• Nenhum resultado encontrado

questionamentos, gerando insegurança jurídica e complexidade da administração de tributos".

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "questionamentos, gerando insegurança jurídica e complexidade da administração de tributos"."

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

1

Fazemos referência à edição da Medida Provisória (MP) nº. 627, de 11/11/2013, que alterou substancialmente a legislação tributária federal, notadamente no que tange aos tributos incidentes sobre a renda e a receita auferidas pelas empresas e companhias domiciliadas no Brasil - especialmente as multinacionais -, de forma a finalmente acomodar (ainda que com diversas ressalvas) as alterações perpetradas pela Lei nº. 11.638/07 à Lei das Sociedades por Ações (Lei nº. 6.404/76) a partir de 2008, com a adoção pelo Brasil das normas internacionais de contabilidade, na forma preconizada pelo International Accounting Standards Board (IABS), extinguindo-se o Regime Tributário de Transição (RTT) adotado pelas pessoas jurídicas desde então (Lei nº. 11.941/09).

Com efeito, desde o advento do Plano Real, em 1994, o país tem se notabilizado pela estabilização das regras que regem a tributação em diversas facetas, inclusive na formatação do arcabouço jurídico em torno dos "marcos regulatórios" para a realização dos investimentos necessários ao processo produtivo e à infraestrutura, por estrangeiros e brasileiros em empreendimentos no Brasil e, por outro lado, por brasileiros no exterior (tributação da renda auferida em bases universais), visando um ambiente regulatório de mais previsibilidade aos investidores, atraídos pelas perspectivas de maior estabilidade econômica que aquela experimentada nas décadas anteriores.

Mencionado ambiente é também sustentado por regras tributárias estáveis, tanto no âmbito do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e da Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep), bem como de outros tributos federais, estaduais e até municipais, cujas bases repousam - desde a reforma societária havida na década de 70, através da Lei 6.404/76, refletida no âmbito fiscal pelas normas do Decreto-lei nº. 1.598/77 - na ideia geral de desenvolvimento de um mercado interno pujante e aberto ao fluxo de recursos financeiros nacionais e internacionais.

Nesse contexto é que através da MP nº. 627/13 o Governo Federal visou dar sequência ao processo de normatização em bases que intentaram, de uma só vez, sedimentar no âmbito tributário as alterações na lei societária introduzidas pela Lei nº. 11.638/07, até então tratadas de forma transitória pela Lei nº. 11.941/09, que criou o RTT, ao passo que visou alterar conceitos e mecanismos já consagrados pela legislação tributária federal, com base em decisões proferidas recentemente pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF) em favor dos contribuintes o que, no mínimo, desdiz o quanto posto pelo Ministro da Fazenda no item 3 da Exposição de Motivos da referida MP, que teria o condão de: "(...) adequação da legislação tributária à legislação societária e às normas contábeis (...)", além de trazer "(...) as convergências necessárias para a apuração da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS", com a finalidade, ainda segundo o eminente Ministro da Fazenda, de extinguir os "(...) inúmeros

(2)

2 questionamentos, gerando insegurança jurídica e complexidade da administração de tributos".

Dessa forma, resumimos a seguir as principais alterações trazidas pela MP nº. 627/13:

1) criação do "e-lalur" (Livro de Apuração do Lucro Real Eletrônico) em substituição ao LALUR anterior, adequando-o ao Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) e a outras normas de escrituração eletrônica cunhadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB);

2) modificação do conceito de "receita bruta" contido na legislação fiscal, para o IRPJ, CSLL, COFINS e Contribuição para o PIS/Pasep, de modo a adequar referido conceito ao disposto na Emenda Constitucional (EC) nº. 20/98, que por sua vez ampliou o conceito de "faturamento" para fins de aplicação da legislação tributária federal, tudo com base nos leading cases acerca da matéria recentemente julgados pelo E. STF;

3) despesas de depreciação de ativos objeto de leasing não mais serão deduzidas na arrendatária (nas bases de todos os tributos acima mencionados), dadas as alterações na contabilização dessas operações com base nas novas regras contábeis;

4) mantida a sistemática de reconhecimento fiscal e contábil da equivalência patrimonial, com ajustes decorrentes do novo padrão contábil;

5) explicitados e normatizados, para efeitos de aplicação da lei tributária, o tratamento fiscal atribuído aos ajustes específicos relativos ao "valor presente" de ativos e passivos monetários e ao "valor justo" de ativos da empresa, nas diversas legislações que trataram da receita bruta para fins de cálculo do lucro real, lucro presumido e lucro arbitrado, bem como para fins de apuração de ganhos de capital e perdas na alienação de ativos;

6) em relação às subvenções de investimento e aos ganhos decorrentes de prêmios na emissão de debêntures, estabeleceu rol taxativo de possibilidades de utilização dos montantes registrados a estes título sem que implique adição às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL;

7) restou, em linhas gerais, mantido o regime tributário do Decreto-Lei nº. 1.598/77 (base do atual Regulamento do Imposto de Renda - Decreto nº. 3.000/99) para os

(3)

3 ajustes até 31/12/13 (sem retroatividade, vedada expressamente por nosso ordenamento tributário-constitucional vigente);

8) novas disposições acerca do pagamento de dividendos, no período de 2008 a 2013, realizados com base no lucro líquido apurado de acordo com as normas contábeis previstas pela Lei nº. 11.638/07, ratificando a previsão do artigo 10 da Lei nº. 9.249/95 para o período - inclusive dirimindo a questão implícita no artigo 26 da Instrução Normativa (IN) RFB nº. 1.397/13, afastando a possibilidade das pessoas jurídicas de sofrerem autuações fiscais por dividendos distribuídos em excesso dentro do período decadencial, com base na nova regra -, entretanto sem tratar, de modo claro, acerca de sua aplicabilidade a partir de 2014;

9) novas disposições também acerca das bases de apuração dos Juros sobre o Capital Próprio (JCP), deixando expresso que a dedução se aplica também na determinação da base de cálculo da CSLL;

10) manutenção do regime do artigo 74 da MP nº. 2158-35/01 até 31/12/2013, para fins de apuração de lucros de controladas (diretas) no exterior, com a possibilidade de compensação de prejuízos no exterior individualizados por controlada direta ou indireta, aplicando-se novo regime a partir de 2014, para as pessoas jurídicas optantes;

11) possibilidade de consolidação de prejuízos decorrentes de business income de subsidiárias no exterior com lucros derivados da mesma atividade, e respectivo reconhecimento na consolidação dos resultados da controladora brasileira, restritas temporalmente a períodos de apuração até 31/12/2017, desde que a subsidiária não esteja localizada em país ou jurisdição com tributação favorecida (com possibilidade de compensação de prejuízos com lucros futuros dessas controladas diretas ou indiretas nos próximos cinco anos calendários da data da apuração);

12) para as empresas coligadas o tratamento é mais específico ainda, prevendo-se hipóteses de "disponibilização" específicas para tributação da pessoa jurídica no Brasil;

13) cria presunção de controle (equiparação a controladora) no caso de grupo de empresas no exterior, em relação à suposta "controladora" deste grupo no Brasil;

14) altera o regime do artigo 25 da Lei nº. 9.249/95 em relação ao lucro auferido por empresas de pessoas físicas, devendo a pessoa física residente no Brasil recolher o Imposto de Renda no momento da "disponibilização dos lucros" via balanço da

(4)

4 empresa estrangeira, se a empresa detida pela pessoa física brasileira estiver em país ou jurisdição com tributação favorecida, via "carnê leão";

15) altera o parcelamento especial disposto pela Lei nº. 12.865/13, para pagamento da COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep devidas por instituições financeiras e companhias seguradoras e os débitos objeto de discussão judicial relativos à exclusão do ICMS da base de cálculo destas contribuições sociais, vencidos até 31/12/2012, ao dispor pela redução de 100% das multas de mora e de ofício, de 100% (ao invés dos 80% anteriores) das multas isoladas, de 100% (ao invés dos 45%) dos juros de mora e de 100% sobre o valor do encargo legal, conforme a seguir:

Vencimento dos

Débitos: 31 de dezembro de 2012

Prazo para adesão: 29 de novembro de 2013

- desistência/renúncia das discussões;

Requisitos: - pagamento mensal equivalente ao resultado do débito dividido pela quantidade pretendida de parcelas; Opção Multas Mora/ Ofício Multa Isola da Juros de Mor a Encargos Legais À vista 100% 80% 45% 100% Até 60x c/ 20% de entrad a 100% 100% 100% 100%

16) altera o parcelamento especial para pagamento do IRPJ e da CSLL decorrentes da aplicação do disposto no artigo 74 da MP nº. 2158-35/01, ao dispor que poderão ser pagos à vista ou parcelados em até 180 prestações (ao invés das 120 prestações anteriores), sendo: 20% de entrada e o restante em parcelas mensais, com redução de 80% das multas de mora e de ofício, de 80% das multas isoladas, de 50% dos juros de mora (ao invés dos 40% anteriores) e de 100% sobre o valor do encargo legal, conforme a seguir:

(5)

5 Débitos:

Prazo para adesão: 29 de novembro de 2013

- desistência/renúncia das discussões;

- pagamento mensal equivalente ao resultado do débito dividido pela quantidade pretendida de parcelas;

- parcelas mínimas de R$ 300.000,00; Requisitos: - vedado parcelamento relativo a incentivos

fiscais devidos ao Fundo de Investimento do Nordeste - FINOR, Fundo de Investimento da Amazônia - FINAM e Fundo de

Recuperação do Estado do Espírito Santo - FUNRES;

Possibilidade:

- liquidação das multas e juros moratórios com utilização de prejuízo fiscal (25%) e base de cálculo negativo da CSLL (9%) próprios e/ou de empresas coligadas domiciliadas no Brasil, controladas em 31/12/2011 e na data de adesão; Opção Multas Mora/ Ofício Multa Isola da Juros de Mor a Encargos Legais À vista 100% 100% 100% 100% Até 180x c/ 20% de entrad a 80% 80% 50% 100%

17) em relação ao pagamento do IRPJ e da CSLL devidos em razão dos resultados auferidos pelas controladas no exterior, dispôs que poderá ser diferido, sendo devido no momento da efetiva distribuição destes, mas imperativa a tributação de ao menos 25% do total ao final do primeiro ano subsequente ao período de apuração, e desde que ao final do 5º ano seja tributado o residual.

Ressalte-se que a MP em questão seguirá o trâmite constitucional de aprovação pelo Congresso Nacional, convertendo-se posteriormente em lei; entretanto, fato é que a adoção pelas pessoas jurídicas brasileiras das disposições trazidas pela MP nº. 627/13, já para o ano-calendário de 2014, torna-se demasiada complexa, face à necessidade de adequação da contabilidade, em especial do plano de contas, além da parametrização dos próprios sistemas, implicando diversos gastos em treinamento de pessoas e suporte de sistemas.

(6)

6

Desta forma, dadas as inúmeras alterações legislativas trazidas pela MP nº. 627/13, o presente comunicado tem por finalidade básica situar V.Sas. nas novas normas tributárias, as quais deverão ser objetos de análise pormenorizada de acordo com as respectivas atividades econômicas, métodos de apuração de tributos e adoção (ou não) dos novos padrões contábeis e consequentemente do RTT previsto pela Lei nº. 11.941/09, sendo certo que estamos ao inteiro dispor de V.Sas. para maiores esclarecimentos acerca desta temática.

Atenciosamente,

Referências

Documentos relacionados

Diante disso, os CAPS AD são um novo dispositivo de tratamento ao dependente químico, mas ainda pouco se tem estudado a respeito do papel dos enfermeiros que atuam nesses serviços

Realização de curso com os profissionais sobre a classificação de risco e seu funcionamento, o curso será realizado durante três dias com carga horária 20 horas

Compete ao Serviço de Bolsa realizar a seleção dos candidatos, utilizando a avaliação socioeconômica de cada aluno, realizada por ocasião dos

O conforto foi muito grande e acredito que minha filha, espírito de luz, foi instrumento de muitas lições para todos nós, e que pouco a pouco cada um saberá interpretá-la..

Caso as presentes instruções não se- jam adequadas para a montagem no seu veículo, dirija-se ao revendedor da Blaupunkt, ao fabricante do seu veículo ou à nossa linha verde!. No

PC-I © MAP 2016 Programação modular Passagem de argumentos A declaração de uma função estabelece a lista >pada de argumentos necessários para seu processamento.. As

[=] – Caso seja deliberada a saída da Companhia do Novo Mercado para que os valores mobiliários por ela emitidos passem a ter registro para negociação fora do Novo Mercado, ou em

O paciente deverá ser advertido que, caso não ocorra a consolidação óssea em 60 (sessenta) dias, os implantes poderão sofrer soltura ou ruptura se: o paciente não seguir