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EM TORNO DA BAÍA DE GUANABARA”

ADEMIR BRANDÃO SILVA

Dissertação apresentada à Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental para obtenção do título de Mestre em Ciências na área de Saúde Pública.

Orientadores: Prof. Dr. OGENIS MAGNO BRILHANTE Prof. Dr. ODIR CLÉCIO DA CRUZ ROQUE Prof. Dr. JOSIMAR RIBEIRO DE ALMEIDA

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DEDICATÓRIA

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AGRADECIMENTOS

À ENSP/FIOCRUZ pela oportunidade de poder fazer parte de seu corpo discente e desenvolver nosso trabalho de dissertação.

Aos Orientadores: Dr. Odir Clécio da Cruz Roque, Dr. Josimar Ribeiro de Almeida e Dr. Ogenis Magno Brilhante. Pela paciência e profissionalismo na condução de nosso trabalho.

Aos colegas de turma de 1999: Anselmo, Cássia, Gilson, Tatiana, Manoel, Octávio e Paulo. Pelo convívio diário e pelo esforço solidário na tentativa de conquistarmos nosso espaço profissional.

Aos profissionais da Secretaria Acadêmica e da Secretaria do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental (em particular Cristiane).

Aos professores da Banca: Dr. Szachna Eliasz Cynamon, Dr. Dalton Marcondes Silva, Dr. Cláudio Fernando Mahler e Dr. Elmo Rodrigues da Silva. Pela experiência profissional, contribuindo e enriquecendo com sugestões nossa dissertação.

À Bacharel em Letras, Professora Ademilce Helena Brandão Silva, que durante alguns breves períodos de folga pode fazer a revisão gramatical do trabalho.

À todos os profissionais, que por questão de ética não foram citados nominalmente, das indústrias que participaram do processo de trabalho de campo.

À toda a minha família: Rosimar L. B. Silva (esposa), Léa Brandão Avelar (mãe), André L. B. Silva (filho), Ademilde B. Silva (irmã) e Ademilce H. B. Silva (irmã). Pelas inevitáveis ausências ocorridas durante desenvolvimento do trabalho.

Para M.Sc. e doutoranda Rosimar Lima Brandão Silva por partilhar experiências desse porte trabalho, pela paciência e pela participação direta na condução das pesquisas.

Ao coronel Dival Mendes do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Pelo empenho de facilitar entrevistas com profissionais ligados a área ambiental de órgãos do Estado do Rio de janeiro.

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... era noite de domingo quando assistia um programa de TV, no qual foi apresentada uma matéria sobre um trabalhador desempregado, fato esse muito comum, que enviou várias cartas para várias pessoas e algumas personalidades, contendo uma única pergunta: Qual o sentido da vida?

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SILVA, Ademir Brandão. Gestão Ambiental na Indústria: uma avaliação do comportamento dos setores químico e petroquímico com relação aos passivos ambientais e os problemas causados em torno da Baía de Guanabara [Rio de Janeiro], 2001.

Obs. Durante a realização desta Dissertação foram apresentados e publicados os seguintes trabalhos:

BRILHANTE, Ogenis Magno, ALMEIDA, Josimar Ribeiro de, SILVA, Ademir Brandão.

Percepção das 50 principais indústrias, em torno da Baía de Guanabara, com relação aos seus passivos ambientais. Anais da V JORNADA CIENTÍFICA DE PÓS-GRADUAÇÃO DA FIOCRUZ. Campus de FIOCRUZ (RJ), de 25 de junho a 05 de julho de 1999.

BRILHANTE, Ogenis Magno, ALMEIDA, Josimar Ribeiro de, ROQUE, Odir Clécio da Cruz, SILVA, Ademir Brandão. Gestão Ambiental na Indústria: uma avaliação do comportamento dos Setores Químico e Petroquímico com relação aos passivos ambientais e os problemas causados em torno da Baía de Guanabara. Anais da VI JORNADA CIENTÍFICA DE PÓS-GRADUAÇÃO DA FIOCRUZ. Campus de FIOCRUZ (RJ), de 09 a 16 de junho de 2000.

BRILHANTE, Ogenis Magno, ALMEIDA, Josimar Ribeiro de, ROQUE, Odir Clécio da Cruz, SILVA, Ademir Brandão. Gestão Ambiental na Indústria: uma avaliação do comportamento dos Setores Químico e Petroquímico com relação aos passivos ambientais e os problemas causados em torno da Baía de Guanabara. Anais do I SEMINÁRIO NACIONAL SAÚDE E AMBIENTE NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO. Série FIOCRUZ Eventos Científicos 2, Hotel Glória (RJ), de 11 a 14 de julho de 2000.

BRILHANTE, Ogenis Magno, ALMEIDA, Josimar Ribeiro de, ROQUE, Odir Clécio da Cruz, SILVA, Ademir Brandão. Conflitos e convergências das ações de controle dos passivos ambientais das indústrias química e petroquímica em torno da Baía de Guanabara. VI CONGRESSO BRASILEIRO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE, Clube de Engenharia (RJ), de 27 a 29 de novembro de 2000.

ALMEIDA, Josimar Ribeiro de, SILVA, Rosimar Lima Brandão, PANNO, Márcia, SILVA,

Ademir Brandão. Avaliação do passivo ambiental decorrente de atividade

garimpeira na região do rio Gurupi – MA. VI CONGRESSO BRASILEIRO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE, Clube de Engenharia (RJ), de 27 a 29 de novembro de 2000.

ALMEIDA, Josimar Ribeiro de, SILVA, Rosimar Lima Brandão, CAVALCANTI, Yara Teixeira, AGUIAR, Laís Alencar de, SILVA, Ademir Brandão. Estudo de viabilidade para conservação ambiental: Caso do bosque de Tabebuias – RJ. VI CONGRESSO BRASILEIRO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE, Clube de Engenharia (RJ), de 27 a 29 de novembro de 2000.

ALMEIDA, Josimar Ribeiro de, PANNO, Márcia, SILVA, Ademir Brandão. Avaliação

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS 8

LISTA DE TABELAS 9

LISTA DE ABREVIATURAS 11

RESUMO 14

ABSTRACT 15

1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 21

2.1 A indústria, seus resíduos e a Agenda 21 21

2.2 Procedimentos adotados e recursos financeiros disponíveis 22

2.3 Alternativas para destino final 26

2.4 Aspectos Legais 30

2.5 A Série ISO como ferramenta de modernização e competitividade 37

2.6 Importância da aplicação da ISO 14.010 43

2.7 Análise comparativa de processos de auditorias 46

2.8 Histórico da primeira auditoria ambiental 49

3 DESCRIÇÃO DO SÍTIO DE ESTUDO 51

3.1 Geografia, industrialização e economiado Estado do Rio de Janeiro 51

3.2 Histórico da Baía de Guanabara 55

3.3 Diagnóstico ambiental da Baía de Guanabara 57

3.4 Programa de Despoluição da Baía de Guanabara – PDBG 58

3.5 Importância do órgão de fiscalização 60

3.6 Histórico de algumas empresas envolvidas no trabalho 60

4 METODOLOGIA 71

4.1 Metodologia de campo 71

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5 RESULTADOS OBTIDOS 75

5.1 Análise final do questionário enviado 75

5.1.1 Política de Gestão 75

5.1.2 Legislação Ambiental 77

5.1.3 Objetivos, Metas e Responsabilidades 78

5.1.4 Comunicação e Documentação 79

5.1.5 Plano de Contingência 80

5.1.6 Auditoria Ambiental 82

5.1.7 Passivos Ambientais 82

5.1.8 Capacitação e Treinamento de Pessoal 85

5.1.9 Riscos e Impactos Ambientais 86

5.2 Análise geral das entrevistas realizadas 88

5.2.1 Passivos ambientais e as micro e pequenas empresas 88

5.2.2 Passivos ambientais e as médias e grandes empresas 90

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 95

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 98

ANEXOS – FIGURAS 105

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LISTA DE FIGURAS

Fig. 1 Produção Industrial Fluminense... 23

Fig. 2 Estrutura Organizacional da ISO para Comitê Técnico Ambiental.. 38

Fig. 3 Modelo de Sistema de Gestão para normas ISO 14.001... 42

Fig. 4 Densidade Demográfica do Estado do Rio de Janeiro... 106

Fig. 5 Regiões Geográficas de governo do Estado do Rio de Janeiro.... 107

Fig. 6 Foto paisagística da Baía de Guanabara ... 56

Fig. 7 Desempenho das indústrias com relação à Política de Gestão... 76

Fig. 8 Desempenho das indústrias com relação à Legislação Ambiental.. 78

Fig. 9 Desempenho das indústrias com relação à Comunicação e

Documentação ... 80

Fig. 10 Desempenho das indústrias com relação ao

Plano de Contingência ... 81

Fig. 11 Desempenho das indústrias com relação aos

Passivos Ambientais ... 84

Fig. 12 Desempenho das indústrias com relação à Capacitação e

Treinamento de Pessoal... 86

Fig. 13 Desempenho das indústrias com relação a Riscos e Impactos Ambientais ... 87

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Relação de empresas que dispõe de recursos técnicos para execução do processo de incineração e a capacidade de queima

por ano ... 29

TABELA 2 - Coletânea de Normas Série ISO 14.000 ... 40

TABELA 3 - Etapas da auditoria ambiental ... 45

TABELA 4 - Análise comparativa de processos de auditorias ... 47

TABELA 5 - Legislação Brasileira sobre auditoria ambiental no Brasil ... 49

TABELA 6 - Relato do ocorridona fábrica de Kepone ... 109

TABELA 7 - Área dos Municípios da Região Metropolitana Rio de Janeiro ... 53

TABELA 8 - População Residente e Densidade Demográfica dos Municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro – 1996 ... 53

TABELA 9 - Carga despejada diariamente na Baía de Guanabara ... 57

TABELA 10 - Relação das empresas colaboradoras e o ramo de atividades Desenvolvidas ... 73

TABELA 11 - Questionário Geral – Política de Gestão ... 114

TABELA 12 - Questionário Geral – Legislação Ambiental ... 115

TABELA 13 - Questionário Geral – Objetivos, Metas e Responsabilidades .... 115

TABELA 14 - Questionário Geral – Comunicação e Documentação ...116

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TABELA 16 - Questionário Geral – Auditorias e Análise Ambiental ... 116

TABELA 17 - Questionário Específico – Passivos Ambientais ... 117

TABELA 18 - Questionário Específico – Capacitação e Treinamento ... 118

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ASCETESB Associação dos Funcionários da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

ATSDR Agency for Toxic Substances and Disease Registry

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CABES Catálogo Brasileiro de Engenharia Sanitária

CEDAE Companhia de Água e Esgoto do Estado do Rio de Janeiro

CENAP Centro de Aperfeiçoamento e Pesquisas de Petróleo

CENPES Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo A. Miguez de Mello (Centro de Pesquisas da PETROBRAS )

CENTRES Centro Tecnológico de Resíduos

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CNI Confederação Nacional da Indústria

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CONTEC Comissão de Normas Técnicas da PETROBRAS

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CREA-RJ Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO Demanda Química de Oxigênio

DTSE Dutos e Terminais do Sudeste

ENSP Escola Nacional de Saúde Pública

FABOR Fábrica de Borracha Sintética

FEEMA Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente

FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz

FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ISO International Organization Standardization

L.O. Licença de Operação

L.I. Licença de Instalação

L.P. Licença Provisória

LAGET Laboratório de Gestão Ambiental de Território da Universidade Federal do Rio de Janeiro

N Nitrogênio

O.D. Oxigênio dissolvido

OECF The Overseas Economic Cooperation

P Fósforo

PAM Plano de Auxílio Mútuo

PDBG Programa de Despoluição da Baía de Guanabara

PETROBRAS Petróleo Brasileiro S.A.

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REDUC Refinaria Duque de Caxias

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas

SGA Sistema de Gestão Ambiental

TC Comitê Técnico

TEDUC Terminais Duque de Caxias

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

USEPA United States Environmental Protection Agency

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RESUMO

Existe a necessidade de se deixar no passado à mentalidade empresarial de desenvolver programas para simplesmente apropriar recursos naturais, sem levar em consideração os subprodutos gerados, de forma evitarmos o acúmulo em uma quantidade crescente de resíduos em cada fase do processo de produção. A preocupação hoje está na certeza de que esses recursos naturais, que antes eram simplesmente transformados, estão cada vez mais escassos ou degradados e, desta forma, há uma necessidade urgente de retificação das falhas que provocaram ou estão provocando os desequilíbrios ambientais e prejuízos para a saúde da população. A contribuição deste trabalho está, com base na Série de Normas ISO 14000, na avaliação da forma de conduta quanto a Gestão Ambiental das indústrias química e petroquímica ao redor da Baia de Guanabara, no que diz respeito aos seus passivos ambientais, incluindo também o papel do Poder Público no trato desta questão. Para isso, a metodologia utilizada foi o envio de um questionário para as indústrias selecionadas, objetivando abordar questões sobre licença de funcionamento, tratamento dos resíduos de processo, Legislação Ambiental, passivos ambientais, treinamento de pessoal e riscos ambientais. De posse dessas informações, procurou-se traçar um perfil desses dois segmentos industriais e, para confrontar as informações recebidas, foram realizadas entrevistas técnicas com profissionais desta área de interesse e uma busca nos arquivos da FEEMA. A análise do questionário, das entrevistas e do material obtido na FEEMA mostrou que nesses dois segmentos da indústria são produzidos uma série de materiais sólidos e resíduos oleosos, muitas vezes contaminados e de difícil reaproveitamento imediato, surgindo assim uma enorme dificuldade em dar um destino apropriado a esse passivo ambiental. Apesar da existência de métodos para tratamento, dos resíduos industriais gerados, e recursos financeiros, em função do crescimento da indústria no Estado, observa-se, em alguns casos, por razões diversas, um descumprimento das legislações ambientais vigentes. Restando a população recorrer, quase que permanentemente ao Poder Público na forma de denúncia, a fim de fazer valer seus direitos e preservar sua saúde. Verificou-se ainda que um número relativamente pequeno de indústrias apresenta algumas soluções para seus passivos ambientais, mas assim mesmo o destino final é omitido.

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ABSTRACT

It is necessary to leave behind the enterprise policy referring to developmental programs that are simply meant to take possession of natural resources, without taking into account the resulting by-products, so that a growing amount of refuses in each phase of the production process may be arrived. Nowadays this concern is based on the assumption that these natural resources, which were previously just changed, are getting more and more scarce or degraded, and that leads to an urgent need to put an end to the flaws that cause or are still causing the environmental unbalances and damages to the population health. This paper (based on the serial Norms ISO 14000) aims at evaluating the policy regarding the Environmental Administration of chemical and petrochemical industries around Guanabara Bay concerning its environmental aftermath besides the role of Public Authorities that deal with this question. Heaving this is mind, the methodology employed was the sending of a questionnaire to the industrial firms selected aiming at focusing the questions on legal license, handling of processed refuse, Legal Environmental Regulations, personnel training and environmental risks. Based on this information a profile of these two industrial segments was sketched, and to confront the information received, technical interviews with professionals of the field and a search at FEEMA were put into practice. By analyzing the questionnaire, the interviews and the material available at FEEMA, it was made clear that in these two industrial segments they produce a series of solid material and oily residues that are often contaminated and hard to be immediately put to gord use again, thus arising great difficulty to give a proper destination to this environmental residue. In spite of the existence of methods to treat these industrial residues and the growth of industries in this State, in many instances, for several reasons, one can detect a disregard for the established Environmental Regulations. It was also detected that a fair number of industries present some solutions for the environmental residue, but even in these ones the final destiny of this residue is omitted. It is up to the population to resort, almost permanently, to Public Authorities through legal suits so that they can have their rights granted and has their health properly cared for.

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1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A vontade ou a necessidade de uma dada empresa, em um futuro bem próximo, candidatar-se a uma certificação ambiental, certamente irá dar início a um “jogo de custos e benefícios”, sendo que este deverá ser bastante conhecido de forma a facilitar a efetiva avaliação do termo qualidade ambiental. (Alberti, 2000). Contudo, apesar da implantação de um Sistema de Gestão Ambiental por parte de algumas empresas no Estado do Rio de Janeiro, observa-se ainda que a qualidade ambiental é vista como custo, apesar da clara e freqüentemente rentável existência dos benefícios.

Se por um lado, a economia usufrui os “bens naturais” para utilizá-los, na maioria das vezes como matéria-prima, por outro despacha na natureza os refugos desse processo e, muitas vezes, sem o devido tratamento ou tratando-os de forma inadequada, caracterizando desta forma uma agressão ao meio ambiente.

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excessiva geração de resíduos industriais após cada etapa de um processo industrial.

Pela sua abrangência e representatividade, a auditoria ambiental passou a ser utilizada pelos segmentos industriais, seguradoras e, também, como elemento jurídico para as auditorias financeiras, reduzindo com isso, significativamente, o custo de prêmios de seguros contra riscos ambientais. Passou a ser, igualmente expressiva, a utilização de tais auditorias na identificação dos passivos, em processos de aquisição de empresas por grupos nacionais ou estrangeiros.

O processo de industrialização requer investimentos contínuos em pesquisas e desenvolvimentos de processos de produção cada vez mais eficientes e produtivos. Por outro lado, a economia atual impõe ou incentiva o aumento no ritmo no consumo de bens e serviços, de forma a tornar o setor industrial dependente cada vez mais do desenvolvimento de novos produtos.

O resultado final, em algumas oportunidades, dessa relação entre o setor industrial à área econômica nem sempre é favorável no que se diz respeito à disposição final dos resíduos gerados durante o processo de produção e, como conseqüência disso, surgem problemas de contaminações diversas de rios, lagos, Baías, solos e subsolo, lençol freático, de forma a comprometer diretamente a saúde da população.

Surge um novo termo, passivo ambiental, a partir do momento em que o custo de reparação dos danos ambientais passa a ser levado em conta no cálculo do valor de uma empresa para efeito de sua venda, privatização ou fusão com outra companhia. Entretanto, esse mesmo termo também tem sido utilizado para conotar o acúmulo de danos infligidos ao meio ambiente por uma determinada atividade, que muitas das vezes não podem ser avaliadas de forma econômica ou material.

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reparar os danos ambientais. Na realidade, num sentido figurado, representa uma “dívida” para com as gerações futuras. (Sánches, 2001).

Segundo o SEBRAE (1996), passivo ambiental é parte do “resultado econômico de uma empresa passível de ser sacrificado em função das necessidades da preservação, recuperação e proteção do meio ambiente”. Com isso, entende-se que um resíduo industrial deixa de ser considerado passivo ambiental quando passa por um determinado processo de tratamento até chegar a um destino final apropriado.

Em vista disso, surge então a necessidade de se avaliar a situação dos passivos ambientais das indústrias fluminenses e os problemas causados em torno da Baía de Guanabara. Conhecendo-se a Geografia do Território Nacional, Estadual e Metropolitano, ratifica-se a necessidade de limitarmos a pesquisa, sobre passivos ambientais à área que corresponde ao Estado do Rio de Janeiro, ainda assim, cumprindo o tempo planejado para o levantamento das informações, foi direcionado uma atenção maior para em torno da Baía de Guanabara. Em função da existência de um grande número de indústrias instaladas no Estado, da variedade de produtos e serviços disponíveis e da grande população residente na Região Metropolitana, destacam-se os setores químico e petroquímico pela importância no contexto do Estado e por serem responsáveis pela geração de uma elevada e diversificada quantidade de resíduos.

Esse trabalho de dissertação tem como Objetivo Geral à avaliação da forma de conduta das indústrias química e petroquímica em torno da Baía de Guanabara com relação à gestão dos seus rejeitos e seus passivos ambientais, incluindo também o papel do Poder Público.

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Ambiental e avaliar o papel do Poder Público na gestão dos rejeitos industriais na Cidade do Rio de Janeiro.

No Capítulo 1 desta dissertação, Introdução e Objetivos, é apresentado a que o trabalho se destina, ou seja, a pesquisa dos passivos ambientais das indústrias químicas e petroquímicas em torno da Baía de Guanabara, destacando-se a importância de verificar destacando-se a indústria dita colaboradora, possuem passivos ambientais e qual o destino final de cada um deles.

Busca-se voltar às atenções, no Capítulo 2, para um resumo da situação econômica do Estado do Rio de Janeiro. Procura-se destacar a questão dos Resíduos Industriais, no qual se fala da necessidade em se trabalhar na redução de resíduos ao final de cada etapa de processo, lembrando o que foi definido na Agenda 21. O item Aspectos Legais traz um levantamento com base na Constituição Federal, no Código Penal e nas normas ambientais, no qual procura ratificar a existência de ferramentas jurídicas como forma de controle e intervenção. É colocado também, como informação, um pequeno histórico da Série de normas ISO 14.000, além do levantamento do primeiro processo de auditoria ambiental de que se tem conhecimento.

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Ainda neste mesmo Capítulo, é apresentado um breve histórico de algumas das empresas colaboradoras, seus produtos e seus recursos de ordem técnica e financeira em relação às questões ambientais. Para a elaboração desse capítulo foram realizadas pesquisas através da “Internet” e em “folders”, além das entrevistas com os profissionais das próprias empresas.

No Capítulo 4, Metodologia Analítica e de Campo, são apresentados os questionários elaborados, agrupados em nove (09) subitens de forma a se buscar uma melhor compreensão sobre as indústrias no que se diz respeito ao Sistema de Gestão Ambiental. Para garantir maior consistência e veracidade com que foi devolvido no questionário, foram agendadas algumas entrevistas técnicas com profissionais de interesse de algumas das empresas colaboradoras.

O Capítulo 5 traz a Análise Geral dos questionários recebidos, ficando definido a análise percentual das respostas obtidas no questionário como forma de fechamento deste tópico e, procurou-se completar ou enriquecer esse capítulo através do “trabalho de campo” junto às empresas, a FEEMA e demais Instituições. Para uma melhor interpretação das informações obtidas e em função das diferenças na realidade das indústrias, subdividiu-se essa etapa em dois (02) subgrupos: Passivos Ambientais e as Micro e Pequenas Empresas; Passivos Ambientais e as Médias e Grandes Empresas.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A indústria, seus resíduos e a Agenda 21

O padrão de desenvolvimento econômico vigente na maioria dos países está associado diretamente ao crescimento industrial e ao aumento de degradação ambiental. A intensificação na operação de certos ramos de atividades, como química, petroquímica, metalmecânica, madeira, papel e celulose, material de transportes e minerais, todos com uma forte carga de impactos sobre o meio ambiente incorporando padrões tecnológicos avançados para a base nacional, mas ultrapassados no que se refere à relação com o meio ambiente que, neste caso, são escassos de elementos tecnológicos de tratamento, reciclagem e reprocessamento. (Barcellos, 2000).

A Agenda 21 (1996) indica que uma das primeiras prioridades do manejo é a redução de resíduos perigosos, como parte de um enfoque mais amplo de mudança dos processos industriais e dos padrões de consumo, por meio de estratégias de prevenção da poluição e de tecnologia limpa. Nestas estratégias inclui-se a recuperação de resíduos perigosos para convertê-los em matérias úteis. (Revista Proteção, 1999).

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É importante uma identificação dos mercados para os produtos procedentes de materiais reaproveitados ao elaborar programas de reutilização e reciclagem.

É relatado ainda na Agenda 21, que o esgotamento dos locais de despejos tradicionais, aplicação de controles ambientais mais restritos nos depósitos e o aumento da quantidade de resíduos de maior persistência podem contribuir em conjunto para o rápido aumento dos custos dos serviços de depósitos dos mesmos.

Na Agenda 21 é reconhecido que, mesmo quando os resíduos são minimizados, alguma parte sempre resta. Depois de tratado, todas as descargas ainda produzem algum impacto residual no meio ambiente que as recebe. Assim, existe uma margem para melhorar as práticas de tratamento e depósito destes, como, por exemplo, evitar as descargas indevidas ou simplesmente abandoná-los em locais inadequados.

2.2 Procedimentos adotados e recursos financeiros disponíveis

As produções industriais fluminense, representadas na figura 1, apresentaram aumento de 7,2% em 1998, o melhor desempenho da década, em comparação com o ano anterior. Este resultado positivo se deveu principalmente à extração de petróleo e gás natural na Bacia de Campos, cujos resultados positivos se refletiram no crescimento de 19,4% da Indústria Extrativa Mineral. Por sua vez, a Indústria de Transformação teve uma queda de – 0,6%. (IBGE, 1998).

(23)

-4 -2 0 2 4 6 8

RJ SP Brasil

( 7,2 % ) Rio de Janeiro ( - 3,1 % ) São Paulo ( - 2,3 % ) Brasil

Figura 1 Desempenho da Indústria – 1998 (%)

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1998.

Em um levantamento feito pela FEEMA, as indústrias químicas e metalúrgicas são as principais responsáveis pela geração de resíduos perigosos e de alta periculosidade. Considerando-se incluídas as atividades de tratamento metálico de superfície, os processos de refino de petróleo e as petroquímicas, bem como as indústrias de materiais elétricos e de comunicação. (Filho & Ferreira, 1987).

Nesses dois segmentos da indústria, setores químico e petroquímico, é produzido uma série de materiais sólidos e resíduos oleosos, muitas vezes contaminados com agentes químicos, de difícil reaproveitamento imediato. Como conseqüência surge uma enorme dificuldade para dar um destino final apropriado a esse passivo ambiental.

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patogenicidade. Dessa forma, os resíduos são classificados em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectas contagiosas e na identificação de contaminantes presentes em sua massa. Em vista disso, de acordo com a norma, os resíduos seriam agrupados em três classes: perigoso ou classe I (podem apresentar risco à saúde pública e ao meio ambiente), inerte ou classe III (os que, após teste de solubilidade, apresentam concentrações abaixo de padrões estabelecidos) e não inerte ou classe II (não se enquadram nos anteriores).

No Brasil, a prática tradicional de se enterrar os resíduos em um canto do terreno da própria empresa, sem o controle necessário, gerou vários territórios de risco onde foram criadas verdadeiras bombas de efeito retardado, uma vez que a contaminação resultante do lançamento indiscriminado de resíduos, às vezes, só se faz sentir após muitos anos, podendo levar ao total comprometimento da área com irreversibilidade do quadro apresentado. (Ferreira, 1986).

Por outro lado, ainda é muito comum à rotina de disposição de tais resíduos junto com os resíduos sólidos urbanos, em aterros sanitários, vazadouros municipais, lixões e terreno baldio, propiciando que os poluentes presentes alcancem rapidamente os corpos receptores e, em alguns casos, inutilizando os esforços desenvolvidos pelas próprias empresas e pelo Estado no controle de efluentes diversos.

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Segundo a NBR 12.235/92, Procedimentos de armazenamento de resíduos sólidos perigosos, o acondicionamento de resíduos perigosos, como forma temporária de espera para reciclagem, recuperação, tratamento e/ou disposição final, podem ser realizados em contêineres, tambores, tanques e/ou a granel.

A mistura de dois ou mais resíduos incompatíveis poderá ocasionar reações indesejáveis ou incontroláveis, que resultam em conseqüências adversas ao homem, ao meio ambiente, aos equipamentos e mesmo à própria instalação industrial. A extensão dos danos dependerá das características dos resíduos, das quantidades envolvidas, do local de estocagem e do tipo de reação.

A movimentação de resíduos nas indústrias, com raras exceções é realizada por funcionários menos qualificados. Em geral, esse serviço está ligado às áreas administrativas e, tanto os trabalhadores como suas chefias se expõe a riscos desnecessários, por desconhecimento completo do assunto. Alguns resíduos podem não apresentar efeito imediato e visível comparável a uma intoxicação aguda ou uma queimadura. Entretanto, poderão acarretar, com o passar do tempo sérios distúrbios irreversíveis no organismo humano e até mesmo, danos genéticos aos filhos dos funcionários.

A conscientização dos empregados normalmente não é uma tarefa fácil já que, freqüentemente, estão envolvidos com problemas relacionados aos aspectos econômicos e produtivos da empresa e delegam a administração das tarefas relativas aos resíduos a um pessoal de nível hierárquico mais baixo. Portanto, a forma mais eficiente de atuação é a pressão dos órgãos representantes dos funcionários ou das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes – CIPA's tudo isso aliado a um maior esforço do Estado, através de seus órgãos: trabalhista, de higiene ou ambientais. (CETESB/ASCETESB, 1985).

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material a ser transportado; pessoal familiarizado com esses equipamentos e determinação das tarefas das áreas de riscos para equipamentos especiais.

Os locais de estocagem de resíduos, assim como outras áreas específicas da indústria, estão sujeitas a acidentes de várias espécies e diferentes intensidades, sendo os mais freqüentes os incêndios, derramamentos e vazamentos. Pode-se definir Plano de Emergência como sendo um conjunto de instruções e ações preestabelecidas imediatamente adotadas em casos de acidentes. Os objetivos básicos desse sistema são a minimização das conseqüências e a proteção da integridade física dos funcionários, dos equipamentos e das instalações da fábrica.

Existem vários processos ou métodos de tratamento de resíduos industriais, e que devem ser agrupados nas classes de tratamento físico, químico e biológico. Para cada um deles são apresentados o objetivo do método, os resíduos passíveis de tratamento e o estado físico.

Entende-se um tratamento de resíduos como qualquer processo que altere suas características, composição ou propriedades, de maneira a tornar ambientalmente correta aceitável sua disposição final ou simplesmente sua destruição.

2.3 Alternativas para destino final

Com base em diversos fatores, soluções foram criadas na tentativa de amenizar o problema. As soluções dependem do ramo de atividade industrial, do porte da empresa, da área que ela ocupa para operar suas Unidades de Processo e do grau de comprometimento das gerências com relação às questões ambientais entre outras.

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processos de transformação das matérias primas em produtos acabados para o consumo.

A piscina de borras é um exemplo não muito aceito pelo órgão de controle ambiental, inclusive no Estado do Rio de Janeiro, por provocar uma ocupação de área progressiva, além de dispor o material a céu aberto. Na realidade, é um método que não soluciona o problema de destino final adequado ao passivo ambiental. Da mesma forma que aterrar a borra de petróleo, também não é um método aconselhável por provocar o afloramento desse material à superfície. (CETESB/ASCETESB, 1985).

Um método bastante comum, em se tratando da área petroquímica, é o chamado “landfarming”. Essa denominação foi oficialmente adotada pela U.S.E.P.A. (United States Environmental Protection Agency) para um método de tratamento onde o substrato orgânico de um resíduo seria degradado biologicamente na camada superior do solo e os íons metálicos, liberados nessa degradação, ou presentes nos resíduos, seriam incorporados nessa mesma camada de forma a não haver contaminação das águas do lençol freático. (CETESB/ASCETESB, 1985). O simples fato de o Brasil possuir características climáticas e geográficas favoráveis tornou este método bastante viável do ponto de vista técnico e econômico em refinarias de petróleo, como é o caso da Refinaria Duque de Caxias - REDUC.

(28)

Independentemente do tipo de material que o constitui, o lodo deve ser tratado ou disposto em instalações localizadas dentro da própria indústria ou fora dela e transportado dos locais de geração até essas instalações. Como os custos de transporte são em função do volume e da distância e as instalações de tratamento ou disposição estão normalmente localizadas a vários quilômetros dos pontos de geração, pode ser interessante para o industrial adotar um tratamento que permita a redução do volume a ser transportado. Isso pode ser conseguido através da secagem e desidratação.

O processo de desidratação de lodo através de leito de secagem é, também, bastante utilizado no Brasil pelos mesmos motivos do “landfarming”, ou seja, condições climáticas e geográficas. Esse processo foi inicialmente considerado para tratamento de lodo de esgoto em instalações pequenas e médias e com menor disponibilidade de área. (CETESB/ASCETESB, 1985). Atualmente, está sendo adotado para tratamento de resíduos de diversos tipos de indústrias, como a PETROFLEX, no qual se observa um relativo sucesso.

Os leitos de secagem removem a umidade do lodo, diminuem seu volume e alteram suas características físico-químicas. Essa secagem só se dá pela drenagem dos líquidos por gravidade, sendo transferidos para uma Estação de Tratamento de Efluentes, e por evaporação na superfície superior exposta ao ar e ao calor.

A incineração é uma solução que requer equipamentos sofisticados, além da necessidade de um combustível para auxiliar a queima. Para por em prática esse método, deve-se ter o cuidado especial com a conservação dos filtros a fim de se evitar a poluição atmosférica, o que não torna aconselhável a instalação desse tipo de Unidade em áreas residenciais.

(29)

indústrias, ao menos as de grande porte, recorram aos serviços dos incineradores, sendo que a capacidade de queima no país, hoje por volta de 50 mil t/ano, esteja praticamente toda ocupada.

Concentrados em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Alagoas, a procura pelos serviços desses fornos para destruição de sólidos, líquidos e pastosos tem aumentado em proporção direta às exigências das Leis Ambientais. A tabela 1 mostra a relação de empresas que dispõe de recursos técnicos para execução do processo de incineração e a capacidade de queima por ano.

Tabela 1: Relação de empresas que dispõe de recursos técnicos para execução do processo de incineração e a capacidade de queima por ano.

Empresa Localidade Capacidade de

Queima (t/ano)

Tipo de resíduos

Início de Operação

Basf Guaratinguetá – SP 2.700 Sólidos + Líquidos 1994

Bayer Belford Roxo – RJ 3.600 Sólidos + Líquidos 1992

Cetrel Camaçari – BA 4.500 / 10.000 Sólidos / Líquidos 1998 / 1991

Cinal Marechal Deodoro – AL 11.500 Líquidos 1989

Clariant Suzano – SP 2.700 Sólidos + Líquidos 1987

Eli Lilly Cosmópolis – SP 800 / 9.600 Sólidos / Líquidos 1992 / 1992

Teris Taboão - SP 3.500 Sólidos + Líquidos 1993

Fonte: Furtado, 2000.

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oscilante de R$ 1,50 a R$ 3,00, por kg de resíduos incinerados, que depende principalmente do poder calorífico da carga (quanto menor mais energia demandada). (Furtado, 2000).

A Inertização é um processo químico exotérmico (ocorre absorção de calor) que transforma resíduos perigosos e não-inertes, NBR 10.004/87 - classes toxicológicas I e II, respectivamente, em um produto inerte ou classe toxicológica III. Isso quer dizer que o resíduo continua contendo metais pesados em estado insolúvel e não lixiviável. A ABNT recomenda, através de normas, que sejam feitos os testes de classificação de resíduos com a finalidade de ser verificada a presença dos metais pesados após análise final.

A lixiviação é a remoção de materiais presentes no solo pela ação da infiltração de água. Nas regiões de clima úmido, os solos tornam-se estéreis com poucos anos de uso, e esse processo de lixiviação é responsável pela perda de nutrientes dos solos e pela contaminação do lençol freático por ação da chuva e da irrigação. (SEBRAE, 1997).

O Programa de Bolsa de Resíduos implantado recentemente no Sistema FIRJAN busca promover a livre negociação entre indústrias, proporcionando a conciliação de ganhos econômicos com ganhos ambientais a partir da troca de informações sobre os resíduos disponíveis e desejáveis. Sua consulta é rápida e simples e os resíduos encontram-se divididos em função da sua condição de oferta ou procura, além de estarem agrupados por tipos, características, quantidade/periodicidade e sugestões para aplicação dos resíduos também são apresentadas. (FIRJAN, 2000).

2.4 Aspectos Legais

(31)

abranger tudo que dá origem à vida e a sua perturbação, englobando também os conceitos de comunidade, ecossistemas e biosfera. (Oliveira, 1995).

A partir de 05 de outubro de 1988, com a promulgação da Constituição Federal, é que o meio ambiente ganhou um “status” constitucional, dedicado um capítulo próprio ao tema, que trata das obrigações da sociedade e do Poder Público.

A Constituição Federal declara, no seu Capítulo V, do Meio Ambiente, que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e a coletividade, o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Essa mesma declaração será encontrada no Capítulo VIII, também de Meio Ambiente, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro.

Uma outra característica fundamental da atual Constituição Federal é o fato de ter sido criada uma situação jurídica nova, ou seja, o Estado Brasileiro está “proibido” de se omitir quando houver algum dano ao meio ambiente. Cabe ao cidadão cobrar essa atuação, uma vez que a mesma Constituição criou uma série de obrigações para o Poder Público, definindo quais são seus deveres em relação à defesa do ambiente.

Em 1981 foi aprovada a Lei n.º. 6.938, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente, sendo reafirmada em 1988 com a promulgação da Constituição Federal. Atualmente, a Lei n.º. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, além de dar outras providências. Essa Lei 9.605 dita Lei de Crimes Ambientais, entrou em vigor em 30 de março de 1999. (Revista Meio Ambiente Industrial, 1998).

(32)

I – Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;

II – Degradação da sua qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente;

III – Poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem/prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

IV – Poluidor, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividades causadoras de degradação ambiental.

A partir de agora fica estabelecido, segundo a Constituição Federal de 1988, ser função do Estado proteger a fauna e a flora. São proibidas todas as práticas que coloquem em risco as funções ecológicas de animais e vegetais, que causem a extinção de espécies ou que tratem os animais com crueldade.

Com relação à Constituição do Estado do Rio de Janeiro, em seu parágrafo 1o, é dito ser incumbência do Poder Público:

a) Condicionar, na forma da lei, a implantação de instalações ou atividades efetivas ou potencialmente causadoras de alterações significativas do meio ambiente à prévia elaboração de estudo de impacto ambiental, a que dará publicidade.

(33)

riscos de acidentes das instalações e atividades de significativo potencial poluidor, incluindo a avaliação detalhada dos efeitos de sua operação sobre as qualidades físicas, químicas e biológicas dos recursos ambientais.

c) Garantir o acesso dos interessados às informações sobre as fontes e causas de degradação ambiental.

d) Promover medidas judiciais e administrativas de responsabilização dos causadores de poluição ou de degradação ambiental, e dos que praticarem pesca predatória.

e) Fiscalizar e controlar, na forma da lei, a utilização de áreas biologicamente ricas de manguezais, estuários e outros espaços de reprodução e crescimento de espécies aquáticas, em todas as atividades humanas capazes de comprometer esses ecossistemas.

A Lei n.º. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, possibilitou a criminalização de pessoas jurídicas e transformou as contravenções penais em crimes, com penas de detenção ou reclusão variando de 03 (três) meses a 05 (cinco) anos, não excluindo as condições agravantes que podem aumentar algumas penas, além da possibilidade de multas para os casos de crime contra a fauna.

Para o sistema de controle ambiental, poluir é lançar substância em quantidades acima da capacidade de autodepuração ou dispersão do meio ou de qualidade que não possa ser absorvida pela natureza. Baseada nesses conceitos, a Constituição Federal de 1988 é incisiva em relação às condutas e atividades considerada lesivas ao meio ambiente em termos de poluição. Assim, ela considera que o infrator seja pessoa física ou pessoa jurídica, está sujeito a sanções penais e administrativas, além de ser obrigado a reparar os danos causados.

(34)

poluidor deveria ter procurado informação com o objetivo de evitar o dano ambiental que causou. A reparação do dano pode ser feita por indenizações em dinheiro ou “in natura”, ou seja, através da obrigação do infrator de recuperar o que poluiu. (IBAMA, 1998).

Em se tratando de Constituição do Estado do Rio de Janeiro, as condutas e atividades comprovadamente lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores a sanções administrativas, com a aplicação de multas diárias e progressivas nos casos de continuidade da infração ou reincidência, incluídas a redução do nível de atividade e a interdição, além da obrigação de reparar, mediante restauração, os danos causados. Outra ação clara e concisa é sobre aqueles que utilizarem os recursos ambientais, ficam obrigados, na forma da lei, a realizarem programas de monitoramento a serem estabelecidos pelos órgãos competentes.

É importante destacar que a implantação de áreas ou pólos industriais, bem como as transformações de uso do solo, dependerão de estudo de impacto ambiental, e do correspondente licenciamento, na forma da legislação de proteção ambiental.

Defini-se em um único artigo, art. 263, as áreas ditas de preservação permanente no Estado do Rio de Janeiro, dentre elas estão: os manguezais, lagos, lagoas, lagunas e as áreas estuarinas, as praias e a Baía de Guanabara. Merecendo uma atenção maior em um outro artigo, art. 266, em que coloca a Baía de Guanabara como área de relevante interesse ecológico, cuja utilização dependerá de prévia autorização dos órgãos competentes, preservados seus atributos essenciais.

(35)

Em matéria ambiental existe uma multiplicidade de normas jurídicas, umas recentes e outras existentes há décadas. Esta legislação visa a disciplinar o uso de bens ambientais e também as atividades que podem interferir com estes. Para o desenvolvimento deste trabalho podemos citar algumas que se enquadram diretamente com o tema em estudo, ou seja:

a) Lei 6938/81 dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente.

b) Lei 7.347/85 trata da ação civil pública por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estéticos, históricos, turísticos e paisagísticos.

c) Lei 7.802/89 (Agrotóxicos).

d) Lei 9.433/97 institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

e) Resolução CONAMA n.º 06/88 dispõe sobre a geração de resíduos nas atividades industriais.

f) Decreto-lei 1.413, de 14/8/75, dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais.

g) Resolução 237/97, que dispõe sobre competência para licenciamento.

h) Decreto Estadual 1633, de 21/12/77, que institui o Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras.

i) Decreto-lei 134/75 que dispõe sobre a prevenção e o conjunto da poluição no Estado do Rio de Janeiro.

(36)

k) Decreto 3.179 que Regulamenta a Lei de Crimes Ambientais.

A lei n.º 4.771, de 29 de junho de 1965, regula a Ação Popular caracterizando-a como um instrumento constitucional que está à disposição de qualquer cidadão que deseja obter a invalidação de atos ou contratos administrativos legais, que causam prejuízos aos patrimônios federal, estadual e municipal ou as suas autarquias, entidades paraestatais e pessoas jurídicas que recebem dinheiro público. Consideram-se patrimônio público, para os fins referidos neste artigo, os bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico. (Antunes, 1999).

Uma Ação Popular contra qualquer dano causado ao meio ambiente poderá ser impetrada por qualquer pessoa sem a necessidade de haver um órgão público ou uma associação que sirva de intermediário no processo. Contudo, faz-se necessário que o autor da Ação cumpra alguns requisitos, tais como:

a) Ser cidadão brasileiro e que esteja em pleno gozo dos seus direitos políticos que lhe dão o direito de atuar como eleitor.

b) O fato de o ato administrativo ser ilegal ou ilegítimo.

c) Tem que estar relacionado com a lesividade ao patrimônio público.

Há situações urgentes que demandam uma medida rápida e eficaz, de forma que o ordenamento jurídico atribui ao magistrado a possibilidade de atribuí-las, quando necessário, para preservar o direito ameaçado de violação. Portanto, é possível verificar que, para que não haja ineficácia da decisão a ser proferida na ação principal, a tutela cautelar é o meio idôneo para garantir o direito ameaçado. (Guerra, 1999).

(37)

ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. Poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.

2.5 A Série ISO como ferramenta de modernização e competitividade

Apesar da preocupação do homem nos primórdios da civilização, foi somente apenas em meados do século passado que o ser humano iniciou um processo de conscientização da importância da sua relação com o meio ambiente, quando começaram a se tornar perceptíveis os primeiros sinais de degradação ambiental, com marcas da irreversibilidade. (CAVALCANTI, 1999).

No final da década de 50, às voltas com a Guerra Fria e com a corrida espacial, as forças armadas americanas verificaram que, para assegurar o desempenho do complexo industrial militar, era fundamental qualificar seus fornecedores tendo em vista a confiabilidade de seus produtos e serviços, criando assim a norma Military Standard. (CETESB / ASCETESB, 1985).

A principal finalidade, na época, não era o desenvolvimento da produtividade, mas a segurança de empreendimentos complexos e de grande risco. Esse movimento se disseminou por vários outros setores da economia e, na década de 70, a qualificação de fornecedores era uma atividade desenvolvida por um grande número de empresas e projetos.

(38)

apresentado o Modelo ou Estrutura Organizacional da ISO para o Comitê Técnico Ambiental.

As normas da série ISO 9000 não tratam da qualidade de produtos, mas asseguram a estabilidade do seu processo de produção. A título de ilustração, pode-se dizer que o certificado ISO 9000 não garante que o vinho de uma determinada vinícola seja mais saboroso que o da outra não-certificada, entretanto, garantirá a manutenção de suas características. (Bueno, 1995).

ISO

Organização Internacional para Normalização

Genebra - Suíça

TC – 176 TC - 207

Gerenciamento da Qualidade Gerenciamento da Qualidade

ISO Série 9000 ISO Série 14000

Canadá Canadá

Avaliação da Organização Avaliação do Produto

Sistema Gestão Ambiental Análise do Ciclo da Vida

Avaliação de Desempenho Rotulagem Ambiental

Auditoria Ambiental Aspectos Ambientais

nos Produtos Padrões

Figura 2 – Estrutura Organizacional da ISO para Comitê Técnico Ambiental.

(39)

Na década de 60, o meio ambiente era tratado como algo a ser defendido – havia ênfase no termo preservação – as instituições que lidavam com o meio ambiente eram organizadas em módulos que se destinavam a conservar a natureza, o bem, e a combater a poluição, o mal. (Maia, 1995).

A preocupação com o desempenho ambiental das organizações deu origem na década de 90, precisamente em junho de 1991, na Grã Bretanha, a emissão da minuta da norma BS 7750 (Sistema de Gestão Ambiental), ganhando adesão de vários países, pela qualidade do seu conteúdo. Foi a primeira norma ambiental do mundo com intuito de encorajar as organizações públicas e privadas, a desenvolver, implementar e manter sistemas de gestão ambiental.

A pressão de mercado, leis, regulamentos, acordos, foram os mecanismos que contribuíram para a criação de uma norma que padronizasse um Sistema de Gestão Ambiental, visando unificar as diversas metodologias existentes de gerenciamento ambiental. (Reis, 1995).

Em março de 1993, a ISO criou o Comitê Técnico 207 (TC-07) que passou a ser responsável pelo desenvolvimento de normas internacionais e serviços correlatos no campo das ferramentas e sistemas de gerenciamento ambiental. Sendo que a série de normas ISO 14.000 apresenta um vasto conjunto de métodos analíticos de amostragem e teste, destinado a lidar com desafios ambientais específicos. Contudo, para que uma determinada organização possa se candidatar a uma certificação ISO 14.000, deve implementar um Sistema de Gestão Ambiental, revendo e avaliando de forma periódica as suas atividades em termos de impacto ambiental. É apresentada na tabela 2, a Coletânea de Normas da Série ISO 14000 que dispõe de informações claras as quais se destina.

(40)

Tabela 2: Coletânea de Normas Série ISO 14.000

Número Identificação

ISO – 14.001 Sistema de gestão ambiental - especificações com diretrizes para

uso.

ISO – 14.004 Sistema de Gestão Ambiental – Diretrizes gerais sobre princípios,

sistemas e técnicas de apoio.

ISO – 14.010 Diretrizes para Auditoria Ambiental – Princípios gerais.

ISO – 14.011 Diretrizes para Auditoria Ambiental – Procedimentos de auditorias –

Auditoria de sistema de gestão ambiental.

ISO – 14.012 Diretrizes para Auditoria Ambiental – Critérios de qualificação para

auditores ambientais.

ISO – 14.040 Análise de ciclo de vida – Princípios gerais e diretrizes.

ISO – 14.050 Vocabulário de gestão ambiental.

ISO GUIDE 64 Guia para inclusão de aspectos ambientais nas normas de produtos.

ISO – 14.015 Diretrizes para auditoria ambiental – Diretrizes para avaliação de

locais e entidades.

ISO – 14.020 Rotulagem ambiental e declarações – Princípios básicos

ISO – 14.023 Rotulagem ambiental e declarações – Autodeclarações ambientais –

Termo e definições.

ISO – 14.024 Rotulagem ambiental e declarações – Rótulos ambientais TIPO I –

Princípios e procedimentos.

ISO – 14.025 Rotulagem ambiental e declarações – Rótulos ambientais TIPO III –

Princípios e procedimentos.

ISO – 14.031 Avaliação de performance ambiental

ISO TR 14.032 Avaliação de performance ambiental – Estudo de caso ilustrando a

ISO 14.031.

ISO – 14.041 Análise de ciclo de vida – Análise de inventários.

ISO – 14.042 Análise de ciclo de vida – Avaliação de impactos.

ISO – 14.043 Análise de ciclo de vida – Interpretação de resultados.

ISO – 14.049 Exemplos para aplicação da ISO 14.041.

ISO – 14.061 Informações para auxiliar organizações de gestão de florestas no

uso da ISO 14.001 e da ISO 14.004.

(41)

No estudo da ISO 14.001, podemos observar algumas etapas a serem seguidas dentro do Sistema de Gestão Ambiental, que são: estabelecimento de uma política ambiental adequada à sua realidade, planejamento, implementação e operação, ações preventivas e corretivas, auditoria e revisão gerencial para assegurar que a política ambiental seja cumprida e adequada, ter capacidade técnica para se adaptar às mudanças que o mercado exige. Essas etapas são mostradas na figura 3, através do Modelo de Sistema de Gestão para Norma ISO 14001.

Depois de ser apresentado o pedido de certificação, e considerando que ela é concedida, o percurso da gestão ambiental não termina. Anualmente, realizam-se auditorias de acompanhamento, para efeitos de manutenção da certificação, e auditorias de renovação, feitas de três em três anos. É de interesse da entidade certificada garantir a conformidade com determinados padrões de gestão dos sistemas ambientais, que ajudam a criar práticas mais sólidas de proteção ambiental e a garantir a sua continuidade.

Se, por um lado, é maior a sensibilidade dos consumidores com relação à proteção ambiental e ao impacto do funcionamento das empresas, em relação ao ambiente, por outro lado, a própria entidade certificada pode otimizar os seus processos, reduzindo os custos de desperdício, de distribuição, de consumo de energia e materiais, ao mesmo tempo em que melhora a sua imagem junto aos clientes, investidores, fornecedores e entidades regulamentadoras.

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Figura 3: Modelo de Sistema de Gestão para Norma ISO 14001.

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2.6 Importância da aplicação da ISO 14.010

O funcionamento ruim dos equipamentos, a menor vida útil e manutenção das instalações, o destino incerto dos resíduos gerados nas Unidades Industriais, os riscos para a saúde e o aumento dos prêmios de seguros são conseqüências da falta ou pouco controle do impacto ambiental das operações. Neste caso, a auditoria ambiental passa a ser uma ferramenta importante que deve ser usada pelas empresas para controlar a observância a critérios e medidas estipulados com o objetivo de evitar a degradação ambiental.

A Norma NBR ISO 14.010 – Diretrizes para a Auditoria Ambiental – Princípios Gerais – define Auditoria Ambiental da seguinte forma: “processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se as atividades, eventos, sistemas de gestão e condições ambientais específicos ou as informações relacionadas a estes estão em conformidade com os critérios de auditoria e para comunicar os resultados deste processo ao cliente”.

Originalmente, as auditorias ambientais foram impostas pelas agências regulamentadoras e a primeira exigência ocorreu em 1977, na Allied Chemical Corporation, em conseqüência do incidente ocorrido em junho de 1975, em

Hopewell, Virgínia (EUA), quando um médico para determinar as causas dos tremores de um funcionário deu seqüência a um alarme clínico que culminou com o fechamento da indústria. (Mokhiber, 1995).

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Assim como ocorreu a Auditoria Contábil, hoje no Brasil, a auditoria ambiental não está restrita somente a filiais ou subsidiárias de empresas estrangeiras. Na realidade já pode ser vista em empresas que apresentam algum vínculo mercadológico com o setor externo. A Sandoz, Dupont, White Martins e a Vulcan são exemplos de empresas que operam no Brasil e possui Programa de Auditoria Ambiental vinculado a política ambiental de suas matrizes. Empresas como a Aracruz Celulose e a Vale do Rio Doce tem Programas de Auditoria Ambiental próprio, buscando maior competitividade no exterior. (Barata, 1995).

A auditoria ambiental fornece à empresa uma maior visão das questões ligadas ao processo industrial, aos seus trabalhadores e a terceiros. Identifica áreas de risco e problemas de infração ou desvio no cumprimento das normas padronizadas, apontando tanto os pontos fortes quanto os fracos. Com isso, encoraja os gerentes à promoção de melhoramentos contínuos, como o uso de tecnologias limpas, identificação dos problemas perigosos e riscos e utilização prudente de recursos. (La Rovere, 2000).

A opção de se iniciar um processo de auditoria ambiental pode ser em função de algumas necessidades, tais como: auditoria do sistema de gestão ambiental, que corresponde a um instrumento de controle do sistema de gestão implementado pela empresa; auditoria de certificação ambiental, que visa à verificação da adequação do sistema de gestão ambiental da empresa com os requisitos da empresa certificadora; auditoria de conformidade, que é realizada para verificar a conformidade dos padrões ambientais da empresa com a legislação, regulamentos ou norma aplicável e vigente em sua localidade; auditoria de fusão ou aquisição (Diligência Devida), que é aplicada sempre que uma empresa estiver preste a assumir problemas ambientais ocultos que poderiam expô-la a uma responsabilidade ou ação judiciais futura; auditoria de deccomissing

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A tabela 3 mostra as etapas de uma auditoria ambiental, que podem variar em função do seu objetivo, escopo e cliente. Entretanto, os procedimentos a serem seguidos na sua aplicação se assemelham, guardando características com as demais auditorias, quer seja contábil, operacional, qualidade de processo produtivo, geração de resíduos entre outros. (D’Avignon, 1996).

Tabela 3: Etapas de uma auditoria ambiental.

Etapas Procedimentos

Pré-Auditoria

( Planejamento )

- Definição do objetivo da auditoria. Trata-se de uma reunião entre o auditor e o cliente onde são definidos a Unidade a ser auditada,

confirmação de datas e dos recursos técnicos disponíveis.

- Formação da Equipe de auditores.

- Coleta de informações, ou seja, discussão do escopo, revisão da auditoria anterior, estudo do Processo Industrial e de procedimentos.

- Elaboração do plano de auditoria onde deve constar da identificação dos tópicos prioritários, preparação dos protocolos, check-list, guias e

alocação de recursos (humanos e materiais).

AUDITORIA

(Trabalho de campo)

- Compreensão do sistema de gestão. Há necessidade de reunião de abertura, inspeção de área acompanhada pelo auditado, questionário

de controles, entrevistas e revisão das práticas e procedimentos.

- Verificação do sistema de gestão, ou seja, verificação das conformidades e não conformidades dos sistemas de gestão,

verificação dos riscos inerentes e verificação dos controles inerentes.

- Coleta de evidências para avaliação e verificação, além da revisão das documentações e procedimentos.

- Relatório das descobertas da auditoria.

Pós Auditoria

( Conclusão )

- Preparação e distribuição de minuta do relatório. - Revisão da minuta do relatório.

- Elaboração e distribuição do relatório final.

- Desenvolvimento do plano de ação, constando de propostas de ação corretiva, definição de responsabilidades pela execução do plano de

ação e definição dos prazos para execução.

- Acompanhamento do plano de ação.

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2.7 Análise comparativa de processos de auditorias

Em uma análise técnica, os programas de certificação ambiental concedem vantagens corporativas às empresas que obtém, uma vez que acaba indicando implantação de um sistema gestão ambiental na companhia. Além disso, existe tendência da população em preocupar-se com a preservação do meio ambiente.

É correto afirmar que o comportamento ambiental “pró-ativo” por parte das empresas vem facilitar a manutenção do meio ambiente, diminuindo assim a necessidade de adoção de programas rígidos de controle por parte de governos federal, estaduais ou municipais. O processo de auditoria ambiental ainda é lento a nível mundial.

(47)

Tabela 4: Análise comparativa do processo de auditoria ambiental.

Países Síntese do processo de auditoria ambiental

EUA

Canadá

Reino Unido

Austrália e Alemanha

A partir de 1976 a Environmental Protection Agency – EPA, agência

americana responsável por promulgar e aplicar regulamentações ambientais a nível Federal dá início a uma série de iniciativas para incrementar a auditoria ambiental, culminando com a publicação da

Environmental Auditing Police Statement, em julho de 1986. Sua política de fomento à realização da auditoria ambiental, por indústrias e órgãos públicos, busca identificarem atuais e potenciais problemas ambientais cuja solução implique elevados níveis de conformidade legal e significativa redução de riscos para saúde humana e para o meio ambiente.

As auditorias ambientais datam de meados da década de 70. São conduzidas por empresas ou agências governamentais, sob bases voluntárias e realizadas por consultores externos ou empregados independentes da unidade auditada. Baseia-se, principalmente, no sistema de gestão das empresas e na avaliação do potencial de riscos. Compete ao governo, como estimulador da auditoria ambiental, o papel de

dar suporte através de conferências, workshops, apoio àqueles que

queiram implantá-la e endosso público para as que já a adotam. Pela lei canadense, toda e qualquer informação que chega ao governo é automaticamente, acessível ao público. Mas, as informações oriundas da auditoria ambiental são, como Teriam que ser, resguardadas pela Lei de Sigilo, que protege a relação da indústria com a equipe de auditores, através do representante jurídico. Normalmente, um dos membros da equipe. Assim, o governo só tem acesso aos aspectos referentes ao atendimento às normas e padrões de qualidade do ar, água e de outros. Apenas a diretoria e a gerência operacional da empresa têm acesso ao documento integral, mas, em casos de acidentes ambientais, o relatório pode ser usado como prova contundente.

A norma inglesa de gestão ambiental Specification for Environmental Management Systems – BS-7750, promulgada em 1992, com última revisão publicada em 28 de janeiro de 1995, é o resultado da participação no processo de normalização britânica de 450 organizações, sob a direção do Comitê de Políticas e Padrões Ambientais e de Poluição, em resposta à crescente preocupação com a proteção ambiental. A finalidade desta norma é assegurar e demonstrar, através de um sistema de gestão ambiental, a otimização de desempenho e dos recursos das organizações, avaliados através do prisma da conservação e da proteção ambiental.

Não há nenhuma exigência legal, mas apenas pressão de Partidos Verdes e das agências de controle ambiental.

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Países Síntese do processo de auditoria ambiental França Holanda Noruega, Bélgica, Irlanda e Espanha Coréia Japão América Latina e Central

A norma francesa – NF X30-200, constitui um elemento que permite a adesão, das empresas do setor industrial, a um sistema voluntário de auditoria ambiental. Especifica exigências para elaboração, implantação, manutenção e avaliação de um sistema de gestão ambiental e aplica-se a toda empresa, qualquer que seja seu tamanho, que deseje, voluntariamente: implantar um sistema de gestão ambiental com a aplicação de uma política ambiental pré-determinada; assegurar a realização dessa política e melhorar, de forma permanente, a sua eficiência; e demonstrar, às partes interessadas, sua aptidão em controlar os efeitos de suas atividades, produtos ou serviços, sobre o meio ambiente.

As auditorias ambientais, conhecidas nos Estados Unidos desde os anos 70, foram oficialmente introduzidas na Europa em 1985, através do governo holandês, que criou o Grupo de Consultoria Ambiental, com o objetivo de realizar projetos experimentais de auditoria ambiental. Desenvolvendo um novo conceito de auditoria ambiental baseado na experiência americana, mas modelado para as condições européias. Em cooperação com a Federação de Indústrias Holandesas, o governo desenvolveu um grande programa para indução e implementação de sistemas de gestão ambiental nas empresas, com o objetivo de assegurar que todas aquelas com potencial de risco ambiental o implementassem. No que diz respeito às pequenas empresas, espera-se ainda hoje que estas, ainda que parcialmente, também o implantem.

A auditoria ambiental foi introduzida como ferramenta de gestão ambiental.

As empresas realizam auditorias ambientais em caráter voluntário e interno.

A Associação Japonesa de Normas Técnicas – JIS - desenvolveu o estudo Eco-Audit System. Não há nenhuma exigência legal. Contudo, os dados monitorados de várias empresas japonesas são transmitidos de forma on line para a agência de controle ambiental.

Em países como Argentina, Uruguai, Chile, Nicarágua e Colômbia, não há exigência legal para efetivação da auditoria ambiental. As empresas que desenvolvem são, normalmente, as multinacionais sob recomendações de suas respectivas matrizes da Europa ou dos EUA.

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Tabela 5: Legislação brasileira sobre auditoria ambiental no Brasil.

Países Processo de auditoria ambiental

Rio de Janeiro Minas Gerais Espírito Santo Vitória (ES) São Paulo Santos (SP)

Em 26 de novembro de 1991, a Assembléia Legislativa aprova a Lei no. 1.898, que dispõe sobre a realização de Auditoria Ambiental,

regulamentada em 05.06.95, através do Decreto no. 21470A. A

competência para determinar a realização da auditoria ambiental, periódica ou ocasional, é do órgão ambiental estadual, ao qual cabe estabelecer as diretrizes e prazos específicos, sendo que os custos são de responsabilidade do agente poluidor.

Em 16 de janeiro de 1992, foi aprovada a Lei no. 10.627, que estabelece também a obrigatoriedade de auditoria ambiental naquele Estado, seguindo os moldes da legislação do Estado do Rio de Janeiro, diferenciando-se em alguns aspectos como, por exemplo, a inclusão da cláusula de sigilo industrial quando do acesso público à documentação das auditorias.

Foi sancionada a Lei no. 4.802, em 02 de agosto de 1993,

regulamentada pelo Decreto n0. 3795, de 27.12.94. Dentre as suas especificidades, considera-se o intervalo de três anos entre auditorias, a inclusão de atividades de mineração, lixo hospitalar e indústria de celulose e papel.

A capital do Espírito Santo foi o primeiro município a regulamentar legislação específica sobre realização de auditorias ambientais. Através da Lei no. 3.968, de 15 de setembro de 1993, a cada dois (02) anos as atividades públicas ou privadas deverão realizar auditorias obrigatórias.

No Estado de São Paulo há um anteprojeto que contém alguns aspectos específicos, como o gerenciamento do uso e conservação de energia; uso racional e econômico de matérias primas e de transporte; uso de água de processo e aperfeiçoamento de métodos de produção, buscando torná-lo menos agressivos ao meio ambiente.

O município de Santos foi pioneiro na proposição de legislação sobre auditoria ambiental, através da Lei no. 790, de 05.11.91, ainda não regulamentada.

Fonte: La Rovere, 1995.

2.8 Histórico da primeira auditoria ambiental

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Figura 1  Desempenho da Indústria – 1998 (%)
Tabela 1: Relação de empresas que dispõe de recursos técnicos para execução        do processo de incineração e a capacidade de queima por ano
Figura 2 – Estrutura Organizacional da ISO para Comitê Técnico Ambiental.
Tabela 8:  População  Residente  e Densidade Demográfica dos Municípios da  Região Metropolitana do Rio de Janeiro – 1996
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Referências

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