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Fraturas do capítulo umeral

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Academic year: 2021

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Fraturas do capítulo umeral

Estudo prospectivo de dez casos

*

MARCELO HIDE MATSUMOTO1,FLAVIO FALOPPA2, GILBERTO HIROSHI OHARA3,WALTER MANNA ALBERTONI4, CÉLIO EIJI TOBISAWA5,SILVIA RAMOS MARADEI PEREIRA5, JOÃO EDUARDODOS SANTOS PATO6

* Trab. realiz. na Disc. de Cir. da Mão e Mem. Sup. do Dep. de Ortop. e Traumatol. da Unifesp-Esc. Paul. de Med.

1. Doutor; Respons. pelo Subsetor de Cotovelo da Disc. de Cir. da Mão e Mem. Sup. do Dep. de Ortop. e Traumatol. da Unifesp-EPM.

2. Livre-Doc.; Chefe de Clín. da Disc. de Cir. da Mão e Mem. Sup. do Dep. de Ortop. e Traumatol. da Unifesp-EPM.

3. Doutor em Ortop. e Traumatol. pela Unifesp-EPM.

4. Tit. e Chefe da Disc. de Cir. da Mão e Mem. Sup. do Dep. de Ortop. e Traumatol. da Unifesp-EPM.

5. Resid. do Dep. de Ortop. e Traumatol. da Unifesp- EPM.

6. Méd. da Disc. de Cir. da Mão e Mem. Sup. do Dep. de Ortop. e Trauma-tol. da Unifesp-EPM.

the fragment of the capitellum were treated. All patients were reexamined, presenting functional results that were excel-lent in 8 (80%) of the cases and good in 2 (20%), according to the Mayo Clinic elbow performance index, which analy-zes pain, movement arc and ability to perform some of the basic day-to-day activities.

INTRODUÇÃO

As fraturas isoladas do capítulo umeral são raras(1,5,8,10,16,20, 21,24) e há poucos relatos na literatura. Estima-se que elas ocor-ram em 1% de todas as fraturas do cotovelo(8,23). São fraturas intra-articulares e ocorrem no plano coronal, paralelas à su-perfície anterior do úmero, não envolvendo a metáfise e nem o epicôndilo, mantendo intacta a porção posterior do côndi-lo lateral. Seu desvio é quase sempre ântero-superior(1,5,8,16,18, 21,23).

Hahn(11) foi o primeiro autor a descrever essa lesão em 1853, em autópsia de uma mulher de 63 anos, em que confir-mou que a proeminência palpada na região ântero-superior do cotovelo era o capítulo desviado de sua posição anatômi-ca. Em 1896, Theodor Kocher(17) descreveu uma variação da fratura de capítulo que acometia somente sua porção articu-lar sem envolver a crista lateral da tróclea.

A fratura do capítulo acomete pacientes de qualquer idade e sexo, é extremamente incomum em crianças(1,10,18,20,23). É a única fratura do cotovelo que apresenta prevalência marcan-te no sexo feminino(5,9,10,16,18,23). Pode estar associada a fratu-ra da cabeça do rádio ou a luxação posterior do cotovelo(9,13, 16,18,21,23).

O mecanismo de lesão não é claro. Muitos autores(1,5,9,16,18, 20,21,26,27) concordam em que ela é resultado de um trauma direto na face lateral do cotovelo ou decorrente do choque da cabeça do rádio com o capítulo, na queda com a mão espalmada com o cotovelo em discreta flexão e pronação. Böhler(2) (1930) acredita que essas fraturas só ocorram em pacientes com valgismo aumentado e hiperextensão do co-tovelo.

RESUMO

Os autores apresentam um estudo prospectivo de dez pacientes com fratura isolada do capítulo umeral tratada durante o período de agosto de 1993 a dezembro de 1994. Discutem o mecanismo de trauma, as formas de trata-mento e complicações. Foram tratados sete pacientes com redução aberta mais fixação interna com parafuso de Her-bert e três pacientes com ressecção primária do fragmen-to capitular. Todos foram reexaminados, apresentando re-sultados funcionais estimados como excelentes em oito (80%) pacientes e bons em dois (20%), de acordo com o índice de desempenho do cotovelo da Clínica Mayo, que tem como critérios a análise da dor, estabilidade, arco de movimento e capacitação para algumas atividades bási-cas diárias.

SUMMARY

Humeral capitellum fractures. Prospective study of 10 cases

The authors present a prospective study of 10 patients with isolated fracture of the humeral capitellum, treated from August 1993 to December 1994. The authors discuss the trau-ma mechanism, the treatment procedure, and complications. Seven patients with open reduction plus internal fixation with Herbert screws, and three patients with primary resection of

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M.H. MATSUMOTO, F. FALOPPA, G.H. OHARA, W.M. ALBERTONI, C.E. TOBISAWA, S.R.M. PEREIRA & J.E.S. PATO

Vários autores(1,2,6,7,10,15,20,21) defendem a ressecção primá-ria do fragmento, advogando que a redução aberta é difícil e que perfeita redução anatômica é obrigatória.

A maioria dos autores(5,8,18,22-26,28) prefere o tratamento cruento com osteossíntese através de pinos, grampos, para-fusos e fios.

Em 1957, Jackobsson(14) idealizou uma prótese de cromo, cobalto e molibdênio de substituição do capítulo, com resul-tados inferiores aos dos submetidos a ressecção.

As complicações dessas fraturas são decorrentes de seu manejo. A principal é o déficit no arco de movimento do cotovelo(1,5,8,18,21,23). A instabilidade da articulação é infreqüen-te(1,5,9,23), mesmo associada a lesão do ligamento colateral ul-nar no momento do trauma(5,9,16). A dor e a necrose avascular do fragmento são raras(1,5,16,18,23,26).

O objetivo de nosso trabalho é a apresentação de dez pa-cientes portadores de fratura do capítulo submetidos ao tra-tamento cirúrgico. Avaliamos no pós-operatório a dor, esta-bilidade, arco de movimento e a capacitação para executar atividades básicas da vida diária.

CASUÍSTICA E MÉTODOS

Nossa casuística consiste de dez pacientes portadores de fraturas isoladas do capítulo umeral tratadas no período de O diagnóstico, algumas vezes, não é fácil e essa fratura

pode passar despercebida no primeiro atendimento(1,10,13,21). O quadro clínico é semelhante ao das fraturas da cabeça do rádio, com edema e dor localizada na face lateral do cotove-lo(21,23), sem perda de sua configuração anatômica. Este pode ser confirmado pelo exame radiográfico com pelo menos duas incidências, ântero-posterior e perfil. A fratura é melhor vi-sibilizada na radiografia de perfil do cotovelo(4,13,21,23) (figura 1), podendo passar despercebida nas incidências oblíquas(10). Na incidência em ântero-posterior o traço de fratura forma uma dupla imagem da superfície articular(20,21,24) (figura 2).

O tratamento é controverso, pois a conduta varia desde o conservador até a artroplastia de substituição. O objetivo é obter um arco funcional estável descrito por Morrey & Jupi-ter(23), que aceitam como funcional 90 graus de amplitude de movimento.

O tratamento incruento através da redução fechada apre-senta vários adeptosque indicam esta técnica antes da inter-venção cirúrgica(2,4,9,13,16). Christopher & Bushnell(4), em 1935, publicaram um clássico artigo de redução fechada de fratura de capítulo com sucesso. A manobra consistia na tração lon-gitudinal do antebraço em supinação e compressão posterior aplicado ao fragmento. Relataram 90% de recuperação do arco de movimento. Fig. 1 Radiografia de perfil do cotovelo, mostrando fratura do capítulo com desvio ântero-superior Fig. 2 Radiografia ântero-posterior do cotovelo, mostrando o duplo contorno da superfície articular

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TABELA 1

Idade Sexo Lado Lado Intervalo Classificação Procedimento

em anos dominante acometido entre o da fratura trauma e o

atendimento

1 41 F D E < 2 semanas III Red. aberta + fix. interna com paraf. de Herbert

2 19 F D E > 2 semanas I Ressecção

3 26 F E D < 2 semanas I Red. aberta + fix. interna com paraf. de Herbert

4 13 F D E < 2 semanas I Red. aberta + fix. interna com paraf. de Herbert

5 14 F D E < 2 semanas I Red. aberta + fix. interna com paraf. de Herbert

6 16 M D E < 2 semanas I Red. aberta + fix. interna com paraf. de Herbert

7 52 F D E < 2 semanas I Red. aberta + fix. interna com paraf. de Herbert

8 27 F D E < 2 semanas I Red. aberta + fix. interna com paraf. de Herbert

9 31 M D E > 2 semanas II Ressecção

10 17 M D D > 2 semanas I Ressecção

agosto de 1993 a dezembro de 1994 (tabela 1). A idade va-riou entre 13 e 52 anos, com média de 25,6 anos; a grande maioria estava acima dos 15 anos (80%).

Houve predomínio do sexo feminino (80%) e o lado es-querdo foi acometido em oito (80%) pacientes. O membro dominante era o direito em 90% dos casos. Em todos os pa-cientes foram feitas radiografias do cotovelo afetado em in-cidências ântero-posterior e perfil.

A classificação adotada foi a relatada por Morrey & Jupi-ter(23): tipo I (Hahn-Steinthal): fratura do capítulo associada à porção adjacente da tróclea; tipo II (Kocher-Lorenz):

fra-tura do capítulo puro; tipo III: frafra-tura cominutiva ou com impactação.

Com relação ao tempo decorrido entre o trauma e o trata-mento cirúrgico, consideramos fase aguda quando menor ou igual a duas semanas e tardia a acima de duas semanas. Ob-servamos que sete (70%) pacientes foram tratados na fase aguda.

O tratamento empregado foi redução aberta mais fixação interna com parafusos de Herbert através de uma via lateral em sete (70%) (figuras 3 e 4) pacientes e ressecção do frag-mento por via lateral em três (30%) pacientes.

Fig. 3 Fragmento do capítulo com pequena porção adjacente da tróclea, apresentando desvio ântero-superior Fig. 4 – Via lateral do cotovelo, mostrando fratura cominutiva (tipo III) do capítulo, após redução e fixação

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M.H. MATSUMOTO, F. FALOPPA, G.H. OHARA, W.M. ALBERTONI, C.E. TOBISAWA, S.R.M. PEREIRA & J.E.S. PATO

TABELA 2

Procedimento Arco de movimento do Arco de movimento final Resultado

cotovelo contralateral do cotovelo operado

1 Red. aberta + fix. interna com paraf. de Herbert –10º/130º 10º/100º Bom

2 Ressecção –10º/135º 25º/110º Bom

3 Red. aberta + fix. interna com paraf. de Herbert 0–5º/125º 00º/115º Excelente 4 Red. aberta + fix. interna com paraf. de Herbert –10º/140º 05º/140º Excelente 5 Red. aberta + fix. interna com paraf. de Herbert –10º/140º 00º/140º Excelente 6 Red. aberta + fix. interna com paraf. de Herbert 0–5º/130º 25º/130º Excelente

7 Red. aberta + fix. interna com paraf. de Herbert –10º/130º 45º/120º Bom

8 Red. aberta + fix. interna com paraf. de Herbert 0–5º/135º 70º/135º Bom

9 Ressecção 0–5º/130º 30º/120º Bom

10 Ressecção 0–5º/130º 20º/120º Excelente

Após a cirurgia é confeccionada uma tala gessada axila-punho com 45 graus de flexão do cotovelo, que permanece durante três semanas. No primeiro dia pós-operatório inicia-mos a movimentação ativa e passiva do punho e, a partir do quinto dia, a tala é retirada para realização da movimentação passiva assistida e ativa sem a ação da gravidade no coto-velo.

Para avaliação dos resultados utilizamos o índice de de-sempenho da Clínica Mayo, demonstrado abaixo, que anali-sa dor, estabilidade, arco de movimento e capacidade para executar algumas atividades básicas diárias.

Na avaliação do arco de movimento, usamos o sistema internacional no qual o valor angular 0 é dado para a exten-são total do cotovelo.

Função Pontos Definição (Pontos)

Dor 45 Nenhuma 45

Leve 30

Moderada 15

Intensa 0

Arco de movimento 20 arco > 100 graus 20 arco 50-100 graus 15 arco < 50 graus 5

Estabilidade 10 Estável 10

Moderada instabilidade 5 Grosseira instabilidade 0

Atividade 25 Pentear cabelo 5

Alimentar-se 5 Higiene 5 Abotoar 5 Calçar sapato 5 Total 100 Classificação: Excelente: > 90 Bom: 75-89 Satisfatório: 60-74 Ruim: < 60 RESULTADOS

O seguimento dos pacientes variou de 8 a 24 meses, com média de 12,9 meses (tabela 2).

Na avaliação da dor, observamos que todos os pacientes apresentavam-se assintomáticos.

A estabilidade do cotovelo não foi comprometida e todos os nossos pacientes receberam pontuação máxima.

O arco de movimento variou de 65 a 140 graus, com mé-dia de 90 graus de amplitude.

Com relação aos aspectos da função básica, não observa-mos comprometimento nas atividades diárias dos pacientes. Tivemos em média a pontuação de 23 e uma máxima de 25. Na avaliação final, tivemos oito (80%) pacientes com re-sultado excelente e dois (20%) com bom.

DISCUSSÃO

A fratura do capítulo umeral é extremamente infreqüen-te(1,5,8,10,16,18,20,21,24). Poucas publicações apresentam casuísti-cas significativas que podem orientar condutas definitivas nessa fratura.

Condizendo com a literatura(5,9,10,16,18), observamos incidên-cia maior no sexo feminino (70%). Em todos os nossos pa-cientes identificamos frouxidão ligamentar associada à hi-perextensão do cotovelo que nos leva a crer que, apesar de o mecanismo de lesão ser controverso, pensamos que a hipe-rextensão é um fator causal, pois, na presença desta, a cabe-ça do rádio desvia-se do eixo da coluna lateral, chocando-se com o capítulo. Assim, concordamos com Böhler(2) em que seriam necessários graus aumentados de valgo e hiperexten-são do cotovelo para que o indivíduo pudesse apresentar fra-tura do capítulo.

Em nosso estudo, assim como em outros já realizados(1,10, 18, 20,23), houve predomínio na faixa etária acima dos 15 anos,

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concordando com diversos autores quanto à raridade do aco-metimento de crianças.

Concordando com a maioria dos autores(1,5,8,9,18,24), em nos-sa casuística predomina a fratura do tipo I, com oito (80%) pacientes; houve um (10%) paciente com fratura do tipo II e um (10%) com fratura do tipo III (figura 4). Todas foram diagnosticadas através das radiografias em incidência ânte-ro-posterior e perfil.

Na literatura observamos controvérsia com relação ao tra-tamento; apesar de as abordagens individuais diferirem, a tendência da maioria dos autores(5,8,18,22-26,28) é preferir a redu-ção aberta com fixaredu-ção interna.

Dushuttle et al.(9) (1935) estudaram 17 pacientes que apre-sentaram fratura do capítulo e que foram submetidos a três técnicas distintas de tratamento: ressecção do fragmento, re-dução cruenta e rere-dução incruenta. Após 13 anos de segui-mento não observaram diferenças significativas no arco de movimento.

A indicação exclusiva de redução fechada, conforme pre-conizaram Christopher et al.(4) (1935), não é aceita pela maio-ria dos autores. Pode ser tentada nas fraturas com grande fragmento e sem cominuição. Entretanto, o resultado fun-cional depende da perfeita redução anatômica e de sua esta-bilização, que é difícil de ser obtida, levando a resultados

insatisfatórios conforme relatos na literatura(1,5,10,20). Não rea-lizamos esse procedimento em nenhum de nossos pacientes. O conceito atual na cirurgia do cotovelo é de que a fixa-ção interna precária não seja realizada por necessitar de pe-ríodos prolongados de imobilização, comprometendo sua rea-bilitação. Portanto, preferimos a ressecção do fragmento à osteossíntese com fios de Kirschner.

Alvarez et al.(1), em 1975, relataram 14 pacientes com fra-tura de capítulo. Realizaram a ressecção em dez pacientes e observaram que o arco de movimento era funcional em no-ve. Não descreveram instabilidade e deformidade em valgo associada. Esse procedimento é simples, definitivo e neces-sita de curto período de imobilização(1,10,15,21); entretanto, pode desenvolver instabilidade e aumentar o risco de capsulite ade-siva, com piora progressiva dos resultados(28,29). Realizamos essa técnica em três pacientes (nºs de ordem 2, 9 e 10), que apresentavam fraturas antigas com fragmento desvitalizado. Todos apresentaram excelentes resultados, com arco de mo-vimento funcional, indolor e estável, inclusive o paciente nº 10, que foi atendido seis meses após a fratura e submetido a ressecção do fragmento associada a capsulotomia anterior mais alongamento do bíceps por rigidez do cotovelo em fle-xão. Assim, achamos que a ressecção está indicada quando não se consegue a redução anatômica, nas grandes

cominui-Fig. 5 Radiografia ântero-posterior pós-operatória da paciente nº 5 Fig. 6 Radiografia de perfil pós-operatória da paciente nº 5

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M.H. MATSUMOTO, F. FALOPPA, G.H. OHARA, W.M. ALBERTONI, C.E. TOBISAWA, S.R.M. PEREIRA & J.E.S. PATO Fig. 7 – Arco de movimento de pronossupinação e flexo-extensão da paciente nº 4

ções e nas fraturas envelhecidas, em que o capítulo está des-vitalizado(5,8,9,18,23).

Em 1977, Collert(5) relatou 20 pacientes com fraturas de capítulo; em 12 realizou redução aberta mais fixação interna com pinos e em 8 a ressecção; observou melhores resultados com a redução anatômica aberta.

Em 1981, Lansinger & Mare(18) relataram o tratamento de dez pacientes pela redução aberta mais fixação interna e ob-servaram que, apesar da necessidade de período maior de imobilização, este é o melhor tratamento em relação à res-secção do fragmento.

Nossa conduta é a obtenção de redução anatômica através da redução aberta com fixação interna estável que permita mobilização precoce nos primeiros dias de pós-operatório.

Vários dispositivos foram empregados, como pinos, para-fusos, grampos até suturas ósseas, mas o parafuso de Herbert parece ser o que confere melhores resultados, pois permite fixação estável e movimentação precoce do cotovelo(3,12,23, 25,26). Isso é feito pela via lateral por apresentar a vantagem de não ser necessária a dissecção da região posterior do côn-dilo lateral, por onde penetra a artéria radial recorrente, prin-cipal nutridora deste(23). Optamos por sua utilização que, além das vantagens citadas, permite seu uso através da superfície articular. Ele fica totalmente sepultado no osso subcondral, não precisando ser retirado em nova cirurgia(3,8,12,23,25,26) (fi-guras 5 e 6). Fig. 8 – Arco de movimento de pronossupinação e flexo-extensão da paciente nº 4 Submetemos sete (70%) pacientes à redução cruenta mais fixação interna com parafusos de Herbert; destes, cinco (71,4%) tiveram resultado excelente e dois (28,6%), bom. Acreditamos que no manejo dessas fraturas o importante é o restabelecimento do arco de movimento funcional, estável e indolor. Desse modo, nossos resultados com a redução aber-ta mais osteossíntese com parafuso de Herbert, proporcio-nando estabilidade suficiente para que se inicie a reabilita-ção precoce do cotovelo, nos levam a crer que este é um ótimo método, conclusão semelhante à de outros trabalhos(3, 8,23,25,26) (figuras 7, 8, 9, 10 e 11).

Com relação à dor, Fowles & Kassab(10) (1974) e Alvarez

et al.(1) (1975) observaram que cerca de 40% de seus pacien-tes submetidos a ressecção apresentavam-se sintomáticos. Lansinger & Mare(18) (1981) relataram que 10% de seus pa-cientes apresentaram discreta dor após ser tratados com re-dução aberta mais fixação interna. Em nossos resultados ne-nhum paciente apresentou dor, mesmo aos esforços.

A maior dificuldade no tratamento da fratura do capítulo foi a obtenção do arco funcional descrito por Morrey & Jupi-ter(23). O ganho dos últimos graus de extensão é nosso maior desafio na atual fase: nenhum paciente obteve a mesma ex-tensão de antes da cirurgia. Entretanto, o trabalho conjunto com a terapia ocupacional tem trazido resultados animado-res. Portanto, chamamos a atenção para a importância da rea-bilitação pós-operatória. Em nosso serviço, trabalhamos em

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Fig. 9 – Arco de movimento de pronossupinação

e flexo-extensão da paciente nº 4

Fig. 10 – Arco de movimento de pronossupinação

e flexo-extensão da paciente nº 4

Fig. 11 – Arco de movimento de pronossupinação

e flexo-extensão da paciente nº 4

conjunto com especialistas em terapia ocupacional de mem-bro superior, iniciando os movimentos da articulação do co-tovelo, já na primeira semana.

Concluímos que tanto a redução aberta com fixação está-vel como a ressecção do fragmento são procedimentos cabí-veis na fratura do capítulo umeral. Contudo, temos preferên-cia pela primeira técnica sempre que possível, por acreditar-mos que a preservação do fragmento com restauração da ana-tomia original do cotovelo a longo prazo possa evoluir com melhores resultados.

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Referências

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