Universidade Federal da Bahia - UFBA
Instituto de Matem´
atica - IM
Programa de P´os-Graduac¸˜ao em Matem´atica - PGMAT Dissertac¸˜ao de Mestrado
Hipersuperf´ıcies em formas espaciais satisfazendo
a condic
¸˜
ao
L
k(
x
) =
Ax
Luiz Alberto de Oliveira Silva
Salvador-Bahia
k
Luiz Alberto de Oliveira Silva
Disserta¸c˜ao de Mestrado apresentada ao Colegiado da P´os-Gradua¸c˜ao em Matem´atica da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Matem´atica.
Orientador: Prof. Dr. Jos´e Nelson Bastos Barbosa.
Salvador-Bahia
Silva, Luiz Alberto de Oliveira.
Hipersuperf´ıcies em formas espaciais satisfazendo a condi¸c˜ao
Lk(x) =Ax/ Luiz Alberto de Oliveira Silva. – Salvador: UFBA, 2011. 51 f.
Orientador: Prof. Dr. Jos´e N. Bastos Barbosa.
Disserta¸c˜ao (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Instituto de Matem´atica, Programa de P´os-gradua¸c˜ao em Matem´atica, 2011.
Referˆencias bibliogr´aficas.
1. Geometria Riemanniana. 2. Hipersuperf´ıcie. I.Barbosa, Jos´e N. Bastos. II. Universidade Federal da Bahia, Instituto de Matem´atica. III. T´ıtulo.
k
Luiz Alberto de Oliveira Silva
Disserta¸c˜ao de Mestrado apresentada ao Colegiado da P´os-Gradua¸c˜ao em Matem´atica da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Matem´atica, aprovada em 23 de setembro de 2011.
Banca examinadora:
Prof. Dr. Jos´e Nelson Bastos Barbosa (Orientador) UFBA
Prof. Dr. Enaldo Silva Vergasta UFBA
A minha m˜ae Veral´ucia por incentivar meus estudos, a meu pai Antˆonio, meus irm˜aos e a minha companheira Milena pelo carinho em todos os momentos.
Agrade¸co tamb´em aos meus colegas da p´os-gradua¸c˜ao. Aos colaboradores deste trabalho como Dimi Rangel, Marcus Morro, Fellipe Leite, Rodrigo Von Flach, Te´ofilo Nascimento, Thiago Nunes e Renivaldo Sena.
“Matem´aticos s˜ao m´aquinas de transformar caf´e em teo-remas ”.
Este trabalho trata de hipersuperf´ıcies na esfera Sn+1 ou no espa¸co hiperb´olico
Hn+1, cujo vetor posi¸c˜aoxsatisfaz a condi¸c˜aoL
kx=Ax, ondeLk´e o operador linearizado
da (k + 1)-´esima curvatura m´edia da hipersuperf´ıcie para um k = 0,1, ..., n−1 fixado e A ∈ R(n+2)×(n+2) ´e uma matriz constante auto-adjunta. Para cada k, tem-se que as
´
unicas hipersuperf´ıcies que satisfazem as condi¸c˜oes acima s˜ao: aquelas que possuem a (k + 1)-´esima curvatura m´edia nula e k-´esima curvatura m´edia constante ou uma parte aberta do toro de Clifford (Sm(√1−r2)×Sn−m(r)⊂Sn+1 com 0< r <1) ou uma parte
aberta do cilindro hiperb´olico (Hm(−√1 +r2)×Sn−m(r)⊂Hn+1 com r >0).
Abstract
This work deals with hypersurfaces either in the sphere Sn+1 or in the hyperbolic
space Hn+1 whose position vector x satisfies the condition L
kx = Ax where Lk is the
linearized operator of the (k + 1)-th mean curvature of the hypersurfaces for a fixed
k = 0,1, ..., n−1 and A ∈ R(n+2)×(n+2) is a self-adjoint constant matrix. For each k, it
follows that the only hypersurfaces which satisfy the condition above are: those that have the (k+ 1)-th mean curvature zero andk-th mean curvature constant or an open piece of the Clifford’s torus (Sm(√1−r2)×Sn−m(r)⊂ Sn+1 with 0 < r <1) or an open piece of
the hyperbolic cylinder (Hm(−√1 +r2)×Sn−m(r)⊂Hn+1 with r >0).
Introdu¸c˜ao 1
1 A esfera e o espa¸co hiperb´olico 3
1.1 A esfera . . . 3 1.2 O espa¸co hiperb´olico . . . 4
2 Operadores linearizados (Lk) 9
3 Hipersuperf´ıcies que satisfazem a condi¸c˜ao Lkx=Ax 20
3.1 Hipersuperf´ıcies com a (k + 1)-´esima curvatura m´edia nula e a k-´esima curvatura m´edia constante . . . 20 3.2 Toro de Clifford . . . 21 3.3 Cilindro hiperb´olico . . . 25
4 Teorema 29
Introdu¸c˜
ao
Em 1966, Takahashi [Tak66] mostrou que as ´unicas subvariedadesn-dimensionais isometricamente imersas no espa¸co euclidiano Rn+m, cujas fun¸c˜oes coordenadas s˜ao
au-tovalores do operador Laplaciano associado a algum autovalor λ, ou s˜ao subvariedades m´ınimas em Rn+m (com λ = 0) ou s˜ao subvariedades em uma hiperesfera redonda Sn+m−1 ⊂ Rn+m (com λ = n
r2 > 0). Em particular, quando a codimens˜ao ´e m = 1,
o teorema de Takahashi afirma que se x : Mn
→ Rn+1 ´e uma hipersuperf´ıcie imersa no
espa¸co euclidiano e△denota seu operador Laplaciano (com respeito a m´etrica induzida), ent˜ao a imers˜ao satisfaz a condi¸c˜ao △x+λx = 0 para alguma constante real λ se, e somente se, M ´e m´ınima comλ = 0 ouM ´e uma parte aberta da hiperesfera redonda de raio r=pnλ centrada na origem de Rn+1 com λ >0.
Como uma extens˜ao do teorema de Takahashi, Garay [Gar90] estudou hiper-superf´ıcies no espa¸co euclidiano cujas fun¸c˜oes coordenadas s˜ao autovalores do operador Laplaciano, mas n˜ao necessariamente associado ao mesmo autovalor. Para ser mais es-pec´ıfico, Garay [Gar90] considerou hipersuperf´ıcies emRn+1 satisfazendo △x=Ax (com
respeito ao mesmo sistema de coordenadas ortonormal), onde A ∈ R(n+1)×(n+1) ´e uma
matriz diagonal constante. Em 1990, ele provou que as ´unicas tais hipersuperf´ıcies s˜ao m´ınimas em Rn+1, parte aberta da hiperesfera redonda ou parte aberta dos cilindros
esf´ericos generalizados.
Baseado nisto, Dillen [DPV90] considerou superf´ıcies emR3 cuja imers˜ao satisfaz
a condi¸c˜ao △x = Ax+b, onde A ∈ R3×3 ´e uma matriz constante e b ∈ R3 ´e um vetor
constante. Em 1990, ele provou que as ´unicas tais superf´ıcies s˜ao m´ınimas, partes abertas da esfera redonda ou partes abertas de cilindros circulares. Em 1991, o resultado de Dillen foi generalizado emRn+1, por Hasanis e Vlachos [HVl92], Chen e Petrovic [CPe91].
O operador Laplaciano △ pode ser visto como o primeiro de uma sequˆencia de operadores L0 = △, L1, ..., Ln−1, onde Lk representa o operador linearizado da (k+
1)-´esima curvatura m´edia da hipersuperf´ıcie. Estes operadores Lk :C∞(M)→C∞(M) s˜ao
definidos por Lk(f) = tr(Pk ◦ ∇2f), onde f ´e uma fun¸c˜ao diferenci´avel em M, Pk ´e a
k-´esima transforma¸c˜ao de Newton associada `a segunda forma fundamental da hipersu-perf´ıcie e ∇2f ´e a hessiana def.
Em 2006, Al´ıas e G¨urb¨uz [AGu06] estenderam a classifica¸c˜ao para hipersuperf´ıcies emRn+1satisfazendo△x=Ax+b. Eles classificaram hipersuperf´ıcies no espa¸co euclidiano
Rn+1 satisfazendo a condi¸c˜ao L
kx=Ax+b, provando que as ´unicas tais hipersuperf´ıcies
s˜ao as que tˆem a (k+ 1)-´esima curvatura m´edia zero, uma parte aberta da hiperesfera redonda ou uma parte aberta do cilindro esf´erico reto generalizado. Em 2010, Al´ıas e Kashani [AKa10] mostraram o seguinte teorema, que ´e o resultado principal desta dis-serta¸c˜ao.
Teorema: Seja x : Mn → Mn+1
c ⊂ Rnq+2 uma hipersuperf´ıcie orient´avel imersa onde
Mn+1
c ´e a esfera euclidiana Sn+1 ⊂ Rn+2 se c = 1 ou o espa¸co hiperb´olico Hn+1 ⊂ R n+2 1
se c = −1. Se Lk ´e o operador linearizado da (k + 1)-´esima curvatura m´edia de M,
para algum k = 0,1,2, ..., n−1 fixado, ent˜ao a imers˜ao satisfaz a condi¸c˜ao Lkx = Ax
para alguma matriz constante auto-adjunta A∈R(n+2)×(n+2) se, e somente se, ´e uma das
seguintes hipersuperf´ıcies:
(1) uma hipersuperf´ıcie com a (k+ 1)-´esima curvatura m´edia zero e ak-´esima curvatura m´edia constante;
(2) uma parte aberta do Toro de Clifford, Sm(√1
−r2)×Sn−m(r)
⊂Sn+1, 0< r <1, se
c= 1;
(3) uma parte aberta do cilindro hiperb´olico, Hm(−√1 +r2)×Sn−m(r)
⊂ Hn+1, r >0,
se c=−1.
Esta disserta¸c˜ao ´e dividida em quatro cap´ıtulos. No cap´ıtulo 1, trataremos de conceitos b´asicos que ser˜ao utilizados nas demonstra¸c˜oes de alguns resultados.
No cap´ıtulo 2, apresentaremos as defini¸c˜oes das transforma¸c˜oes de Newton (os operadores Pk) e dos operadores linearizados (Lk), bem como algumas propriedades e
express˜oes.
Descreveremos, no cap´ıtulo 3, as hipersuperf´ıcies x : Mn → Mn+1
c ⊂ Rnq+2
ori-ent´aveis imersas em Mn+1
c satisfazendo a condi¸c˜ao Lkx = Ax, onde Lk ´e o operador
linearizado da (k+ 1)-´esima curvatura m´edia de M para algum k = 0,1, ..., n−1 fixado eA∈R(n+2)×(n+2) ´e alguma matriz constante auto-adjunta.
Cap´ıtulo 1
A esfera e o espa¸co hiperb´
olico
Neste cap´ıtulo apresentaremos as variedades que ser˜ao os espa¸cos ambientes das hipersuperf´ıcies tratadas neste trabalho.
1.1
A esfera
A esfera unit´aria´e definido por Sn ={x = (x
0, ..., xn+1);|x|= 1}. Denotaremos
Sη :X(M)→X(M) o operador de Weingarten.
Proposi¸c˜ao 1.1. A segunda forma fundamental de Sn ֒→ Rn+1 ´e dada por S
η = Id.
Al´em disso, a curvatura seccional de Sn ´e constante e igual a 1.
Demonstra¸c˜ao. Sejam x ∈ Sn,
{b1, ..., bn} uma base de TxSn e η = −x ∈ (TxSn)⊥.
Considere o campo normalN aSndado porN(p) =−p. ComoN(x) = −ηehN, Nip = 1,
∀p∈Sn, temos que
hSη(bi), bji=h−(∇biN)
T, b
ji=h(−∇biN), bji.
Para um vetor arbitr´ariov ∈TxSn, vamos calcular (∇vN)(x). Como,
N(p) =−p=−
n X
i=1
piei
temos que as coordenadas de N(p) na base canˆonica {e0, ..., en} de Rn+1 s˜ao dadas por
Ni(p) = −pi.
Sejam v ∈ TxSn e α :]−ǫ, ǫ[→ Sn uma curva regular em Sn tais que α(t) =
(α0(t), ...αn(t)),α(0) =xe α′(0) =v. Portanto,
v(Nk)(x) = dtd(Nk◦α)(t)|t=0 = dtdNk(α(t))|t=0 = dtd(−αk(t))|t=0 =−α′k(0).
Usando a express˜ao da conex˜ao e sabendo que Γk
ij(Rn+1) = 0, teremos:
(∇vN)(x) = n X
k=0
{v(Nk)(x) + X
i,j
viNj(x)Γkij(x)}ek
=
n X
k=0
v(Nk)(x)ek
=
n X
k=0
−α′k(0)ek
=
n X
k=0
−vkek
= −v.
Portanto Sη(bi) = −∇biN =bi ⇒Sη =Id. Da´ı,
hhSη(X), Yiη, ηi = hSη(X), Yihη, ηi
= hSη(X), Yi
= hB(X, Y), ηi.
Logo B(X, Y) = hSη(X), Yiη=hX, Yiη=ηhX, Yi. Usando a f´ormula de Gauss
e tomando{X, Y} ortonormal,
K(X, Y)−K(X, Y) = hB(X, X), B(Y, Y)i − hB(X, Y), B(X, Y)i
onde K ´e a curvatura seccional de Sn e K ´e a curvatura seccional de Rn+1. Como
K(X, Y) = 0 eB(X, Y) = η(X, Y), temos,
K(X, Y) =hηhX, Xi, ηhY, Yii − hηhX, Yi, ηhX, Yii= 1.
J´a sabemos que Sn ´e uma variedade compacta, da´ı segue diretamente do teorema
de Hopf e Rinow que Sn´e completa.
1.2
O espa¸co hiperb´
olico
Defini¸c˜ao 1.2. O espa¸co de Lorentz Rn+1
1 ´e o espa¸co euclidiano (n+ 1)-dimensional com
a m´etrica de Lorentz dada por
(p, q) = −p0q0+p1q1+...+pnqn
5
Descrevemos o espa¸co hipeb´olico Hn que ´e uma hipersuperf´ıcie do Espa¸co de
Lorentz Rn+1
1 , ou seja, o espa¸co Rn+1 munido com a m´etrica semi-Riemanniana que
definiremos da seguinte maneira.
Seja Q : Rn+1 → R uma forma quadr´atica dada por Q(x
0, ...xn) = −x20+x21 +
...+x2
n e R n+1
1 o espa¸co Rn+1 com a m´etrica pseudo-Riemanniana (., .) induzida por Q.
Ent˜ao teremos:
(u, v) = 12{Q(u+v)−Q(u)−Q(v)}
Observe que para x= (x0, ..., xn), segue da express˜ao acima que (x, x) =Q(x).
Oespa¸co hiperb´olico´e definido comoHn={x= (x0, ..., xn); (x, x) =−1, x0 >0}.
Geometricamente Q(x) = −1 ´e um hiperbol´oide de duas folhas e Hn ´e a folha
contida no semi-espa¸co x0 > 0. Como Hn ´e uma componente conexa da pr´e-imagem de
−1 porQ, ent˜ao Hn ´e uma hipersuperf´ıcie de Rn+1 1 .
Proposi¸c˜ao 1.3. Segundo a m´etrica de Lorentz, o vetor η = x ´e ortogonal ao espa¸co tangenteTxHn, para todo x∈Hn.
Demonstra¸c˜ao. Sejam v ∈ TxHn e α :] − ǫ, ǫ[→ Hn uma curva regular em Hn tal
que α(0) = x e α′(x) = v. Assim α(t) = (x
0(t), ..., xn(t)), com x0(t) > 0. Logo,
Q(α(t)) = (α(t), α(t)) = −1. Ent˜ao:
Q(α(t)) = −x0(t)2 +x1(t)2+...+xn(t)2 =−1
⇒ −2x0(t)x0′(t) + 2x1(t)x′1(t) +...+ 2xn(t)x′n(t) = 0
⇒ −x0(t)x′0(t) +x1(t)x′1(t) +...+xn(t)x′n(t) = 0
⇒ (α(t), α′(t)) = 0,∀t∈]−ǫ, ǫ[ ⇒ (α(0), α′(0)) = 0
⇒ (x, v) = 0 ⇒ x⊥v ⇒ η ⊥v.
Proposi¸c˜ao 1.4. (η, η) =−1.
Demonstra¸c˜ao. (η, η) = (x, x) =Q(x) = −1.
Proposi¸c˜ao 1.5. β ={b0, ...bn}, comb0 =η, (bi, bj) = δij parai, j = 1, ...n e(bi, b0) = 0,
parai= 1, ..., n´e uma base de Rn+1
1 .
Demonstra¸c˜ao. Para ver queβ ´e uma base de Rn+1
Proposi¸c˜ao 1.6. A m´etrica induzida porRn+1
1 em Hn ´e Riemanniana.
Demonstra¸c˜ao. O ´ındice da forma quadr´atica independe da base escolhida. Escolhendo a base canˆonica {e0, ...en} ∈ R1n+1, vemos que o ´ındice de Q ´e igual a 1. Como Q(η) =
(η, η) =−1, temos que Q(ei)>0,∀i= 1, ...n. Portanto Q|TxHn ´e positiva definida.
Assim, a m´etrica induzida por Rn+1
1 em Hn ´e Riemanniana.
Proposi¸c˜ao 1.7. A segunda forma fundamental de Hn ֒→ Rn+1
1 ´e dada por Sη = −Id.
Al´em disso, a curvatura seccional de Hn ´e constante e igual a −1.
Demonstra¸c˜ao. Sejam x ∈ Hn, {b
1, ..., bn} uma base de TxHn e η = x ∈ (TxHn)⊥.
Considere o campo normalN a Hn dado porN(p) =p. Visto queN(x) =η e (N, N) p =
−1,∀p∈Hn, temos que
(Sη(bi), bj) = (−(∇biN)
T, b
j) = ((−∇biN), bj).
Para um vetor arbitr´ariov ∈TxHn, vamos calcular (∇vN)(x). Como,
N(p) =p=Pni=1piei
temos que as coordenadas de N(p) na base canˆonica {e0, ..., en} de Rn1+1 s˜ao dadas por
Ni(p) = pi.
Sejam v ∈ TxHn e α :]−ǫ, ǫ[→ Hn uma curva regular em Hn tais que α(t) =
(α0(t), ...αn(t)),α(0) =xe α′(0) =v. Portanto,
v(Nk)(x) = dtd(Nk◦α)(t)|t=0 = dtdNk(α(t))|t=0 = dtd(αk(t))|t=0 =αk′(0).
Usando a express˜ao da conex˜ao e sabendo que Γk
ij(Rn1+1) = Γkij(Rn+1) = 0, teremos:
(∇vN)(x) = n X
k=0
{v(Nk)(x) + X
i,j
viNj(x)Γkij(x)}ek
=
n X
k=0
v(Nk)(x)ek
=
n X
k=0
α′k(0)ek
=
n X
k=0
vkek
= v.
7
(−(Sη(X), Y)η, η) = −(Sη(X), Y)(η, η)
= (Sη(X), Y)
= (B(X, Y), η).
Logo B(X, Y) = −(Sη(X), Y)η = (X, Y)η = η(X, Y). Usando a f´ormula de
Gauss e tomando{X, Y} ortonormal,
K(X, Y)−K(X, Y) = (B(X, X), B(Y, Y))−(B(X, Y), B(X, Y)) onde K ´e a curvatura seccional de Hn e K ´e a curvatura seccional de Rn+1
1 . Como
K(X, Y) = 0 eB(X, Y) = η(X, Y), temos,
K(X, Y) = (η(X, X), η(Y, Y))−(η(X, Y), η(X, Y)) =−1.
Denotaremos O1(n + 1) o subgrupo das transforma¸c˜oes lineares de Rn+1 que
preservam a m´etrica (,) e ˆHn ={x= (x
0, ..., xn); (x, x) =−1;x0 <0}. Observe que ˆHn ´e
a folha contida no semi-espa¸co x0 <0.
Lema 1.8. Seja W ∈ O1(n + 1). Se para cada p ∈ Hn temos W(p) ∈ Hn, ent˜ao
W(x)∈Hn para todo x∈Hn.
Demonstra¸c˜ao. Se W ∈ O1(n+ 1) e x ∈Hn, ent˜ao (W x, W x) = (x, x) =
−1. Portanto
W(x)∈Hn ou W(x)∈Hˆn.
Seja p∈Hn tal que W(p)∈Hn. Suponha que existeq∈Hn tal que W(q)∈/ Hn,
isto ´e W(q) ∈ Hˆn. Seja α :]−2,2[→ Hn uma curva regular em Hn tal que α(0) = p e
α(1) =q. Ent˜ao, W ◦α ´e uma curva em Q−1(−1) ligando W(p) e W(q).
Denote α(t) = (x0(t), ...xn(t)), x0 >0 e W ◦α(t) = (y0(t), ..., yn(t)). Temos que
W ◦α´e cont´ınua.
Como W(α(0)) = W(p) ∈ Hn, claramente y
0(0) > 0, e o fato de W(α(1)) =
W(q) ∈ Hˆn, temos que y
0(1) <0. Uma vez que y0 ´e cont´ınua, ent˜ao existe t′ ∈]0,1[ tal
quey0(t′) = 0 o que implica queW◦α(t′)∈/ Q(−1). Absurdo, pois (W(α(t′)), W(α(t′))) =
(α(t′), α(t′)) = −1.
Proposi¸c˜ao 1.9. Se W ∈O1(n+ 1) e det(W)>0, ent˜ao W(Hn) = Hn.
Demonstra¸c˜ao. Sejam e0 = x = (1,0, ...,0) ∈ Hn e {b1, ..., bn} base de TxHn. Como W
preserva m´etrica, temos que{W(e0), W(e1)..., W(en)}´e base de Rn1+1 e pelo fato deQser
Comodet(W)>0, W(e0) =e0. Pelo lema 1.8, conclu´ımos que W(Hn) =Hn.
Dizemos que uma variedade Riemanniana M ´e homogˆenea se dados p, q ∈ M
existe uma isometria de M que leva pem q.
Lema 1.10. Toda variedade homogˆenea ´e completa.
Demonstra¸c˜ao. Suponha queMn˜ao seja completa. Ent˜ao existemp∈M e uma geod´esica (podemos tomar normalizada, |γ′| = 1) γ : [0, t
0] → M, com γ(0) = p, tal que γ n˜ao
pode ser estendida al´em de t0. Escolhamos ǫ > 0 tal que Bǫ(p) seja uma bola normal
e consideremos q = γ(t0 − 2ǫ) ∈ M. Como M ´e homogˆenea, por defini¸c˜ao, existe uma
isometria ϕ : M → M tal que ϕ(p) =q. Ent˜ao ϕ : M → M ´e um difeomorfismo, dϕp :
TpM →Tϕ(p)M ´e um isomorfismo e portanto existe v ∈ TpM tal que dϕpv =γ′(t0− 2ǫ).
Observe que ||v||= 1, pois ϕ´e isometria e portanto 1 = hγ′(t
0− 2ǫ), γ′(t0− 2ǫ)i=hdϕpv, dϕpvi=hv, vi.
Por outro lado considere a geod´esica α: [0, ǫ[→M dada por
α(t) =expptv.
Conclu´ımos que ϕ ◦ α : [0, ǫ[→ M ´e uma geod´esica, pois isometria preserva geod´esica, tal que
(ϕ◦α)(0) =ϕ(α(0)) =ϕ(p) = q=γ(t0− 2ǫ)
e
(ϕ◦α)′(0) =dϕ
pv =γ′(t0− 2ǫ).
Assimϕ◦α´e uma geod´esica deM que coincide comγ em [t0−2ǫ[. Por unicidade
segue que ϕ◦α = γ|[t0−ǫ2,t0[, o que significa que podemos estenderγ al´em de t0, o que ´e
um absurdo. LogoM ´e completa.
Proposi¸c˜ao 1.11. Hn ´e completa.
Demonstra¸c˜ao. Sejam p, q ∈Hn, {v
1, ...vn} uma base ortonormal de TpHn e {w1, ..., wn}
uma base ortonormal deTqHn. ConsidereT :R1n+1 →Rn1+1 uma transforma¸c˜ao linear tal
que T(p) = q e T(vi) = wi, i = 1, ..., n. Como (p, p) = (q, q) = −1, (vi, vj) = (w1, wj) =
δij e (p, vi) = (q, wi) = 0, ent˜ao existe uma transforma¸c˜ao linear T : Rn1+1 → Rn1+1
que preserva m´etrica. Visto que p, q ∈ Hn e T(p) = q, pelo lema 1.8, conclu´ımos que
T(Hn) =Hn. Segue que T|
Hn ´e isometria deHn. Portanto, Hn ´e homogˆenea. Pelo lema
Cap´ıtulo 2
Operadores linearizados
(
L
k
)
O objetivo deste cap´ıtulo ´e obter a express˜ao do operador linearizado.Para isto, definiremos ak-´esima curvatura m´edia de uma hipersuperf´ıcie e ak-´esima transforma¸c˜ao de Newton.
Para simplificar nota¸c˜ao, denotaremos por Mn+1
c , a esfera Sn+1 ⊂Rn+2, se c= 1,
ou o espa¸co hiperb´olicoHn+1 ⊂Rn+2
1 , se c=−1. Em alguns momentos denotaremos por
h., .i, sem distin¸c˜ao, para a m´etrica euclidiana em Rn+2 e para a m´etrica lorentziana em
Rn+2
1 , bem como as correspondentes m´etricas (riemannianas) induzidas de Mnc+1 em M.
Considere x: Mn →Mn+1
c ⊂ Rnq+2 (com q = 0 se c= 1, e q = 1, se c=−1) uma
hiper-superf´ıcie orient´avel conexa imersa em Mn+1
c com a aplica¸c˜ao de Gauss G. Denotaremos
por∇0, ∇ e∇ as conex˜oes riemannianas em Rn+2
q , Mnc+1 e M, respectivamente.
Proposi¸c˜ao 2.1. As f´ormulas b´asicas de Gauss e Weingarten para as hipersuperf´ıcies
x:Mn
→Mnc+1 ⊂Rnq+2
s˜ao dadas por
∇0
XY =∇XY −chX, Yix=∇XY +hSGX, YiG−chX, Yix
e
SGX =−∇XG=−∇0XG.
Para todo X, Y ∈ X(M), onde SG : X(M) → X(M) ´e o operador de forma de M com
respeito a escolha da orienta¸c˜ao G.
Demonstra¸c˜ao. Primeiro, consideremos Mn ֒x
→ Mn+1
c ϕ
֒→ Rn+2
q , com ϕ(p) = p, ∀p ∈ Mnc+1. Sejam Aη : X(Mcn+1) → X(Mcn+1) e SG : X(M) → X(M) os operadores de
Weingartein das imers˜oesϕ exrespectivamente. Associamosα :X(Mn+1
c )×X(Mcn+1)→ X(Mn+1
c )⊥ a Aη, e B : X(M)×X(M) → X(M)⊥ a SG. J´a sabemos que AηX = cX e
η=−cx. Visto que hB(X, Y), Gi=hSGX, Yi, segue que
B(X, Y) =hSGX, YiG.
Al´em disso, temos
hα(X, Y), ηi = hAηX, Yi
= 1chη, ηihAηX, Yi
= h−chX, Yix, ηi.
Portanto,
∇0
XY = ∇XY +α(X, Y) = ∇XY −chX, Yix
= ∇XY +B(X, Y)−chX, Yix
= ∇XY +hSGX, YiG−chX, Yix.
Para mostrar a segunda express˜ao, basta observar que
hSGX, Yi = hB(X, Y), Gi=h(∇XY)⊥, Gi
= h∇XY, Gi=−h∇XG, Yi
e
h∇0
XG, Yi = h∇XG+α(X, G), Yi
= h∇XG, Yi
para todoY ∈X(M).
SG, que tamb´em denotaremos por S, define um operador linear auto-adjunto
em cada plano tangente TpM e seus autovalores, denotados por κ1(p), ..., κn(p), s˜ao as
curvaturas principais da hipersuperf´ıcie em p. Associado ao operador de Weingarten, existem n invariantes alg´ebricos dados por
sk(p) =σk(κ1(p), ..., κn(p)), 1≤k ≤n,
onde σk :Rn→R ´e uma fun¸c˜ao sim´etrica elementar em Rn dada por
σk(x1, ..., xn) = X
i1<...<ik
xi1...xik.
Observe que o polinˆomio caracter´ıstico pode ser escrito em termos de sk’s como
QS(t) = n X
k=0
11
pois,
QS(t) = det(tI−S) = (t−κ1)...(t−κn)
=
n X
k=0
(−1)ks ktn−k.
A k-´esima curvatura m´edia Hk de uma hipersuperf´ıcie ´e definida por
Hk = snk k
.
Notemos que s0 = H0 = 1 e H1, H2, Hn s˜ao as curvaturas m´edia, escalar e de
Gauss-Kronecker, respectivamente.
Defini¸c˜ao 2.2. A k-´esima transforma¸c˜ao de Newton Pk : X(M) → X(M) ´e definida
indutivamente pelo operador de forma por
P0 =I e Pk=skI−SPk−1 = nk
HkI−SPk−1,
para todok = 1, ..., n, onde I denota a identidade em X(M).
Equivalentemente,
Pk = k X
j=0
(−1)js
k−jSj = k X
j=0
(−1)j n k−j
Hk−jSj.
Em particular,
Pn = n X
k=0
(−1)ks
n−kSk=QS(S) = 0.
A ´ultima igualdade vale pelo teorema de Cayley-Hamilton.
Proposi¸c˜ao 2.3. Pk(p)´e um operador linear auto-adjunto em cada espa¸co tangente TpM
que comuta com S(p).
Demonstra¸c˜ao. Faremos por indu¸c˜ao a demonstra¸c˜ao de que SPk = PkS. Note que
SP0 =SI =IS =P0S. Suponha que SPk−1 =Pk−1S. Logo
SPk = S(skI−SPk−1) =S(skI−Pk−1S)
= Ssk−SPk−1S =skS−SPk−1S
= (skI−SPk−1)S =PkS
Tamb´em por indu¸c˜ao, mostremos que Pk ´e auto-adjunta. Escolhamos X, Y ∈ X(M).
hP0X, Yi=hIX, Yi=hX, IYi=hX, P0Yi.
Suponha quePk−1 seja auto-adjunta, ou seja
hPk−1X, Yi=hX, Pk−1Yi
ent˜ao
hPk(X), Yi = h(skI−SPk−1X, Y)i=hskX, Yi − hSPk−1(X), Yi
= hX, skYi − hPk−1(X), S(Y)i
= hX, skYi − hX, Pk−1(S(Y))i
= hX,(skI−Pk−1S)Yi
= hX, Pk(Y)i
Denotemos por
sk(Si) = sk(κ1, ..., κi−1, κi+1, ..., κn)
a k-fun¸c˜ao elementar sim´etrica associada a restri¸c˜ao Si de S ao subespa¸co ortogonal ao
autovetor correspondenteei.
Lema 2.4. Para cada i= 1, ..., n fixado, temos
sk(Si) =sk−κisk−1(Si).
Demonstra¸c˜ao. Temos que
sk(Si) = sk(κ1, ..., κi−1, κi+1, ..., κn), sk−1(Si) = sk−1(κ1, ..., κi−1, κi+1, ..., κn)
e
sk = X
i1<...<ik
κi1...κik.
Fixadoi∈ {i1, ..., ik}, sk pode ser dividido em duas parcelas. Uma contendoκi e a outra
n˜ao contendo κi, ou seja, sk = J +κiL. Claramente, J = sk(κ1, ..., κi−1, κi+1, ..., κn) =
sk(Si) e L=sk−1(κ1, ..., κi−1, κi+1, ..., κn) = sk−1(Si). Portanto sk(Si) = sk−κisk−1(Si).
13
Demonstra¸c˜ao. Temos queP0(ei) = I(ei) =eies0(Si)ei =s0(κ1, ..., κi−1, κi+1, ..., κn)ei =
ei, ent˜ao P0(e1) = s0(Si)ei. Suponha que Pk(ei) =sk(Si)ei. Ent˜ao
Pk+1(ei) = sk+1ei−SPk(ei) =sk+1ei−S(sk(Si)ei)
= sk+1ei−sk(Si)S(ei) = sk+1ei−sk(Si)κiei
= (sk+1−sk(Si)κi)ei =sk+1(Si)ei
PortantoPk(ei) =sk(Si)ei.
Se{e1, ..., en}s˜ao autovetores deS(p) com os autovalores correspondentesκ1(p),...,
κn(p) respectivamente, ent˜ao eles tamb´em s˜ao autovetores de Pk(p) com os autovalores
correspondentes dado por:
µi,k(p) =
X
i1<...<ik,ij6=i
κi1(p)...κik(p)
para todo 1≤i≤n. Pois
Pk(ei) = sk(Si)ei =sk(κ1, ..., κk−1, κk+1, ..., κn)
=
X
i1<...<ik,ij6=i
κi1...κik
.ei
Proposi¸c˜ao 2.6. Para cada1≤k ≤n−1, temos
(a) tr(Pk) = n X
i=1
sk(Si) = (n−k)sk =ckHk;
(b) tr(SPk) = n X
i=1
κisk(Si) = (k+ 1)sk+1 =ckHk+1;
(c) tr(S2P
k) = n X
i=1
κ2isk(Si) =s1sk+1−(k+ 2)sk+2 = k+1n
(nH1Hk+1−(n−k−1)Hk+2)
onde ck = (n−k) nk
= (k+ 1) k+1n
.
Demonstra¸c˜ao.
(a) Da defini¸c˜ao de tra¸co, segue que
tr(Pk) = n X
i=1
hPk(ei), eii= n X
i=1
hsk(Si)ei, eii
=
n X
i=1
sk(Si).
monˆomio desk, ent˜ao ele tamb´em ser´a um monˆomio desk(Si), comi /∈ {j1, ..., jk}. Como
temos (n−k) termos, ent˜ao
n X
i=1
sk(Si) = (n−k)sk.
(b) Facilmente vemos que
tr(SPk) = n X
i=1
hSPk(ei), eii= n X
i=1
hPk(ei), S(ei)i
=
n X
i=1
hsk(Si)ei, κieii= n X
i=1
κisk(Si).
Al´em disso, sabemos ainda
tr(Pk+1) =tr(sk+1I−SPk) = tr(sk+1I)−tr(SPk).
Logo
tr(SPk) = tr(sk+1I)−tr(Pk+1)
= nsk+1−(n−(k+ 1))sk+1
= (k+ 1)sk+1.
(c)Temos que
tr(S2P
k) = n X
i=1
hS2Pk(ei), eii= n X
i=1
hPk(ei), S2(ei)i
=
n X
i=1
hsk(Si)ei, κ2i(ei)i= n X
i=1
κ2isk(Si).
Como
tr(SPk+1) = tr(S(sk+1I−SPk))
= tr(sk+1SI)−tr(S2Pk).
Conclu´ımos que
tr(S2P
k) = tr(sk+1SI)−tr(SPk+1)
15
Proposi¸c˜ao 2.7. tr(Pk∇XS) = h∇sk+1, Xi = k+1n
h∇Hk+1, Xi, ∀X ∈ X(M). Onde
∇S denota a diferencial covariante deS
∇S(Y, X) = (∇XS)Y =∇X(SY)−S(∇XY), X, Y ∈X(M).
Demonstra¸c˜ao.
Vamos provar este resultado calculando no referencial ortonormal em M que diagonalizaS. ´E importante observar que nem sempre tais estruturas existem; problemas ocorrem quando a multiplicidade das curvaturas principais mudam (tamb´em as curvaturas principais em todos os pontos n˜ao s˜ao necessariamente suaves). Por isso, trabalharemos em um subconjunto M0 de M que consiste em pontos em que o n´umero de curvaturas
principais distintas ´e localmente constante. Como bem sabemos, M0 ´e um subconjunto
aberto e denso de M, as curvaturas principais s˜ao fun¸c˜oes suaves em M0 e, para cada
curvatura principalκ a indica¸c˜ao
p∈M0 7→ker(Sp−κ(p)I)⊂TpM
define uma distribui¸c˜ao suave. Portanto, para cadap∈M0 existe um referencial
ortonor-mal {E1, ..., En} definido na vizinhan¸ca de p tal que S(Ei) = κiEi, com cada κi suave.
Nesse caso temos
Pk(Ei) = µi,kEi
e
(∇XS)Ei = ∇X(SEi)−S(∇XEi)
= X(κi)Ei+ X
j6=i
(κi−κj)h∇XEi, EjiEj.
Logo
tr(Pk∇XS) = n X
i=1
µi,kX(κi)
=
n X
i=1
X(κi)
X
i1<...<ik,ij6=i
κi1...κik
= X( X
i1<...<ik
κi1...κik) =X(sk+1)
= h∇sk+1, Xi=h∇ k+1n
Hk+1, Xi
= n
k+1
h∇Hk+1, Xi.
Associado a cada transforma¸c˜ao de Newton Pk, temos um operador linear
difer-enci´avel de segunda ordemLk :C∞(M)→C∞(M) definido por
Lk(f) =tr(Pk◦ ∇2f)
onde∇2f :X(M)→X(M) denota um operador linear auto-adjunto metricamente
equiv-alente `a hessiana def e dado por h∇2f(X), Yi=h∇
X(∇f), Yi, X, Y ∈X(M).
Quandok = 0, temos
L0(f) = tr(P0 ◦ ∇2f) = tr(∇2f) =△f
onde △ denota o operador Laplaciano. Por isto, dizemos que o operador linearizado generaliza o operador laplaciano.
Proposi¸c˜ao 2.8. Lk(f g) = (Lkf)g+f(Lkg) + 2hPk(∇f),∇gi; f, g∈C∞(M).
Demonstra¸c˜ao. Seja{E1, ..., En} um referencial ortonormal de M, ent˜ao
Lk(f g) = tr(Pk◦ ∇2(f g)) = n X
i=1
h(Pk◦ ∇2(f g))Ei, Eii
=
n X
i=1
h∇2(f g)Ei, Pk(Ei)i
=
n X
i=1
h∇Ei(∇(f g)), Pk(Ei)i
=
n X
i=1
h∇Ei(f∇g+g∇f), Pk(Ei)i
=
n X
i=1
h∇Ei(f∇g), Pk(Ei)i+
n X
i=1
h∇Ei(g∇f), Pk(Ei)i
=
n X
i=1
{hf∇Ei(∇g), Pk(Ei)i+hEi(f)∇g, Pk(Ei)i}
+
n X
i=1
{hg∇Ei(∇f), Pk(Ei)i+hEi(g)∇f, Pk(Ei)i}
= f
n X
i=1
h∇Ei∇g, Pk(Ei)i+hPk(∇g),
n X
i=1
Ei(f)Eii
+ g
n X
i=1
h∇Ei∇f, Pk(Ei)i+hPk(∇f),
n X
i=1
17
Portanto
Lk(f g) = f n X
i=1
h∇2(g)Ei, PkEi, Pk(Ei)i+hPk(∇g),∇fi
+ g
n X
i=1
h∇2(f)Ei, PkEi, Pk(Ei)i+hPk(∇f),∇gi
= f Lk(g) +gLk(f) + 2hPk(∇f),∇gi.
Seja x : Mn → Mn+1
c ⊂ Rnq+2 uma hipersuperf´ıe orient´avel imersa em Mcn+1.
Denotemos por Ga aplica¸c˜ao de Gauss de x. Dado um vetor arbitr´ario fixadoa∈Rn+2,
consideraremos a fun¸c˜ao coordenada ha, xiem M.
Lema 2.9. a=aT+
ha, GiG+cha, xix, ondeaT
∈X(M)denota a componente tangencial
de a.
Demonstra¸c˜ao. Visto que a=aT +D
1G+D2x, onde D1, D2 s˜ao escalares, ent˜ao
ha, Gi = haT +D
1G+D2x, Gi
= haT, Gi+hD
1G, Gi+hD2x, Gi
= D1hG, Gi=D1
Al´em disso
ha, xi = haT +
ha, GiG+D2x, xi
= haT, G
i+hha, GiG, xi+hD2x, xi
= D2hx, xi=D2c,
o que nos d´a
D2 =cha, xi.
Portanto,
a=aT +ha, GiG+cha, xix.
Lema 2.10. X(ha, xi) =hX, ai=hX, aTi,∀X ∈X(M).
Demonstra¸c˜ao. Considere ˜x:Mn+1
c →Mcn+1 definido por ˜x(x) =x. Como ˜x= n X
i=1
˜
xiei,
n X
i=1
xiei =x= ˜x(x) = n X
i=1
˜
xi(x)ei
portanto ˜xi(x) =xi. Temos ainda que (dx˜i)xv =vi, ondev = (v1, ...vn+2), pois
(dx˜i)xv = (˜xi◦α)′(0) =α′i(0) =vi
tal que α(0) =x, α′(0) =v e α= (α
1, ..., αn+2).
Como X ∈X(M), ent˜aoX = n X
i=1
giei, comgi ∈C∞(M). Logo
∇0
Xx˜(x) = n X
i=1
X(˜xi)(x)ei = n X
i=1
(dx˜i)xX(x)ei = n X
i=1
gi(x)ei =X(x).
Portanto∇0
Xx˜=X.
∇0
Xa = 0, poisa ∈Rn+2. Ent˜ao
X(ha, xi) = h∇0
Xa, xi+ha,∇0Xxi=ha, Xi=hX, ai
= hX, aT +
ha, GiG+cha, xixi
= hX, aT
i+hX,ha, GiGi+hX, cha, xixi
= hX, aT
i.
Da´ı, temos que
hX, aT
i=X(ha, xi) = h∇ha, xi, Xi
o que implica que∇ha, xi=aT.
Proposi¸c˜ao 2.11. ∇X∇ha, xi=∇XaT =ha, GiSX −cha, xiX, ∀X ∈X(M).
Demonstra¸c˜ao.
∇X∇ha, xi = ∇XaT = (∇0XaT)T
= {∇0
X(a− ha, GiG−cha, xix)}T
= {∇0
Xa− ∇0X(ha, GiG)− ∇0X(ha, xix)}T
= {−∇0
X(ha, GiG)− ∇X0 (ha, xix)}T
= {−Xha, GiG− ha, Gi∇0
XG−cXha, xix−cha, xi∇0Xx}T
= {−ha, Gi∇0
XG−cha, xiX}T
= −ha, Gi(∇0
19
Logo
∇X∇ha, xi = −ha, Gi(−SX)T −cha, xiX
= ha, GiSX −cha, xiX.
Proposi¸c˜ao 2.12. Lkha, xi=ha, Gitr(SPk)−cha, xitr(Pk) =ckHk+1ha, Gi−cckHkha, xi.
Demonstra¸c˜ao.
Lkha, xi = tr(Pk∇2ha, xi) = n X
i=1
hPk∇2ha, xiEi, Eii
=
n X
i=1
h∇2ha, xiEi, PkEii= n X
i=1
h∇Ei∇ha, xi, PkEii
=
n X
i=1
h∇Eia
T, P kEii
=
n X
i=1
hha, GiSEi−cha, xiEi, PkEii
=
n X
i=1
(ha, GihSEi, PkEii −cha, xihEi, PkEii)
= ha, Gi
n X
i=1
hSEi, PkEii −cha, xi n X
i=1
hEi, PkEii
= ha, Gi
n X
i=1
hSPkEi, Eii −cha, xi n X
i=1
hPkEi, Eii
= ha, Gitr(SPk)−cha, xitr(Pk)
= ckHk+1ha, Gi −cckHkha, xi.
Corol´ario 2.13. Lkx=ckHk+1G−cckHkx.
Demonstra¸c˜ao.
Lkha, xi = ckHk+1ha, Gi −cckHkha, xi
= ha, ckHk+1G−cckHkxi
Hipersuperf´ıcies que satisfazem a
condi¸c˜
ao
L
k
x
=
Ax
O objetivo deste cap´ıtulo ´e verificar que as hipersuperf´ıcies com a (k+ 1)-´esima curvatura m´edia zero e a k-´esima curvatura m´edia constante, o Toro de Clifford e o cilindro hiperb´olico satisfazem a equa¸c˜ao Lkx = Ax, onde x : Mn → Mnc+1 ⊂ R
n+2 1 ´e
uma hipersuperf´ıcie orient´avel imersa tanto na esfera euclidiana Sn+1 ⊂ Rn+2 (sec = 1)
ou no espa¸co hiperb´olicoHn+1
1 (se c=−1), Lk ´e o operador linearizado da (k+ 1)-´esima
curvatura m´edia de M para algum k = 0,1, ..., n−1 fixado e A ∈R(n+2)×(n+2) ´e alguma
matriz constante auto-adjunta.
3.1
Hipersuperf´ıcies com a
(
k
+ 1)
-´
esima curvatura
m´
edia nula e a
k
-´
esima curvatura m´
edia constante
Considere uma hipersuperf´ıcie Mn
→ Mnc+1 ⊂ Rnq+2 orient´avel imersa em Mnc+1
tal que Hk = constante e Hk+1 = 0. Como Lkx = ckHk+1G− cckHkx, onde ck =
(n−k) n k
= (k+ 1) k+1n
e c´e curvatura seccional, ent˜ao
Lkx = −cckHk(x0, ..., xn+1) = (−cckHkx0, ...,−cckHkxn+1)
=
−cckHk 0 · · · 0 0
0 −cckHk · · · 0 0
... ... . .. ... ...
0 0 · · · −cckHk 0
0 0 · · · 0 −cckHk x0 x1 ... xn
xn+1
= diag[−cckHk, ...,−cckHk]x.
21
TomandoA=diag[−cckHk, ...,−cckHk], temos que as hipersuperf´ıcies comHk =constante
eHk+1 = 0, satisfazem a condi¸c˜aoLkx=Ax.
3.2
Toro de Clifford
Nesta se¸c˜ao, definiremos o Toro de Clifford, calcularemos suas curvaturas princi-pais, (k+1)-´esima curvatura m´edia, segunda forma fundamental e a express˜ao do operador linearizado da (k+ 1)-´esima curvatura m´edia.
Para definir o toro de Clifford usaremos algumas considera¸c˜oes de variedade pro-duto.
Sejam M, N, M , N variedades Riemannianas, f : M → M e g : N → N
imers˜oes isom´etricas. Sejam∇M,
∇N,
∇M,∇N as conex˜oes Riemannianas deM, N, M , N
respectivamente. Considere emM×N eM×N as m´etricas produtos e a imers˜ao isom´etrica
f×g :M ×N →M×N. Defina as conex˜oes Riemannianas de M×N e M ×N
∇MX×NY =∇ M
XMYM +∇
N XNYN
e
∇MU×NV =∇ M
UMVM +∇ N UNVN
respectivamente, onde X = (XM, XN)∈X(M ×N), Y = (YM, YN)∈X(M ×N) em que
XM, YM ∈ X(M) e XN, YN ∈ X(N). E U = (UM, UN) ∈ X(M ×N), V = (VM, VN) ∈ X(M ×N) em que U
M, VM ∈X(M) e UN, VN ∈X(N).
Sejam Bf, Bg as segundas formas fundamentais de f e g, respectivamente, com
os operadores lineares auto-adjuntos associados Sξf : TpM → TpM e Sµg : TqN → TqN
com ξ∈X(M)⊥, µ∈X(N)⊥. Tome u, v ∈TpM e w, z ∈TqN, ent˜ao temos
hSξfu, vi=hBf(u, v), ξi e hSµgw, zi=hBg(w, z), µi.
Assim a segunda forma fundamental da imers˜ao produtof ×g ´e dada por
Bf×g(X, Y) = (Bf(XM, YM), Bg(XN, YN)).
Se|ξ|2 +|µ|2 = 1, ent˜ao podemos definir o campo normal e unit´ario a M ×N por
η= (ξ, µ)
hSηX, Yi = hBf×g(X, Y), ηi
= h(Bf(XM, YM), Bg(XN, YN)),(ξ, µ)i
= hBf(XM, YM), ξi+hBg(XN, YN), µi
= hSξf(XM), YMi+hSµg(XN), YNi
= |ξ|hSfξ |ξ|
(XM), YMi+|µ|hSgµ
|µ|(XN), YNi.
Consequentemente o operador de forma na dire¸c˜ao normal η´e
SηX = |ξ|S f
ξ |ξ|
(XM) +|µ|S g
µ |µ|(XN)
= (|ξ|Sfξ |ξ| ◦
πM(X) +|µ|Sgµ
|µ| ◦πN(X))
onde πM ´e proje¸c˜ao sobre M eπN proje¸c˜ao sobre N.
Considere a esfera m-dimensional de raio r, Sm(r) = {p ∈ Rm+1;|p| = r}, e as
inclus˜oes canˆonicas f : Sm(√1−r2) → Rm+1 e g : Sn−m(r) → Rn−m+1. Denote por ϕ
o produto das imers˜oes ϕ = f ×g : Sm(√1
−r2)×Sn−m(r)
→ Rn+2. Dado um ponto
(p, q) ∈ Sm(√1−r2)×Sn−m(r), temos que
|(p, q)|2 = |p|2+|q|2 = (√1−r2)2 +r2 = 1,
isto ´e,Sm(√1−r2)×Sn−m(r)
⊂Sn+1(1). A imagem da imers˜ao
Sm(√1−r2)×Sn−m(r)→Sn+1(1)
´e chamada de Toro de Clifford.
Dada uma imers˜ao Sn+1(r)֒
→Rn+2 temos que a aplica¸c˜ao normal de Gauss na esfera de
raio r´e dada por G(p) =−|pp|, logo
SG(v) =−(∇vG) = −dGp(v) = 1r(v) = 1rId
onde S ´e um operador de Weingarten e ∇ ´e a conex˜ao riemanniana de Rn+2. Para as
imers˜oesf :Sm(√1−r2)→Rm+1, g :Sn−m(r)→Rn−m+1 ei :Sn+1 →Rn+2, teremos os
operadores de forma associados Sξf = √1
1−r2Id, S
g
µ = 1rId e S i
G =Id com ξ(p) =− p
√
1−r2
e µ(q) = −q
r. Considere o campo Γ(p, q) = (p, q) normal ao Toro de Clifford mas n˜ao
tangente `a esferaSn+1e o campoG(p, q) = (−ap, bq) normal ao Toro de Clifford e tangente
`a esfera Sn+1. Portanto valem as seguintes condi¸c˜oes:
(1) h(−ap, bq),(p, q)i= 0;
23
De (1), temos que−a|p|2+b|q|2 = 0 oua|p|2−b|q|2 = 0, e de (2)a2|p|2+b2|q|2 = 1.
J´a sabemos que |p|=√1−r2 e |q|=r. Ent˜ao
0 =−a|p|2+b|q|2 =−a(1−r2) +br2.
Logo a= r2
1−r2b.
Segue de (1) e (2) que
1 =a2|p|2+b2|q|2 =a2(1−r2) +b2r2
isto implica que
1
r2 =a2 1−
r2
r2 +b2 =
r2
1−r2b2+b2.
Logo conclu´ımos que
a= r
√
1−r2 e b=
√
1−r2
r , para 0< r <1.
Portanto o vetor normal ser´a dado por
G(p, q) = (−ap, bq) = (−√r
1−r2p,
√
1−r2
r q)
e o operador de forma na sua dire¸c˜ao ser´a dado por
SG = |ξ|S f
ξ |ξ| ◦
πSm+|µ|Sgµ |µ| ◦πS
n−m
= rS−f p
√
1−r2 ◦
πSm+√1−r2Sgq r ◦π
Sn−m
= rS−f p
√
1−r2 ◦
πSm−√1−r2Sg
−qr ◦π
Sn−m.
Assim,
SG(X,0) =r(S−f p
√
1−r2
)X = r
√
1−r2X
e
SG(0, Y) =−
√
1−r2(Sg
−qr)Y =−
√
1−r2
r Y.
Tomando uma base ortonormal de vetores de f ×g dada por
{(e0,0), ...,(em,0),(0, hm+1), ...,(0, hn+1)}
onde {ei} diagonaliza Sξf e {hi} diagonaliza Sµg, temos que as curvaturas principais do
κ1 =...=κm = √1r−r2
e
κm+1 =...=κn=−
√
1−r2
r .
J´a temos que a aplica¸c˜ao de Gauss em M ´e
G(x) = (− r
√
1−r2x0, ...,−
r
√
1−r2xm,
√
1−r2
r xm+1, ...,
√
1−r2
r xn+1)
e as curvaturas principais s˜ao dadas por
κ1 =...=κm = √1r
−r2 κm+1 =...=κn =−
√
1−r2
r .
Para todo k= 1, ..., n−1 fixado, temos que Hk ´e constante. Como sabemos que
Lkx=ckHk+1G−cckHkx
ec= 1, ent˜ao
Lkx = ckHk+1(−√1r−r2x0, ...,−
r
√
1−r2xm,
√
1−r2
r xm+1, ...,
√
1−r2
r xn+1)
− ckHk(x0, ..., xn+1)
= (νx0, ..., νxm, ωxm+1, ..., ωxn+1)
= diag[ν, ..., ν, ω, ..., ω]
x0
...
xn+1
= diag[ν, ..., ν, ω, ..., ω]x
onde,
ν =−ckHk+1r
√
1−r2 −ckHk
e
ω= ckHk+1
√
1−r2
r −ckHk.
TomandoA=diag[ν, ..., ν, ω, ..., ω], temos que o Toro de Clifford (Sm(√1
−r2)×Sn−m(r),
25
3.3
Cilindro hiperb´
olico
Nesta se¸c˜ao definiremos o cilindro hiperb´olico, Hk(−√1 +r2)×Sn−k(r), que ´e
uma hipersuperf´ıcie no espa¸co hiperb´olico Hn+1. Calcularemos a segunda forma
fun-damental, as curvaturas principais, a (k + 1)-´esima curvatura m´edia e a express˜ao do operador linearizado da (k+ 1)-´esima curvatura m´edia.
Sejam M, N, M, N, variedades tais que N ´e riemanniana e M uma variedade diferenci´avel com uma m´etrica pseudo-riemanniana (., .) induzida por uma forma quadr´atica
Q. Considere as imers˜oes isom´etricas f :M →M eg :N →N, onde a m´etrica induzida por f em M ´e riemanniana e Q(ξ, ξ)< 0, ∀ξ ∈ X(M)⊥. Considerando em M ×N e em
M×N as m´etricas produtos, teremos que a imers˜ao
f×g :M ×N →M ×N
tamb´em ´e imers˜ao isom´etrica.
Denotemos por∇M a conex˜ao pseudo-riemanniana de M e por∇M,
∇N e
∇N as conex˜oes riemannianas deM, N e N respectivamente. Portanto a conex˜ao riemanniana deM ×N ´e dada por
∇M×N
X Y =∇MXMYM × ∇
N XNYN
e a conex˜ao pseudo-riemanniana deM ×N ´e dada por
∇MU×NV =∇ M
UMVM +∇ N UNVN
onde X = (XM, XN), Y = (YM, YN) ∈ X(M ×N) em que XM, YM ∈X(M) e XN, YN ∈ X(N). E U = (UM, UN), V = (VM, VN)∈X(M×N) em queUM, VM ∈X(M) e UN, VN ∈ X(N).
Sejam Bf, Bg as segundas formas fundamentais de f e g, respectivamente, com
os operadores lineares auto-adjuntos associados Sξf : TpM → TpM e Sµg : TqN → TqN
com ξ∈X(M)⊥, µ∈X(N)⊥. Tome u, v ∈TpM e w, z ∈TqN, ent˜ao temos:
hSξfu, vi=hBf(u, v), ξi e hSµgw, zi=hBg(w, z), µi.
Assim a segunda forma fundamental da imers˜ao produtof ×g ´e dada por
Bf×g(X, Y) = (Bf(XM, YM), Bg(XN, YN)).
Seja η = (ξ, µ) em M ×N normal a M ×N, com ξ em M normal a M, µ em
N normal aN, (ξ, ξ) +|µ|2 =−1 e (ξ, ξ) =−ρ2, ρ > 0. Vamos encontrar o operador de
forma Sf×g
hSf×g
η X, Yi = hSηf×g(XM, XN),(YM, YN)i
= hBf×g((XM, XN),(YM, YN)), ηi
= h(Bf(XM, YM), Bg(XN, YN)),(ξ, µ)i
= hBf(XM, YM), ξi+hBg(XN, YN), µi
= hSξf(XM), YMi+hSµg(XN), YNi
= hρSfξ ρ
(XM), YMi+h|µ|Sgµ
|µ|(XN), YNi.
Desta maneira, o operador de forma na dire¸c˜aoN da imers˜ao produto f×g ´e
Sf×g
η X = ρS f
ξ ρ
XM +|µ|Sgµ |µ|XN
= (ρSfξ ρ ◦
πM +|µ|Sgµ
|µ| ◦πN)X
onde πM ´e proje¸c˜ao sobre M eπN ´e proje¸c˜ao sobreN.
Sejam f e g as inclus˜oes canˆonicas Hk(−√1 +r2) ⊂ Rk+1
1 e Sn−k ⊂ Rn−k+1
re-spectivamente, ou seja,
f :Hk(−√1 +r2)֒→Rk+1
1 f(p) =p
g :Sn−k(r)֒
→Rn−k+1 g(q) = q.
Note que f ´e isometria, pois a m´etrica induzida em Hk(−√1 +r2) por Rk+1 1 ´e
riemanniana.
Considere o produto das imers˜oes
f×g :Hk(
−√1 +r2)×Sn−k(r)֒
→Rn+2
1 .
Sejamp∈Hk(−√1 +r2) e q∈Sn−k(r), isto ´e, (p, p) =
−1−r2 e|q|2 =r2. Assim
(p, q)∈Hk(−√1 +r2)×Sn−k(r) e ((p, q),(p, q)) = (p, p) +
|q|2 =−1−r2+r2 =−1.
Neste caso os pontos (p, q)∈Hk(−√1 +r2)×Sn−k(r) estar˜ao no espa¸co hiperb´olico
Hn+1 ={(p, q)∈Rn+2
1 ; ((p, q)(p, q)) = −1}.
Para as imers˜oes f : Hm(−√1 +r2) → Rm+1
1 , g : Sn−m(r) → Rn−m+1 e i :
Hn+1 → Rn+2
1 , teremos os operadores de forma associados S
f
ξ = −√1+1r2Id, S
g
µ = 1rId e
Si
G = Id com ξ(p) = p
√
1+r2 e µ(q) = −
q
r. Considere o campo Γ(p, q) = (p, q) normal a Hn e a Hm(−√1 +r2)×Sn−m(r). Precisamos de um campo G(p, q) = (ap, bq), unit´ario,
27
(i) ((ap, bq),(p, q)) = 0
(ii) ((ap, bq),(ap, bq)) = 1
De (i), temos que 0 = a(p, p) +b|q|2 =−a(1 +r2) +br2 =−a−ar2+br2, ent˜ao
a= br2
1+r2.
De (ii), temos que 1 =a2(p, p) +b2|q|2 =−a2(1 +r2)
⇒ 1 =−a2−a2r2+b2r2
⇒ r12 =−
a2
r2 −a2+b2 =−a2(
1
r2 + 1) +b2
⇒ r12 =−b2
r2
1+r2 +b2 =
b2
1+r2
⇒ b= √1+r2
r e a = r
√
1+r2.
Portanto o vetor normal ser´a dado por:
G(p, q) = (√ r
1+r2p,
√
1+r2
r q)
e o operador de forma na sua dire¸c˜ao ser´a dado por
SG = ρSfξ ρ ◦
πM +|µ|Sgµ |µ| ◦πN
= rSf p
√
1+r2 ◦
πM +
√
1 +r2Sg
q r ◦πN
= rSf√p
1+r2
◦πM −
√
1 +r2Sg
−qr ◦πN.
Assim,
SG(X,0) =−r(Sf p
√
1+r2
)X =r(−√1
1+r2)X =−
r
√
1+r2X
e
SG(0, Y) =−
√
1 +r2(Sg
−q
r)Y =−
√
1+r2
r Y.
Tomando uma base ortonormal de vetores de f ×g dada por
{(e0,0),(e1,0), ...,(em,0),(0, hm+1),(0, hm+2), ...,(0, hn+1)}
onde {ei} diagonaliza Sξf e {hi} diagonaliza Sµg, temos que as curvaturas principais do
κ1 =...=κm =−√1+rr2
e
κm+1 =...=κn=−
√
1+r2
r .
J´a temos que a aplica¸c˜ao de Gauss em M ´e
G(x) = ( r
√
1+r2x0, ...,
r
√
1+r2xm,
√
1+r2
r xm+1, ...,
√
1+r2
r xn+1)
e as curvaturas principais s˜ao dadas por
κ1 =...=κm =−√1+rr2 κm+1 =...=κn =−
√
1+r2
r .
Para todo k = 1, ..., n − 1 fixado, temos que Hk ´e constante. Como sabemos que
Lkx=ckHk+1G−cckHkx e c=−1, ent˜ao
Lkx = ckHk+1(√1+rr2x0, ...,
r
√
1+r2xm,
√
1+r2
r xm+1, ...,
√
1+r2
r xn+1)
+ ckHk(x0, ..., xn+1)
= (νx0, ..., νxm, ωxm+1, ..., ωxn+1)
= diag[ν, ..., ν, ω, ..., ω]
x0
...
xn+1
= diag[ν, ..., ν, ω, ..., ω]x
onde,
ν = ckHk+1r
√
1+r2 +ckHk
e
ω = ckHk+1
√
1+r2
r +ckHk.
Tomando A= diag[ν, ..., ν, ω, ..., ω], temos que o Cilindro hiperb´olico (Hm(
−√1 +r2)×
Cap´ıtulo 4
Teorema
O objetivo deste cap´ıtulo ´e apresentar a demonstra¸c˜ao do teorema principal. Este classifica as hipersuperf´ıcies x : Mn → Mn+1
c ⊂ Rnq+2 orient´aveis imersas em Mcn+1 que
satisfazem a equa¸c˜aoLkx=Ax, onde A∈R(n+2)×(n+2) ´e alguma matriz constante
auto-adjunta. Para isto, introduziremos uma s´erie de resultados auxiliares.
No final do cap´ıtulo 2 calculamos o operadorLk agindo nas fun¸c˜oes coordenadas
da hipersuperf´ıcie, agora consideraremos as fun¸c˜oes coordenadas da aplica¸c˜ao de Gauss
G, que ´e a fun¸c˜ao ha, Gi em M, onde a∈Rn+2 ´e um vetor arbitr´ario fixado.
Lema 4.1. X(ha, Gi) =−hSX, ai=−hX, S(aT)
i, ∀X ∈X(M).
Demonstra¸c˜ao. Comoa∈Rn+2, sabemos que∇0
Xa = 0, logo
X(ha, Gi) = h∇0
Xa, Gi+ha,∇0XGi=ha,∇0XGi
2.1
= ha,−SXi=−hSX, ai
2.9
= −hSX, aT +ha, GiG+cha, xixi
= −(hSX, aT
i+ha, GihSX, Gi+cha, xihSX, xi) = −hSX, aTi
= −hX, S(aT)
i.
Da´ı, temos que
h∇ha, Gi, Xi=Xha, Gi=−hS(aT), Xi=h−S(aT), Xi
o que implica que
∇ha, Gi=−S(aT). (4.1)
Lema 4.2. ∇X(∇ha, Gi) = −∇X(SaT) = −∇S(aT, X) − S(∇XaT) = −(∇XS)aT −
ha, GiS2X+cha, xiSX.
Demonstra¸c˜ao.
∇X(∇ha, Gi) = ∇X(−SaT) =−∇X(SaT)
= −∇S(aT, X)
−S(∇XaT)
= −(∇XS)aT −S(∇XaT)
2.11
= −(∇XS)aT −S(ha, GiSX −cha, xiX)
= −(∇XS)aT − ha, GiS2X+cha, xiSX.
Lema 4.3. ∇S(aT, X) =∇S(X, aT) = (∇
aTS)X.
Demonstra¸c˜ao. ComoS ´e auto-adjunto, temos
hSX, aTi=hX, SaTi.
Derivando ambos os membros,
h∇(SX), aT
i+hSX,∇aT
i=h∇X, SaT
i+hX,∇(SaT)
i.
Usando o fato de que
h(∇XS)Z, Yi=h∇X(SZ), Yi − hS(∇XZ), Yi,
temos
h(∇S)X, aTi+hS(∇X), aTi+hSX,∇aTi=hS∇X, aTi+hX,(∇S)aTi+hX, S(∇aT)i
o que implica que
h(∇S)X, aT
i=hX,(∇S)aT
i.
Logo
∇S(aT, X) = h(∇S)aT, Xi=haT,(∇S)Xi
= hX,(∇S)aTi=∇S(X, aT)
= (∇aTS)X.
Na pr´oxima proposi¸c˜ao, daremos uma express˜ao do operador Lk agindo nas
fun¸c˜oes coordenadas da aplica¸c˜ao de Gauss G.
Proposi¸c˜ao 4.4. Lkha, Gi=−tr(Pk∇aTS)− ha, Gitr(S2Pk) +cha, xitr(SPk) =
n k+1
h∇Hk+1, ai − kn+1
31
Demonstra¸c˜ao. Seja{E1, ..., En} um referencial ortonormal de M, logo
Lkha, Gi = tr(Pk∇2ha, Gi) = n X
i=1
hPk∇2ha, GiEi, Eii
=
n X
i=1
h∇2ha, GiEi, PkEii= n X
i=1
h∇Ei∇ha, Gi, PkEii
4.1
=
n X
i=1
h∇Ei(−S(a
T)), P kEii
4.2
=
n X
i=1
h−(∇EiS)a
T
− ha, GiS2Ei+cha, xiSEi, PkEii
=
n X
i=1
{−h(∇EiS)a
T
, PkEii − hha, GiS2Ei, PkEii
+ hcha, xiSEi, PkEii}
4.3
= −
n X
i=1
h(∇aTS)Ei, PkEii − ha, Gi
n X
i=1
hS2Ei, PkEii
+ cha, xi
n X
i=1
hSEi, PkEii
= −
n X
i=1
hPk(∇aTS)Ei, Eii − ha, Gi
n X
i=1
hPkS2Ei, Eii
+ cha, xi
n X
i=1
hPkSEi, Eii
= −
n X
i=1
hPk(∇aTS)Ei, Eii − ha, Gitr(PkS2) +cha, xitr(SPk)
= −tr(Pk∇aTS)− ha, Gitr(PkS2) +cha, xitr(SPk)
= kn+1
h∇Hk+1, ai − kn+1
(nHkHk+1−(n−k−1)Hk+2)ha, Gi
+ cckHk+1ha, xi.
Corol´ario 4.5. LkG= kn+1
∇Hk+1− kn+1
(nHkHk+1−(n−k−1)Hk+2)G+
c(k+ 1) k+1n
Hk+1a.
Lkha, Gi = − k+1n
h∇Hk+1, ai − k+1n
(nHkHk+1−(n−k−1)Hk+2)ha, Gi
+ cckHk+1ha, xi
= h− k+1n
∇Hk+1− k+1n
(nHkHk+1−(n−k−1)Hk+2)G
+ cckHk+1x, ai
o que implica
LkG= k+1n
∇Hk+1− k+1n
(nHkHk+1−(n−k−1)Hk+2)G+c(k+ 1) k+1n
Hk+1a
Assumiremos que para um k = 1, ..., n−1 fixado a imers˜ao x : Mn → Mn+1
c ⊂ Rn+2
q satisfaz a condi¸c˜ao
Lkx=Ax+b (4.2)
para uma matriz constante A ∈ R(n+2)×(n+2) e um vetor constante b ∈ Rn+2. Como
Lkx=ckHk+1G−cckHkx, temos
Ax = −b+ckHk+1G−cckHkx
2.9
= −bT − hb, GiG−chb, xix+c
kHk+1G−cckHkx
= −bT + (c
kHk+1− hb, Gi)G−c(ckHk+hb, xi)x
onde bT
∈X(M) denota a componente tangencial de b. Portanto
Ax=−b+ckHk+1G−cckHkx=−bT + (ckHk+1− hb, Gi)G−c(ckHk+hb, xi)x. (4.3)
Proposi¸c˜ao 4.6. AX =−ckHk+1SX −cckHkX+ckh∇Hk+1, XiG−cckh∇Hk, Xix.
Demonstra¸c˜ao. Tomando a derivada covariante de ambos os membros da equa¸c˜ao
Ax=−bT +c
kHk+1G− hb, GiG−cckHkx−chb, xix
obtemos que
∇0
XAx=−∇0XbT +ck∇0XHk+1G− ∇0Xhb, GiG−cck∇0XHkx−c∇0Xhb, xi
e como∇0
XAx=AX, temos
AX = −∇0
XbT +ck(h∇Hk+1, XiG+Hk+1∇X0 G)−(X(hb, Gi)G+hb, Gi∇0XG)
− cck(h∇Hk, Xix+Hk∇0Xx)−c(X(hb, xi)x+hb, xi∇0Xx).
Pelo fato de que∇0