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TRIBUNAL PLENO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL

Recurso n. 363/2016

ORIGEM: 3ª COMISSÃO DISCIPLINAR DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL

RECORRENTE: GUARANI F.C (SP)

RECORRIDA: PROCURADORIA DA 3ª COMISSÃO DISCIPLINAR DO STJD DO FUTEBOL.

RELATOR DESIGNADO PARA ACÓRDÃO: AUDITOR PAULO CESAR SALOMÃO FILHO

EMENTA: RECURSO - PROCESSO SUMÁRIO – INVASÃO AO CAMPO DE JOGO POR TORCEDOR – AGRESSÃO AO ATLETA DA EQUIPE ADVERSÁRIA - INFRAÇÃO

AO ART. 213, INC. II, DO CBJD -

RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA ENTIDADE DE PRÁTICA DESPORTIVA POR ATOS DE SEUS TORCEDORES – PRECEDENTES - OMISSÃO GRAVE DO CLUBE MANDANTE AO NÃO CONTER O

INVASOR PERMITINDO A AGRESSSÃO

PERPETRADA AO ATLETA ADVERSÁRIO -

IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA

EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE PREVISTA NO § 3º, DO ART. 213, DO CBJD – AUSÊNCIA DE PREVENÇÃO E DE REPRESSÃO DE DESORDEM NA PRAÇA DE DESPORTO – PENALIDADE APLICADA

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QUE SE MOSTRA PROPORCIONAL E ADEQUADA À INFRAÇÃO - CUMPRIMENTO DA PENA CONFORME DETERMINAÇÃO CONTIDA NO ART. 64 DO RGC/CBF 2016 – ARREMESSO DE PEDRAS EM DIREÇÃO AO ÔNIBUS QUE TRANSPORTAVA A EQUIPE MANDANTE PELOS TORCEDORES DO

CLUBE RECORRENTE VIOLAÇÃO AO

REGRAMENTO DO ART. 7º, INC. I, DO RGC/CBF 2016 – INFRAÇÃO AO ARTIGO 191, INC. III, DO CBJD CONFIGURADA – CUMULAÇÃO DE PENALIDADES CONFORME ESTABELECIDO NO ART. 184 DO CODEX DESPORTIVO – NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO.

VISTOS, relatados e discutidos o Recurso Voluntário nº 363/2016, em que figura como Recorrente: Guarani F.C (SP); e como Recorrida: a Procuradoria da 3ª Comissão Disciplinar do STJD, ACORDAM os Auditores que compõe o Pleno do STJD do Futebol, por unanimidade de votos, em se conhecer do recurso para no mérito, por maioria, negar-lhe provimento nos termos do voto do Relator.

RELATÓRIO

Em respeito ao princípio da celeridade, aliado à inexistência de prejuízo às partes no tocante à compreensão do litígio, adoto o minucioso relatório produzido pela Procuradoria de Justiça Desportiva atuante perante o STJD do Futebol, redigido nos seguintes termos:

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“A Procuradoria da Justiça Desportiva deste STJD, após partida pelo Campeonato Brasileiro Série C/2016, realizada entre Guarani FC (SP) e AS Arapiraquense (AL), tomou conhecimento de fatos potencialmente típicos, e formulou denúncia em desfavor do clube mandante, por invasão do campo por seus torcedores (art. 213, II; 191, III do CBJD c/c art. 63 do RGC-CBF); Em razão do apedrejamento do ônibus da equipe visitante (Art. 191, III do CBJD c/c art. 7, I do RGC-CBF); Em razão da postura do gandula Alexandre (Art. 191, III do CBJD c/c art. 7, VIII do RGC-CBF) e de Alexandre Batista de Aguiar, gandula, por ter jogado propositalmente uma bola no gramado, enquanto o jogo estava em andamento (art. 258 do CBJD).

Após notificado, o Guarani FC (SP), durante a sessão de instrução e julgamento perante a 03ª Comissão Disciplinar, apresentou defesa oral do Dr. Osvaldo Sestário Filho, juntou a comprovação do pagamento ao Estado de São Paulo pelo policiamento da partida e ainda juntou uma fotografia do painel eletrônico do estádio, pedindo a colaboração dos torcedores para evitar incidentes, contudo não apresentou prova audiovisual ou testemunhal/depoimento pessoal e, ao final, restou condenado “Por unanimidade de votos, à pena de multa no valor de R$12.000,00 (Doze mil reais) mais a perda do mando de campo por 1 partida com portões fechados por infração ao art. 213 II, n/f do art. 183, ambos do CBJD; Por maioria de votos, absolve-lo quanto á imputação ao art. 191, III do CBJD c/c art. 7, I do RGC/CBF, contra os votos dos auditores Dr. Vanderson Maçillo e Dr. Marcio Torres, que multavam em R$ 7.000,00 (Sete mil reais); Por unanimidade de votos, multa-lo ainda em R$ 3.000,00 (Três mil reais) por infração ao Art. 191, III do CBJD c/c art. 7, VIII do RGC/CBF; Suspender por 180 dias Alexandre Batista Aguiar, gandula, por infração do art. 258 do CBJD”.

O Guarani FC (SP) aviou recurso voluntário com pedido de efeito suspensivo fls. 36-45, na forma disposta no art. 136 c/c com o art. 147-B e 147-A do CBJD, no qual alega que tomou as

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medidas de segurança preventivas necessárias; Sustenta ainda, que em relação ao art. 213 do CBJD, a invasão se deu ao final da partida, por poucos torcedores que comemoravam, e num ato isolado, um deles exagerou, destaca a rápida ação policial para conter o incidente e por fim, requer a redução das penas pecuniárias aplicadas por violação dos artigos 191 e 213 do CBJD. Vieram os autos à Procuradoria para emissão de parecer. “

Acrescento que o parquet desportivo em sua manifestação às fls. 64/67 opina pelo conhecimento e não provimento do recurso.

É o relatório do essencial. Passo a decidir.

VOTO

Após compulsarmos os autos do presente processo, verificamos que o Recorrente cumpriu as formalidades previstas no artigo 138 caput e §§, razão pela qual merecem os Recursos serem conhecidos e apreciados por este E. Órgão Colegiado.

No caso em julgamento o relato apresentado pelo árbitro na súmula da partida é bastante contundente, sendo facilmente verificável a ocorrência de uma invasão ao campo de jogo que não foi contida pelos seguranças que deveriam garantir a integridade física de todos os partícipes do evento esportivo, o que culminou com a covarde agressão sofrida pelo atleta da equipe visitante que recebeu um soco em suas costas.

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Diante da clareza da redação da súmula da partida ao descrever a infração, pedimos vênia para a sua transcrição, verbis:

“após o término da partida foi observado que alguns torcedores da equipe do guarani f.c, invadiram o campo de jogo, sendo que um foi em direção ao atleta da equipe do asa-al, sr. diogo douglas santos a. barbosa n.11, desferindo um soco em suas costa, momento em que a policia militar se fez presente contornando futuras invasões e retirando os invasores, sendo que a policia militar não nos passou a indentificações do torcedor agressor.”

Neste contexto, a manutenção da condenação do clube Recorrente é medida que se impõe. Inicialmente, cumpre consignar que no estágio atual de desenvolvimento dos estudos de direito desportivo nacional não mais se discute o entendimento consolidado em todas as cortes e legislações desportivas do mundo, no sentido de serem os clubes responsáveis por atos de seus torcedores, sendo esta uma

hipótese de responsabilidade objetiva, sem a necessidade de verificação da atuação

culposa ou dolosa do agente para a aplicação da penalidade.

Nesse sentido, se extrai precedentes da Corte Arbitral do Sport (2007/A/1217 Feyenoord Rotterdam v/ UEFA), Tribunal Disciplinar da Comebol (Proc.0/7/2013), além de mais de uma centena de julgados desta Corte de Tribunal de Justiça Desportiva.

Outrossim, não se pode desconsiderar a responsabilidade, também estabelecida em todas as normas disciplinares do futebol, na lei de regência do torcedor no Brasil e nos Regulamentos da Confederação Brasileira de Futebol (art. 7,

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inc.10), dos clubes que detém o mando de campo pela segurança dos espectadores e de todos os agentes envolvidos no espetáculo desportivo.

Ademais, além de ser da essência do Código Brasileiro de Justiça Desportiva a responsabilidade objetiva do clube pelos atos de seus torcedores, tal determinação é também expressada nas normas da FIFA, que assim estabelece em seu Código Disciplinar, verbis:

Seção 9. Responsabilidades dos clubes e associações Artigo 65: Organização de partidas.

As associações que organizam partidas deverão:

a) avaliar o grau de risco dos jogos e notificar os órgãos

FIFA daqueles que são particularmente de alto risco;

b) respeitar e cumprir as normas de segurança existentes

(normas da FIFA, as leis nacionais, acordos internacionais), e tomar todas as precauções de segurança exigidos pelas circunstâncias, antes, durante e depois da partida e quando ocorrerem incidentes;

c) garantir a segurança dos árbitros, jogadores e

funcionários da equipe visitante durante sua estada;

d) manter informadas as autoridades locais e colaborar

com eles de forma ativa e eficaz;

e) garantir que a lei e a ordem sejam mantidas nos

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adequadamente. (Tradução Livre do Original em Inglês do FIFA Disciplinay Code — 2009 - Edition)

Artigo 66: Falhas no Cumprimento (falhas de segurança)

1. Qualquer associação que deixar de cumprir suas

obrigações previstas no art. 65 será punida.

2. No caso de uma grave violação ao art. 65, sanções

adicionais poderão ser impostas, como a interdição do estádio (cf. art. 26), ou determinação que uma equipe jogue em campo neutro (cf. art. 25).

...

Artigo 67: Responsabilidade pela conduta do espectador (torcedor)

1. A associação mandante ou clube mandante são

responsáveis pela conduta imprópria de seus torcedores, independentemente da análise de conduta culposa ou omissão culposa, e, dependendo da situação, pode ser punida. Outras sanções podem ser impostas no caso de graves distúrbios.

2. A Associação de visitante ou o clube visitante são

responsáveis por conduta imprópria entre o seu próprio grupo de espectadores (torcedores), independentemente da análise de conduta culposa ou omissão culposa, e, dependendo da situação, pode ser punida. Outras sanções podem ser impostas no caso de distúrbios graves. Torcedores ocupando o setor de visitantes de um estádio são considerados como simpatizantes

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da associação visitante, salvo prova em contrário.

3. Conduta imprópria inclui a violência contra pessoas ou

objetos, o uso de artefatos incendiários, lançamento de mísseis (rojões e sinalizadores), exibição de slogans ofensivos ou com conteúdo político, ou sob qualquer forma, a proferição de palavras ou músicas ofensivas, ou ainda a invasão do campo.

4. A responsabilidade descrita nos par. 1 e 2 também

inclui jogos disputados em campo neutro, especialmente durante as competições finais. (Tradução Livre do Original em Inglês do FIFA Disciplinay Code — 2009 - Edition)

Sendo assim, não restam dúvidas que o clube mandante possui o dever de tomar as providências capazes de prevenir e reprimir qualquer incidente em sua praça desportiva, sendo certo que os fatos apresentados nos autos estão longe de demonstrar o cumprimento de tais diretrizes.

Dito isso, deve-se salientar que a exegese do art. 213 do CBJD é a de buscar uma reprimenda aos clubes, tendo como fim precípuo a educação dos torcedores, buscando o retorno da paz aos estádios de futebol e a volta dos verdadeiros torcedores às praças desportivas, permitindo com tal medida a presença nos estádios de futebol de indivíduos que vão ao evento tão somente para se divertir e incentivar o seu clube de coração.

Ultrapassada tais premissas, temos que no caso concreto a Procuradoria de Justiça Desportiva atuante perante este E. STJD do Futebol logrou êxito em comprovar o incidente narrado na exordial, causado pela conduta da

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torcida do clube que detinha o mando de campo da partida, em manifesta contrariedade à boa prática desportiva e, principalmente, desrespeito a todos as normas desportivas pátrias.

Vê-se das provas colacionadas aos autos, em especial da súmula do jogo, que o evento esportivo em questão foi marcado pela invasão de torcedores após o término da partida, em movimento não contido pelos seguranças que deveriam zelar pela integridade física dos participantes do evento, culminando com a covarde agressão do atleta da equipe visitante, que de acordo com o relato da súmula da partida acima transcrito recebeu um soco em suas costas.

De certo, este ato potencialmente lesivo facilmente poderia causar danos severos à integridade física dos participantes do evento esportivo, devendo o clube mandante ser responsabilizado pelas deficiências no sistema preventivo e repressivo em sua praça desportiva, lembrando sempre que existe toda a exploração de uma atividade econômica por ocasião da realização de espetáculos esportivos e seria deveras confortável apenas desfrutar da suas benesses, transferindo os demais encargos – como o relativo a segurança – ao Poder Público.

As recorrentes alegações apresentadas pelos clubes em geral, que se restringem a imputar ao Estado uma responsabilidade que, de acordo com o ordenamento jurídico, ele se mostra corresponsável, não podem ser consideradas como desportivamente aceitáveis. De fato, ainda que se admita certa parcela de responsabilidade do ente público pela organização e segurança do evento, para fins

desportivos é o clube quem tem o poder-dever de adotar práticas suficientes para evitar intercorrências capazes de prejudicar o espetáculo.

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Neste contexto, os documentos apresentados pelo clube Recorrente, somente demonstram que o clube mandante cumpriu com a determinação imposta às entidades de prática desportiva, conforme estabelecido no Estatuto do Torcedor (Lei Federal nº 10.671/03) e subsidiariamente no Regulamento Geral das Competições organizadas pela Confederação Brasileira de Futebol. Todavia, o simples cumprimento das obrigações previstas na lei e no regulamento, por óbvio, não tem o condão de eximir a responsabilidade da entidade de prática desportiva, que deve ser condenada nas iras estabelecidas no art. 213 do CBJD quando comprovada a ocorrência de desordens em sua praça de desporto causada pela ação de sua torcida.

No que concerne à invasão de campo, como bem asseverado pela Procuradoria em seu minucioso parecer, o simples fato da mesma ter ocorrido sem ser contida pelos seguranças se mostra suficiente para a caracterização da infração prevista no art. 213, do CBJD, posto que resta configurada a falha na prevenção e na repressão, a demonstrar a consequente responsabilidade do clube infrator.

Neste sentido o parecer da lavra do eminente Procurador Dr. Antonio Vanderler de Lima Júnior estabelece importante aspecto que deve ser analisado minuciosamente no caso concreto, senão vejamos:

“Os aspectos preventivos relativos à infração de invasão do campo devem ser suficientes para impedir o seu cometimento, sendo indene de dúvidas que a repressão imediata, de PER SE, não consegue afastar a aplicação do tipo infracional sob exame.

Nesse contexto, cumpre esclarecer, que os fatores preventivos na infração de invasão, dadas as condições de previsibilidade, são preponderantes aos de ordem repressiva.”

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No que tange à penalidade imposta, na esteira da jurisprudência deste órgão colegiado quando da análise de situações análogas; na forma das diretrizes previstas no art. 178 do codex desportivo, levando-se em conta a gravidade da infração cometida, as provas produzidas nos autos e os péssimos antecedentes disciplinares do clube Recorrente, considero adequado o quantum estabelecido e a forma de cumprimento da penalidade imposta na decisão vergastada, que determinou ao clube mandante cumprir a pena de perda de mando de campo com portões fechados conforme permissivo previsto no art. 64 do RGC/CBF 2016.

Lado outro, no caso em exame a súmula do jogo relata que antes do início da partida, quando da chegada do clube mandante ao estádio, “o ônibus em que

encontrava a sua equipe [visitante] fora apedrejado por torcedores da equipe do Guarani F.C” In casu, vislumbra-se a evidente infração art. 7º, inc. I, do RGC/CBF

2016, perpetrada pelo Guarani F.C (SP), pois permitiu a realização de uma partida em um estádio que a toda evidência não apresentava condições mínimas de segurança, sendo certo que o clube mandante não zelou pela incolumidade física dos envolvidos no evento desportivo e sequer foi comprovada a detenção dos torcedores que causaram as desordens na arquibancada e no acesso ao estádio, de modo que a manutenção de sua condenação é medida impositiva.

Por fim, não se pode ignorar a gravidade que o gesto de jogar pedras em um ônibus representa e a insegurança que condutas deste jaez geram a todos aqueles presentes no local, devendo esta prática ser, a todo custo, coibida pelas entidades desportivas e também pelo E. Tribunal de Justiça Desportiva.

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Por tais fundamentos, conheço do Recurso, para no mérito negar-lhe provimento, mantendo-se integralmente o v. acórdão recorrido pelos seus próprios e judiciosos fundamentos.

Rio de Janeiro, 10 de novembro de 2016.

Paulo César Salomão Filho

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