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Bereshit - Do Big Bang à costela de Adão

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Academic year: 2021

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Bereshit

(2)

#rah taw ~ymvh ta ~yhla arb

tyvarb

Bereshit barah Elohim et ha-shamain ve ha-eretz

(3)

Introdução

Muitas vezes nos contentamos com a percepção inicial, quanto a Criação, de que, em um tempo único, chamado “princípio”, Deus criou tanto os céus como a terra, em um total de 144 horas até o seu descanso. Este livro tem por finalidade desafiar o leitor a que visualize nas entrelinhas do que está escrito os fatos ocorridos. É certo que tal leitura há de gerar incômodo em alguns mas, com certeza, ampliará o conhecimento e trará convicção àqueles que, ao ensinar sobre tal assunto, se incomodam quando precisam explicar dados com precisão, quando confrontados com fatos concretos.

A Astronomia e a Física moderna, que ora utilizamos neste livro, contêm instrumentos que poderão nos ajudar a compreender um dos mistérios mais impressionantes da Bíblia, que trata da Criação de todas as coisas a partir do nada, tendo por base apenas o poder da Palavra de Deus. Citaria a frase de um dos rabinos mais respeitados do judaísmo, Maimônides, que sabiamente afirmou:

“Estude Astronomia e Física se desejar compreender a relação entre o mundo e o modo como ele é regido por Deus” (em Guia para os Perplexos)

Em Cristo, o Criador.

Pr. Martinho Lutero Semblano Rio de Janeiro, outubro de 2000

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O

S VÁRIOS

“P

RINCÍPIOS

“No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1)

Pode parecer estranho para nós, mas não existiu um princípio, e sim, vários. Observe que a palavra “princípio”, no hebraico reshit (

tyvar

), não significa exatamente um único momento, mas pode ser um período de tempo. Em Jeremias, por exemplo, o mesmo termo reshit é usado pelo profeta, que registra:

“No mesmo ano, no princípio (reshit,

tyva

) do reinado de Zedequias, rei de Judá, isto é, no quarto ano, do quinto mês ...” (Jr 28.1).

O reshit do reinado de Zedequias já durara quatro anos, dos onze que ele reinara. Para o autor, um terço do reinado daquele rei ainda era o seu princípio. Este termo é usado em outras citações quanto aos governantes de Israel. Voltando ao Gênesis, o termo surge novamente quando é citado o princípio do governo de Nimrode:

“O princípio (reshit,

tyva

) de seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinear” (Gn 10.10)

Tal observação se faz necessária uma vez que “antes” que Deus criasse os céus Ele já existia, sendo eterno. Portanto, Deus existe antes do princípio, comentado em Gn 1.1. Podemos verificar a confirmação destes tipos de princípio no próprio período

neotestamentário, quando João mostra um “princípio” (da eternidade) anterior a outro “princípio” (da Criação):

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele,e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.1-3)

Portanto, a criação do Universo e tudo o que ele contém não se deu, necessariamente, em um momento, mas sua duração pode ter continuado por um período maior do que aquele que captamos. Em termos astrofísicos, durou mais de 10 bilhões de anos entre o princípio (reshit) dos céus e o princípio (reshit) da terra.

O que havia antes do 1

o

Dia da Criação

Entendendo isso podemos avançar para procurar perceber o que havia antes do princípio da criação do universo, quando se iniciou a dimensão temporal de tempo-espaço. Outro rabino, Namânides, escrevera no século XIII:

“Antes da existência do Universo, o tempo não existia” (Comentário sobre a Torá – Gn 1.4-5).

O Princípio do 1

o

Dia é anterior ao Princípio do

Tempo

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Antes do tempo existir, Deus começara sua criação. Vejamos o que um texto ignorado por muitos em sua riqueza, por estar inserido dentre os provérbios, nos revela quanto ao que aconteceu entre o versículo primeiro e o versículo segundo de Gênesis:

“Desde a eternidade fui [a sabedoria de Deus] estabelecida, desde o princípio, antes do começo da terra ... Ainda ele não tinha feito a terra, nem as amplidões, nem sequer o princípio do pó do mundo ... Então eu estava com ele e era seu arquiteto, dia após dia era as suas delícias, folgando perante ele em todo o tempo. Regozijando-me no seu mundo habitável, e achando as minhas delícias com os filhos dos homens” (Pv 8.23,26,30-31)

Analisando cuidadosamente, podemos perceber vários aspectos que nos trarão a luz, fatos anteriores ao homem, a terra e mesmo ao tempo. Vejamos.

1o) O “princípio” da terra é posterior ao “princípio” da eternidade

(se é que podemos assim dizer), onde só havia Deus. O texto diz “Desde a eternidade fui [a sabedoria de Deus] estabelecida, desde o princípio, antes do começo da terra” (v.23). É importante destacar isso para assim entendermos que a terra não foi criada no “princípio” de tudo, e sim após um período que não se pode medir.

2o) O v.26 cita um certo “princípio do pó do mundo”. O que é isso?

Poderia ser o pó de onde o homem seria criado? Bem, a palavra

para pó é, de fato, a mesma, mas o comentário neste texto é regressivo, ou seja, ele vai trazendo a idéia de frente para trás: (a) “Ainda ele não tinha feito a terra”; (b) antes dela “as amplidões”, (c) antes delas, o “pó do mundo”. Esse “pó”, anterior ao homem, e até mesmo da criação da terra, será estudado mais adiante, e nos auxiliará no entendimento da Criação da matéria.

3o) Notem que a revelação vai avançando, iniciando com a

eternidade (anterior ao tempo), passando pela criação da matéria, e agora entra na dimensão do “tempo”: “Então eu estava com ele e era seu arquiteto, dia após dia era as suas delícias, folgando perante ele em todo o tempo” (v.30).

4o) Por fim, temos a informação importantíssima que nos mostra que

a terra não foi criada com a finalidade de ser “sem forma e vazia” (Gn 1.2), mas para ser habitável: “Regozijando-me no seu mundo habitável, e achando as minhas delícias com os filhos dos homens” (v.31). A terra foi criada para ser a habitação da Criação de Deus. Aqui a sabedoria de Deus, concluindo o avançar do tempo, neste período já demonstrava interação com a humanidade.

Os anjos foram criados “antes” da terra

Em uma lida rápida, antes de entendermos que anterior ao princípio dos céus e da terra Deus já agia, tendo aquele princípio de Gn 1.1 uma definição quanto ao período da Criação da matéria (veremos isso mais adiante) e não estritamente quanto ao princípio de todas as coisas – inclusive na esfera espiritual – é que podemos

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entender que, antes de Deus criar a terra já havia criado os anjos. Não se assuste, pois isso é bíblico e pode ser visto no livro mais antigo (segundo entendimento geral) da Bíblia:

“Onde estavas tu quando eu lançava os fundamentos da terra? ... e rejubilavam todos os filhos de Deus? [os anjos]” (Jó 38.4,7).

No diálogo que teve com Jó, Deus lhe trouxe a revelação de que, quando no momento em que a terra começava a ser criada os anjos não somente assistiam como também se alegravam. Portanto, “antes” da criação da terra (matéria), o mundo espiritual (metafísico) já existia. Portanto, os “céus e a terra”, como pudemos ver, não somente foram criados “após” o início de tudo, como depois dos anjos.

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Primeira parte

A Criação dos Céus

O Big Bang

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A Criação dos Céus

Entendendo nós os princípios, podemos agora observar melhor o texto de Gn 1.1, que trata do princípio do tempo. Aqui, portanto, já entramos na esfera que mais o homem natural conhece: a relação tempo/espaço/matéria.

“No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1)

A palavra hebraica traduzida por “criou”, em Gn 1.1, é barah (

arb

). No hebraico, esta é a única palavra para significar a criação de algo do nada (nos relatos das criações esta palavra só ocorre novamente em Gn 1.21 e 2.3). Esse é o nosso ponto-de-partida: sabermos que Deus não necessitou de matéria para criar o mundo, o fazendo pelo simples poder soberano de sua Palavra. Outro detalhe importante é entendermos que, no hebraico a palavra Céus (

~ymv

, shamaim) significa Universo.

A partir deste entendimento, vamos observar que existe uma distância de bilhões de anos (antes do 1o Dia da Criação) neste

primeiro versículo. Entre o “criou os céus” e “a terra” existe um período de aproximadamente 10 bilhões de anos. Esses números agora podem parecer assustadores, mas logo você os compreenderá. Para entendermos este grande período entre a criação do Universo e a criação de um de seus componentes (a terra) é necessário que entendamos o “no Princípio” aconteceu, comprovado cientificamente, para que tudo passasse a existir.

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P

ASSOS

,

D

EZ

C

IENTISTAS

O desenvolvimento da compreensão científica de

Gn 1.1

Para chegarmos aos registros históricos da rendição da ciência para o fato de que o Universo foi criado por Deus, será de grande valia que percorramos um pouco na História para que entendamos como, de fato, todos – inclusive os incrédulos – reconhecem que

“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento à outra noite. Não há linguagem, nem palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras até aos confins do mundo” (Sl 19.1-4).

1) Hiparco

Na cidade de Rodes, do século II, um astrônomo grego chamado Hiparco estava montando o primeiro catálogo de estrelas, classificando-as por grandeza (magnitudes) em função de seus brilhos. Porém, em suas observações, notou que nem todas as estrelas que brilhavam pareciam manter a mesma posição – o que acontecia com a maioria das outras. A estas estrelas chamou de “errantes”, pois pareciam mover-se numa direção e depois voltariam para a mesma posição anterior. A palavra grega para “errantes” é

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planetos, e com isso vemos a origem da definição dos planetas. Daí se desenvolveu todo um sistema que colocava a terra como o centro do universo, o que ganhou grande força com a chegada do cristianismo paganizado ao centro do poder romano, já no século IV. A idéia daquele segmento para-cristão era que, sendo o homem a criação mais importante de Deus, e estando ele na terra, a terra seria o centro – não exatamente figurado, mas geográfico – de todo Universo. A Igreja Católica Romana adotara oficialmente o Almagesto de Ptolomeu.

2) Copérnico

Já no século XVI, um polonês formado em Desenho, Matemática, Astronomia, Medicina e Direito, Nicolau Copérnico, sistematizou a doutrina heliocêntrica, que mostra que o sol, e não a terra, está no centro do Universo (tal doutrina já tinha sido defendida poucos anos antes por Nicolau de Cusa). Copérnico sabia que se publicasse seu trabalho (Das Revoluções dos Mundos Celestes) naquele período conturbado por causa da bendita Reforma Protestante, poderia ser condenado, e por isso somente o fez pouco antes de morrer (em 1543), ainda assim de forma anônima e dedicando a obra ao papa Paulo III.

3) Kepler

Copérnico, depois de morto, começou a influenciar o pensamento de vários astrônomos, principalmente entre os protestantes, que tinham liberdade de discordar dos pensamentos

dos papas. Na Alemanha, Johannes Kepler, após estudar em dois seminários de Teologia, adentrou nos campos da Astronomia e Matemática. Em 1600, por ser protestante, teve que deixar de lecionar Matemática em Ganz e partiu para Praga, onde viria a ser o astrônomo do imperador Rodolfo II. Com liberdade para estudar e interpretar o universo, Kepler ampliou a teoria de Copérnico ao afirmar que as órbitas dos planetas não eram circulares, mas elípticas.

Um dado interessante é que a Bíblia já afirmara, muitos séculos antes, que a terra flutua no espaço sem apoio visível, fato que, após as teorias de Kepler e Galileu, só viriam a ser confirmadas no século XX pelo testemunho do astronauta russo Yuri Gagarin, aproximadamente 5.500 anos depois do que Jó já observara:

“Ele estende o norte sobre o vazio e faz pairar a Terra sobre o nada” (Jó 26.7)

4) Galilei

Um respeitado professor de Matemática em Pádua, o italiano Galileu Galilei (1564-1642), daria os primeiros passos para a compreensão da gravidade e – o que nos interessa mais nesse livro – da medição do tempo. Galileu foi muito audacioso ao publicar suas teses pró-copernicanas em italiano (e não em latim acadêmico), em 1632, o que disseminaria suas idéias na abalada estrutura romanista frente ao fortalecimento protestante. Essa situação levou o clero romano a definir, oficial e veementemente, o copernicanismo como falso e herético, ordenando que Galileu abandonasse imediatamente sua doutrina no Dialogo sopra il due massimi sistemi

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del mondo, no qual descreveu os movimentos de rotação e translação da terra. Após ter renunciado pela segunda vez a sua teoria, foi condenado apenas à prisão domiciliar, estado este que se encontrou até morrer. O mais interessante é que na própria Bíblia Galileu (assim como Kepler) encontraria base para defender sua tese. Jesus, dezesseis séculos antes, ao falar do arrebatamento da Igreja, mostrara que a terra gira em torno de seu eixo, ao descrever o seguinte fato:

“Naquela noite dois estarão na cama; um será tomado, e deixado o outro; duas mulheres estarão juntas moendo; uma será tomada, e deixada à outra. Dois estarão no campo; um será tomado e o outro deixado” (Lc 17.34-36). Como seria possível um único evento acontecer ao mesmo tempo (à volta de Jesus será no mesmo momento), sendo noite num lugar e dia em outro? É porque a terra gira sobre seu próprio eixo. Kepler e Galileu apenas confirmavam o que Jesus já dissera.

5) Newton

A teoria do inglês Isaac Newton, lançada em 1687 no seu tratado Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”, se baseou na idéia de que todo objeto continuará se movimentando numa linha reta, em uma mesma velocidade, até que outra força seja introduzida para alterá-lo. Quando um objeto está parado, em descanso, é porque alguma força parou seu movimento (princípio da inércia). Tais princípios prepararam o caminho para a explicação da gravidade. Um corpo com massa muito grande atrairá, de modo

visível e em direção a si próprio um outro corpo com uma massa muito menor. É por isso que, segundo a experiência tão difundida que ele celebrou, a Terra atrai a maçã para a sua superfície ao mesmo tempo em que a maçã atrai a Terra para si. Como a maçã tem uma massa muito inferior se comparada a Terra, o seu poder de atrair a Terra se limita a uma força praticamente imperceptível. Talvez você se pergunte: o que isso tem que ver com a Criação? Continue a sua leitura que você irá entender.

6) Einstein e a Teoria da Relatividade

O físico alemão Albert Einstein (1879-1955) foi o homem que revolucionou a Física, em todas as suas bases, alterando suas leis e dogmas defendidos religiosamente por séculos. Depois de ter tido um péssimo passado como aluno na formação básica (como Newton), tentou ser professor, mas não conseguiu vaga, restando-lhe trabalhar no serviço de patentes da Suíça. Isso restando-lhe deu tempo para fazer pesquisas na área da Física. Sendo judeu, Einstein, tinha acesso à escritos de rabinos como Isaac Luria (1534-1572), que a partir de um texto bíblico, desenvolveu a Teoria da Contração (Tzimtzum, em hebraico):

“E quando em uníssono, a um tempo, tocaram as trombetas e cantaram ... a casa do Senhor se encheu de uma nuvem; de maneira que os sacerdotes não podiam estar ali para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor encheu a casa de Deus” (2Cr 5.13-16)

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Luria observou que Deus concentrou sua presença em uma casa, tendo seu poder se “retraído” em um único ponto. O acesso à esta teoria, limitada aos círculos judaicos, pode ter auxiliado Einstein no desenvolvimento de seus estudos. O fato é que quando tinha apenas 26 anos (em 1905), o mundo começou a conhecê-lo, através de seus artigos na revista científica Annalen der Physik. O quarto artigo (a Teoria da Relatividade Restrita, onde revisou as noções vigentes de tempo e espaço) e o quinto (onde se encontra a famosa fórmula E = mc2) foram à base para que ganhasse terreno no meio

da Física. Dez anos depois, acrescentando a gravidade, publicou em 1915 a Teoria da Relatividade Geral.

Einstein cria em Deus (apesar de não vê-lo como um Deus pessoal), entendendo que o universo não era obra do acaso, determinismo, esse vigente na astronomia desde a Grécia antiga: “Deus pode ser perspicaz, mas não é malicioso”, atacou Einstein o princípio da incerteza de Heisenberg. Ganharia, além de amigos e inimigos, o Nobel de Física de 1921.

Einstein descobriu que a energia é a conseqüência da multiplicação da matéria vezes o quadrado da velocidade da luz (E = mc2), que, por sua vez, conhecimento esse que conseqüentemente mostrou que a matéria é o resultado da divisão da energia pelo quadrado da velocidade da luz (m = E/c2). Ou seja,

a matéria é a energia condensada. Essa teoria, portanto, mostra que, de fato, Deus, que “é Luz” (1Jo 1.5) criou o universo (que é matéria) unicamente pelo poder de sua Palavra (energia). Einstein, que no princípio de sua teoria foi ridicularizado, apenas mostrou que a “energia” – que é algo invisível – criou a matéria – algo visível – apenas comprovando a revelação bíblica:

“Pela fé entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível (matéria) veio a existir das coisas que não aparecem (energia)” (Hb 11.3). Temos, portanto, na Bíblia, a descrição prévia e completa da Teoria da Relatividade. Os conceitos de Gênesis 1 de espaço/tempo eram ligados com a Teoria da Relatividade.

7) Lemaître e o nascimento do Universo

O belga Abbé Georges Lemaître (1894-1996) era um admirador e estudioso das teorias de Einstein mas, ultrapassando seu mestre, descobriu algo que o entusiasmou: o universo não era estático, mas dinâmico. Sua lógica era uma conseqüência da teoria de Einstein: se o tempo e o espaço têm uma concavidade, produzida por uma massa qualquer, então, quando uma outra massa passar por esta, será atraída para perto da outra. Sua luta, portanto, foi para comprovar que o universo era finito e, conseqüentemente, tivera um começo. Einstein não quisera dar atenção a Lemaître e não avançou neste assunto. Lemaître não desistiu. Seus cálculos apontavam para um “ponto de partida” – que seria o momento da Criação – que faria com o universo passasse a se expandir, em acordo com o ensino de Einstein. Sua teoria consistia que o universo começara como um átomo (o Átomo Primitivo) e que, em determinado momento, começou a se desenvolver como uma árvore a partir de uma semente.

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O americano Edwin Hubble (1889-1953), juntamente com seu assistente especializado em espectroscopia, Milton Humason, seria a chave entre Einstein e Lemaître. Após três décadas de estudos, Hubble confirmou que o hidrogênio e o hélio são os elementos mais comuns na composição de todas as galáxias. Algo nos ligava com o resto do universo, em termos de composição. Mas, mais importante que isso foi à comprovação de que

“Há uma velocidade constante entre as galáxias e a Terra” Hubble mostrou que as galáxias mais distantes se movimentavam mais rapidamente que galáxias mais próximas, medição essa feita através do brilho das luzes das estrelas Cefeidas. Portanto, quanto maior fosse a distância da Terra maior seria sua velocidade de separação de uma galáxia. Tal experiência quebrava um conceito antigo enraizado entre os cientistas ateus: a idéia de um universo imutável.

A Lei de Hubble, portanto, mostrou que cada galáxia está se afastando das outras atualmente, o que confirmava a tese do Universo em expansão. Em outras palavras, houve um período – ou, mais precisamente, um momento – onde as galáxias estavam concentradas, sem nenhum espaço entre elas. Seria uma pequena bola de fogo, extremamente densa que gerou o início da expansão universal. Foi o momento que a Bíblia registra: “no princípio criou Deus os Céus” (Gn 1.1a).

Einstein aceita “Princípio dos Céus”

Dois anos depois de Lemaître tentar mostrar sua teoria sem obter sucesso, recebeu notícias preciosas: Hubble, ao observar que as luzes das galáxias (de acordo com o efeito Doppler) estavam se desviando, concluiu que o universo estava em expansão. Einstein imediatamente se dirigiu ao Observatório de Mount Wilson para visitar Hubble e, quando Lemaître soube disso, também se dirigiu para lá. Diante de um Einstein interessado pela nova descoberta – mesmo que já anunciada anos antes por Lemaître – ouviu dele todos os pontos da Teoria do Átomo Primitivo, observando a possibilidade do universo ter sido criado “num dia sem ordem” com base nos cálculos matemáticos do próprio. Após Einstein ouvi-lo, agora com total interesse, reconheceu seu erro, e dissera ter ouvido naquele momento “a mais bela e exaustiva interpretação que já tinha escutado”. Passou para o lado dos que, matematicamente, criam em um Princípio do Universo.

A Teoria do Big Bang é combatida

Obviamente que Einstein, agora defendendo tal teoria, começou a ser perseguido nos meios científicos. No fim dos anos 40, Fred Hoyle zombou da teoria da expansão do universo em um programa de rádio, que viria a mudar a história. Ele, sem saber, fizera um grande desafio, ao declarar em tom irônico: “Se o universo começou com um quente Big Bang então, tal explosão deve ter deixado uma relíquia. Encontrem-me um fóssil desse Big Bang”. Foi a primeira vez que se deu o nome de Big Bang a esta teoria mas, ao invés de destruí-la, a promoveu e levou vários cientistas para seus cálculos.

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9) Gamow e a Busca pelo Fóssil do Big Bang

Dada a largada pela confirmação da tese – para infelicidade de Hoyle – em 1948 o cientista americano (nascido na Ucrânia) George Gamow e seu aluno R. Alpher, – no relatório criativamente chamado de ‘Alfa, Beta, Gama’ (incluíram o nome de outro físico, H. Bethe, que somente soube da brincadeira quando o trabalho foi publicado na Physical Review) – concluíram que, em havendo existido tal momento denominado Big Bang, este teria gerado uma enorme quantidade de calor para que pudesse criar o hidrogênio necessário para formação das estrelas, além do hélio.

Sua base teórica afirmava que o Átomo Primordial continha, em seus primeiros segundos após a explosão, uma mistura quente e densa de prótons e elétrons que se chocavam com tremenda violência entre si, gerando uma alta radiação naquela bola de fogo. Uma vez que o Universo se expandira em todas as direções, Gamow concluiu que se poderia captar a radiação inicial, de baixa intensidade, no universo, uma vez que não haveria muito calor que sobrasse. Pelos seus cálculos, tal radiação ficaria apenas alguns graus acima do zero absoluto (-273o C – a temperatura mais

baixa possível). Porém, para provar sua tese, eles teriam que detectar essa radiação que estaria espalhada uniformemente pelo universo.

O Fóssil do Big Bang é achado ... sem querer

Em 1965, Robert Dicke e uma equipe da Universidade de Princeton se empenharam para encontrar a tal radiação fria.

Paralelamente, dois cientistas americanos especializados em radiação para transmissão de sinais, Arno Penzias e Robert Wilson, contratados pela Bell Telephone Company para melhorar suas comunicações, verificaram que havia um fraco ruído de rádio que era captado em todos os lugares e não de um determinado ponto da terra. Tal chiado era constante e captado não apenas de um determinado ponto na terra, mas vinha do espaço sideral. Intrigados, telefonaram para o doutor Robert Dicke, e enquanto almoçavam e discutiam, o telefone tocou. Eram eles, e queriam ver com aquela equipe porque em seus aparelhos a interferência era extremamente constante e não conseguia ser eliminada. Ao compartilharem suas experiências, rapidamente foram encontrar-se e, ao juntarem suas equipes para ouvirem a interferência, abismados com a radiação medida, juntaram suas anotações e imediatamente fizeram uma comparação à fonte fria que o dr. Dicke tinha como base, descobrindo que tal radiação estava sempre a 3o Kelvin (3 graus

acima do zero absoluto). Esse ruído era nada mais que a Radiação Cósmica de Fundo, ou, em outras palavras, o som remanescente da bola de fogo que originou o Universo – o eco do Big Bang. Aqueles homens estavam descobrindo o fóssil do Big Bang. O trabalho daquelas duas equipes foi divulgado imediatamente e seus trabalhos publicados nos Astrophysical Journal, que logo após lhes indicaria para o Nobel, devidamente recebido.

10) Smoot e A Prova Final da existência de um

“Princípio” – o Big Bang

Mesmo depois da descoberta de Penzias e Wilson – da Radiação de Fundo originada no Big Bang – Hoyle e outros cientistas

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continuavam não aceitando a idéia de um “princípio” para o Universo, levantaram a hipótese de que, sendo a temperatura muito constante, as galáxias não poderiam ter se desenvolvido a partir dela. Para que tal expansão fosse possível, deveriam existir diferenças sutis de temperatura a fim de fazer com que a matéria se agrupasse para formar as galáxias. Os cálculos já indicavam para isso, mas faltava uma prova da tal variação. Sabia-se que, menos de um segundo depois do Big Bang, haveria variações na temperatura da energia recém liberada; variações essas detectáveis somente depois de aproximadamente 300.000 anos, quando então se formaram as galáxias.

Um outro físico, George Smoot, da Universidade de Berkeley, juntou um grupo de cosmólogos experimentalistas e partiram com a missão de detectar as variações na temperatura da radiação de fundo, eliminando todas as possíveis interferências que poderiam existir na Terra, mesmo que fosse a própria atmosfera. Reprojetado e reconstruído, o satélite COBE (Explorador do Fundo Cósmico, em inglês) foi lançado em 18 de novembro de 1989, com o apoio da NASA. Rapidamente a radiação de fundo (observada em 1965), foi confirmada, mas somente no princípio de 1992, portanto, mais de dois anos depois, eles começaram a ver pequenas variações na estrutura daquela radiação. Ao colocar no computador para que este distinguisse as partes quentes e frias da imagem, grande descoberta do princípio dos tempos – pela ciência – era uma realidade: a radiação de fundo do cosmos tem ondulações – pequenas variações de temperatura na radiação inicial originada no Big Bang – que faria o universo se estender. A teoria do Big Bang fora provada de maneira espetacular, confirmando a teoria de Lemaître (de 1927), junto aos estudos de Stephen Hawking, sobre a Relatividade.

Portanto, em abril de 1992, os astrônomos puderam evidenciar a mais importante prova da existência do nascimento do Universo. As ondulações de sua estrutura mostraram que o Universo, nascido de uma pequena bola de fogo, continua se expandindo, colocando por água abaixo os adeptos da corrente do Universo Estacionário (de Fred Hoyle). A NASA e a equipe do dr. Smoot, anunciaram tal descoberta em Washington, na conferência da American Physical Society, onde disseram tratar-se da “evidência do nascimento do Universo”.

O Universo, portanto, para desespero de muitos cientistas, não é nem eterno nem imutável. Como declarou o atual lucano da Universidade de Cambridge, o respeitado físico Stephen Hawking, quanto aos avanços que apontam para um “início” de todas as coisas: “Uma de nossas maiores descobertas foi que o universo não existiu desde sempre, mas que teve um começo definido no Big Bang, há cerca de 15 bilhões de anos atrás” (O Universo de Stephen Hawking, de David Filkin).

Podemos ouvir o som do Big Bang ... em nossa casa

Uma vez que a Radiação de Fundo está em todas as partes, não somente da terra mas de todo universo, podemos ouvi-la em nossa casa, através de uma antena comum de televisão. Basta que você sintonize um canal inexistente que aparecerá na tela uma imagem cheia de pequenos pontos (que chamamos de chuvisco), com um chiado (que chamamos de estática). A origem de cerca de 1% deste chiado é, nada mais nada menos, que a radiação de fundo das microondas cósmicas que ecoam desde o momento da Criação do universo.

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O Universo é formado – O Big Bang

Resumindo, como a ciência comprovou não somente a possibilidade como a veracidade da primeira parte do versículo 1, de Gênesis 1, a teoria do Big Bang diz que há aproximadamente 15 bilhões de anos, num momento chamado “Tempo Zero” (ou momento de Planck), toda a matéria do universo estaria concentrada em um único ponto: o “Átomo Primordial”, que concentraria todo o universo (energia-massa), extremamente comprimido e com força gravitacional intensa, com o tamanho total de 10-33 cm (alguns autores procuram exemplificar que todo o

universo estava contido em algo do tamanho de uma laranja; outros, do tamanho de uma ervilha; outros, do tamanho de um grão de mostarda, mas era bem menor). Em determinado período este Átomo explodiu, dando seqüência à extensão de todo universo e suas infinitas galáxias, sendo a poeira cósmica a base formativa de todos os componentes intergalácticos. Nossa mente pode apenas imaginar, mas não consegue alcançar a grandiosidade da mente de Deus, que criou “tudo” do “nada”.

É interessante notar que mesmo sendo esta descoberta recente, a Bíblia já apontara para o Big Bang e a extensão do Universo, de maneira precisa, oito séculos antes de Cristo. A Palavra de Deus já revelara que o Universo não foi feito de forma estática, mas ele se estendeu, antecipando a teoria da expansão do universo:

“Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus e os estendeu, formou a terra e a tudo quanto produz ...” (Is 42.5).

Deus não somente criou o universo como o fez estender (o profeta usa precisamente esta palavra) – através do Big Bang – formando tudo o que hoje há.

O “Princípio do Pó do Mundo”

Entendendo esta grande explosão, que gerou a ampliação dos “céus” pela extensão matéria criada por Deus, é que podemos voltar ao texto que lemos anteriormente:

“Ainda ele não tinha feito a terra, nem as amplidões, nem sequer o princípio do pó do mundo” (Pv 8.26).

Sabemos que Deus criou o homem do pó (Gn 2.7: “Deus formou o homem do pó da terra”) mas, antes de Deus fazer a terra esse pó já existia, como vimos no texto de Provérbios. Voltando ao início da criação dos céus, com a explosão do Big Bang, enorme quantidade de “poeira cósmica” é lançada em todas as direções, fazendo o universo se expandir. Sabemos que toda matéria que existe, em todo universo, é composta por átomos, que por sua vez, se constituem de prótons, elétrons e nêutrons. O átomo na sua forma mais simples é o hidrogênio (pois possui apenas um próton, em torno do qual gira apenas um elétron). Esse átomo tão simples, o hidrogênio, está presente em 99% da matéria existente em todo o universo. Todas as diferenças entre os diversos tipos de matéria são

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resultantes de combinações químicas. O sol, por exemplo, é composto pela junção de dois gases: o hidrogênio e o hélio, e a água, pela junção de dois outros: o hidrogênio e o oxigênio. Portanto, o hidrogênio é base tanto do sol quanto da água.

Deus, ao criar o mundo pelo poder de sua Palavra, permite que tal explosão não somente estenda o universo (como vimos), como também coloque toda a Criação na mesma base de estrutura orgânica, advinda do “pó do mundo”, através da combinação de elementos que só a Sabedoria Divina seria capaz de criar. Veja, por exemplo, que o cloro é um gás venenoso e o sódio um elemento metálico muito perigoso. Deus junta os dois e cria o sal (cloreto de sódio), que usamos em nossa comida.

Quando analisarmos o 6o Dia da Criação, vamos voltar a

falar sobre o princípio do pó da terra, quanto à estrutura da terra ser à base da composição do homem (e dos demais seres), assim também, como de toda a estrutura atômica do Universo.

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Segunda parte

A Criação do Tempo

15 Bilhões de Anos em Seis

Dias

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A Idade do Universo

É comum, no meio bíblico, estabelecer a idéia de que a idade do Universo é de 57 séculos ou 5761 anos, contabilizando a soma da genealogia desde Adão com os cinco dias que o antecederam. Nessa interpretação entende-se que, se houve Seis Dias do início da Criação até o surgimento do homem, estes tiveram a duração de 24 horas, como hoje entendemos. Mas, ao nos depararmos com os fatos que comprovam a datação do Universo em 15 bilhões de anos, assim como a da Terra em 4,5 bilhões, estaremos diante de um conflito entre a verdade comprovada e a crença.

O problema, porém, se constitui em não se observar a relatividade do tempo, que mostra que ambas as contagens estão certas, tendo as mesmas durações. Apenas estão sendo descritas em termos diferentes. Como ensinou Einstein, “quando um mesmo evento é visto de dois referenciais, mil ou bilhões de anos podem ser vistos como dias, depende do referencial de observação”. Quando vejo uma corrida de Fórmula 1, minha vista observa que os carros estão andando devagar (quando a cena é vista de frente), por mais que aos meus ouvidos e à minha visão cheguem as informações da velocidade real. Certamente, se eu estivesse na arquibancada, veria que os carros passariam “voando” que eu nem conseguiria ver a cor do capacete do piloto. A velocidade é a mesma, mas o referencial traz noções diferentes.

Vale também a pena relembrar que aquilo que Einstein chamou de Dilatação Relativística do Tempo, torna perfeitamente possível serem os Seis Dias da Criação, compatíveis com os 15 Bilhões de Anos da Criação. Nunca é tarde para relembrar que, até

surgir Adão, só havia Deus para observar o relógio. Esse dado é fundamental.

Podemos então dizer que, pelo referencial temporal de Deus a Criação durou Seis Dias, e pelo referencial temporal do homem, quinze bilhões de anos. Ambos estão corretos, é uma questão de ponto-de-observação.

O Referencial temporal de Deus

Deus é atemporal (2Pe 3.8; leia abaixo) uma vez que é Eterno. A eternidade muitas vezes é confundida com algo que não tem fim, mas não o é, pois a eternidade também não tem um início. Essa grande diferença é que faz com que Deus tenha uma noção do tempo diferentemente de nós. Somente entendendo isso é que poderemos ter uma noção de seus atributos da onipresença, onisciência e onipotência, sem nenhum limite que o impeça de ir ou vir em nosso tempo contabilizável. Deus não está preso a uma dimensão tempo/espaço, pois sua dimensão é a espiritual. Apesar disso, Deus, pela sua infinita misericórdia, se revelou de modo temporal para nós.

Sendo assim, a linguagem bíblica para “dias” pode se referir não ao espaço de 24 horas, mas a períodos longos, sendo que tal revelação, a Bíblia manda que não a ignoremos:

“Há todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para com o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia” (2Pe 3.8)

(19)

O Referencial temporal do homem

Diferentemente de Deus, nós temos muitas limitações que nos fazem ter uma interpretação muito particular. Necessitamos, para nossa compreensão básica, da estrutura início-meio-fim. Essa é a nossa base de interpretação lógica. Se não estiver nesta ordem poderemos não apenas nos confundir como também não entendermos. O mesmo se dá na questão – exclusivamente temporal – de minutos-horas-dias. Para nós, isso é fundamental, pois faz parte de nossa limitação. Alguns podem interpretar 1073 como

1.073. Se tal valor não for exigido como resultado preciso, mas apenas como uma anotação, o que poderia ser errado pode não necessariamente sê-lo (apesar dos números serem absolutos).

O fato comum é que a contagem do tempo (mas não precisamente dos dias) se inicia somente no 1o Dia, com o início da

movimentação da luz. Ao ajuste no entendimento da compreensão do tempo podemos somar outros fatos que nos auxiliarão a perceber os Seis Dias da Criação não como sendo dentro de nossa percepção temporal de 24 horas.

Compreendendo melhor os “longos” Dias

1o) Provas científicas: A terra passou por transformações, em sua

estrutura geológica, de milhões de anos. Somente de mudança de pólos foram 400. Foram encontrados milhares de fósseis muito anteriores aos 5761 anos da interpretação literal, inclusive de espécies extintas.

2o) Yom: A palavra “dias” a que se refere a Criação, no original

hebraico é yom (

~wy

), palavra esta que tem um sentido muito mais amplo que um período de 24 horas, podendo significar períodos de tempo, o que faz com que, por exemplo, as datações dos fósseis não sejam contraditórias ao período da Criação. Um exemplo do emprego desta palavra para definir um período maior que 24 horas está em Provérbios:

“Como o frescor da neve no tempo (yom,

~wy

) da ceifa” (Pv 25.13)

3o) A duração do 3o Dia: No 3o Dia, as árvores criadas cresceram da

semente até darem frutos e produzirem sementes segundo a sua espécie (Gn 1.12), num processo que, se naturalmente, duraria meses ou até anos, considerando algumas espécies de árvores. 4o) A dependência do sol para contar a duração do Dia: Sabemos

que só podemos contar a duração do Dia por causa do sol. A pergunta é: como se pode contar os três primeiros dias se o sol somente apareceu no 4o Dia? Como dissera Agostinho, “vemos que

os dias conhecidos não têm tarde, senão em relação ao pôr do sol; nem manhã, senão em relação com seu nascimento. Pois bem, os três primeiros dias transcorrem sem sol ...” (Cidade de Deus, livro XI, cap.VI e VII).

5o) O trabalho de Adão: No 6o Dia, Adão foi criado, deu nome a

todos os animais, e ainda passou por uma cirurgia; fatos estes que dificilmente aconteceriam em um período de 24 horas.

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6o) “Houve tarde e manhã”: Em todos os dias criativos lemos a

seguinte frase (que não se encontra no Sétimo Dia):

~wy rqb

rqb

rqb

rqbÄyhyw br[

br[

br[Äyhyw

br[

(wa-yhy erev wa-yhy boqer yom ...)

Lit.: “e houve tarde e houve manhã dia ...”

Para alguns, a despeito de tudo que se tem exposto, é a base bíblica para dias de 24 horas. Antes de analisar o hebraico, faz-se importante reparar que o conceito judaico de Dia era que o este começava à tarde (ao pôr-do-sol). Quando, por exemplo, Deus fala sobre o Yom Kippur (o Dia da Expiação, para o povo judeu) diz:

“... duma tarde (erev) a outra tarde (erev), celebrareis o vosso sábado” (Lv 23.32).

Essa é a visão judaica para o Dia integral. Quando, porém, nos reportamos a Gênesis 1, estamos falando de um período onde nem a Terra existia, nem mesmo quando passou a existir, tinha-se condições de medir o tempo sem a presença do sol, que seria visto somente no 4o Dia. Por isso, temos o registro de comentários como

o do rabino Onkelos, que viveu por volta do ano 200 d.C., que em sua Tradução da Torá, ao chegar ao versículo 31, ao invés de escrever “houve tarde e manhã, o sexto dia”, traduziu “e eis que era uma ordem unificada”. Onkelos já percebera a relação das palavras utilizadas como um período muito maior em cada Dia.

Note que, quando o sol aparece no 4o Dia, as tardes e

manhãs já existiam. O próprio Gênesis confirma isto:

“... Haja luzeiros ... para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles ... para dias e anos ... Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite ...” (Gn 1.14-19)

Entendendo isso, vale a pena considerar o que significava, de fato, os termos tardes e manhãs, cujas palavras não se limitam à noção clássica do tempo:

(a) A palavra hebraica que aqui se traduz por “tarde” é erev (

br[

). Erev indica muito mais que o pôr-do-sol; significa “misturado, confuso, desordenado”. É exatamente essa mistura entre dia e noite que se nota no pôr-do-sol. (b) A palavra hebraica que se traduz nesses textos de Gênesis

1, como “manhã” é boqer (

rqb

). Boqer também encerra uma idéia mais ampla, significando o oposto de erev: “capaz de ser distinguido, discernível, ordenado”.

É assim que, entre aquilo que o Espírito Santo revelou e a tinta que saiu da pena do autor, se pode observar. Uma vez que o tempo não é único nem absoluto, e sim o produto de movimento, ele pode ser contabilizado de maneiras diferentes. A cada finalização de um período da Criação o autor escrevia algo como “e o segundo dia se passou de uma situação confusa para uma situação ordenada” e não exatamente “e após o pôr-do-sol terminou a obra no segundo dia”.

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7o) O descanso contínuo de Deus: No 7o Dia, Deus descansou (Gn

2.2) mas, a Bíblia diz que ainda está no seu descanso (Hb 4.4), portanto, aquele Dia já tem milhares de anos.

Assim, não temos nenhum problema em reconhecer que o mundo tem cerca de 4,5 bilhões de anos, e o Universo 15 bilhões, apesar de que cremos que Deus não teria nenhum problema em criar todas as coisas em 6 dias de 24 horas, ou mesmo em menos de um milésimo de segundo. Por isso, é reconhecido o período da Criação como sendo composto de seis grandes períodos de tempo (Seis Dias) que culminaram na criação de Adão e Eva.

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Terceira parte

A Terra “Original”

O Mundo Espiritual

A Terra sob juízo

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A Criação da Terra “Original”

A idade e a forma da Terra

Há aproximadamente 4,5 bilhões de anos, Deus cria a terra. Entre a criação “dos céus” e a criação “da terra” existe um fosso de 10 bilhões de anos, contidos no mesmo versículo primeiro de Gênesis. Por causa dos movimentos rotacionais advindos da explosão (Big Bang) que expandiu o Universo e motivados pela gravidade que atraía as poeiras cósmicas para junto de cada centro gravitacional, a Terra, como todos os demais astros, é redonda. É de entendimento geral que o grego Eratóstenes foi o primeiro a chegar a tal conclusão (em 250 a.C.), mas a ciência só pôde confirmar isso na viagem de circunavegação pela Terra de Fernão de Magalhães, entre 1519 e 1522. O registro bíblico se antecipara em sua revelação, relatando 750 anos a.C. que a terra era, de fato, redonda:

“Ele é o que está assentado sobre a redondeza da Terra” (Is 40.22)

O interior da terra é de fogo

Fiz questão de colocar este ponto pois isso irá nos auxiliar no entendimento dos 4 primeiros dias da Criação. Como vimos, o Átomo Primordial, após uma sequência de explosões de alta temperatura, fez com que o Universo se expandisse. Bilhões de estrelas, compostas quase que unicamente pela junção de

Hidrogênio e Hélio, foram criadas, dentre as quais nosso Sol. Os planetas tiveram estruturas diferentes, com gases distintos, formando os planetas. Com a Terra não seria tão diferente. O interior dela é revolvido de ferro e níquel derretidos, que poderiamos dizer ser composta de algo como fogo. Entendendo isso você poderá entender a ausência da luz no 1o Dia.

Com o desenvolvimento da geologia é que se pode concluir, com maior eficiência, da existência de três camadas concêntricas na terra: a Crosta (que vai do solo até 90 quilômetros abaixo, tendo 3 tipos de rochas), o Manto (camada pastosa com 2.900 quilômetros de espessura, cuja temperatura vai de 870o C

junto à Crosta a 2.200o C junto ao Núcleo), e o Núcleo, constituído

de ferro e níquel derretidos em fogo, cuja temperatura vai de 2.200o

C (junto ao Manto) a – é o que se estima – 5.000o C nas regiões mais

profundas (o ponto central da terra fica a 6.500 quilômetros da superfície). Jó, provavelmente sem ter noção destes dados, registrou que:

“da terra procede o pão, mas em baixo é revolvida como por fogo” (Jó 28.5)

A Terra (original) é formada

Talvez gere algum incômodo adicional o vocábulo “original” à criação da Terra. Por que “original”? Existem detalhes bíblicos que não devem ser ignorados, sob a pena de não entendermos a verdade revelada. Normalmente, muitos se acostumaram a entender que a revelação (apesar de gradual e

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constante) também foi uniforme em sua cronologia de acordo com a estrutura que vemos nos índices de nossas Bíblias quando na verdade não foi. Há relatos sobre a Criação que se encontram em outros livros da Bíblia bem posteriores à escrituração do Gênesis, e é essa a chave que jamais podemos perder ao estudar a Bíblia. A Bíblia mostra que a Terra, quando criada por Deus no princípio, não tinha a mesma configuração da Terra na época em que Adão foi criado. Houve mudanças. Vejamos a revelação bíblica sobre o estado “original” da Terra:

“Porque assim diz o Senhor que criou os céus, o único Deus, que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não a fez para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor e não há outro” (Is 45.18)

A Terra (original) é formada

Diferentemente do que encontramos em Gênesis 1.2, vemos que a Terra foi feita “habitável”, e especifica que não foi feita para ser um ermo, um vazio (“não caótica”). Por que então a encontramos sem forma e vazia, estando sob trevas? A resposta é muito óbvia: se não foi feita para ser caótica mas assim se encontrara, é porque tal caos se instalara, uma vez que Deus a criou não para estar neste estado, mas para “ser habitada” (v.18). A conclusão é que se tratam de dois períodos distintos da Terra. Vejamos o que motivou a terra a entrar neste estado inabitável e deformado.

O primeiro Éden

Como vimos em Isaías, Deus criara uma Terra perfeita e foi feita, de acordo com o mesmo texto, para ser habitada. Cabe-nos questionar se a Terra habitável teria sido povoada antes de se tornar sem forma e sem vida, limitando então a presença do Espírito de Deus. Para isso teremos que recorrer à revelação bíblica:

“Estavas no Éden, jardim de Deus; de todas as pedras preciosas te cobrias ... Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti” (Ez 28.13-15)

Aqui começamos a ter noção sobre os habitantes que antecederam a humanidade na Terra: os anjos. A Bíblia diz em meio a profecia a um rei, que Lúcifer, então querubim da guarda:

(a) “Andava” na Terra – precisamente no Éden; (b) “Permanecia” no monte santo de Deus.

Esses dois verbos mostram que a Terra era não somente habitável, mas também era “habitada”. Eventos, porém, ocorreram entre o final de Gn 1.1 e o início de Gn 1.2 que fizeram a Terra ser deformada. A Terra “Original” foi criada por Deus para ser habitada pelas suas criaturas – como vimos nos versículos acima – antes que o pecado entrasse no universo espiritual de Deus. O que ocorreu?

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A Rebelião de Lúcifer, os habitantes da Terra, e a

instalação do Caos na Terra

“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14.12-14)

Habitava Satanás sozinho na Terra, conforme poderíamos concluir após uma leitura imediata do texto de Ezequiel? A resposta é dada através da revelação trazida a Isaías. Existiam “nações” e “congregação” (esta, no singular), ambas influenciadas por Lúcifer. Estas nações e esta congregação, porém, não eram compostas por seres humanos, uma vez que a Bíblia afirma que Adão foi o primeiro homem:

“o primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente ...” (1Co 15.45)

Então, podemos supôr que seriam os anjos que, como Lúcifer, estavam na terra desde sua fundação. O ambiente era perfeito, e havia muita alegria entre aqueles anjos, a quem Deus chama de “filhos de Deus” (Jó 38.4,7). Satanás, convocado à presença de Deus, foi expulso e lançado por terra. Jesus testemunhou aos seus discípulos:

“Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago” (Lc 10.18)

Mas, Satanás não caiu sozinho. Aquelas nações, debilitadas pela influente liderança de Lúcifer, receberam o mesmo castigo dele, conforme registra João, que ao vê-lo como um grande dragão, revelara:

“a sua cauda arrasta a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra ...” (Ap 12.4).

O caos é instalado na Terra, que fica “sem forma e vazia”, “inabitável”. Satanás é “despejado” da presença de Deus, e a Terra começa a sofrer por milhões e milhões de anos.

Satanás e suas hostes ficam sem morada certa, passando a ser conhecido como

“... o príncipe da potestade do ar ...” (Ef 2.2).

A Terra “sem forma e vazia” (Gn 1.2)

“A terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1.2)

Diferentemente do que encontramos nos textos de Isaías 45.18 e Provérbios 8.31, a Terra neste versículo 2 se encontrava deformada e não habitada. Seu estado neste texto era de

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submersão total sob a água, e completamente isolada da luz. A Terra caíra sob juízo. Neste período com duração de milhões de anos, ocorreram praticamente todas as eras geológicas conhecidas. Hoje sabemos, por exemplo, que a terra mudou de pólo mais de 400 vezes. Neste período posterior à Terra habitável que lemos, a terra passaria por mudanças destrutivas muito bruscas durante um grande espaço de tempo. Apesar do que possa aparecer, Deus não abandonou seu projeto inicial, mantendo firme o seu plano, e a presença do Espírito Santo se notava pairando sobre as águas.

A Terra sob juízo

“Porque assim diz o Senhor que criou os céus, o único Deus, que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não a fez para ser um caos (tohu,

wht

), mas para ser habitada ... A terra, porém, era sem forma (tohu,

wht

) e vazia (bohu,

whb

)” (Is 45.18; Gn 1.2)

Juntei propositalmente os textos que mostram dois estágios do estado da Terra, e que citam igualmente a palavra tohu. A tradução para tohu é “espaço vazio, sem forma, deserto, vacuidade”, e para bohu é “vazio, ermo”. A definição exata da tradução depende do contexto de cada frase. Um fato, porém, deve ser destacado: esta situação que os gregos, tempos depois, denominariam caos (palavra esta que se incluiu na tradução do português), pode ser executada por uma intervenção direta de Deus, não se limitando ao período inicial da Criação, mas se estendendo também nos tempos da humanidade na Terra. Jeremias, por exemplo, utiliza as mesmas palavras para mostrar um julgamento de Deus ao seu povo que se inclinara novamente à

idolatria: Judá voltou à condição tohu va bohu através da invasão babilônica:

“Deveras, o meu povo está louco, já não me conhece ... Olhei para a terra, e ei-la sem forma (tohu,

wht

) e vazia (bohu,

whb

); para os céus, e não tinham luz. Olhei para os montes, e eis que tremiam, e todos os outeiros estremeciam. Olhei, e eis que não havia homem nenhum, e todas as aves dos céus haviam fugido. Olhei ainda, e eis que a terra fértil era um deserto, e todas as suas cidades estavam derribadas diante do Senhor, diante do furor da sua ira. Pois assim diz o Senhor: Toda a terra será assolada; porém não a consumirei de todo. (Jeremias 4.22-27)

Ao lermos este relato, não há como não nos lembrarmos do início da criação, em Gn 1.2: há escuridão e ausência de habitantes (incluindo animais). O profeta vira que sua terra se tornara um lugar impróprio para habitação, usando as mesma palavras que descreviam o estado caótico da Terra descrito no segundo versículo da Bíblia. Os babilônicos matavam todos os seres que encontravam, e incendiavam todas as casas. No texto de Gênesis, a Terra igualmente passaria a estar imprópria para a habitação, não só do homem como também dos demais seres, com a diferença de que estava coberta de água. Portanto, algo ocorreu para a terra colher o juízo e ficar completamente inabitável.

Só que, em determinado período, Deus suspendeu o seu juízo e a terra começou a ser restaurada. Entremos, enfim, no 1o

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“Disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas. Chamou Deus à luz Dia, e às trevas Noite. Houve tarde e manhã, o primeiro dia” (Gn 1.3-5).

As trevas do Universo foram “criadas”

Antes de falarmos sobre o “haja luz”, que se aplica à Terra, valeria a pena compreender melhor sobre as “trevas” (no sentido não-espiritual). Quando olhamos as estrelas, vemos entre elas enormes espaços. Mas, como vimos pela teoria do Big-Bang, se tudo no Universo é matéria, o que seriam os espaços escuros entre as estrelas? Hoje sabemos que as trevas do universo não são espaços vazios (como normalmente poderiamos supor) mas matéria, sendo denominada (por estudiosos como Vera Rubin e Arthur Stanley Eddington), como “matéria escura”. Por isso, como alega Rubin, as galáxias não giram como um conjunto complexo de estrelas individuais e livres. Essa “matéria escura”, com massa ainda não compreendida, é que tem mantido as galáxias em suas posições, pela gravidade da matéria que as envolve. A Bíblia, de forma muito sutil, se anteciparia à ciência e no tempo de Isaías já revelara que as trevas – no sentido espacial – não são mera ausência de luz:

“Eu [Deus] formo a luz, e crio as trevas (hoshek,

$vx

)” (Is 45.7).

A palavra hebraica para definir trevas é hoshek, palavra esta que pode significar uma substância. É interessante notar que este versículo mostra que, enquanto Deus forma a luz, Ele cria as trevas. A matéria escura é presente em pelo menos 90% do Universo. Desde o momento do Big Bang foi criada por Deus, incluindo nelas os buracos negros. Portanto, de fato,

“nele foram criadas todas as coisas, as visíveis e as invisíveis ...” (Cl 1.16)

tanto do mundo material quanto do mundo espiritual (conforme dirige a conclusão desse texto). Talvez Isaías não entendesse o que seria criar trevas, apesar de poder supor o que seria criar luz, fato que hoje podemos entender.

Buracos Negros

Uma vez que falamos em separação entre luz e trevas (na Terra), e utilizamos este fato para entender melhor o Universo, podemos avançar um pouco mais para que você entenda melhor sobre a matéria escura. Esqueça a idéia de que os buracos negros são “buracos” e procure, propositalmente, trocar essa palavra por “aspiradores”. Agora imagine um sol, dez vezes maior que o nosso e totalmente apagado. Conseguiu? Isso é um buraco negro: uma estrela com grande quantidade de massa cuja gravidade atrai qualquer coisa próxima para dentro de si – como se aspirasse tudo ao redor. Chama-se buraco negro exatamente porque até os fótons (a luz) são atraídos para seu centro. Nada escapa. Portanto, o buraco

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negro é matéria, tem sua própria gravidade e tal treva foi criada por Deus, como observamos no registro de Isaías.

“Haja Luz”: A luz não foi criada neste 1

o

Dia

“Disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas. Chamou Deus à luz Dia, e às trevas Noite. Houve tarde e manhã, o primeiro dia” (Gn 1.3-5)

Entremos no texto de Gn 1.3-5, que trata do início da luz na Terra. Ao contrário do que poderíamos antecipar quanto à luz, esta não é criada no 1o Dia. Não encontramos no texto o verbo

“criar” nem o verbo “fazer”, mas o verbo “haver”, o que indica a criação da luz no início, quando criou “os céus” (o Universo), através da expansão da matéria que iria gerar bilhões de estrelas, dentre elas o Sol.

Um detalhe interessante é que a palavra que aqui emprega “luz” é `or (

rwa

), termo cuja tradução indica as ondas inicias de energia luminosa (os luzeiros que são vistos no 4o Dia são ma`or).

Quanto ao porquê de haver luz nesse dia se o Sol já tinha sido formado ao criar “os céus”, devemos procurar olhar por onde o Espírito Santo – que revelou a Palavra – olhou: “de baixo pra cima” (da face das águas para o céu). Isso auxiliará nossa compreensão para entendermos o que ocorrera.

A Atmosfera opaca não permite a luz entrar

A Terra, como vimos, sofrera imensas transformações. As mudanças de pólos que ocorreram por mais de 400 vezes indicam um período não somente longo como também brusco na estrutura da Terra. Sua superfície estava completamente coberta de água (“O Espírito de Deus pairava sobre as águas” - Gn 1.2). A cada mudança a água abundante, em contato com as explosões vulcânicas que saiam das fendas geológicas submersas, provocava como reação imediata excesso de gases e vapores, produzidos pelos choques imensos de temperatura (observe imagens do contato das lavas vulcânicas com a água e tenha uma idéia). Estes vapores oriundos dos grandes choques térmicos que eram constantes faziam com que a atmosfera fosse completamente opaca. Com isso, nada se podia ver, nem o Sol e as demais estrelas dos céus, criados anteriormente, nem mesmo as águas, uma vez que não havia entrada de luz. A escuridão era completa.

A Atmosfera, agora translúcida, já permite a luz entrar

Neste período, iniciado no 1o Dia, Deus começa a mudar a

configuração vigente através de uma intervenção direta. Pelo poder de sua Palavra ordena que a luz “penetre” na Terra (procure sempre ver “de baixo para cima”). A Terra começara a entrar em um processo de resfriamento e estabilização. As explosões já não tinham a mesma constância, uma vez que várias fendas começaram a se cauterizar. Com a queda da pressão produzida pela diminução dos choques de temperatura, os vapores diminuiram consideravelmente. Neste 1o Dia ainda não era possível ver o sol, pois esse processo

de resfriamento e estabilização duraria bilhões de anos (neste 1o

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luz e as trevas” (v.4), pois a atmosfera já não estava opaca, mas translúcida (apesar de ainda não transparente). Para exemplificar, seria como nos dias nublados quando podemos ver a claridade, apesar de não se poder ver o Sol.

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O 2

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Dia

“E disse Deus: Haja firmamento no meio das águas,e separação entre águas e águas. Fez, pois, Deus o firmamento, e separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas sobre o firmamento. E assim se fez. E chamou Deus ao firmamento Céus. Houve tarde e manhã, o segundo dia” (Gn 1.6-8)

A Atmosfera vai se estabilizando

Deus, ao criar a terra na seqüência posterior à criação dos céus, fez algo diferente para que viesse a existir vida. Após a explosão que criou os céus, as poeiras cósmicas lançadas por causa da grande força gravitacional existente estavam se colidindo e, por isso, violentas reações químicas foram gerando calor, aumentando a massa da terra e sua gravidade, atraindo mais poeira cósmica. Essa massa ficou tão aquecida que começou a liberar gases que, por causa da gravidade, acabaram ficando retidos. Em sua obra perfeita, Deus faz com que esse gás retido se torne um isolante térmico e acústico do espaço sideral, permitindo que elementos menos densos possam se estabelecer na terra. A esse gás chamamos de “atmosfera”. Lembre-se que estamos em um período diferente do que antes apenas refletia a conseqüência da mistura de vapores e gases. O período de resfriamento estava terminando na terra, mas ainda não havia condição de existir vida, apesar da luz já estar penetrando na atmosfera (o que já permitiria a fotossíntese), isso

porque o estado gasoso da água era muito denso (note que ainda não se podia ver o sol nem as demais estrelas, o que só ocorreria no 4o Dia).

O Firmamento

Deus faz com que a atmosfera deixe a luz entrar, mas mantenha a radiação ultravioleta afastada, através de um “escudo” que proteja sua criação das constantes chuvas de radiação cósmica. Essa camada composta por ozônio (e hoje felizmente tão comentada) é outro detalhe de Deus para o seu cuidado com a criação. Note o detalhe da perfeição: a relação da atmosfera com o tamanho da Terra é o mesmo que a espessura da casca da maçã com o seu tamanho restante. Deus cria esse “detalhe” para permitir a existência de vida na terra.

Mas o que seria o firmamento, termo esse que não usamos senão ao ler a Bíblia? Voltemos ao texto.

“E disse Deus: Haja firmamento no meio das águas,e separação entre águas e águas. Fez, pois, Deus o firmamento, e separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas sobre o firmamento. E assim se fez. E chamou Deus ao firmamento (

[yqr

) Céus (

~ymv

). Houve tarde e manhã, o segundo dia” (Gn 1.6-8)

O próprio texto responde dizendo que o firmamento foi denominado como “céus”, mas no hebraico (assim como em outros idiomas) encontramos duas palavras: firmamento (raqiah,

[yqr

) e céus (shamaim,

~ymv

). Portanto, são diferentes. Primeiramente,

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porque céus, no hebraico, tem uma tradução muito ampla, denominando inclusive o Universo. Depois, porque Deus fez o firmamento “entre as águas”. Portanto, é um “tipo” de céu entre as nuvens e o mar. Deus já se antecipara à nomenclatura atual que distingue os “tipos” de céu que compõe a terra:

(a) Troposfera (onde vivemos. É “o firmamento no meio das águas”, onde há vida biológica)

(b) Estratosfera (nosso “cobertor”)

(c) Mesosfera (a fronteira com o espaço, que se encontra “acima das águas”)

O peso do ar (pressão atmosférica)

A riqueza dos detalhes da criação nos mosta quão perfeita é a obra do Criador, escondidas como tesouros na Bíblia, a Palavra de Deus. Um outro exemplo, ainda falando sobre o firmamento, é que somente no século XVII a ciência começou a entender o peso do ar. Em 1602 Galileu Galilei começou a fazer estudos sobre as leis da queda dos corpos e a oscilação. Depois de mais de 40 anos (em 1648) o italiano Evangelista Torricelli inventou o Barômetro; e que em 1654 Blaise Pascal provou matematicamente a existência da Pressão Atmosférica. Jó, milhares de anos anos, já registrara:

“Quando regulou o peso do vento” (Jó 28.25).

A separação das águas

Deus novamente intervém de maneira direta (“Haja ... separação entre águas e águas”, Gn 1.6), e se inicia tal processo. As águas em seu estado líquido começam a ser atraídas pela gravidade da Terra, separando-se das nuvens definidas no processo de evaporação. Este agora era possível não apenas pelo calor direto do choque das águas com as lavas, mas principalmente por causa do calor da luz, que já estava penetrando na Terra. Tal evaporação, muito menos intensa, formaria nuvens que pela sua formação seriam menos atraídas para o solo, estando bem acima de onde se estabeleceria a Terra e a subseqüente vida.

Neste período Deus já estava preparando a Terra para a existência da vida biológica. Sabemos que sem água no estado líquido não há possibilidade de existir vida. Deus, portanto, ao preparar os mares e as fontes de água, detalhou que a água se mantivesse em uma limitada faixa de temperatura (entre 0o C e 100o

C) para dar prosseguimento, a sua criação, pois em temperaturas maiores ou menores a água deixa seu estado líquido e transforma-se em gasoso ou em sólido. A Terra está sendo preparada para a humanidade.

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Primeira parte

Referências

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