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II COMPARAÇÃO DA DESIDRATABILIDADE POR MÉTODOS MECÂNICOS DE LODOS PROVENIENTES DE UASB CLÁSSICO E DE UASB DIGERINDO LODO AERÓBIO DE DESCARTE

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II-174 - COMPARAÇÃO DA DESIDRATABILIDADE POR MÉTODOS

MECÂNICOS DE LODOS PROVENIENTES DE UASB CLÁSSICO E DE UASB

DIGERINDO LODO AERÓBIO DE DESCARTE

Luciana Callegari Spavier

Graduanda em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo - Aluna de Iniciação Científica - Bolsista CNPq

Ana Lycia Barreira da Silva

Engenheira Civil graduada pela Universidade Federal de Ouro Preto (1999), Pós-graduada em Eng. Sanitária e Ambiental pela FEAMIG. Mestranda em Engenharia Ambiental na UFES.

Dalton L. C. Ramaldes

Engenheiro Mecânico pela Universidade Federal do Espírito Santo, Especialista em Saúde Pública pela UNEARP, Engenheiro da Empresa de Saneamento Espírito Santo – CESAN. Mestrando em Engenharia Ambiental na UFES.

Walace Marcelino Braga

Licenciado em Química pela Universidade Federal do Espírito Santo, Prof. do Centro Biomédico da UFES e da Escola de Medicina Santa Casa de Misericórdia – EMESCAM. Mestrando em Engenharia Ambiental na UFES.

Ricardo Franci Gonçalves(1)

Engenheiro Civil e Sanitarista – UERJ (1984), Pós-graduado em Eng. de Saúde Pública - ENSP/RJ (1985), DEA - Ciências do Meio Ambiente - Univ. Paris XII, ENGREF, ENPC, Paris (1990), Doutor em Engenharia do Tratamento e Depuração de Água – INSA de Toulouse, França (1993), Prof. Adjunto do DHS e do PMEA -UFES.

Endereço (1) : Departamento de Hidráulica e Saneamento – Universidade Federal do Espírito Santo –

Agência FCAA – Vitória – ES – CEP.: 29060-970 – Brasil – Tel.: (027) 335-2648 Fax: (027) 335-2857 e-mail:franci@npd.ufes.br

RESUMO

O trabalho procurou comparar a aptidão à desidratação do lodo produzido em um reator anaeróbio de fluxo ascendente - UASB clássico e do lodo produzido por um UASB digerindo lodo aeróbio de descarte. Utilizou-se testes clássicos para a Utilizou-seleção de produtos condicionadores, tais como testes de Resistência Específica à Filtração, Tempo de Sucção Capilar – TSC e Centrifugação. Nestes ensaios as amostras de lodo foram condicionadas com diferentes doses de polímeros orgânicos do tipo poliacrilamidas floculantes catiônico, aniônico e não iônico, de modo a fornecer resultados para dimensionamento de processos de desidratação, bem como dados para a seleção desses polímeros. Os resultados das análises em escala de laboratório indicaram, tanto para o lodo de UASB quanto para o lodo UASB + BF, que os polímeros catiônico e não iônico são importantes auxiliares no processo de desidratação, e que o polímero aniônico tem um efeito adverso neste sentido, diminuindo a aptidão ao desaguamento.

PALAVRAS-CHAVE: Desidratação de lodo, Condicionamento polímero, Centrifugação, Resistência à

filtração, Tempo de Sucção Capilar.

INTRODUÇÃO

O lodo de esgoto é um subproduto das ETES e que devido a sua composição física, química e biológica, o seu descarte final é problemático. Por sua vez, a disposição final do lodo constitui-se atualmente em uma preocupação mundial, em razão do crescente volume produzido (Vicent & Crichley, 1984). Um aspecto

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ABES – Trabalhos Técnicos 2

engenharia preferencial para o tratamento de esgotos sanitários em vários empreendimentos recentes. Entretanto, novas atribuições vem sendo recomendadas para este tipo de processo, notadamente no adensamento e digestão de lodos aeróbios na ETE. (Haandel et Lettinga, 1994, Gonçalves, et al., 1998). Novas configurações de ETEs associando reatores anaeróbios e aeróbios em série encontram-se em aplicação crescente na América Latina, principalmente no Brasil (Campos, 2000). Estas configurações constituem processos compactos e eficientes no tratamento de esgoto sanitário, apresentando baixos custos de implantação e operação, índices mínimos de mecanização, baixa produção de lodo e baixo consumo de energia..

Plantas de pequeno e médio porte encontram-se construídas ou em construção no Brasil, tendo no reator UASB um importante instrumento de redução de matéria orgânica do esgoto, de produção de energia (biogás) e de minimização da quantidade de lodos a ser descartada rotineiramente pela planta (Bof et al, 2001). Em alguns casos de ETEs de grande porte, como a ETE de Atuba Sul (PR) – 580.000 hab e a de Piracicamirim (SP) – 100.000 hab, o desaguamento dos lodos de descarte é realizado através de processos mecanizados. Em ambas as ETEs, a alimentação das prensas desaguadoras (Abatuba Sul) ou das centrúfugas (Piracicamirim) é realizada diretamente a partir dos reatores UASB, que possuem também a atribuição de adensar o lodo. Entretanto, dados sobre a utilização de processos mecanizados de desidratação em lodos de UASB clássico são escassos e sobre lodos de ETEs combinando reatores UASB com reatores aeróbios informações específicas são praticamente inexistentes.

Este trabalho tem como objetivo avaliar e comparar a aptidão à desidratação do lodo gerado por um UASB clássico e UASB digerindo lodo aeróbio tratando esgoto sanitário. A avaliação foi realizada em escala de laboratório com lodo bruto e com lodo condicionado com diferentes doses de polímeros aniônico, catiônico e não iônico, através de testes como Centrifugação, Resistência à filtração em funil de Buchner e Tempo de sucção capilar –TSC.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados dois tipos de lodos nos testes de desidratação; lodos de reatores UASB clássico e UASB digerindo lodo aeróbio. Ambas as ETE’s tratam esgoto sanitário e estão localizadas no município de Vitória, ES. Suas características geométricas, assim como dados de entrada e saída estão descritos nas tabelas 1 e 2.

DADOS UASB UASB + BF

População (hab) 80 1000 Q médio (l/s) 0.007 1,0 Àrea (m2) 0,78 5,3 Altura útil (m) 6,0 5,3 Volume (m3) 4,8 26,0 TDH (horas) 8,0 8,0

Tabela 1: Características médias da ETE´s

DADOS UASB UASB + BF

ENTRADA DQO (mg/l) 402 + 106 (21) 499 + 369 (58) DBO (mg/l) - 187 + 85 (25) SS (mg/l) 144 + 72 (21) 142 + 63 (52) SAÍDA DQO (mg/l) 54 + 13 (21) 78 + 36 (55) DBO (mg/l) - 26 + 19 (36) SS (mg/l) 10 + 6 (21) 23 + 14 (66)

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As características dos lodos utilizados encontram-se descritas na tabela abaixo:

Tipo de lodo pH SS (%) SV(%)

Lodo UASB 6,5 – 7,0 5 – 7 50 – 55

Lodo UASB + BF 6,4 – 6,6 4 – 6 55 – 64

Tabela 3 : Características do lodo de UASB e do lodo UASB + BF

A preparação das soluções de polímeros e de lodo condicionados com polímeros foi conduzida segundo a Water Environment Research Foundation; Guindace Manual for Polymer Selection in Wasterwater Treatment Plants (1993). As concentrações das soluções de polímeros foram de 0.5% para as soluções de armazenagem, 0.1% para as soluções de trabalho e para o condicionamento com lodo foram utilizadas as concentrações de zero, 50, 75, 100, 150, 200, 300, 400 e 500 mg de polímero/L de lodo. A tabela 4 mostra a conversão das unidades utilizadas neste trabalho (mg/L) para unidades mais usuais (Kg/ton). Amostras simples de lodo foram coletadas sempre momentos antes da realização dos ensaios, sendo o volume coletado de aproximadamente 5 litros para cada tipo de polímero e os testes foram realizados à temperatura ambiente.

mg/L 50 75 100 150 200 300 400 500

Kg/ton 1 1,5 2,0 3,0 4,0 6,0 8,0 10,0

Tabela 4: Relação entre mg/L para Kg/ton na base seca.

Foram utilizados polímeros orgânicos do tipo Poliacrilamidas de alto peso molecular aniônico, catiônico e não-iônico, sendo que os testes com lodo de UASB foram realizados com polímeros do fabricante Adecom Química LTDA (W301,W3081 e W303) e os testes com lodo misto foram realizados com polímeros do fabricante Nalco Brasil LTDA (N3984, N7128 e N4021).

TESTE DE SUCÇÃO POR CAPILARIDADE – TSC:

Este é um ensaio simples, consistindo em medir o tempo exigido para o líquido filtrado de um amostra de lodo escoe por capilaridade entre dois círculos concêntricos sobre um papel filtro. A aparelhagem disponível comercialmente para medida do tempo de sucção capilar funciona automaticamente, com registro de resultados por meio de dispositivo digital eletrônico. Um cronômetro é ativado quando o filtrado atinge o primeiro eletrodo e pára quando o filtrado atinge o segundo eletrodo.

O procedimento do teste segundo Adams, Ford, Eckenfelder Jr (1981) e o material utilizado encontram-se descritos na tabela 5.

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ABES – Trabalhos Técnicos 4

Procedimento utilizado Materiais

1. Preparação das soluções condicionadas • Jar Test, beckers, provetas graduadas, seringas e

balança para preparação das soluções de polímeros e soluções de polímeros com lodo.

2. Colocar um folha de papel Whatman número 17 sobre a placa de fundo do aparelho, alinhando as fibras de papel na direção selecionada para o movimento do filtrado. O papel dever ser seco para evitar interferências com a umidade.

• Chapa superior quadrada em acrílico de 11,1 cm de

lado por 16 mm de espessura. A face inferior da chapa é ranhurada com profundidade de 16 mm, para um raio de 4,8 cm e tem círculos concêntricos inscritos para intervalos de 6,4 mm de fora do reservatório para o centro que funcionam como marcas de referência.

• Chapa inferior de fundo quadrada, acrílica de 11,1 cm

de lado por 16 mm de espessura. 3. Colocar a placa superior acima da membrana filtrante

sobre a placa de fundo.

• Papel Whatman número 17.

4. Colocar aproximadamente 6 mL de lodo condicionado

no reservatório de amostra. •

Reservatório de lodo constituído por um tubo de aço inox de 2,54 cm de comprimento, 1,19 cm de diâmetro. O fundo do reservatório é alinhado com a superfície inferior (de fundo) quadrada, acrílica, de 11,1 cm de lado por 16 mm de espessura.

5. Registrar o tempo de movimento do filtrado entre duas

marcas de referências na placa superior. •

Cronômetro automático.

• Eletrodos de cunha de platina que devem ser

assentados nas chapas, inferiores a cada circuito inscrito na superfície da chapa superior e repousando sobre o papel filtro.

6. Repetir os passos de 2 a 5 para as várias soluções de lodo condicionado em diferentes concentrações.

Tabela 5 – Procedimentos e materiais utilizados no ensaio de TSC. TESTE COM FUNIL DE BUCHNER (RESISTÊNCIA À FILTRAÇÃO):

O teste é conduzido pela colocação de um volume conhecido de lodo dentro de um funil de Buchner contendo um papel filtro e impondo um vácuo para o tempo zero. A quantidade de filtrado coletado para vários tempos é registrado até que um volume determinado seja alcançado ou uma quebra de vácuo ocorra. Em geral, o teste do funil de Buchner é simples e reprodutível. Os resultados dependem de fatores tais como volume de lodo usado, concentração de sólidos do lodo, temperatura, área de papel filtro e pressão para o qual o teste é desenvolvido.

O procedimento do teste segundo Adams, Ford, Eckenfelder Jr (1981) e o material utilizado encontram-se descritos na tabela 6.

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Procedimento utilizado Materiais

1. Preparação das soluções condicionadas • Jar Test, beckers, provetas graduadas, seringas e

balança para preparação das soluções de polímeros e soluções de polímeros com lodo.

2. Efetuar a determinação dos ST presentes na amostra de lodo a ser estudada.

3. Preparar o funil de Buchner usando um papel filtro. Molhar o papel filtro com água e aplicar um vácuo para obter boa aderência.

• Papel Whatman número42

• Proveta volumétrica de 100 mL

• Adaptador de aço

• Rolha de borracha com orifício para Funil de Buchner

• Funil de Bucher número 2

4. Retirar o volume de água utilizado para obter boa aderência do papel filtro.

5. Ligar a bomba de vácuo e ajustá-la para 15 polegadas de Hg.

• Bomba de vácuo de ¼ HP

• Medidor de vácuo

6. Colocar 100 ml de uma amostra de lodo ao funil de Buchner e deixar um intervalo de tempo suficiente para a formação da torta e Anotar os tempos para volumes conhecidos de filtrado

• Cronômetro

7. Repetir os passos de 3 a 6 para as várias soluções de lodo condicionado em diferentes concentrações.

Tabela 6 – Procedimentos e materiais utilizados no ensaio de resistência específica. TESTE DE CENTRIFUGAÇÃO:

A metodologia experimental para laboratório adotada foi desenvolvida pelo Professor Pesquisador Marco Antônio Penalva Reali, da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC). O procedimento pode ser resumido em centrifugações em quatro diferentes rotações e em quatro diferentes tempos com concentrações diferentes de polímeros e medição do nível da torta. Posteriormente, calcula-se a concentração de ST para cada concentração de polímeros e confecciona-se um gráfico de ST versus tempo, nas respectivas rotações.

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ABES – Trabalhos Técnicos 6

Procedimento utilizado Materiais

1. Preparação das soluções condicionadas • Jar Test, beckers, provetas graduadas, seringas e

balança para preparação das soluções de polímeros e soluções de polímeros com lodo.

2. Efetuar a determinação dos ST presentes na amostra de lodo a ser estudada.

3. Transferir para cada cubeta 10 ml de lodo

condicionado. •

Cubetas de plástico com 15 ml 4. Impor uma rotação de ensaio no equipamento de

centrifugação e realizar o ensaio para quatro diferentes tempos (10, 20, 40 ,60 minutos),

• Centrífuga NT-811 com capacidade para 28 cubetas.

5. Efetuar as leituras do volume ocupado pela fase sólida (torta) nas cubetas.

6. Repetir o procedimento 2 e 3 para as quatro rotações especificadas 750, 1500, 2250 e 3000 rpm. 7. Calcular a concentração de sólidos totais da torta para cada concentração de polímeros.

Tabela 7 – Procedimentos e materiais utilizados no ensaio de centrifugação. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os testes foram realizados com o lodo UASB condicionado com polímero do fabricante Adecom Química LTDA (figura 1). Estes testes apresentaram resultados de TSC e de resistência específica muito semelhantes. O condicionamento com o polímero não-iônico reduziu o TSC a partir da primeira concentração do teste (50 mg polímero / litro de lodo), evidenciando uma faixa ótima entre as concentrações de 200 a 300 mg polímero / litro de lodo. Nos ensaios com soluções catiônicas, as resistências à filtração inicialmente mostram-se superiores à do testemunho, permanecendo superior até a dosagem de 300 mg polímero catiônico/L de lodo. De uma maneira geral o polímero catiônico também apresentou bons resultados, principalmente para doses entre 400 e 500 mg polímero / litro de lodo, com registros de TSC inferiores a 50 s para doses de 400 mg polímero / litro de lodo. O polímero aniônico influenciou negativamente o desaguamento, aumentando o TSC e a resistência específica na medida em que se aumentou a dosagem.

Nos testes de centrifugação com lodo de UASB condicionado com polímero aniônico não resultou em desempenho superior ao observado no teste do lodo com polímero não-iônico para o tempo de centrifugação de 60 minutos (figura 2). O valor da amostra de testemunha sempre foi maior, o que indica que, no caso do lodo estudado, o uso de polímero aniônico não é um auxiliar para desaguamento por centrifugação. Os ensaios com a rotação de 750 rpm (G = 107) e condicionamento com polímero não iônico apresentaram uma melhora na concentração de ST para o tempo de centrifugação de 60 minutos. Para as rotações de 1500 rpm (G =427 ), de 2250 rpm (G = 962) e 3000 rpm (G = 1720 ) não foi observado aumento de concentração de ST para o mesmo tempo de centrifugação. Os testes de centrifugação com polímero catiônico apresentaram uma aumento na concentração de ST para o tempo de centrifugação de 60 minutos para as rotações de 750 rpm (G = 107) , 1500 rpm (G = 427), 2250 rpm (G=962) e 3000 rpm (G = 1720). As concentrações máximas de ST, para o mesmo tempo de centrifugação, corresponderam à dosagem de 500 mg de polímero por litro de lodo.

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0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 0 100 200 300 400 500 600 Dose de polímero (mg/L) TSC (seg) Neutro Aniônico Catiônico 0 50 100 150 200 250 0 100 200 300 400 500 600 Dose de polímero (mg/L) Resistência à filtração (10 E 8 m/Kg) m/kg) ) Neutro Aniônico Catiônico

Figura 1 – Resultados obtidos nos testes de TSC e resistência específica com lodo de UASB, utilizando polímero do fabricante Adecom Química LTDA.

6 8 10 12 14 16 18 0.00 20.00 40.00 60.00 80.00 Tempo (min.) ST ( % ) C = 0 C = 50 C = 75 C = 100 C = 150 C = 200 C = 300 C = 400 C = 500

Figura 2 Resultado típico do ensaio de centrifugação – Lodo de UASB Polímero não iônico (W303) -3000 RPM -G = 1720

Os

testes realizados com o lodo de UASB + BF foram condicionados com polímero do fabricante Nalco do Brasil LTDA (figura 3). Para o polímero catiônico, observou-se uma acentuada aptidão à desidratação mostrando sempre resultados em ambos os testes muito inferiores aos do testemunho. A faixa de concentração entre 100 a 200 mg/L, mostrou valores de TSC inferiores a 20s, evidenciando um excelente condicionante para a desidratação. Para o polímero não-iônico, observou-se valores de TSC abaixo do testemunho para concentrações até 150mg/L, ocorrendo posteriormente um aumento do TSC a medida que se aumenta a dose de polímero, mas para os testes de resistência específica apresentou resultados sempre abaixo do testemunho, apresentando um melhor resultado para a concentração de 100 mg/L, chegando a até valores de resistência específica de 8,3.108 m/Kg. Para o polímero aniônico, observou-se comportamento semelhante ao lodo anaeróbio, pois influenciando negativamente o desaguamento, desde a primeira concentração, mostrando sempre valores de TSC superiores aos do testemunho.

O resultado típico de centrifugação encontra-se na figura 4. A centrifugação das amostras de lodo UASB + BF condicionadas com polímero aniônico mostrou bons resultados principalmente para a rotação de 2250 rpm, obtendo teores de sólidos da torta em torno de 25% a 30%. O polímero não-iônico demostrou bons resultados principalmente para a rotação de 3000 rpm e tempo de centrifugação de 60 minutos, apresentando teores de

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ABES – Trabalhos Técnicos 8

Os testes com lodo UASB + BF também foram realizados com o polímero do fabricante Adecom Química LTDA, para que fosse feita a comparação entre os dois lodos condicionados com o mesmo polímero. Os resultados de TSC e resistência específica mostraram-se muito semelhantes aos do lodo de UASB , relatando como já dito anteriormente que o polímero não iônico apresentou o melhor desempenho, principalmente para as concentrações na faixa de 200 a 300 mg/l. O polímero aniônico demostrou uma má aptidão à desidratação, apresentando valores de TSC e resistência específica sempre maiores que o testemunho.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 0 100 200 300 400 500 600 Dose do polímero (mg/L) TSC (seg) Neutro Aniônico Catiônico 0 50 100 150 200 250 300 350 400 0 200 400 600 Dose do polímero (mg/L) Resistência à filtração (10 E8 m/Kg) Neutro Catiônico Aniônico

Figura 3 – Resultados obtidos nos testes de TSC e resistência específica com lodo UASB + BF utilizando polímero do fabricante Nalco do Brasil LTDA.

0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 0 2 0 4 0 6 0 8 0 T e m p o ( m i n ) ST (%) C = 0 C = 5 0 C = 7 5 C = 1 0 0 C = 1 5 0 C = 2 0 0 C = 3 0 0 C = 4 0 0 C = 5 0 0

Figura 4 - Resultado típico do ensaio de centrifugação – Lodo UASB + BF -Polímero Catiônico (N7128) - 2250 RPM -G = 962

Comparando os lodos de UASB + BF com lodo de UASB pela figura 5, nota-se que o lodo de UASB + BF tem uma melhor aptidão à desidratação que o lodo anaeróbio UASB, isso pode ser explicado pelos diferentes tipos de polímeros utilizados. Quando essa comparação é feita com os testes de desidratação utilizando o mesmo polímero (fabricante Adecom Química LTDA) essa diferença não é observada, o que sugere aptidões semelhantes à desidratabilidade por parte dos dois tipos de lodo.

De acordo com a tabela 6 nota-se que os valores de resistência específica obtidos se encontram na faixa de 108 – 1010 , que são valores inferiores a resultados característicos de outros tipos de lodo segundo Arceivala, 1981 e Eckenfelder, 1989. Estes resultados são interessantes no que se refere a resistência à filtração, pois quanto menor a resistência mais eficiente será a desidratação. Com relação a tabela 7, nota-se que os resultados de ST da torta de lodo de UASB são inferiores aos obtidos por Gonçalves e Luduvice, 2000 e para o lodo de UASB + BF são superiores aos mesmos dados, isso se deve provavelmente ao tipo de polieletrólito utilizado e os teores de SV dos lodos estudados.

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Tipo de lodo Resistência Específica (m/Kg) Fonte

Lodo UASB 7,0x108 – 2x0.1010 Resultados deste trabalho

Lodo UASB + BF 1,0x108 – 4x0.1010 Resultados deste trabalho

Lodo bruto e lodo primário 1013 - 1015 Arceivala, 1981

Lodo Ativado 1012 - 1014 Arceivala, 1981

Lodo digerido anaerobicamente 1012 - 1013 Arceivala, 1981

Lodo digerido por via aeróbia 1011 - 1012 Arceivala, 1981

Lodo ativado (digerido) 7,8x1013 Eckenfelder, 1989

Lodo primário (bruto) 1,3x1014 – 2x1.1014 Eckenfelder, 1989

Lodo primário(digerido) 3,7x1013 - 2,1x1014 Eckenfelder, 1989

Tabela 7 – Valores de Resistência Específica para diferentes tipos de lodos. Tipo de lodo Conc. da Torta (%) Dosagem de

polieletrólito (kg/ton)

Fonte

Lodo de UASB 18 - 25 1 - 10 Resultados deste trabalho

Lodo UASB + BF 20 - 42 1 - 10 Resultados deste trabalho

Lodo bruto primário 28 - 34 2 - 3 Gonçalves e Luduvice, 2000

Lodo anaeróbio 35 - 40 2 - 3 Gonçalves e Luduvice, 2000

Lodo ativado 14 - 18 6 - 10 Gonçalves e Luduvice, 2000

Lodo misto* bruto 28 - 32 6 - 10 Gonçalves e Luduvice, 2000

Lodo misto anaeróbio 26 - 30 4 - 6 Gonçalves e Luduvice, 2000

Lodo aeróbio** 18 - 22 6 - 10 Gonçalves e Luduvice, 2000

*lodo primário + ativados excedente **aeração prolongada ou ativado excedente

Tabela 8 – Valores típicos de centrífugas no desaguamento de lodo.

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 0 50 100 150 200 250 300 TSC (seg) Resistência específica (10E10 m/Kg)

lodo UASB + BF - polímero catiônico lodo UASB - polímero não iônico

Figura 5– Comparação de desidratabilidade de lodos UASB e lodos UASB + BF. CONCLUSÃO

Uma semelhança muito grande no que se refere à aptidão à desidratação dos lodos de um UASB clássico e de um UASB integrante de uma associação UASB + BF foi verificada através dos testes realizados, quando comparados utilizando o polímero do mesmo fabricante. Os ensaios TSC e resistência específica realizados

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ABES – Trabalhos Técnicos 10

apresenta bons resultados, mas o polímero catiônico apresenta resultados superiores aos demais, principalmente para as concentrações entre 100 a 200 mg/L, mostrando valores de TSC inferiores a 20s. Os testes de centrifugação condicionado com o polímero catiônico apresentou excelentes resultados com valores de ST para a torta chegando até 42%. O polímero aniônico em todos os testes realizados demostrou-se um mau condicionador apresentando sempre valores maiores que o testemunho.

AGRADECIMENTOS

Os autores deste trabalho agradecem ao CNPQ, FINEP ,CESAN, Nalco do Brasil LTDA e Adecom Química LTDA pelo suporte e apoio financeiro à sua realização.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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WasterWater Treatment Plants; Polymers; PROJECT 91 - ISP - 5; (1993).

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6. MALINA,J.F.; Sludge Dewatering – II Seminário de Transferência de Tecnologia: Tratamento e Destino Final do Lodo- ABES/1993

7. CAMPOS,J.R.(Coord); Tratamento de Esgotos Sanitários por processo anaeróbio e disposição controlada no solo- Projeto PROSAB, ABES,RJ(1999)

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12. GONÇALVES, R.F.; LUDUVICE, M.; Alternativas de minimização da produção e desaguamento de lodo de esgoto (2000) – IAC / EMBRAPA ; Impacto Ambiental do Uso Agrícola do Lodo de Esgoto

Referências

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