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Processo no /001. ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque

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ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque

Acórdão

Apelação Cível e Remessa Oficial - no. 200.2010.033.339-8/001 Relatora: Vanda Elizabeth Marinho - Juíza Convocada

Apelante: Estado da Paraíba, representado por sua Procuradora Sheyla Suruagy Amaral Gaivão

NIA . AINSENCHER. Apelado (1): Mapfre Vera Cruz Seguradora S/A - ADva.: TÂNIA

Apeladas (2): Sheylla de Kassia Silva Gaivão e Suenia de Fátima Silva Gaivão - Adv.: Fábio Imperiano Duarte da Costa.

Remetente: Juízo de Direito da 6a Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital.

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA OFICIAL EM AÇÃO DE COBRANÇA — SEGURO - PRELIMINAR - ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM - REJEIÇÃO - PREJUDICIAL DE MÉRITO - PRESCRIÇÃO ÂNUA - REJEIÇÃO - DIREITO DAS BENEFICIÁRIAS - ART. 206, § 3 0 , IX, DO CC - MÉRITO - SEGURO COLETIVO - LEI No 5.970/94 - PRINCÍPIO DA LEGALIDADE - VALOR DO SEGURO VINTE VEZES A

REMUNERAÇÃO DA SEGURADA - INFRAÇÃO PELO ENTE PÚBLICO - DESPROVIMENTO DO APELO E DA REMESSA OFICIAL.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos acima identificados.

Acorda a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por unanimidade, em REJEITAR a preliminar e prejudicial. No mérito, por igual votação, NEGAR

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RELATÓRIO

Trata-se de Apelação Cível e Remessa Oficial, interposta pelo Estado da Paraíba, por sua Procuradora, hostilizando a sentença do Juízo de Direito da 6a Vara da Fazenda Pública da Comarca desta Capital que, nos autos da Ação de Cobrança, manejada pelas apeladas, julgou procedente em parte o pedido requerido na inicial.

Nas razões recursais (fls. 145/155), alega o ente público apelante, preliminarmente, ilegitimidade passiva ad causam, posto que exerce a qualidade de mero estipulante, servindo apenas como elo entre as seguradas e a seguradora, nos moldes do art. 801 do Código Civil pátrio. Também aduz prejudicial de prescrição, pois a pretensão autoral de receber valores atinentes a seguros teria como prazo prescritivo um ano. Por tal razão, o processo deveria ser extinto com resolução do mérito, baseado no art. 269, IV, do CPC.

No mérito, alega que o Estado da Paraíba carece de responsabilidade para assumir as obrigações advindas do seguro, motivo pelo qual tal responsabilidade seria do segurador.

Aduz, ainda, que os honorários advocatícios no percentual de 10% estavam excessivos, requerendo, portanto, a sua minoração, conforme preceito do § 4 0 do art. 20 do Código de Processo Civil.

Ao final, pugna pelo provimento do recurso.

A seguradora, primeira apelada, ofereceu contrarrazões às fls. 158/164.

Instada a se manifestar, a Procuradoria de Justiça emitiu parecer opinando pelos desprovimentos do recurso Apelatório e da Remessa Oficial (fls. 171/176).

É o relatório. VOTO

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PRELIMINAR

O ente público apelante aduz a preliminar de ilegitimidade passiva ad causam, sob o argumento de que seria mero estipulante no contrato de seguros.

Entretanto, não vislumbro a legitimidade de tal preliminar, uma vez que o Estado da Paraíba detém responsabilidade, assumindo o ônus do pagamento da quantia acordada, nos moldes do art. 3o da Lei no 5.970, de 25 de novembro de 1994, in verbis:

"Art. 3 0 . O prêmio do seguro será pago integralmente pelo Estado, na condição de estipulante, não podendo exceder a um por cento (1%) da retribuição mensal do segurado, conforme constar da folha de pagamento de pessoal do Estado, observado o disposto no inciso II do art. 4 0 ."

Por sua vez, o Decreto no 17.086, de 28 de novembro de 1994, que regulamentou a lei em comento, estabelece em seu § 1 0 do art. ro o seguinte:

"Art. 1 0 - (...)

§ 1 0 - O seguro será pago integralmente pelo Estado, na condição de estipulante, não onerando . a retribuição do servidor, e não podendo o dispêndio mensal ultrapassar 1% (um por cento) da retribuição de cada servidor."

Vê-se de forma cristalina que o recorrente, em obediência ao princípio da legalidade, deve compor o pólo passivo da demanda.

Nesse sentido, não merece acolhimento a presente preliminar.

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A prejudicial prescricional também não está à mercê de acolhimento, posto que não se trata de seguro a ser pago a segurado, mas sim, às beneficiárias, de modo que a normatização legal, no caso em epígrafe, é o que está preceituado no art. 206, § 3 0 , IX, do Código Civil pátrio. Senão veja-se:

"Art. 206. Prescreve: § 3 0 Em três anos:

IX — a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório."

Vejamos as jurisprudências colimadas nos tribunais pátrios:

"APELAÇÃO CÍVEL. SEGURO DE VIDA. PRESCRIÇÃO DECLARADA EX OFFICIO. INOCORRÊNCIA. PRAZO ANUAL QUE VALE PARA O SEGURADO, MAS NÃO PARA TERCEIROS BENEFICIÁRIOS DO SEGURO DE VIDA EM GRUPO. EXEGESE DO ART. 205 DO C.CIVIL, QUE PREVÊ O PRAZO GERAL DE 10 ANOS. SENTENÇA CASSADA. RECURSO CONHECIDO E PROVID0.205C.CIVIL (8084591 PR 808459-1 (Acórdão), Relator: Roberto Antônio Massaro, Data de Julgamento: 26/01/2012, 8a Câmara Cível)".

"Seguro de vida e acidentes pessoais - Cobrança - Morte - Prescrição inocorrente - Agravamento do risco não configurado - Dever da seguradora pagar a indenização contratualmente prevista à beneficiária - Não se aplica ao beneficiário do seguro a prescrição anua, e sim a decenal, do caput do artigo 205 do CC/2002. Precedentes do STJ: REsp 1.160.176-MG, de 4.3.2010; AgRg no Ag 1.179.150-RJ, de 13.9.2010; EDcl no Ag 1.197.941-RJ, de 18.11.2010. - Prescrição

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afastada - Prosseguimento do julgamento na forma do art. 515 do CPC. (1 -3SP. 35a Câmara de Direito Privado. Apelação n° 9243783- 27.2008.8.26.0000, da Comarca de Ribeirão Preto. Relator MANOEL JUSTINO BEZERRA FILHO. Data do Julgamento: 14 de fevereiro de 2011)

Portanto, rejeito a prejudicial de mérito. MÉRITO

Estabelece a Lei no 5.970/94, em seu art. 4 0 , II, que no caso de morte a segurada receberá a importância de 20 (vinte) vezes a retribuição do segurado correspondente ao mês em que ocorrer o falecimento, nela compreendida todas as vantagens pecuniárias de caráter

permanente.

Para corroborar tal entendimento, o Decreto no 17.086/94 que regulamenta essa lei, estabelece no seu art. 3 0 o seguinte:

"Art. 3 0 - O prêmio corresponderá a 20 (vinte) vezes a retribuição do servidor no caso de morte ou invalidez permanente total". Destarte, a partir do momento em que o ente público descumpre tal preceito, ele está afrontando o Princípio da Legalidade, bem como as cláusulas pactuadas.

Como é sabido, o Princípio da Legalidade estabelece que a Administração Pública não deve praticar ato contrário à lei - "contra legem", nem muito menos, fora da lei - "extra legem". Portanto, de forma imperativa, o ente público apenas deve praticar o ato de acordo com a lei, ou seja, "secundum legem".

O recorrente descumpriu preceito contido na norma legal, esquivando-se de obrigação que é de sua inteira responsabilidade, oriunda de lei estadual.

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Prescreve o art. 37, § 6 0 , da Carta Cidadã os preceitos da responsabilidade objetiva do Estado, que assim estabelece:

"Art. 37 (...)

§ 60 - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa."

Em que pese o ente público está na qualidade de estipulante, não impede a sua responsabilidade, pois no âmbito administrativo, não cabe ao gestor público imputar atos no exercício da livre vontade, ao seu bel prazer. Muito pelo contrário, o agente público deve se condicionar e se sujeitar aos fundamentos da lei, sob pena do ato ser considerado inválido, ilegal ou inexistente.

Nesse norte, temos o julgado de lavra do Desembargador Pereira da Silva, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, no Processo no 1.0079.04.158060-0/001(1), cuja ementa está assim transcrita :

"AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. CONTRATO DE SEGURO EM GRUPO. SINISTRO. COMUNICAÇÃO DA OCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE DA EMPRESA ESTIPULANTE NA QUALIDADE DE MANDATÁRIA. ARTIGO 11, §2 0 E 21, §2 0 , DO DECRETO-LEI 73/66 E 667 DO CC. OMISSÃO. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR. Em se tratando de seguro de vida em grupo, onde as condições contratuais ficam em poder da estipulante que, inclusive, assume o encargo de tratar com a seguradora sobre todos os fatos pertinentes ao seguro, está clara a instituição de mandato, em que a estipulante age em nome da seguradora, e por isto, é responsável, nos termos do Art. 667, do CC, por prejuízos decorrentes da omissão de tempestiva comunicação de ocorrência de sinistro. Apelação

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não provida. (TJMG - Número do Processo: 1.0079.04.158060-0/001(1) - 10a Câmara Chiei -

DJE 21/05/2008 - Rel. Des. Pereira ela Silva). A jurisprudência do Colendo Superior Tribunal de Justiça é uníssona no seguinte sentido:

"Direito do consumidor. Contrato de seguro de vida inserido em contrato de plano de saúde. Falecimento da segurada. Recebimento da quantia acordada. Operadora do plano de saúde. Legitimidade passiva para a causa. Princípio da boa-fé objetiva. Quebra de confiança. Denunciação da lide. Fundamentos inatacados. Direitos básicos do consumidor de acesso à Justiça e de facilitação da defesa de seus direitos. Valor da indenização a título de danos morais. Ausência de exagero. Litigância de má-fé. Reexame de provas. - Os princípios da boa-fé e da confiança protegem as expectativas do consumidor a respeito do contrato de consumo. - A operadora de plano de saúde, não obstante figurar como estipulante no contrato de seguro de vida inserido no contrato de plano de saúde, responde pelo pagamento da quantia acordada para a hipótese de falecimento do segurado se criou, no segurado e nos beneficiários do seguro, a legítima expectativa de ela, operadora, ser responsável por esse pagamento. - A vedação de denunciação da lide subsiste perante a ausência de impugnação à fundamentação do acórdão recorrido e os direitos básicos do consumidor de acesso à Justiça e de facilitação da defesa de seus direitos. - Observados, na espécie, os fatos do processo e a finalidade pedagógica da indenização por danos morais (de maneira a impedir a reiteração de prática de ato socialmente reprovável), não se mostra elevado o valor fixado na origem. - O afastamento da aplicação da pena por litigância de

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fático-probatório do processo. Recurso especial não conhecido. (590336 SC 2003/0133474-6, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 06/12/2004, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 21.02.2005 p. 175RSTJ vol. 192 p. 374)."

"Civil e processual civil. Seguro em grupo. Estipulante. Legitimidade passiva. Reexame de provas. - A estipulante age como mera mandatária e, portanto, é parte ilegítima para figurar na ação em que o segurado pretende obter o pagamento da indenização securitária, exceto quando a ela possa ser atribuída a responsabilidade por mal cumprimento do mandato, que acarrete o não pagamento da indenização. - Hipótese em que o Tribunal de origem concluiu com base nas provas dos autos que a estipulante deu causa à justa recusa da seguradora ao pagamento da indenização securitária. Recurso especial não conhecido. (539822 MG 2003/0050872-0, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 27/09/2004, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 03.11,2004 p. 200)".

Com relação aos honorários advocatícios, não vislumbro qualquer ilegalidade, posto que foram fixados consoante o princípio da razoabilidade.

Portanto, entendo que o ente público recorrente deve pagar às beneficiárias recorridas a título de seguro, o valor correspondente a vinte vezes a retribuição da segurada no mês de seu falecimento, fazendo-se a devida compensação do quantum de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

ISTO POSTO, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO APELATÓRIO e à REMESSA OFICIAL, mantendo-se a sentença vergastada incólume em todos os seus termos.

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É como voto.

Presidiu a sessão a Excelentíssima Senhora Desembargadora Maria das Neves do Egito A D Ferreira. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Vanda

Elizabeth Marinho (Juíza convocada para substituir o Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque) Maria das Neves do Egito A D Ferreira e Ricardo Vital de Almeida (Juiz convocado para substituir a Desembargadora Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti).

Presente ao julgamento o Excelentíssimo Senhor Doutor Francisco Antônio Sarmento Vieira, Promotor de Justiça convocado.

Sala de Sessões da Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa, 09 de outubro de 2012.

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Vanda Elizabeth Marinho Relatora

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