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‘Opção técnica’, novo ministro do
Esporte diz estar imune à crise
O F E R E C I M E N T OQ U I N TA - F E I R A , 3 1 D E M A R Ç O D E 2 0 1 6
R$ 72 mi
foi o déficit acumulado do São
Paulo em 2015; o valor é menor
do que o de 2014 (R$ 98 mi)
N Ú M E R O D O D I A
E D I Ç Ã O • 4 7 2
POR ADALBERTO LEISTER FILHO
Confirmado pela presidente Dil-ma Roussef como novo ministro do Esporte, Ricardo Leyser, 45, do PCdoB, afirma que a pasta está imune à crise política, pelo fato de ter sido adotada uma “opção técnica” para o comando.
Ele assume no lugar de George Hilton, que deixou o ministério após o PRB, seu partido, deixar a base governista. Nem mesmo uma mudança de partido foi sufi-ciente para mantê-lo no cargo.
Integrante da pasta desde a sua criação, em 2003, Leyser já foi se-cretário nacional de Esporte Edu-cacional e secretário-executivo do ministério. Desde novembro, era secretário nacional de Alto Rendimento. Sua nomeação deve sair hoje no Diário Oficial.
Ontem, Leyser concedeu entre-vista exclusiva à Máquina do Es-porte. Leia os principais trechos: Máquina do Esporte: Como veio o convite para ser ministro?
Ricardo Leyser: Eu já tinha sido convidado pela presiden-te. Conversamos ontem sobre
isso. É uma honra, mas lamento perder também um compa-nheiro de trabalho [George Hilton], que estava bem integra-do ao ministério.
ME: O sr. teme que possa ter uma ges-tão curta por conta da possibilidade de impeachment?
RL: A presidente fez neste momento uma opção técnica, o que me deixa um pouco fora do deba-te político que
vive-mos hoje no Brasil. Montarei uma equipe técnica para a preparação dos Jogos Olímpicos. A con-quista olímpica não é um projeto deste governo. É de uma nação. As candidaturas brasileiras estive-ram a cargo de vários partidos e dirigentes. Desde Paulo Octavio [responsável pela candidatura de Brasília-2000, durante o governo Collor], passando pelo prefeito
Cesar Maia [candidatura do Rio-2012] passando pela parceria de Lula com Sérgio Cabral [2016].
ME: Os novos secretários já foram definidos?
RL: Vou tomar posse e pedir uma avaliação das áreas. Estava muito focado na entrega das Olimpíadas. A gente vai trazer quatro técnicos, independen-temente de filiação partidária (continua na próxima página).
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A realização de atentados terroristas nos Jogos do Rio é uma “ameaça real”, na visão do novo ministro do Esporte, Ricar-do Leyser. Na segunda parte da entrevista com o ministro, ele fala sobre a reta final de preparação do Brasil para as Olimpíadas. E o legado do evento ao país.
ME: Como está a preparação para a Olimpíada do Rio?
RL: É o momento de pressão máxima. Houve mudança de perspectiva porque 90% das obras estão finalizadas. Uma ou outra questão precisa ser resolvi-da: Velódromo, obras em Deodo-ro. A partir de agora, deixamos de lidar com os grandes proble-mas e passamos a tratar, junta-mente com a Casa Civil, de milha-res de pequenos problemas.
ME: Como o governo vai lidar com o problema do zika?
RL: Acho que o governo bra-sileiro se saiu muito bem nesta questão, usando transparência. Houve uma comunicação muito boa com o exterior. Houve uma reação grande no início, mas agora, pelo que se percebe em conversas com federações inter-nacionais e COI, isso já está con-trolado, medidas foram tomadas. Não é uma crise, como ameaçou.
ME: E a questão da segurança, especialmente após os atenta-dos em Paris e Bruxelas?
RL: É uma questão crítica. A
gente tem visto uma mudança de lógica nesses atentados, o que obviamente preo-cupa. O Brasil não tem tradição de lidar com esse problema. É uma ameaça real que o país precisa se acos-tumar a lidar. É uma preocupação muito forte da Polícia Fede-ral e da Abin, com a cooperação dos ór-gãos internacionais de
inteligência até o último dia dos Jogos. Desde o Pan a gente tem a tradição de trabalhar com as forças internacionais. O Brasil não é alvo do terrorismo. Mas houve uma transformação no terrorismo. Esses atentados em Paris e na Bélgica não estavam vinculados a nenhum grande evento e aconte-ceram. Obviamente isso aumenta o risco de acontecer algo aqui.
ME: A cinco meses dos Jogos, como está a expectativa de cum-prir a meta de colocar o Brasil no top 10 do quadro de medalhas?
RL: Foi uma proposta do Ministério do Esporte que pas-sássemos a trabalhar com metas. Consideramos que como esta-mos entre as dez principais eco-nomias do planeta, poderíamos ser top 10 na Olimpíada. Há dois requisitos. Precisamos nos prepa-rar bem. E outra questão é que
mesmo assim, os outros países podem ter se preparado melhor. O Tiago Pereira é um excelente nadador mas é da mesma gera-ção do Michael Phelps, fenôme-no que não surge a toda hora.
ME: Qual é o legado que o sr. espera dos Jogos para o Brasil?
RL: Teremos uma infraestrutura esportiva renovada e a elevação do nível técnico da maioria das modalidades, o que é um lega-do. Na avaliação do ministério é possível continuar trabalhando nesta toada para 2020. Em Tó-quio chegaremos depois de um ciclo de seis, sete anos de traba-lho mais consistente. Com nossa infraestrutura poderemos sediar Mundiais de natação, atletismo, Pan-Americano, Sul-Americano. Podemos aproveitar essa estru-tura para gerar renda ao povo. Os Jogos também podem trazer legado ao turismo e à economia.
POR ADALBERTO LEISTER FILHO
Atentados terroristas são
‘ameaça real’ para Jogos
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POR DUDA LOPES
Diretor de Novos Negócios da Máquina do Esporte
Nem tudo é tragédia na vida da
seleção, desde que o momento seja
devidamente aproveitado. A fase em
campo nunca foi tão ruim, com
der-rotas vexatórias. Mas as altas
audi-ências na TV provam que o
interes-se do torcedor pelo time cresceu.
E não há nada de estranho nisso.
Há uma clara diferença entre o
torcedor que sempre ganha e o
tor-cedor que ganha esporadicamente: o
segundo sempre vibra mais. Sofrer
nunca fez parte da vida do brasileiro
quando se tratava de seleção
brasi-leira. Pois agora faz, e isso torna o
time mais humano, mais próximo.
Não faltam exemplos disso no
mundo do futebol. No Brasil, talvez
o mais famoso seja o jejum
corintia-no. Sem títulos por 23 anos, a
torci-da cresceu e estabeleceu a identitorci-da-
identida-de identida-de “sofredor” carregada até hoje,
mesmo que em campo isso não faça
muito sentido há muito tempo.
Talvez a seleção brasileira
preci-se sofrer um pouco para valorizar
conquistas futuras. No jogo contra
o Paraguai, pude ouvir um grito na
janela em comemoração ao segundo
gol. Honestamente, não me
lembra-va de uma celebração desse tipo fora
do período da Copa do Mundo.
Para o mundo dos negócios, o que
vale é a lembrança: a seleção
brasi-leira pode deixar de ser um produto
interessante pela sua má gestão. A
CBF tem uma série de notáveis
pro-blemas extracampo, e é natural que
as marcas se assustem com isso.
No entanto, derrotas por si só não
devem jamais desvaloriza-la. Elas
fazem parte do esporte e da vida.
Fazem do “vencer” uma experiência
mais apreciada, mais inesquecível.
A crise pode fazer bem à seleção.
Crise inédita pode ter efeito
positivo para seleção brasileira
ESPN lança ‘fantasy game’ de surfe para
aproveitar boa fase de brasileiros
POR REDAÇÃO
A ESPN lançou um ‘fantasy game’ de surfe, em plataforma com uma série de conteúdo sobre a modalidade. O plano da emissora é fortalecer o elo com o esporte, que tem ganhado destaque no país após as boas
tem-poradas de atletas brasilei-ros como Gabriel Medina.
‘Fantasy Game’ faz su-cesso em esportes coleti-vos. Normalmente, o tor-cedor faz a escalação ideal de uma equipe e aguarda o desempenho dos atletas em uma rodada de um determinado campeonato.
No caso do aplicativo da ESPN, o desafio será escolher os melhores surfistas de cada etapa do circuito mundial. Os 36 melhores colocados vão ganhar uma série de prêmios, entre camisa,
bermudas e itens relacionados ao surfe.
Segundo a ESPN, que transmite todas as eta-pas do circuito mundial de surfe, o fã da moda-lidade é mais conectado que a média. Um dos exemplos citados é que 30% dos seguidores da emissora no Facebook divulgam ter interesse pelo esporte.
No aplicativo, haverá no-tícias publicadas pelo jorna-lismo da ESPN, com fotos e vídeos. Além disso, haverá dicas de surfe e alertas que avisarão quando um brasilei-ro está competindo.
Os internautas também podem assistir às pro-vas ao vivo. Para isso, terão que usar a ferramen-ta Watch ESPN, que exibe os outros produtos da emissora e depende de assinatura de TV a cabo.
A Abrarenas, a Associação Bra-sileira de Operadoras e Fornece-dores para Arenas, chegou ao fim nesta semana. A entidade surgiu após a construção dos novos estádios no Brasil com o intuito de unir interesses comuns das empresas que gerem os empre-endimentos recém-construídos.
A ideia da Abrarenas era se tor-nar “um agente efetivo na organi-zação do futebol”, mas uma série de instabilidades fez com que o grupo se dissolvesse até acabar. Marcelo Flores, presidente do Brio, empresa gestora do estádio Beira-Rio, foi o último presidente da Abrarenas. Ele dirigiu o grupo por um ano e, em conversa com a Máquina do Esporte, lamentou o fechamento da associação.
“No último ano, tentamos apro-ximar ainda mais as arenas, mas nos últimos meses faltou adesão dos estádios. Nem mesmo as outras arenas usadas na Copa do Mundo se juntaram. Sem maior
representati-vidade, prefe-rimos fechar a associação”, explicou Flores. Em 2015, ha-via seis arenas com a associa-ção: Arena da Baixada, Arena das Dunas, Are-na do Grêmio, Estádio Beira--Rio, Itaipava
Arena Fonte Nova e Maracanã. No entanto, nos últimos meses as concessionárias tiveram diver-sos problemas. O principal deles foi o envolvimento das construto-ras em escândalos de corrupção. Empresas como Odebretch, OAS e Andrade Gutierrez, que deti-nham o comando dos estádios, foram citadas na Operação Lava--Jato, que colocou seus principais executivos em xeque.
Além disso, a situação
finan-ceira da maior parte das novas arenas sempre foi delicada. Com receitas abaixo do previsto e com altas prestações a serem pagas, a maioria das concessionárias tem acumulado déficits. O cenário até então imprevisto de retração dos espaços acelerou o fim da asso-ciação em tão pouco tempo.
“Talvez no futuro, daqui a uns cinco, dez anos, quando esse mercado estiver mais maduro, nós poderemos retornar com a Abrarenas”, finalizou Flores.
POR DUDA LOPES
Sob instabilidade, associação de
arenas esportivas chega ao fim
Pela segunda vez em 2016, a Globo teve re-corde de audiência com o futebol com a seleção brasileira. Dessa vez o duelo contra o Paraguai rendeu em São Paulo 31 pontos de média, com participação 47% das televisões ligadas. Além de ter sido a maior audiência de um jogo de futebol em 2016, esse também foi o índice mais alto da
seleção brasileira nas eliminatórias da Copa-2018. No Rio de Janeiro, não houve recorde das eli-minatórias. Por ora, Brasil x Peru, com 32 pontos, permanece no topo. Mas, com 29 pontos de média, a partida igualou a mais alta audiência do futebol em 2016. O índice foi o mesmo do apre-sentado em Brasil x Uruguai, na última sexta-feira.