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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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Registro: 2014.0000670936 ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 9159134-95.2009.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que são apelantes CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL CBF e FEDERAÇÃO PAULISTA DE FUTEBOL, são apelados LUIZ CARLOS QUARTAROLLO, MÁRCIO SPIMPOLO, WANDERLEY OCTAVIO NOGUEIRA RIZZO, BRUNO LONGANO VICARI, FREDY ARMANDO CAMACHO JUNIOR e DANIEL PAIXÃO LIAN.

ACORDAM, em 10ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores JOÃO CARLOS SALETTI (Presidente sem voto), ELCIO TRUJILLO E CESAR CIAMPOLINI.

São Paulo, 21 de outubro de 2014. Araldo Telles

RELATOR Assinatura Eletrônica

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COMARCA DE SÃO PAULO

JUIZ DE DIREITO: LUIZ BEETHOVEN GHIFFONI FERREIRA

APELANTES: CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL CBF e FEDERAÇÃO PAULISTA DE FUTEBOL

APELADOS: LUIZ CARLOS QUARTAROLLO E OUTROS

VOTO N.º 30.144

EMENTA: Legitimidade de partes. Ação em que se discute limitação imposta por regulamento editado pela Confederação Brasileira de Futebol, cuja observância e cumprimento fica a cargo da Federação Paulista de Futebol. Legitimidade de ambas reconhecida.

Ação declaratória de nulidade de restrição imposta em regulamento esportivo. Campeonato Brasileiro de Clubes da Série A de 2009. Limitação de acesso ao campo de jogo que não fere o princípio constitucional de liberdade de informação jornalística. Restrição que diz respeito à organização do evento desportivo. Ação julgada improcedente.

Recurso provido para esse fim.

Trata-se de apelação contra a r. sentença de procedência em ação declaratória de nulidade de restrição imposta em regulamento esportivo do Campeonato Brasileiro de Clubes da Série A de 2009 intentada pelos apelados contra as apelantes.

A Confederação Brasileira de Futebol apela a brandir preliminar de ilegitimidade passiva, sob o argumento de que cabe à Federação a prática de atos envolvendo a disciplina do ingresso e permanência, no campo de jogo, dos profissionais a serviço dos meios

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de comunicação. No mérito, sustenta, em suma, que, sendo a atividade privada, há autonomia da organização esportiva, de modo que não há se falar em supressão do direito à informação.

De seu turno, a Federação Paulista de Futebol argui preliminares de ilegitimidade de parte e falta de interesse de agir. No mérito, repete as teses da litisconsorte, enfatizando que não há negativa de ingresso no estádio, limitando-se apenas o direito de adentrar o campo de futebol.

Com contrariedades e recolhidos os preparos, vieram-me os autos.

É o relatório, adotado o de fls. 167. Rejeita-se as preliminares.

A legitimidade das rés é patente, pois, conforme artigo 18 do Regulamento Geral das Competições, compete à Federação a que for filiado o clube mandante da partida cumprir e fazer cumprir as determinações elaboradas pela Confederação Brasileira de Futebol no tocante à permanência dos repórteres durante os eventos esportivos.

Assim, enquanto a Confederação dita as regras, a Federação deve fazer cumpri-las, de modo que as imputações recíprocas de responsabilidade quanto a eventual descumprimento de preceito legal não merece guarida.

A preliminar de falta de interesse de agir também não comporta acolhimento, pois, se o Regulamento Específico da Competição do Campeonato Brasileiro da Série A/2009 faz constar que o evento está subordinado regimentalmente ao Regulamento Geral das Competições (fls. 45), inegável o receio dos autores.

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O pleito inicial foi deduzido por jornalistas de rádio contra a limitação contida no artigo 18, “b”, 1 e 2 do Regulamento Geral das Competições, que se transcreve:

Compete à federação a que for filiado o clube mandante da partida:

(...)

b) Cumprir e fazer cumprir as seguintes determinações quanto a presença de pessoas nas cercanias do campo de jogo, permitindo o acesso, quando ainda não iniciada a partida, exclusivamente de pessoas credenciadas e identificadas por braçadeiras, crachás ou jalecos, conforme o caso, as quais deverão permanecer necessariamente nas áreas previamente designadas, observadas as possíveis limitações físicas relacionadas com o local da partida:

1) Se fotógrafo ou cinegrafista, utilização de no máximo dois por órgão de divulgação, no limite total de 40, observando-se, quando cabível, o acesso exclusivo aos profissionais dos órgãos detentores dos direitos de transmissão.

2) Se repórter em campo, no máximo dois por emissora, no limite total de 40;

(...)

A causa de pedir está assentada na alegada infringência ao princípio da liberdade de informação, aduzindo os autores que restringir a entrada dos jornalistas no campo de futebol, se não daqueles representantes da rede de televisão detentora dos direitos de transmissão, não garante a plena veiculação das notícias.

Ocorre que, a princípio, além de não ter restado demonstrada a distinção entre os profissionais da emissora detentora dos direitos de transmissão e os demais no tocante ao acesso ao campo de jogo, a verdade é que se trata de atividade privada, cujos limites da autonomia no tocante ao direito de arena, é regulada pela Lei Pelé desde 1998.

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A discussão constante dos autos, todavia, não diz respeito à transmissão de imagens e som do evento desportivo, mas tão somente à negativa de acesso dos repórteres às quatro linhas, onde se encontram os jogadores e profissionais envolvidos durante os períodos em que não se desenvolve a partida (início, intervalo e fim de jogo).

Trata-se, a bem da verdade, de questão de organização do evento, que não guarda relação com o direito constitucional à liberdade da informação, mas sim com cumprimento de horários e segurança de todos os envolvidos.

Não há negativa de acesso dos jornalistas ao estádio, em área a eles reservada, mas apenas restrição de que adentrem o campo de jogo. A medida não impede que informações sejam colhidas e transmitidas por qualquer meio de comunicação.

Vale transcrever excerto do julgado de relatoria da Desembargadora Ana de Lourdes Coutinho, em julgamento de agravo de instrumento interposto pelos, aqui, recorridos, que tratava sobre o mesmo tema, mas com relação ao Campeonato Paulista de 2010:

Em momento algum o apontado artigo impede que as informações obtidas durante a partida cheguem ao público presente ao espetáculo ou para aqueles que o acompanham por outros meios de comunicação.

Também não se verifica impedimento algum ao livre exercício da profissão dos agravantes, que podem buscar as informações fora das 'quatro linhas'; o acesso ao gramado, todavia, deve ficar restrito aos jogadores de futebol e aos árbitros indicados para a partida, pois, como bem ressaltou a d. julgadora de primeiro grau, “a restrição imposta é salutar para evitar tumultos, garantir o controle de pessoas dentro de campo, antes, durante e após os jogos e, ainda, a segurança em campo de jogadores, árbitros e até dos próprios jornalistas” (fls. 25).

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Ademais, os jogadores podem ser entrevistados antes de ingressarem no campo de jogo ('quatro linhas') e mesmo depois dele saírem, havendo, ainda, setores próprios para as coletivas com a imprensa, o que mais uma vez demonstra a ausência de violação do direito de informação ou do livre exercício de qual profissão seja, como alegado1.

Em suma, porque a limitação imposta não fere o princípio constitucional da liberdade à informação, a improcedência merece decretada, invertida a sucumbência, fixada a verba honorária em dois mil reais.

Por esses fundamentos, dou provimento ao recurso. É como voto.

JOSÉ ARALDO DA COSTA TELLES RELATOR

Referências

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