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Implicações da intensidade de ruído emitida por leitões em maternidade climatizada de suínos

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Academic year: 2021

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Implicações da intensidade de ruído emitida por leitões em maternidade climatizada de suínos

Paula Caroline Godoy¹*, Elder Tonon2, Gisele Dela Ricci³, Késia Oliveira da Silva Miranda4, Ramon Gamarra Rueda5, Cristiane Gonçalves Titto4

1 Discente, Engenharia de Biossistemas, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga, SP - Brasil. paulagodoy@usp.br 2 Zootecnista Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga, SP. eldertonon@usp.br 3Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga, SP. giseledelaricci@usp.br 4Docente, Departamento de Engenharia de Biossistemas (LEB/ESALQ/USP). 5Facultad de Medicina Veterinária y Zootecnia, Universidad CES, Medelín, Colômbia. 6Docente. Laboratório de Biometeorologia e Etologia, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga, SP. crisgtitto@usp.br

Resumo Leitões quando contidos para manejo vocalizam com intensidades diferentes, representando medo ou aflição, podendo em altas intensidades, por um período prolongado de tempo, prejudicar a saúde auditiva dos trabalhadores além de decréscimo do bem-estar animal. Objetivo deste estudo foi avaliar a intensidade do ruído emitido por leitões no momento da contenção para mensuração de temperatura corporal em ambiente climatizado e controle e a sua relação na saúde auditiva dos trabalhadores e bem-estar animal. Foram utilizadas seis fêmeas suas respectivas leitegadas e nove leitões individualmente, com idade de cinco a vinte dias. A área da maternidade foi dividida em área climatizada e controle. Para análise da intensidade do ruído nas instalações um decibelímetro foi inserido na parede a altura de 1,80 m do solo, enquanto que para a análise do ruído emitido pelos leitões, o decibelimetro foi disposto a dez centímetros de distância dos animais, sendo estes avaliados individualmente, com o intervalo de cinco minutos entre os leitões. Para mensuração de temperaturas retais, foi utilizado termômetro digital e temperaturas de superfície, ventrais e dorsais, com termômetro de infravermelho. Foi realizada ANOVA com efeito fixo de ambiente e período (manhã/tarde) e comparação múltipla por PDIFF a 5%. Não houve diferença entre intensidade de ruído emitido pelas leitegadas nos dois ambientes e entre os períodos do dia, indicando que a presença de climatizadores não piora a intensidade do ruído emitido pelos leitões. Em ambos os períodos, médias máximas de intensidade do ruído estiveram acima de 100 dB, com menores médias máximas e mínimas para manhã, com máximas de 114dB e 119 dB para tarde, e mínimas de 87,5 para manhã e 88,0 para tarde, respectivamente. A média de tempo para a realização das mensurações de temperatura foi de 15,06 minutos para a instalação climatizada e 15,43 para controle, sem diferença significativa na comparação entre os ambientes. Concluiu-se que climatizadores não apresentam influência na intensidade do ruído dentro das edificações de suínos e que trabalhadores podem ter alterações na sua saúde auditiva, caso não haja utilização adequada de equipamentos de segurança, com alteração no bem-estar de suínos, dependendo do tipo de contenção empregada.

Palavras-chaves: infravermelho, mensuração, temperatura retal.

Os autores deste trabalho são os únicos responsáveis por seu conteúdo e são os detentores dos direitos autorais e de reprodução. Este trabalho não reflete necessariamente o posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Biometeorologia (SBBiomet).

The authors of this paper are solely responsible for its content and are the owners of its copyright. This paper does not necessarily reflect the official position of the Brazilian Society of Biometeorology (SBBiomet).

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Introdução

Na agroindústria, há riscos importantes para a integridade psicológica e física de trabalhadores, implicando em perdas significativas na saúde dos indivíduos gerando prejuízos para as empresas (MARCHANT et al., 2001). O Ministério de Trabalho e Emprego (TEM) fundamentado em pesquisas especificas, normatiza níveis que permitem a execução do trabalho com maior conforto e segurança, melhorando o bem-estar e eficiência do trabalhador, com importantes penalidades às empresas que não se adequarem às regras brasileiras (BRASIL, 1998).

Ruído pode ser descrito fisicamente como sons desagradáveis e indesejáveis, geradores de incômodos e neuroses, que comprometem a saúde física e psicológica de indivíduos, podendo, em determinados níveis, causar lesões auditivas irreversíveis (GERGES, 1992; PMAC, 1994). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ambientes ruidosos acarretam prejuízos ao desempenho humano, gerando prejuízos à saúde, sendo notadas alterações de comportamento como fadiga, nervosismo, reações de estresse, ansiedade, irritabilidade e alterações de memória (WHO, 1999).

O estudo do ruído em ambientes fechados de comportamento acústico requer o conhecimento de características geométricas, acústicas, arquitetônicas, incluindo formas de revestimento, orientação e aberturas disponíveis (GONÇALVES et al., 2009).

Em criações animais, a contenção é necessária em diversos manejos como separação por peso, idade, sexo, identificações, exames clínicos, tratamentos específicos de doenças e transporte. Pode ser realizada por métodos físicos ou químicos, sendo o primeiro descrito por confinamentos ou restrição dos animais, sem uso de substancias químicas, com a finalidade de impedir movimentação do animal, evitando fugas, facilitando o manejo de forma segura e mensuração especifica (FEITOSA, 2004). A segunda, contenção química, é realizada através do uso de fármacos tranquilizantes ou anestésicos, utilizadas normalmente para captura de animais agressivos ou estressados (GIRALT, 2002), sendo normalmente realizadas em edificações fechadas com ou sem climatização.

Medidas que reduzam os danos causados pelo ruído em edificações com manuseio de animais são necessários e o fornecimento de protetores auriculares está entre as formas mais frequentemente utilizadas para a solução destes problemas (VIEIRA, 1997), sendo, no entanto, mais viável reduzir o nível de ruído na fonte, preventivamente, atuando na melhora constante do ambiente (VENTUROLI et al., 2003).

De acordo com a importância da avaliação do ruído em edificações de criação de suínos no momento da contenção dos leitões para mensurações fisiológicas o objetivo deste estudo foi avaliar a intensidade do ruído de leitões no momento da contenção para realização de práticas de manejo em

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ambiente climatizado e controle e sua interferência na saúde auditiva dos trabalhadores e para o bem-estar dos suínos.

Material e métodos

O experimento foi realizado na fase de maternidade no Setor de Suinocultura da Prefeitura do Campus Fernando Costa, da Universidade de São Paulo, em Pirassununga-SP, nos meses de maio a junho de 2016. Foram utilizadas seis fêmeas F1, Landrace x Large White e suas respectivas leitegadas e individualmente nove leitões com idade de cinco a vinte dias, com peso médio final de 5±0,7 kg e desmamados aos 21 dias, oriundos de cruzamentos de fêmeas F1 LargeWhite e Landrace acasaladas com machos MS115- Embrapa.

O sistema utilizado foi o de semi-confinamento, com matrizes e leitegadas mantidas em baias sem gaiolas e alojadas individualmente. A área da maternidade foi dividida a partir de vedação em área climatizada, com uso de ventiladores de parede marca Ventisol de 60 cm, três hélices, de potência 1/5CV - 147W; e 1200 rpm máxima e aspersores de água no telhado e também de área controle, com seis baias cada.

Para mensuração da intensidade do ruído foram utilizados dois decibelímetros, um para dimensionamento do ruído geral da instalação e outro para analise animal. Para análise de instalação, um decibelímetro foi inserido na parede a altura de 1,80 m do solo, buscando capturar o ruído realizado por todas as leitegadas e porcas presentes na instalação.

Para a análise do ruído emitido pelos animais, foi utilizado um decibelímetro disposto a dez centímetros de distância dos leitões, avaliados individualmente, com o intervalo de cinco minutos entre os leitões, para se obter a intensidade do grito exercido por ele no momento da contenção para pratica de mensuração de temperaturas retais, com termômetro digital e temperaturas de superfície, ventrais e dorsais, com termômetro de infravermelho. Foram realizadas duas avaliações, no início e no final de cada mensuração, resultando em duas no período da manhã e duas à tarde, em nove dias de análises.

O tempo decorrido para realização da aferição das temperaturas foi obtido por meio de cronômetros, a partir do início da prática até sua finalização, obtendo-se separadamente para a instalação climatizada e controle. Foi realizada ANOVA com efeito fixo de ambiente e período (manhã/tarde) e comparação múltipla por PDIFF a 5%.

Resultados e Discussão

O período do dia e os ambientes avaliados não possuíram interferência na intensidade do grito exercido por leitões no momento da mensuração de temperatura (P>0,05). Segundo GUSTAFSSON, (1997), suínos quando alimentos de forma manual, podem realizar ruídos acima de 100 dB, indicando a necessidade de disputa pelo alimento, apresentando vocalizações que representam sentimentos como

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desconforto, medo, fome ou sofrimento. Neste estudo, em ambos os períodos as médias ambientais, com a presença de todos os animais, e dos leitões avaliados individualmente, na área climatizada e controle, apresentaram médias acima de 100 dB, sendo 114,3 dB para manhã e 119 dB para tarde, ambientais e 124,5 para manhã e 112,2 tarde, para os leitões, respectivamente (Tabela 1). Trabalhadores expostos a ruídos intensos, acima de 90 dB(A), tendem a apresentam dificuldades em se comunicar verbalmente, necessitando de maior atenção para o entendimento e compreensão de suas atividades, podendo causar tensão psicológica. Ainda, ruídos de alta intensidade podem causar prejuízos na concentração mental, gerando danos a atividades que exijam atenção e velocidade de movimentos, com redução importante após duas horas de exposição aos ruídos (IIDA, 1990).

O tempo de contenção em que os animais foram sujeitos para a mensuração de temperatura não influenciou na intensidade do grito (P>0,05). A média de tempo para a realização das mensurações de temperatura foi de 15 minutos para a instalação climatizada e 15,4 para controle. Notadamente, leitões contidos mostram-se, a partir de vocalização e apresentações de comportamento, como esquiva, desconfortáveis ou aflitos, seja pela contenção ou pela retirada de junto aos outros animais da baia (leitegada), o que pode diminuir seu estado de bem-estar.

De acordo com a norma brasileira (NR15), para ruídos de até 85 dB, o trabalhador pode se expor durante 8 horas diárias, sendo que acima deste índice, podem ocorrer riscos importantes para os trabalhadores. Com isso, surge a necessidade de indicação de utilização de alternativas, como os aparelhos de segurança, protetores auriculares, por exemplo, para prevenção de lesões auriculares, neste estudo, no caso de avaliações diárias, e acima de oito horas diárias, com suínos. No entanto, para estas avaliações, o tempo foi relativamente curto e não expõe os indivíduos a riscos de saúde auditiva.

Tabela 1. Níveis de intensidade de ruídos máximos e mínimos da avaliação de instalações e leitões na fase de maternidade

Período Avaliação Intensidade do ruído (Decibéis)

Máximo Mínimo

Manhã Instalação Climatizada 114,36 87,5

Tarde Instalação Controle 119,01 88

Manhã Leitão 124,5 82,89

Tarde Leitão 112,2 87,62

A utilização de equipamentos de segurança, como protetores auriculares (EPI) seria um método eficiente para prevenir problemáticas relacionadas a emissão de ruído pelos suínos no momento das práticas, em ambos os ambientes avaliados. A NR 6 (1992), descreve que EPI é o produto, de uso individual, utilizado pelo trabalhador exposto a ruídos, sendo o empregador obrigado a fornece-los aos

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trabalhadores gratuitamente e em perfeito estado de utilização, devendo estes cumprir as determinações do empregador sobre a adequação do seu uso.

De acordo com os prejuízos causado pelo ruído a saúde das pessoas, são necessárias medidas que previnam ao máximo a exposição a ruídos de alta intensidade, buscando formas eficientes de redução da pressão sonora, sendo por meio de protetores pessoais (EPI) (VIEIRA, 1997) ou melhorando a fonte de ruído, preventivamente.

Conclusões

Com este estudo se conclui que climatizadores de ambiente não apresentam influência na intensidade do ruído dentro das edificações de suínos e que trabalhadores podem ter alterações na sua saúde auditiva devido à exposição diária de ruídos de alta intensidade por um período de tempo acima do permitido em legislação e sem a utilização de protetores pessoais indicados pela legislação vigente no país, assim como o bem-estar de suínos pode ser diminuído devido ao manejo de contenção.

REFERENCIAS

BRASIL (1998). Consolidação das leis do trabalho. São Paulo, Brasil.

FEITOSA, F.L.F (2004). Semiologia Veterinária: a arte do diagnóstico. São Paulo, Brasil. GERGES, S. N. Y (1992). Ruído: Fundamentos e controle. Florianópolis, Brasil.

GIRALT J.M (2002). Valoración del estrés de captura, transporte y manejo en el corzo (Capreolus capreolus): efecto de la acepromacina y de la cautividad. Tesis , Universitat Autònoma de Barcelona, Bellaterra.

GUSTAFSSON, B (1997).The health and safety of workers in a confined animal system. Livest Prod Sci. doi.org/10.1016/S0301-6226(97)00013-4

GONÇALVES, C.G.O.; LACERDA, A.B.M.; RIBAS, A.; OLIVA, F.C.; ALMEIDA, S.B.; MARQUES, J.M. (2009). Exposição ocupacional ao ruído em odontólogos do Paraná: percepção e efeitos auditivos. Odontol UNESP, v. 38, n. 4, p. 235-243.

IIDA, I (1990) Ergonomia. Projeto e Produção. São Paulo, Brasil.

Koller, F. L.; Barcellos, D. E. S. N.; Manejo dentário em leitões efeitos no ganho de peso na maternidade e creche, prevalência de abcessos periapicais e isolamento dos agentes bacterianos envolvidos. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/6459. Acesso em: 14 de maio de 2017

MARCHANT, J. N.; WHITTAKERB, X; BROOM, D. M (2001). Vocalisations of the adult female domestic pig during a standard human approach test and their relationships with behavioural and heart rate measures. Appl Anim Behav Sci 72(1):23-39.

NORMA Regulamentadora de Equipamento de Proteção Individual – NR 6: portaria n° 6, de 19/08/1992. Disponível na Internet http:// www.tem.gov.br/temas/SegSau/Normas Regulamentadoras. Acesso em: 11 de mai 2017.

PMAC (1994). Exposição ao ruído: Norma para a proteção de trabalhadores que trabalham em atividades com barulho. Ver. Prot., Rio de Janeiro, v.6, n.29, p.136-138, 1994.

VENTUROLI, F. et al (2003) Avaliação do nível de ruído em marcenarias no Distrito Federal, Brasil. Rev. Bras. Eng. Agríc. Ambient. doi.org/10.1590/S1415-43662003000300023

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VIEIRA, S. D. G (1997). Análise ergonômica do trabalho em uma empresa de fabricação de móveis tubulares. Dissertação, Florianópolis.

WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO (1999). Guidelines for community noise. London, UK, 1999. Disponível em: http//:www.who.int/destore/peh/noise/guidelines2.html. Acesso em: 5 de mai de 2017.

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