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TORTA DE DENDÊ: ALIMENTO ALTERNATIVO PARA NUTRIÇÃO DE RUMINANTES NO PARÁ BARROS,B.B¹; FERNANDES, L.O.²

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TORTA DE DENDÊ: ALIMENTO ALTERNATIVO PARA NUTRIÇÃO DE RUMINANTES NO PARÁ

BARROS,B.B¹; FERNANDES, L.O.²

¹Graduando em Zootecnia, Faculdades Associadas de Uberaba (MG), e-mail:fazmangueiras@hotmail.com.

²Doutor em Pastagem, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG, Uberaba (MG), e-mail:

leonardo@epamig.br.

RESUMO: Este trabalho objetivou buscar informações que confirmassem, ou não, a viabilidade do uso da torta de dendê, e seus benefícios na nutrição de ruminantes no Pará. A busca por aumento de produtividade tem sido uma das principais preocupações da pecuária paraense. Tendo em vista o alto custo de produção existente e na busca de uma boa alimentação para os ruminantes, têm-se pensado em alternativas mais econômicas e mais viáveis para minimizar essa situação, na tentativa de produzir alimentos de qualidade e em menor tempo trazendo assim, benefícios a toda a cadeia produtiva. Desta forma, tem se buscado o aproveitamento dos resíduos de agroindústrias da região, dentre os quais se destaca a torta de dendê, que é um subproduto resultante da polpa seca do fruto, após moagem e extração do óleo, podendo ser usado como fertilizante ou ingrediente de ração animal, que e bem ofertada na região norte, a preços acessíveis, propiciando minimizar os custos com alimentação do rebanho. O estudo demonstrou que devido à falta de padronização na industrialização, são necessários mais estudos sobre o uso da torta de dendê, com relação ao seu uso como alimento, a fim de viabilizar sua utilização como fonte alternativa na alimentação de ruminantes e fundamentar decisões corretas.

PALAVRAS CHAVES: Deidecultura; Resíduos; Subprodutos.

PIE PALM: FOOD FOR ALTERNATIVE NUTRITION IN PARA RUMINANTS

ABSTRACT: This study aimed to gather information to confirm, or not, the feasibility of using palm kernel cake, and their benefits in ruminant nutrition. The search for increased productivity has been a major concern of livestock Para. Given the high cost of existing production and the search for a good feed for ruminants, have thought of alternatives more economical and more feasible to minimize the situation, trying to produce quality food in less time and thus bringing benefits to the entire production chain. Thus, it has sought the recovery of waste agribusinesses in the region, among which stands out the palm kernel cake, which is a byproduct resulting from the dry pulp of the fruit, after crushing and oil extraction, can be used as fertilizer or ingredient animal feed, which is well supplied in the northern region at affordable prices, providing power to minimize the costs of the flock. The study showed that due to lack of standardization in manufacturing, many studies are still needed on the use of palm kernel cake, with respect to its use as food in order to allow its use as an alternative source in ruminant feed and support the right decisions.

KEYWORDS: Deidecultura; Waste, by-products. INTRODUÇÃO

No Pará, as condições climáticas, são favoráveis á produção animal, porém a pecuária nesta região, vem sendo apontada como uma das atividades econômicas que mais impactam o bioma amazônico. Diante deste contexto surge a necessidade de se adotar sistemas de produção, aliados ao uso de tecnologias que permitam o uso sustentável dos recursos naturais e que ao mesmo tempo viabilize a produção de alimentos e geração de renda aos produtores desta região.

A busca por aumento de produtividade tem sido uma das principais preocupações da pecuária paraense.

Tendo em vista o alto custo de produção existente na busca de uma boa alimentação para os ruminantes, têm-se pensado em alternativas mais econômicas e mais viáveis para minimizar essa situação, na tentativa de produzir alimentos de qualidade e em menor tempo trazendo assim, benefícios a toda a cadeia produtiva.

Uma das ferramentas mais utilizadas para atingir essa meta é o enriquecimento nutricional dos alimentos dados aos animais. E do ponto de vista nutricional e

econômico, os subprodutos agroindustriais, surgem como uma alternativa viável. Porém, a disponibilidade e a qualidade desses materiais são bastante variáveis em função do nível de industrialização e de acordo com as características de cada região.

Os fatores essenciais para a escolha deste subproduto são: quantidade disponível; proximidade entre as fontes produtoras e o local de consumo; características nutricionais; custo com transporte, condicionamento e armazenagem; viabilidade como alimento para ruminantes, avaliada e comprovada através de trabalhos de pesquisa.

As agroindústrias do Pará têm disponibilizado resíduos, dentre os quais se destaca a torta de dendê (COSTA et al ,2006).

A torta de dendê é um subproduto resultante da polpa seca do fruto, após moagem e extração do óleo, podendo ser usado como fertilizante ou ingrediente de ração animal, sendo ofertada na região norte e nordeste do Brasil, a preços acessíveis, propiciando minimizar os custos com alimentação do rebanho.

Contudo, de acordo, com a opinião de vários pesquisadores, são ainda necessários muitos estudos sobre

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o uso da torta de dendê, com relação ao seu uso como alimento, afim de viabilizar sua utilização como fonte alternativa de forma racional na alimentação de ruminantes e fundamentar decisões corretas.

Desta forma, este trabalho tem o objetivo de buscar informações que confirmem, ou não, a viabilidade do uso da torta de dendê, e seus benefícios na nutrição de ruminantes.

DESENVOLVIMENTO

Tendo em vista o alto custo de produção existente na busca de uma boa alimentação para os ruminantes, a pecuária paraense, tem buscado alternativas mais econômicas e viáveis, na tentativa de produzir alimentos de qualidade e em menor tempo trazendo assim, benefícios a toda a cadeia produtiva regional.

I – A Pecuária no Pará

De acordo com matéria publicada no Portal Isto é Amazônia (2012), a pecuária é uma atividade de grande importância para a economia paraense, pois é uma opção de desenvolvimento de maior dinâmica, pois utiliza pouca mão-de-obra, manejo rústico e a capacidade de transformação em capital de giro é imediata, tendo como principal entrave à modernização da pecuária paraense, a falta de investimento em tecnologia.

O ponto forte da pecuária do Estado do Pará é que o principal insumo para obtenção do produto final é a energia solar, transformada em energia química pelas plantas forrageiras, numa primeira instância e, a seguir, em um segundo processo, pelos ruminantes, em proteína de alta qualidade para alimentação humana, a carne. Em termos anuais, as regiões tropicais têm maior oferta de energia solar que as de clima temperado. O segundo maior insumo é a água, que participa com cerca de 90% da carne bovina. Por estar em uma região tropical úmida, o Estado do Pará também é privilegiado na obtenção desse componente. (EMBRAPA, 2005).

A pecuária bovina se expandiu na Amazônia Legal a partir das políticas de integração da região na década de 1960 e continuou a crescer mais do que no resto do Brasil nos últimos anos.

GRAF. 01: Segundo o IBGE, de 1990 até 2008 o rebanho da região passou de 21,1 milhões de cabeças (18% do total nacional) para 71,4 milhões (36% do total brasileiro).

Esse crescimento mais acelerado da pecuária na região foi possível por causa da boa distribuição de chuvas, propícia para pastagens, nas principais regiões produtoras; do crédito subsidiado; e do baixo preço ou uso gratuito da terra (inclusive terras públicas ocupadas ilegalmente). Contudo, essa expansão tem provocado problemas socioambientais, como o desmatamento ilegal, o uso de trabalho análogo ao escravo, o alto índice de clandestinidade na agroindústria e conflitos fundiários. As pressões recentes sobre a pecuária podem fazer crer que o setor inevitavelmente se adequará às regras socioambientais. Desta forma, o setor poderia manter ou até ampliar a produção para atender ao crescente mercado de carne. Assim, qualquer aumento de produção ocorreria pelo aumento de produtividade das áreas desmatadas em vez de, principalmente, por meio de novos desmatamentos. (BARRETO; SILVA, 2009).

Na Amazônia mesmo tendo condições favoráveis à produção animal, devido ao suprimento de energia radiante e chuvas abundantes, que permitem produção de forrageiras de boa qualidade, um dos principais entraves nos sistemas de criação de ruminantes é a baixa rentabilidade da pecuária tradicional, onde não é atendida a demanda nutricional, principalmente, no período de estiagem, com disponibilidade de forragem reduzida. Portanto, torna-se de fundamental importância a utilização de inovações tecnológicas, com objetivo principal de aumentar a produtividade animal sem agredir o meio ambiente. Desta forma o fornecimento de fontes alternativas de energia e proteína, para os ruminantes, é considerada viável do ponto de vista nutricional e econômico. A torta de dendê surge então como uma alternativa viável, uma vez que apresenta potencial de uso, principalmente para animais ruminantes e, na maioria dos casos, com redução nos custos de produção. A torta de dendê é abundante em diversas regiões tropicais do mundo e apresenta disponibilidade ao longo do ano. O provável aumento do consumo mundial de óleo de palma possibilitará maior acessibilidade a esse subproduto.

2 - Torta de dendê – breve histórico QUADRO 01: Classificação científica do dendezeiro

Dendezeiro, Elaeis guineensis Classificação científica Reino: Plantae Divisão: Magnoliophyta Classe: Liliopsida Ordem: Arecales Família: Arecaceae Género: Elaeis Nome binomial Elaeis guineensis

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O dendezeiro (Elaeis guineensis) é uma palmeira originária da costa ocidental da África (Golfo de Guiné) e foi introduzida no continente americano a partir do século XV, constitui-se na oleaginosa de maior produtividade conhecida no mundo.

FIG. 01: A palmeira, chega a medir 15m de altura. Segundo Carvalho (1998), o seu rendimento em grãos (kg/ha), comparado ao da soja, é aproximadamente oito vezes maior. .

FIG. 02: Seus frutos são de cor alaranjada, e a semente ocupa totalmente o fruto.

Segundo Bringel (2009), os frutos do dendezeiro, produzem dois tipos de óleos distintos: o óleo de dendê ou de palma, encontrado no mesocarpo (polpa do fruto) e o óleo de palmiste, extraído da amêndoa do fruto, tendo este último como subproduto, a torta de dendê, também chamada de torta de palmiste. Citando, Furlan Junior et al 2006, esta pesquisadora sugere que para cada 100 toneladas de cachos de frutos processados são obtidas até três toneladas de torta de dendê.

Rosa et al (2010), explica que o processamento dos frutos do dendezeiro, fornece em média os seguintes produtos e subprodutos: óleo de palma bruto 20%; óleo de palmiste 1,5%; torta de palmiste 3,5%; engaços 22%; fibras da prensagem do mesocarpo (torta de dendê) 12%; cascas 5%; e uma enorme quantidade de efluentes líquidos, denominado Palm Oil Mill Effluent (POME). Segundo esta pesquisadora, vários usos já foram desenvolvidos para resíduos da cultura do dendê, como por exemplo: os engaços podem ser usados em compostagem natural ou mecanizada; As cascas são usadas como combustível; As cinzas de caldeira da agroindústria do dendê têm o potencial de serem usadas como adubo; A torta de palmiste pode ser amplamente utilizada na alimentação de animais domésticos, participando da composição de rações; A fibra do mesocarpo pode ser usada como adubo orgânico.

Visto que a produção de resíduos de dendê provavelmente será elevada e ampliada com o aumento do consumo de biodiesel e redução de combustíveis fósseis, Rosa et al (2010), sugere que futuramente, haverá grande quantidade de resíduos de fibras facilmente disponíveis para aplicações de maior valor agregado. A determinação do ponto ótimo de utilização e a prospecção de novos usos desses recursos ainda devem ser pesquisadas mais profundamente. Há ainda amplo espaço para tecnologias que agreguem maior valor aos resíduos da dendeicultura e uma fonte de central interesse é a fibra de prensagem do mesocarpo, que já sai da usina de biodiesel em estágio consideravelmente avançado de processamento mecânico (as fibras já se encontram bastante soltas e moídas) e químico. Dentre as pesquisas voltadas ao aproveitamento desses resíduos, destaca-se a obtenção de nanoestruturas de celulose, que são materiais especialmente indicados para melhorar o desempenho físico-mecânico de filmes e embalagens.

Essa oleaginosa, conforme define Costa (2006), pode ser enquadrada dentro do chamado desenvolvimento sustentável, constituindo-se em mais uma oportunidade para o agronegócio na Amazônia. Afirmando que o Brasil, apesar de possuir áreas geográficas com amplas condições favoráveis ao cultivo do dendê e à produção dos óleos de palma e palmiste, ainda participa, de forma incipiente, desse mercado. Sugerindo que a produção brasileira de óleo, hoje girando em torno de 115 mil toneladas/ano, não chega a atingir 1% do total produzido na Malásia. Afirmando que a área cultivada com dendê no país é insignificante frente ao potencial existente.

Esta pesquisadora, afirma que apesar da cultura do dendezeiro, ter entrado no Brasil no século XVII, trazida por escravos vindos da África, sua produção no país nunca foi significativa.

O que pode ser confirmado, pelos dados apresentados pela EMBRAPA (2005), que apontam a produção nacional atual equivalente a apenas 0,6%, comparada à produção mundial, hoje estimada em 25 milhões de toneladas, e o óleo de dendê, como o segundo mais produzido no mundo, perdendo apenas para o óleo de soja.

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GRAF. 02: A produção nacional atual equivale a 0,6% da mundial, hoje estimada em 25 milhões de toneladas (EMBRAPA, 2005)

No Brasil, o Pará é o principal estado produtor, com produtividade média de 3,32 toneladas por hectare e utiliza 69 mil hectares com o dendezeiro (EMBRAPA, 2005).

A escassez de recursos financeiros foi apontada pela EMBRAPA, como um dos maiores entraves tanto para a pesquisa quanto para abertura de novas áreas de produção. Mas, são muitos os fatores favoráveis à cultura, tais como: disponibilidade de área; alta produtividade; mercado em expansão; aproveitamento na produção de biodiesel; baixo impacto ambiental negativo e grande demanda de mão de obra, o que favorece a criação de frentes de trabalho .

O Compêndio Brasileiro de Alimentação Animal (1998) define torta de dendê como o produto resultante da polpa seca do dendê, após moagem e extração do seu óleo. A torta de dendê tem a Malásia como maior produtor mundial, onde a utilização da mesma é bastante difundida na alimentação animal.

O estado da Bahia produz a torta de dendê em quantidades consideráveis, no entanto, este subproduto não vem sendo bem aproveitado na alimentação animal. Poucos são os estudos para que se possa otimizar a utilização não só da torta de dendê como também de outros subprodutos.

Segundo Rodrigues Filho et al. (1996), a torta de dendê é uma boa alternativa para alimentação animal, sendo disponível permanentemente ao longo do ano. Os rendimentos produtivos resultantes da utilização da torta de dendê na alimentação animal têm sido considerados ótimos. Essa fonte energética se origina de cultivo perene, adequado para as condições tropicais, e representa alternativa para a inclusão em sistemas produtivos sustentáveis.

2.1 – Características nutricionais da torta de dendê Segundo a Embrapa (1995), do peso total do cacho, obtêm-se 22% de óleo da polpa e 3% de palmiste. Das amêndoas é retirado o óleo de palmiste, pela prensagem, e o produto resultante da polpa seca do dendê pode ser utilizado como fertilizante ou como componente de ração para animais, possuindo de 14 a 18% de proteína bruta (PB). Segundo Miranda et al. (2000), o óleo de dendê é

formado predominantemente por ésteres produtos da condensação entre glicerol e ácidos graxos, chamados triglicerídeos. Aproximadamente 98% do óleo de dendê bruto é formado pelos seguintes ácidos graxos: saturados (palmítico com 32 a 45% e esteárico com 2 a 7%) e insaturados (oléico com 38 a 52 % e linoléico com 5 a 11%) no óleo de dendê.

Em trabalho realizado por Chin, (2002), citado por Costa (2006), utilizando torta de dendê, obtida através da extração de óleo, por uso de solvente, na dieta de bovinos, registraram digestibilidade da MS , MO, PB e extrato não nitrogenado (ENN), na ordem de 65,1%, 72,7%, 69,7% e 86,7%,respectivamente. Porém, de acordo com esta pesquisadora, quando o mesmo autor estudou a torta de dendê obtida por extração do óleo por uso mecânico (prensagem), em carneiros, os valores para digestibilidade da MS, PB, fibra em detergente ácido (FDA) e fibra em detergente neutro (FDN) foram de 70%, 63%, 52% e 53%, respectivamente.

Ao estudar o valor nutricional da torta de dendê na alimentação animal, Zumbado (1990), citado por Costa (2006), observou baixos níveis de energia digestível (2.800 kcal/kg), porém níveis de PB variando de 14% a 21%.

Rodrigues Filho et al (1987) estudando a composição bromatológica de resíduos agroindustriais, obtiveram para a torta de dendê, 13,85% de PB, 95,51% de matéria orgânica (MO), 4,49% de minerais, 11,95% de EE e 60,66% para digestibilidade da matéria seca (MS). Ainda, Rodrigues Filho et al. (1992), analisando a torta de dendê, afirmaram que os resultados obtidos para a PB variaram entre 6,98 e 16,81% com o valor médio de 11,96%. Estes resultados são semelhantes aos citados por Jalaludin (2005), que obteve dados compreendidos em intervalo de 7,7 e 18,7% de PB, sendo que esta variação deve-se, provavelmente, ao método de processamento utilizado.

Rodrigues Filho et al. (1998), avaliando amostras de torta de dendê produzidas nas regiões metropolitanas de Belém e nordeste do estado do Pará, encontraram valores médios de 92,96% de MS, 11,96% de PB, 27,17% de FB, 3,82% de MM, 12,09% de EE, 45,16% de extrato não nitrogenado (ENN) e 72,28% de nutrientes digestíveis totais (NDT), apresentando, porém, variações elevadas na sua composição química entre as unidades de beneficiamento.

Conforme o Compêndio Brasileiro de Alimentação animal (1998), a torta de dendê deve possuir 10% de umidade, o mínimo de 12% PB, 0,5% de extrato etéreo (EE), máximo de 22% de fibra bruta (FB), 4% de matéria mineral (MM), 20 ppb de aflatoxinas.

Carvalho (2006), afirma que os teores de EE

sofrem influências em função dos métodos de

extração do óleo de palma que são por prensagem ou

com o uso de solventes, sendo o primeiro método, o

que proporciona maiores teores de EE no subproduto.

Barbosa (2010), relata que vários estudos já foram realizados para apontar fatores atuantes sobre sua padronização industrial, para assim, determinar o melhor nível de inclusão, metabolismo e desempenho, mas que há etapas industriais que interferem na qualidade do produto final.

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TAB. 01: Representação da digestibilidade da torta de dendê em: UM, MS, MO, PB, ENN, FDA, FDN, MINERAL, EE, FB E NDT, dados representados em porcentagem (%)

Os diferentes resultados obtidos nas recentes pesquisas, segundo a opinião destes pesquisadores, se deve em função de alterações nos processos industriais, o que, segundo os autores têm dificultado o uso adequado desse material na alimentação animal.

2.2 – Níveis Indicados

Segundo Costa (2006) a inclusão de cerca de 10% de torta de dendê na dieta de vacas lactantes vem sendo empregada em vários países, enquanto na Malásia a inclusão supera 50%. De acordo com esta pesquisadora, a mudança de uma dieta a base de forragem para uma com 100% de torta de dendê pode ser praticada, com raros aparecimentos de efeitos negativos, entretanto, é de fundamental importância realizar-se um período de adaptação a nova dieta.

Batubara et al (1993), citado por Costa (2006), pesquisando, Búfalos alimentados com volumoso à vontade, e suplementados com 91,5% de torta de dendê, 7,15% de melaço e 1,35% de mistura mineral, na proporção de 0,5% do peso vivo, concluiu que estes animais, tiveram o dobro do rendimento do que aqueles que receberam apenas volumosos ou nas proporções de 1,0% e 1,5% (Em outro estudo, esses autores alimentaram búfalos com suplemento padrão, com 13,5% de PB e 70% de nutrientes digestíveis totais (NDT), com de 27,50% de farelo de milho, 32,50% de farelo de trigo, 38,00% de torta de coco, 1,00% de farinha de ossos, 0,35% de sal e 0,60% de calcário e outro constituído de torta de dendê e melaço nas proporções de 92,5% e 7,5%, respectivamente, e observaram que a substituição total do concentrado padrão por torta de dendê/melaço diminuiu o rendimento em 40%,

enquanto a substituição até 60% promoveu decréscimo de 21%.

Na ilha de Marajó, Pará, Lourenço Júnior et al. (1998), também citado por Costa (2006), suplementaram bubalinos de sobreano, em pastagem de Brachiaria humidicola , com torta de dendê, associada ao farelo de trigo, na proporção de 39%. Os autores observaram elevados ganhos de peso (g/animal/dia), na ordem de 644 a 754, no período seco, e de 456 a 466, no período chuvoso, nos tratamentos com 2 e 4 kg da mistura/animal/dia, respectivamente, comprovando ser alternativa para elevar o desempenho animal.

Silva et al. (2000), citado por Carvalho (2006), ao avaliar a torta de dendê para bezerros utilizando níveis de 0, 25, 50 e 75% em substituição ao milho no concentrado, observaram que os níveis de 25 e 50% de torta de dendê apresentaram o menor custo de produção por arroba, mas o nível de 25% de torta de dendê propiciou uma produção em arrobas de carne, numericamente superior aos tratamentos contendo 50 e 75% de torta de dendê em substituição ao milho.

Silva et al (2005), citado por Bringel (2009), utilizando farelo de cacau ou torta de dendê em substituição ao concentrado a base de milho e soja, na alimentação de cabras lactantes, não observaram diferenças no consumo de matéria seca dos animais alimentados com dietas contendo até 30% da torta de dendê. Já a inclusão de 40% da torta de dendê, em substituição ao concentrado, foi apontado por Siva et al (2008), citado por Bringel (2009), como redutor de ganho de peso e lucratividade, em relação a dietas contendo milho e soja.

Em trabalho conduzido por Rodrigues Filho et al (2006), também citado por Bringel (2009), trabalhando com a substituição do farelo de trigo por torta de dendê, em níveis de 0%, 30%, 60% e 100%, em concentrado para ruminantes, verificou redução no consumo de matéria seca quando ovelhas foram alimentadas com 100% de substituição e concluiu que é possível a substituição de até 60%de farelo de trigo pela torta de dendê sem que ocorra diminuição no valor nutritivo do concentrado.

Rodrigues Filho et al. (1996), observaram redução no consumo de MS em ovelhas alimentadas com 29,7% de torta de dendê na MS total da dieta em substituição ao farelo de trigo. Da mesma forma, Silva et al. (2000), citado por carvalho (2006), constataram redução nos consumos de MS em bezerros com idades entre 60 e 120 dias com acréscimo de torta de dendê no concentrado, explicada, pelos autores, provavelmente, pela menor palatabilidade e pelo alto teor de fibra da torta de dendê. No entanto, Silva et al. (2005), citado por carvalho (2006), verificaram que os consumos de MS de dietas, contendo 15 e 30% de torta de dendê no concentrado, não diferiram da dieta padrão à base de milho e soja e concluíram que esse alimento pode substituir o concentrado em até 9,23 e 18,81% da MS da dieta, respectivamente, sem reduzir o consumo.

Já Silva et al. (2000), citado por carvalho (2006), estudando níveis de substituição de 0; 25; 50 e 75% do milho pela torta de dendê no concentrado para bezerros leiteiros, não encontraram diferença no consumo de MS na fase de aleitamento. Por outro lado, na fase pós-Digestibilidade da torta de dendê:

CHIN, (2002) (COSTA (2006) RODRIGUES FILHO Valores indicados solvente. Prensaemg 1987 1998 1998 UM - - - - 10% MS 65,1% 70% 60,66% 92,96% - MO 72,7%l - 95,51% - - PB 69,7% 63% 13,83% 11,96% 12% ENN 86,7% - - 45,16% - FDA - 52% - - - FDN - 53% - - - MIN. - - 4,49% 3,82% 4% EE - - 11,95% 12,09% 0,5% FB - - - 27,17 - NDT - - - 72,28% -

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aleitamento, os consumos decresceram linearmente com o aumento da participação da torta de dendê nos concentrados da dieta. Segundo esses autores, este decréscimo pode ter sido em conseqüência da palatabilidade ou pelo teor de fibra deste subproduto, que foi de 70% de FDN.

Em trabalho realizado na Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, Pará, com o objetivo de avaliar a influência da adição da torta de dendê ( Elaeis guineensis) como alternativa para suplementação alimentar de ruminantes, em períodos críticos de produção de forragem, Costa (2006), determinou as características nutricionais da torta de dendê, durante 21 dias, utilizando 16 ovinos, em gaiolas metabólicas individuais, distribuídas em delineamento inteiramente casualizado (quatro tratamentos e quatro repetições), onde os tratamentos (T1, T2, T3 e T4) continham quicuio-da-amazônia ( Brachiaria humidicola) e níveis crescentes de 10%, 20%, 30% e 40% de inclusão de torta de dendê. Os consumos de matéria seca, em g/dia e % do peso vivo, foram de 666,6 e 2,5; 686,9 e 2,4; 649,4 e 2,4; e 540,9 e 2,0, de matéria orgânica 706,5; 710,8; 708,1 e 632,3 g/dia, e de proteína bruta 37,3; 42,9; 58,7 e 56,4 g/dia. O consumo de FDN, em g/dia, foi de 584,7; 583,5; 565,2; 527,0. Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca foram de 50,3; 47,8; 52,2; e 55,2%, da matéria orgânica de 50,8; 49,6; 53,5; e 56,3% e de proteína bruta de 48,0; 38,7; 66,8; 69,4%, em T1, T2, T3 e T4, respectivamente. Segundo esta a pesquisadora, a torta de dendê possui potencial produtivo, com elevada disponibilidade de matéria seca e bom valor nutritivo, em níveis em torno de 30%, e possibilita maior consumo e digestibilidade de matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta, com suprimento adequado de energia.

O nível recomendado de inclusão de torta de dendê, em rações de carneiros, de acordo com Costa (2006), é 30%, pois alimentação durante longo prazo, em nível superior a 80%, pode causar intoxicação por cobre, o que não ocorre em bovinos, búfalos, cabras e outros animais domésticos. Segundo esta pesquisadora, o elevado nível de fósforo e a sua inter-relação com cálcio indicam a torta de dendê como alternativa na alimentação de vacas leiteiras.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

A torta de dendê pode ser uma alternativa interessante para compor dietas de baixo custo para ruminantes, mas, devido a despadronização na sua industrialização e comercialização, não há uma conclusão objetiva da sua eficiência e qual o nível de inclusão ideal a ser indicado, apesar de trabalhos de pesquisa indicarem níveis de 10 a 30% , neste contexto, faz-se necessária, mais pesquisas que viabilizem sua utilização, a fim de fundamentar decisões corretas.

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Referências

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