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REGINA GREYCE DA SILVA PEREIRA RIBEIRO UM OLHAR ÀS RÁPIDAS TRANSFORMAÇÕES NA SAÚDE DO TRABALHADOR DA INDÚSTRIA SUCROALCOOLEIRA NO MUNICÍPIO DA BARRA DO BUGRES - MT

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ESTADO DE MATO GROSSO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

REGINA GREYCE DA SILVA PEREIRA RIBEIRO

UM OLHAR ÀS RÁPIDAS TRANSFORMAÇÕES NA SAÚDE DO

TRABALHADOR DA INDÚSTRIA SUCROALCOOLEIRA NO MUNICÍPIO DA BARRA DO BUGRES - MT

(2)

ESTADO DE MATO GROSSO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

REGINA GREYCE DA SILVA PEREIRA RIBEIRO

UM OLHAR ÀS RÁPIDAS TRANSFORMAÇÕES NA SAÚDE DO

TRABALHADOR DA INDÚSTRIA SUCROALCOOLEIRA NO MUNICÍPIO DA BARRA DO BUGRES - MT

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Departamento de Enfermagem da Universidade do Estado do Mato Grosso Campus de Tangará da Serra como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem sob orientação do Prof. Me. Raimundo Nonato da Cunha França e sob coorientação Beatriz Fátima Alves de Oliveira.

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REGINA GREYCE DA SILVA PEREIRA RIBEIRO

UM OLHAR AS RÁPIDAS TRANSFORMAÇÕES NA SAÚDE DO TRABALHADOR DA INDÚSTRIA SUCROALCOOLEIRA NO MUNICÍPIO DA BARRA DO BUGRES –

MT

Monografia apresentada à Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, para obtenção do título de Bacharelado em Enfermagem, sob a orientação do Professor Ms.

Raimundo França e Co – orientação da Enfermeira Beatriz Fátima Alves de Oliveira.

BANCA EXAMINADORA DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

______________________________________________________________________

Professor Me. Raimundo Nonato da Cunha França. - Orientador Universidade do Estado de Mato Grosso - Campus de Tangará da Serra

Departamento de Letras

______________________________________________________________________

Enfermeira Fernanda Luiza de Mattos Silvestre

______________________________________________________________________ Professora Ms. Ana Lúcia Andruchak - Examinadora

Universidade do Estado de Mato Grosso – Campus de Tangará da Serra

Departamento de Letras

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DEDICATÓRIA

Aos milagres da minha vida, que com minha ausência sofreram os impactos das minhas decisões, mais souberam suportar, compreender, resistir, aprender e a conviver com essas escolhas e continuam me amando incondicionalmente.

TERACS, THIERRY E GASPAR meus filhos queridos e muito amados – meus três Mosqueteiros.

TELES meu companheiro incansável quem sempre me deu forças, ânimo e suporte para continuar o que muitas vezes pensei em desistir;

A NAIARA minha filha do coração e a RAFAELA minha nora querida;

Aos meus pais e aos meus irmãos e sobrinhos; Em especial as minhas irmãs ANDREYA e ADRYANA, meus ombros mais que companheiros nesta caminhada de idas e vindas.

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AGRADECIMENTOS

A Deus causa primária de tudo, soberanamente justo e bom, razão da minha existência, quem me deu inteligência e oportunidade de concretizar o que edifica de forma primorosa. Agradeço a Deus do céu por tudo e por todos. Obrigada Senhor!

Ao amado Professor Mestre Raimundo Nonato da Cunha França pela orientação e paciência dado à realização deste trabalho.

A minha querida e admirável amiga co-orientadora, com muito carinho Beatriz Fátima Alves de Oliveira.

Aos meus professores pelos conhecimentos a mim transmitidos com carinho e dedicação.

A banca de aprovação desta pesquisa composta pelo orientador Raimundo, a Professora Me. Ana Lúcia Andruchak e a Professora Enfermeira Fernanda Luzia de Mattos Silvestre.

Aos funcionários da coordenação e do departamento de enfermagem, da biblioteca e tantos outros que me deram atenção em atividades diversas na UNEMAT.

Aos funcionários da Usina Barralcool em especial ao Doutor Amadeu Ferrari e a Coordenadora do Ambulatório Betizabete que me atenderam com enorme paciência e despenderam de tempo de suas atividades para me atenderem e contribuírem para a realização do meu Trabalho de Conclusão de Curso.

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SIGLAS

AT: Acidentes de Trabalho

BIREME: Biblioteca Virtual em Saúde

CATs: Comunicações de Acidentes de Trabalho CAPS: Caixas de Aposentadorias e Pensão

CEREST: Centros Estaduais e Regionais de Referência em Saúde do Trabalhador CIPATR: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural CIPS: Carteira de Trabalho e Previdência Social

COSAT: Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde CCQs: Círculos de Controle de Qualidade

CME: Central de Material Esterelizado CLT: Consolidação das Leis do Trabalho

CRST: Centros de Referência em Saúde do Trabalhador DIESAT: Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho DORT: Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho Dr: Doutor

EPI:Equipamento de Proteção Individual Enafit: Encontro Nacional dos Auditores Fiscais FCC: ferimentos com cortantes

FUNRURAL: Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural IAPS: Institutos de Aposentadoria e Pensões

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INAMPS: Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social INPE: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

INMET: Instituto Nacional de Meteorologia INSS: Instituto Nacional do Seguro Social

ISO: International Organization for Standardization Km: Quilômetro

LER: Lesão por Esforço Repetitivo

LILACS: Literatura Latino Americana em Ciências da Saúde LOS: Lei Orgânica de Saúde

MTE: Ministério do Trabalho e Emprego

MPT/MT: Ministério Público do Trabalho do Estado do Mato Grosso MS: Ministério da Saúde

NOST: Norma Operacional de Saúde do Trabalhador NR: Normas Regulamentadoras

NRR: Normas Regulamentadoras Rurais OIT: Organização Internacional do Trabalho OMS: Organização Mundial de Saúde PROALCOOL: Programa Nacional do Álcool PNST: Política Nacional de Saúde do Trabalhador PST: Programas de Saúde do Trabalhador PST: Programas de Saúde do Trabalhador PSFs: Programa de Saúde da Família

PCMSO: Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional RENAST: Rede Nacional de Atenção à Saúde do Trabalhador RX: Raio X (Radiografia)

S/A: Sociedade Anônima

SEPATR: Serviço Especializado emPrevenção de Acidentes do Trabalho Rural SINAN-NET: Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SUDS: Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde SUS: Sistema Único de Saúde

SCIELO: Scientific Eletronic Library On Line

SRTE/MT: Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Mato Grosso SSST: Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho

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LISTA DE GRÁFICOS

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...10

METODOLOGIA...102

1 REFERENCIAL TEÓRICO ...17

1.1 Trabalho e Capital...210

2 EVOLUÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E AS AÇÕES ASSISTENCIAIS...29

2.1 Saúde do Trabalho e o Trabalhodor no Brasil...32

3 BASES LEGAIS AS ATENÇÃO À SAÚDE DOS TRABALHADORES RURAIS...39

3.1. Na esfera do Ministério do Trabalho...40

3.2 Na esfera do Ministério da Previdência Social...410

3.3 Na esfera do Ministério da Saúde...42

3.4 Diplomas Legais de outros setores e Ministérios...42

4 O TRABALHADOR BRAÇAL DAS INDÚSTRIAS SUCROALCOOLEIRA...44

5 ÁNALISE DOS DADOS ...48

5.1 Análise de dados da pesquisa...52

CONSIDERAÇÕES FINAIS...54

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RESUMO

O setor sucroalcooleiro apresentou nos últimos tempos uma crescente expansão, onde o aspecto relacionado à saúde e condições de trabalho dos trabalhadores desse setor tem sido objeto de discussões na sociedade. Tendo em vista o impacto do desgaste dos trabalhadores cortadores de cana de açúcar, o recente estudo analisou o tratamento dispensado para estes trabalhadores, na usina Barralcool/MT, através de levantamento de dados sobre a saúde, ambiente de trabalho e doenças que mais afetaram potencialmente esses trabalhadores. O estudo foi realizado com base em entrevistas de campo com questionário semi-estruturado, observações diretas e consultas bibliográficas pertinentes. Essa pesquisa procurou evidenciar no setor sucroalcooleiro o modo como se organiza o trabalho e o processo de produção e assim poder implementar mudanças visando à melhoria das condições de trabalho e qualidade de vida dos cortadores de cana de açúcar.

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ABSTRACT.

The alcohol sector had in recent times a growing expansion, where the aspect of health and working conditions for employees in this sector has been the subject of discussion in society. Given the impact of the erosion of workers in sugar cane cutters, the recent study examined the treatment for these workers, the plant Barralcool / MT, through a survey of data on health, work environment and diseases that affect more potentially these workers. Based on field interviews with semi-structured questionnaire, direct observations and bibliographical queries. It was essential to investigate how work is organized and the production process and thus be able to implement changes to improve working conditions and quality of life of the sugar cane cutters.

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INTRODUÇÃO

A cana de açúcar foi o primeiro vegetal de que o homem lançou mão para a extração do açúcar, foram em 1947, inaugurados os processos industriais para essa atividade. Para o Brasil foi trazida em 1530 pelos colonizadores portugueses, cultivada pelos os escravos, funcionava como o sustentáculo econômico no período das capitanias hereditárias, tanto assim que os historiadores afirmam que a introdução da cana-de-açúcar no país, quase se confunde com a história da civilização de nossa pátria. Desta maneira, a história do cultivo da cana-de-açúcar atravessa a história brasileira até os dias atuais, fundando toda uma forma de organização social assentada no império da cana, bem como construindo relações de trabalhos específicos ao longo desse período.

O trabalho é um dos elementos que mais interferem nas condições, qualidade e saúde de vida do homem. Muito das lutas travadas por direitos trabalhistas que ocorrem estão ligadas as demandas dos trabalhadores por um ambiente de trabalho saudável, pela própria existência e pelas enfermidades relacionadas à atividade produtiva. Nesse quesito é ilustrativo o exemplo apresentado por Marx acerca das relações de produção e como estas corroboram para as condições de super-exploração do trabalhador através da Mais-Valia, que segundo Marx (1969), seria o processo de extração do lucro através do aumento do número de horas dedicadas ao trabalho pelo trabalhador, intensificando a quantidade produtiva e limitando o pagamento por estas, um valor mínimo, bem inferior a que fora produzida pelo trabalhador.

Somente na década de 40 é que os problemas causados pelo trabalho no Brasil começaram a ser estudado. A portaria 3.214 de 08 de junho de 1978 do Ministério do trabalho estabeleceu normas regulamentadoras que orientam as obrigações das empresas em relação ao trabalho e quando estas não estão conforme as necessidades são modificadas através de uma nova portaria.

A saúde do trabalhador é um campo específico da área de saúde pública, que procura atuar através de procedimentos próprios, com a finalidade de promover e proteger a saúde das pessoas envolvidas no exercício do trabalho.

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sofrer, adquirir ou desenvolver no local de trabalho, no trajeto entre a residência e o local de trabalho ou na prestação de serviço para o empregador, independente de ter carteira assinada e do local onde o dano à saúde ocorreu.

Perante a importância da cultura de cana de açúcar para o Brasil, e principalmente na região sudoeste de Mato Grosso, considerando-se o grande número de trabalhadores envolvidos e a escassez de pesquisas nessa área, este estudo teve por intuito analisar o processo de trabalho da indústria sucroalcoleira e seus impactos na saúde do trabalhador de Barra do Bugres/MT, procurando saber retratar como é tratada a saúde do trabalho a partir de pesquisa quali-quantitativa.

O trabalho está dividido em cinco capítulos: No primeiro capítulo - Referencial Teórico – procuramos contextualizar o problema de pesquisa a partir da literatura encontrada sobre a relação Trabalho, Cana-de-açúcar e Saúde.

No segundo capítulo – Evolução do Sistema Único de Saúde e as Ações Assistenciais – expomos sobre a consolidação da saúde como política pública e a regulamentação do SUS com a ampliação do olhar para a coletividade e a implantação do programa Saúde do Trabalho.

O terceiro capítulo – Bases Legais da Atenção à Saúde dos Trabalhadores Rurais – expõe sobre as normas regulamentadoras que amparam os trabalhadores rurais dentro do cumprimento da lei vigente em nosso país.

O quarto capítulo - O Trabalhador Braçal das Indústrias Sucroalcooleira – trata-se da história da cana de açúcar relativa à segurança e a saúde do trabalhador de base do setor sucroalcoleira, o cortador de cana de açúcar.

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METODOLOGIA

Este capítulo apresenta os procedimentos metodológicos, ou seja, os métodos e as técnicas que foram utilizadas na elaboração da pesquisa.

Severino (2002) destaca que a metodologia é um conjunto de métodos ou caminhos percorridos na busca do conhecimento. Sendo assim, a pesquisa é um conjunto de procedimentos sistemáticos fundamentados no raciocínio lógico objetivando encontrar soluções para problemas propostos, mediante utilização de métodos científicos.

1. DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo que quanto à natureza classifica-se como quantiqualitativa, quanto aos fins tem abordagem descritiva e quanto aos meios classifica-se como pesquisa bibliográfica, documental e de campo, onde utilizamos a aplicação de questionário semi-estruturado para facilitar a análise de dados.

Quanto à escolha pelo método quantiqualitativo se deu por este ser um método que associa análise estatística a investigações dos significados das relações humanas privilegiando a melhor compreensão do tema a ser estudado facilitando assim a interpretação dos dados obtidos (FIGUEIREDO, 2008).

Lakatos & Marconi (2001) destacam que a pesquisa bibliográfica procura explicar um assunto, a partir, de referências teóricas as quais já foram publicadas. No qual tange a finalidade da pesquisa e colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, falado ou filmado sobre determinado assunto.

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relacionadas para o objetivo deste trabalho. Ressalta-se que o levantamento das obras on line foram analisados nos períodos de Outubro de 2009 a Março de 2010, dados estes que facilitaram a sistematização das informações obtidas.

Os dados documentais, foram obtidas com base em documentos internos da empresa, folders e registros pessoais do médico trabalhista. Vergara (2004) explica que a investigação documental é a realizada em documentos conservados no interior de órgãos públicos e privada de qualquer natureza ou com pessoas: registros, regulamentos, comunicações formais e informais, filmes, fotografias, disquetes, diários, cartas pessoais, folders, dados da intranet, dentre outros.

É interessante elucidar que o estudo descritivo é o tipo de estudo que permite ao pesquisador a obtenção de uma melhor compreensão do comportamento de diversos fatores e elementos que influenciam determinado fenômeno (VERGARA, 2004).

Perante a importância da cultura de cana de açúcar para o Brasil, e principalmente na região sudoeste de Mato Grosso, considerando-se o grande número de trabalhadores envolvidos nas usinas sucroalcooleiras e a escassez de pesquisas nessa área, este estudo tem a pretensão de desvendar os determinantes de trabalho e do desgaste desses trabalhadores o qual acreditamos oferecer importantes contribuições, procurando entender o comportamento desses trabalhadores e os cuidados dispensados por eles e pelas empresas frente à questão da saúde/trabalho.

2. POPULAÇÃO E ÁREA DE ESTUDO

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temperatura média de 25°C e umidade relativa do ar em torno de 80%, podendo atingir 25% ou menos em período de seca extrema, em fins de julho/agosto (INMET,). Está incluído na área de bioma amazônico com ciclos bem definidos de seca e chuva. A localização da Usina Barralcool pode ser observada na figura 1.

Figura 1. Localização geográfica da Usina Barralcool no município de Barra do Bugres-MT.

A Barralcool é produtora de energia limpa, ecológica, renovável e de alto valor social apresentando uma constante preocupação com o meio ambiente sendo certificada pelo ISO 9001/2000. Realizará sua 27ª safra em 2010, com capacidade instalada de 15000 toneladas de cana por dia e processo industrial de 90% de automação.

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para a realização desta pesquisa, além de estar localizada perto da instituição que permeia este estudo.

Em seu projeto inicial o estudo tinha como objetivo apenas a saúde do trabalhador braçal, o cortador de cana-de-açúcar, mas no decorrer da procura de colaboradores como sindicato rural e o hospital regional do município de Barra do Bugres que era o foco das áreas a serem pesquisadas além da Usina estes não detinham informações referentes à saúde e nem dados relevantes e ou notificações de Acidentes de Trabalho (AT) desses trabalhadores, tornando inviável o objetivo restrito da pesquisa.

Diante da prerrogativa oferecida na Usina Barralcool, através de um de seus Diretores que apresentou a empresa e médico trabalhista Dr. Amadeu Ferrari e a Técnica em enfermagem do trabalho Betizabete Magalhães de França responsáveis pelo ambulatório, com os quais obtivemos as informações e dados necessários que permearam o desenvolvimento deste estudo, contemplando os atendimentos médicos e ambulatoriais dentro de uma grande empresa da área sucroalcooleira, e isso levou a população de amostras maiores e de certa forma também aos trabalhadores braçais que eram a primeira instância deste estudo. Além das coletas dos dados das quantidades de atendimentos médicos e ambulatoriais e das patologias que mais acometem esses trabalhadores da usina também foi feita, com a técnica de enfermagem do trabalho responsável pela coordenação do ambulatório uma entrevista com questões semi-estruturadas sobre a rotina do posto.

A fase de observação in loco ocorreu nos meses de janeiro e março permitindo acompanhar e observar um pouco da rotina desse ambulatório em que sua estrutura física equivale a uma policlínica (empresa de grande porte com mais de cem funcionários pela legislação devem oferecer esse tipo de atendimento). A estrutura física contém duas enfermarias com seis e oito leitos (feminina e masculina), dois consultórios (médico trabalhista e especialidades fonoaudióloga e fisioterapia), salas de: medicação e curativo; espera; RX; recepção, Centro de Materiais Esterilizados (CME), expurgo, copa-cozinha, dispensa, garagem além de 1 ambulância e uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móvel. A equipe é composta por um médico trabalhista, cinco técnicos de enfermagem do trabalho, uma recepcionista, três funcionários de limpeza, três motoristas, uma fonoaudióloga e uma fisioterapeuta estes comparecem para atendimentos agendados. A empresa oferece plano de saúde e atendimentos terceirizados.

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transferidos e encaminhados para o hospital regional de Barra do Bugres e são acompanhados durante todo o tempo de tratamento (funcionários sem plano de saúde, principalmente os temporários) sob a responsabilidade da empresa.

No ano de 2006 a empresa contava com mão de obra de 3600 funcionários na safra, sendo 3.100 no campo, sendo o corte de cana 100 % manual, e até aqui sem automação da colheita, agora em 2010 no campo não passa de 1500 funcionários sendo mais ou menos 750 de contratação temporária, sendo o corte de cana 40% manual, com 60% da automação na colheita.

Seguindo a lógica do modo de produção capitalista, as Usinas Barralcool destacam-se pela acentuada estratificação social, destacam-sendo que os cortadores de cana compõem a badestacam-se da pirâmide sócio-econômica e possuem um tratamento bastante diferenciado dos outros trabalhadores, morando em alojamentos dentro do território da própria empresa. Enquanto os funcionários mais graduados residem com suas famílias no centro do próprio município.

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1.

REFERENCIAL TEÓRICO

A lavoura da cana-de-açúcar foi à primeira forma de cultivo a ser instalada no Brasil, ainda na primeira metade do século XVI, tendo seu cultivo ampliado da faixa litorânea para o interior. No Nordeste, depois de passar da Zona da Mata para o Agreste, migrou para as manchas úmidas do Sertão. Durante o século XVIII, o eixo da expansão econômica da colônia portuguesa na América se deslocou do Nordeste açucareiro para a região das Minas Gerais. O escravo, era a força motriz de toda a riqueza colonial, utilizados nas fazendas produtoras fossem para exportação ou para subsistência. A produção de açúcar, isto é, a manufatura do produto era feita nos engenhos, que podiam ser movidos pela energia hidráulica ou pela força física de animais e/ou escravos. O trabalho exigido dos escravos sempre se mostrou extenuante. As jornadas de trabalho eram longas, mais de 14 horas por dia, a ponto de alguns dormirem em pé e se acidentarem. A expectativa de vida desses escravos não passava de dez anos em média, por ano de trabalho e sua saúde nem se quer era questionada. (PAZZINATO & SENISE, 2002).

Nos anos oitenta, as agroindústrias canavieiras da região expandiram-se, graças aos incentivos e subsídios governamentais advindos com a implantação Programa Nacionais do Álcool (PROALCOOL), que intensificou o processo de subordinação da agricultura a indústria com a mecanização. A partir deste programa, a economia do açúcar e do álcool assumiu grande importância no contexto socioeconômico regional (Alves, 1991). Iniciou-se uma nova fase de reestruturação produtiva do setor que veio consolidando um modelo de crescimento econômico capitalista gerando inúmeros impactos negativos do ponto de vista sócio-ambiental, destacando a precariedade das condições de vida e trabalho na agricultura canavieira (ALESSI & SCOPINHO, 1994).

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desenvolvimento do progresso técnico, por um lado, tem significado desemprego e, por outro, a intensificação do ritmo de trabalho, o que tem afetado seriamente a saúde e a segurança no trabalho (SCOPINHO, 1995, 1996; SCOPINHO & VALARELLI, 1995).

As Normas Regulamentadoras Rurais (NRR), relativas à segurança e higiene do trabalho rural são de observância conforme disposto no artigo 13ª da lei número 5889 de oito de junho de hum mil novecentos e setenta e três, o que não os desobriga os empregadores e trabalhadores do cumprimento de outras disposições que sejam baixadas pelos Estados, Municípios, bem como de convenções coletivas do trabalho. A Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho – SSST é o órgão de âmbito nacional competente para coordenar, orientar, controlar e supervisionar as atividades relacionadas com a segurança e higiene do trabalho rural.

A saúde do trabalhador constitui uma área da saúde pública que tem como objeto de estudo e intervenção as relações entre o trabalho e a saúde. Tem por objetivos a promoção e a proteção da saúde do trabalhador, por meio do desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e condições de trabalho, dos agravos à saúde do trabalhador e a organização e prestação da assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma integrada, no Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS tem seus princípios estabelecidos na Lei Orgânica de Saúde (LOS), com base no artigo 198 da Constituição Federal. Os princípios da Universalidade, Integralidade e da Equidade chamados de princípios ideológicos ou doutrinários, e os princípios da descentralização, da regionalização e da hierarquização de princípios organizacionais.

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processo social, porque está direta ou indiretamente relacionado às condições de vida e trabalho dos indivíduos, e que os trabalhadores organizados também são sujeitos ativos nos processos de investigação e de construção do conhecimento sobre a saúde e a segurança no trabalho. Os trabalhadores tanto podem adoecer de forma genérica, dependendo do espaço e do tempo histórico em que eles vivem como também de modo específico, dependendo do modo como se organiza e realiza o trabalho que eles executam para sobreviver (LAUREL & NORIEGA, 1989).

Os Programas de Saúde do Trabalhador (PST) desenvolvidos na rede pública de serviços de saúde, por sindicatos de trabalhadores e hospitais universitários, foram direcionados para desvelar o adoecimento relacionado ao trabalho e incorporar a participação dos trabalhadores, valorizando seus relatos sobre as condições de trabalho, considerando-os sujeitos das ações de saúde e dando visibilidade ao problema na sociedade (Costa et al., 1989). A incorporação dessas questões nas práticas cotidianas de sindicatos de trabalhadores mais organizados foi reforçada pelas assessorias de saúde e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (DIESAT) (Ribeiro & Lacaz, 1984). Essas iniciativas se espalharam pelo país, alimentando o processo social de discussão e organização da luta pela melhoria das condições de vida e de trabalho digno e saudável, alicerces do movimento da Saúde do Trabalhador (LACAZ, 1996).

A VIII Conferência Nacional de Saúde, em março de 1986, contribuiu para reafirmar à sociedade brasileira a saúde como direito de cidadania e dever do Estado provê-la. Em dezembro do mesmo ano, foi realizada a I Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador que marcou politicamente o movimento da instituição desse campo (MINISTÉRIO DA SAÚDE/FIO CRUZ, 1987).

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importante de mobilização técnica e política, e palco de acirrada disputa quanto aos espaços de atuação dos Ministérios do Trabalho e da Saúde (MS, 2002).

A área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde (COSAT) concentrou esforços em um amplo processo de capacitação técnica, para as ações de Vigilância e na Atenção Básica da Saúde; a elaboração de protocolos, normas e diretrizes, entre as quais, a Norma Operacional de Saúde do Trabalhador (NOST); a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho e o Manual de Procedimentos para orientar as ações de Saúde do Trabalhador na rede de serviços de saúde, publicado em 2001; o desenvolvimento de indicadores de saúde do trabalhador para os Sistemas de Informação em Saúde, e uma proposta de Política Nacional de Saúde do Trabalhador, colocada em consulta na sociedade, em 2001 (Manual de Gestão e Gerenciamento, 2006). Além das atividades desenvolvidas por distintos setores sociais, o trabalho dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST), na rede de serviços de saúde, contribuiu para a construção de uma atenção diferenciada à saúde dos trabalhadores no SUS, como expressão da luta organizada dos trabalhadores por melhores condições de vida e trabalho e da ação de tutela da saúde dos cidadãos pelo Estado.

A partir de 2003, a coordenação da Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde priorizou a implementação da Rede Nacional de Atenção à Saúde do Trabalhador (RENAST) como a principal estratégia da Política Nacional de Saúde do Trabalhador (PNST) para o SUS (MS, 2004). Para isto, foi organizado um suporte técnico regionalizado para assessorar o processo de implementação da RENAST, prioritariamente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Também, buscou-se ampliar e consolidar a articulação intra-setorial, no âmbito do Ministério da Saúde, em particular com a Atenção Básica; retomar o processo de discussão técnico-político de definição de uma Política de Saúde do Trabalhador para o SUS e de uma Política Nacional de Saúde do Trabalhador, de caráter intersetorial, envolvendo os Ministérios do Trabalho e Emprego e Previdência, organizando assim uma rede de centros colaboradores em Saúde do Trabalhador.

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informação consistente e ágil sobre a situação da produção e o perfil de adoecimento relacionado ao trabalho.

A problemática busca identificar o tratamento que está sendo dado à saúde do trabalhador cortador de cana, dentro das empresas contratantes e se os órgãos públicos responsáveis também pela saúde do trabalhador estão atuantes quanto à vigilância para o cumprimento das normas regulamentadoras. Esse levantamento deverá ser obtido através de anamnese ocupacional, onde será levantado o perfil do trabalhador cortador da cana de açúcar e as doenças que acometem esse trabalhador das empresas sucroalcooleiras implantadas na região sudoeste do Estado de Mato Grosso.

1.1 Trabalho e Capital

O trabalho ocupa um papel muito importante na vida de uma pessoa como seu meio de deter valores e riquezas. É através dele que o sujeito é reconhecido na vida social, na família, constituindo uma identidade e encontrando caminhos legítimos para reivindicação dos seus direitos. Portanto, o trabalho interfere nas condições de vida e saúde da população trabalhadora, gerando conflitos e mudanças ao longo da história (BANDEIRA ET AL, 2008). Assim o trabalho pode ser encarado como modelo, como base, como o fenômeno que dá origem ao ser social. Ele está no centro do processo de humanização do próprio homem.

Segundo Costa (1989), o trabalho interfere nas condições de vida e saúde da população trabalhadora gerando conflitos e mudanças ao longo da história. Sendo assim é através do trabalho que o homem começa a ter domínio sobre a natureza, passa a ser sujeito ativo na conformação de seu destino e não mais apenas um elemento passivo que sofre um destino e que não teria forças para modificar.

No trabalho, o sujeito deveria ter possibilidades de criação, reinvenção, construção coletiva, prazer, realização de seus desejos e produção de novos anseios. Mesmo havendo uma coletividade nos Modos de Produção1, o trabalhador é desprovido dos lucros. Eles não

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são donos de sua produção, seus investimentos são na direção do fora de si mesmos, as expectativas não são deles, trabalham para cumprir metas que não são estipuladas por eles, para atender a um desejo que não lhes pertence, isso é o dito capitalismo (BANDEIRA ET AL, 2008). Nessa perspectiva, o trabalho aparece como meio de consecução das finalidades últimas do Capital, ou seja, acumulação de lucro. Todavia, muitas alterações foram feitas que complexificação esse raciocínio do trabalho como de instrumento puro e simples da reprodução do Capital.

Não bastante, faz-se necessário destacar que tanto o Trabalho quanto o Capital têm sofrido modificações estruturais. O primeiro tem sido gradativamente transformado em simples instrumento de reprodução do Capital e perdido sua capacidade de criação, isto é, Trabalho criativo. O segundo busca alternativas para retomar seus níveis de acumulação, que se expressam em novas formas de gestão e controle do trabalho, e obter a ampliação da exploração da força de trabalho, pela mais-valia relativa (inovação tecnológica) e pela mais-valia absoluta (ampliação do ritmo de trabalho).

Bandeira (idem) aborda que o mundo do trabalho capitalista não é algo estável, tem apresentado múltiplas faces, dependendo da época, foi modificado e influenciado por diversas teorias e linhas de pensamento como o Taylorismo, o Fordismo, o Toyotismo e, mais recentemente, os novos modelos de gestão, baseados na excelência da acumulação flexível e qualidade total. O mesmo afirma que todos esses processos provocam impactos no mundo do trabalho e na vida dos trabalhadores.

O Fordismo e o Taylorismo, que predominaram em grande parte da indústria capitalista, apresentam ainda como característica, “[...] separação entre a elaboração e a execução no processo de trabalho: fragmentação das funções, trabalho parcelar pela existência de unidades fabris concentradas e verticalizadas e pela construção e consolidação do operário-massa, do trabalhador fabril”. (ANTUNES, 1995).

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uma máquina, que pode ser controlada, acionada por botões, acelerada, ritmada, precisa e desativada ao fim do dia, ou descartada quando não servisse mais.

Posteriormente o Fordismo apresenta uma separação entre gerência, concepção, controle e execução ante um novo tipo de reprodução da força de trabalho, no reconhecimento explícito de que produção em massa significava consumo em massa (HARVEY, 1995), construindo uma cultura e um modo de vida, firmando “um esforço coletivo” para criar, com velocidade sem precedentes e com uma consciência sem igual na história, um novo tipo de homem, um novo tipo de trabalhador. Dessa maneira, o que passa a determinar o sentido da produção agora são as máquinas. Elas ditam os ritmos, impõem posturas corporais, determinam o número de trabalhadores necessários, entre outras coisas. Todo o processo de produção agora é comandado pelas máquinas. É a linha de produção, a linha de montagem, a produção em série. Inventou-se aí, a escala de produção mundial.

Já o Fordismo almejava construir um novo padrão de consumo da classe trabalhadora e não consistia somente numa nova teoria administrativa, e sim numa tecnologia de produção de um novo modelo civilizatório, vinculando os paradigmas da produção a novos padrões de consumo. Isto significava amarrar as idéias de produção em massa=consumo em massa, expressão esta sugerida por Lopes (2000).

Nesse período, o capitalismo atingiu altas taxas de expansão mundial e durante esse processo de expansão do capitalismo, desenvolvem-se políticas sociais e de emprego afinadas com as exigências de produtividade e de lucratividade das empresas sob controle do grande capital. Essa intervenção regulacionista, longe de ser universal, é voltada unilateralmente para a força de trabalho economicamente ativa e inserida no sistema produtivo (ABRAMIDES & CABRAL, 1995).

Com isso o aumento gradual do capital constante sobre o capital variável é acompanhado pelo aumento da produtividade do trabalho, o que leva, mantida a taxa de mais-valia2, à queda da taxa de lucro e, por conseguinte, a crises, ou melhor, a novas crises. Essas transformações ocorridas no Mundo do Trabalho, notadamente, a partir de Taylorismo e Fordismo, transformaram substancialmente a concepção de trabalho e, por conseguinte, estão dentro da evolução do sistema capitalista. De forma, que os países que vivem sob o manto capitalista e mesmo alguns países com perspectiva socialista adotaram idéias do chamado Fordi-Taylorismo.

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Segundo Soares (2005) no Brasil, neste período, houve rápido e substancial crescimento da dívida externa e do processo inflacionário, bem como o inicio do processo recessivo com aumento do desemprego e do arrocho salarial para a classe trabalhadora e marcando também o início de um período de recessão. Esse acontecimento configura a derrota do movimento sindical operário, que consolidou o terreno político para a hegemonia do pacto especificado, e consubstanciou um sindicalismo nos marcos da institucionalidade, com garantia de um terreno seguro para o movimento do capital nos países periféricos, incluindo-se aí a América Latina, e entre eles o Brasil.

No âmbito da produção, a crise instaurada demonstrou que o Fordismo era um sistema rígido que não conseguiu dar respostas rápidas para superar os obstáculos que se apresentavam naquele novo contexto. No Japão, ao contrário, onde a produção baseava-se no modelo Toyotista à produção já adotava os princípios da flexibilidade produtiva, por conseguinte, um sistema produtivo mais ágil e capaz de responder de forma mais eficiente às novas exigências de um mercado em crise e com profundas contradições. As transformações econômicas e sociais ocorridas, associadas ao acirramento da concorrência mundial no mundo capitalista e ao emprego de novas tecnologias, configurando o que se convencionou chamar de Terceira Revolução Industrial, contribuíram para afirmar e moldar um novo processo de acumulação de tipo flexível. Dessa forma, comparando com o Fordismo, Harvey assim delineia os traços da nova estrutura produtiva:

A acumulação flexível, como vou chamá-la, é marcada por um confronto direto com a rigidez do Fordismo. Ela se apóia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracterizam-se pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimentos de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional. (HARVEY, 1999).

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O mesmo autor ainda aponta para as mudanças ocorridas pela inserção da tecnologia, da automação, da robótica e da microeletrônica na produção. Segundo ele, o Fordismo, o Taylorismo e o toyotismo convivem agora com outros processos de trabalho emergentes, como o neofordismo, o neotaylorismo o pós-fordismo. O autor ressalta que “o cronômetro e a produção em série e de massa são ‘substituídos’ pela flexibilização da produção, pela ‘especialização flexível’, por novos padrões de busca de produtividade, por novas formas de adequação da produção à lógica do mercado”.

Ainda segundo este autor, há uma tendência a eliminar a alienação do trabalho através da recusa da produção em massa e aumento de uma flexibilidade, buscando a descentralização produtiva em médias e pequenas empresas, por ele denominada artesanais. No entanto, mesmo esta chamada acumulação flexível ainda é uma forma própria do capitalismo e mantém suas bases de produção, pois é voltada para o crescimento, se apóia na exploração do trabalho vivo e tem uma intrínseca dinâmica tecnológica e organizacional. Isso levou a um retorno da superexploração do trabalhador através da geração de um excedente de força de trabalho e ao crescimento do setor informal além do retrocesso da ação sindical.

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Os CCQs e TQCs são instrumentos diretos de propagação que estabelece o envolvimento do trabalho ao capital, com uma nova lógica organizacional onde o trabalhador passa a ser o controlador de si mesmo esse debate estabelece-se a fim de traçar metas e objetivos para que o trabalhador possa se destacar na empresa, como forma de amenizar os processos de luta da classe trabalhadora em seu campo de autonomia e independência de classe. O “sindicato-casa” é incentivado, na condição de organização para ser o interlocutor dos trabalhadores que são denominados pela empresa de “colaboradores”, e o que se confirma em todo o processo produtivo é a ampliação da exploração da classe trabalhadora.

Entre os esquemas participativos, o que teve maior difusão no Brasil é dos CCQ - Círculos de Controle de Qualidade. A aceitação da idéia ao nível da comunidade empresarial deve-se tanto à sua operacionalidade não exige nenhum investimento maior (a princípio) e não altera a estrutura formal da empresa, quanto à sua flexibilidade, e é aplicável a qualquer tipo de empresa. O CCQ tem sido utilizado em várias empresas com bastante sucesso (MARTINELLI & CARDOSO, 2000). Outra decorrência que se evidencia, no caso brasileiro, é o processo de desindustrialização que vem sucedendo em grandes centros industriais com a migração das empresas para o interior e para outros Estados que oferecem redução nos custos, liberação de impostos e força-de-trabalho mais barata e menos organizada. O receituário produtivo apresenta ainda como características a complexificação e a heterogeneidade da classe trabalhadora; o trabalho operado em equipe, apresentando multiplicidade e flexibilidade de funções; e a ampliação e diversificação das formas de exploração do trabalho humano, acarretando o desemprego tecnológico, associado ao forte desemprego estrutural inerente à profunda crise do capital confirmada por Antunes (1999) que refere à competitividade e a concorrência intercapitalista que produz a destruição ou a precarização, sem precedentes na era moderna, da força humana que trabalha e a degradação crescente que destrói o meio ambiente, na relação metabólica do homem com a natureza no processo de produção de mercadorias e valorização do capital.

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equivalente de capital, além de pagar preços irrisórios pela força de trabalho, que após um longo processo histórico de expropriação e violência, muito bem traçado por Martins (1995), vende aquilo que é muitas vezes a sua única e mais valiosa mercadoria - a força de trabalho - na medida em que, aos olhos do capital, o trabalhador é livre e responsável por seus próprios atos.

No Brasil, o processo de reestruturação produtiva aponta tendências ou experiências já sentidas em países industrializados, no que se refere tanto à questão da exploração do trabalho como à redução dos direitos trabalhistas. Mediante novas formas de gestão da produção e do trabalho, do processo de terceirização da mão-de-obra e da precarização do trabalho, o movimento sindical brasileiro também enfrenta problemas. Com a ressalva de que os sindicatos mais organizados, de categorias ligadas a setores mais modernos, a grandes empresas, possuem maior poder de barganha, maior capacidade de reação e de negociação, mesmo que nem sempre bem sucedido (OLIVEIRA, 1997).

Num cenário em que se verifica o aumento do trabalho morto em detrimento do trabalho vivo, contraditoriamente, a ciência interage com o trabalho sem se sobrepor ao valor, porém participa intrinsecamente de seu mecanismo de geração, pois esta é a necessidade do capital no seu processo de valorização. Apesar do aumento do trabalho morto, as máquinas informatizadas, ou inteligentes não poderão substituir os trabalhadores, pois no processo de desenvolvimento e de utilização dessas máquinas há o dispêndio do trabalho intelectual do operário, “que ao interagir com a máquina informatizada acaba também por transferir parte dos seus novos atributos intelectuais e cognitivos à nova máquina” (ANTUNES, 1999).

Devemos ressaltar, no entanto, que a subordinação material do trabalho ao capital, não desapareceu nesse cenário de novas tecnologias microeletrônicas. Ao contrário, temos o restabelecimento do antagonismo entre o indivíduo e o processo material, levando-nos a crer no surgimento de um novo estranhamento, posto que a subsunção real do trabalho ao capital ganha novo sentido, ou seja, a subordinação formal-intelectual. Esse novo estranhamento não se expressa apenas entre o operário polivalente e o produto de seu trabalho, mas também entre esse e o processo de trabalho, pois mesmo que tais operários possuam autonomia sobre o trabalho, eles continuam submetidos à máquina e, portanto, ligados a um trabalho estranhado como no Taylorismo, visto que a própria lógica capitalista os impede de comandar o processo produtivo (OLIVEIRA, 1997).

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mecanismos que levam a semelhante situação sejam próprios da sua origem, via de regra pela participação e aquisição de empresas nacionais e, que não é outra coisa, senão fruto da internacionalização do capital, que atinge campo e cidade, indústria e agricultura, e permite que o processo de produção do espaço seja desigual e contraditório a expensas das possibilidades ilimitadas de muitos países, entre eles o Brasil.

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2. EVOLUÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E AS AÇÕES

ASSISTENCIAIS

Nos primórdios coloniais do Brasil as políticas públicas voltadas às questões de saúde eram inexistentes, explicado pela própria condição do país que era apenas uma Colônia. Com a vinda da família real de Portugal para o Brasil, foram impostas as primeiras normas sanitárias nos portos na tentativa de impedir a entrada de doenças contagiosas. Somente com a Independência é que se estabeleceu uma deficiente política publica de saúde. De modo que somente no período republicano iniciou de forma tímida uma incipiente prática pelo Estado no que se refere às questões de saúde coletiva. (FIGUEIREDO E TONINI, 2007).

Segundo Figueiredo & Tonini (2007), a primeira intervenção do Estado brasileiro para assegurar algum tipo de instrumento previdenciário voltado para o futuro do trabalhador foi em 1923 com a Lei de Eloy Chaves que regulou a criação de Caixas de Aposentadorias e Pensão (CAPS) onde não havia participação efetiva do Estado, mantida por trabalhadores e empresas. Nos 60 anos seguintes a saúde pública ficou vinculada a Previdência Social, passando por algumas alterações ao longo deste período. Na década de 1930 as CAPS foram substituídas pelos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPS), funcionava igual ao CAPS que garantiam aposentadorias e pensões, o direito a assistência médica e farmacêutica, porém com participação efetiva do Estado, mas excludente, pois não atendia a população rural.

Em 1967 foi instinto o IAPS e foi criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) que representava o ápice do processo de centralização no setor previdenciário, com forte repercussão na área de saúde, atendendo também os trabalhadores do campo através do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL).

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Com o crescimento populacional na década de 50 e 60 houve necessidade de mais recursos para garantir a assistência a essas populações, o que levou o INAMPS a crise, levando a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1978, a realizar a Conferencia Alma-Ata3, que consagra os princípios da atenção primaria. Em 1980 o INAMPS deixa de exigir a carteira de trabalho no atendimento, chegando mais perto de uma cobertura universal. Criou-se então o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), descentralizando as atividades e os recursos físicos, humanos e financeiros da maquina previdenciária do INAMPS para as Secretarias Estaduais de Saúde.

Esse processo de descentralização das atividades do INAMPS e também de universalização da Saúde para todos os segmentos da sociedade terá um novo capítulo que se dará a partir da Constituição de 1988. Nesse período, o movimento da reforma agrária conseguiu intervir nas resoluções da Assembléia Nacional Constituinte, inscrevendo um capitulo exclusivo referente à saúde na Constituição de 1988, constituindo o Sistema Único de Saúde (SUS). Sua implantação colocou em debate a mudança de um modelo de assistência voltado para o objeto saúde/doença.

O SUS possibilita a ampliação do olhar para a coletividade e assim muda as ações para a prática e os serviços. Segundo o Ministério da Saúde (MS), os princípios doutrinários do SUS são:

• Universalidade: garantia de assistência a saúde a todos e qualquer cidadão

sem distinção, com gratuidade, sendo ou não contribuintes da previdência;

• Integralidade: o cidadão deve ser considerado num todo, recebendo

atendimento integral com ações de promoção, prevenção, cura e reabilitação;

• Equidade: garantia de ações em todos os níveis de complexidade, sem

privilégios, disponibilizando-os de acordo com a necessidade de cada um;

• Participação da comunidade: mecanismo que dispõe para assegurar o direito

e a participação de todos os segmentos envolvidos através de conselhos regionais, o que intensifica a democracia;

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• Descentralização político-administrativa: direcionada a cada esfera do

governo, porque quem está mais próximo a população possui maior probabilidade de resoluções do problema especificando o tratamento a saúde, territorializando conforme a necessidade de cada comunidade.

Em 1990 regulamenta-se o SUS, com a Lei Orgânica de Saúde (LOS); a Lei 8.080 de 19 de Setembro de 1990 que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e a recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes regulando em todo o território nacional as ações e os serviços de saúde, executados isolados ou conjuntamente em caráter permanente ou provisórios, por pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, dito na Lei 8142 de 28 de Dezembro de 1990 que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intragovernamentais de recursos financeiros no setor da saúde (Legislação em Saúde, 2005). O cuidado com a saúde não é só de responsabilidade médica é também dos outros profissionais de saúde e dos sujeitos, individuais ou coletivos, constituindo o alvo da atenção profissional, levando a uma atividade transdiciplinar.

O SUS fica constituído pelo conjunto de ações e dos serviços de saúde sob gestão pública, organizada em redes a ampliação do olhar para a coletividade nas suas ações, práticas e serviços tornando responsáveis pelo mesmo sistema político federativo constituído pelas três esferas de governo: União, Estados e Municípios.

O SUS para garantir a todos os cidadãos o direito a consultas, exames e internações e tratamentos nas unidades de saúde vinculadas, sejam elas públicas ou privadas, contratadas pelo gestor público de saúde, garantida pela Constituição Brasileira que prevê o seguinte:

Art.196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)

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levando ao desenvolvimento pleno do ser humano em sua individualidade, como definido na política do SUS.

As políticas de saúde são dotadas de grande complexidade pelo fato de o Brasil ser um país com diversa heterogeneidade política, econômica e social onde se destacam alguns fatores como: variadas determinações sobre o estado de saúde da população; multiplicidade de necessidades; diferentes ações e serviços para suprir essas necessidades; pessoal capacitado e recursos tecnológicos para atendê-las; interesses e pressões comerciais do mercado e outros.

O processo das políticas de saúde é guiado pelas Normas Operacionais do SUS, instituídas por meio de portaria ministeriais e que definem as competências de cada esfera do governo e as condições necessárias para que os Estados atuem na implantação do SUS. Essa complexidade é o que leva dentro das três esferas do governo, o município a atuar como principal responsável pelo processo de execução e coordenação das ações e serviços de saúde prestados diretamente à população.

Sendo assim, a Constituição Federal de 1988 é considerada uma das cartas mais progressistas do mundo, porque compreende um leque generoso de direitos civis, políticos e sociais (MS; 2003). Na história brasileira, constitui-se como um marco político-institucional importante, tendo sido elaborada num contexto de transformações do Estado e da sociedade, num momento em que vigorava a esperança de construção de um novo desenvolvimentismo, designado como "popular” ou "democratizado” (FIORI, 2003), no qual se buscava aliar esforços de crescimento econômico, fortalecimento dos valores democráticos e avanços sociais consolidando assim a política de saúde pública no Brasil.

2.1 Saúde do Trabalho e o Trabalhador no Brasil

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procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma integrada, no Sistema Único de Saúde. O SUS tem seus princípios estabelecidos na Lei Orgânica de Saúde, com base no artigo 198 da Constituição Federal Brasileira. Os princípios da Universalidade, Integralidade e da Equidade chamados de princípios ideológicos ou doutrinários, e os princípios da descentralização, da regionalização e da hierarquização de princípios organizacionais.

Assim, o movimento da Saúde do Trabalhador, no Brasil, toma forma no final dos anos 70, tendo como eixos: a defesa do direito ao trabalho digno e saudável; a participação dos trabalhadores nas decisões sobre a organização e gestão dos processos produtivos e a busca da garantia de atenção integral à saúde. Desde então, a implementação de ações de assistência e de vigilância da saúde para os trabalhadores, pela rede pública de serviços de saúde, vem contribuindo para a instituição da Saúde do Trabalhador no país (DIAS, 1994). A organização de uma atenção diferenciada à saúde dos trabalhadores surge pressionada pelos prejuízos econômicos, decorrentes dos altos índices de acidentes e adoecimento determinados pelas péssimas condições de vida e trabalho e pelas reivindicações dos trabalhadores por mudanças.

Parte-se do pressuposto de que a saúde-doença é também um processo social, porque está direta ou indiretamente relacionado às condições de vida e trabalho dos indivíduos, e que os trabalhadores organizados também são sujeitos ativos nos processos de investigação e de construção do conhecimento sobre a saúde e a segurança no trabalho. Os trabalhadores tanto podem adoecer de forma genérica, dependendo do espaço e do tempo histórico em que eles vivem como também de modo específico, dependendo do modo como se organiza e realiza o trabalho que eles executam para sobreviver (LAUREL & NORIEGA, 1989).

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Essas iniciativas se espalharam pelo país, alimentando o processo social de discussão e organização da luta pela melhoria das condições de vida e de trabalho digno e saudável, alicerces do movimento da Saúde do Trabalhador (LACAZ, 1996).

A VIII Conferência Nacional de Saúde, em março de 1986, contribuiu para reafirmar à sociedade brasileira a saúde como direito de cidadania e dever do Estado provê-la. Em dezembro do mesmo ano, foi realizada a I Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador que marcou politicamente o movimento da instituição desse campo (MINISTÉRIO DA SAÚDE/FIOCRUZ, 1987).

A Constituição Federal de 1988 incorporou as questões de Saúde do Trabalhador ao enunciar o conceito ampliado de Saúde, incluindo entre seus determinantes – as condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, emprego – e ao atribuir ao Sistema Único de Saúde (SUS) à responsabilidade de coordenar as ações no país. Essa atribuição foi regulamentada, em 1990, pela lei 8.080 que definiu os princípios e a formatação do SUS. Consolidava-se assim, no plano legal e institucional, o campo da Saúde do Trabalhador. Em 1991, o Ministério da Saúde (MS) apresentou à sociedade, a primeira proposta de um Plano de Trabalho em Saúde do Trabalhador no SUS (MS, 1991). A II Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, realizada em 1994, foi um momento importante de mobilização técnica e política, e palco de acirrada disputa quanto aos espaços de atuação dos Ministérios do Trabalho e da Saúde (MS, 2002).

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da luta organizada dos trabalhadores por melhores condições de vida e trabalho e da ação de tutela da saúde dos cidadãos pelo Estado.

A partir de 2003, a coordenação da Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde priorizou a implementação da Rede Nacional de Atenção à Saúde do Trabalhador (RENAST) como a principal estratégia da Política Nacional de Saúde do Trabalhador (PNST) para o SUS (MS, 2004). Para isto, foi organizado um suporte técnico regionalizado para assessorar o processo de implementação da RENAST, regulamentada pela Portaria nº 2.728/GM de 11 de novembro de 2009, que se trata de uma das estratégias para a garantia da atenção integral à saúde dos trabalhadores. Ela é composta por Centros Estaduais e Regionais de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) – com unidades espalhadas por todo o País, firmando serviços sentinela de média e alta complexidade capaz de diagnosticar os agravos à saúde que têm relação com o trabalho e de registrá-los no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-NET), em saúde dos trabalhadores urbanos e rurais, independentemente do vínculo empregatício e do tipo de inserção no mercado de trabalho.

Esses Centros de Referência em Saúde do Trabalhador promovem ações para melhorar as condições de trabalho e a qualidade de vida do trabalhador por meio da prevenção e vigilância. Cabe aos Cerest regionais capacitar a rede de serviços de saúde, apoiar as investigações de maior complexidade, assessorar a realização de convênios de cooperação técnica, subsidiar a formulação de políticas públicas, apoiarem a estruturação da assistência de média e alta complexidade para atender aos acidentes de trabalho e agravos contidos na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho. Já os Cerest estaduais cabem elaborar e executar a Política Estadual de Saúde do Trabalhador, acompanhar os planos de ação dos Cerests regionais, a participação da pactuação para definição da rede sentinela e a contribuição para as ações de vigilância em saúde.

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trabalhador, em rede sentinela específica do SUS. Ela reitera a importância da articulação intra-setorial na saúde, em particular as interfaces com a vigilância epidemiológica no SUS, a sanitária e ambiental, de modo a suprir a necessidade de informação consistente e ágil sobre a situação da produção e o perfil de adoecimento relacionado ao trabalho (DIAS & HOEFEL, 2005).

Segundo a Área Técnica de Saúde do Trabalhador e do Ministério da Saúde, no Brasil editou-se em 2001 a publicação das Doenças Relacionadas ao Trabalho e o Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde, com o objetivo de orientar os profissionais de saúde sobre a caracterização das relações entre as doenças e as ocupações. Orientando esses profissionais para a promoção, proteção e recuperação da saúde dos trabalhadores brasileiros, a publicação se baseia na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho citada na Portaria 1.339 de 18 de novembro de 1999.

A Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho organiza os agravos a partir dos agentes etiológicos, fatores de risco de natureza ocupacional e doenças, incluindo neoplasias, transtornos mentais, doenças infecciosas, parasitárias, do sangue, do sistema nervoso, do olho, do ouvido e dos sistemas circulatório, respiratório, digestivo, osteomuscular e endócrino, dentre outras.

Desde então essa lista norteia as atividades dos profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador que integram a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador, realizando ações de prevenção, promoção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e vigilância em saúde dos trabalhadores urbanos e rurais, independentemente do vínculo empregatício e do tipo de inserção no mercado de trabalho.

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Os acidentes no Brasil são agravos que, pelo seu expressivo impacto na morbimortalidade4 da população, constituem-se em importante problema de saúde pública, sendo, portanto, objeto prioritário das ações do Sistema Único de Saúde, que, em conjunto com outros segmentos dos serviços públicos e da sociedade civil, deve continuar a buscar formas efetivas para o seu enfrentamento. Da mesma forma que destacado na Portaria GM n.º 737, de 16 de maio de 2001, neste documento adotamos o termo acidente, tendo em vista estar consagrado pelo uso, retirando-lhe, contudo, a conotação fortuita e casual que lhe pode ser imputada. Assume-se, aqui, que a maioria desses eventos é, em maior ou menor grau, perfeitamente previsível e previnível.

Segundo a RENAST o número de acidentes de trabalho aumentou 27,6% em 2007, comparado com o ano anterior. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) registrou 653 mil ocorrências, segundo dados do Anuário Estatístico de 2007. O maior impacto deste aumento (98,6%) diz respeito aos acidentes sem Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs), registrados por meio do nexo técnico epidemiológico - mecanismo que relaciona doenças que ocorrem com maior incidência às atividades profissionais. Os acidentes de trabalho registrados em 2007, por meio da CAT, aumentaram 3,7% em relação a 2006, Mato Grosso ocupa o 1º lugar na média relativa, com 47,26 mortes por acidente para cada 100 mil segurados.

No período de janeiro de 2005 a maio de 2008, 439 pessoas morreram em acidentes no trabalho no MT. Em 2007, o setor que mais acumulou acidente de trabalho foi à indústria, com 129 mil ocorrências, seguido pelo setor de serviços, com 70,5 mil acidentes. Porém, o setor mais fiscalizado foi o comércio, com 43.461 ações, seguido da indústria, com 31.918 ações. Os dados foram apresentados pelo auditor fiscal Marcell Fernandes Santana, da SRTE/ES, durante o 26º Encontro Nacional dos Auditores Fiscais (ENAFIT). Das cinco divisões estabelecidas pela Previdência Social, o comércio é a que apresenta menor índice de acidentes e, apesar disso, foi o primeiro setor em número de fiscalizações do MTE. "No caso dos acidentes fatais, o nexo técnico epidemiológico não interfere", explica Fernando Donato Vasconcelos, médico e auditor fiscal da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Mato Grosso (SRTE/MT). A nova metodologia não se aplica aos trabalhadores informais e só abrange o universo dos segurados pelo INSS.

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Os prejuízos econômicos e sociais desses acidentes como, por exemplo, seus impactos na vida familiar das vítimas têm sido menos estudados, mas já estão parcialmente revelados para a sociedade. Também são pouco estudadas as seqüelas crônicas e de instalação tardia de acidentes adequadamente reconhecidos como do trabalho e aquelas que só tardiamente são identificadas como relacionadas aos acidentes inicialmente não registrados como do trabalho.

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3. BASES LEGAIS DA ATENÇÃO À SAÚDE DOS TRABALHADORES

RURAIS

As Normas Regulamentadoras (NR) que amparam os trabalhadores rurais são as Normas Regulamentadoras Rurais (NRR), relativas à segurança e higiene do trabalho rural são de observância conforme disposto no artigo 13ª da lei número 5889 de oito de junho de hum mil novecentos e setenta e três, o que não os desobriga os empregadores e trabalhadores do cumprimento de outras disposições que sejam baixadas pelos Estados, Municípios, bem como de convenções coletivas do trabalho. A Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho (SSST) é o órgão de âmbito nacional competente para coordenar, orientar, controlar e supervisionar as atividades relacionadas com a segurança e higiene do trabalho rural.

As Normas Regulamentadoras determinam a adoção de medidas de segurança e de medicina do trabalho. Estipuladas pelo Ministério do Trabalho e Emprego devem ser cumpridas por empresas privadas, públicas e órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Na legislação vigente que trata especificamente do trabalho rural destacam-se (MS, 2005):

• O Art. 7º da Constituição Federal determina que: “São direitos dos

trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social”:

• Parágrafo XXII – “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de

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3.1 Na esfera do Ministério do Trabalho

Lei nº 5889 de 08.06.73, estabelece em seu Art. 13: “Nos locais de trabalho

rural serão observadas as normas de segurança e higiene estabelecidas em portaria do Ministro do Trabalho”;

Portaria nº 3067, de 12.04.88, aprovou as Normas Regulamentadoras

Rurais (NRR).

NRR 1 - Disposições Gerais. As Normas Regulamentadoras Rurais - NRR, relativas à segurança e higiene do trabalho rural são de observância obrigatória, conforme disposto no art. 13 da Lei n° 5.889, de 08 de junho de 1973. A observância das NRR não desobriga os empregadores e trabalhadores rurais do cumprimento de outras disposições que, com relação à matéria, sejam baixadas pelos estados ou municípios, bem como daquelas oriundas de acordos e convenções coletivas de trabalho.

NRR 2 - Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – SEPATR. A propriedade rural com 100(cem) ou mais trabalhadores é obrigada a organizar e manter em funcionamento o Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural - SEPATR.

NRR 3 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural-CIPATR.O empregador rural que mantenha a média de 20 (vinte) ou mais trabalhador fica obrigado a organizar e manter em funcionamento, por estabelecimento, uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural - CIPATR.

NRR 4 - Equipamento de Proteção Individual - Considera-se EPI, para os fins de aplicação desta Norma, todo dispositivo de uso individual destinado a preservar e proteger a integridade física do trabalhador. O empregador rural é obrigado a fornecer, gratuitamente, EPI adequados ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento.

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trabalho rural, da Norma Regulamentadora, NR – 7, sobre o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO;

NRR 7 -, estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO. Trata-se de um programa de gerenciamento em saúde ocupacional que determina, entre outras, a obrigatoriedade de realização dos exames médicos adimensional, periódico, de retorno ao trabalho, de mudança de função e dimensional. Tais exames compreendem a avaliação clínica, abrangendo anamnese ocupacional e exame físico e mental, além da realização de exames laboratoriais complementares, nos quais constam a monitorização biológica dos trabalhadores expostos a agrotóxicos e outros exames complementares usados em patologia clínica, a critério do médico responsável e do Auditor Fiscal do Trabalho, em razão da especificidade dos produtos utilizados. A citada NR 7 ainda prescreve o dever do médico responsável, uma vez constatada a ocorrência ou agravamento de doenças profissionais, entre elas a intoxicação por agrotóxicos, de: solicitar à empresa a emissão da Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT; indicar, quando necessário, o afastamento do trabalhador da exposição ao risco, ou do trabalho; encaminhar o trabalhador à Previdência Social para estabelecimento de nexo causal, avaliação de incapacidade e definição da conduta previdenciária em relação ao trabalho e orientar o empregador quanto à necessidade da adoção de medidas de controle no ambiente de trabalho;

3.2 Na esfera do Ministério da Previdência Social

Lei nº 8213 de 24.07.91, define em seu Art. 22, o dever da empresa de

comunicar à Previdência Social, a ocorrência de doenças relacionadas ao trabalho, entre elas as decorrentes da exposição a agrotóxicos. Da comunicação receberão cópia fiel o empregado ou seus dependentes, bem como o sindicato a que corresponda a sua categoria;

Decreto No. 3048 de 06. 05.99, aprova o regulamento da Previdência Social

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