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Uma discussão sobre os efeitos da multiculturalidade no mercado laboral português: uma visão recolhida numa amostra da imigração de Braga

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Academic year: 2020

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Neide Seomara Vando Marciano

Uma discussão sobre os efeitos da

multiculturalidade no mercado

laboral português – Uma visão recolhida

numa amostra da imigração de Braga

1 9 Neide Seomar a V ando Mar ciano

Uma discussão sobre os efeitos da multiculturalidade no mercado laboral por

tuguês – Uma visão recol

hida numa amos

tra da imigração de Braga

Universidade do Minho

Escola de Economia e Gestão

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Dissertação do Mestrado

em Economia Social

Trabalho efetuado sob a orientação do

Professor Doutor Paulo Reis Mourão

Universidade do Minho

Escola de Economia e Gestão

Neide Seomara Vando Marciano

Uma discussão sobre os efeitos da

multiculturalidade no mercado

laboral português – Uma visão recolhida

numa amostra da imigração de Braga

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DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS

Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que respeitadas as regras e boas práticas internacionalmente aceites, no que concerne aos direitos de autor e direitos conexos.

Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença abaixo indicada. Caso o utilizador necessite de permissão para poder fazer um uso do trabalho em condições não previstas no licenciamento indicado, deverá contactar o autor, através do RepositóriUM da Universidade do Minho.

Atribuição-NãoComercial-SemDerivações CC BY-NC-ND

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Agradecimentos

Ao Professor Doutor Paulo Reis Mourão, pela paciência e ajuda, pela disponibilidade, pela confiança, pela sua persistência e incentivo que me deram tanta força ao longo deste trabalho.

Ao Professor Doutor Orlando Pereira, pelos ensinamentos, pelas sugestões e entusiasmo que tantas vezes me motivou, por me fazer ver as alternativas socialmente positivas neste mundo capitalista.

À minha família pela força, pelo amor, pela confiança em mim depositada e por todo apoio, esta conquista é também por e para vocês.

A todos que concordaram participar neste estudo, o meu mais sincero obrigado pela disponibilidade, simpatia e paciência que tiveram comigo.

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DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo que não recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação de informações ou resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração.

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Resumo

Encontramo-nos num mundo progressivamente afetado pela globalização e migrações internacionais do qual o resultado é a multiculturalidade. Consequentemente, a atual realidade para muitos países mudou, dando lugar a novas leis e regulamentos, bem como novas formas de preconceito e discriminação, que será o nosso ponto de reflexão neste trabalho. O objetivo desta investigação fixa-se nas perspetivas, opiniões e perceções dos imigrantes sobre as desigualdades raciais e étnicas, que ocorrem na sociedade de acolhimento e no trabalho. Isto porque os trabalhadores imigrantes são mais vulneráveis quanto à exploração por parte da entidade patronal já que podem aproveitar e usar a falta de conhecimento das normas e leis do país de acolhimento para tomar proveito da mão-de-obra barata e obediente. Na área metodológica, optou-se por uma pesquisa qualitativa, pelo qual foi utilizado o método de entrevistas semiestruturada onde a principal amostra era composta por trabalhadores imigrantes do distrito de Braga.

Estes dados foram recolhidos com a finalidade de justificar certos padrões que até hoje foram debatidos e proporcionar uma nova perceção sobre os imigrantes/estrangeiros nas comunidades. No decurso das entrevistas individuais averiguou-se que apesar de existir multiculturalidade em muitos países ao redor do globo ainda persistem certos aspetos negativos, tal como na realidade portuguesa, que impõe a sua tolerância e aceitação perante os estrangeiros, mas de facto possui diversos problemas quanto a inclusão desses indivíduos.

As conclusões deste trabalho demonstram as perspetivas e opiniões dos inquiridos quanto a diversidade e o seu benefício para todas as culturas, bem como as vantagens que a multiculturalidade tem para a população através do aproveitamento dos conhecimentos e atributos que cada etnia pode proporcionar, já que aumentaria a tolerância e integração de cada indivíduo, melhorando os aspetos sociais e económicos de cada país.

Palavras-chave: Cultura, Discriminação Racial, Etnia, Mercado Laboral, Multiculturalidade, País de acolhimento, Racismo, Sociedade de acolhimento e Trabalhadores imigrantes.

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Abstract

We find ourselves in a world progressively affected by globalization and international migrations of which the result is multiculturalism. Consequently, the current reality of many countries has changed, giving way to new laws and regulations, as well as new forms of prejudice and discrimination. These changes are the focus of this research. The goal of this study is to focus on the perspectives, opinions and perceptions of immigrants about the racial and ethnic inequalities that occur in the host society and in the work environment. This is because the immigrant workers are very vulnerable regarding the exploitation performed by the employers. The immigrants lack of knowledge about the rules and laws of the host country allows employers to take advantage of cheap and obedient workmanship. In the methodology, we chose a qualitative research approach, and usedthe method of half-structured interviews, where the main sample was composed of immigrant workers from the district of Braga.

This data was collected with the aim of justifying certain patterns that have been debated until recent times, and to propose a new perception about the immigrants/foreigners in the communities. During the individual interviews, it was verified that despite the fact that there is multiculturalism in many countries around the globe, there are still some negative aspects. For example, the portuguese reality which imposes their tolerance and acceptance towards the foreigners, but in fact has several problems regarding the inclusion of those individuals.

The conclusions of this research demonstrated the perspectives and opinions of the respondents regarding the diversity and its benefits for all cultures. There are also many advantages that multiculturalism has for the population through the use of the knowledge and attributes that each ethnicity can provide. This will increase the tolerance and integration of each individual, improving the social and economic aspects of each country.

Keywords: Culture, Ethnicity, Host country, Host society, Immigrant workers, Labor market, Multiculturalism, Racial discrimination and Racism.

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Índice

1. Introdução ... 11

2. Revisão da literatura ... 14

2.1. “Um desconhecido numa terra desconhecida” ... 14

2.1.1O começo ... 14

2.1.2. Os perigos da exclusão socia ... l15 2.1.3. O rumo para a integração social ... 17

2.1.4. Métodos de integração social ... 19

2.2. Da imigração para integração... 20

2.3. A questão conceptual sobre as minorias étnicas ... 21

2.4. Regulamentação do Imigrante em Portugal ... 21

2.5. O repúdio ao Outro: Xenofobia, Racismo e outras causas nos últimos 20 anos ... 23

2.6. A área associativa como trajeto para a inserção social ... 25

2.7. O papel da sociedade recetora na imigração ... 26

2.7.1. Funções da imigração no mercado laboral ... 26

2.7.2. Processo de integração e seus impactes ... 27

2.7.3.A assimilação e significância das diferenças culturais ... 28

2.7.4. Preconceito e Relutância à imigração ... 29

2.8.A integração no mercado laboral ... 30

2.8.1. O Trabalho ... 30

2.8.2.A discriminação subtil no mercado laboral... 32

2.8.3.Inteligência cultural (CQ) ... 34

2.9.Tabela-Síntese ... 36

3.Metodologia e Objetivos ... 37

3.1. Objetivos ... 37

3.2. Definição das questões... 37

3.3. Hipóteses ... 37

3.4. Metodologia ... 38

3.5. Participantes ... 39

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4.Técnicas e Procedimentos de Análise de dados ... 41

4.1.Seleção dos resultados ... 41

5.Análise e Discussão dos Resultados de Investigação ... 60

5.1. Discussão dos resultados ... 60

5.2. Sugestões para Investigações futuras ... 65

5.3. Limitações do estudo ... 65

6.Conclusão final ... 66

7. Bibliografia ... 67

ANEXOS ... 76

Anexo I: Guião da Entrevista ... 77

Anexo II: Termo de Consentimento ... 79

Anexo III: Transcrição das Entrevistas ... 81

Primeiro Entrevistado ... 82

a) Condições de execução da Entrevista ... 82

b) Descrição do Entrevistado ... 82

c) Transcrição da entrevista ... 82

Segundo Entrevistado ... 86

a) Condições de execução da Entrevista ... 86

b) Descrição do Entrevistado ... 86

c) Transcrição da entrevista ... 87

Terceiro Entrevistado ... 90

a) Condições de execução da Entrevista ... 90

b) Descrição do Entrevistado ... 90

c) Transcrição da entrevista ... 91

Quarto Entrevistado ... 94

a) Condições de execução da Entrevista ... 94

b) Descrição do Entrevistado ... 94

c) Transcrição da entrevista ... 94

Quinto Entrevistado ... 96

a) Condições de execução da Entrevista ... 96

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c) Transcrição da entrevista ... 96

Sexto Entrevistado ... 98

a) Condições de execução da Entrevista ... 98

b) Descrição do Entrevistado ... 99

c) Transcrição da entrevista ... 99

Sétimo Entrevistado ... 101

a) Condições de execução da Entrevista ... 101

b) Descrição do Entrevistado ... 102

c) Transcrição da entrevista ... 102

Oitavo Entrevistado ... 104

a) Condições de execução da Entrevista ... 104

b) Descrição do Entrevistado ... 104

c) Transcrição da entrevista ... 104

Nono Entrevistado ... 107

a) Condições de execução da Entrevista ... 107

b) Descrição do Entrevistado ... 107

c) Transcrição da entrevista ... 107

Décimo Entrevistado ... 109

a) Condições de execução da Entrevista ... 109

b) Descrição do Entrevistado ... 109

c) Transcrição da entrevista ... 109

Décimo primeiro Entrevistado ... 112

a) Condições de execução da Entrevista ... 112

b) Descrição do Entrevistado ... 112

c) Transcrição da entrevista ... 112

Décimo segundo Entrevistado ... 115

a) Condições de execução da Entrevista ... 115

b) Descrição do Entrevistado ... 115

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Lista de abreviaturas e siglas

ACIDI – Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural; ACIME – Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas; CICDR – Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial; COCAI – Conselho Consultivo para Assuntos da Imigração;

CLAM – Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes; CQ – Inteligência Cultural;

EUA – Estados Unidos da América; HIV – Vírus de Imunodeficiência humana;

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico; OIM – Organização Internacional de Migrações;

ONU – Organização das Nações Unidas;

PALOP – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa; PCOs – Processos de Contraordenação;

SNS – Serviço Nacional de Saúde; UE – União Europeia.

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1. Introdução

É a partir da maneira como os seres humanos ressentem, concebem e vivenciam o seu ambiente natural e social, ou seja, através das suas culturas, que se pode tentar compreendê-lo. Este processo leva a estudar as representações na sua articulação com as práticas espaciais e a refletir sobre o papel que a cultura tem nos fenómenos e nos processos geográficos que daí resultam.

(Claval & Staszack, 2008, p. 3)

De acordo com Gonçalves e Silva (1998, p. 33), “o multiculturalismo não é essencial para uma sociedade em geral, a não ser para os grupos sociais que em qualquer das alternativas são excluídos da tomada de decisões tanto nos aspetos económicos como nos aspetos culturais”. Atualmente, podemos afirmar que existem sociedades multiculturais, mesmo que alguns indivíduos nas sociedades de acolhimento não possuam um ponto de vista multiculturalista. O auxílio cultural internacional só teve relevância no final do século XX, que por sua vez deu azo a um novo vínculo entre a cultura e economia, difundindo o reconhecimento e importância de múltiplas identidades, e, o desenvolvimento global de sociedades multiculturais.

Pode-se comprovar que a “História da Humanidade” tem como base as migrações; através das locomoções o ser humano povoou a terra, criando assim diversos métodos de distribuição e ordenamento dos territórios, juntamente com a exploração dos recursos naturais, que por sua vez desenvolveram muitas culturas diferentes. A população portuguesa, ainda maioritariamente católica, tem o seu comportamento nuançado pela indiferença que frequentemente transparece como tolerância. Com a ajuda da pobreza, da exclusão social e das desigualdades económicas (fatores que estão exclusivamente relacionados com as manifestações de racismo, discriminação racial, intolerância e xenofobia) cria-se um costume para a prática do racismo contínuo que fomenta o acréscimo da pobreza.

Ainda existem muitas pessoas que separam os portugueses do resto da população europeia, dando como opinião que Portugal tem um povo que naturalmente aceita outras etnias e culturas. Conforme o SOS Racismo (2002), o luso-tropicalismo é o mito entorno dos portugueses que os caracteriza como diferentes afirmando que são a favor da inclusão e aceitação multicultural. Quando Portugal se transformou num país de imigração, isto desde os anos 70 onde predominava o discurso governamental acerca de uma “possível expugnação/ataque”, provocou-se a criação

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de sentimentos de insegurança quanto as outras etnias, o que não aconteceria se houvesse uma clarificação a respeito dos benefícios e ganhos de ser um país de imigração (Ob. Cit., 2002).

A integração na sociedade portuguesa por parte dos imigrantes tornou-se algo árduo, que contribui para a exposição e desamparo quanto aos casos de pobreza e exclusão social. O maior número de imigrantes residentes em Portugal encontra-se alojada nos bairros degradados de Lisboa, Setúbal e Porto, sendo que são algumas das cidades portuguesas com mais receção de imigrantes/estrangeiros. A qualidade de vida dos imigrantes em Portugal é marcada por analfabetismo, abandono prematuro dos estudos, introdução adiantada no mercado de trabalho, estatuto de ilegalidade, ausência de direitos políticos, sociais, laborais e culturais. Como a fragilidade e indefensibilidade são fatores que predominam na vida da comunidade imigrante, acaba por torná-los em segregados. Não obstante, a crescente aglomeração de imigrantes africanos nos setores periféricos, ajuda em muito a sua caraterização negativa aos olhos da sociedade circundante (SOS Racismo, 2002).

Torna-se imprescindível a permanência e aplicação de políticas de inclusão social assentes na aceitação, respeito e compreensão das culturas e costumes de cada indivíduo. Bem como a implementação de novas políticas de integração económica no mercado laboral e também políticas de inclusão nos estabelecimentos de ensino e comunidades. O estabelecimento destas políticas tem de provir do governo, não esquecendo a função que as autarquias têm neste processo. As Câmaras Municipais têm como função instaurar uma sequência de regras e normas com o propósito de proibir e obstruir a discriminação e exclusão social tendo como modelo as políticas educativas e habitacionais. Estas mesmas autarquias tornam-se nos únicos interlocutores entre o governo e a população, que dada a oportunidade, consegue transformar-se em fações de pressão para a proteção dos direitos e liberdades dos seus cidadãos (Ob. Cit., 2002).

Esta dissertação centraliza-se no estudo da “multiculturalidade no mercado laboral português”, do qual tem como objetivo analisar os trabalhadores imigrantes a residir na comunidade portuguesa em três dimensões espaciais, a social, a económica e a cultural. Deste modo, podemos analisar os perfis distintos dos imigrantes no território português e problematizar a questão da discriminação e exclusão a partir das suas rotinas e vivências. Esta investigação tem como base a diversidade cultural e as imigrações, cujo desenvolvimento só é possível com a ajuda de um suporte teórico diversificado, reforçado por uma investigação sobre a realidade que envolve as recolhas diretas de informação, tal como a realização de entrevistas com um questionário específico. De modo a cumprir com estes objetivos, o trabalho está composto por cinco capítulos

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restantes: no segundo capítulo efetua-se um enquadramento teórico da presente temática; o terceiro capítulo é relativo aos objetivos e metodologia utilizados; o quarto capítulo é composto pelas técnicas e procedimentos de análise de dados, no quinto capítulo apresentam-se as discussões e conclusões, e, finalmente, no sexto capítulo é realizado a conclusão final.

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2. Revisão da literatura

2.1. “Um desconhecido numa terra desconhecida”

2.1.1. O começo

O processo de transição é visto como uma meta importante na vida de um imigrante simbolizando um novo começo. Apesar da existência de normas e leis políticas, a compreensão social que os imigrantes possuem é essencial para o desenvolvimento das suas habilidades de integração na população local. Um elemento social primordial para os imigrantes é o processo de inserção, de modo que Fonseca e Goracci (2007) afirmam que a existência de um amplo domínio político acaba por ser uma forma de coação no contexto da integração social dos imigrantes, dando aos cidadãos nacionais a função importante no acolhimento dos mesmos. No ponto de vista de vários imigrantes, o início num novo país envolve certos obstáculos, cuja interação com os cidadãos nacionais é prejudicada por causa da diferença de língua, opiniões e perspetivas, assim como os novos padrões culturais a que requere familiarização e as expressões de religiosidade bem como as confissões religiosas que são distintas do país de chegada. Estes não são os únicos parâmetros culturais, Albuquerque (2000) salienta que a absorção das normas/leis e dos hábitos dominantes do dia-a-dia, são fatores significativos para a integração dos imigrantes na comunidade local.

Ainda perduram diversas restrições culturais, mas a compreensão do idioma acaba por ser um dos obstáculos com maior relevância, já que possui uma ampla importância na interação entre os imigrantes e os habitantes da sociedade local (Fontes, 2010). Os imigrantes com falta de conhecimento sobre o idioma do país de acolhimento possuirão grandes problemas na interação com os cidadãos nacionais locais, que por sua vez causará dificuldades no convívio social, como nas oportunidades de emprego ou de ingresso aos serviços básicos. Portugal dispondo uma ligação histórica ao episódio migratório, tendo como base as suas antigas colónias1, tem como

problema a interação verbal, causada pela manifestação recente do forte fluxo de imigrantes do leste da Europa. Relativamente aos contratempos étnicos, apresenta-se uma grande tensão entre os países do oriente e os países ocidentais no mundo contemporâneo. Como é o caso do racismo nos EUA, que durante anos tem se agravado, especialmente quando se trata de negros e indivíduos de outras etnias. Dividindo a sociedade americana em dois mundos, o “mundo dos brancos” que

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enquadra vantagens comparativas, e o “mundo dos negros” que é submetido as diferentes formas de violência simbólica e física (Victoria et. al., 2015).

O litígio étnico é uma das questões mais debatidas na literatura sobre integração social e laboral. As desavenças e confrontos entre os brancos e negros, designou especialmente no século XV a instituição de um processo reativo, para o qual os colonizadores sentiam-se nobres e distintos em relação as outras etnias e os colonizados eram exilados e desterrados pelos colonizadores. Mesmo após a descolonização, o rancor e a antipatia não esfriaram e sente-se ainda atualmente a fricção contínua e a falta de recetividade por parte dos indivíduos com etnias distintas (Fontes, 2010). Esta é uma questão altamente visível no mercado laboral onde os indivíduos de etnias diferentes são rejeitados no processo de recrutamento por razões raciais e culturais (Ob. Cit., 2010).

Deste modo, estima-se que a falta substancial sobre o domínio da cultura do país de acolhimento faz com que o imigrante enfrente severas atribulações na procura por aceitação coletiva, pondo em risco a sua estabilidade social durante o tempo em que permanecer naquele país. Quando se trata da propagação de valores culturais e a tolerância a algumas práticas e tradições que seguem os imigrantes, é inegável a magnitude que a sociedade local terá sobre estes indivíduos. Consequentemente, a entrada representa uma etapa de acomodação mútua em que o imigrante trabalhará para adotar uma nova cultura e a sociedade local necessitará fazer um esforço para transmitir os seus valores fundamentais.

2.1.2. Os perigos da exclusão social

Mediante as circunstâncias compostas pela possibilidade de desentendimentos culturais, fica óbvio no momento em que um imigrante se introduzir num novo país será apontado pela imprecisão consequente da sua própria atitude ou conduta (Fontes, 2010). O imigrante desfrutará da oportunidade de prosseguir um rumo pacífico, onde o indivíduo opta por uma integração mais harmoniosa sem complicações, que o leva a adquirir as novas condutas e hábitos referentes ao país de acolhimento, como o ensinamento dos códigos sociais e culturais dessa mesma região ou, no sentido contrário, preferir uma conduta individual que vá contra todo o regime de ensinamento, excluindo-se automaticamente das normas sociais específicas desse mesmo local. Estes indivíduos são desprezados por uns e amparados por outros, possuindo usualmente a inclinação de excluir-se da sociedade de acolhimento, seja pelas circunstâncias precárias de vida e de trabalho, seja pela falta dos entes queridos, seja pela supressão do auxílio social, seja pela

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segregação que vários passam a ser alvos ou pela sensação de extravio da sua identidade (Grinberg e Grinberg 2004). De acordo com Padilla (2013), a “autoexclusão” é um obstáculo onde o imigrante suprime-se de tudo devido a razões como a recriminação (HIV, saúde mental, entre outros) ou medo de ser detido pelas autoridades (imigrantes ilegais, sem documentos). Existem situações regulares onde os imigrantes não conseguem evitar os impasses culturais por múltiplas razões, que ocorrem no início do processo de integração.

O conjunto de imigrantes que praticam religiões semelhantes, que comunicam entre si com o mesmo idioma ou que meramente sejam iguais uns aos outros (que possuem a mesma nacionalidade ou possuem tradições e pensamentos idênticos), é um dos caminhos mais frequentes para evitar certas adversidades, o que leva a necessidade de assegurar o suporte diário dos princípios destes grupos sociais coletivos que vão-se estabelecendo em confronto ou em dinâmica com as comunidades locais. O crescente padrão desta segregação é um dos fatores da criação de bairros étnicos (um agrupamento de cidadãos imigrantes do mesmo país ou continente) nos subúrbios das grandes cidades, gerando assim pequenas comunidades estrangeiras que se tornam paulatinamente maiores e mais alarmantes no ponto de vista das sociedades locais.

A heterogeneidade multicultural de modo nenhum impede o desenvolvimento de um país, tendo em conta isto, qualquer ideologia étnica que associe preconceitos nos seus fundamentos irá ter um vigoroso impacto nos interesses públicos e económicos de uma sociedade (Jackson, 1991). Ao examinar as ameaças já referidas da ausência de integração e o que pode representar para uma região, considerando a área económica, onde poderão manifestar-se grandes hostilidades entre os cidadãos locais e os imigrantes, constata-se que a integração desses indivíduos contribui bastante para o desenvolvimento económico de um país, embora a perceção de muitos é que os imigrantes roubam as vagas de emprego aos nacionais, na verdade esses indivíduos estão mais percetíveis a abusos laborais por parte das entidades empregadoras (Fontes, 2010). Sendo uma classe trabalhadora com grande exposição a uma ampla variedade de coações, os imigrantes são impelidos a desempenhar funções laborais em condições precárias e com severas dificuldades, na qual inúmeros empregadores desconsideram as regras de segurança solicitadas, sujeitando os seus trabalhadores a condições laborais cruéis. Acaba por ser um tipo de mão-de-obra que cria discrepâncias, logo é moralmente recriminável. Todavia, na perspetiva de várias empresas como as do setor da construção civil, será o recurso mais lucrativo, relativamente às imposições salariais exigidas pelos cidadãos nacionais dará lugar a uma instabilidade do mercado laboral, provocando um enorme risco de equilíbrio social, dado que a

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execução de operações ilegais pelos imigrantes em diversas ocasiões de carácter criminal será alternativamente uma maneira de contrabalançar a sua falta de inserção no mercado laboral oficial.

Em síntese, há que abster da prática da segregação social tendo em consideração as dificuldades que causará, não somente para o imigrante, mas também para a sociedade local de modo geral. Devido a estes conflitos culturais a melhoria da qualidade de vida acaba por se tornar numa mera fantasia.

2.1.3. O rumo para a integração social

Conforme Pennix (2003), o desenvolvimento das trocas de valores entre a comunidade local e a estrangeira é um dos elementos que orientará para a integração e aceitação dos imigrantes como indivíduos e como grupos por parte da sociedade de acolhimento.

A inserção social num projeto micro e macrossociológico é capaz de ser repartido numa situação de inclusão acompanhada de uma harmonização (Pires, 2003). Isto permite-nos certificar que as discrepâncias sociais não ocorrem precisamente por causa da inserção do imigrante na comunidade, mas sim da interação mútua que o mesmo irá demonstrar nas comunidades de acolhimento.

Retirando o preconceito delineado ao redor dos perigos que o imigrante em contexto de exclusão social será capaz de trazer para uma população, torna-se admissível deduzir que os imigrantes integrados propriamente nas organizações e atividades sociais conseguirão produzir benefícios para a melhoria da comunidade de acolhimento (Fontes, 2010). No que concerne as altas taxas de envelhecimento populacional, os imigrantes acabam por ser uma vantagem demográfica para os países europeus, posto que proporcionam o crescimento paulatino das taxas de natalidade nos países com a população envelhecida, isto conforme a averiguação do SOS Racismo (2002). Os fluxos migratórios, sejam eles de carácter consecutivo ou singular, com modificações nas organizações de idade e sexo, pode originar deformidades na estabilidade das pirâmides etárias e sexuais de uma população (Jackson, 1991).

Observando o caso português, a imigração foi um dos fatores que colaborou para o abrandamento dos níveis de envelhecimento da população na década passada, sendo um auxílio na quantidade de cidadãos permanentes em idade ativa e uma estabilidade na qualidade da amostra de género (Gomes, 2004). Como os imigrantes possuem idades maioritariamente ativa, tornam-se numa mais-valia não só a nível demográfico como também a nível laboral, uma vez que

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lutam contra a instabilidade etária que põe em causa a obtenção de certas funções laborais com requisitos próprios.

Em termos do conjunto de trabalhos focados no rendimento, McDowell e Singell (1993) num artigo que expande a avaliação de conteúdo do capital humano mediante a dimensão económica da magnitude da migração internacional discutem um valor económico à imigração: os países procuram técnicas para o aumento da taxa de emprego a curto prazo e para aperfeiçoar a melhoria de vida à longo prazo, mediante a lenta recuperação económica. Conforme Becker (1993) e Goldin & Katz (2006), existem duas formas de obter o crescimento económico, uma delas sendo o aumento da produtividade e a outra a ampliação de liberalização de insumos (obtendo mais terra, mão-de-obra e capital). Para o aprimoramento da produtividade e do crescimento económico é primordial expandir o capital humano através de uma formação contínua. Fomentar o uso e inovação da tecnologia, pode de igual modo aumentar a procura por empregados mais habilidosos (Singer, 2012).

Não podemos esquecer de ressaltar que os trabalhadores imigrantes possuem a disposição para a motilidade2 (Peixoto, 2007). Portugal é um país que exibe grandes discrepâncias

entre o litoral e o interior. Em diversas situações, somente pelo intermédio da contratação de imigrantes é que se consegue recrutar trabalhadores para zonas remotas do território nacional. Finalmente, para criar oportunidades de trabalho e coesão territorial, recorre-se a implementação do comércio em regiões urbanas que estão paralisadas, tornando-se num método primordial para o empreendedorismo imigrante.

D’Almeida e Silva (2007) elaboraram um estudo empírico que busca eliminar a noção hipotética de que a integração dos imigrantes trará instantaneamente um aumento nas despesas do Estado. Conforme os mesmos, o imigrante ao pagar imposto e com a dedução feita para a Segurança Social, acaba por apresentar uma conexão social e fiscal que excede a soma monetária gasto pelo Estado para a sua inclusão na sociedade. Por outro lado, ao ponderar o setor das telecomunicações, transportes e da banca julga-se que também adquirirão resultados positivos consequentes dos fluxos migratórios entre o país de origem e o país de acolhimento. Podemos então concluir numa abordagem demográfica e económica que os imigrantes proporcionam o reequilíbrio das populações europeias envelhecidas e auxilia no incremento da produtividade económica.

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2.1.4. Métodos de integração social

É essencial a perceção das estruturas de inclusão social para aquisição de princípios inflexíveis em relação aos métodos de integração ao dispor das comunidades de acolhimento. De modo que o sistema de integração migratória pode englobar dois padrões de execução distintos, a acomodação e a assimilação. A acomodação é para diversos autores o trajeto a prosseguir, dado que aborda uma metodologia que tem como finalidade o convívio entre duas culturas diferentes numa só comunidade (especificamente a de acolhimento e a de origem). Desta forma faz com que haja uma necessidade do imigrante conservar a sua ligação com as suas origens, o que trará transigência por parte da comunidade de acolhimento que se exprime em reconhecimento público. Em contrapartida, a assimilação acarta a opção cultural, pelo qual os estrangeiros são obrigados a aceitar e praticar a cultura do país de acolhimento ao invés da sua. Nos EUA, a assimilação migratória era um obstáculo para os imigrantes que para obterem ou candidatarem-se à cidadania americana, eram obrigados a ter conhecimento e compreensão da língua, dos hábitos e das leis do país (Jackson, 1991). Isto faz com que os imigrantes, para serem aceites como “novos cidadãos nacionais”, tenham de abdicar da sua cultura de origem e obrigatoriamente adotar estes atributos.

Foram elaborados dois trabalhos importantes por Berry (1990) e Bourhis et. al. (1997), que comparam as convicções da comunidade local, bem como as dos imigrantes, sobre os distintos métodos de inclusão social já abordados. Berry (1990) numa das suas investigações acerca do convívio entre a comunidade local e os imigrantes no Canadá criou um método bidimensional de aculturação que descreve as perspetivas dos imigrantes sobre a cultura do país de acolhimento onde se encontram. Assim, a assimilação é vista como uma imposição cultural da sociedade de acolhimento em oposição a cultura de origem. Os autores Bourhis et. al. (1997), posteriormente ajustaram as investigações de Berry, tendo como enfoque a perspetiva da comunidade local sobre às culturas dos imigrantes. Apresentando resultados similares aos obtidos junto da população imigrante na qual há um reconhecimento do método de acomodação por parte da sociedade local que evidencia um respeito efetivo sobre a identidade da comunidade imigrante, o que permite o convívio cultural entre as diferentes grupos.

A decisão mais apropriada para impedir prováveis atribulações culturais entre as comunidades será o método de acomodação, demonstrando ser o método preferido para a inclusão social. Conforme Vala (2003, p. 56), a imposição cultural disfarça à noção da assimilação, “demonstra ser um método de relacionamento cultural que tranquiliza a maioria”. Isto porque

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muitos consideram a acomodação como uma promoção do sentimento de identificação ao grupo, o compartilhamento de valores e a aceitação de normas da sociedade enquanto que a assimilação implica o desaparecimento das especificidades do indivíduo, a renúncia da sua cultura de origem, o abandono da sua personalidade e na sua desintegração junto à sociedade que o absorve. O que assegura aos nacionais que os imigrantes aceitarão e praticarão a sua cultura independentemente de sua cultura de origem, aguardando assim a sua integração nas estruturas da sociedade de acolhimento.

2.2. Da imigração para integração

O aumento dos fluxos migratórios na Europa dá-se devido dos métodos de integração do continente europeu. Os imigrantes representam grande parte da população em certos países europeus como foi o caso em 2001 em que os imigrantes correspondiam a mais de 10% na Bélgica, 12% na Espanha, cerca de 10% na Áustria e quase 9% na Alemanha (OCDE, 2012), do qual conduziu a um desenvolvimento de discussões sobre políticas do trabalho e do emprego. Há uma perceção falsa sobre os imigrantes quando se trata dos ofícios que muitos nacionais consideram ser roubados ou tomados pelos mesmos. Foi comprovado por Thalhammer et. al. (2001) que um em cada dois cidadãos da UE preocupa-se com as disputas por vagas de empregos contra os imigrantes, o que os torna apreensivos sobre a perda de emprego por causa destes trabalhadores. Mesmo com instituições e normas de proteção dos trabalhadores naturais do país de acolhimento, ainda perdura um efeito evasivo sobre os cidadãos nacionais. Isto porque apesar das instituições de proteção do trabalho defenderem os trabalhadores e reduzirem a taxa de despedimento, levam as entidades empregadoras a fazerem um cálculo aproximado das despesas complementares do despedimento. O resultado será baixas possibilidades de contratar novos empregados. Consequentemente, os imigrantes terão menos cobertura por parte destas instituições, sendo que estarão predispostos a serem contratados para funções de ofícios não sindicalizados (Angrist e Kugler, 2003). Isto sugere que as instituições de proteção do trabalho estão preocupadas em amparar essencialmente os cidadãos nacionais, o que baixa o custo por funcionários imigrantes. Esta realidade pode levar ao aumento de concorrência dos imigrantes sobre o trabalho nacional por causa da proteção mercado de trabalho.

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2.3. A questão conceptual sobre as minorias étnicas

A noção da etnicidade numa perspetiva sócio histórica atingiu uma fase de tendência/costume graças aos estudos da assimilação americana no pós-guerra, nomeadamente dos judeus e afro-americanos (Vermeulen, 2001, p. 11). Sucessivamente, a noção da etnicidade introduz-se nas ciências sociais e na antropologia com o trabalho de Frederik Barth (1969), depois passou a ser “autenticado na doutrina política convertendo-se num mecanismo de comprovação dos direitos num corpo social político onde a etnicidade é um componente sancionado. É reivindicado a compreensão da etnicidade como área indispensável dos corpos sociais ou comunidades multiculturais, ponderados de igual modo na categoria ideológica, que destaca o rumo para uma comunidade integra e imparcial” (Cohen, 1973, p. 402).

Apesar de não ser totalmente incontestável toda população estrangeira residente num país é considerada como minoria étnica, posto que os estrangeiros são compreendidos como invisíveis, que os converte em pessoas impercetíveis na vida diária e nos canais de comunicação das massas, na qualidade de classes ou camada social (Bastos e Bastos, 2002). Existem diversos motivos, que sozinhos ou agrupados, conduzem ao exercício da diferenciação entre os diversos grupos étnicos tal como a segregação espacial, desvantagem económica, semelhança na identidade.

2.4. Regulamentação do Imigrante em Portugal

O Direito português sanciona e ratifica os direitos e incumbências dos imigrantes por meio do Estatuto Legal e do Estatuto Constitucional dos estrangeiros3. Em referência à área nacional

todas estas legislações passaram por várias modificações ao longo dos anos.

Um marco histórico decisivo para a reestruturação e atualização de alguns conteúdos jurídicos neste quadro foi a Revolução de 25 de Abril de 1974. Um progresso a dois tempos que pouco a pouco está propenso a transformar-se em “três” no final deste milénio, na qual se observa sucessivamente uma predisposição para que ocorra um retrocesso nos direitos dos imigrantes (Leitão, 2003, p. 12). Esta variação pode ser elucidada com fundamento em dois aspetos, em outras palavras, será uma circunstância vantajosa em grande parte pelas normas públicas no

3 Os principais diplomas regulamentares:

Decreto-Lei n.º 97/77 de 17 de Março Lei n.º 20/98, de 12 de Maio

Decreto-Lei n.º 244/98, de 08 de Agosto Lei n.º 23/2007, de 4 de Julho

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contexto da política de imigração que pedem uma aplicação efetiva. No entanto, Portugal recebe gradualmente o título ou apelido de “plataforma de entrada”, do qual é essencial acarretar certas manobras de precaução para impedir falhas económicas e sociais. Quando se trata de um “país de imigração” há um certo autor que declarou que tal título não se aplica ao seu país de origem, Fijalkowski (1989, p. 40) afirma que a Alemanha não é um país de imigração o que gerou polémica. Tudo isso no sentido de propagar a importância de estudar esta designação numa perspetiva global, que abranja não simplesmente os números destacados no recenseamento, bem como o quadro completo que envolve a vida do imigrante (como as leis de que beneficiam, a inclusão social, entre outros). No contexto numérico, um território nacional que aceita ou acolhe um número considerável de imigrantes, incorporados nos fluxos migratórios aproximadamente uniformes com um saldo migratório positivo é tido ou classificado como um “país de imigração”. Apesar desta ser uma circunstância identificada como uma manifestação conjuntural diuturna é, contudo, pertinente o termo “país de imigração”, porém distinguindo-se como um título contraditório e enganador, posto que a prática de exercer políticas e auferir do conjunto de leis “inibem e complicam” a entrada e permanência dos imigrantes!

No caso de Portugal, o Estatuto Legal dos imigrantes é fruto e efeito da sua adesão à Comunidade Europeia e posteriormente ao Acordo Schengen. Com a criação da Lei n.º 37/81 de outubro de 1981, sucedida pela Lei nº 59/93 de março de 1993, que regula o procedimento de entrada, permanência e desalojamento dos estrangeiros numa coerência de “padronização”. É necessário que a entrada de um estrangeiro no território português seja processado através da posse indispensável um documento de viagem legal, apresentação dos meios de subsistência válidos e que não seja assinalada como uma pessoa que não possui aprovação no Sistema de Informação de Schengen ou nas listas nacionais e finalmente como se conforme na Lei nº 244/98, deve portar um visto lícito (Baganha e Marques, 2001, p. 22).

Há uma discordância na intitulada doutrina da igualdade que instaura efetivamente uma “igualdade subordinada” (Castro, 2008). À exceção das normas de igualdade, o Estatuto Constitucional de estrangeiros ratifica também outras normas como a da “não discriminação”. A identificação e admissão dos direitos aos estrangeiros não consta em regra com a permutação o que indica que poucos conseguem votar e ser eleitos.

Assegurar a integridade humana destaca-se como um direito substrato4 que permanece

como uma condição transversal a todos teores jurídicos, assim como todos os demais que a ele

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estão intrínsecos (direito à decência corporal e moral, à saúde, vida, liberdade de culto e de mentalidade), inclusive quando o indivíduo se depara num estado anómalo ou ilegal. Para este quadro houve uma cooperação entre o que já está estabelecido na lei portuguesa e as diretivas da Convenção Europeia dos Direitos do Homem.

Não obstante, não se pode afirmar que o Estatuto Constitucional dos estrangeiros denota um progresso claro e contínuo relativamente ao reconhecimento dos direitos dos imigrantes. Longe disso, numerosas diretivas modificadas cobrem-se de cunho incoerente no que tange ao que já está decretado, atingindo as extremidades do vagamente explícito (Castro, 2008).

Declarar que Portugal se converteu num “país de imigração” até agora não é bem “efetivo” e porventura daí se tenha estabelecido um tumulto no delinear de possibilidades de tal maneira que inclusive nos anos 80 o episódio migratório era examinado num prisma de supervisão dos fluxos. Só a partir de 1995 é que os projetos do governo português começaram a considerar a condição migratória e de todos os que participam deste processo, que foi concebido para esse fim o Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas, o Entre culturas, tal como o desenvolvimento da inclusão dos imigrantes em algumas políticas sociais (como o Plano Especial de Realojamento). Constatou-se ainda no ano 2001 uma paulatina discussão neste tópico especialmente porque no tema jurídico intercederam com o propósito de elaborar e asseverar os direitos e deveres dos imigrantes. Cita-se o caso de certos critérios tomados, como a publicação do decreto Lei nº 20/98, de 12 de maio, ou melhor, a lei do trabalho de estrangeiros que tutelam o trabalhador estrangeiro em relação a episódios discriminatórios; efetuou-se igualmente um progresso nas políticas sociais, uma vez que os imigrantes estão integrados nos programas de Luta Contra a Pobreza, Rendimento Mínimo Garantido, Plano Nacional de Ação para a Inclusão (2001-2003), ingresso nos SNS (Ob. Cit., 2008, p. 7).

2.5. O repúdio ao Outro: Xenofobia, Racismo e outras causas nos últimos 20 anos

Devido à ascensão de Heider no governo da Áustria, a UE teve de criticar publicamente as consequências negativas da xenofobia e do racismo no decurso da estruturação e edificação do projeto europeu, do qual o próprio êxito requer deferência sobre os princípios democráticos num ambiente de coabitação multicultural. O conteúdo xenófobo de determinados discursos políticos e a posterior posição instável da UE puseram em proeminência a magnitude da problemática da imigração na política europeia (Ferreira e Rato, 2000, p. 1).

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Segundo Schor (1988, p. 152), os imigrantes no âmbito francês desde o início são sempre denunciados de suscitarem impasses e complicações de critério social (associados às infrações da lei e delitos) e económico (preenchimento “inadequado” de postos de trabalhos). Em comparação com o caso inglês, Miles (1987, p. 234) declara que o racismo e a exclusão produziram intrinsecamente condutas dualistas, estando sujeito aos interesses em lance. Estas atitudes e ações podem ser “instigadas” de acordo com as exigências mercado de trabalho relativamente aos trabalhadores imigrantes.

Para Crowley (1990, p. 57), a intenção de advogar os imigrantes e as próprias minorias étnicas subsiste no Comission for Racial Equality, que exerce uma função deveras preponderante nesta matéria. Existe o ACIME em Portugal que se “assemelha” de certo modo e que por sua vez também acata uma conduta que circunda todos estes problemas.

Baganha, Marques e Fonseca (2000, p. 56-57) possuem um argumento contrário, expondo o facto de Portugal ser capaz de instituir-se como um protótipo de uma sociedade essencialmente antirracista (graças a um limitado número de manifestantes verdadeiramente racistas), apesar de reconhecerem que existe moldes de racismos subentendidos. Expõe-se como uma perspetiva dualista: sob uma perspetiva estão aqueles que suportam as suas convicções racistas de modo evidente e claro e, noutra perspetiva averigua-se a participação daqueles que dizem assemelhar-se ao Outro (comporta-se de um modo socialmente íntegro em público, porém impercetivelmente exibem e substancializam comportamentos racistas). Qualquer que possa ser a sua posição, mais ou menos positiva/negativa, na realidade o certo é que todos os autores que abordaram este tópico concluem que se comprova a execução em grupo ou particular em oposição aos imigrantes com muita regularidade, posto que Portugal é gradualmente declarado como “país de imigração”.

Graças à edificação do passado, houve uma conceção da capacidade de compreensão e transigência por parte dos cidadãos portugueses derivado do fictício Outro “diferente”. O racismo e a xenofobia são manifestações proteiformes, homonímicos e segmentados, da qual a base sócia antropológica está fixada na união de uma convicção “obsoleta” com o objetivo de transformar ou suprimir o Outro, suscitando assim um sentimento de vulnerabilidade com estereotipização negativa (Baganha, Marques e Fonseca, 2000, p. 137).

O povo português com um passado histórico rico em conexões e convívios com novos povos poderá ser visto como incoerente este sentimento, já que não se pode confirmar que Portugal é um país com complexos episódios racistas e xenófobos, no mínimo é “notório”.

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No entanto, as ações de alguns grupos de imigrantes suscitam reações mais ou menos espontâneas de repúdio, tal como atividades criminosas. Isto ocorre com os indivíduos em condição precária, tanto economicamente como socialmente, por isso deduz-se que é a esfera social circundante a razão pela qual são induzidos a adotar práticas de “indemnização”, substancializados em infrações (tal como o tráfico de narcóticos e furtos) que são o seu meio de subsistência. Para Tonry (1997, p. 1-2), esta situação não se pode estipular de maneira direta, isto é, a condição socioeconómica do indivíduo nem sempre legítima possíveis ações criminais que o mesmo possa exercer. Um exemplo disso é o caso da Grã-Bretanha, onde os indivíduos com desvantagens socioeconómicas como os imigrantes afro-Caribenses encontram-se altamente associados a criminalidade em relação aos imigrantes do Bangladesh. Isto acaba por ser um grande problema sobretudo quando se tem a propensão de impor a responsabilidade sobre as dificuldades sociais e económicas nos imigrantes, a qual prolonga o sentimento de culpa para a gerações futuras (Ob. Cit., 1997, p. 19).

Em contrapartida, existem lapsos interpretativos cometidos, a qual levam a caracterização dos imigrantes de modo negativo, sendo que há uma diferença entre uma infração associada à permanência num determinado país sem documentos válidos (que está sujeito a expatriação), e uma fraude ou ações violentas (Tournier e Robert, 1989, p. 6). Por vezes quando um indivíduo comete a infração de permanência ilegal, a sociedade local expressa atitudes de amparo e asilo para com o mesmo.

Em Portugal as razões da má conduta dos imigrantes encontram-se associadas maioritariamente à circunstância de desemprego e pobreza conectadas com tráfico de narcóticos (Baganha, Marques e Fonseca, 2000, p. 52-55). A quantidade de imigrantes detidos é, de certa forma, significativo, já que o total da população aprisionada em análise no ano 1998 correspondiam à 11% dessa população, do qual desse total, 60% eram provenientes dos PALOP.

2.6. A área associativa como trajeto para a inserção social

A incorporação de um imigrante no país de chegada deverá ser exercida de modo “familiar”, isto quer dizer que será feita através do convívio com outros imigrantes que têm uma estadia mais longa na comunidade de acolhimento, que já tenham uma certa experiência, possibilitando a orientação dos seus compatriotas. No que diz respeito a este tópico, decerto que a ulterior gestão dos direitos, deveres e da própria inclusão, são os desafios das instâncias administrativas e da comunidade local (Tripier, 1989, p. 85).

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Um pormenor primordial e colaborador no exercício da integração são as instituições ou associações de imigrantes. Estas associações são espaços (físicos e sociais) de auxílio e elucidação das suas dúvidas, onde podem expor as suas dificuldades e contratempos sem que sejam colocadas limitações de diversos critérios (como a língua ou religião). Mas a vida associativa possui duplo nexo, de fato por um lado isto pode ser um grande benefício para a própria expressão do indivíduo, a qual possibilita a administração da sua identidade que os levará a entrar em contato com cidadãos do mesmo de país de origem, noutra perspetiva poderá proporcionar a proteção da particularidade pela segregação do imigrante da “nova sociedade” que por si não garante a inclusão uma cidadania autêntica.

O ACIDI em Portugal criou serviços em benefício dos imigrantes através de coparticipações com as associações de imigrantes com o objetivo de preservar e proteger os seus direitos e deveres. Cooperando em 1996 num sistema de sensibilização sobre o tópico da normalização dos imigrantes ilegais, tais como as altercações para a “criação e inovação” de leis para este grupo. De 1997 a 1999 foram aprimorados inúmeros códigos com certos países (como Guiné-Bissau, Portugal e S. Tomé e Príncipe), tal como a OIM que tem como função aumentar e fortalecer a coadjuvação entre distintas partes do Território Migratório, seguindo o primado das políticas migratórias de cada país implicado.

Foi também instituído em 1999 o COCAI que tem como finalidade a análise e o tratamento mais de perto sobre a temática da imigração. As instituições ainda possuem uma função frágil e amortecida, graças à falta relativa de uma dinâmica associativa superabundante, tanto quanto o facto que somente a algumas décadas que Portugal foi classificado como um “país de imigração”. Na verdade, o facto de que esse fenómeno executa-se dessa forma, pode também significar que o método de inserção ou inclusão dos imigrantes se efetua de uma maneira propícia e conveniente, ou que os imigrantes sejam incapazes (como o baixo nível de alfabetização e educação) de per se conectar e relacionar com os outros. Uma interpretação ambígua, contudo, na qual os dois casos coexistem ao mesmo tempo, mas o primeiro é que predomina.

2.7. O papel da sociedade recetora na imigração

2.7.1. Funções da imigração no mercado laboral

A existência de três efeitos próprios da imigração, segundo a SOS Racismo (2002) vêm do trabalho de diversos investigadores do período de 1985 a 1990. O primeiro papel que tem a

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designação de “disponibilidade social”, define-se como a expectativa que a entidade patronal tem sobre a mão-de-obra uma maior mobilidade, uma rápida acomodação aos postos de trabalho, inexistência de práticas e hábitos sindicais ou políticos, uma requisição salarial pouco expressiva, e no que toca ao conteúdo das condições de vida e laborais, são requeridos um estado de subordinação salarial, inclusive a uma submissão por dívidas, facilitação nas condições de contratação e uma fragilidade superior perante os poderes públicos. O segundo papel é o “amortecedor da crise”, onde os imigrantes são os primeiros a serem contratados no cenário de recuperações setoriais ou nacionais e os primeiros a serem exonerados dos seus trabalhos no evento de uma crise económica. Por fim o terceiro papel, o “amortecedor social”, que se refere ao papel de experimentação, e também, no âmbito social, as entidades patronais e o Estado obtêm préstimo no fato da imigração ser continuamente bem constituída num plano comunitário, fundamentado em redes onde a vigilância policial ou regulação política e social se cria per se, com ferramentas e recursos de poderes complexos que induzem as pessoas à submissão e a privação de ações e comportamentos fortes quanto ao egocentrismo agravado de modo geral pela população ocidental. Conseguinte, tudo isto acaba por beneficiar e facilitar, outrossim, uma sequência de atividades como o dumping social e as transgressões comuns ao Código de Trabalho, que aflige a população trabalhadora em grandes porções.

2.7.2. Processo de integração e seus impactes

Visto que Portugal possuí uma certa diversidade de origens de fluxos migratórios, pode-se afirmar que quase todas as nacionalidades do mundo se encontram em Portugal, tais como os países da PALOP, os países da Europa do Leste, os brasileiros, os chineses, e os indianos. Portanto, estes são meramente algumas das fações internacionais, uma vez que Portugal possui um aglomerado significativo de nacionalidades distintas, apesar da quantidade dos seus imigrantes não possuírem um peso relevante na população total. Logo, torna-se importante o reconhecimento dos grupos de imigrantes com que os cidadãos nacionais dispõem maior conexão e simpatia. Isto será ponderoso, posto que a integração se torna mais inteligível e desenvolta desde o instante em que os cidadãos nacionais sintam que possuem alguma coisa em comum com os imigrantes.

Um dos métodos para aproximação aos estrangeiros com maior destreza é a procura do uma “perspetiva compartilhada”, a qual permite distinguir e detetar as suas dificuldades e competências com a finalidade de impedir a conceção de uma imagem negativa dos imigrantes

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assente em inquietações e inseguranças. Isto não implica que as discrepâncias não sejam um outro método para o avanço à integração. A absorção de perspetivas e experiências distintas são meios de desfrutar do que os imigrantes oferecem e regularmente a “discrepância” e a “contemporaneidade” são constatadas como aspetos favoráveis e assertivos.

2.7.3. A assimilação e significância das diferenças culturais

A compreensão do Outro (imigrante/estrangeiro) como ameaça numa ótica cultural tem sido classificado como um fator dos atos racistas. De acordo com a teoria de vários autores existe uma cessão no processo de diferenciação, no que concerne aos fatores associados a cultura, com danos nos contextos genotípicos (a raça) ou fenotípicos (a cor da pele). Os autores Pettigrew e Meertens (1995) idealizaram uma escala de 10 componentes com objetivo de comensurar o que atribuem o nome de “teoria do racismo subtil”, que engloba três segmentos: a proteção de princípios tradicionais (as minorias desrespeitaram os princípios tradicionais das maiorias dominantes); a significância das diferenças culturais (as desvantagens das minorias seriam impostas na sua ampla diferença em comparação com as maiorias dominantes, isto num contexto cultural) e a objeção a emoções positivas para com os integrantes dessas minorias. Os três segmentos aquinhoam entre si o fato de se tornarem socialmente aceitável, simplesmente por se ajustarem aos padrões de conduta admissível nas sociedades ocidentais.

Por conseguinte, esta interpretação dos moldes subentendidos de preconceito são substanciais para perceber as atitudes positivas/negativas sobre os imigrantes a residir no nosso meio social, sobretudo num cenário em que as regras da conduta socialmente aprovável, a qual paulatinamente coagem os indivíduos a fornecer um retrato deles próprios como igualitários ou no mínimo não racista. Não tendo como objetivo executar um teste sobre o “racismo subtil”, já mencionado, mas sim a compreensão de até que ponto um dos seus fundamentais segmentos (a assimilação e a significância das diferenças culturais) estará ligada com maior ou menor capacidade de anuência e inclusão dos imigrantes no país de acolhimento. A assimilação das diferenças culturais como índice do preconceito deparam-se com renitências, seja pelo senso comum, seja mesmo na esfera do corpo social científico.

Coenders et. al. num artigo propagado em 2001 reexaminaram os dados utilizados por Pettigrew e Meertens com intenção de apresentar o seu conceito sobre o “racismo subtil”. Decretaram que a utilização de mecanismos de análise dos diferentes dados destes autores atingem duas categorias distintas, do qual uma se encontra associada com o racismo tradicional

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e uma outra que suporta à compreensão da diferença cultural. De acordo com Coenders et. al. (2001), a última categoria não coincide exatamente a um grau do racismo, apenas apresenta-se levemente associada com o racismo tradicional e não evidencia características prognósticas similares, nem tão pouco uma propriedade elucidativa idêntica. Em contrapartida, se a existência de diferenças culturais for verdadeira, o reconhecimento “exato” destas dessemelhanças tornam-se numa prática “pragmática” e não pode tornam-ser classificada como uma manifestação ou diferenças do preconceito. Para ser visto como uma manifestação de preconceito é imprescindível atrair não em tão alto grau a assimilação dessa diferença cultural, mas em especial a sua análise (Ob. Cit., 2001, p. 288).

Os autores da teoria do “racismo subtil”, responderam ao artigo de Coenders et. al. (2001), acentuando a relevância de ponderar os três segmentos já mencionados, para absorver a dimensão obducta do preconceito. Para Pettigrew e Meertens (2001) o debilitado poder explicativo da escala de assimilação da diferença cultural, bem como o fato de esta apresentar-se pouco associada e não possuir características prognósticas similares ao racismo tradicional, seria por causa do emprego de só uma destas dimensões. Apesar de tudo isto, eles ainda expressaram que a crítica à sua proposta seria por obra da inexistência de uma teoria que o direcionasse a verificação empírica dos resultados da pesquisa a mando dos seus críticos. Pettigrew e Meertens defendem a assimilação da diferença cultural como manifestação do preconceito, fundamentando-se numa extensiva tradição teórica, assim como empírica e experimental da Psicologia social. Novamente confirmam assim o que haviam mencionado no seu artigo original de 1995, que “estas diferenças [culturais] são frequentemente lídimo; contudo o preconceito subtil enfatiza-as por meio de estereótipos ríspidos” (Pettigrew e Meertens, 1995, p. 58).

2.7.4. Preconceito e Relutância à imigração

Seguindo a inicial suposição de que, tal e qual o que já foi proferido por vários autores como Pettigrew e Meertens (1995) e para o quadro português Vala et. al. (1999), os tipos de expressões do racismo mais usais não são o bastante para perceber semelhantes comportamentos. Diante disso, é necessário explorar a assimilação da diferença cultural como base de uma ocultação do preconceito.

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2.8. A integração no mercado laboral

Existem várias organizações que ajudam os imigrantes a obterem um emprego, como é o caso da associação criada pela empresa Jerónimo Martins5, com o objetivo de ajudar os refugiados

a incorporar-se na sociedade portuguesa. Como também na Câmara Municipal de Braga existe o “Serviço de Apoio ao Emigrante e Imigrante”, com o propósito de ajudar a população imigrante a inserir-se através de um conjunto de medidas para as áreas de intervenção, com um trabalho vantajoso junto da comunidade imigrante. E depois temos o CLAIM, que tem como missão ir além da informação, apoia o processo do acolhimento e integração dos migrantes, articulando com as diversas estruturas locais e promove a interculturalidade a nível local.

2.8.1. O Trabalho

Para o imigrante a escolha de partir do seu país de origem, acarreta sempre um complicado processo de alternativas marcada por incentivos ou várias razões. Todavia, o sector económico na realidade encontra-se quase sempre influente ao longo da determinação. Indo um pouco mais além, é necessário verificar a existência de duas razões que suportam de algum modo a relevância deste fator que são: a “procura de emprego” e a “melhoria das condições de vida”.

Jackson (1986, p. 17-18), efetua nesta ótica, um diagnóstico das amostras que descrevem o porquê dos incentivos ou impulsos das migrações, deduzindo que de um modo genérico encontram-se sempre profundamente associados com as teorias associadas ao mercado laboral. Em primeiro lugar, as migrações são contempladas como fluxos de equilíbrio entre o locais com abundância de trabalhadores (lugar de regresso/partida) e local com ausência do mesmo (lugar de chegada). Mas tem de se dar importância à realidade de que este vínculo não é completamente claro e firme. É por esse motivo que outros fatores têm de ser considerados (as condições indispensáveis da sociedade de chegada, a sua representação social e cultural), tais como vantagens económicas (a multiplicidade de empregos). Isto dá a entender que o mercado laboral e todos os aspetos internos ou externos que estarão vinculados a ele, são o que instigam indubitavelmente a deliberação/escolha do imigrante como também o mercado. De acordo com certos autores, como Parnwell (1993, p. 101-102), que considerar que a migração, independente da sua duração, intervém não só no mercado laboral/economia, mas também no lugar de partida como o lugar de chegada. Tassinopoulos (1998, p. 11), que com base nas razões migratórias

5 O Serviço Jesuíta aos Refugiados é um programa que incluiu a formação prática em contexto de trabalho em diversas áreas do Grupo Jerónimo

Martins, nomeadamente, em lojas “escola” Pingo Doce na Grande Lisboa e na Cozinha Central de Odivelas. Conseguindo colocar no mercado de trabalho os 27 jovens migrantes em parceria com o Grupo Jerónimo Martins e o Agrupamento de Escolas Pintor Almada Negreiros.

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ligadas ao fator trabalho, identifica três motivos que clarificam de modo básico, o desempenho desta situação já que, uma delas concerne o capital humano e sua escolha que é alicerçada na estabilidade entre os custos/vantagens implícitos ao trabalho que poderá exercer ou exerce. Isto quer dizer que apesar da involuntariedade ser o incentivo primordial (como a fuga de atribulações políticas e religiosas ou de catástrofes naturais), de fato a necessidade de procurar emprego estará a todo o momento presente, por causa da imprescindibilidade de garantir a sua subsistência.

Ao examinar os fatores de incentivo que sustentam as decisões dos migrantes sendo elas quase em todos casos de teor económico que envolve frequentemente o foco laboral, isto significa que geralmente os indivíduos deixam o seu país de origem em busca de emprego noutro país, visando quase sempre melhorar as suas “oportunidades económicas” (Olmedo, 2002, p. 106-107). Ocasionalmente, os ofícios destes indivíduos têm condições de trabalho precárias e os direitos sociais são dubitáveis ou obscuro, e por vezes inexistente, com o claro objetivo de alcançar as oportunidades económicas através dos proventos obtidos para melhorar a sua qualidade de vida. Temos de ter em mente que os sacrifícios realizados pelos imigrantes em trabalhos com péssimas condições em benefício de uma melhor “qualidade de vida” deve de igual modo incluir os critérios das condições de trabalho.

Alguns parâmetros que são de igual importância, contudo de categoria auxiliar, sendo eles a língua, a longitude, os vínculos culturais, a existência de familiares no local de chegada e as políticas dos países de acolhimento. Não podemos esquecer a pertinência, no que concerne as consequências produzidas pelas migrações na esfera económica, especificamente nos trabalhos (Ob. Cit., 2002, p. 200-203). Isto pode causar uma perda de pressão no país de partida, posto que os níveis de desemprego diminuirão, libertando potenciais vagas de emprego para os indivíduos que permaneçam no país. Em contrapartida, as “verbas” enviadas causarão certos impactos no âmbito familiar e nacional, visto que são consideradas em vários cenários como “injeções de capital” para a própria economia.

A imigração incentiva mudanças nos agentes de produção, sendo capaz de também instigar as empresas na produção de novas vagas de emprego que serão de grande benefício para os cidadãos nacionais (Ferreira e Rato, 2000, p. 8-9). Embora que no geral a faixa etária preponderante dos imigrantes que se constituí principalmente de jovens e jovens adultos que chegam a ganhar uma remuneração abaixo da média pondo-os na categoria de mão-de-obra pouco exigente. De igual modo, é de grande importância o dinheiro adquirido por esse grupo, dado que o destino será para a família no país de origem, através de verbas do qual efetiva-se como um

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intermédio de “fuga de capitais”, que teria de ser introduzido de novo na economia nacional do país de acolhimento.

Há também o quadro que está relacionado com as aptidões profissionais que os trabalhadores obtêm pela experiência. Entretanto, há que considerar que estas aptidões profissionais obtidas diversas vezes dizem respeito só a área prática, se apresentando como insuficiente para o auxílio na elaboração de projetos que tenham benefícios. A realidade sobre a crença que os imigrantes poderão rejuvenescer a população do país de chegada torna-se numa vantagem a longo prazo, conforme incrementaria e rejuvenesceria a própria população ativa que decerto influenciaria com a economia do país. Isto significa o aumento das reservas de capital humano (acréscimo da mão-de-obra), a qual o país deixa de carecer por mão-de-obra estrangeira, incluindo os benefícios e prejuízo que procederá para cada parte. Em termos do caso europeu, constata-se que a imigração tem um efeito de refrear a repercussão negativa do envelhecimento, em relação a categoria de vida e o erário público. Apesar da estrutura etária de uma população com a adição deste novo grupo, resultar numa mudança interina, contudo jamais de modo profundo e basilar.

Os trabalhadores imigrantes são interpretados como um capital que serve de apoio no caso de carência, que trará vantagens para os dois lados, a isto dá-se a designação de “amortecedor”, como os três papéis da imigração já mencionados. Tomando assim a função de solucionar os desequilíbrios económicos, sobretudo quando se trata do mercado laboral.

2.8.2. A discriminação subtil no mercado laboral

Para começar, não podemos abordar este tópico sem antes realizar o delineamento do campo de composição que é altamente essencial para a discriminação subtil, devido a existência de uma quantidade plausível de divergência na literatura acerca deste fenómeno. O propósito aqui envolve não somente explicar a discriminação subtil, como também fazer o seu enquadramento nos numerosos ciclos consecutivos, cujo seu decurso indicará as variações da discriminação, da qual abrange a subtileza, formalidade e premeditação.

Jones et. al. (2016, p. 1591), define a discriminação subtil como uma “conduta ou modo de proceder nocivo ou ambivalente quanto às minorias socias assente no seu estatuto de integrante minoritário que não está completamente ciente e talvez propague uma intenção dúbia por parte das instituições nacionais”. Noutra perspetiva do continuum contempla-se a discriminação visível ou percetível, que se destaca como mais notável, definida como “um método

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