Coleção Tecnologia e Educação
A Tecnologia Transformando
a Educação
Casos de Aplicação
A Tecnologia
Transformando a Educação
Casos de Aplicação
Nivaldo Marcusso
Paulo Brito
Marcos Telles
SUMÁRIO
* ...
5
Apresentação
a Praxis - Comunidade de Prática de Tecnologia em Educação e este livro
* ...
6
Inovação no processo de ensino - aprendizagem por meio de um espaço de colaboração
on-line
Solange Giardino [Colégio Presbiteriano Mackenzie]
descreve-se, aqui, como a criação de um portal que atende alunos e professores
propiciou não apenas o uso de ferramentas de apoio ao ensino mas, também, a
disseminação desse uso através de efeito-demonstração e da criação de interessantes
relações entre demanda e oferta; o caso abrange 3 unidades situadas em São Paulo e
Brasília
*...
16
Como três equipes interdisciplinares integraram tecnologia à sua prática pedagógica
Betina von Staa [Portal Educacional] e Ivone Nonato Sotelo [Colégio Visconde de Porto
Seguro]
três equipes interdisciplinares utilizaram três ferramentas distintas de um portal com
vistas à integração de tecnologia a suas práticas pedagógicas; as razões das escolhas
feitas, a organização do trabalho e seus resultados vêm, aqui, descritos
*...33
Transformações e autonomia - aprendizagem facilitada pela tecnologia
Ivone Nonato Sotelo [Colégio Visconde de Porto Seguro]
narra-se a analisa-se, neste trabalho, o percurso de adoção de recursos tecnológicos
por um colégio começando pelos conceitos que orientaram a busca de soluções, a
opção de trajeto e os resultados alcançados ao longo de vários anos
*...52
Currículo e tecnologias: práticas que se entrelaçam
Renata Guimarães Pastore e Valdenice Minatel Melo de Cerqueira [Colégio Dante Alighieri]
*...62
Capacitação: a chave para uma mudança sistêmica e sustentável
Cristiana Mattos Assumpção [Colégio Bandeirantes]
a autora propõe um processo de capacitação interna em tecnologia na educação para
uma escola que atua no ensino fundamental II e no ensino médio; ela fala das bases
pedagógicas e dos requisitos de customização que levaram a essa escolha específica;
o procedimento proposto é comparado como o procedimento existente
*...75
Programa Aprender em Parceria: uma experiência de formação continuada de
professores
Luciana Maria Allan Salgado e Mary Grace Martins [Vivência Pedagógica]
este caso descreve a aplicação, no Brasil, da metodologia do Programa Aprender em
Parceria, que valoriza a colaboração entre professores como forma de
aprimoramento de suas práticas pedagógicas; o Programa Aprender em Parceria é
licenciado pela Microsoft
*...85
Eleições na Floresta: motivando professores e alunos a agir através da rede
Betina von Staa [Portal Educacional]
neste projeto, 346 turmas participaram de uma campanha eleitoral de âmbito
nacional que permitiu aos envolvidos - alunos e professores - desenvolverem ou
aperfeiçoarem seu domínio da tecnologia e sua visão do aluno como centro do
processo de aprendizagem.
*...
96
Centros de Inclusão Digital
Equipe da Fundação Bradesco
com vistas à expansão de seu atendimento de forma a atender as comunidades onde
estão inseridas suas escolas, a Fundação Bradesco criou centros de inclusão digital
cuja lógica e evolução são descritas neste trabalho
*...
103
Paradas de ônibus: tecnologia e acessibilidade
Equipe da Unidade Escolar de Maceió da Fundação Bradesco
*...
111
Sistema de avaliação - questionar para mudar
Daniel Barbosa Jorge [Colégio Presbiteriano Mackenzie]
o autor detalha uma solução tecnológica aplicada para facilitar a realização de
avaliações do corpo docente pelo corpo discente, da equipe técnica pelo corpo
docente, do corpo docente pela equipe técnica e da auto-avaliação do corpo docente,
na educação infantil, no ensino fundamental II e no ensino médio
*...
124
O modelo de inclusão digital baseado em pontos móveis de internet
Beatriz Rizek [Escola do Futuro da USP]
o Conectbus é um ônibus equipado com nove microcomputadores ligados à internet
que visitou 23 municípios do Estado de São Paulo; este caso fala da experiência, das
lições aprendidas e de seu efeito sobre as comunidades atingidas
*...
128
Ocean Odissey: preservação das tartarugas marinhas
Equipe da Fundação Bradesco da Unidade Escolar I de Osasco
este caso, premiado no Ocean Odissey -World Festival de 2006, mostra como a
criatividade associada a tecnologias extremamente simples podem trazer resultados
interessantes mesmo na ausência de sofisticados recursos digitais
*...
133
Diferentes materiais para uso na robótica educacional: uma diversidade de materiais
para promover o desenvolvimento de diferentes competências e habilidades
Lyselene Candalaft Alcântara Prol
o trabalho apresenta, de forma bastante sucinta, bases conceituais e kits comerciais
em uso numa pesquisa sobre o uso da robótica em ambientes de aprendizagem
*...
140
O uso de tecnologia no Colégio Rio Branco. Novas práticas delineando novos caminhos
Márcia Regina Teixeira Macedo e Vânia Maria Concimo Santos [Colégio Rio Branco]
as autoras apresentam, com riqueza de detalhes metodológicos e suas bases
pedagógicas, o abrangente processo de introdução da tecnologia nas atividades de
ensino do Colégio Rio Branco
*...
161
Autores
Apresentação
A Praxis-Comunidade de Prática de Tecnologia em Educação foi criada em julho de 2004, por iniciativa e com o apoio da Fundação Bradesco. Durante o e-Learning Brasil daquele ano, Nivaldo Marcusso organizou e presidiu a primeira reunião de um grupo de CIOs interessados em trocar idéias e experiências relativas ao uso de tecnologia em educação. O grupo, coordenado por Paulo Brito, do Bradesco Instituto de Tecnologia, rapidamente cresceu e diversificou-se pela presença de educadores vindos de diversas áreas e ligados a diversos graus de ensino e ao treinamento empresarial e profissional. Desde então, as atividades receberam o apoio da Grupos Internet [Enturma], que hospeda as discussões via internet, e as reuniões presenciais são realizadas em instituições onde os membros da Praxis atuam.
Ao longo da troca permanente de idéias, vários membros manifestaram vontade de compartilhar suas experiências individuais com um público mais amplo. O caminho escolhido foi aquele de um livro digital de casos a ser distribuído sem ônus para os interessados. Nivaldo Marcusso, Paulo Brito e Marcos Telles coordenaram essa iniciativa que foi ampliada, tornando-se uma série de livros digitais com o nome de Coleção Tecnologia e Educação.
O leitor notará que o formato dos livros digitais é um pdf extremamente simples. Algumas características gerais foram padronizados [fonte, títulos, destaques etc.] mas as páginas são convencionais, sem a diagramação característica de um livro impresso. Com isso, buscou-se facilitar a leitura na tela e reduzir o tamanho dos arquivos a serem baixados. A harmonização dos diversos textos foi feita por Regina Maura de Oliveira Aquino. Ademais, num momento em que a linguagem técnica cria palavras em grande velocidade, em que os gramáticos entram em freqüentes desacordos e em que a linguagem falada é, mais e mais, empregada na forma escrita, optou-se por respeitar inteiramente as preferências gramaticais e semânticas de cada autor que, também, responde inteiramente pelo conteúdo de seu texto.
São Paulo, dezembro de 2006
Nivaldo Marcusso
nmarcusso@fundacaobradesco.org.br
Paulo Brito
pbrito@fundacaobradesco.org.br
Marcos Telles
Inovação no processo de ensino – aprendizagem por
meio de um espaço de colaboração
on-line.
Solange Giardino
giardino@mackenzie.com.brSíntese
A aprendizagem colaborativa on-line vem tomando força nos últimos anos como uma possibilidade de ampliação e complementação da sala de aula nas instituições de Educação Básica e vem desta forma, contribuindo para a mudança na interação e troca entre estudante-estudante e estudante-professor, propiciando aos alunos o papel de sujeitos ativos no processo ensino-aprendizagem. A metodologia utilizada constituiu-se da implementação de um ambiente virtual que propicia a aprendizagem colaborativa, flexibilizando o tempo, o espaço e os recursos disponíveis em sala de aula.
Histórico do Portal
eMack
O Colégio Presbiteriano Mackenzie foi fundado há 136 anos e conta com três
unidades: São Paulo, Tamboré e Brasília, atendendo, ao todo, 6000 alunos. A partir do
slogan Tradição e Pioneirismo na Educação traz, desde 2000, os mais recentes avanços e
novidades da interatividade da Internet para todos os seus alunos, professores, pais e
comunidade em geral por meio do Portal eMack (www.emack.com.br). Desenvolvido,
alimentado, hospedado e gerenciado pela Instituição na sua totalidade, integra-se totalmente ao contexto e planos pedagógicos de cada turma e etapa, da Educação Infantil ao Ensino Médio, nas suas três unidades.
O Portal foi implantado para oferecer serviços como agenda de tarefas, pergunte ao
professor, serviço de cartões virtuais (com imagens criadas pelos alunos), cotidiano
(jornal on-line com notícias e projetos), agenda de eventos, circulares e avisos, para
complementar as informações e materiais veiculados presencialmente.
Antes da implementação do eMack cada professor tinha uma pasta na gráfica onde
eram guardados os materiais, textos e exercícios extras a serem reproduzidos e resolvidos. Conforme a necessidade e indicação dos professores, os alunos procuravam pelo material. Também toda a comunicação entre escola e comunidade era feita pelo meio de circulares, enviadas pelos estudantes ou por correio.
Partiu de alguns professores o interesse em publicar no Portal seus conteúdos, porque já utilizavam os recursos tecnológicos em sua prática diária. Este material era
enviado ao Departamento de Informática Educacional por e-mail, ou em disquete/CD ROM,
para disponibilização aos alunos, por meio do Portal. Nomeamos esta área de aprendendo
com multimídia, pois a maioria do material era constituída de apresentações que utilizavam hipermídia e que foram preparadas pelos professores para explicação de conteúdos em sala de aula. A idéia foi aplaudida pela equipe discente que protagonizou a mudança, estimulando os outros professores a também disponibilizarem o seu material.
Tecnologia
Acreditando que os recursos técnicos de infra-estrutura, disponíveis no Mackenzie, na
área das novas tecnologias, aliados à capacitação pedagógica, permitir-nos-iam propor modalidades alternativas de estratégias de ensino que transcenderiam à transmissão presencial de informações. Desta forma inauguramos, no início de 2003, uma plataforma que se adequou às nossas necessidades e permitiu, aos professores, a publicação do seu ambiente de aprendizagem colaborativa, sem as tradicionais complicações de cunho técnico. Esta ferramenta enfatiza a aprendizagem colaborativa e é de fácil utilização, tanto pelo professor como pelo aluno.
O ambiente possui uma página inicial e áreas para alimentação, ambas parametrizáveis. As áreas possibilitam a criação de: banco de imagens (álbum), mural de recados (fórum), espaço para informações, publicação de arquivos anexos com qualquer extensão, sala de bate-papo, correio para os membros cadastrados no ambiente, indicações de sites e enquete. Para todas as opções, é permitido, ao responsável pelo ambiente, modificar títulos, cores, imagens e torná-las públicas ou não.
Exemplo do design da página do ambiente, antes de ser customizada pelo professor.
fundo e imagem podem ser
alterados
Menus podem ser excluídos, renomeados,
abertos / fechados à participação dos
membros
O ambiente está hospedado dentro do Instituto Presbiteriano Mackenzie, sob a
responsabilidade da Divisão de Tecnologia da Informação, em um provedor de serviços de Internet que dá acesso á comunidade de professores e alunos dentro e fora da instituição.
Está disponível para o professor pelo endereço: http:/clubforyou.mackenzie.com.br e para o
Capacitação dos professores para a construção de uma
rede educacional
A rede de computadores apresenta-se hoje como elemento que pode modificar significativamente a educação presencial. As paredes das salas de aula abrem-se e esses tradicionais locais de ensino-aprendizagem têm o tamanho do mundo. As pessoas podem comunicar-se, trocar informações, dados, pesquisas a qualquer hora e de qualquer lugar.
O nosso desafio foi envolver todos os professores da instituição, pois acreditávamos que não faria sentido disponibilizar aos alunos os ambientes de apenas alguns docentes
iniciados nos recursos tecnológicos. Começamos o processo de envolvimento dos professores promovendo capacitações, de forma a eqüalizar o conhecimento de todos nos recursos que seriam necessários à implantação satisfatória do ambiente.
O Club for You se propõe a ser uma rede estritamente educacional, cujo conteúdo é alimentado e coordenado por cada um dos professores, tendo em vista as especificidades de suas turmas, e está disponível hoje a 5688 alunos e 272 professores.
Melhores práticas
Acreditamos que seja fundamental no processo de aprendizagem a interação entre estudantes, entre professores e estudantes e a colaboração na aprendizagem que resulta de tais interações. Teríamos de envolver todos os professores, mas havia alguns que estavam resistentes e não estavam aptos a utilizar a tecnologia. No intuito de valorizar o magistério, facilitamos e propiciamos o aperfeiçoamento contínuo do corpo docente. Os professores tiveram a oportunidade de participar de cursos e oficinas sobre as novas tecnologias aplicáveis à educação.
Formação na ação
O conceito de formação comporta diferentes enfoques, mas é geralmente associado ao desenvolvimento, tanto pessoal como profissional. No nosso caso o paradigma foi coerente com o papel que o educador deveria desempenhar no processo, inserindo as novas tecnologias para modificar a sua prática, ainda muito centrada na figura do professor. A nossa ação de formação correspondeu a um conjunto de interações entre os formadores e os formandos com a intencionalidade de mudança e inovações, tendo como foco o contexto de sala de aula e ocorreu integrada com o tempo e o espaço da instituição, originando-se da e na prática.
Capacitados a tratar imagens, efetuar busca na Internet, utilizar um software de
confecção e publicação de páginas, criar uma apresentação para facilitar o cotidiano em sala de aula e utilizar todos os recursos de um editor de textos para preparar suas provas e tarefas, tornaram-se aptos a produzir conteúdo por meio das novas tecnologias. Investimos maciçamente na capacitação contínua da equipe de professores, trabalhando com os
softwares necessários para os projetos e para a publicação de material (Windows, Word XP, Internet, PhotoShop, Power Point XP, Front Page, WebQuest, Publisher, Excel XP, Nestor Web Cartographer, CLIC) no período entre outubro de 2002 a final de 2004, em cinco opções de horário. Os cursos tiveram a duração de um mês, com um encontro semanal de duas
horas. Partimos do nível básico (Introdução ao Windows e Internet) e chegamos à autonomia
para publicação na web. Ao final de cada curso, foram emitidos certificados para quem
Para a implantação do serviço e disponibilização dos ambientes aos alunos dos três colégios, optamos por alguns encontros de duas horas no decorrer do mês de fevereiro de 2003. Neste momento de capacitação e exploração do ambiente, prontificamo-nos a explicar cada item, proporcionar espaço para que o professor fosse construindo, no decorrer do processo, a sua página, adequando o ambiente de acordo com as necessidades da sua área de conhecimento e perfil pessoal. O professor ganhou autonomia para a comunicação com
seus alunos pela web e ampliou as possibilidades oferecidas pelo ensino presencial.
Os momentos de capacitação foram fundamentais para o sucesso do projeto de implantação. No início de março de 2003, tínhamos todos os 250 professores da Educação
Básica do Colégio Presbiteriano Mackenzie (Unidades São Paulo, Tamboré e Brasília) com
seus ambientes prontos para serem publicados e aptos e autônomos a utilizá-los. O foco dos
atendimentos foi no aprender – fazendo, pois a cada área explorada o professor foi
convidado a parametrizar de acordo com as suas necessidades.
Interação
No primeiro ano, pudemos perceber que a velocidade na apropriação do ambiente foi proporcional à capacidade dos docentes em vencer barreiras e que um número razoável de professores resistentes dificultou a difusão, limitando os resultados imediatos.
Definimos que o escopo do alcance da comunicação ainda seria unilateral, no qual o professor publica conteúdo e o aluno acessa as informações, deixando para outra ocasião a implantação da interação. Partimos, então, para a construção de uma área por turma e/ou classe, inserindo, em cada uma, os professores responsáveis, de modo a garantir que o aluno acessasse mediante identificação no sistema, apenas às páginas dos seus professores.
Como a aprendizagem no ambiente da educação em rede não pode ser passiva, em meados de março de 2003, com todas as páginas que remetiam aos ambientes dos professores devidamente publicadas na Internet e disponíveis aos estudantes, fizemos um horário alternativo e levamos todas as turmas de alunos aos laboratórios de Informática acompanhados dos professores para apresentar o novo serviço. A experiência mostrou-se bastante satisfatória, revelando o entusiasmo típico dos alunos pelo uso das novas tecnologias, ampliando o espaço da sala de aula para o virtual.
Outro fator que garantiu o sucesso foi a abertura gradual à participação dos alunos, pois primeiramente asseguramos aos professores o controle do ambiente para quase um ano depois estimulá-los a receber os alunos.
A possibilidade que é oferecida ao corpo docente de conhecer o que os outros estão publicando em seus ambientes e, inclusive de se comunicar com os alunos dos outros colégios permitiu a troca e o conseqüente alinhamento dos conteúdos e metodologias utilizados no processo ensino-aprendizagem.
Divulgação
Um dos fatores mais importantes do processo: a valorização social do que estamos realizando. No decorrer do processo de implantação, divulgamos nos meios de comunicação
internos: jornal dos colégios, revista institucional e newsletter. Efetuamos a confecção de um
CD ROM institucional entregue à comunidade em 2003
Os professores que se engajaram na idéia e foram os protagonistas das mudanças mereceram destaque nas notícias:
Depoimentos de professores retirados da matéria “eMack – a rica dimensão virtual do Colégio
Presbiteriano Mackenzie”, veiculada na Revista Mackenzie nº. 24.
Resultados e lições aprendidas
Três fatos merecem comentários à parte:
1. Alguns professores mostraram-se muito ciosos de sua privacidade, garantindo o acesso de estudantes a seus ambientes pelo uso de senhas individuais (apenas os membros cadastrados acessavam os conteúdos), desta forma tinham todo o controle sobre o ambiente.
2. Os alunos valorizaram os professores pela iniciativa de publicação de conteúdos
on-line e os mesmos assumiram a importância da responsabilidade de alimentação
atualizada das áreas. A autonomia para a publicação na Internet valorizou a equipe de professores, que, assumindo o espaço como complementar a sala de aula, tomou a frente na divulgação aos pais e comunidade em geral.
3. Após um ano da implantação do ambiente nestes moldes, no início do ano letivo de 2004, proporcionamos, com todos os professores, um encontro que abordou a possível participação dos estudantes na publicação de material e no estabelecimento de comunicação entre os membros do grupo do ambiente do professor. O intuito foi possibilitar a criação de um grupo de aprendizagem colaborativa e permitir o envio de recados e notícias a todos os membros associados.
nova possibilidade, encaminhando-os aos laboratórios, juntamente com os professores, para efetuar o cadastro no ambiente, efetivando-os como membros dos mesmos. Estabelecemos uma comunicação de dupla via entre professores e alunos que não se encontram em um mesmo espaço, como apoio e complementação à sala de aula.
A possibilidade de interação ampliou potencialmente os canais de aprendizagem, tirando o foco do professor como centro da interação, porque os alunos conhecem seus colegas, têm facilidade e rapidez na utilização dos recursos e se sentem à vontade no
ambiente virtual. Aprender-ensinar à distância ainda é uma novidade em muitos contextos
educacionais e, portanto, não se pode desconsiderar a inexperiência de professores que
nem sempre sabem como se aproximar, perguntar, discutir, discordar, aderir, brincar pela
rede.
Outro aspecto igualmente importante é a metodologia que orienta o desenvolvimento
da interação virtual. A abordagem educacional utilizada pode contribuir de forma importante
para o estabelecimento de uma rede de cooperação entre os participantes e,
conseqüentemente, para a construção coletiva do conhecimento. Levando em consideração esse aspecto, a escola definiu, a partir de 2005, quais conteúdos seriam importantes e imprescindíveis a serem publicados: Todas as datas e conteúdos de avaliação, avisos,
material para revisão, textos complementares, lista de exercícios e indicações de sites.
Com o ganho de autonomia dos professores, o foco da equipe de tecnologia modificou-se, passando do atendimento direto aos alunos e publicação centralizada do portal
eMack, para o atendimento e capacitação contínua da equipe de professores. Os alunos, por sua vez, passaram a exercer sua condição de usuários ativos, estabelecendo com o professor uma experiência social totalmente diferenciada da sala de aula. A utilização do ambiente ampliou a aula e deu continuidade aos assuntos discutidos no espaço virtual.
Mais um valor agregado foi a possibilidade dos professores conhecerem o que as outras unidades dos Colégios (São Paulo, Tamboré e Brasília) fazem, já que o espaço de troca dentro das escolas é tão restrito.
O crescimento contínuo do corpo docente no que tange a constante ampliação na utilização dos recursos informatizados foi garantido pela capacitação individual ou em pequenos grupos sob demanda, pois as dúvidas são resolvidas em tempo hábil, e há sempre espaço para a implementação das novidades.
Esta proposta forneceu subsídios práticos para repensar a sala de aula e diminuir a dicotomia casa-escola, rumo a uma aprendizagem de melhor qualidade. Permitiu também
atingir a totalidade de professores e alunos no processo de interação on-line, ampliando o
comprometimento mútuo na construção do conhecimento. Criamos um espaço para que os alunos explorem o conteúdo de forma colaborativa e para que busquem seus interesses, saindo de uma comunicação unidirecional do conhecimento vinda de um especialista em determinado assunto. A necessidade de que os cursos estruturem-se a partir dos elementos local e tempo deixou de existir.
Contribuição social
para a melhoria da qualidade de materiais de aprendizagem a custos mais baixos que os envolvidos em outras modalidades mais tradicionais.
Na medida em que o potencial desse instrumento é apresentado ao educador, este procura por subsídios teóricos (encontrados nas teorias pedagógicas) que lhe dê suporte para seu uso nas escolas. Entretanto, o questionamento dos educadores é como fazê-lo.
Os Colégios Presbiterianos Mackenzie fazem parte de uma associação de
aproximadamente 200 escolas presbiterianas por todo o território nacional. Com o intuito de expandir a nossa prática inovadora a essas escolas, possibilitamos a inserção das novas tecnologias por meio de doações de equipamentos e softwares e pela capacitação do seu corpo docente.
Como exemplo, apresentamos um curso de capacitação para 40 professores de escolas públicas e particulares, em março de 2004, no decorrer de uma semana, em Rio Branco, estado do Acre. Em toda a capital, havia apenas um laboratório de informática, situado em uma escola pública de Ensino Médio. Foram atendidas duas turmas de 20 professores, uma no período da manhã e outra à tarde, em encontros de quatro horas.
Para que os professores participassem do curso era necessário que cumprissem os
seguintes requisitos: conhecer um pouco o ambiente Windows e estar familiarizados com um
editor de textos. Contudo, não foi o que encontramos. O repertório inicial em informática da maioria dos docentes era praticamente nulo. Poucos professores possuíam computador em suas residências e, com exceção dos técnicos dos laboratórios de informática, poucos tinham acesso no local de trabalho. O desafio, portanto, foi grande, pois o programa da capacitação previa momentos de explicação teórica para balizar a utilização adequada das novas tecnologias na educação, mas a prática era o forte da proposta.
Iniciamos o curso com a apresentação da equipe participante e levantamento das expectativas e necessidades da região. Aquecemos o trabalho por meio de uma dinâmica que apresentava palavras comumente utilizadas na área de informática. Apresentamos
alguns projetos elaborados pela equipe de professores do Mackenzie, para diversas faixas
etárias, englobando a concepção, projeto, recursos utilizados e resultados. A seguir, realizamos uma oficina na qual cada dupla de professores criou um projeto a ser aplicado
para seus alunos, respeitando as características regionais. Apresentamos alguns softwares
freeware, como o CLIC e o Hotpotatoes. Os participantes construíram atividades por meio
destes softwares, apresentaram ao grupo e puderam levar para sua escola, além do seu
trabalho, também o dos colegas.
Durante o transcorrer do curso, os docentes ajudaram-se mutuamente para que todos estivessem aptos a caminharem juntos, porque uma grande quantidade estava passando
também por um processo de alfabetização digital. Abordamos, então, as possibilidades de
utilização pedagógica da Internet. Apresentamos as iniciativas dos Colégios Presbiterianos
Mackenzie (Portal eMack, ambiente de aprendizagem colaborativa e WebQuest).
Cada turma desenvolveu uma WebQuest com temas referentes à realidade do
Estado (biodiversidade e extrativismo predador) que estão publicadas no Portal eMack, no
endereço: http://www.emack.com.br/sao/webquest/webquestsp.php.
A maioria não tinha endereço eletrônico, mas foram criados no decorrer do curso
para que pudessem disponibilizá-los nas WebQuests, como meio dos interessados em
valorizá-los como docentes, também ampliou a motivação para darem continuidade ao processo.
Planejamento futuro
São inúmeras as possibilidades de utilização do computador na escola e igualmente diversificadas as possibilidades deste uso. O computador pode se constituir em poderoso recurso didático para o processo ensino-aprendizagem desde que integrado às redes mundiais de comunicação, como a Internet, e utilizado como elemento básico e próprio do mundo contemporâneo, constituindo-se num elemento chave para uma nova forma de pensar e aprender, mais global e integrada. Para tanto, é necessário criarem-se ambientes facilitadores que incluam: postura da escola, atitude e modo de atuar do professor e adoção de uma metodologia de trabalho, que permita a participação ativa do aluno no processo.
Neste mundo de comunicação generalizada, torna-se fundamental compreender que o papel da escola transforma-se, deixando de ser o centro das informações e constituindo-se em espaço ideal para a produção de conhecimento e cultura, com a mediação/intervenção dos professores, num estímulo às ações de caráter socializado e cooperativo. Os laboratórios de informática aplicada à educação que, atualmente, estão presentes na escola de forma integrada e integradora, entendendo-se a interação como elemento fundamental para a aprendizagem cooperativa, com professores e alunos construindo coletivamente o
saber, cede gradativamente o lugar à interação via web.
Para responder a todas essas mudanças, é desejável que o professor seja um sujeito criativo, com iniciativa, capaz de interpretar e solucionar problemas, de buscar, selecionar, interpretar, organizar, gerar informações e aprender continuamente. Para isso, o professor precisa dominar as linguagens contemporâneas, isto é, saber comunicar-se através dessas linguagens. A emblemática figura do professor sabe-tudo e entregador de informações não se sustentam mais.
O material impresso é ainda o meio mais significativo na prática docente, e mesmo no
ambiente de aprendizagem colaborativa temos, ainda hoje, um delivery de textos e
conteúdos para serem impressos à distância. O nosso grande desafio é levar o professor a
utilizar os recursos multimídia e a interagir pela web.
A cada dia, nossos estudantes exigem variedade de canais de aprendizagem, porque esta é sua prática diária de comunicação e diversão. Exigem também maior atividade e interatividade, mobilidade, convertibilidade e conectividade. Para a escola acompanhar este processo e o ritmo de evolução das tecnologias, há a necessidade de investimentos constantes em termos financeiros, e em termos profissionais, pois a formação e capacitação permanente dos professores para as tecnologias tornam-se o foco principal, para possibilitar a utilização eficaz dos recursos disponíveis.
A tendência é que os softwares educativos migrem para a disponibilização na web,
originando vastos repositórios de dados que sejam utilizados por uma imensa gama de usuários em qualquer local e hora, dirimindo custos, facilitando as atualizações e evitando
que a escola separe o ambiente laboratório para o processo ensino-aprendizagem por
meio das tecnologias.
A grande importância pedagógica do acesso a ambientes colaborativos na web é que,
neste ambiente, os alunos podem aprender FAZENDO, ao contrário de aprenderem apenas
processo cumulativo de ajuda mútua e de percepção partilhada de problemas e necessidades.
O futuro próximo consiste na abertura do ambiente para a criação de comunidades de alunos, para a troca efetiva de experiências e interesses comuns e na ampliação da interação entre alunos e professores nos ambientes docentes.
O propósito seria ampliar as possibilidades de ensino-aprendizagem e de trocas colaborativas, onde os estudantes dos nossos colégios pudessem participar de muitas comunidades, compartilhando com alunos das outras unidades e/ou séries, com temas interessantes e onde realmente surgissem debates proveitosos.
Já houve uma iniciativa neste aspecto, mas tivemos alguns problemas com os estudantes no que diz respeito à compreensão de que é um ambiente virtual, mas que é continuidade do Colégio, e as normas vigentes no presencial continuam no virtual.
Pudemos aferir que há a necessidade de um trabalho prévio e orientado, onde a supervisão e a tutoria inicial dos ambientes que forem criados são imprescindíveis para evitar que o ambiente se transforme em uma rede social ao invés de uma rede educacional.
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TAPSCOTT, D. Geração Digital – A crescente e irreversível ascensão da geração Net.
