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Janaina Ohlweiler Milani/UFGD. História da Educação Pôster

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Academic year: 2021

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Escolar na Unidade Educacional de Internação Laranja Doce – Dourados/MS (1990 a 2015)

Janaina Ohlweiler Milani/UFGD

História da Educação Pôster

Resumo: O presente projeto de pesquisa insere-se no campo de estudos sobre história da educação e instituições educativas e objetiva conhecer e analisar a oferta de educação formal destinada a jovens em conflito com a lei e que foram segregados para cumprimento de medida socioeducativa na Unidade Educacional de Internação Laranja Doce, no município de Dourados/MS, no recorte temporal de 1990 a 2015. Como metodologia para o desenvolvimento da presente pesquisa será adotada a perspectiva foucaultiana, serão utilizadas para coleta de dados fontes documentais, proposta pedagógica, como jornais em circulação, atas da escola, documentação dos matriculados, escrituração, planos de aula, legislação das secretarias envolvidas (Educação ou da Secretaria de Segurança Pública), além de fontes imagéticas disponíveis e orais (educadores, gestores e jovens internos); além disso, a pesquisa usará as entrevistas com os gestores da Unidade de Internação Educacional, com os alunos (adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de internação), com os professores/educadores que ministram as aulas nesta escola, a fim de que a memória dos entrevistados possa contribuir para compreendermos como se dá esta educação no interior das muralhas da internação. Espera-se, por intermédio da pesquisa, compreender a como é a história da educação ofertada para adolescentes privados de sua liberdade, na Unidade Educacional de Internação Laranja Doce, no município de Dourados, Mato Grosso do Sul, bem como compreender como estes jovens recebem e percebem esta educação a eles ofertada. Ademais, pretende-se divulgar os resultados da pesquisa por meio de comunicações orais, apresentadas em eventos locais, regionais e nacionais, e publicação de artigo em periódico da área

Palavras-chave: história da educação; instituições educativas; Michel Foucault; medida socioeducativa, privação de liberdade

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Introdução

O presente projeto de pesquisa insere-se no campo de estudos sobre história da educação e instituições educativas e objetiva conhecer e analisar a oferta de educação formal destinada a jovens em conflito com a lei e que foram segregados para cumprimento de medida socioeducativa na Unidade Educacional de Internação Laranja Doce, no município de Dourados/MS, no recorte temporal de 1990 a 2015.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069/90, promulgado em 13 de julho de 1990, foi considerado internacionalmente como uma significativa evolução no meio jurídico, pois abandonava-se a doutrina do “menor” em situação irregular presente no Código de Menores de 1979 e partia-se para a doutrina de “proteção integral à criança e ao adolescente”. Segundo Veronese (2005) foi a partir da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, aprovada pela ONU em 1989, e ratificada no Brasil, que a criança e o adolescente passam a ser encarados como “sujeitos de direitos e garantias”. Assim, com o discurso da proteção integral da criança e do adolescente, não só a legislação, mas o poder público começou a enxergar esses “meninos” como sujeitos de direitos e não mais como “menores infratores”, como eram vistos anteriormente em conformidade com o Código de 1979. Com o ECA, o adolescente em conflito com a lei não comete crime ou contravenção penal, mas sim, “ato infracional” e dizem os juristas:

[...] esta terminologia própria não se trata de mero “eufemismo”, mas sim deve ser encarada com uma norma especial do Direito da Criança e do Adolescente, que com esta designação diferenciada procura enaltecer o caráter extrapenal da matéria, assim como do atendimento a ser prestado em especial ao adolescente em conflito com a lei. (DIGIÁCOMO, 2013, p.155).

No entanto, o Artigo nº 112 do ECA estabelece que verificada a prática de “ato infracional”, poderá a autoridade competente aplicar ao adolescente medidas socioeducativas, tais como a advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, inserção em regime de semiliberdade, internação em estabelecimento educacional. Além disso, afirma o Estatuto que a medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias

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e a gravidade da infração e em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado. Segundo Digiácomo (2013) as medidas socioeducativas são destinadas apenas a adolescentes acusados da prática de atos infracionais, e, embora pertençam ao gênero "sanção estatal" (decorrentes da não conformidade da conduta do adolescente a uma norma penal proibitiva ou impositiva), não podem ser confundidas ou encaradas como penas, pois têm natureza jurídica e finalidade diversas. Desse modo, enquanto as penas possuem um caráter eminentemente retributivo/punitivo, as medidas socioeducativas têm um caráter preponderantemente pedagógico, com preocupação única de educar o adolescente acusado da prática de ato infracional, evitando sua reincidência. Na esteira da proteção integral da criança e do adolescente atualmente o adolescente que comete ato infracional é privado de sua liberdade em uma instituição educacional. E o que seria esta instituição educacional? O que fazem os adolescentes nesta instituição? Existe diferença entre a sanção penal e a medida socioeducativa? O Estatuto não define medida socioeducativa, mas compreende que a melhor forma de intervir junto ao adolescente em conflito com a lei é incidir positivamente na sua formação, servindo-se, para tanto, do processo pedagógico, como um mecanismo efetivo, que possibilite o convívio cidadão do adolescente autor de ato infracional em sua comunidade (VERONESE, 2005, p.113).

Tomando como referência básica ideias e conceitos propostas por Michel Foucault (2014), em “Vigiar e Punir – Nascimento da prisão”, pois é a partir dele que o Autor apresentará os diversos modos como o poder disciplinar atravessa instituições, produzindo sujeitos e utilizando-os como instrumentos de produções de verdades. Em Vigiar e Punir, Foucault (2014) apresenta uma retomada histórica da legislação penal e dos métodos coercitivos e punitivos adotados pelo poder público na repressão da delinquência. Assim, ao estudar as transformações de certas práticas institucionais, o Autor evidencia detalhadamente como os castigos, os suplícios e a violência corporal, passam para o disciplinamento na busca por criação de corpos dóceis e disciplinados: Forma-se então uma política das coerções que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos. O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe. Uma anatomia política, que é também uma mecânica do poder [...] ela define como se pode ter domínio sobre o corpo dos outros... a disciplina fabrica assim corpos

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submissos e exercitados, corpos dóceis. (FOUCAULT, 2014, p.135). Assim, através de práticas disciplinares e de vigilância Foucault aborda o disciplinamento e o panoptismo que seria um dispositivo de controle social e de vigilância. Segundo o Autor, o direito penal na atualidade, não pune crimes, ele pretende readaptar delinquentes [...] existe hoje na justiça moderna e entre aqueles que a distribuem uma vergonha de punir... o essencial é procurar corrigir, reeducar, “curar”; (FOUCAULT, 2014, p.15). Nesses termos, readaptando delinquentes, reinserindo-os na sociedade “dóceis e úteis” os processos jurídicos passam a ser encarados como mais corretos, mais “humanos”. Segundo Foucault (2014), o processo de humanização das sanções, representado pela prisão, tem dois aspectos essenciais: a privação da liberdade como castigo igualitário e a transformação do sujeito. O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA promulgado há mais de quinze anos traz exatamente este enunciado de que Foucault nos fala, ou seja, que o essencial é “corrigir, reeducar e curar”.

Diante do universo das medidas socioeducativas apresentadas pela legislação, o presente projeto de pesquisa privilegiará a medida socioeducativa internação em estabelecimento educacional, por estabelecer uma relação muito próxima ao sistema prisional que o teórico francês nos apresentou e problematizou. Neste contexto, tendo em vista que a disciplina é “[...] entendida tanto como fragmentação, disposição e delimitação de saberes, quanto como conjunto de normas e regras atitudinais, na forma de preceitos explícitos e implícitos” (VEIGA-NETO, 1995, p. 46) este projeto propõe a realização de uma pesquisa que pretende analisar e verificar como funciona a oferta da educação nestas Unidades Educacionais de Internação, tendo em vista que o ECA em seu artigo nº 124 estabelece como direito do adolescente privado de sua liberdade receber escolarização e profissionalização.

Metodologia

Para o desenvolvimento da presente pesquisa será adotada a perspectiva foucaultiana, buscando utilizar o método genealógico, entendido como um modo de pesquisa que busca explicar e evidenciar como as leis, as instituições, os discursos e o

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saber (conhecimento verdadeiro de nossa época) estão imersos em relações de poder específicas.

Serão utilizadas para coleta de dados fontes documentais, proposta pedagógica, como jornais em circulação, atas da escola, documentação dos matriculados, escrituração, planos de aula, legislação das secretarias envolvidas (Educação ou da Secretaria de Segurança Pública), além de fontes imagéticas disponíveis e orais (educadores, gestores e jovens internos) que permitirão uma aproximação não somente do papel da educação mas do que os jovens pensam sobre o processo educativo.

Quanto ao uso das memórias e narrativas, a pesquisa usará as entrevistas com os gestores da Unidade de Internação Educacional, com os alunos (adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de internação), com os professores/educadores que ministram as aulas nesta escola, a fim de que a memória dos entrevistados possa contribuir para compreendermos como se dá esta educação no interior das muralhas da internação.

Resultados e discussão

Espera-se, por intermédio da pesquisa, compreender a como é a história da educação ofertada para adolescentes privados de sua liberdade, na Unidade Educacional de Internação Laranja Doce, no município de Dourados, Mato Grosso do Sul, bem como compreender como estes jovens recebem e percebem esta educação a eles ofertada. Ademais, pretende-se divulgar os resultados da pesquisa por meio de comunicações orais, apresentadas em eventos locais, regionais e nacionais, e publicação de artigo em periódico da área.

Contribuir com a produção de conhecimento científico sobre a história da educação em ambiente fechado do estado de Mato Grosso do Sul, de modo a valorizar as práticas dos sujeitos envolvidos e, em especial, a educação oferecida a adolescentes e jovens submetidos a medidas socioeducativas de internação.

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Referências

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