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CRIPTOSPORIDIOSE EM CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS DE UMA CRECHE NA CIDADE DE BOM JESUS DO ITABAPOANA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL

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Academic year: 2020

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International Scientific Journal – ISSN: 1679-9844

Nº 3, volume 14, article nº 2, July/September 2019

D.O.I: http://dx.doi.org/10.6020/1679-9844/v14n3a2

Accepted: 26/12/2018 Published: 20/06/2019

CRIPTOSPORIDIOSIS IN CHILDREN UNDER FIVE YEARS OLD IN A

NURSERY OF THE CITY OF BOM JESUS DO ITABAPOANA,

PROVINCE OF RIO DE JANEIRO, BRAZIL

CRIPTOSPORIDIOSE EM CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS

DE UMA CRECHE NA CIDADE DE BOM JESUS DO ITABAPOANA,

ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL

Alcemar Antonio Lopes Matos1,Maria de Lourdes Ferreira Medeiros de Matos2, Fernanda Castro Manhães3, Bianca Magnelli Mangiavacchi4, Ligia Cordeiro Matos

Faial5, Davi de Rezende Teixeira Monteiro6, Antonio Neres Norberg7

1Mestrando em Cognição em Linguagem (UENF)

Faculdade Metropolitana São Carlos – FAMESC, Bom Jesus do Itabapoana-RJ, alcemarmatos@hotmail.com

2Mestranda em Cognição em Linguagem (UENF)

Faculdade Metropolitana São Carlos – FAMESC, Bom Jesus do Itabapoana-RJ, mlourdes.psi@gmail.com

3Pós Doutora em Cognição em Linguagem (UENF)

Faculdade Metropolitana São Carlos – FAMESC, Bom Jesus do Itabapoana-RJ; Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro – UENF, Campos dos Goytacazes,

Rio de Janeiro. castromanhaes@gmail.com

4Doutora em Biociências e Biotecnologia (UENF)

Faculdade Metropolitana São Carlos – FAMESC, Bom Jesus do Itabapoana-RJ, cienciasbiologicas@famesc.edu.com

5

Doutora em Ciências do Cuidado em Saúde (UFF)

Faculdade Metropolitana São Carlos – FAMESC, Bom Jesus do Itabapoana-RJ, licordeiromatos@yahoo.com.br

6

Discente de Iniciação Científica (FAMESC)

Faculdade Metropolitana São Carlos – FAMESC, Bom Jesus do Itabapoana-RJ, davirtm@gmail.com

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Faculdade Metropolitana São Carlos – FAMESC, Bom Jesus do Itabapoana-RJ; UNIABEU/PROBIN Centro Universitário, Belford Roxo-RJ,

antonionorberg@gmail.com

Abstract: Cryptosporidium spp. is a cosmopolitan protozoan, included in the Phylum

Apicomplexa, which implants itself in the edges of the intestinal villi and causes a clinical condition of abdominal pain followed by vomiting and diarrhea, often affecting children and immunocompromised people. The objective of this research was to investigate

Cryptosporidium oocysts in feces of children under five years old attending the nursery of the

Mariquinha Batista Municipal School, in the city of Bom Jesus do Itabapoana. Sixty-seven fecal samples of children of both genders were examined. Samples were processed by the Ritchie technique. Using the sediment, two slides were prepared for each sample per child, and stained by the Kinyoun method. The slides were examined under light microscopy with 1000X magnification. Oocysts of Cryptosporidium spp. were found in 12 of the 67 examined samples, corresponding to the prevalence coefficient of 17.91%. We suggest guiding the parents and the staff of the nurseries about the care with the potability of the water and the protection of the consumed food, mainly the use of filtered water for consumption.

Keywords: Cryptosporidium spp., enteroparasitoses, children, nursery

Resumo: Cryptosporidium spp. é um protozoário cosmopolita, incluído no Filo Apicomplexa,

que se implanta nas bordas das vilosidades intestinais e causa um quadro clínico de dores abdominais com vômitos e diarreia, e afetam com frequência crianças e pessoas imunocomprometidas. O objetivo dessa pesquisa foi investigar oocistos de Cryptosporidium nas fezes de crianças menores de cinco anos de idade matriculadas na creche da Escola Municipal Mariquinha Batista, na cidade de Bom Jesus do Itabapoana. Foram examinadas 67 amostras fecais de crianças de ambos os gêneros. As amostras foram processadas pela técnica de Ritchie. Com o sedimento foram preparadas duas lâminas para cada amostra por criança, e coradas pelo método de Kinyoun. As lâminas foram examinadas em microscopia de luz com aumento de 1000X. Das 67 amostras examinadas, em 12 foram observados oocistos de Cryptosporidium spp., correspondendo ao coeficiente de prevalência de 17,91%. Sugerimos orientar aos pais e à equipe de atendentes nas creches quanto ao cuidado com a potabilidade da água e na proteção dos alimentos, especialmente quanto ao uso de água filtrada destinada ao consumo.

Palavras-chave: Cryptosporidium spp, enteroparasitoses, crianças, creche.

1. INTRODUÇÃO

As enteroparasitoses estão amplamente distribuídas na população mundial e continuam representando um dos mais importantes problemas de saúde pública. Pelas afirmativas da Organização Mundial da Saúde, cerca de 3,5 bilhões de pessoas são portadoras de espécies de helmintos e protozoários. As crianças são as maiores vítimas, pois certas espécies de parasitos afetam o desenvolvimento físico levando a déficit de nutrientes, irritabilidade, perda de peso e podem resultar em deficiência no desenvolvimento

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físico, cognitivo e social dessas crianças (WHO[1], 2008; Andrade et al.[2], 2017; Veronesi & Focaccia[3], 2015).

O gênero Cryptosporidium foi descrito em 1907 como parasito de ratos (Tyzzer[4], 1907) e reconhecido como um protozoário parasito intracelular do epitélio gastrointestinal, indutor de diarreia autolimitada em indivíduos imunocompetentes, sendo potencialmente grave em pacientes imunocomprometidos (Coura[5], 2013; Vila-Nova et al.[6], 2018). Na década de 70 do século passado, Cryptosporidium spp. Ainda era considerado raro em animais e um patógeno oportunista para indivíduos com algum tipo de imunodeficiência (Tzipore[7], 1983; Rey[8], 2012). Este protozoário é descrito como pequenos coccídios (dois a seis micrômetros), que se implantam e se multiplicam no interior das células epiteliais dos tratos digestivo e respiratório de hospedeiros vertebrados (Fayer & Ungar[9], 1986; Neves et

al.[10], 2016). Este protozoário é considerado oportunista e tem sido descrito como patógeno principalmente para pacientes com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) (Veronesi & Focaccia[3], 2015; Coura[5], 2013; Neves et al.[10], 2015) e em receptores de transplantes (Bandin et al.[11], 2009; Acikgoz et al.[12], 2011).

As creches públicas ou particulares atendem um grande número de crianças na faixa etária até cinco anos. Nestes locais, o grande contato interpessoal entre crianças, crianças e adultos e o contado das crianças com o espaço escolar aumenta a predisposição e a vulnerabilidade dessas crianças em adquirir e desenvolver doenças gastrointestinais (Adam[13], 2001; Andrade & Mascarini[14], 2001; Andrade et al.[2], 2017). As ocorrências de diarreia e gastrenterite são os maiores problemas de saúde entre as crianças atendidas em creches (Silva[15], 1989; Andrade et al.[2], 2017).

Bom Jesus do Itabapoana é um município localizado na Mesorregião do Noroeste Fluminense. Situa-se a 88 metros de altitude e possui uma área de 598,84 Km2. A cidade forma uma conurbação com o município de Bom Jesus do Norte, no estado do Espírito Santo, sendo a divisão entre eles o rio Itabapoana. A população de Bom Jesus de Itabapoana foi de 35411 habitantes no recenseamento do IBGE em 2010. A economia do município está voltada especialmente à agropecuária e os setores comercial e de serviços.

Considerando a importância dessa enteroparasitose para a saúde da população infantil, este estudo teve como objetivo investigar a incidência de Cryptosporidium spp. Entre crianças menores de cinco anos frequentadoras da creche da Escola Municipal Mariquinha Batista, na cidade de Bom Jesus do Itabapoana, estado do Rio de Janeiro, Brasil.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa de oocistos de Cryptosporidium spp. foi realizada no ano de 2018 entre 67 crianças de ambos os gêneros na faixa etária até 5 anos de idade. O estudo sobre

Cryptosporidium spp. na creche da Escola Municipal Mariquinha Batista foi orientado por

todos os procedimentos éticos, de respeito cultural, da preservação da saúde e integridade do paciente, assim como a manutenção do anonimato. Os procedimentos, objetivos e resultados da pesquisa, assim como a importância do estudo e do tratamento, foram informados aos responsáveis. Após o consentimento expresso dos responsáveis, estes foram orientados quanto aos procedimentos corretos para a coleta do material. As crianças parasitadas foram tratadas por médicos do curso de Medicina da Faculdade Metropolitana São Carlos – FAMESC.

Alíquotas de fezes de cada criança foram conservadas em solução de formol a 10% e analisadas no Laboratório de Pesquisa em Doenças Parasitárias da Faculdade Metropolitana São Carlos – FAMESC. As amostras foram processadas pelo método de Ritchie, e a partir do sedimento obtido, foram preparadas duas lâminas para cada amostra por indivíduo. As lâminas foram coradas pelo método de Kinyoun e examinadas em microscopia de luz com aumento de 1000X para pesquisa de oocistos de Cryptosporidium spp.

3. RESULTADOS

De um total de 67 amostras fecais examinadas, 12 foram positivas para

Cryptosporidium spp, correspondendo a uma prevalência total de 17,91%. Não houve

diferença estatisticamente significativa da prevalência de infecção por gênero (17,25% dos examinados do gênero masculino, 18,41% do gênero feminino), porém nota-se uma tendência de diminuição do número de infectados com o avançar da idade.

Tabela 1 – Distribuição da infecção por Cryptosporidium spp. por gênero e idade entre 67 amostras fecais de crianças da creche da Escola Municipal Mariquinha Batista, no município de Bom Jesus do Itabapoana, Rio de Janeiro, Brasil

Gênero Participantes por gênero Idade Casos positivos % por gênero % total por gênero % total de indivíduos Masculino 29 1 ano 2 6,90 17,25 7,46 3 anos 2 6,90 5 anos 1 3,45 Feminino 38 1 ano 3 7,89 18,41 10,45 2 anos 2 5,26 3 anos 1 2,63

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4 anos 1 2,63

Total 67 12 17,91%

4. DISCUSSÃO

Os pesquisadores Korpe et al.[16] (2018), realizaram um acompanhamento clínico por 24 meses de 1486 crianças portadoras de gastrenterites e buscaram as prováveis etiologias. Através do teste de ELISA, pesquisaram infecções por Cryptosporidium entre crianças que viviam em condições precárias de higiene ou em ambientes insalubres na África, Ásia e América do Sul. A pesquisa revelou que 962 crianças (65%) estavam infectadas por

Cryptosporidium spp. Esses autores registraram que do total de crianças estudadas, 802

(54%) apresentaram pelo menos um episódio de diarreia associada ao Cryptosporidium. O problema mais preocupante observado foi a desidratação que ocorreu em 16,5% dos portadores de diarreia. Os autores registraram que os maiores percentuais de infecção por este protozoário foram registrados no Peru e no Paquistão. Quando comparados aos índices encontrados por estes pesquisadores, verifica-se que a prevalência de infecção por

Cryptosporidium entre crianças com menos de cinco anos em Bom Jesus do Itabapoana é

inferior à média mundial.

A prevalência de criptosporidiose em crianças atendidas em três hospitais do estado de Katsina, na Nigéria, foi estudada por Agba et al.[17] (2018). Esses autores examinaram 400 amostras fecais de crianças com diarreia e registraram a prevalência de 4% de infecção por Cryptosporidium. Verificaram uma maior prevalência entre as crianças de três a cinco anos quando comparada com as faixas etárias de zero a dois anos e de seis a oito anos. Os autores comentaram que os meninos apresentaram uma prevalência de infecção maior que as meninas (4,9% e 3,2% respectivamente) e consideraram que essa diferença não foi estatisticamente significativa. A infecção foi mais prevalente entre crianças que defecavam diretamente no solo. Os pesquisadores Shinkafi & Muhammad[18] (2017) investigaram a prevalência de Cryptosporidium em 40 amostras fecais de crianças de escolas primárias de Wamakko, na província de Sokato, Nigéria. A prevalência encontrada foi de 62,5%, sendo maior entre os meninos (65%) que entre as meninas (60%). As faixas etárias mais afetadas foram representadas pelas crianças de 6 a 10 anos. Os autores comentaram que a diferença entre as prevalências por gênero não configura um resultado estatisticamente relevante. Os pesquisadores Nassar et al.[19] (2016) realizaram uma pesquisa sobre a prevalência de criptosporidiose em crianças atendidas em um centro de saúde na província

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de Ossun, Nigéria. Examinaram 180 amostras de fezes pelos métodos de Ziehel-Neelsen e ELISA e encontraram uma taxa de 38,3% e 46,8% de acordo com esses métodos, respectivamente. A prevalência maior foi em crianças de 1 a 2,5 anos e menor naquelas com idades acima de 2,5 anos. Os resultados obtidos nas pesquisas conduzidas por Agba

et al.[17] (2018), Shinkafi & Muhammad[18] (2017) e Nassar et al.[19] (2016) apontam que possíveis diferenças regionais como condições socioambientais, culturais e no acesso à água potável entre os grupos estudados influenciam de modo determinante a prevalência de infecção por Cryptosporidium.

Ogouyèmi-Hounto et al.[20] (2017) investigaram a prevalência de infecção intestinal por Cryptosporidium spp. entre 104 crianças menores de cinco anos que foram atendidas em ambulatórios pediátricos de três hospitais da cidade de Cotonou, Benin, nos anos de 2015 e 2016. Encontraram uma prevalência de 5,8% e comentaram que fatores como a idade, a potabilidade da água, estado nutricional não influenciaram o grau de infecção as crianças estudadas.

Guimarães et al.[21] (2019) afirmaram que rotavírus e Cryptosporidium spp. constituem a principal causa de diarreia entre crianças no mundo, e que o mesmo ocorre em Moçambique. Estudo com 165 amostras fecais de crianças até 14 anos de idade internadas no Hospital Central da Beira e no Hospital Provincial de Quelimane encontraram positividade de 6,6% para Cryptosporidium spp. Os autores afirmaram que as crianças entre 1 e 11 anos de idade foram as mais afetadas, com 12,5% das examinadas nessa faixa etária parasitadas por Cryptosporidium. Os pesquisadores também ressaltaram uma significativa associação entre consumo da água não-tratada e a frequência de infecção por Cryptosporidium.

A prevalência e a caracterização molecular de enteroparasitos em amostras fecais de 351 crianças da região de Cubal, em Angola, foi estudada por Dacal et al.[22] (2018). Entre os protozoários patogênicos identificados, destacaram-se Giardia duodenalis (37,9%) e Cryptosporidium spp. (2,9%). Os autores comentaram sobre a importância do diagnóstico molecular das infecções parasitárias e consideraram que a elevada taxa de enteroparasitoses ocorre por serem doenças tropicais negligenciadas.

A pesquisadora Garcia[23] (2017) realizou a monitorização da ocorrência de enteroparasitoses e de anemia em crianças em idade escolar em Salina-Pedra Badejo, na Ilha de Santiago, Cabo Verde. Participaram da pesquisa 416 crianças com ou sem sintomatologia gastrointestinal. Utilizaram os métodos de biologia molecular para a detecção específica de Giardia lamblia e Cryptosporidium spp. Encontraram positividade de 17,3% para Giardia e 0,7% para Cryptosporidium, valor muito inferior ao encontrado entre as crianças em nosso estudo. A autora comentou que as enteroparasitoses têm afetado muito

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as crianças em idade escolar, e com maior intensidade nas comunidades onde as condições socioeconômicas e ambientais favorecem a transmissão destes parasitas.

Segundo Pawar et al.[24] (2016), as infecções parasitárias causadas por espécies do gênero Cryptosporidium e Cyclospora são protozooses emergentes que causam gastrenterites principalmente entre crianças imunocomprometidas. Estes autores examinaram amostras fecais de 100 crianças com gastrenterite que estavam internadas no Hospital Solapur, na Índia. Através de técnicas específicas, pesquisaram protozoários dos gêneros Cryptosporidium, Isospora e Cyclospora. A positividade ocorreu em 64 crianças: 7 (10,4%) para o gênero Cyclospora e 34 (53,13%) para a associação de Cryptosporidium e

Cyclospora. Os autores consideraram que essas duas espécies foram os agentes

etiológicos mais frequentes como causadores de diarreia nas crianças estudadas. A taxa de infecção por Cryptosporidium foi muito superior à encontrada entre crianças com menos de cinco anos em nosso estudo.

Chamundeeswari et al.[25] (2018) realizaram uma pesquisa nos arredores da cidade de Chennai, sudeste da Índia, para detectar a infecção por Cryptosporidium entre crianças malnutridas que apresentavam ou não quadros de diarreia. Examinaram 727 amostras fecais, 12 (1,75%) foram positivas para Cryptosporidium, e todas as crianças infectadas apresentavam diarreia aquosa profusa. Os autores comentaram que as crianças com mais de cinco anos foram apontadas como as mais vulneráveis para infecção por

Cryptosporidium. Essa situação pode ser específica da região ou do grupo estudado. Em

nossa pesquisa, verificamos que as crianças com menos idades foram as mais afetadas pela infecção por Cryptosporidium.

Zheng et al.[26] (2018) realizaram um estudo transversal com 1637 crianças com idades entre 3 e 9 anos para investigar a prevalência e os fatores de risco da infecção por

Cryptosporidium em uma região rural da zona oriental da China. A pesquisa direta do

protozoário foi realizada pelo método de Kinyoun e pelo método da auramine-phenol, encontrando uma positividade em 11% dos examinados. Os autores apontaram como principal fator de risco para esta infecção o hábito das crianças de não lavar as mãos antes de comer e depois de defecar. Ressaltaram que medidas de educação e higiene devem ser implantadas para reduzir as taxas de infecção causadas por Cryptosporidium, assim como por outros patógenos. Concordamos com os autores e ressaltamos o papel da escola como promotora dos bons hábitos de higiene na formação infantil, cujos efeitos benéficos para a saúde se estenderão por toda a vida do indivíduo.

Pesquisa epidemiológica sobre a incidência de Cryptosporidium spp. em crianças menores de quatro anos portadoras de gastrenterite na cidade de Zabol, Irã, foi realizada

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por Dabirzadeh et al.[27] (2017). Os resultados das coproscopias coradas pelo método de Ziehl-Neelsen revelaram positividade para Cryptosporidium em 9,7% das amostras. Os autores concluíram que existia uma significante relação entre a água de abastecimento e as gastrenterites nas crianças portadoras de Cryptosporidium. A taxa de infecção diagnosticada por esses autores é inferior à encontrada em nossa pesquisa, cuja positividade foi de 17,91%.

A criptosporidiose em crianças da província de Basra, no Iraque, foi diagnosticada por Salim[28] (2018). O estudo revelou uma prevalência de 23,8%, com uma taxa de infecção maior nas faixas etárias de 1 a 5 anos e nas crianças com mais de 15 anos.

A prevalência de Cryptosporidium spp. entre crianças hospitalizadas com diarreia na província de Erbil, região do Curdistão iraquiano, foi investigada por Khoshnaw et al.[29] (2017). Esses autores examinaram amostras fecais de 274 crianças menores de seis anos que foram atendidas no Hospital Pediátrico Raparin. A positividade ocorreu em 40 amostras pela técnica de coloração de Kinyoun, e 56 foram confirmadas pelo método de ELISA.

Uma pesquisa que envolveu 1380 amostras fecais de crianças com diarreia na região de Makkah, na Arábia Saudita, foi realizada por EL-Malky et al.[30] (2018). As amostras foram examinadas por microscopia direta e pelo exame para detecção de anticorpos anti-Cryptosporidium. O exame por imunocromatografia foi positivo para 23 casos, sendo que as amostras foram examinadas por técnicas para a pesquisa do parasito, onde foram detectados 11 casos positivos para Cryptosporidium, com prevalência de 0,8%, um grau de prevalência extremamente baixo quando comparados a resultados obtidos por outros pesquisadores em diversos lugares do mundo.

As enteroparasitoses em crianças na cidade de Cananea, na província de Sonora, México, foram estudadas por Quihui-Cota et al.[31] (2017). Estes autores examinaram amostras fecais de 173 crianças e relataram que embora metade delas apresentassem enteroparasitos, Cryptosporidium foi o patógeno que mais se destacou, com prevalência de 27%, seguido por Giardia lamblia, em 23%. Os autores sugeriram que as autoridades examinem a água fornecida para a população. Acrescentamos que o uso de água filtrada diminui a possibilidade de aquisição de cistos de protozoários pela ingestão de água, entre eles o Cryptosporidium.

A prevalência de criptosporidiose em crianças portadoras de câncer e atendidas no Hospital de Oncologia da cidade de Bucaramanga, na Colômbia, foi estudada por Carmeño

et al.[32] (2005). Esses autores estudaram 121 crianças menores de 13 anos portadoras de doenças oncóticas ou neoplásicas. A prevalência de Cryptosporidium entre as crianças

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estudadas foi de 42%. Os resultados da nossa pesquisa sobre criptosporidiose em crianças menores de cinco anos foi de 17,91%. Concordamos com a opinião dos autores citados que consideraram que o tratamento agressivo com drogas antineoplásicas foi possivelmente o fator responsável pela baixa da imunidade das crianças com câncer, fato que facilitou a implantação de patógenos, o que explica a diferença do grau de prevalência entre as crianças do estudo na Colômbia e o grupo examinado em nossa pesquisa em Bom Jesus do Itabapoana.

Um estudo para determinar a prevalência dos fatores associados à coccidiose e à amebíase intestinais em crianças em idade escolar no distrito de Lambayeque, Peru, foi realizado por Vilches-Berríos et al.[33] (2018). Entre as 133 crianças examinadas, a prevalência para Cryptosporidium spp. foi de 3%, e de 4,5% para cistos de Entamoeba

histolytica. Os autores consideraram que o fator de risco associado a estas parasitoses foi o

consumo de água insalubre.

Sánches et al.[34] (2017) investigaram a epidemiologia de Giardia, Blastocystis e

Cryptosporidium em crianças indígenas da bacia amazônica colombiana. Examinaram 284

amostras fecais de crianças menores de 15 anos. Encontraram uma prevalência de

Cryptosporidium de apenas 1,9%, taxa inferior às encontradas em nosso estudo em Bom

Jesus do Itabapoana.

Norberg et al.[35] (2018) estudaram a criptosporidiose entre indígenas da etnia Toba Qom da comunidade São Francisco de Asis, no município de Benjamín Aceval, Paraguay. As 90 amostras fecais de indivíduos de 1 a 70 anos foram examinadas pela técnica de Kinyoun. Oocistos de Cryptosporidium foram encontrados em 8 (8,9%) das amostras examinadas.

Casos clínicos de gastrenterite em crianças da cidade de Lajes, estado de Santa Catarina, Brasil, foram estudados por Scopel & Santos[36] (2016). Entre as 26 amostras fecais analisadas, 10 (38,46%) foram positivas para Cryptosporidium spp. A taxa encontrada por esses autores foi superior à taxa de 17,91% diagnosticada entre as 67 crianças avaliadas por nossa pesquisa.

Tardim et al.[37] (2017) estudaram a ocorrência de Cryptosporidium spp. entre indígenas da etnia Potiguar estabelecidos em aldeias no município de Baía da Traição, estado da Paraíba, Brasil. Examinaram 129 amostras fecais de pessoas de ambos os gêneros com idades entre 1 e 72 anos. O material foi processado pela técnica de Ritchie e corado pela técnica Kinyoun. Entre as 109 amostras examinadas, 9 (8,26%) foram positivas para oocistos de Cryptosporidium spp.. A positividade ocorreu somente entre crianças com

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idade inferior a oito anos, o que aponta a infância como o grupo populacional mais vulnerável à infecção por este patógeno. Corroboramos a afirmação destes autores ao verificarmos que em Bom Jesus do Itabapoana as prevalências foram maiores entre crianças de 1 e 2 anos, diminuindo nas idades superiores.

CONCLUSÃO

Da análise dos resultados, concluiu-se que a criptosporidiose é uma das parasitoses intestinais que afetam a população infantil da creche da Escola Municipal Mariquinha Batista. Entre as 67 amostras examinadas, em 12 foram observados oocistos de

Cryptosporidium spp., correspondendo ao coeficiente de prevalência de 17,91%. Sugerimos

orientar aos pais e à equipe de atendentes nas creches quanto ao cuidado com a potabilidade da água e na proteção dos alimentos, especialmente em relação ao uso de água filtrada destinada ao consumo.

REFERÊNCIAS

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Tabela  1  – Distribuição da infecção por  Cryptosporidium  spp.  por  gênero  e  idade  entre  67  amostras fecais de crianças da creche da Escola Municipal Mariquinha Batista, no município  de Bom Jesus do Itabapoana, Rio de Janeiro, Brasil

Referências

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