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2º Simpósio Brasileiro de Saúde & Ambiente (2ºSIBSA) 19 a 22 de outubro de 2014 MINASCENTRO Belo Horizonte - MG

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Belo Horizonte - MG

Nome do Painel: Manejo Ambiental no Combate à Dengue

Eixo 3. Direitos justiça ambiental e políticas públicas

MANEJO AMBIENTAL NO COMBATE À DENGUE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Cácia Régia de Paula

Núcleo de Vigilância Epidemiológica e Ambiental em Saúde de Jataí - GO

caciaregia@gmail.com

Juliana Flávia Ferreira e Silva Paranaíba

Centro de Controle de Zoonoses de Jataí – GO

(2)

Resumo: Manejo ambiental no combate à dengue: relato de experiência – Cácia

Régia de Paula. Jataí situa-se no sudoeste de Goiás e apresenta uma população

estimada de 93.759 habitantes, de clima tropical mesotérmico, com duas estações

bem definidas pelo regime sazonal de chuvas. Os fatores ambientais tornam o vírus

e o vetor da Dengue cada vez mais resistentes agravando cada vez mais a doença,

e isto aumenta a preocupação com o controle e prevenção da mesma. Todos os

criadouros do mosquito Aedes aegypti, como acúmulos de lixos, entulhos, resíduos

sólidos, devem ser eliminados, e com este objetivo Jataí tem o Manejo Ambiental

realizado duas vezes ao ano que retira criadouros do mosquito dos imóveis da

cidade, principalmente dos lotes baldios. Nos manejos ambientais trabalham a

equipe e o maquinário, onde retiram grande quantidade, chegando a muitas

toneladas, de lixo, entulhos, reduzindo a quantidade de criadouros no município,

favorecendo para a diminuição da doença. Contudo, apenas o trabalho do manejo

ambiental não consegue controlar a existência de criadouros do Aedes aegypti no

município, o que se faz necessário a contribuição da população nesta luta.

Palavras-chave: Saúde, meio ambiente, dengue, criadouros.

Este trabalho é de origem de uma experiência profissional realizada pelo

Núcleo de Vigilância Epidemiológica e Ambiental em Saúde de Jataí – GO,

juntamente à Prefeitura Municipal e outras Secretarias Municipais. Conforme Nota

Técnica sobre Manejo Ambiental 002/2013 – CVCAV/GVSAST/SUVISA/SES, os

manejos ambientais são necessários para que criadouros do mosquito transmissor

da Dengue sejam eliminados e com isto ocorra a diminuição dos casos da doença.

Com a realização dos Manejos Ambientais, retira-se grande quantidade de possíveis

criadouros do Aedes aegypti, e assim auxilia na redução de casos notificados da

Dengue, o que acontece já neste ano de 2014, mas é claro que existem outras

ações voltadas para a prevenção e controle da doença, como os trabalhos do

Departamento de Endemias, os trabalhos de Educação em Saúde, ações do Comitê

Municipal de Mobilização Contra a Dengue, entre outros.

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Problema

A Dengue vem ocorrendo em todo o país de forma mais agravante, uma vez que o

vírus e o agente transmissor se tornam cada vez mais resistentes aos fatores ambientais.

Sua transmissão está relacionada às condições socioeconômicas e ambientais, variando

com a realidade de cada município, assim como da efetividade das medidas de controle, do

grau de infestação pelo vetor, dos hábitos e comportamentos da população.

Acúmulos de lixos, entulhos, resíduos sólidos se tornam criadouros do mosquito

Aedes aegypti, transmissor da Dengue, o que possibilita a proliferação de mosquitos e maior

transmissão da doença. Assim, atividades devem ser feitas para reduzir os criadouros do

mosquito em terrenos baldios e residências, e consequentemente reduzir a transmissão da

Dengue no município de Jataí-GO.

Localização

Jataí situa-se no sudoeste de Goiás e apresenta uma população estimada de 93.759

habitantes, está a 327 km da capital estadual, Goiânia, 535 km da capital federal, Brasília e

a 934 km da cidade de São Paulo. A posição Geográfica da cidade de Jataí é de Latitude:

17º 52' 53”S; Longitude: 51º 42' 52”W. Com localização de Mesorregião Sul de Goiás,

Microrregião Sudoeste Goiano, apresenta limites geográficos com os municípios de

Caiapônia, Mineiros, Itarumã, Aparecida do Rio Doce, Caçu, Cachoeira Alta, Rio Verde e

Serranópolis.

O clima é tropical mesotérmico, com duas estações bem definidas pelo regime

sazonal de chuvas. Período de chuvas vai de outubro a abril, enquanto o período de seca de

maio a setembro. A temperatura máxima oscila de 35º a 37ºC, e a mínima de 12º a 15 ºC,

sendo que no inverno há ocorrências de até 5º graus. A cidade de Jataí tem precipitações

com volume pluviométrico grande, de 1.800 mm aproximadamente, porém mal distribuídas

ao longo do ano.

O Município situa-se na Serra do Caiapó, que faz divisa entre as bacias do Araguaia

e do Parnaíba. Sua rede hidrográfica pertence à bacia do Paraná, sendo constituída de

afluentes da margem direita do Parnaíba, tendo destaque o Rio Claro e o Rio Doce

(afluente). Os rios que banham a cidade são os rios Claro, Doce, Ariranha e Paraíso. A água

que serve a cidade é captada no Rio Claro e distribuída à população após tratamento.

Conceito trabalhado

Para a proliferação e sobrevivência do mosquito Aedes aegypti, são favoráveis as

condições ambientais, assim como as consequências do processo de urbanização

desordenado, a alta densidade demográfica das cidades, graves deficiências no

abastecimento de água e na limpeza urbana e intenso trânsito de pessoas entre as áreas

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urbanas. Com estes vários fatores favoráveis ao mosquito, o que torna a transmissão da

doença basicamente urbana, apenas as ações efetivas de prevenção e de combate ao vetor

que podem reduzir as incidências da Dengue.

A prevenção supõe medidas antecipadas para evitar adoecimentos ou agravos, por

meio de ações que controlem e modifiquem o comportamento da população em relação a

determinadas possibilidades de adoecimento. Pelo fato da dengue ser considerada uma

epidemia com características endêmicas, a doença se torna alvo de Políticas Públicas de

Prevenção específicas, operando no cotidiano das pessoas e das comunidades.

Se fazem necessárias as medidas de prevenção, como a eliminação dos focos de

reprodução, remoção de água parada no interior de garrafas, pneus e vasos, tapamento de

caixas d'águas e cisternas, uso de telas protetoras em janelas e portas, para impedir o

acesso e proliferação do mosquito, para evitar o avanço da epidemia em seus quatro

sorotipos, assim reduzindo os casos da doença.

Por mais que a Dengue se expresse na área da saúde, este problema não é

específico desse setor, a vontade política dos governos, a coordenação intersetorial, a

parti-cipação ativa da comunidade e o fortalecimento da legislação pertinente e de apoio

estabe-lecem como princípios orientadores para a melhoria das políticas de saúde e do

desempenho das medidas de prevenção e controle da dengue.

Em Jataí foram implementados pelo governo municipal o Comitê Municipal de

Mobilização Contra a Dengue, pela Portaria Municipal de Saúde 10/02, e o Grupo Executivo

de Manejo Ambiental, constituído pela Nota Técnica sobre Manejo Ambiental 002/2013 –

CVCAV/GVSAST/SUVISA/SES, que auxiliam na intensificação das ações cruciais de

conscientização, envolvimento e combate ao vetor, garantindo o controle da doença no

município.

Conforme a Nota Técnica adotada pela Portaria nº236/2013 – GAB/SES, o manejo

ambiental é uma atividade auxiliar com o objetivo de eliminar condições favoráveis para

criadouros do vetor Aedes aegypti, influenciando positivamente também na redução de

outros agravos na saúde pública.

Na última atualização de reconhecimento geográfico realizado pelos agentes de

combate as endemias do Núcleo de Vigilância Epidemiológica e Ambiental em Saúde, o

município de Jataí conta com um total de 51.837 imóveis cadastrados no Sistema de

Informação de Febre Amarela e Dengue (SISFAD), que devem ser visitados durante a

realização do Manejo Ambiental. Atualmente conta-se com um número de 5.980 lotes

baldios na área urbana, correspondente a 11,54% do total dos imóveis cadastrados, os

quais são contribuintes para os criadouros de A. aegypti.

O Manejo Ambiental realizado no município de Jataí-GO é importante na eliminação

dos criadouros do A. aegypti, uma vez que os casos de Dengue têm apresentado

(5)

estatísticas preocupantes onde no corrente ano de 2014, de janeiro a 09 de maio, Jataí

apresentou 1.127 casos notificados de Dengue com 01 óbito (SINAN). Assim, quanto mais

imóveis forem atingidos durante o manejo ambiental, maiores serão os reflexos positivos

para o controle da doença, pois existirão menos criadouros do mosquito, o que diminui sua

propagação, menos casos serão notificados, menos necessidade de uso de bloqueio

químico por nebulização a ultra baixo volume (UBV), que causa danos à saúde e impactos

ambientais, assim resultando em mais saúde à população.

Desse modo, tem-se o Manejo Ambiental realizado duas vezes ao ano, como ações

preventivas que certamente resultarão num cenário favorável para a redução significativa do

número de incidência de casos de Dengue.

Abordagem

A 1ª Etapa do Manejo Ambiental 2014 ocorreu no período de 17/03/2014 a

28/03/2014, realizado pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica e Ambiental em Saúde –

Secretaria Municipal de Saúde em parceria com a Prefeitura Municipal e com as demais

Secretarias Municipais, e foi subdividido em duas etapas.

Na primeira etapa realizou-se a limpeza de terrenos baldios maiores, retirando mato

e lixo com 01 supervisor do Departamento de Endemias e 15 operadores de máquinas,

sendo necessários 07 caminhões, 03 pás carregadeiras e 01 roçadeira mecânica.

Para a segunda etapa foram necessários 09 Agentes Comunitários de Saúde,

aproximadamente 60 servidores do Departamento de Endemias, sendo uma média diária de

50 braçais, 07 supervisores de área, 01 gerente de endemias e 01 supervisora geral, para

realizar a retirada de criadouros nas residências e terrenos baldios. Nesta etapa utilizou-se

04 caixas de máscaras, 249 pares de luvas P, 656 pares de luvas M, 1098 pares de luvas G,

697 pares de luvas GG, 60.000 sacos de 100 Lt, 02 carros, 08 motocicletas e 01 ônibus,

para a realização do serviço e locomoção da equipe.

Resultados

O trabalho prévio desenvolvido foi divulgado através de rádio e televisão, informando

a população em geral da importância do manejo e a data de início da ação e durante a

realização do mesmo também ouve a divulgação do processo do trabalho e os resultados já

alcançados.

A abertura oficial do manejo foi no dia 17/03/2014, com partida em sete (7) pontos

diferentes da cidade, denominados de áreas, conforme a tabela 01, enquanto o maquinário

pesado teve início de suas atividades no Residencial Flamboyant.

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Tabela 01: Áreas de início da 1ª Etapa do Manejo Ambiental no município de Jataí em 2014.

Área

Local de início

Área 01

Folha do Sudoeste

Área 02

Supermercado Harber

Área 03

Escola Luziano Dias de Freitas

Área 04

Escola Manoel da Costa Lima

Área 05

Praça do Setor Jardim Goiás

Área 06

Caixa d´água do Portal do Sol

Área 07

Rotatória da Vila São Pedro

Durante o período de ações do Manejo Ambiental, foi retirada com o trabalho dos

Agentes de Combate as Endemias (ACE), Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e braçais

contratados, grande quantidade de entulhos, inservíveis e lixo nas residências e terrenos

baldios da cidade, estimando-se em 360 toneladas. Com o maquinário, foi possível realizar

a limpeza em terrenos de grande proporção e a concomitante retirada de entulhos presentes

nestes locais, retirados aproximadamente 1.835 toneladas. Resultou em um total de 2.195

toneladas de entulhos, inservíveis e lixo, que serviriam de criadouros para o mosquito

transmissor da Dengue, quantidade considerada baixa quando comparada aos anos

anteriores (gráfico 01)

Gráfico 01. Demonstração da quantidade de material retirada nas primeiras etapas dos

manejos ambientais dos anos de 2011 a 2014.

(7)

É notável que as pessoas que tem terrenos sem construção no município não fazem

a limpeza e manutenção do mesmo, e sim os deixam ao desleixo com mato alto, e com

acúmulo de lixos, atribuído pela falta de conscientização da população que fazem a má

disposição de resíduos sólidos nestes terrenos. Estes fatores apresentados acabam por

contribuir com o acúmulo de água e proliferação do mosquito Aedes aegypti, abrigo para

roedores e escorpiões, o que vem a prejudicar a saúde pública.

Nem todos vêem a ação do manejo como benéfica, vários moradores apresentam

recusa à entrada da equipe e a limpeza dos imóveis, sendo que a maioria destes casos são

em locais considerados pontos críticos pois os moradores acumulam muito entulho, assim

faz-se necessário a utilização de um mandado de liminar judicial, pelo protocolo número:

80991-61.2014.8.09.0093, para que o trabalho seja realizado e os criadouros retirados.

Todos os criadouros retirados das residências e dos terrenos baldios foram

encaminhados diretamente ao aterro sanitário do município. Com a retirada dos criadouros,

reduz a proliferação do mosquito Aedes aegypti, reduzindo a transmissão da Dengue, o que

se pode ser visto na relação aos anos anteriores de notificação da doença, onde este ano já

apresentou uma redução de 53,29% de casos notificados quando comparados ao ano de

2013 (tabela 02).

Tabela 02. Dados comparativos de casos notificados de Dengue em Jataí de 2009 a 2014.

Ano

Total de casos notificados

Comparativos de casos

2009

471

-

2010

4.561

-

2011

620

-

2012

391

-

2013

3.041

2.413 (casos até 09/05/2013)

2014

1.127

Redução 53.29%

As ações do Manejo Ambiental provavelmente vêm a contribuir com a redução dos

casos de dengue no município e assim ajuda a combater a doença, porém esta ação

sozinha não é viável, o que se faz necessário à conscientização e ajuda de toda a

população no controle dos criadouros e combate ao vetor da Dengue.

Conclusões

A ação do Manejo Ambiental é de extrema importância para a redução não somente

de casos de dengue no município, mas também de outras doenças endêmicas causadas por

roedores e outros, pois se faz uma grande retirada de criadouros e abrigos destes animais.

(8)

Associada a ação do Manejo Ambiental, deve-se ter uma maior fiscalização dos terrenos

baldios e pontos considerados críticos, pois, somente com autuação a problemática de

entulhos será solucionada e haverá a redução dos criadouros do mosquito Aedes aegypti,

assim reduzindo a proliferação da Dengue no município.

Referências

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