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COLÉGIO SÃO LUÍS ENSINO MÉDIO CURSO DE METODOLOGIA DE INCIAÇÃO CIENTÍFICA MARIANA CORAÇA E THERESA AIELLO

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COLÉGIO SÃO LUÍS ENSINO MÉDIO

CURSO DE METODOLOGIA DE INCIAÇÃO CIENTÍFICA

MARIANA CORAÇA E THERESA AIELLO

A INFLUÊNCIA DA INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA NAS TENDÊNCIAS DA MODA JOVEM DESDE O ÚLTIMO SÉCULO

São Paulo 2020

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MARIANA CORAÇA E THERESA AIELLO

A INFLUÊNCIA DA INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA NAS TENDÊNCIAS DA MODA JOVEM DESDE O ÚLTIMO SÉCULO

Artigo apresentado como requisito de aprovação em “Metodologia de Iniciação Científica”, na 2ª série do EM do Colégio São Luís

Orientadora: Prof. Fernanda Franco

São Paulo 2020

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AGRADECIMENTOS

A professora e orientadora de metodologia Fernanda Franco, pelas correções, ensinamentos, incentivos e palavras de motivação que foram essenciais para o processo de desenvolvimento do projeto. Obrigada pela dedicação e comprometimento Fe, sua orientação foi fundamental.

Aos professores Paulo Ramirez e Andrey Almeida pelo cuidado quanto à organização do curso e aos direcionamentos adicionais.

Aos nossos pais, por toda a compreensão, apoio e paciência, principalmente durante os momentos de dificuldade ao longo desse período.

Por fim, ao Juninho, cachorro da Mari, que foi importante nos momentos de descontração e descanso entre um parágrafo e outro.

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A INFLUÊNCIA DA INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA NAS TENDÊNCIAS DA MODA JOVEM DESDE O ÚLTIMO SÉCULO

THE FILM INDUSTRY’S INFLUENCE ON YOUTH FASHION TRENDS SINCE THE LAST CENTURY

Mariana Coraça e Theresa Aiello Prof. Fernanda Franco Resumo: O presente trabalho tem por objetivo construir uma análise acerca da maneira como as obras cinematográficas e as tendências a partir delas geradas influenciaram nos padrões de vestimentas da juventude, sobretudo desde os anos 60. Buscou-se fazer uma análise minuciosa a respeito da influenciabilidade da juventude, o objeto de estudo, com a investigação de argumentos científicos e sociais, além do entendimento sobre a influência em questão, ser utilizada como recurso pela mídia. Para tal fim, foram selecionados os filmes Noivo neurótico, noiva nervosa; Bonequinha de luxo; As Patricinhas de Beverly Hills; Grease - Nos Tempos da Brilhantina; Blade Runner – O Caçador de Androides e O Grande Gatsby, dos quais foi elaborado um estudo aprofundado quanto ao figurino. A partir disso, foram coletados registros visuais que evidenciassem os reflexos destes figurinos na moda da atualidade.

Palavras-chave: Cinema, Moda, Juventude, Consumo, Mídia, Tendências.

Abstract: The following article aims to build an analysis as to how cinematographic productions and the trends introduced by them influenced young people’s apparels, mainly after the 1960s. We sought to carry out a thorough analysis of the influenceability of youth, the object of study, along with the study of scientific and social arguments, as well as the understanding that this influence is commonly used as a resource by the media. To this end, the pictures Annie Hall; Breakfast at Tiffany’s; Clueless; Grease; Blade Runner and The Great Gatsby were selected, of which an in-depth study of the costume designs was conducted. Thus, visual records were gathered to show the impacts of the costumes in today’s fashion.

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1 INTRODUÇÃO

Desde o seu surgimento, o cinema vem encantando muitos, das mais inúmeras maneiras possíveis. Aquilo que surgiu como uma simples forma de entretenimento hoje é a maior delas, e, mais importante ainda, se tornou parte do estilo de vida e do dia a dia de muitos, no mundo inteiro, fazendo dele algo essencial para a diversão do povo.

A indústria cinematográfica rapidamente ganhou prestígio e a adoração das massas, por representar um novo modo de entretenimento que era inovador e que transformou a contação de estórias em algo mais humano. Tal popularidade proporcionou ao cinema um poder significativo sobre a população, o que o levou a ter uma posição de influenciador em vários diferentes aspectos.

A sociedade sempre se viu em uma posição de influenciada. O conceito de modas e tendências existem desde sempre, o homem vê algo que admira e é instigado a acompanhar aquilo em tudo que este faz. Nunca será possível dizer ao certo quando influenciadores de massas surgiram, mas eles sempre existiram.

Costumes, usos e tendências sempre foram aspectos muito reproduzíveis. A população está em constante necessidade de alguém ou algo que os diga o que fazer, o que comer, o que vestir, aonde ir. Agentes influenciadores aparecem então no meio social com o intuito de instruírem o povo no que é certo.

Atualmente, diversas personalidades da história são consideradas de muita importância por serem influenciáveis ao ponto de mudarem o curso da história. Estas figuras causaram inúmeras mudanças em diferentes áreas: figuras que moveram massas o suficiente para criarem novas religiões, que inovaram no ramo da medicina e criaram soluções para problemas internacionais, personalidades que causaram conflitos globais e outras que souberam resolvê-los, personagens que reedificaram o mundo da moda e estabeleceram novos padrões de beleza e tendências de como a população deveria se portar, entre outros.

A indústria da moda, portanto, sempre se mostrou sedenta por pessoas e/ ou instituições que criassem e estabelecessem tendências. Celebridades, estilistas,

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cantores, modelos, atores, revistas, todos serviram como inspiração para as massas influenciadas. “A moda revela-se como o espelho dos grandes movimentos da humanidade, revoluções científicas, sociais, culturais e tecnológicas, sendo também o cinema uma grande vitrine dessas transformações.” (BATTISTI, 2009, p.2)

No passado, figuras de alta influência no mundo da moda poderiam ser membros da realeza, por possuírem um alto nível de abrangência e representatividade em diferentes lugares. Tais membros já possuíam um certo respeito e importância que os fizeram capazes de influenciarem as massas da época.

Talvez o melhor exemplo de uma situação como essa seja a da monarca da França Maria Antonieta. Conhecida como a rainha da moda, ela marcou a história por ter induzido toda a população francesa da época e querer se vestir igual a ela. Ela introduziu à moda comum europeia a elegância do estilo rococó, que ao mesmo tempo dialogava com a extravagancia e apresentava um todo sofisticado.

Outro tipo muito comum e importante de figuras influenciais da moda são homens e mulheres que inovaram ao desenhar vestimentas e assim criaram-se tendências, revolucionando completamente o mundo da moda e as suas percepções. Algumas notáveis personalidades são: Mary Quant, Miuccia Prada, Diane Von Furstenberg, entre muitas outras.

Outro meio capaz de influenciar a indústria da moda é o meio das mídias de comunicação. “Presenciamos uma avalanche de produções midiáticas — programas de rádio, tv, vídeo, filmes, revistas, jornais e sites direcionados a despertar o interesse da juventude. Trata‐se de produções que definem o que pode e “deve” ser desejado, sonhado, consumido pelas novas gerações, e investem em suas aspirações” (SCHMIDT, 2006, p.16). Revistas são um grande exemplo disso, por ocorrência da grande quantidade de revistas “femininas” disponíveis que vêm apresentando novidades e novas modas nos vestuários durante muitos anos.

No entanto, desde os seus primórdios, o cinema se tornou o mais poderoso dos meios citados, pois se mostrou muito influente em diversas questões, sendo elas políticas, ambientais, e econômicas, além de criar tendências, não apenas das

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já comentadas vestimentas, mas também, por exemplo, de atores e atrizes que são lançados ao estrelato.

Como já visto antes, a moda é um aspecto muito influenciável. Pode se dizer até que a moda necessita de influenciadores para abrangerem mais grupos e causarem o impacto necessário. O cinema, assim como os outros meios de comunicação, veio ao mundo já propenso a ser mais influenciável ainda. “Historicamente, o cinema foi disseminador de moda e atualmente estilistas renomados assinam figurinos de grandes produções” (MARQUES, 2014, p.14).

A indústria cinematográfica começou então a mostrar a população mais vividamente as ditas tendências. Filmes começaram a ser usados como certa inspiração pelo modo como a população agia. “Moda e cinema andam de mãos dadas e firmaram uma relação de múltipla troca.” (BATTISTI, 2009, p.3).

Atrizes e atores começaram a ser usados como inspiração pelo modo como a população se vestia. “Ser uma “estrela” do cinema implica estar sempre à mira do público, dentro e fora das telas, pois ela, devido a sua exposição na mídia, tem o poder de inspirar, fascinar e influenciar o público” (MARQUES, 2014, p.13).

Desse modo, se evidenciou ainda mais o papel de influenciador do cinema, o que fez com que esse ganhasse ainda mais visibilidade e aderência das massas, por se verem representadas nas telas do cinema. Esta representatividade abriu o caminho para um novo tipo de publicidade, apresentada em diversos fatores do cinema, por exemplo, nos atores: “moda e cinema firmaram uma parceria que foi de grande ajuda para ambos os sistemas, centrada na figura da estrela. As atrizes usavam a roupa da alta-costura para enfatizar seu glamour, dentro e fora das telas, levando ao mimetismo milhares de mulheres em todo o mundo, enchendo as plateias, ao mesmo tempo em que davam a conhecer os nomes dos criadores.” (REGEN, 2008, p.1)

Tal publicidade afirmou cada vez mais a importância do cinema na sociedade, por mostrar seus diferentes resultados nas grandes massas. “O padrão estipulado pela indústria cultural ocorre exatamente com o fito de agradar e acostumar o grande público ao modelo, garantindo que os produtos culturais de hoje e os de amanhã serão facilmente vendidos, desde que sigam a fórmula” (JUNIOR,

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2019, p.2). E todos esses fatores combinados levaram a indústria a ser a que é hoje, de proporções internacionais e de grande importância para a economia mundial.

A juventude então logo se tornou a parte da população que mais consumia da indústria do cinema, portanto, mais se influenciava dela. Por se sentirem representados nos filmes, jovens começaram a assisti-los ainda mais, dando assim mais visibilidade a essa indústria. “A presença dos jovens ganha importância e cria novas demandas de produtos de moda, e novos estilistas para supri-las.” (REGEN, 2008, p.2)

Como visto anteriormente, os jovens e a sua tamanha influenciabilidade aumentaram a importância da representação da moda e de fatores visuais no cinema. “A revalorização da estética contamina inevitavelmente o cinema, tanto por seu potencial de nos propiciar experiências estéticas, quanto por veicular estéticas diversas, já que faz circular estilos de vida, valores éticos e morais, costumes e culturas distintos.” (ALMEIDA, 2007, p.17)

Sabendo do efeito que causavam nos jovens, diretores e produtores passaram a modelar seus filmes na direção que os jovens gostariam mais. Um exemplo disso são os figurinos usados. Figurinistas ganharam a posição de principais agentes em fazer com que os jovens aprovassem algum material cinematográfico. As roupas usadas nos filmes se tornaram a melhor forma da juventude se identificar com esses.

Os figurinos então passaram a representar a essência da juventude na sua forma mais crua e orgânica possível. Ao retratar jovens, filmes os retratavam de modo natural, esporadicamente acrescentando novos elementos à moda da época, com o intuito de que os jovens pegariam tais aspectos como inspiração e acrescentariam eles em seus modos de se vestirem, “ (...) fazendo com que os figurinos dos filmes, façam parte do cotidiano das pessoas, sem parecer que elas estejam vestidas como os próprios personagens (...)” (MARQUES, 2014, p.14).

Uma vez que o figurino de um filme se torna o jeito mais fácil de influenciar um certo grupo de pessoas, ele passa a ser um elemento histórico de extrema importância. Ele ganha essa importância por “ensinar” dito grupo a como se vestir, entrando assim para a história da moda e da sociedade da época. Nasce então a

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“possibilidade de se considerar o filme como fonte de pesquisa histórica, através da análise de seus figurinos; […] possibilitando a correta interpretação dos conteúdos simbólicos das roupas e sua identificação dentro do contexto histórico a que se referem.” (GUIMARÃES, 2019, p.6)

Os filmes mais conhecidos e mais famosos são considerados tais por vários motivos. Eles fizeram muito sucesso, deram muito sucesso aos atores e ao diretor, instigaram novos modos de agir para uma população, influenciaram épocas tanto ao ponto de causar mudanças. Mudanças estas que podem ser vistas em grande quantidade no modo em como a população passava a se vestir após tais filmes.

Para serem analisados de forma mais aprofundada nesse artigo, foram escolhidos seis filmes que influenciaram a juventude no modo como se vestiam, e que, por causa disso, marcaram época: Noivo Neurótico, Noiva Nervosa; Bonequinha de Luxo; As Patricinhas de Beverly Hills; Grease – Nos Tempos da Brilhantina; Blade Runner - O Caçador de Androides e O Grande Gatsby.

Muitos dos filmes mais prestigiados mudaram o modo como o povo se vestia. Personagens usavam roupas diferentes e inovadoras. O público assistia e se inspirava. Nascia assim uma nova geração de pessoas com um senso de moda altamente influenciável pelas mídias, principalmente pelo cinema, influência essa constante, pois permanece até os dias de hoje.

Como já visto, o cinema, e os padrões de consumo por ele transformados, podem ser considerados consequências de uma nova era globalizada e tecnológica, na qual nos encontramos. Nesse contexto, o cinema e outros meios de comunicação atuais mantém a sociedade à par da realidade, auxiliando na construção de um pensamento crítico e moderno, ideal para seguir o ritmo veloz das informações e acontecimentos atualmente. Além disso, é importante destacar o impacto da incessante busca pela imagem perfeita, dando forma aos padrões de beleza assumidos pela mídia. Com os atuais padrões de beleza e dinâmicas de mercado, as gerações atuais têm tido a maior incidência de danos à saúde de seus indivíduos, considerando severas condições psicológicas obsessivas pela

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aparência, consumo, tendências da moda, transtornos alimentares e modificações estéticas.

Desse modo, a indústria cultural, sustenta seu grande poder de influência sobre o público por meio de produções que agradem-, e que sejam facilmente consumidas. Portanto é necessário que as produções culturais sigam uma fórmula, um padrão que se encaixe nos interesses do telespectador.

Sendo assim, conclui-se que seriam os jovens a partir da década de 60, pertencentes às classes médias e altas, o objeto de estudo mais adequado para se entender mais a fundo a influência das produções cinematográficas nos padrões de vestimenta e comportamento dessa parcela da população. Isso porque, a juventude, é a geração que melhor compreende o funcionamento das ferramentas de telecomunicação e expressão, e consequentemente a massa que mais vulnerável à intervenção dos arquétipos reforçados pela maioria dos filmes dos últimos tempos. Em outras palavras, são as gerações jovens que possuem maior responsabilidade social, maior desapego as relações sociais, além de maior necessidade de exposição de opinião.

Logo, as produções midiáticas, tais como programas de rádio, TV, vídeo, filmes, revistas, jornais e sites, são personalizadas para despertar de modo apelativo o interesse jovem, e estabelecem o que deve ser consumido por essa nova geração. De modo inevitável, as opiniões desses jovens são moduladas conforme o panorama que se tem do mundo, que depende diretamente do tipo de informação e meios de comunicação ao quais se tem acesso. Por esse motivo, selecionamos as produções que de acordo com nosso entendimento, foram grandes bilheterias dos últimos séculos e merecem ser estudadas mais a fundo. Entre elas estão: Noivo neurótico, noiva nervosa; Bonequinha de luxo; As Patricinhas de Beverly Hills; Grease - Nos Tempos da Brilhantina; Blade Runner – O Caçador de Androides e O Grande Gatsby.

Tendo em vista os filmes selecionados, é possível apontar alguns dos critérios utilizados para justificar nossa escolha. Além serem considerados filmes que geraram as maiores bilheterias da história, algo que pretendemos comprovar concretamente ao longo do artigo, os filmes escolhidos impactaram bruscamente

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nos padrões de consumo e de vestimenta, e revolucionaram a história das produções cinematográficas. Contudo, algo que também motivou nossa escolha foram características comuns entre alguns desses filmes. Por exemplo, ambos os filmes As Patricinhas de Beverly Hills e Grease, por mais que se passem em épocas distintas, têm como principal tema o estilo de vida da juventude, sendo o ambiente do ensino médio o espaço onde o enredo se desenvolve. Nesse contexto comum, ambas as obras mostram as aventuras vividas, as escolhas impulsivas e o turbilhão de emoções enfrentadas pelos jovens personagens; o que faz de ambos os filmes, clichês adolescentes. É justamente essa temática que atrai os olhares dos jovens espectadores, que a partir desses filmes, constroem expectativas para essa conturbada fase da vida. Por isso, estilos de produção como este são os principais responsáveis por criar as tendências jovens, em especial na área da moda.

Alguns questionamentos a serem levantados adiante serão o modo como os atores de filmes são capazes de influenciar jovens, de forma que se tornem ícones inspiradores para estes. Além disso, estudaremos os impactos negativos do poder das grandes bilheterias do cinema selecionadas acima, todas lançadas a partir década de 60, na saúde dessa juventude. A respeito da indústria do consumo, a pesquisa se concentrará na maneira que ela se beneficia de tendências ditadas pelo cinema durante o período delimitado. Ademais, buscaremos as razões que expliquem por que são em maioria os jovens os principais influenciados pelas tendências de moda trazidas pelos filmes selecionados, em suas respectivas décadas.

Por fim, supõe-se que o alcance dos atores ao seu público, como o da atriz a ser estudada, Audrey Hepburn, dependa diretamente do seu número de apoiadores, prestígio e fama, portanto possui maior poder de influenciar os padrões comportamentais da juventude, em maior após as produções da década de 60. É possível notar também que o poder do cinema, especialmente das maiores bilheterias, sobre os jovens possa ser refletido de modo negativo para sua saúde, por exemplo talvez por meio da depressão, ansiedade, entre outras doenças derivadas da exacerbada comparação com os demais.

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A hipótese é de que a indústria obtém grande lucro por intermédio das tendências ditadas pelo cinema, que consequentemente influenciam os jovens a agirem de certa maneira. Isso porque, esse grupo etário é o mais vulnerável a aceitar mudanças e tentar a todo custo se encaixar nos padrões estabelecidos pela mídia, a fim de garantirem um sentimento de pertencimento e acolhimento em um grupo social.

Os objetivos gerais deste artigo, diante do cenário cinematográfico das maiores bilheterias da última década, serão de estudar a fundo origem do cinema, e o que na realidade ele representa e significa em nossa sociedade. Além disso, deseja- se compreender a importância do cinema para que sejam ditadas determinadas tendências seguidas pela sociedade, e como seus figurinos podem estar sendo diretamente ou indiretamente nas mais famosas passarelas da atualidade.

Mais especificamente, procuraremos buscar fatores científicos que expliquem o porquê dos adolescentes ocuparem uma posição influenciável na sociedade, e com isso compreender como as produções cinematográficas, sobretudo com foco principal nos filmes Noivo neurótico, noiva nervosa; Bonequinha de luxo; As Patricinhas de Beverly Hills; Grease - Nos Tempos da Brilhantina; Blade Runner – O Caçador de Androides e O Grande Gatsby; podem mudar o seu padrão de comportamento, com foco principal em suas vestimentas.

Para viabilizar o projeto, planeja-se a leitura de artigos do Scielo e Google Acadêmico sobre a moda e o cinema e a sua relação, e possíveis entrevistas com redatores de revistas de moda de maior circulação e popularidade. Além disso, haverá a análise do papel de Audrey Hepburn na comunicação entre a moda e o cinema, bem como o estudo profundo dos filmes mencionados nessa introdução, incluindo a história de seu figurino e o impacto que causaram na população, principalmente no sentido da moda. Além disso, será feito o estudo de filmes que retratam épocas antigas e estudo dos figurinos deles e a importância da representação do passado por meio dos figurinos, com a análise das figuras mais influentes da moda e quais delas estiveram na indústria cinematográfica. Por fim,

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deseja-se compreender o papel de estilistas de marcas de alta-costura na composição de figurinos de filmes.

2 A INFLUENCIABILIDADE DA JUVENTUDE

Para dar início a este estudo, esse capítulo trará um aprofundamento em relação ao grupo selecionado como objeto de estudo: os jovens a partir da década de 60. Para entender a influência que esse público está sujeito, dividiremos nossa pesquisa em duas frentes: os fatores científicos que expliquem a vulnerabilidade social da juventude, com foco nas produções midiáticas; e os modos como essa influenciabilidade se articula e é utilizada como recurso pela mídia.

2.1 FATORES BIOSSOCIAIS

Sabe -se que desde o crescimento e expansão das grandes mídias, o acesso à informação e conhecimento passou a invadir o cotidiano da população, no que diz respeito não apenas à internet, mas também à estações de rádio, canais de televisão aberta, literatura, teatro, cinema, música, entre outros campos.

Nessa perspectiva, desde os primeiros anos que sucederam as inovações na indústria da comunicação, pôde-se observar a elitização de seu acesso, fazendo com que principalmente no início, o foco dos meios de comunicação social estivesse restringido às classes mais altas da sociedade, que retinham o poder de consumo, sendo esse o público alvo primordial. Logo, os holofotes das grandes mídias se tornaram para os cidadãos mais ricos, fazendo com que as inovações tecnológicas se tornassem mais um instrumento de marginalização das populações carentes.

Além do conteúdo desses meios ter sido direcionado à elite, as mídias focaram em uma faixa etária muito específica: a juventude. Inquestionavelmente, notou-se que os jovens eram o grupo social em situação de maior vulnerabilidade e influenciabilidade. Isso se deve ao fato, da mídia, principalmente a televisão, trabalhar com modismos, com coisas e situações que façam com que as pessoas se identifiquem com aquilo e passem a comentar (FARIA e RODRIGUES, 2008).

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A partir das pesquisas do psiquiatra Maurício Knobel, que estuda mais a fundo a questão, fundamentou-se a chamada “síndrome normal da adolescência”. Em sua tese, ele argumenta que há um conjunto de sinais e sintomas que caracterizam esta fase da vida, quando o adolescente vivencia desequilíbrios e instabilidades extremas com expressões psicopatológicas de conduta.

Para ele, um dos aspectos que explicam essa influenciabilidade é a “busca de si e da identidade”. Nessa busca, o jovem recorre a situações e sensações que se mostram mais favoráveis no contexto em que ele se encontra. Uma delas, é a uniformidade coletiva, ou melhor, o processo de identificação em massa, que explica o fenômeno de grupo.

Knobel, também destaca um outro aspecto que chama de “tendência grupal”. Esse conceito apresenta que a busca da identificação coletiva é uma defesa do adolescente, responsável por proporcionar segurança e autoaceitação. O fenômeno grupal na adolescência é inevitável, já que através dele o jovem passa a ser dependente dos valores e comportamentos do grupo que ele pertence. Além disso, para alcançar a autoaceitação, o adolescente involuntariamente busca primeiro a aprovação do meio exterior.

Tendo em vista estes fatores biossociais, é evidente que os jovens das classes mais altas apresentavam desde o princípio uma maior adesão às produções midiáticas, uma vez que observavam uma orientação sobre como viver e se relacionar na sociedade que estão inseridos. As imagens produzidas para atingir esse público colaboravam para legitimar e afirmar os seus modos de sociabilidade. Como explica a psicóloga e terapeuta-comportamental Nayara Benevenuto Peron, a mídia não determina, mas pode influenciar os valores, os modos de agir, vestir, consumir e até no padrão de beleza vigente.

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Disponível em: https://bit.ly/2Eyml5B. (Acesso: 23/08/20). Casal em cinema drive-in, EUA.

Disponível em: https://bit.ly/2QfbErk. (Acesso: 23/08/2020).

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Disponível em: https://bit.ly/2CSwidTU. (Acesso: 23/08/2020).

Nesse sentido, é notável que desde o surgimento das primeiras produções cinematográficas, o lazer dessa juventude passou a ser vinculado diretamente ao hábito de ir às salas de cinema semanalmente, tanto para assistir as sessões tradicionais, quanto para os filmes dos cinemas drive-in. Por mais que a atitude partisse muitas vezes do indivíduo, com o tempo tornou-se uma motivação coletiva da faixa etária, influenciada por fatores externos, à medida que determinados filmes de sucesso tinham estes jovens como público-alvo.

2.2 A APLICAÇÃO DESSA INFLUÊNCIA

Uma vez determinado o papel dos jovens como faixa etária mais influenciável, apresentam-se diferentes meios e agentes que passaram a se aproveitar da considerada vulnerabilidade da juventude assim praticar essa influência.

Como já estabelecido anteriormente, aqueles que se encontram na juventude ainda não desenvolveram por completo os seus sensos de identidade e intelecto social, o que os torna suscetíveis a se espelharem naquilo que veem retratado nas

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grandes mídias. Isso se expande ainda mais quando se considera a popularidade dessas mídias entre os próprios jovens e como estes são influenciados uns pelos outros e pelos seus desejos de pertencimento.

Tais mídias se estendem em muitos outros meios de entretenimento e de comunicação, embora esta pesquisa se desenvolver em torno da indústria cinematográfica e da moda e a conexão e influência delas especialmente nos jovens. Um dos meios de talvez mais popularidade e reconhecimento é o da a indústria da música. Este, no entanto, não se estabeleceu a princípio como um agente influenciador, considerando que o público idolatrava e cultuava os artistas em si, tornando eles mesmos os agentes influenciadores. Celebridades e figuras públicas como influenciadores das massas serão discutidas posteriormente neste artigo.

Todavia, isso mudou com a chegada dos clipes musicais. Anteriormente eram chamados de clipes promocionais, e tinham formatos notavelmente diferentes. Os music videos que conhecemos hoje surgiram em 1981, quando a MTV transmitiu o clipe da música Video Killed The Radio Star dos The Buggles, segundo a Business Insider. Os clipes permitiam que os fãs visualizassem mais os artistas e não apenas os ouvissem. Tais clipes se tornaram então meios pelos quais o público tomava inspiração e se inspirava na moda mostrada neles, sem mencionar que ganham um fator histórico, por representarem adequadamente e precisamente a moda vigente de uma certa época, facilitando e ajudando pesquisas e estudos futuros.

A comunicação, de antes pouco ou muitas vezes nenhum interesse aos jovens, se reinventou e ganhou outros significados com a chegada das revistas de moda e/ou comportamento juvenis.

A indústria de revistas é datada no início do século XVIII e teve a sua primeira revista considerada “moderna” publicada em 1731: a britânica Gentleman’s Magazine. Não foi, no entanto, até 1770 que a primeira revista direcionada especificamente ao público feminino surgiu: a Lady’s Magazine, revista britânica que tratava principalmente sobre as tendências de moda feminina, mas também apresentava artigos sobre poesia, música, ficção, e comentários e fofocas sobre os cenários sociais da época. Além disso, distribuía padrões de bordado e partituras

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para as leitoras. Revistas femininas a partir de então não pararam de crescer e foram ganhando cada vez mais popularidade e adesão do público feminino pelo mundo todo.

A primeira revista feminina brasileira chamava-se O Espelho Diamantino: Periodico de política, litteratura, bellas artes, theatro e modas dedicado às senhoras brasileiras, mas foi lançado em 1827 e logo saiu de circulação em 1828. Algumas das revistas de moda mais famosas e circuladas hoje nos Estados Unidos já possuem mais de cem anos de história, sendo elas a Harper’s Bazaar, de 1865 e a Vogue, de 1892, e continuam até hoje trazendo novidades de interesse feminino e suas concepções sobre a sua moda e o seu comportamento.

A grande popularidade e interesse das massas pelas revistas femininas também se dá pelo comum uso de celebridades e personalidades da moda, do cinema, do esporte e outros nas capas das edições e artigos sobre eles. Isso traz um viés ainda mais influenciador as revistas, pelo fato de que, ao trazer uma figura de renome, a revista muitas vezes faz com que os fãs e apoiadores dela comprem exemplares e passem a consumi-la regularmente.

Páginas de uma edição de 1947 da revista Carioca, onde se podem ver textos e desenhos sobre a moda, destinados às leitoras.

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Disponível em: shorturl.at/lrtJ3. Acesso: 24/08/2020.

Na esquerda, o primeiro exemplar da Harper’s Bazaar, de 1865. Na direita, o mais último exemplar da Harper’s Bazaar, de 2020.

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Tais revistas, tratando principalmente da moda e suas notícias, inovações e atualizações, mas também da conduta feminina e de outros fatores como assuntos domésticos como decoração, maternidade e culinária se tornaram parte do dia a dia e do lazer das mulheres. Elas se tornaram - juntamente com o cinema, que será discutido com mais profundidade ao longo dessa pesquisa – os principais e muitas vezes únicos meios de acessar as tendências da época, o que colaborou com a sua popularidade do gênero. Foram por meio dessas revistas femininas, apesar de serem principalmente direcionadas a adultas, que jovens começaram a se inspirar e se influenciar, se espelhando no comportamento adulto e se distanciando das suas próprias identidades de jovens.

Notando a necessidade por revistas que fossem direcionadas aos jovens, a primeira revista adolescente, Calling All Girls, surgiu em 1941 nos Estados Unidos. Em 1944, a revista Seventeen, com um público muito mais amplo que a anterior, entrou em circulação, se tornando um ícone da cultura jovem mundial. O gênero logo ganhou muita popularidade entre as jovens, pois trazia artigos e novidades sobre a moda, beleza, entretenimento e conselhos sobre a adolescência, mas também tratava de assuntos sérios como a importância de votar e a Segunda Guerra Mundial. A revista visava interpretar os jovens realmente como jovens, e não como crianças ou adultos, reforçando neles esse autoconhecimento e autoconsciência sobre as suas identidades, algo que antes não possuíam.

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Disponível em: shorturl.at/hnpG1. Acesso: 24/08/2020

Na esquerda, o primeiro exemplar da revista Seventeen, de 1944, e na direita, um exemplar da revista Seventeen de 2018.

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O setor do entretenimento se mostra de grande poder de influenciabilidade. Obras de ficção como livros também podem agir como influentes da juventude, por meio de personagens que apelam a eles e que os impulsionam a agir de certa maneira. Um influenciador ainda maior, no entanto, é a televisão e os programas televisivos. Esses, da mesma maneira que o cinema, apresentam estórias e narrativas de interesse dos jovens, o que faz com que eles invistam muito do seu tempo e pensamento nisso. Eles veem então os personagens retratados em suas televisões como figuras superiores e de respeito, o que os leva a admirá-los e espelhar o que eles fazem em todos os sentidos, sendo um deles (e o mais recorrente) a moda.

A indústria cinematográfica e celebridades se mostram os maiores influenciadores da juventude, por terem tamanho reconhecimento, prestígio e popularidade. A grande exposição dos jovens a esses os concede uma certa reputação e um papel cada vez maior de influentes e guias dos jovens em relação a como eles se comportam, o que comem, o que consomem, como se vestem e como pensam.

3 CINEMA E MODA

Após o entendimento da influência que a mídia, sobretudo o cinema, retém sobre a juventude, foi feita a seleção de seis grandes bilheterias cinematográficas lançadas a partir do último século, para o estudo aprofundado de seu figurino e consequentemente, das tendências de moda geradas. Entre as produções estão: Noivo neurótico, noiva nervosa; Bonequinha de luxo; As Patricinhas de Beverly Hills; Grease - Nos Tempos da Brilhantina; Blade Runner – O Caçador de Androides e O Grande Gatsby; que serão discutidas particularmente nos próximos subcapítulos.

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O filme O Grande Gatsby, lançado no primeiro semestre de 2013, é mais uma adaptação cinematográfica do clássico romance literário de 1925, de autoria do escritor F. Scott Fitzgerald. O enredo se desenvolve entre as cidades de Nova York e de Long Island em meio aos Estados Unidos dos anos 1920, fazendo uma crítica direta ao “sonho americano”, materialismo e jogos de interesses presentes na sociedade da época.

Dirigido pelo australiano Baz Luhrmann, o longa-metragem narra a história de Nick Carraway, um jovem investidor, interpretado por Tobey Maguire, que se aproxima de seu vizinho Jay Gastby, um bilionário conhecido pela extravagância, luxo e histeria das festas que ocorrem semanalmente em sua mansão. Nick testemunha o conturbado romance entre Gatsby (Leonardo DiCaprio) e Daisy Buchanan (Carey Mulligan). A fortuna do bilionário é rodeada de rumores, já que nenhum dos frequentadores de suas animadas festas o conhecem realmente. No auge da década dos excessos imprudentes e eufóricos, o misterioso Gatsby parece personificar o espírito da Era do Jazz.

Cena da produção que mostra a extravagância das festas na mansão de Gatsby.

Disponível em: https://bit.ly/3iOOjJF. (Acesso: 19/09/20).

Com uma bilheteria que arrecadou mundialmente cerca de 353,6 milhões de dólares, segundo o jornal The New York Times, e gerou inúmeras repercussões na

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mídia durante todo o ano de 2013, O Grande Gatsby foi responsável por dividir de modo polarizado as opiniões dos críticos de cinema de maior prestígio. Por um lado, a produção foi mal recebida por parte da crítica que alegou que a obra de Fitzgerald foi adaptada de modo superficial e vazio, visto que Luhrmann não teria sido capaz de retirar emoções genuínas e profundas do elenco, resultado de sua má-direção.

Segundo a crítica de Chris Nashawaty no Entertainment Weekly, o filme traz uma “ visão devastadora do lado obscuro do American Dream”, argumentando que a obra de Luhrmann não fez jus à história original do livro. Para Ricardo Calil, crítico da Folha de S. Paulo, o filme é “um alvo fácil de críticas”, uma vez que Luhrmann não soube retratar dignamente a alma do enredo, ao representar o mistério por trás dos personagens de modo equivocado.

Ainda, foi comentado que o papel misterioso e multifacetado do personagem Gatsby do livro acabou por se perder na falta de expressões e indiferença da atuação de Leonardo DiCaprio. Além disso, segundo a crítica do jornal britânico The Guardian, o personagem principal Nick Carraway se apresenta como intruso nas telas, enquanto na obra original ele possui o papel essencial de narrador observador. Outro aspecto criticado foi a inadequação na escolha da trilha sonora do longa, que reuniu nomes do pop e hip-hop da atualidade, como Lana del Rey e Jay-z, afastando significativamente o público do tempo narrado. Contudo, a película superou totalmente as expectativas de bilheteria que se tinham antes de seu lançamento.

De acordo com a crítica da Folha de S. Paulo, apesar da abordagem pouco profunda, o filme é esteticamente impecável aos olhos. Outrossim, o filme foi novamente elogiado quanto a sua direção artística e fotográfica. Desse modo, a produção se tornou um grandioso exemplo de como o figurino é capaz de assumir protagonismo no cinema. Segundo Magaldi, (apud MUNIZ, 2004, p. 28): O figurino tem uma importância tão grande como a palavra e o cenário, porque é um dos elementos fundamentais para a transmissão de uma imagem completa do personagem ao público.

Seguindo a moda do período histórico em questão, a obra reflete a década de 1920 para a burguesia nova-iorquina; período de prosperidade econômica que

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colaborou para o enriquecimento desse grupo após a Primeira Guerra Mundial. Sendo assim, considerando a absorção da moda europeia na época, o luxuoso figurino se apropriou de tecidos nobres, tais como o veludo e variações da seda, em tons verde jade, azul topázio e dourado, com aplicações de cristais, bordados, paetês, predarias, franjas, penas e até mesmo de peles. É também notável a reflexão da estética da Art Déco, na qual predominam linhas retas e geometrizadas, além de um design mais abstrato.

Alguns dos vestidos produzidos pela Prada para O Grande Gatsby, usados pela personagem Daisy Buchanan.

Disponível em: https://bit.ly/2RL2oMs. (Acesso: 20/09/20).

Na cena, são notáveis as cores fortes dos vestidos, juntamente da extravagância dos acessórios, com destaque para a utilização de penas e franjas.

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Disponível em: https://images.app.goo.gl/C8mfMwGQnUXQ7qz4A. (Acesso: 20/09/20). Abaixo, mais um vestido de Daisy, o qual provavelmente deixa mais evidente a estética

glamourosa dos anos 20.

Disponível em: https://bit.ly/33K195Q. (Acesso: 20/20/20).

Abaixo, dois figurinos usados pela personagem Jordan Baker. À esquerda, um vestido tubular preto com aplicações de brilhos e pedras, somando-se à acessórios que

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enriqueceram a produção. À direita, uma regata de seda champagne, complementada por um longo colar de pérolas.

Disponível em: https://images.app.goo.gl/Rk5AUnqWAuARs8hs5 e https://images.app.goo.gl/vEBG8Fb2hnDfXMAh6. Acesso: 20/09/20.

Ademais, a sofisticação do figurino evidenciou a silhueta livre de espartilhos que ganhou movimento nos vestidos tubulares, deixando braços e pernas à vista, aspectos revolucionários e considerados ousados para a moda feminina anterior à década de 20. Nesse contexto, originaram-se as flappers, ou melindrosas; mulheres que estremeceram as normas da sociedade pós-guerra a partir de inovações não somente nas vestimentas, mas também na maquiagem e nos cortes de cabelo. Perfeitamente retratados no filme, era ilustre o corte "la garçonne"; cabelos curtos com pontinhas indo das orelhas até as maçãs do rosto, deixando a nuca à mostra.

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O corte "la garçonne"

Disponível em: https://bit.ly/2RL2oMs. (Acesso: 20/09/20).

Uma comparação entre as vestimentas das melindrosas da década de 20 e o figurino da personagem Daisy Buchanan.

Disponível em: https://images.app.goo.gl/d4pj4kAKjcVXidS8A e https://bit.ly/2RL2oMs. (Acesso: 20/09/20).

Já na maquiagem, foram utilizados tons mais avermelhados nos lábios e olhos destacados com muito rímel. Juntamente com o visual, é possível notar que o filme faz um paralelo com a mudança comportamental feminina daquele tempo; a incorporação de comportamentos tradicionalmente masculinos, como a prática de esportes, fumar e beber em público.

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A maquiagem das personagens femininas: batom avermelhado e rímel

Disponível em: https://bit.ly/2RL2oMs. (Acesso: 20/09/20).

O figurino de O Grande Gatsby foi pensado e desenvolvido pela figurinista Catherine Martin juntamente da estilista Miuccia Prada. A colaboração “traduz o estilo de inspiração europeia usado pelos aristocratas da costa leste do Estados Unidos na década de 20 junto com os vestidos glamorosos e sofisticados da época", como dito por Martin. Conforme declarado em uma matéria da Vogue UK, a colaboração resultou em 40 designs, cuja produção foi inspirada diretamente em peças ilustres das coleções de 2011-2012 da Prada e da Miu Miu. Como disse Miuccia para a Vogue em 2013; “Quando trabalhei com figurinos percebi quantas peças poderiam se tornar bem 1920’s com uma pequena intervenção e um outro ponto de vista”.

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Croquis revelados por Miuccia Prada dos looks da Miu Miu e da Prada usados no figurino das cenas de festa em O Grande Gatsby.

Disponível em: https://images.app.goo.gl/UZtRqPa6DiL3tDEi7 e https://bit.ly/2RL2oMs. (Acesso: 20/09/20).

Não somente as roupas da produção, como também as joias utilizadas foram projetadas por grifes luxuosas e de alta costura. A Tiffany&Co, produziu os braceletes de diamantes, anéis, acessórios para cabelo e os colares maximizados de pérolas, exclusivamente para a obra. Assim como no caso da Prada, as joias também foram inspiradas nos arquivos da joalheria americana, que priorizaram a extravagância e exagero da era. Tendo em conta a adesão do público ao figurino após o lançamento do longa, tanto a Prada quanto a Tiffany&Co elaboraram

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coleções especiais baseadas no filme que foram comercializadas em suas vitrines e difundidas pelas passarelas ao redor do mundo; fato que será abordado mais profundamente em breve neste artigo.

As joias desenhadas pela Tiffany&Co para O Grande Gatsby.

Disponível em: https://images.app.goo.gl/r8qBMjNizcDVPwQU9 e https://images.app.goo.gl/bDYjeNsoLMbBWwa48.(Acesso: 20/09/20).

Ainda que os papeis femininos, interpretados por Carey Mulligan, Isla Fisher e Elizabeth Debicki, destaquem-se pela maior elegância e glamour de seus figurinos, as vestimentas masculinas seguiram a mesma linha de sofisticação, embora mais semelhantes entre si. Para os homens, maioria na trama, os figurinistas optaram por peças como o smoking, ternos, flores, gravatas borboletas e lenços de lapela, que ajudaram a construir a imagem do homem nova-iorquino dos anos 20.

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Smokings branco e cáqui utilizados pelo ator Leonardo DiCaprio, como Gatsby no longa.

Disponível em: https://images.app.goo.gl/15yjwcRP1AhWKHoa7. (Acesso: 20/09/20). Alguns itens e peças que fizeram parte do figurino de Nick Carraway, interpretado por

Tobey Maguire.

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Após o lançamento, Catherine Martin, a figurinista de O Grande Gatsby, levou a premiação do Oscar de melhor figurino, no ano de 2014. Também disputavam o prêmio; "Trapaça", "O Grande Mestre", "The Invisible Woman" e "12 Anos de Escravidão". Entretanto, a extravagância e luxuosidade da Era do Jazz se sobressaiu entre os demais figurinos da disputa. Tamanho foi o êxito do figurino, que Martin também foi indicada para a categoria de melhor design de produção, somando-se a outras cinco indicações ao Oscar em seu currículo.

3.2 BLADE RUNNER: O CAÇADOR DE ANDROIDES

O filme estadunidense Blade Runner, em português intitulado Blade Runner: O Caçador de Androides, foi lançado em 1982 e abriu o caminho para diversas inovações e ideias que foram se instalando no público.

O filme, ambientado no ano de 2019, retrata o ex-policial Rick Deckard atrás de replicantes fugitivos. Tais replicantes são tecnologias inventadas e usadas nas colônias fora do Planeta Terra: são androides que agem e se parecem com humanos, com exceção da posse de um intelecto emocional. Os replicantes vivem a serviço dos humanos e possuem datas de expiração, no entanto, um grupo se rebela e se esconde na cidade de Los Angeles, o que leva Deckard a ser acionado para exterminá-los.

Blade Runner tem no seu papel principal Harrison Ford – que então tinha recentemente participado do episódio quatro de Star Wars, uma das franquias mais consumidas de todos os tempos - como Rick Deckard, Sean Young como Racheal, Rutger Hauer como Roy e Daryl Hannah como Pris. A direção é de Ridley Scott, que depois direcionaria outros filmes de sucesso como Thelma & Louise e Perdido Em Marte.

O filme inicialmente não fez sucesso. Segundo dados retirados do site IMDB, Além dos críticos constantemente escreverem coisas negativas sobre ele, também foi exibido nos cinemas ao mesmo tempo que o filme E.T., de Steven Spielberg, que dominou as bilheterias da época. Isso fez com que fossem liberadas diversas versões diferentes do filme, com cenas cortadas ou acrescentadas, narrações dos

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produtores, finais alternativos. Foi só então que, de alguma maneira, o filme se tornou um clássico e uma das maiores inspirações do gênero de ficção científica.

Blade Runner é aclamado como uma das obras de ficção científica mais talentosa de todos os tempos e com grandes realizações. Ao longo dos anos, alcançou o status de um clássico filme cult, e é considerado profundo, existencial e poético. Ele vem inspirando muitos desde o seu lançamento, e a sua popularidade, prestígio e fama nunca pararam de crescer, considerando que, quando foi lançado, concorreu à dois Academy Awards, prêmio de grande reputação, e a sua estima levou a produção de uma sequência de alto custo e investimento, feita em 2017 e estrelada por Ryan Gosling, ator de muito reconhecimento.

O futuro, sempre causando muita curiosidade e muitas dúvidas e questões no público geral, muitas vezes é explorado no cinema. Antes de Blade Runner, outro filme de grande sucesso, 2001: Uma Odisseia No Espaço, também explorou o futuro e o que este traria. Apesar de muito evidentemente não ter acertado, em sua maioria, suas previsões e concepções sobre o futuro, Blade Runner influenciou muito diversos setores da cultura da época e continua a fazer isso até hoje.

O filme retrata 2019 de uma maneira melancólica, a cidade no qual é ambientado, Los Angeles, deixa de ser colorida e ensolarada e se torna visualmente estranha e confusa. A arte do filme é um trabalho a ser parabenizado a parte: os cenários e os takes são obras de arte por si próprios. A distópica Los Angeles é representada bem monocromática, o que acrescenta luz e rouba a atenção dos espectadores são as luzes e as placas neon espalhadas pela cidade. A cidade havia se tornado uma metrópole superpopulosa com uma arquitetura moderna mais ao mesmo tempo claramente decadente. O filme traz características e visuais futuristas-retrô, e foi inspirado nos filmes noir da década de 50, como um dos filmes mais conhecidos e clássicos da ficção científica, Metrópolis, de Fritz Lang.

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Uma cena do filme Blade Runner, na qual é possível ver a extravagância de cores com as luzes neon.

Disponível em:

https://2.bp.blogspot.com/JlqxVbl9iOc/VGPQpPY5AwI/AAAAAAAAUfs/btuT_NOwL1U/s16 00/Newspaper.jpg. Acesso: 22/09/2020

Ao representar o futuro, Blade Runner apresenta as vestimentas muito coerentes com o estilo de vida da cidade e da época retratada. O filme inovou ao revelar suas versões de roupas futurísticas que viriam a inspirar e admirar muitos. As roupas mostradas no filme são muito características e inegavelmente “roupas futurísticas”, mas ainda assim trazem uma singularidade e rastros do molde pelas quais foram feitas pelos criadores.

Blade Runner é considerado, pela curadora Lou Stoppard, no jornal Financial Times, o filme que viu o futuro da moda. Foi de extrema importância e influência para os contextos sociais da época e está constantemente sendo reconhecido pelo mundo da moda pelo seu legado. Blade Runner inovou ao representar os vestuários do futuro de forma extravagante e revolucionária, ao contrário do que era conhecido anteriormente, pois as roupas utilizadas nas representações do futuro eram sempre simples e minimalistas. Ao ousar e renovar as ideias sobre e moda do futuro, Blade Runner mudou para sempre a indústria.

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Cena do filme Blade Runner que exemplifica a moda mostrada nele.

Disponível em: https://lh3.googleusercontent.com/proxy/u-

svSj90qgrwzBHOvlyxCElpwgXzKgVFkDQSW-buAADnCirF2Wv_relfpHZfFdI8bA2NngT3iqVtAODEMi6zYnWV4Dyrq370cvybIn1d9sgSpw 55cvj58mLdQSpzQQ. Acesso: 22/09/20.

Cena do filme Blade Runner que exemplifica a moda mostrada nele.

Disponível em: https://www.highsnobiety.com/p/blade-runner-style/. Acesso: 22/09/20.

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Disponível em:

https://static.wikia.nocookie.net/bladerunner/images/4/41/Zhora.jpg/revision/latest/top-crop/width/360/height/360?cb=20171028221610 e

https://64.media.tumblr.com/36b960d9af295e224a8e120ff0dfcd82/tumblr_owwsf1VHAz1u rf4tmo1_400.jpg. Acesso: 22/09/20.

Cena do filme Blade Runner que exemplifica a moda mostrada nele.

Disponível em: https://www.highsnobiety.com/p/blade-runner-style/ Acesso: 22/09/20.

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Blade Runner continua trazendo noções e princípios da época do cinema noir por meio da caracterização seu protagonista, Rick Deckard. O policial interpretado por Harrison Ford foi desenvolvido com base em narrativas de detetives noir, e a sua paramentação deriva da de atores de renome como Orson Welles, James Cagney e Humphrey Bogart.

Na esquerda, o ator Humphrey Bogart, e na direita, o personagem Rick Deckard, interpretado por Harrison Ford.

Disponível em:

https://i.pinimg.com/564x/3c/a8/3d/3ca83d16e443353aa26adfc9dcffcdc7.jpg Disponível em: https://www.highsnobiety.com/p/blade-runner-style/

Acesso: 23/09/20

A moda do filme é composta por diversos elementos de tendências na época pouco conhecidas, tais como o cyberpunk e o futurismo-retrô. Além das tendências atuais e emergentes, o vestuário do filme também lidou com modas dos anos 40 e 50 que já haviam caído no desuso. Essas tendências podem ser muito vistas na personagem Rachael, a ser analisada em seguida.

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Marcas do futurismo-retrô na moda: a primeira fazia parte da edição de agosto de 1965 da revista Vogue e a segunda é uma edição da revista Vogue de dezembro de 1964.

Disponível em: https://www.vogue.com/article/1960s-beauty-retro-futurism-courreges-paco-rabanne-vogue-archives

Acesso: 22/09/20

Como antes mencionado, o cyberpunk e o futurismo-retrô então foram dados muita mais importância e muito mais procurados pelos consumidores, e os estilos e tendências estabelecidos por estes, e representados no filme Blade Runner foram sendo adotados pela população que era cada vez mais influenciada. O progresso e o desenvolvimento do estilo musical New Wave também fazem referência aos gêneros mencionados e a moda apresentada no título. Os visuais futuristas do filme inspiraram muito a moda da época e foram se tornando aos poucos referências da moda dos anos 80 de tão populares que se tornaram. Apesar de terem marcado tal década, esses modismos e tendências continuam sendo usadas, renovadas e reconstruídas até os dias de hoje.

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Disponível em: http://www.osovictoria.com/2013/04/lately-i-have-been-silver-fabrics.html Acesso: 22/09/20

Daryl Hannah, ao representar a rebelde replicante Pris, traz para a personagem um estilo punk com influências góticas e muito inovadoras, adicionando mais camadas à representação do filme de uma subclasse esquecida e incompreendida. A personagem faz uso de tendências óbvias da moda punk como o uso constante do couro, tachas, e coleiras de cachorro, além de inovar ao usar collants e maiôs. Seu corte e cor de cabelo e sua maquiagem completamente preta em volta dos olhos que remete à uma máscara também lembram os movimentos da moda e cultura mencionados anteriormente.

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Personagem Pris.

Disponível em: https://www.ft.com/content/803687a8-9a22-11e7-b83c-9588e51488a0 e https://i.pinimg.com/originals/b5/48/0f/b5480ff4ceb3dc93c31881705767dda0.jpg. Acesso:

22/09/20.

Góticos nos anos 80, com um estilo semelhante ao da personagem Pris.

Disponível em: https://post-punk.com/oldschool-gothic-a-gallery-of-80s-goth-and-deathrock-culture/

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Por outro lado, a heroína do filme, Rachael, interpretada por Sean Young, traz consigo diversas camadas que a fazem uma personagem extremamente complexa e atípica, e as suas vestimentas adicionam a este mistério carregado por ela. Rachael é o melhor exemplo da mistura do que então era futurista com aquilo que já era retrô apresentada em Blade Runner. Sean Young, portanto, passou a representar uma personagem que vive no futuro, porém está sempre trazendo e revivendo elementos do passado.

Tal passado, um passado noir, foi uma das maiores inspirações para o figurino da personagem Rachael. Ela foi modelada a partir de estrelas dos filmes noir dos anos 40 e 50, e isso se concretiza em seu vestuário. A sua aparência no filme relembra os Anos de Ouro de Hollywood, especificamente a atriz Joan Crawford, que usava figurinos assinados pelo designer Adrian Adolph Greenberg, o qual serviu de inspiração para os próprios figurinistas de Blade Runner. Racheal recorda muito Joan Crawford em suas maneiras de se vestirem. Estas, portanto, fazem muito o uso de elementos da moda dos anos 40, as ombreiras, principalmente. Ademais, outros fundamentos desta época foram utilizados no figurino de Rachael: quadris estreitos, cabelo enrolado, ombros quadrados, ternos feitos sob medida e saias que terminavam logo abaixo do joelho.

Atriz renomada Joan Crawford.

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A mágica então feita pelos figurinistas do filme foi a mistura desta silhueta feminina dos anos 40 com uma silhueta dos anos 80, influenciada pelos padrões futuristas. Logo, foram adicionados ao seu vestuário tecidos com aparência de látex e couro, luxuosas peles falsas e ombros estruturados, e à mistura foram acrescentados ângulos exagerados e afiados. Por fim, foi criado então o semblante icônico de Rachael, uma personagem que inova e eterniza a moda por meio de suas peças de roupas que fazem ousadas afirmações.

Personagem Rachael

Disponível em:

https://static.rogerebert.com/redactor_assets/pictures/54038931cd3b56bbca000211/blader unner-1-sean-young-as-rachel.jpg e https://www.highsnobiety.com/p/blade-runner-style/.

Acesso: 22/09/20.

O figurino do filme Blade Runner influenciou muito o mundo da moda, por apresentar uma convergência e um diálogo entre diferentes estilos, grupos sociais, e épocas, como visto anteriormente. Essa influência pode ter sido mais abstrata, influenciando as massas a passarem a ver a moda de uma maneira diferente, mais

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maleável, ou a inovar e mudá-la, visando os gostos pessoais e também ideias e concepções futurísticas, no entanto, um elemento do figurino da personagem Rachael – o mais icônico de todo o filme – são as ombreiras utilizadas por ela. Praticamente todos os seus figurinos faziam uso de ombros estruturados, e isso muito evidentemente serviu de inspiração para muitos, considerando o tamanho da febre de ombreiras nos anos 80, após o lançamento do filme.

Ombreira utilizada por Rachael em Blade Runner e exemplo da moda muito grande dos anos 80, como vista nesse visual da princesa Diana em 1985.

Disponível em:

https://i.pinimg.com/originals/fa/b2/52/fab25273bc662f5d390d14f938b605c6.jpg e https://www.glamourmagazine.co.uk/gallery/princess-diana-best-dresses-fashion-style.

Acesso: 22/09/2020

Em vista disso, estas ombreiras são um grande exemplo do grande sucesso e influência no público do filme Blade Runner. A fama e o prestígio dele fizeram com que o seu figurino fosse ainda mais valorizado e respeitado. Os responsáveis por esse figurino tão ilustre e aclamado são Michael Kaplan e Charles Knode. Eles conseguiram essa função por meio do diretor do filme, Ridley Scott, que pediu para

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o Costume Designers Guild, uma associação de figurinistas muito conhecida, se havia alguém jovem, com ideias diferentes e inéditas sobre a ficção científica, disponível para desenhar o figurino da obra.

Outrossim, tais expectativas do diretor a respeito da moda presente no filme foi o que fizeram dela tão notável. Kaplan e Knode conseguiram, através do figurino, atribuir ao filme fidedignidade, pois este era crível, mas, ao mesmo tempo, inovador, ousado e desafiador. O figurino do filme se tornou então algo icônico à parte, chegando a inspirar muitos em diversas épocas, e chegando até a trazer inspiração para designers e estilistas de muito renome que criaram diversas coleções e desfiles homenageando especificamente o filme, que serão abordados ao longo deste projeto. Michael Kaplan, que recebeu o prêmio de Melhor Figurino no British Academy Awards, atribui ao motivo da glória da moda de Blade Runner a fascinação do mundo da moda com aquilo que é novo e transformador, elementos incessantemente presentes no filme. Desse modo, as reformas e inovações da moda presentes em Blade Runner – O Caçador De Androides são o que deram ao seu figurino um legado que está armazenado na consciência criativa do mundo da moda até hoje.

Esboço de Michael Kaplan para a personagem Rachael

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Disponível em: https://www.ft.com/content/803687a8-9a22-11e7-b83c-9588e51488a0. Acesso: 22/09/2020.

Esboço de Michael Kaplan para a personagem Rachael.

Disponível em: https://www.ft.com/content/803687a8-9a22-11e7-b83c-9588e51488a0. Acesso: 22/09/2020.

3.3 AS PATRICINHAS DE BEVERLY HILLS

Foi no ano de 1995 que a cultura jovem e o gênero juvenil no cinema mudaram para sempre, com a chegada do hoje clássico As Patricinhas De Beverly Hills. Em inglês Clueless, o mais memorável filme adolescente continua influenciando diversas esferas culturais até os dias de hoje, especificamente a da moda, grande quesito abordado no filme.

As Patricinhas De Beverly Hills retrara a vida de Cher, uma adolescente rica, linda, e - assim como diz o título – sem noção nenhuma sobre conceitos da vida real, que navega pelo ensino médio tentando administrar a sua vida social e

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amorosa, se destacar na escola, deixar seu pai orgulhoso e, principalmente, ajudar os menos afortunados, de diversas maneiras diferentes. Desse modo, Cher utiliza as suas capacidades persuasivas para melhorar as suas notas no colégio, juntar dois professores infelizes, e ajudar a aluna nova do colégio a se adaptar à moda e os costumes da elite californiana da época. Apesar de estar constantemente ajudando os outros, o filme mostra Cher muitas vezes incerta sobre ela mesma, sobre seus sentimentos, sobre quem quer ser e sobre o que gostaria de fazer.

Dirigido por Amy Heckerling, o clássico é uma releitura de Emma, romance de Jane Austen de também muito sucesso. Em seu elenco estão nomes muito conhecidos como Alicia Silverstone como Cher; Paul Rudd como Josh, seu ex meio-irmão; Stacey Dash como Dionne, e Brittany Murphy como Tai.

Clueless foi o modelo para diversos outros filmes que retratam o ensino médio e a vida adolescente, que viriam posteriormente e fariam amplo sucesso. Os jovens da época gostaram de se ver representados no cinema de forma tão natural e inspiradora. Assim, o imenso sucesso do filme fez com que este assumisse o papel de influenciador e por isso, os atores que participaram da produção foram levados ao estrelato logo após o lançamento.

Dessa forma, a obra se tornou algo essencial para a experiência adolescente e é considerada um clássico cult amado e referenciado por todos. A produção se manteve como influência para os jovens da atualidade, no que diz respeito ao seu comportamento, como por exemplo, por meio de frases icônicas usadas no filme que já caíram em uso popular. Além disso, as vestimentas e as tendências de moda presentes no filme, a serem mais estudadas adiante, permanecem eternizadas.

O tamanho sucesso de As Patricinhas de Beverly Hills pode ser visto no papel que a sua moda desempenhou e desempenha até hoje na cultura pop mundial. Diversas pessoas se inspiram todo ano nas famosas roupas usadas por Cher. A cantora Iggy Azalea fez do clipe de sua música “Fancy” uma grande homenagem ao filme e o vídeo hoje contabiliza quase um bilhão de visualizações. Ainda mais, o designer Alexander Wang listou Clueless como seu o seu filme preferido e uma grande fonte de inspiração.

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A moda exerce uma parte muito importante no filme. Cher e Dionne, por terem alto poder aquisitivo, se dedicam muito a ela e estão constantemente inovando e trazendo novas tendências ao seu contexto. Diversas roupas utilizadas em Clueless se tornaram demasiadamente famosas e ícones da moda no cinema. A responsável por tal é Mona May, figurinista do filme, pela qual foi alcançado um filme tão influente no mundo da moda.

Mona May, juntamente com Amy Heckerling, queria representar os jovens de forma realista, por isso elas visitaram escolas de Los Angeles da época para estudarem a moda utilizada pelos alunos. Os resultados não foram muito agradáveis: elas viram muitos elementos da moda grunge dos anos 90 (a qual odiavam): camisas xadrez, jeans largos, entre outros, o que as inspirou a criar o seu próprio universo de moda no qual poderiam inovar e reinventar a moda ao seu favor, com o propósito de se encaixá-la na realidade abastada e sofisticada do filme, e esperançosamente, mudar a terrível moda mencionada.

Exemplo da moda grunge presente nos anos 90 antes de As Patricinhas de

Beverly Hills, em ícones da época: Drew Barrymore e Winona Ryder.

Disponível em:

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https://i.pinimg.com/736x/e5/46/cd/e546cd109e086b912432f405e4f02911.jpg. Acesso: 05/10/2020.

A figurinista então criou um mundo da moda a parte, um que correspondia as ousadas e revolucionárias inovações que Cher e seus amigos criavam. Surgiu então a moda das Patricinhas de Beverly Hills: uma versão colorida e melhorada do que os anos 90 poderiam ser. Foram criados figurinos extravagantes que eram elegantes, femininos e caíam bem, criando uma sensação de fantasia que todos querem viver. O filme com todos os seus fatores icônicos introduziu aos jovens um novo dicionário comportamental, e inspirou muitos a aposentarem seus estilos grunge e encontrarem a sua Cher Horrowitz interior.

Sendo assim, Mona May conseguiu abandonar os visuais de skatistas preguiçosos e entregou uma moda estrondosa e exuberante. As Patricinhas de Beverly Hills definiu então um padrão que a moda dos anos 90 e em seguida deveriam seguir: jaquetas xadrez com saias combinando, vestidos mini, roupas justas, chapéus ousados e peças de designers, e todos estes viriam, graças ao filme, a se tornarem características da mencionada moda juvenil da época.

As personagens do filme se expressam muito por meio da moda, suas percepções do mundo, suas classes sociais, suas vontades e seus atributos. Clueless é considerado pela revista Harper’s Bazaar um dos filmes mais “fashionables” de todos os tempos. Apesar de ter influenciado diversas gerações, o filme também serve como uma grande imagem dos anos 90 e das tendências que passariam a ser criadas por causa dele. Por meio dele, portanto, os anos 90 foram marcados para sempre e sua moda imortalizada nas cenas do filme. Um exemplo da visão que temos dessa época na obra é a da cena em que Cher reclama sobre os meninos do ensino médio e seus comportamentos e moda horríveis.

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Disponível em:

https://lh3.googleusercontent.com/proxy/qoEKwgKWkdcRp9MkMJdk5gGezWyOBo7RUM urQ3m4OiVjz4y_O6XoroUxeOBJ2_djwpQHZjcVGNSJOfV_33RiGOAkuPWvfje8dAWCR1

FQQilhyLiAHlr3IURmSUFbqVC1sw. Acesso: 05/10/2020.

É por meio do figurino que o filme representa diferentes sensações, expectativas, temas e sentimentos. Um exemplo são as estações do ano. Ao longo do filme, Cher e Dionne e os personagens de fundo se vestem todos de acordo com a paleta de cores de cada estação: no outono, são usadas roupas vermelhas, laranjas e amarelas. Já na primavera, o filme mostra figurinos com cores pastéis e delicadas, e no Natal se podem ver roupas vermelhas e verdes.

A aclamada moda do filme não veio de forma fácil e seu processo de criação certamente também não. A figurinista Mona May não tinha muito dinheiro para criar figurinos tão chiques e extravagantes, então misturou muito roupas designer - tanto emprestadas quanto compradas - com roupas encontradas em bazares. Tratava-se da necessidade de pegar elementos de diversas fontes diferentes e prever o que estaria sendo usado pelo público seis meses depois, como um estilista naturalmente faria.

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Disponível em: https://www.vanityfair.com/hollywood/2015/06/clueless-clothes. Acesso: 05/10/2020.

Cher Horowitz, protagonista do filme e uma das personagens mais estilosas do cinema, se caracteriza por utilizar roupas elegantes e modernas, muitas vezes versões minimalistas do estilo preppy, que lembra uniformes de escolas privadas. Cher faz da coordenação de cores sua aliada ao utilizar conjuntos e vestidos delicados que ela estila junto com sapatos e acessórios combinando.

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Disponível em: https://decider.com/2015/07/13/clueless-ranking-chers-outfits/ Acesso: 05/10/2020

Exemplo da moda preppy representado na série estadunidense Gossip Girl

Disponível em:

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Ainda usando a moda preppy como inspiração, a personagem Cher é mostrada diversas vezes usando meias acima do joelho. Tais há anos não estavam na moda, mas Amy Heckerling demonstrava tamanha admiração pelos anos 20 e as estrelas dos filmes mudos que ela as tornou marca registrada da personagem. Apesar de, na época, não serem usadas pela população, as meias acima do joelho se tornaram elementos essenciais da moda dos anos 90 depois da estreia do filme. Assim como elas foram inspiradas nos anos 90, Cher também apresenta características dos anos 60 e 70, como seus suéteres e saias de camurça, acrescentando ao seu visual preppy mencionado anteriormente.

A icônica roupa utilizada por Cher, seu conjunto amarelo xadrez, é um dos figurinos mais reconhecidos mundialmente. Para o primeiro dia de aulas, foi criado primeiramente a roupa que Dionne usaria, porem a figurinista do filme teve bloqueios ao desenhar uma roupa para Cher que se destacaria. Quando Mona May finalmente criou o visual, ela soube que nada conseguiria superá-lo. O figurino foi feito pela Dolce & Gabanna, e em uma entrevista para a Vogue, Alicia Silverstone, que interpreta Cher, declarou que a roupa, uma releitura sofisticada de um uniforme escolar, marca a transição do espectador para o universo do filme.

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https://i.pinimg.com/736x/f9/1d/d9/f91dd95b9a650572454b33d89abeffcc.jpg Acesso: 05/10/2020

Assim como o emblemático conjunto amarelo, Cher faz uso de outras peças de designers que ajudam a estabelecer o seu caráter e a sua relação com a moda. Um exemplo disso é visto na cena em que a personagem é assaltada ao voltar de uma festa. Quando obrigada a deitar no chão, Cher se recusa, pois fala que está usando um Alaia. Alicia Silverstone apresenta nessa cena um vestido de festa vermelho-cereja. As frases “You don’t understand, this is an Alaia!” e “It’s like, a totally important designer” (“Você não entende, isso é um Alaia!” e “Ele é tipo, um designer super importante”) marcaram o filme e tornaram o vestido mais um das

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