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Clube da Lua: o clube de astronomia de crianças dos anos iniciais do ensino fundamental

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209 REnCiMa, São Paulo, v. 11, n. 6, p. 209-231, out./dez. 2020

10.26843/rencima.v11i6.2526 eISSN 2179-426X Recebido em 11/09/2019 / Aceito em 07/08/2020 / Publicado em 01/10/2020

Clube da Lua: o clube de astronomia de crianças dos anos iniciais do

ensino fundamental

Moon club: the astronomy club of children from the inicial years of elementary school

Nathalie Alvaide

Universidade Federal do ABC, nathaliealvaide@gmail.com http://orcid.org/0000-0003-2234-9978

Adriana Pugliese

Universidade Federal do ABC, adriana.pugliese@gmail.com http://orcid.org/0000-0002-4683-5834

Resumo

O trabalho faz alusão à realização de práticas pedagógicas sobre a temática de Astronomia-Astronáutica, desenvolvidas em um clube de ciências, no âmbito de uma escola pública. As atividades foram realizadas tendo em vista o movimento Maker e STEM/STEAM, com crianças do 3º ano do Ensino Fundamental, uma professora e uma estagiária. Dentre as ações realizadas para potencializar o processo de alfabetização científica dos envolvidos, destacam-se: elaboração de atividades interativas, o uso de mídias para a apropriação e divulgação científica, pesquisas por diferentes meios, abordagens de conteúdos através de experiências práticas e oficinas, produções artísticas, exposição cultural, atividade de estudo do meio e participação em evento acadêmico. Ressalta-se a importância de que iniciativas individuais de professores, ao mostrarem resultados significativos, sejam incorporadas pela escola de modo que se transformem em projetos institucionais.

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210 REnCiMa, São Paulo, v. 11, n. 6, p. 209-231, out./dez. 2020 Abstract

The work alludes to the realization of pedagogical practices on Astronomy-Astronautics, developed in a science club, at a public school. The activities were carried out with a view to the Maker and STEM / STEAM movement, with children from the 3rd grade of elementary school, a teacher and a graduate student. Among the actions taken to enhance the scientific literacy process of those involved are: elaboration of interactive activities, use of digital media for scientific appropriation and dissemination, research by different means, content approaches through practical experiences and workshops, artistic productions, cultural exhibition, environmental study activity and participation in an academic event. It is emphasized that the individual initiatives of teachers, when showing significant results, must be incorporated by the school so that it becomes institutional projects.

Keywords: Astronomy. Astronautics. Science club. Maker.

Introdução

Com o cenário atual de desvalorização do espaço escolar, seja em relação ao mínimo fomento à infraestrutura física ou escasso incentivo à formação de pessoal qualificado, é importante que se defenda, que se legitime a escola como local de referência e produção de saberes. Michael Young (2007) nos questiona “Para que servem as escolas?” e nos leva a reflexão de que existem conexões entre a emancipação e expansão escolar, a aquisição do conhecimento, dito como poderoso, por parte das/os alunas/os, que a apropriação do mesmo está intimamente ligada à escolha de currículo, relevância econômica, condições sociais, demandas políticas e realidades educacionais.

Inevitavelmente, as escolas nem sempre têm sucesso ao capacitar alunos a adquirir conhecimento poderoso. [...] as escolas obtêm mais sucesso com alguns alunos do que com outros. O sucesso dos alunos depende altamente da cultura que eles trazem para a escola. [...] as escolas devem cumprir um papel importante em promover a igualdade social, elas precisam considerar seriamente a base de conhecimento do currículo [...]. Para crianças de lares desfavorecidos, a participação ativa na escola pode ser a única oportunidade de adquirirem conhecimento poderoso e serem capazes de caminhar, ao menos intelectualmente, para além de suas circunstâncias locais e particulares. (YOUNG, 2007, p. 1296-1297).

Esperança, Filomena e Lage (2014) defendem que é uma necessidade imediata “resgatar a escola como referência do saber, mas não como um saber fechado teórico e restrito, e sim como um espaço onde a diversidade cultural e o conjunto de informações do mundo que nos cerca possam ser somados à construção e divulgação da ciência.” (p. 1583). Nesse princípio, entende-se que são necessárias ações educativas que transcendam as paredes da sala de aula, com contextos de interdisciplinaridade e

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211 REnCiMa, São Paulo, v. 11, n. 6, p. 209-231, out./dez. 2020 modernidade, capazes de explorar o potencial criativo, crítico e investigativo das crianças. Além disso, ratifica-se que:

[...] o papel central da escola é promover a educação científica e tecnológica, auxiliando o aluno na construção de conhecimentos, habilidades e valores necessários às tomadas de decisões sobre questões de ciência e tecnologia, além de atuar na solução de questões relacionadas à sociedade que o afetam. Isso exige ter acesso à informação e, também, saber processá-la e ressignificá-la, ou seja, a formação possibilitando uma adequada apropriação da informação. (ESPERANÇA; FILOMENA; LAGE, 2014, p. 1584).

A partir desta inquietação, compreendemos o conceito de Clube de Ciências como uma ação propícia e com capacidade de desenvolvimento de atividades que possam contemplar os anseios apresentados. Schroeder e Buch (2012) definem em seus estudos os Clubes de Ciências como “uma organização em que os jovens se reúnem, regularmente, no contraturno, em torno de temas, atividades ou problemas específicos, sempre coordenados por um professor devidamente qualificado” (p. 4). Os autores relatam que, em linhas gerais, o público atraído por este tipo de organização compartilha interesse, curiosidade e entusiasmo pelas temáticas relacionadas às ciências ou a algum interesse científico em específico.

Nessa perspectiva, Schroeder e Buch (2012) destacam que “um Clube objetiva incentivar o interesse pela ciência e possibilita a vivência do ‘fazer ciência’ como um processo construtivo” (p. 2), tendo sempre a necessidade da presença de um professor ou coordenador que norteie as ações educativas, a fim de possibilitar vivências significativas e consolidação de uma educação científica.

A proposta de implantação de um Clube de Ciências está baseada na concepção de que os conhecimentos científicos são construídos pelos estudantes em um processo de elaboração que é pessoal e social, apoiado pelo professor. (SCHROEDER; BUCH, 2012, p. 2).

A partir deste viés, Couso (2009) defende que ações que visem o conhecimento e o desenvolvimento científico e tecnológico sejam inseridas nas práticas escolares da Educação Básica, uma vez que são identificados benefícios como motivação, aprendizagem significativa dos fenômenos físicos e possibilidades de renovação de práticas pedagógicas.

Alvaide e Pugliese (2018) indicam que a respeito da formação dos professores e suas práticas pedagógicas, especificamente em relação à Astronomia-Astronáutica, o “conhecimento não é contemplado de forma razoável durante a formação inicial, sendo uma temática importante a ser desenvolvida em ações de formação continuada” (p. 2722). Na perspectiva do Clube, que será apresentado, cabe apontar que os adultos que compunham a ação também se enquadravam como clubistas, tendo estudo formativo autônomo sobre a temática, sendo necessários estudos e pesquisas aprofundados para auxiliar e coordenar, de forma satisfatória, as atividades do Clube. Nesse sentido, no

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212 REnCiMa, São Paulo, v. 11, n. 6, p. 209-231, out./dez. 2020 âmbito do Clube, existe a clareza de que o professor não é detentor de todo o saber e que todos estão juntos para pensar, pesquisar e produzir.

Desse modo, tendo introduzido questões problematizadoras, podemos explanar que o presente trabalho tem por finalidade apresentar atividades desenvolvidas em um Clube de Astronomia com estudantes do Ensino Fundamental, que intitulamos de clubistas. E ainda, busca demonstrar a possibilidade da consonância entre atividade escolar e pesquisa acadêmica, na perspectiva de colocar a professora responsável pelo clube também como pesquisadora, visto que as atividades desenvolvidas se enquadravam na dinâmica de um protocolo de pesquisa: o registro, a coleta de dados, a análise e organização dos resultados.

O Clube da Lua e seus planos de voo:

Sobre Ensino e História das Ciências – marcos teóricos

De acordo com a autora Silvia Moreira Goulart (2005), o conhecimento científico é visto como algo formal; no entanto, nem sempre foi assim e, a ideia é que não continue sendo algo distante das pessoas. Goulart acredita que somente com a compreensão de como o conhecimento científico evoluiu, poderemos desmistificar e contextualizar a ciência corretamente; existe uma busca por apresentar e conhecer a origem das teorias e o seu desenvolvimento como um todo, assim, “a investigação histórica pode ser um elo entre a evolução do homem em sociedade e a evolução da ciência que o homem constrói” (2005, p. 3). Além disso, Moura (2014), apoiado no estudo de outros autores, resume que os aspectos consensuais da natureza da Ciência trabalham com as seguintes ideias: (1) A

ciência é mutável, dinâmica e tem como objetivo buscar explicar os fenômenos naturais,

(2) Não existe um método científico universal, (3) A teoria não é consequência da

observação/experimento e vice-versa, (4) A ciência é influenciada pelo contexto social, cultural, político etc., no qual ela é construída e (5) Os cientistas utilizam imaginação, crenças pessoais, influências externas, entre outros para fazer ciência.

Para Veigantes (2014), os alunos que possuem a oportunidade de participar de um trabalho diferenciado, como o envolvimento em um clube de ciências, onde é possível “por a mão na massa”, fugindo de livros e do tradicionalismo escolar típico, podem sentir-se atraídos pelo leque de possibilidades que lhes abre, sentir-sendo possível “a realização de observações e manipulações em que se possa investigar, pesquisar e experimentar de uma maneira diferente das condições usuais de sala de aula” (p. 12). Dessa forma, os estudantes podem efetivamente construir seu conhecimento, sendo sujeito engajado em seu aprendizado.

Sobre as vias de organização e realização da proposta – o caminho metodológico A pesquisa foi realizada em uma Escola Municipal de Educação Básica (EMEB), em uma rede de ensino do ABC Paulista, com alunas e alunos do terceiro ano do Ensino

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213 REnCiMa, São Paulo, v. 11, n. 6, p. 209-231, out./dez. 2020 Fundamental, uma professora voluntária e uma estagiária. Tal projeto visou, primeiramente, contribuir para a alfabetização científica1 das/os estudantes, através de

encontros semanais, onde foram propostas atividades, experiências, exibição de documentários, trabalhos em grupo, pesquisa etc.

A partir dos apontamentos de Severino (2010), cabe destacar que a proposta adentrou as especificações da pesquisa-ação, visto que o presente projeto possui dois focos. O primeiro foi desenvolver um clube de ciências, onde as crianças voluntárias poderiam adquirir e construir conhecimentos de Astronomia-Astronáutica de modo não convencional. O segundo foco visou à observação acadêmica do desenvolvimento científico dos estudantes, buscando estudos e soluções para fomentar a educação e alfabetização científica. Assim:

A pesquisa-ação é aquela que, além de compreender, visa intervir na situação, com vistas a modificá-la. O conhecimento visado articula-se a uma finalidade intencional de alteração da situação pesquisada. Assim, ao mesmo tempo que realiza um diagnóstico e a análise de uma determinada situação, a pesquisa-ação propõe ao conjunto de sujeitos envolvidos mudanças que levem a um aprimoramento das práticas analisadas. (SEVERINO, 2010, p. 120).

Cabe ressaltar que a formação do Clube de Astronomia se justifica, inicialmente, pelo grande interesse do público infantil da EMEB sobre o tema, visto a grande participação da comunidade escolar no concurso de desenhos “Astronomia em Mãos” no ano letivo de 2017, com mais de 150 crianças inscritas, que resultou na premiação de dois estudantes (com 2ª e 3ª lugares)2. Tais atividades ainda se relacionam diretamente

com o processo de alfabetização científica de alunas/os e professores, contribuem para práticas de divulgação da ciência, bem como auxiliam no pensamento de construção do conhecimento em ambiente escolar, de forma não tradicional. Severino pondera em seus estudos que:

Aprender é necessariamente uma forma de praticar o conhecimento, é apropriar-se de seus processos específicos. O fundamental no conhecimento não é a sua condição de produto, mas o seu processo. Com efeito, o saber é resultante de uma construção histórica, realizada por um sujeito coletivo. Daí a importância da pesquisa, entendida como processo de construção dos objetos de conhecimento e relevância que a ciência assume em nossa sociedade. (SEVERINO, 2010, p. 266).

Além disso, os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1997) de Ciências Naturais, na parte destinada ao primeiro ciclo, estimulam a formação do estudante crítico e reflexivo cumprindo objetivos como: formular perguntas e suposições;

1 A Alfabetização Científica não foi discutida neste trabalho, mas vale salientar que durante a

prática houve um estudo teórico e preocupação com a mesma.

2 As atividades realizadas no ano de 2017 foram relatadas no trabalho de Alvaide e Pugliese

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214 REnCiMa, São Paulo, v. 11, n. 6, p. 209-231, out./dez. 2020 organizar e registrar informações e comunicar-se respeitando as diferentes opiniões e utilizando as informações obtidas para justificar suas ideias etc. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) busca o comprometimento ao letramento científico “que envolve a capacidade de compreender e interpretar o mundo (natural, social e tecnológico), mas também de transformá-lo com base nos aportes teóricos e processuais das ciências.” (BRASIL, 2018, s/p). Especificamente em relação à temática, propõe o desenvolvimento das seguintes habilidades: Identificar características da Terra (como seu formato esférico, a presença de água, solo etc.), [...] Observar, identificar e registrar os períodos diários (dia e/ou noite) em que o Sol, demais estrelas, Lua e planetas estão visíveis no céu. (BRASIL, 2018, s/p.).

A temática está prevista na Proposta Curricular do município, assim, o trabalho foi realizado em concordância com a legislação educacional vigente, do município e união, buscando atender as demandas necessárias. Em específico, o tema é previsto no excerto que se segue:

[...] Conhecimento dos corpos celestes que formam o sistema solar, percebendo a relação entre eles e observando suas influências na vida dos seres vivos [...] Estudo das relações água, calor, luz, seres vivos e solo, a fim de entender os aspectos da dinâmica ambiental [...] (SÃO BERNARDO DO CAMPO, 2007, p. 73).

No entanto, segundo Alvaide e Pugliese (2018), “apesar da exigência de documentações nacionais e municipais para ministrar conteúdos, nem sempre é possível e/ou frequente a formação docente de forma completa, [...] o que pode dificultar a atualização em tantas áreas diferentes do conhecimento” (2018, p. 2715). Assim, os conteúdos nem sempre são trabalhados em sala de aula como previsto, o que justifica a existência do clube para tratar desta temática específica. Ademais, o clube buscou aflorar as relações da alfabetização científica com os estudantes, ratificando a proposta de Santos, Novais e Halmann (2015, p. 04) que apontam que “[...] a Alfabetização Científica é fundamental na inserção do indivíduo em uma sociedade que está avançando rapidamente no campo científico e tecnológico como sujeito pensante e atuante”.

Cabe ressaltar que o clube teve como direcionamento de suas atividades os seguintes objetivos (1) Formar o sujeito crítico e reflexivo em relação ao conhecimento científico e sociedade; (2) Promover a alfabetização científica; (3) Desenvolver e construir conhecimentos da temática “Astronomia-Astronáutica”; (4) Produzir conteúdo de divulgação científica na comunidade escolar. Conteúdos como Sistema Solar, Estrelas e Nebulosas, Satélites Naturais, Galáxias, Constelações, vida dos astronautas, história da Astronomia, corrida espacial, sondas espaciais, entre outros, foram selecionados para ser abordados nas reuniões do grupo.

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215 REnCiMa, São Paulo, v. 11, n. 6, p. 209-231, out./dez. 2020 Todo o projeto do Clube de Astronomia foi impulsionado pelo movimento Maker3,

porém embasado mais fortemente no Movimento STEAM4, que propõem uma nova

organização ao ensino de ciências e tecnologias. Tal proposta visa “articular e aplicar os conhecimentos das disciplinas escolares para que, integrados à estrutura de conhecimento do indivíduo, possam ser significativos em uma situação concreta” (SOUSA; PILECKI, 20135 apud LORENZIN; BIZERRA, 2016, p. 3664).

[...] a relação entre esses campos [arte e ciência] tem sido discutida e cada vez mais aplicada na educação. O movimento STEM [...] surgiu nos Estados Unidos na década de 1990 para identificar qualquer ação ou prática educacional envolvendo as disciplinas de ciência, tecnologia, engenharia e/ou matemática. Depois de alguns anos, pesquisadores passam a advogar que a arte deveria ser integrada às demais áreas, dando origem ao movimento STEM to STEAM. O principal argumento da educação STEAM é promover uma educação sem barreiras entre as disciplinas, que promova a criatividade e a inovação. (SILVEIRA, 2018, p. 24).

A coleta de dados teve por base os relatos registrados através de publicações no Blog Escolar, Atas das reuniões, registros de áudio, vídeo e imagem. Assim foram realizados encontros registrados, na EMEB, onde as/os alunas/os foram instigadas/os a pensar cientificamente e ampliar seus conhecimentos em relação à Astronomia-Astronáutica. Para tanto foram utilizados os espaços da sala de aula, biblioteca e Laboratório de Informática, onde os estudantes foram incentivados, principalmente, a fazer pesquisa. Também foram organizados: exibição de documentários, observação do céu, estudo e execução de experiências, postagens de textos temáticos no blog da escola, trabalhos em grupo etc.

Sobre o campo da ação – o espaço escolar como um meio de experimentação democrática

Como apontado anteriormente, o Clube de Astronomia foi criado para sanar uma demanda escolar em virtude de projetos realizados no ano de 2017, porém, além disto, buscou-se trabalhar com conceitos relativos à alfabetização científica e auxiliar na formação da/o aluna/o como sujeito crítico e reflexivo, sendo atuante na construção de seu próprio conhecimento e saber escolar.

Para a execução do trabalho do Clube foram convidadas/os as/os alunas/os do 3º ano, visto que a temática é apresentada para o ciclo escolar das crianças dos 3º, 4º e 5º

3 O Movimento Maker é uma referência às práticas do “Faça Você Mesmo” ou “Do-It-Yourself” já

utilizado na escola através das aulas de robótica, por exemplo, realizadas no Laboratório de Informática no período regular da EMEB.

4 Do inglês Science, Technology, Engineering, Arts and Mathematics.

5 SOUSA, D.A.; PILECKI, T. From STEM to STEAM: using brain-compatible strategies to integrate the arts.

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216 REnCiMa, São Paulo, v. 11, n. 6, p. 209-231, out./dez. 2020 anos. Porém, era necessário fazer um recorte no número de crianças, para que o trabalho tivesse a qualidade desejada. Visto que, na escola em questão, as crianças dos 4º e 5º anos já são convidadas a participar de outras atividades, como monitoria, rádio escolar, projeto leitor vai a sua sala, optou-se por convidar as crianças do 3º ano, que não são contempladas com outras atividades extracurriculares.

Assim, foram ofertadas vinte vagas, das quais doze foram preenchidas por alunas/os voluntárias/os do terceiro ano do Ensino Fundamental, de turmas tanto do turno matutino como vespertino. Cabe ressaltar que as crianças frequentaram o clube assiduamente, faltando apenas em casos de necessidades médicas; as/os alunas/os se intitularam como “Os Lunáticos” e batizaram o clube de “Clube da Lua”, fazendo alusão à fala das professoras do período regular que durante as aulas chamam a atenção dos mesmos com jargões do tipo “Preste atenção, parece que está no mundo da Lua”; os alunos relataram que agora poderiam estar livres e pensando no mundo da Lua de fato.

As reuniões aconteceram às quintas-feiras no horário do almoço, entre as 12h e 13h, com a finalidade de conseguir atender estudantes dos dois períodos de forma integrada. O clube contou com uma professora voluntária (mestranda em Ensino e História das Ciências e da Matemática) e uma estagiária (aluna de Licenciatura em Ciências Biológicas e doutoranda em Neurociência). Os encontros aconteceram na escola, porém, não em local próprio para o clube, mas sim conforme disponibilidade de espaço. Foram ocupados espaços como biblioteca, Laboratório de Informática, pátio, sala dos professores, sala de aula da Educação Infantil e sala de reforço; também foram realizados dois encontros em um local fora do ambiente escolar (estudo de meio).

Ao final de cada reunião era decidido o que seria feito no encontro seguinte, sendo organizada uma ata, com registro da atividade do dia, lista de presença e organização de tarefas e combinados para cada membro. A atuação da professora e da estagiária, na maior parte do momento foi de norteadora, conciliadora e figura de apoio às demandas e dificuldades apresentadas pelas/os alunas/os. Pois, como apontado por Pipino et al. (2009, p. 1), “o professor tem papel fundamental na criação de um ambiente material e social encorajando a autonomia e o pensamento dos alunos; logo as crianças estarão mais ativas e mais críticas, aprendendo se o seu raciocínio está ou não correto”. Nesse sentido, as/os alunas/os clubistas tinham autonomia e poder de decisão quanto aos assuntos e atividades a serem realizadas pelo clube, com exceções de imprevistos, por exemplo, em determinado dia estava combinado que aconteceria a confecção de maquetes no ateliê, mas em virtude de manutenção na rede elétrica do espaço, a professora organizou uma exibição de filme com pipoca na sala de projeção da biblioteca. Em relação às atividades realizadas, tendo em mente as reflexões de Dewey (1938), Vygotsky (2001) e Paulo Freire (1987), as/os integrantes do clube sempre buscaram trabalhar de modo colaborativo, em duplas, trios ou pequenos grupos. Durante os momentos de pesquisa, as/os clubistas utilizavam os computadores em duplas. Segundo Souza (2012, p. 127):

[...] os benefícios da aprendizagem colaborativa são muitos, no entanto, cabe destacar que este modo permite (1) compartilhar suas ideias,

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debater, aprender e verificar seus enganos, conceitos errados ou mal formulados, a partir da discussão com o outro; (2) negociar quando existem pontos de vista conflitantes; (3) refletir sobre suas ações e as dos demais, como em um ciclo de ação-reflexão-ação. (SOUZA, 2012, p. 127).

Ao final das atividades, as/os clubistas receberam uma certificação fornecida pela escola de participação no Clube, em caráter voluntário, com carga horária de 30 horas totais. Tal participação não possuía caráter avaliativo e não influenciava na atribuição de notas ou conceitos no processo avaliativo das aulas regulares; cabe ainda ressaltar que a professora responsável pelo Clube não foi a mesma professora responsável pelo ensino regular das turmas de 3º ano.

O Clube de Astronomia realizou, por diversas vezes, trabalhos interdisciplinares, pois, além dos conhecimentos científicos, foram trabalhadas questões de Língua Portuguesa, História, Geografia e Artes. A busca pela interdisciplinaridade, intrínseca ao trabalho, foi norteada pelos pensamentos de Severino (2009), quando o autor aponta que

“a questão de religar o conhecimento científico significa também refazer o diálogo entre as ciências, assim como entre elas e a filosofia, a literatura, as artes e a sociedade e história humana” (p. 88). O mesmo autor também afirma que:

Um modo de conhecer, e de conhecer o conhecimento. Um modo de pensar e de pensar o pensamento. Recusa a separação rígida dos saberes e os especialismos cegos. Religa o que o pensamento cartesiano separou e os mecanicismos ressecaram. (SEVERINO, 2009, p. 93).

Para além da interdisciplinariedade, houve a tentativa de utilizar os preceitos do ensino híbrido para complementar as atividades do grupo e por possuir uma ideia de ensino com flexibilidade, visto a grande presença dos recursos tecnológicos, em especial a pesquisa por meio da web e o respeito ao tempo de aprendizagem de cada estudante, uma vez que Christensen, Horn e Staker (2013) ressaltam que cada criança possui uma maneira de construir e assimilar novos saberes. Nesse sentido, com forte interação entre escola e ambiente online, visando diferentes modos de se apropriar do conhecimento:

O ensino híbrido é um programa de educação formal no qual um aluno aprende, pelo menos em parte, por meio do ensino online, com algum elemento de controle do estudante sobre o tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo, e pelo menos em parte em uma localidade física supervisionada, fora de sua residência. (CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013, p. 7).

O caminho até a Lua – algumas atividades realizadas

O Clube da Lua realizou diversas atividades, totalizando mais de 30 horas de trabalho ao longo do segundo semestre de 2018. Foram utilizadas diversas abordagens e estratégias, pois, como salientado por Trivelato e Silva (2011, p. 9), “o uso de estratégias de ensino diferenciadas nas aulas de Ciências tende a maximizar as aprendizagens

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218 REnCiMa, São Paulo, v. 11, n. 6, p. 209-231, out./dez. 2020 estudadas em diferentes contextos e conteúdos”. A seguir estão apresentadas algumas das atividades práticas, bem como seu preparo e embasamento teórico, que foram mais significativas para o grupo.

- Construção e lançamento de foguetes de garrafa pet

Uma das primeiras atividades realizadas pelas crianças do Clube foi a construção de foguetes com garrafa pet para posterior lançamento. A atividade foi desenvolvida em quatro encontros, sendo dividida em três momentos. O primeiro momento se deu no Laboratório de Informática onde as crianças pesquisaram os diversos meios possíveis de se construir um foguete com garrafa pet e os diferentes métodos de lançamento; também encontraram tempo para pesquisas das possibilidades de decoração de seus foguetes; os principais canais utilizados foram os buscadores do Google, YouTube e Pinterest.

Ao final desta pesquisa, o grupo se reuniu e optou por realizar o modelo de lançamento de foguetes com o método apresentado pelo canal Manual do Mundo6,7,

utilizando como materiais uma garrafa pet, água, uma rolha, uma bomba de bicicleta e materiais diversos para decoração, tais como tinta, glitter, isopor, cola quente e adesivos. As crianças se organizaram em duplas ou trios e elencaram os materiais que cada um iria providenciar; nos três encontros seguintes foi feita a construção dos foguetes no ateliê e seu eventual lançamento na área externa da escola (Figuras 1, 2 e 3).

1 2 3

Figuras 1 e 2: Construção dos foguetes e trabalho colaborativo. Figura 3: Produto final.

Esta atividade englobou com sucesso as concepções do movimento STEM/STEAM e Maker, visto que houve o trabalho colaborativo atrelado aos conhecimentos propostos pelos movimentos em conjuntura a uma produção manual de “faça você mesmo” por parte dos clubistas. Ressaltamos que práticas envolvendo STEM em iniciativas extracurriculares têm sido defendidas e a literatura têm revelado trabalhos interessantes que avaliam como experiências STEM, durante a Educação Básica, resvalam na vida adulta e profissional dos estudantes que as vivenciaram. Gottfried e Williams (2013)

6 O vídeo instrucional consultado pelas crianças foi “Foguete de garrafa PET com água

(Experiência do foguete - Física)” <https://www.youtube.com/watch?v=dtrO0n07KVw>

7 Após a escolha deste método pelas crianças, a professora buscou estudos de referenciais

teóricos norteadores e contundentes para si. O principal material de apoio utilizado foi: “Um foguete de garrafa pet”, de James Alvez de Souza (Física na Escola, v. 8, n. 2, 2007), disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol8/Num2/v08n02a02.pdf>

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219 REnCiMa, São Paulo, v. 11, n. 6, p. 209-231, out./dez. 2020 propõem que escolas que tiverem fomento para ações de atividades não formais (clube de ciências, por exemplo) na perspectiva STEM, podem favorecer que seus estudantes tenham oportunidades profissionais futuras, especialmente os alunos carentes economicamente. Para esses autores, num ambiente de clube, os alunos poderão se sentir mais estimulados a participar de forma contínua, o que pode causar impacto no sucesso escolar.

- Mural com curiosidades

Logo na primeira reunião do grupo, foi apontado pelas crianças o desejo de criar um mural de recados onde elas pudessem colocar semanalmente uma curiosidade (Figuras 4, 5 e 6), reportagem ou relato de atividades que estariam sendo desenvolvidas no Clube. Essa atividade também tinha como objetivo a busca pelo despertar do interesse de outras/os alunas/os da escola pela ciência, pois se notava o “inconformismo” por parte do corpo docente pela não adesão do grupo escolar à participação do concurso de desenhos “Astronomia em mãos”, no ano de 2018. Entendemos que esta atividade é o princípio de uma ação de divulgação científica, visando outras crianças e o público interno da escola, visto que:

Quando falamos de DC temos em mente que é apenas a simples transposição do que está sendo realizados nos laboratórios, as mais recentes pesquisas e o que há de mais inovador em ciências, entretanto, a divulgação científica é além desta prática limitada. Trabalhar DC apenas por esta perspectiva exclui o enorme campo científico que é produzido dentro da escola. E este campo merece valor, devendo ser praticado pelos profissionais que lidam diretamente com os agentes construtores do saber. (ESPERANÇA; FILOMENO; LAGE, 2014, p. 1583).

O local escolhido para a afixação do mural foi estratégico, uma vez que ele ficava no pátio, bem abaixo do relógio que marca o horário de aulas e recreio. Com o passar do tempo, foi possível notar que seria interessante publicar os mesmos relatos no Blog escolar.

4 5 6

Figura 4 – Construção do painel. Figura 5 – Painel afixado no local escolhido. Figura 6 – Aluna pesquisando e produzindo o primeiro informe.

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- Blog Escolar8 - Clube da Lua: o Clube de Astronomia da EMEB

Lozada e colaboradores (2017) afirmam que o uso de meios tecnológicos permeia o cotidiano e a rotina de grande parte do público estudantil, em especial com as tecnologias móveis e o acesso à internet, mas que “sua inserção como tema para aula ou em projetos extracurriculares tem baixa adesão por parte dos professores” (p. 222). Buscando romper este paradigma, uma das propostas do Clube foi fazer-se presente nos meios digitais.

A EMEB possui um blog escolar próprio onde são publicadas diversas atividades e informes do cotidiano escolar, sendo um importante canal de comunicação entre sociedade, famílias e escola. Inspirados neste modelo, as/os clubistas solicitaram a criação de um blog para o Clube, onde seria possível postar as curiosidades da semana, as atividades realizadas, fotos, vídeos, playlists, registrar informes e lembretes importantes, bem como garantir que as famílias se inteirassem das questões relativas ao Clube, como datas e horários, materiais etc. Além disso:

Na sociedade contemporânea, a informação, o conhecimento e a comunicação interativa têm se destacado fortemente. E a internet e suas ferramentas eletrônicas são canais potencializadores para a popularização de informações científicas e tecnológicas nas redes digitais mediante arquivos em formato de textos, sons, vídeos e rede sociais (ESPERANÇA; FILOMENO; LAGE, 2014, p. 1584).

Inicialmente as postagens e o registro eram feitos apenas pela professora; no entanto, havia pouca visualização das postagens (Figuras 7 e 8). Então, por meio das ferramentas Google, em especial o GoogleDocs, as crianças passaram a elaborar o texto das postagens e a professora ficou responsável apenas por revisá-los e publicá-los. Após esta mudança de conduta, observou-se que o número de visualizações aumentou como um resultado das crianças se sentirem atuantes neste meio de comunicação, de começarem a divulgar suas postagens em suas redes sociais particulares e disseminar na rede o blog. De agosto a dezembro de 2018 o blog teve 529 visualizações (Gráficos 1 e 2).

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Gráfico 1: Exemplo 1 de gráfico estatístico produzido pela ferramenta Blogger, apontando o histórico de visualizações.

Fonte: Ferramenta Blogger

Gráfico 2: Exemplo 2 de gráfico estatístico produzido pela ferramenta Blogger, apontando histórico de visualizações.

Fonte: Ferramenta Blogger

- Pintura de Mural na escola

Na EMEB existem três painéis de azulejos onde as crianças podem fazer pinturas, entretanto, este espaço raramente é utilizado pelo Ensino Fundamental. Geralmente os painéis são utilizados pelas turmas de Educação Infantil ou de Artes. Mas, tendo em vista o desejo das/os clubistas em ocupar este espaço com representações artísticas dos conhecimentos que estavam construindo no clube, foi combinado com a equipe gestora a utilização de um dos painéis. Para a produção desta atividade foram utilizados dois encontros. O primeiro encontro foi realizado no ateliê da escola, onde as/os clubistas fizeram a preparação com desenho no papel, conversaram bastante para escolher a melhor ideia de cada desenho e elaborar um desenho único com todos os elementos que gostariam de representar (Figuras 7, 8 e 9).

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7 8 9

Figuras 7, 8 e 9 – Alunos clubistas desenvolvendo esboço para painel durante reunião.

No dia combinado para a pintura efetiva do painel, as/os clubistas apresentaram insegurança no momento de reproduzir as ideias do papel no mural de azulejos, solicitando o auxílio da professora nesta tarefa, visto que a mesma já possuía prática neste tipo de reprodução, em virtude de suas atividades com as turmas de Educação Infantil. As/Os clubistas se organizaram nos elementos que cada um queria pintar e executaram a tarefa (Figuras 10, 11 e 12).

10 11 12

Figuras 10 e 11 – Clubistas pintando o painel. Figura 12 – Arte final.

Escolhemos esta atividade para constar no presente artigo, pois compreendemos que em muitos momentos existe dificuldade, em especial por parte dos professores, de relacionar possibilidades de encontro entre as expressões artísticas e o Ensino de Ciências. A segregação das áreas do conhecimento em disciplinas distintas contribui para que a Arte (uma área subjetiva, abstrata e “livre”) não se relacione às disciplinas de Ciências (compreendidas como metodológicas, concretas e racionais) sendo que, historicamente, estavam intimamente relacionadas. Cachapuz (2014) considera que:

Temos de aprender de novo a formular perguntas adequadas sobre o futuro da educação em geral e da educação em ciências em particular. Todos sabemos que a Arte e a Ciência são aspectos diferentes da actividade humana. Mas essa não é a questão interessante. A questão interessante é, no quadro de uma visão não redutora e não segmentada do conhecimento, quais as semelhanças que as unem e de que modo tal visão diacrónica Arte/Ciência pode melhorar a qualidade da educação em ciências oferecida aos alunos e dar uma oportunidade aos professores

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para irem mais além das rotinas e burocracia a que frequentemente são submetidos nas suas escolas. (CACHAPUZ, 2014, p. 104-105).

- Construção de Maquetes/representações artísticas

Em uma das reuniões de organização, as/os clubistas expressaram seu desejo por fazer maquetes, visto que nunca tinham feito esta atividade no ensino regular e achavam que poderia ser uma atividade divertida para compreender melhor a composição do sistema solar. Ficou combinado que seria feita uma reunião de preparação no Laboratório de Informática, onde a professora iria exibir um documentário9 a respeito de

escalas e que eles poderiam pesquisar nos computadores os diversos modelos e tipos de maquetes possíveis, bem como elencar os materiais que iriam necessitar. O uso de maquetes é uma efetiva ferramenta pedagógica muita usada por professores de diferentes segmentos da Educação Básica, contribuindo no processo de construção de autonomia e de aprendizagem. Peluso e Pagno (2015) defendem que as maquetes favorecem a apropriação do conhecimento por parte dos estudantes, pois estas:

[...] se concentram na apresentação de informações retiradas de formas dimensionais e apresentadas tridimensionalmente a pessoas e educandos não participantes do processo de elaboração, que utilizam das informações previamente dispostas na forma tridimensional (maquete), para a construção do seu pensamento crítico que posteriormente será transformado em conceito considerado valioso e útil, finalizando assim a apresentação do projeto como algo benéfico e de utilidade notória, para a construção do conhecimento de forma única e singular. (PELUSO; PAGNO, 2015, p. 1066).

Na reunião seguinte, as/os clubistas se organizaram em grupos de quatro e cinco crianças e elaboraram as representações. A construção das representações artísticas do sistema solar foi feita em dois encontros. Ao final do segundo encontro, as maquetes ficaram em exibição no pátio da escola, junto ao mural de curiosidades. Os foguetes produzidos nos primeiros encontros também foram exibidos numa pequena mostra cultural, representando a exploração humana no espaço (Figuras 13, 14, 15, 16, 17 e 18).

9 Foi exibido o vídeo “O Sistema Solar em Escala no Deserto de Nevada” para que as crianças

compreendessem as diferenças de maquete e representação artística. O vídeo está disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ASfiF-XrQ6c>

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Figuras 13 e 14 – Clubistas produzindo as representações artísticas do sistema solar no ateliê. Figura 15 – Clubistas organizando mostra cultural. Figura 16 – Mostra Cultural. Figuras 17 e 18 –

Duas das representações artísticas produzidas. - Estudo de Meio

Desde o início do Clube as crianças manifestaram o desejo por realizar uma visita a um planetário. Estudos mostram possibilidades importantes e valiosas para o ensino de diferentes áreas do conhecimento quando há uma frequência de atividades de campo. Lopes e Pontuschka (2009) ratificam a importância do estudo do meio que

[...] pode ser compreendido como um método de ensino interdisciplinar que visa proporcionar para alunos e professores contato direto com uma determinada realidade, [...] se concretiza pela imersão orientada na complexidade de um determinado espaço geográfico, do estabelecimento de um diálogo inteligente com o mundo, com o intuito de verificar e de produzir novos conhecimentos. [...] a realização dos Estudos do Meio pode tornar mais significativo o processo ensino-aprendizagem e proporcionar [...] o desenvolvimento de um olhar crítico e investigativo sobre a aparente naturalidade do viver social. Trata-se de verificar a pertinência e a relevância dos [...] conhecimentos selecionados para serem ensinados [...] e lançar-se à possibilidade da produção de novos conhecimentos, a elaboração contínua do currículo escolar. (LOPES; PONTUSCHKA, 2009, p. 174).

Muitas das crianças da escola realizaram estudos de meio na “Sabina – Escola Parque do Conhecimento”, mas nunca haviam adentrado no Planetário e Cinedome localizado nas dependências deste museu/parque escola, em Santo André, SP. Por incompatibilidade de horários e falta de recursos escolares, não seria possível realizar a

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225 REnCiMa, São Paulo, v. 11, n. 6, p. 209-231, out./dez. 2020 visita ideal. Assim, foi combinado que a professora, a estagiária e mais um adulto voluntário estariam na porta da Sabina em um determinado horário de um final de semana para conhecer as instalações do planetário e que os interessados poderiam acompanhá-las, assim sendo as/os estudantes “voluntários dos voluntários”. Das doze crianças que integravam o clube, seis compareceram com suas famílias para a visita.

Foi possível assistir às sessões do planetário, tirar dúvidas com as monitoras, explorar o Laboratório Astronômico e o Núcleo de Observação do Céu (NOC) e fazer uma observação do Sol com telescópios especiais (Figuras 19, 20 e 21).

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Figura 19 – Grupo de clubistas e professora em frente à cúpula de projeção. Figura 20- Clubista tirando dúvidas com as monitoras. Figura 21 – Clubistas explorando o Laboratório Astronômico. - Participação na Semana da Educação do Município

Por fim, dentre as atividades mais significativas realizadas pelo grupo, houve participação na “II Semana da Educação”, SP, que foi realiza entre os dias 19 e 23/11/2018, no Centro de Formação de Professores (Cenforpe). A programação foi composta por comunicações orais de trocas de experiências, palestras, workshop, apresentações culturais, oficinas e exposições. No evento também ocorreu o Festival de Invenção e Criatividade (FIC), em parceria com a Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa. Além dos professores e equipes gestoras, merendeiras, inspetores e auxiliares também participaram do evento.

A participação das/os clubistas se restringiu à pintura de uma flâmula que adornou o hall de entrada do Cenforpe junto a outras representações artísticas de outras unidades escolares voluntárias (Figuras 22, 23 e 24). Já a professora responsável pelo Clube teve a oportunidade de realizar uma comunicação oral, trocando as experiências realizadas na EMEB com outros servidores da rede, dando visibilidade aos trabalhos em Clubes de Ciências e impulsionando a divulgação científica para além da comunidade escolar10 a

qual o Clube está inserido. Nesse sentido, cabe ressaltar a importância de tal desdobramento, uma vez que:

Considerando que a divulgação científica é meio eficiente para disseminar o conhecimento sobre CT&I11 verifica-se que sem ela não haverá a

10 Aqui se entende comunidade escolar como (1) estudantes, (2) professores, (3) familiares e

responsáveis, (4) demais funcionários da escola, (5) moradores do bairro.

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construção de uma cultura científica e muito menos socialização de conhecimento e desenvolvimento da real cidadania. [...] Para que a ciência seja transmitida e incorporada pela sociedade, a fim de se verificar a formação de uma cultura científica, é necessário que as ações sociais, políticas e institucionais não sejam isoladas e que a divulgação das informações opere de forma que se promova uma verdadeira cultura da divulgação científica. (LORDÊLO; PORTO, 2012, p. 27-28).

22 23 24

Figura 22 – Clubistas produzindo pintura em flâmula. Figura 23 – Arte Final. Figura 24 – Flâmula em exibição na II Semana da Educação do Município.

Pousando: considerações do trabalho realizado

As atividades do Clube de Astronomia foram realizadas de forma dinâmica e buscando sempre o trabalho colaborativo, em pequenos grupos ou de modo coletivo. Tendo esta dinâmica estabelecida, foi possível realizar troca de ideias, debates e construções genuínas de conhecimento por parte das/os alunas/os clubistas, estando à professora presente mais como um sujeito de apoio, ou norteadora do trabalho proposto.

No início dos encontros, o direcionamento da professora foi um pouco mais enfático, como por exemplo, na necessidade de cobrança de limpeza e organização dos materiais após o uso do ateliê, no entanto, nas últimas reuniões essa “cobrança” não era mais necessária, visto a iniciativa e pró-atividade dos próprios clubistas. Além disso, foi possível constatar o aumento do foco na busca pelo conhecimento e execução do trabalho: no primeiro encontro realizado no laboratório, muitos alunos acabaram assistindo vídeos de youtubers famosos nos minutos finais “ociosos” das reuniões, porém, nas reuniões mais próximas ao final do ano, as/os clubistas utilizavam os minutos finais para pesquisar jogos com conteúdo de Astronomia para postar como dicas no blog escolar, entre outras situações que ocorreram ao longo do ano.

A maioria dos encontros foi planejada e organizada pelos próprios clubistas, bem como a escolha do conteúdo a ser discutido, pesquisado e trabalhado, dando a elas/es a sensação de responsabilidade e autonomia. Diversos meios de comunicação foram utilizados no andamento dos encontros, buscando a divulgação científica do Clube na comunidade escolar.

Em virtude dos trabalhos realizados pelo Clube da Lua, foi possível notar um crescente empenho das/os alunas/os clubistas nas aulas regulares e algumas/ns delas/es

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227 REnCiMa, São Paulo, v. 11, n. 6, p. 209-231, out./dez. 2020 manifestaram o desejo de seguir carreira profissional nas áreas científicas. A atividade do Clube da Lua permitiu verificar mudanças na percepção das/os estudantes em relação aos seus conhecimentos e visão de mundo. Por exemplo, nas primeiras visitas ao planetário, constataram-se perguntas “ingênuas” tais como “Por que não caímos se estamos na parte de baixo do globo?”; já na segunda visita observou-se um desenvolvimento crítico nas novas perguntas aos monitores do local, tais como “Você poderia me explicar por que a gravidade faz a gente ter pesos diferentes nos outros planetas?”. Percebeu-se um aumento na “qualidade” das perguntas feitas e o não contentamento com “qualquer resposta”, bem como a insistência em permanecer questionando enquanto não compreendia de fato alguma questão apresentada.

Dessa forma é possível defender a ideia que o Clube contribuiu para a formação do sujeito crítico e reflexivo, vista a modificação na complexidade e clareza das perguntas feitas pelos clubistas ao decorrer das atividades, inclusive no que tange àquelas de visita ao planetário. Assim concordamos com Veigantes (2014) de que:

As atividades desenvolvidas em um ambiente não-formal, como um Clube de Ciências, potencializam a capacidade dos estudantes. Seu caráter não obrigatório, livre de preocupações como a avaliação, aliado à possibilidade do estudante ser o agente do processo educativo, saindo do papel de receptor passivo e tornando-se construtor do próprio conhecimento, contribui para a participação efetiva nas atividades do clube. (VEIGANTES, 2014, p. 23).

A utilização do movimento STEAM para nortear as atividades realizadas representou um grande valor, visto o desenvolvimento das propostas relacionadas às ciências com o viés artístico, abrindo o leque de possibilidades expressivas e criativas das/os estudantes. Assim, acreditamos que, de certo modo, supriu-se a lacuna criativa citada por Lopes et al. (2017) em seus estudos, que evidenciam a educação científica regular estagnada em relação aos avanços tecnológicos e científicos, que não dialogam entre si, resultando em adolescentes “antenados” e estudantes desmotivados.

De todo modo, compreendemos que o uso das mídias digitais, em especial no Laboratório de Informática, um dos ambientes mais utilizados para a realização das pesquisas e elaboração/planejamento das práticas, foi um ganho significativo. As mídias digitais representam uma ferramenta de grande potencial quando pensamos em um ambiente escolar como o da escola pública, com todas as suas questões e singularidades. Na experiência apresentada, as mídias digitais mostraram-se uma ferramenta pedagógica capaz de impactar as/os clubistas, alterando a perspectiva de aprendizagem relacionada à sala de aula, favorecendo sua formação e construção de conhecimento.

O Clube de Ciências implantado na EMEB, na região do ABC Paulista, teve suas atividades realizadas de junho de 2018 a dezembro do mesmo ano. A direção tentou possibilidades para a continuidade de suas atividades para o ano seguinte, porém, com o processo de remoção previsto em regimento interno e impossibilidade de permanência da professora na instituição no ano de 2019, e não havendo outro professor da mesma

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228 REnCiMa, São Paulo, v. 11, n. 6, p. 209-231, out./dez. 2020 instituição que se prontificasse a este trabalho, não foi possível dar continuidade às ações do Clube da Lua até o momento da escrita deste artigo. Desse modo, tal intempérie reforça o pensamento de Veigantes (2014), quando aponta que para o sucesso dos Clubes de Ciências é necessário garantir o papel, autonomia e permanência do professor no ambiente escolar. Ressalta-se a importância de que iniciativas de projetos individuais de professores, ao mostrarem resultados pertinentes, de qualidade, devem ser incorporados pela unidade de ensino, de tal forma que se transformem em projetos institucionais.

Como apontado por Young (2007), ao questionar “para que servem as escolas?”, a essência é que as escolas possam “capacitar jovens a adquirir o conhecimento que, para a maioria deles, não pode ser adquirido em casa ou em sua comunidade” (p. 1294). Isso em muito contribui para a militância da comunidade em abraçar causas escolares significativas e de impacto na vida das crianças e adolescentes, se constituindo como estratégia de apoio e empoderamento na formação cidadã, inclusive no processo de alfabetização científica.

Encerramos a escrita deste artigo, mas não a discussão sobre a temática, com a reflexão apresentada por Esperança, Filomeno e Lage (2014, p. 1584) onde afirmam que “ter acesso à produção científica e ser reconhecido como produtor de saberes e conhecimentos são um direito de cidadania”.

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Figura 4 – Construção do painel. Figura 5 – Painel afixado no local escolhido. Figura 6 – Aluna  pesquisando e produzindo o primeiro informe
Gráfico 2: Exemplo 2 de gráfico estatístico produzido pela ferramenta Blogger, apontando histórico  de visualizações
Figura 15 – Clubistas organizando mostra cultural. Figura 16 – Mostra Cultural. Figuras 17 e 18 –  Duas das representações artísticas produzidas
Figura 19 – Grupo de clubistas e professora em frente à cúpula de projeção. Figura 20- Clubista  tirando dúvidas com as monitoras
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