfil epidemiológico que atinge países tropicais. Por exemplo, as
evidências sobre dengue, zika e chikungunya tornaram-se essenciais para o Brasil nos últimos
anos porque tais doenças são epidemias nacionais. Para superar essa limitação, o uso da base
de dados PubMed, via interface PICO, facilitou a busca e a seleção de evidências adequadas.
Destaca-se que o bibliotecário foi o responsável por buscar e selecionar as evidências para
disseminação.
Metodologia para a síntese e a tradução de evidências
Na perspectiva da Cochrane
4, o resumo de evidência deve contemplar:
Antecedentes: Uma ou duas frases que expliquem o contexto ou que discorram sobre o
propósito do estudo. Se a versão do estudo é uma atualização de um estudo anterior, é útil
incluir, nessa parte do resumo, essa informação.
Objetivos: Trata-se de uma declaração precisa do objetivo principal do estudo, de preferência
em uma única frase. Quando possível, o estilo da redação dos objetivos deve empregar a
seguinte forma: "Para avaliar os efeitos da [intervenção ou comparação] para [problema de
29 26 24 17 14 7 6 5 4 4 3 2 1 1 1 0 5 10 15 20 25 30 35
saúde] para/na [tipos de pessoas, doença ou problema – se especificado]". Assim, tem-se:
“Objetivo: Avaliar o impacto da caminhada na diminuição de peso de mulheres obesas
pobres”, onde caminhada é a intervenção, obesidade é o problema e mulher pobre se refere
ao perfil dos participantes do estudo.
Métodos de pesquisa: Por exemplo, no caso das revisões sistemáticas de literatura deve-se
incluir as fontes nas quais os artigos científicos e/ou outros documentos foram buscados e
incluir o intervalo de datas da busca de cada fonte. Assim tem-se: “Consultou-se a base de
dados MEDLINE (janeiro de 1966 a dezembro de 2015)”. Se houver restrições do estudo, com
base na língua ou publicação, estas devem ser indicadas. Se indivíduos ou organizações foram
contatados para localizar estudos, isso deve ser mencionado e é preferível usar a forma
"Entrou-se em contato com empresas farmacêuticas", em vez de incluir uma lista de todas as
empresas farmacêuticas contatadas. Se periódicos foram especificamente acessados
manualmente, e não por meio de uma base de dados, isso deve ser mencionado no resumo.
Critérios de seleção: No caso das revisões sistemáticas de literatura devem ser mencionados o
tipo de estudo incluído, o tipo de intervenção ou comparação e a doença, o problema e/ou o
perfil da população que foi priorizada na revisão.
Coleta e análise de dados: No caso das revisões sistemáticas de literatura deve-se apresentar a
forma como os dados foram extraídos e avaliados, especificando se a extração de dados e a
avaliação de risco foram realizadas por mais de uma pessoa. Se os autores dos artigos originais
foram contatados para fornecerem informações adicionais, essa informação deve ser
mencionada nessa parte do resumo.
Principais resultados: Deve citar o número total de estudos e número de participantes
incluídos na revisão e breves detalhes pertinentes para a interpretação dos resultados. Deve
mencionar os principais resultados qualitativos e quantitativos, geralmente não incluindo mais
que seis resultados. Os resultados mencionados devem ser selecionados com base na
possibilidade de ajudar alguém a tomar uma decisão sobre se deve ou não usar uma
intervenção específica. Os efeitos adversos devem ser mencionados se esses foram objeto de
estudo na revisão. As estatísticas devem ser apresentadas de uma forma padrão, como: odds
ratio 2,31 (95% intervalo de confiança 1,13-3,45).
Conclusão: No caso das revisões sistemáticas de literatura cujo objetivo principal é o de
apresentar informações, ao invés de oferecer conselhos ou recomendações, a conclusão deve
ser sucinta abarcando os principais resultados. Suposições sobre as circunstâncias práticas,
valores, preferências, vantagens e desvantagens não devem ser feitas; e a inclusão de
conselhos ou recomendações deve ser evitada. Quaisquer limitações importantes de dados e
análises devem ser observadas. Implicações importantes para as futuras pesquisas científicas
devem ser explicitadas se não estiverem óbvias ao longo do resumo.
Além do resumo da revisão mencionado anteriormente, a Cochrane
4recomenda também a
elaboração de um segundo resumo em linguagem mais simples, denominado plain language
summary. Este resumo é elaborado em uma linguagem que possa ser compreendida pelos
pacientes e população em geral. De igual modo que os anteriores, tais resumos são
disponibilizados na Internet e, por isso, poderão ser lidos como documentos isolados.
Os resumos em linguagem simples são constituídos por duas partes: um título e um corpo de
texto. O título do resumo em linguagem simples deve traduzir o título do estudo original para
uma linguagem mais simples, quando necessário. Assim, um estudo que tenha o título “Drogas
anticolinérgicas comparadas a outros medicamentos para a síndrome da bexiga hiperativa em
adultos" pode ter o título traduzido para seguinte linguagem simples: "Medicamentos para a
síndrome da bexiga hiperativa”. O título do resumo em linguagem simples não deve refletir as
conclusões da revisão. Ele deve ser escrito em forma de sentença, ou seja, iniciando por uma
palavra cuja primeira letra é maiúscula, seguida por palavras com letras minúsculas e não deve
possuir mais que 256 caracteres de comprimento. A segunda parte, ou do corpo do resumo em
linguagem simples, não deve ter mais que 400 palavras e deve incluir: uma afirmação sobre a
importância da revisão, contemplando, por exemplo, a conceituação do problema de saúde,
sinais e sintomas, a prevalência, a descrição da intervenção e as razões para o seu uso; as
principais conclusões da revisão, incluindo os resultados numéricos, mas em um formato geral
e de fácil compreensão, como o número de estudos considerados na revisão sistemática e o
número de participantes envolvidos em tais estudos; comentário sobre quaisquer efeitos
adversos; e breve comentário sobre quaisquer limitações da avaliação (e.g., ensaios em
populações muito específicas ou estudos incluídos com métodos deficientes). No final do
resumo em linguagem simples podem ser acrescidos links da web como o link da revisão
sistemática original. Gráficos ou imagens não devem ser incluídos nesse tipo de resumo
4.
Na perspectiva da Cochrane
4, o primeiro esboço do resumo de evidência em linguagem
simples deve ser escrito pelos próprios autores do artigo científico e submetido à análise por
uma equipa editorial especializada em linguagem simples. Esse processo pode estar sujeito a
várias interações entre os autores do artigo e a equipa editorial
4.
Apesar de a Cochrane
4ser uma instituição de grande prestígio, os resumos de evidência
poderiam contemplar não apenas linguagem verbal simples, mas também ajudas visuais
(fotografias, gráficos, tabelas e desenhos), arquivos sonoros ou arquivos audiovisuais, pois
existe na atualidade tecnologia disponível para incrementar e passar informações sintéticas e
mais inteligíveis empregando múltiplos recursos. Além disso, o resumo em linguagem verbal
escrita pressupõe a alfabetização do leitor, excluindo, portanto, uma parcela da população
mundial
5.
Nesse sentido, estudo recente destaca que, para diminuir a desigualdade no acesso à
informação entre diferentes grupos populacionais, se faz necessária a produção de sínteses de
evidência em formatos não escritos, como na forma de livros falados ou de vídeos. Além disso,
ressalta a utilização conjunta de estratégias menos dependentes da comunicação escrita,
como a divulgação de notícias por meio do rádio ou por plataformas disponíveis na web
6.
Obviamente que, para que essa produção seja efetiva, a sociedade requer profissionais
habilitados para a produção de resumos de evidências em linguagens multimodais.
Considerando a literatura sobre a produção de resumos, mas também as necessidades dos
profissionais de saúde que atuam no Brasil, optou-se, nesse projeto, por traduzir as evidências
selecionadas para a língua portuguesa, bem como sintetizá-las em forma de resumos
informativos encabeçados por uma questão clínica. Objetivou-se criar resumos com no
máximo 500 palavras, conforme exemplo apresentado na Figura 3.
Figura 3. Exemplo de conteúdo informacional disseminado.
No processo de tradução buscou-se manter as características do texto original, contemplando
conteúdos relacionados à introdução, problema, metodologia, resultados e conclusão. Essa
ordem de apresentação foi empregada em todas as evidências disseminadas, exceto quando o
texto original suprimia uma dessas partes. A tradução dos textos originais para a língua
portuguesa foi realizada pela bibliotecária que integra a equipa do projeto e, quando
necessário, por uma nutricionista. Em seguida, cada tradução foi revista por um profissional
médico e, quando necessário, por um profissional de informática. Assim, cada conteúdo
disseminado foi traduzido por um profissional e revisto por outro profissional a fim de se
verificar se a informação traduzida era compreensível em língua portuguesa. Quando no texto
original havia termos novos em inglês e sem tradução prévia ao português, a equipa se reuniu
para definir qual seria o melhor termo a ser empregado na língua portuguesa, sendo a palavra
final dada ao médico com maior fluência em português e inglês. Os nomes dos responsáveis
pela criação, revisão e disseminação de cada resumo foram acrescentados como conteúdo
informacional do resumo. As referências bibliográficas seguiram as recomendações da
Associação Brasileira de Normas Técnicas; porém, diante de cada referência agregou-se o
nome da base de dados de onde cada evidência foi coletada a fim de informar melhor aos
profissionais de saúde a origem da informação.
Metodologia para a disseminação de evidências
Existem duas metodologias para disseminação de evidências em meio eletrônico: push
(empurrar/enviar) e pull (procurar/buscar). Na primeira, as evidências são selecionadas das
bases de evidências e enviadas aos profissionais de saúde, pacientes e/ou população. Na
segunda, os profissionais de saúde, os pacientes e a população acessam diretamente as bases
de evidências para buscar a informação desejada. Ocorre que a busca por evidências requer
várias competências informacionais e tecnológicas que nem sempre são de amplo
conhecimento. Além disso, especialmente profissionais de saúde possuem um tempo muito
reduzido para buscar, selecionar e interpretar evidências. Já os profissionais bibliotecários são
treinados, ao longo da graduação, para desenvolver buscas informacionais avançadas.
Pelo exposto, a metodologia push é mais recomendável para a disseminação de evidências em
contextos clínicos; porém, requer uma plataforma tecnológica. Assim, toda a gestão do projeto
empregou a plataforma Research Electronic Data Capture (REDCap), desenvolvida pela
Vanderbilt University, nos Estados Unidos. Essa plataforma foi customizada pelo profissional de
informática e pelo médico para a produção, a revisão, a disseminação das evidências para os
correios eletrônicos dos profissionais de saúde e para o recebimento das avaliações de cada
conteúdo informacional disseminado.
Metodologia para a avaliação de evidências
O gestor da saúde necessita saber o impacto das evidências disseminadas na assistência em
saúde. Assim, cada profissional da saúde teve ter a oportunidade de avaliar a evidência
recebida. Para capturar as avaliações das evidências aos profissionais de saúde, o projeto
empregou o IAM Information Assessment Method for Electronic Knowledge Resources
2,
traduzido para língua portuguesa pela própria equipa do projeto.
Resultados
Os profissionais de saúde que participaram do projeto relataram usar as evidências recebidas por
correio eletrônico para: assistir o paciente de modo diferente (36%), justificar uma escolha
durante a assistência (20%), estar mais certo sobre uma decisão (20%), entender melhor uma
condição ou tecnologia em saúde (24%), discutir o assunto com pacientes ou outros profissionais
(33%), convencer os pacientes ou outros profissionais sobre uma questão em saúde (23%),
conforme apresentado na Figura 4. Logo, a informação em saúde transforma a assistência.
Figura 4. Uso das evidências recebidas pelos profissionais de saúde.