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Apresentação :: Comissão Científica :: Comissão Organizadora :: Organização dos Anais :: Ficha Catalográfica

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Apresentação :: Comissão Científica :: Comissão Organizadora :: Organização dos Anais :: Ficha Catalográfica :: Realização e Apoio :: Programação :: Temáticas e Trabalhos das Comunicações :: UTFPR

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Problemas sobre os professores principiantes em seus processos de inserção profissional

RELATO DE INVESTIGAÇÃO

PROFESSORES PRINCIPIANTES: PERCEPÇÕES A PARTIR DA

AUTOEFICÁCIA DOCENTE

COSTA FILHO, Roraima Alves da roraima@rc.unesp.br

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Instituto de Biociências, Rio Claro/SP.

Bolsista Fapesp

IAOCHITE, Roberto Tadeu iaochite@rc.unesp.br

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Instituto de Biociências, Rio Claro/SP.

Palavras-chave: Professor iniciante – Autoeficácia docente – Fontes de autoeficácia Introdução

Professores bem formados e preparados para lidar com as demandas do ensino contribuem para melhorar a qualidade do ensino, para reformas educacionais, e também para a inovação pedagógica (Nóvoa, 1995). O desenvolvimento profissional de professores têm atraído a atenção de pesquisadores ao redor do mundo. Preocupados com a baixa atratividade, possível escassez docente, e a qualidade do ensino, esses estudos têm centrado esforços no desenvolvimento profissional, no período de indução e início da carreira, entre outros fatores (Huberman, 1992; Flores, 1999; Feiman-Nemser, 2001; Tardif & Raymond, 2000; Ferreira, 2005).

O início da carreira têm sido apontado como um período crucial para o desenvolvimento dos professores, uma vez que provoca profundas mudanças nas concepções, valores, crenças e atitudes. Contudo, ainda são incipientes as políticas voltadas para esse ciclo

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do processo de desenvolvimento profissional (Nóvoa, 1995; Ferreira, 2005; Davis, Nunes, Almeida, Silva & Souza, 2011).

Alguns autores divergem na definição do período inicial da carreira. Entretanto, estima-se que os 5 ou 7 primeiros anos constituem-se como um momento adaptativo para o professor novato. No decorrer desse período, refletem sobre suas próprias experiências, formação universitária e sobre os possíveis ajustes a se realizarem em função do contexto de sua inserção profissional (Tardif & Raymond, 2000).

Outro ponto em que há consenso entre os pesquisadores é devido ao fato de no início da carreira docente, o professor está mais suscetível às influências de diferentes fontes, como o ambiente e a cultura escolar, as relações que se estabelecem entre o professor e seus pares, com seus alunos e a equipe gestora, entre outros fatores (Huberman, 1992; Feiman-Nemser, 2001, Bandura, 1997).

Tem sido comum os professores novatos mencionarem que o início da carreira é um choque com a realidade. Esse choque é caracterizado como o embate entre as crenças e expectativas que eles estabelecem para si próprios e a relação com a realidade apresentada pela escola. Entretanto, esse choque com o real pode ser amenizado, em muitos casos, pela excitação, prazer e entusiasmo do novato em finalmente fazer parte de uma profissão (Huberman, 1992).

Diferentemente de outras profissões, os professores são inseridos abruptamente em seu ambiente de trabalho. Muitas vezes, à esses professores cabem as mesmas funções que as de professores mais experientes (Flores, 1999). Desse modo, relatam diferentes desafios durante o ingresso na docência, contudo, os que mais se destacam, segundo Veenman (1984) são em relação à disciplina e a motivação dos muitos e diferentes alunos, dos processos de avaliação, a relação com os pais e a falta de infraestrutura das escolas. Flores (1999) aponta que, por serem professores iniciantes, têm menos chances de escolherem o local de trabalho, cabendo-lhes assumir posições em escolas que exigem uma demanda maior dos professores. Geralmente, são nessas escolas que existe maiores situações conflituosas entre os alunos, entre alunos e professores e até mesmo entre os professores (Gatti, Barreto, 2009). No Brasil, para além dos desafios citados, fatores como baixos salários, desprestígio ou falta de reconhecimento social dos professores têm contribuído para o desinvestimento na profissão (Lapo & Bueno, 2003; Gatti, Tartuce, Nunes & Almeida, 2009).

Como pudemos perceber, ensinar não é uma tarefa fácil. É dinâmico e complexo, além de envolver diversos fatores pessoais, comportamentais e ambientais. O processo de ensino e aprendizagem é carregado de valores e crenças que os professores têm consigo e que influenciam, sobretudo, na escolha dos conteúdos, nas tomadas de decisão dentre outras ações envolvidas no exercício docente (Sadalla, Saretta & Escher, 2002). Crenças essas desenvolvidas durante sua vida, através das experiências vividas, observando outras pessoas e também em seu processo de formação profissional (Tardif & Raymond, 2000; Sadalla et al., 2002). Para ensinar, os professores precisam aprender a lidar com as demandas, “exercer controle sobre seu mundo interno, incluindo influências como suas emoções, pensamentos e crenças, e como essas se relacionam com eles como professores e com o seu ensino” (Gibbs, 2003, p.1).

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Estudos acerca das crenças de capacidade do professor têm revelado que somente ter habilidades e competências não é suficiente para ensinar. Os professores precisam acreditar portanto, que são capazes de organizá-las da melhor maneira de modo a criar cursos de ação para ensinar seus alunos. Além disso, acreditar em suas próprias capacidades faz com que o professor tenha uma relação mais positiva com a profissão (Bandura, 1997; Tschannen-Moran, Woolfolk Hoy & Hoy, 1998; Gibbs, 2003) e até mesmo motivam a decisão de permanecer na profissão (Hong, 2012).

Referencial teórico

Á luz do referencial da teoria social cognitiva, mais especificamente sobre o construto da autoeficácia, estudos têm apontado e retificado o importante papel dessa crença no que tange a mediação entre o pensamento do professor e sua ação em relação à ensinar. Tão importante quanto possuir saberes, habilidades e competências para ensinar, é necessário que a pessoa acredite ser capaz de organizar esses conhecimentos para organizar cursos de ação para realizar determinada tarefa (Bandura, 1997).

Nos postulados de Bandura (1997, p.3), a crença de autoeficácia é definida como o julgamento “de um indivíduo em suas capacidades para organizar e executar cursos de ação requeridos para atingir certos resultados”. “Essas crenças de competência pessoal proporcionam a base para a motivação humana, o bem-estar e as realizações pessoais” (Pajares & Olaz, 2008, p. 101), pois influenciam os processos de escolha, de definição de metas, enfrentamento e de dispêndio de esforço para alcançar os resultados.

Desde a proposição do construto da autoeficácia por Bandura (1977), estudos em diferentes contextos e domínios vêm constatando o poder preditivo e mediacional da crença de autoeficácia como um determinante da motivação para o comportamento. Ou seja, ela é uma crença orientada para o futuro, preditor da ação.

No campo educacional a crença é entendida como o julgamento que o professor faz acerca de suas capacidades para ensinar, mesmo os alunos espirituosos e desmotivados (Tschannen-Moran & Woolfolk Hoy, 2007). Estudos têm apontado suas contribuições para o comportamento dos professores, no que diz respeito a sua motivação, persistência para ensinar, autorregulação e até mesmo para a permanência na carreira (Tschannen-Moran et al., 1998, Caprara, Barbaranelli, Steca & Malone, 2006; Iaochite, Azzi, Polydoro & Winterstein, 2011; Hong, 2012).

Ao descrever como as crenças de autoeficácia são desenvolvidas, Bandura (1997) aponta a existência de quatro fontes: experiências diretas, experiências vicárias, persuasão verbal e estados fisiológicos e afetivos. A primeira delas diz respeito as experiências de ensino vividas diretamente pelo professor no cotidiano da prática pedagógica e se constituem na forma mais efetiva de se criar um forte senso de eficácia. Os resultados das ações percebidos como de sucesso pelo professor, tendem a fortalecer sua crença, enquanto que percepções de fracasso, diminuem.

Observar outras pessoas realizando atividades semelhantes também são fontes de informação de capacidade e dizem respeito às experiências vicárias. Observar outros professores ensinando, seja através de filmes ou vídeos de professores ensinando, pode

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favorecer a constituição da crença do professo. Bandura (1997) aponta que quanto maior similaridade o observador perceber em relação à ação modelada, maior será o impacto dessa fonte na constituição da crença. Por isso, assistir vídeos de si mesmo ensinando também pode ser uma fonte de experiência vicária.

A terceira fonte de informação da autoeficácia são as advindas das persuasões verbais, que podem ser feedbacks, orientações, críticas e elogios que o professor recebe acerca de suas atividades realizadas. Persuasões realizadas por parentes, colegas de trabalho, coordenadores podem influenciar no julgamento de capacidade do professor, uma vez que são pessoas próximas e reconhecidas pelo professor por sua competência e credibilidade.

A quarta fonte de construção da autoeficácia diz respeito aos estados psicofisiológicos. Fadiga, estresse, ansiedade, tensão, dor, estados de humor são manifestações que podem alterar a percepção de autoeficácia, pois afetam diretamente o julgamento que as pessoas fazem sobre a própria capacidade para realizar determinada tarefa (Tschannen-Moran et al., 1998).

Uma vez que o período de desenvolvimento profissional, a formação, tempo de experiência, a interpretação que o professor faz de cada uma das fontes podem assumir diferentes configurações em momentos e contextos diversos.

Algumas contribuições da autoeficácia para a atuação e desenvolvimento do professor

Os primeiros relatos de investigações acerca da autoeficácia docente na proposta de Bandura indicaram que os professores com elevadas crenças em sua capacidade persistiam mais frente às adversidades e acreditavam que podiam influenciar a aprendizagem de seus alunos (Gibson & Dembo, 1984 apud Tschannen-Moran et al., 1998).

Resultados recentes de investigações têm apontado que professores que se julgam mais capazes também se empenham mais (Tschannen-Moran & Woolfolk Hoy, 2001), são mais satisfeitos com seu trabalho (Caprara et al., 2006; Iaochite et al., 2011), e tendem a continuar na carreira (Hong, 2012).

Gibbs (2003) salienta que, por terem seu senso de eficácia elevado, os professores se empenham mais, conseguem criar ambientes mais favoráveis para a aprendizagem e buscam diferentes estratégias para ensinar seus alunos e são mais abertos a inovações. Por conseguinte, os seus alunos também são influenciados, desse modo, obtendo melhores resultados de aprendizagem (Woolfolk Hoy & Davis, 2006). Ademais, estudantes de professores com elevados níveis de autoeficácia também tendem a apresentar uma crença elevada (Bandura, 1997; Woolfolk Hoy & Davis, 2006).

Quanto à formação de professores, o processo de formação inicial contribui para o fortalecimento da crença de autoeficácia docente. Por ocasião da formação inicial, as contribuições do período do estágio curricular são evidentes. Os estudantes que realizam seus estágios em escolas indicam que as experiências docentes vividas nesse período são importantes fontes de informação de sua capacidade (Gurvitch & Metzler, 2009). As discussões em grupo possibilitada por essas práticas também são fatores de influência

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no julgamento de capacidade dos futuros professores (Aydin, Demırdöğen & Tarkin, 2012). Ademais, os estudantes apontam que aquelas disciplinas mais práticas da formação inicial também fornecem informações que os fazem acreditar mais em suas capacidades (Silva, Iaochite & Azzi, 2010).

É inegável as contribuições que as pesquisas têm apresentado até o momento. Todavia, parece haver um chamado na literatura por estudos de caráter qualitativo que favoreçam a compreensão de como as crenças e suas fontes de informação são interpretadas pelos indivíduos, e neste caso, também os professores (Henson, 2001; Usher & Pajares, 2008). Entendemos portanto que as crenças de autoeficácia são importantes preditoras e mediadoras da ação do professor na escola. Os resultados das investigações são animadores e nos instigam a pesquisar as crenças dos professores em suas capacidades e como são fortalecidas em diferentes contextos. Além disso, parece ser igualmente importante compreender como a crença de eficácia favorece o professor principiante, e como as experiências vivenciadas durante esse período afetam o desenvolvimento de suas crenças.

Diante das considerações colocadas, este estudo tem por objetivo apresentar em linhas gerais os resultados de pesquisas realizadas sobre autoeficácia e as fontes que à constituem, tendo como recorte o período inicial da carreira docente.

Método

Este estudo de revisão sistemática é parte constituinte de um projeto de pesquisa mais amplo, ainda em desenvolvimento. Segundo Cook, Mulrow & Haynes (1997), o que caracteriza esta pesquisa como revisão sistemática foram os procedimentos sistemáticos de busca sobre um determinado tema, de forma que se pretendeu reunir, analisar e sintetizar os resultados de múltiplos estudos sobre o assunto.

Para a seleção dos artigos a serem analisados, foram utilzados os seguintes critérios: a) ser um artigo publicado em revista científica (excluindo revisões, resumos de pesquisa e palestras apresentadas); b) ter sido publicado até 2012; c) atender à temática do professor principiante ou ao início da carreira docente.

Desse modo, para a seleção dos artigos constantes nesta revisão, foram seguidos os seguintes procedimentos. Primeiro foi realizado uma busca nas bases de dados eletrônicas Periódicos da Capes, ERIC (Education Resources Information Center) e ScienceDirect, por artigos que continham o descritor “self-efficacy” ou no título. Em seguida, foram utilizadas as palavras “beginning teacher” ou “teacher”, “induction year”, “new teacher” ou “teacher” como refinadores da pesquisa.

Em seguida os resumos dos artigos foram lidos e selecionados somente aqueles que tratassem de pesquisas empíricas envolvendo o construto da autoeficácia como foco central. Desse modo, as revisões de literatura, os resumos de pesquisa e palestras encontradas não foram selecionadas para esta revisão. Os artigos recuperados foram então cruzados para eliminar possíveis duplicatas.

Num terceiro momento, as seções de referência de cada artigo forma analisadas em busca de outras pesquisas desenvolvidas e que por algum motivo não foram contempladas na busca eletrônica.

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Como resultados dessa busca, recuperamos um total de 17 artigos publicados (excluídas os duplicados) entre os anos de 1996 e 2012. Entretanto, 4 publicações foram excluídas desta análise por não atenderem aos critérios de inclusão, restando um total de 14 artigos que trataram da temática da autoeficácia docente no início da carreira.

Resultados e Discussão

Publicações

A busca por artigos publicados sobre autoeficácia docente em início de carreira nos retornou 13 artigos que atendiam aos critérios de seleção, publicados num período de 16 anos, entre 1996 à 2012. Como podemos notar no gráfico 1, o ano com maior número de publicações foi em 2012, tendo 5 artigos publicados. Nós observamos também que pesquisadores em diferentes países têm buscado identificar a crença de autoeficácia de seus professores iniciantes. Entretanto, observamos uma concentração dos estudos em países da américa do norte, nomeadamente, Estados Unidos com 7 estudos e Canadá com 2. Nessa direção, podemos notar que até o presente momento, nenhum estudo foi realizado no cenário brasileiro abordando a temática dos professores principiantes na perspectiva teórica assumida no presente estudo.

Gráfico 1 – Artigos publicados sobre autoeficácia e professores principiantes

Observamos ainda que nos últimos anos, especialmente após 2010, apesar de sutil, há um aumento no número de pesquisas que buscam aprofundar o conhecimento desse fenômeno, utilizando métodos de pesquisas qualitativos e também mistos. Saber como

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os professores interpretam diferentes informações em diferentes momentos podem ser úteis para se pensar na criação de estratégias de ensino que favoreçam também o fortalecimento das crenças dos professores. Esses resultados nos apontam a crescente preocupação em procurar conhecimentos que subsidiem e sirvam de base para propostas de formação, tanto inicial quanto continuada. Henson (2001) e Usher & Pajares (2008) reforçam a ideia da necessidade de estudos qualitativos e mistos que auxiliem na compreensão da maneira como as pessoas interpretam e integram informações e como fazem para avaliar seu julgamento de capacidade.

Crenças de autoeficácia docente de professores iniciantes

As pesquisas sobre autoeficácia têm revelado que o início da carreira é um período que provoca intensas mudanças na crença do professor, e geralmente, o primeiro ano é o mais impactante. De maneira geral, o início da carreira, marcadamente o ano de indução, tende a enfraquecer o senso de eficácia dos professores (Woolfolk Hoy & Spero, 2005). A tabela 1 representa um excerto dos resultados dos estudos encontrados e analisados por esta revisão. Nela, podemos observar que os resultados das pesquisas mostram que no início da carreira, crenças de autoeficácia docente são moderadas ou elevadas. Os pesquisadores acreditam que nesse período os professores ainda não têm a real percepção das dificuldades que a docência oferece. Contudo, esse valor tende a ser inferior quando comparados com as crenças de professores mais experientes (Tschannen-Moran & Woolfolk Hoy, 2007; Martin, McCaughtry, Kulinna & Cothran, 2009). Tais resultados são previsíveis, uma vez que a literatura aponta que os professores principiantes enfrentam desafios para os quais não foram preparados.

Tabela 1 – Pesquisas sobre autoeficácia docente e professores iniciantes

Período

(publicações) Países Métodos Resultados

Fontes de Autoeficácia

1996-2000

(1) EUA Quantitativo

- Declínio na crença durante o primeiro ano não é universal, apresentando relação com a

idade do professor iniciante; - Colaboração entre professores, orientação e a quantidade de materiais disponíveis teve relação com a autoeficácia dos professores

- Persuasão verbal 2001-2006 (2) Austrália EUA Quantitativo Qualitativo

- Houve diminuição significativa da autoeficácia durante o ano de indução;

- A baixa percepção de suporte administrativo pelos professores iniciantes

afetaram suas crenças.

- Persuasão verbal - Experiência

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2007-2012 (10) EUA(5) Canadá (2) Bélgica Taiwan Turquia Quantitativo (4) Qualitativo (3) Misto (3)

- Recursos pedagógicos e apoio administrativo se relacionam com a

autoeficácia do novato;

- Cursos de formação continuada elevam a autoeficácia, principalmente de professores

novatos;

- Professores orientadores e/ou mentores influenciam a autoeficácia dos professores

iniciantes;

- Trabalho colaborativo com professores experientes contribui para elevar a crença do

professor iniciante. - Persuasão verbal - Experiência vicária - Experiência direta

Contudo, o enfraquecimento do senso de eficácia não é universal, pois os professores que começam na carreira com mais idade, sentem menos os impactos das demandas de início de carreira. Chester e Beaudin (1996) sugerem que, sendo mais velhos, a decisão pela escolha da carreira docente tende a ser mais acertada e convicta, de modo que os desafios apresentados não são suficientes para abalarem suas crenças. Bandura (1997) aponta que indivíduos com elevados níveis de autoeficácia percebem os obstáculos como desafios a serem superados, enquanto que os que têm crenças diminuídas, percebem os desafios como ameaças a serem evitadas. Isso nos leva a inferir que o ritmo acelerado da vida moderna, que induz a uma escolha profissional precoce e ao aligeiramento da graduação, são fatores que contribuem para que o professor, tendo conta sua inexperiência no campo profissional, perceba os desafios do início da carreira como maiores do que sua capacidade para enfrenta-los.

Além da idade, existem outros fatores que influenciam o julgamento de capacidade dos professores. Como podemos observar na Tabela 1, estudos apontam que as crenças dos professores principiantes também são afetadas pela percepção do apoio que recebem do corpo administrativo da escola. Quando sentem-se apoiados por coordenadores e supervisores da escola em que trabalham, os novatos procuram investir e se empenhar mais em sua profissão. Além disso, percebem de maneira mais positiva suas experiências docentes. Tais condições são favorecedoras para o fortalecimento do senso de eficácia do professor novato (Chester & Beaudin, 1996; Elliot, Isaacs & Chugani, 2010). Nessa direção, também é apontado a importância do professor mentor para os iniciantes (Hand & Stuart, 2012). Esses, por serem professores experientes e geralmente estarem mais próximos de seu “orientado”, pode favorecer, via persuasão verbal e experiências vicárias, o julgamento de capacidade dos professores iniciantes.

No contexto brasileiro, a figura de um mentor não é comum. Todavia, sua importância para o desenvolvimento profissional do professor tem sido notada e merece ser pensada para o nosso contexto. Os estudos sobre autoeficácia apontam que, dentre as possibilidades dessa “parceria” entre professor mentor e professor iniciante, estão a aquisição de conhecimentos e competências, por exemplo, para lidar com as dimensões do gerenciamento da sala. Quando são iniciantes, essa tarefa desponta como uma das mais desafiadores e difíceis de lidar (Vennam, 1984; Flores, 1999). Dado essas direções, parece ser coerente que as escolas que recebam professores principiantes também os

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apoiem, e que programas de mentoria possam ser pensados, uma vez que as pesquisas apontam que tais ações favorecem a crença de autoeficácia do professor iniciante e suas ações dentro da escola.

Participar de um curso preparatório ou de formação continuada favoreceu o desenvolvimento do julgamento de capacidade de professores, especialmente dos novatos, como aponta Martin et al. (2009). Em síntese, a participação nesses programas favoreceu a aquisição de saberes e habilidades necessários e possíveis de serem recrutados durante a ação do exercício docente. Nesses casos, os professores principiantes relatam que os feedbacks, as orientações pedagógicas e incentivos motivacionais que receberam dos professores orientadores dos cursos foram fontes importantes de informação para seu julgamento de capacidade. No Brasil, de maneira geral, os programas de formação continuada não levam em consideração as fases da carreira docente. Em muitos casos, são intervenções pontuais, que não são capazes de suscitar reflexões e transformações para e com a prática pedagógica dos professores (Gatti & Barreto, 2009; Davis et al., 2011).

Considerações

O presente estudo objetivou apresentar em linhas gerais os resultados de pesquisas realizadas sobre autoeficácia no período inicial da carreira, como também as suas principais fontes e atores na constituição da crença do professor principiante. Como pudemos perceber, os professores apresentam crenças moderadas ou elevadas ao entrarem na carreira docente. Todavia, com o desenrolar do primeiro ano, essas crenças tendem a ser enfraquecidas, muito por conta dos desafios enfrentados, para os quais não foram preparados e precisam lidar.

Desse modo, promover elevadas crenças de autoeficácia em professores, e principalmente em professores principiantes, pode trazer resultado benéficos para os processos de ensino e aprendizagem dentro do ambiente escolar.

Contudo, o fortalecimento das crenças de eficácia é multifatorial e dinâmico. As diferentes fontes de informação da autoeficácia se relacionam com gestores e mentores. Esses, quanto mais se envolvem com os professores, maiores benefícios podem ser observados no que diz respeito à aquisição de conhecimentos e competências, que, colocadas em prática, favorecem a ação do professor iniciante. Como resultado, os professores interpretam os resultados de suas ações de maneira positiva, elevando sua percepção de capacidade.

Outro ponto em questão é a formação continuada. Cursos que possam promover a aquisição de saberes são bem vindos. No entanto, é desejável que a participação nesses cursos dê aos professores a possibilidade de repensarem suas práticas e refletirem sobre suas ações e crenças a respeito de suas ações enquanto professores.

Destarte, devemos questionar os processos de formação inicial e continuada com a intenção de provocar a reflexão sobre o que e como estão organizando suas propostas de formação, metas, conteúdos e estratégias de ensino. Além disso, direciona-se reflexões acerca da falta de políticas públicas de indução à carreira docente, e também de propostas de formação continuada com base nos ciclos de vida profissional dos

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professores, uma vez que favorecem ressignificações que influenciam a construção da crença de autoeficácia dos professores.

Ressaltamos que os resultados aqui apresentados dizem respeito a pesquisas levadas a cabo em diferentes contextos e momentos históricos, tanto sociais, como do próprio referencial da autoeficácia. Dado as contribuições da autoeficácia para a ação docente, torna-se necessário e urgente que pesquisas sejam realizadas no cenário nacional, visto que até o presente momento, nenhum estudo que tratasse dos professores iniciantes foi identificado no Brasil.

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Referências

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