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DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULAS DE ITAÚBA (Mezilaurus ita-uba (Meisn.) Taub. ex Mez. LAURACEAE) PROVENIENTES DE REGENERAÇÃO NATURAL

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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014 1202 DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULAS DE ITAÚBA (Mezilaurus ita-uba (Meisn.)

Taub. ex Mez. LAURACEAE) PROVENIENTES DE REGENERAÇÃO NATURAL Ligimara de Brito Ramos¹, Marilene de Campos Almeida², João Lopes

Firmino³, Evandro José Linhares Ferreira4

1. Graduanda em Biologia, Uninorte e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, Rio Branco, Acre (ligi_ac@hotmail.com).

2. Engenheira Agrônoma, Doutora em Biologia Vegetal, Laboratório de Sementes Florestais do Parque Zoobotânico da UFAC, Rio Branco, Acre.

3. Biólogo, Mestre em Sementes, Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, Rio Branco, Acre.

4. Engenheiro Agrônomo, Doutor em Botânica, Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, Rio Branco, Acre.

Recebido em: 12/04/2014 – Aprovado em: 27/05/2014 – Publicado em: 01/07/2014

RESUMO

A itaúba (Mezilaurus ita-uba. Lauraceae) é uma espécie arbórea muito utilizada na construção civil de estruturas internas e externas. Sua madeira tem alta resistência mecânica, baixa retratibilidade e elevada resistência ao apodrecimento. Este trabalho teve como objetivo avaliar a influência dos cotilédones e diferentes substratos no desenvolvimento de plântulas da espécie provenientes de regeneração natural. O experimento foi conduzido na casa de vegetação do Laboratório de Sementes do Parque Zoobotânico da UFAC, em Rio Branco-Acre, entre dezembro de 2012 e abril de 2013. Foi utilizado o esquema fatorial 2 (presença/ausência de cotilédones) x 10 (substratos) com seis repetições de 20 tratamentos seguidos do Teste Tukey a 5% de probabilidade. A avaliação foi feita aos 120 dias após a semeadura. Os substratos puros utilizados foram: terra vegetal, casca de açaí, solo natural, e substratos associados na proporção 1:1: pó de serra+areia, terra vegetal+ pó de serra, terra vegetal+casca de açaí, terra vegetal+solo natural, pó de serra+ casca de açaí, pó de serra+solo natural e casca de açaí+solo natural. As variáveis avaliadas foram: altura da parte aérea, diâmetro caulinar, sobrevivência, comprimento da raiz e peso de massa verde e seca da raiz e da parte aérea. A combinação presença do cotilédone + substrato solo natural favoreceu um melhor desempenho em comprimento da parte aérea, comprimento de raiz, diâmetro e sobrevivência, sendo por estas razões indicado para o desenvolvimento de mudas de Mezilaurus ita-uba a partir de plântulas oriundas de regeneração natural.

PALAVRAS-CHAVE: Itauba, plântulas, sementes florestais, viveiro de muda. SEEDLING DEVELOPMENT OF ITAÚBA (Mezilaurus ita-uba (Meisn.) Taub. ex

Mez. LAURACEAE) FROM NATURAL REGENERATION. ABSTRACT

The itaúba (Mezilaurus ita-uba Lauraceae), is a tree species whose wood is widely used for the building of internal and external house structures. Its wood is of high

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strength and low shrinkage with high natural resistance to decay. The objective of this study was to evaluate the influence of substrate and seed cotyledons on seedling development of Mezilaurus ita-uba from natural regeneration. The experiment was conducted at the greenhouse of the Forest Seeds Laboratory at the Parque Zoobotânico (PZ) of the Universidade Federal do Acre (UFAC), in Rio Branco, Acre, from December 2012 to April 2013. Factorial arrangement 2 was used

(presence/absence of cotyledons) x 10 (substrates types) with six replications of 20 treatments followed by a Tukey test at 5% probability. The evaluation was done 120 days after sowing. The following substrates were used: pure - topsoil, açaí fruit bark, and natural soil. Mixed substrate 1:1: sawdust + sand, topsoil + sawdust, topsoil + açaí fruti bark, topsoil + natural soil, sawdust + açaí fruti bark, sawdust + natural soil, and açaí fruti bark + natural soil. The following variables were evaluated: shoot height, stem diameter, survival, root length and weight of fresh and dry mass of roots and shoots. Cotyledon presence combined with the natural soil substrate resulted in better performance for shoot height, root length, diameter and survival. The conclusion is that this combination is the most suitable for the growing of seedlings

Mezilaurus ita-uba derived from natural regeneration.

KEYWORDS: itauba, seedling, tree seeds, seedling nursery.

INTRODUÇÃO

A floresta amazônica tem destaque no cenário internacional não apenas pela sua grande biodiversidade, mas também pela variedade de produtos e serviços ambientais que oferece à humanidade (RODRIGUES, 2010). No entanto, isto está ameaçado em razão do avanço da exploração extrativista predatória de seus recursos naturais. Estimativas indicam que entre 43% e 80% da produção madeireira da região amazônica seja ilegal, advinda de áreas desmatadas ou exploradas de forma predatória e insustentável (ZENID, 2009).

O aumento dos problemas ambientais e a necessidade de recuperar áreas degradadas e preservar as florestas existentes estimulam o interesse no desenvolvimento de métodos e técnicas de propagação das espécies florestais nativas do Brasil (MONTEIRO, 2011). Dentre essas espécies, uma das mais exploradas é a itaúba (Mezilaurus ita-uba), uma espécie nativa da Amazônia cuja madeira muito resistente, durável e de alto valor comercial é usada para diversas finalidades. Sua resistência à umidade a torna ideal para a construção de pontes e a confecção de postes, moirões, estacas, ripas, esteiras, cruzetas e dormentes. Internamente ela é muito usada na construção civil como viga, caibro, tacos, tábuas, esquadrias, lambris, e na fabricação de móveis. É usada ainda na confecção de cabos de ferramentas, de embalagens, carrocerias, vagões de trens, barris e tonéis para o armazenamento de bebidas (ALVES, 2011).

Essa diversidade de usos da madeira da itaúba faz com que a mesma seja uma das mais buscadas na Amazônia e por essa razão o preço é também muito elevado. Segundo PEREIRA et al. (2010), o consumo de toras de itaúba no pólo madeireiro de Mato Grosso em 1998 foi de 100.000 m³, de 130.000 m³ em 2004 e 59.000 m³ em 2009. Esta alta pressão de exploração, combinada com características ecológicas da espécie ameaçam causar o seu declínio populacional (MARTINI et al., 1998).

Apesar da importância das espécies arbóreas nativas como a itaúba, ainda são poucos os resultados de pesquisas sobre suas características silviculturais e autoecológicas que confirmam o seu potencial para uso em programas de

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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014 1204 reflorestamento ou de recuperação de áreas degradadas (RÊGO & POSSAMAI, 2004). Por isso é necessário realizar estudos voltados para a propagação da espécie visando conhecer as suas exigências quanto ao tipo adequado de substrato (ARRIGONI-BLANK et al., 2003), níveis de luminosidade (PIEREZAN et al., 2012), temperatura (GUEDES & ALVES, 2011), dimensões de recipientes de germinação (VIANA et al., 2008) e exigências nutricionais (SORREANO et al., 2011). Esta situação é generalizada quando se considera as plantas arbustivo-arbóreas tropicais de uma maneira geral. ZAMITH & SCARANO (2004) afirmam que a variabilidade interespecífica, a presença de diversificados mecanismos de dormência, os altos índices de predação e o conhecimento limitado sobre a fenologia e a fisiologia de sementes são barreiras que dificultam a produção de suas mudas. Estes estudos levam tempo para serem realizados e por essa razão o desenvolvimento de métodos para incrementar a diversidade e a disponibilidade de mudas para a restauração de áreas degradadas, como a produção de mudas a partir da coleta e transferência ou resgate dos indivíduos de regeneração natural em formações florestais nativas, passaram a ser recomendados (RODRIGUES & GANDOLFI, 2001).

O resgate de plântulas pode ser definido como a retirada de espécies arbustivo-arbóreas nativas que regeneram em fragmentos florestais para adaptação e desenvolvimento em viveiros ou diretamente para o campo com posterior transferência para as áreas a serem restauradas (SILVA et al., 2011). Dentre as principais vantagens associadas a essa técnica VIDAL (2008) destacou a obtenção de elevado número de espécies (geralmente não disponíveis em viveiros convencionais), a eliminação de etapas dispendiosas ou desconhecidas de viveiro e a obtenção, em pouco tempo, de elevado número de indivíduos quando é utilizada a técnica de produção de mudas convencional a partir da germinação de sementes.

A técnica do resgate de indivíduos da flora (plântulas, plantas jovens ou até adultos) tem sido indicada como uma promissora metodologia de restauração florestal em estudos recentes, mas muitos ajustes ainda precisam ser realizados para maximizar a sobrevivência das mudas de modo a garantir a obtenção de elevada diversidade de espécies (NAVE, 2005; RODRIGUES et al., 2009; MARTINS, 2010; CALEGARI, 2011). Os experimentos realizados por AUER & GRAÇA (1995) e NEMER et al. (2002) apresentaram resultados satisfatórios de sobrevivência dos indivíduos de regeneração natural e recomendam essa técnica como viável para a produção de mudas de espécies nativas.

Os substratos têm sua utilização mundial incrementada anualmente por proporcionarem melhores condições físicas, químicas e biológicas ao desenvolvimento das plantas (BRAGA JÚNIOR et al., 2010). Para o desenvolvimento inicial de plântulas é importante um bom substrato, pois sua finalidade é garantir o desenvolvimento de plantas com qualidade e baixo custo. O substrato deve reunir características físicas e químicas que promovam a retenção de umidade e a disponibilidade de nutrientes de modo que atenda adequadamente as necessidades das plântulas (CUNHA et al. 2006; GUIMARÃES et al., 2011). Estudos sobre o efeito de diferentes substratos no desenvolvimento de quatro essências florestais verificaram que casca de amendoim processada em 35% de húmus de minhoca foi a mais indicada para a produção de mudas (OLIVEIRA et al., 2008).

HAYASHI et al. (2012) constataram que plântulas de Canavalia ensiformis e

Phaseolus vulgaris que tiveram os cotilédones removidos apresentaram crescimento

inferior em relação às que permaneceram um período maior como os mesmos, demonstrando o papel fundamental dos cotilédones no crescimento e

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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014 1205 desenvolvimento inicial de plântulas.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência dos cotilédones e substratos no desenvolvimento de plântulas de M. ita-uba provenientes de regeneração natural.

MATERIAL E MÉTODOS

A coleta das plântulas de M. ita-uba foi realizada em dezembro de 2012 na Fazenda Experimental Catuaba da Universidade Federal do Acre (UFAC), localizada no Km 24 da rodovia BR-364 (Lat. 10°07’17,8”S; Long . 67°53’59,19”W). As plântulas foram extraídas do solo embaixo da árvore matriz com o auxílio de uma pá de jardinagem. Em seguida foram acondicionadas em jornais umedecidos e transportadas para o Laboratório de Sementes Florestais do Parque Zoobotânico da UFAC para destorroamento manual até ficar com as raízes nuas e posterior mensuração e instalação dos testes e acompanhamento do desenvolvimento das plântulas.

Conforme a presença ou a ausência de cotilédones aderidos, foram separadas e mensuradas em altura da parte aérea, comprimento de raiz e diâmetro do colo. As plântulas, em número de 400, foram repicadas em saquinhos de polietileno preto medindo 17 x 23 cm contendo os substratos puros: terra vegetal, casca de açaí, solo natural extraído do local de ocorrência das plântulas, e substratos associados na proporção 1:1: pó de serra + areia, terra vegetal + pó de serra, terra vegetal + casca de açaí, terra vegetal + solo natural, pó de serra + casca de açaí, pó de serra + solo natural e casca de açaí + solo natural. O delineamento experimental usado foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 2 (presença/ausência de cotilédones) x 10 (substratos) com seis repetições e 20 tratamentos seguidos do Teste Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa Assistat versão 7.7 beta (SILVA, 2012). Foram registradas, durante o tempo em que as plântulas permaneceram na casa de vegetação, a temperatura média de 32 °C e umidade média relativa (UR) de 74% .

As plântulas foram mensuradas antes da repicagem e após 120 dias. As variáveis avaliadas foram: altura total (cm) – medida com uma régua milimetrada até a gema apical, diâmetro caulinar (mm) das plântulas medido com um paquímetro digital, comprimento de raiz medido a partir do colo - realizada com 0 e 120 dias utilizando-se uma régua milimetrada; e a sobrevivência calculada considerando-se a taxa de sobrevivência das plântulas. As irrigações foram realizadas diariamente, quando necessárias. Após 120 dias as plântulas foram retiradas de cada substrato, lavadas, separadas pelo colo em parte aérea e raiz, e medidas para avaliação do crescimento da parte aérea e raízes e comparação dos dados. Para o peso de massa seca e verde da parte aérea e raiz as plântulas foram separadas e acondicionadas em sacos de papel e colocadas em estufa com temperatura constante de 80 °C por 24 horas (VIEIRA & CARVALHO 1994), após esse período foram retiradas e pesadas separadamente por tratamento em balança de precisão com quatro casas decimais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As médias de altura, diâmetro, comprimento de raiz e porcentagem de sobrevivência de plântulas de M. Ita-uba após 120 dias de permanência em casa de vegetação encontram-se na Tabela 1. De modo geral as plântulas com cotilédones aderidos apresentaram melhor desenvolvimento que as plântulas sem cotilédones, apresentando diferença significativa em todos os parâmetros avaliados.

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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014 1206 TABELA 1 - Médias de altura, comprimento de raiz, diâmetro do colo e porcentagem de

sobrevivência de plântulas de Mezilaurus ita-uba obtidas após 120 dias de permanência em casa de vegetação do Laboratório de Sementes Florestais da UFAC em Rio Branco, Acre.

Fator I Cotilédone Fator II Substrato Altura de plântula Média (cm) Comprimento de raiz Média (cm) Diâmetro do colo Média (mm) Sobrevivência Média (%)

Terra Vegetal 15.3 Aab 10.66 Aa 1.91 Aab 83,33 Aab

Pó de serra + areia 14.9 Ac 10.94 Aa 1.73 Abc 33,33 Ac

Casca de Açaí 17.2 Aab 7.3 Aa 2.02 Aa 83.33 Aab

Solo Natural 18.2 Aa 9.84 Aa 2.02 Aa 100 Aa

Terra Vegetal + Pó de Serra 16 Abc 9.83 Aa 1.71 Aabc 83.33 Aab

Terra Vegetal + Casca de Açaí 16.1 Aab 9.98 Aa 1.81 Aabc 66,66 Aabc

Terra vegetal + Solo natural 14.6 Aab 9.88 Aa 1.8 Aabc 66.66 Aabc

Pó de serra + Casca de açaí 16.1 Abc 5.95 Aa 1.88 Aab 66,66 Aabc

Pó de serra + Solo natural 15.7 Aab 7.88 Aa 1.96 Aab 66.66 Aabc

Com Cotilédone

Casca de açaí + Solo natural 16.6 Aab 9.99 Aa 1.75 Aabc 83.33 Aab

Terra Vegetal 16.6 Bab 7.76 Ba 1.91 Bab 50 Bbc

Pó de serra + areia 15.4 Bc 9.64 Ba 1.56 Bbc 50 Bbc

Casca de Açaí 15.5 Bab 10.1 Ba 1.86 Babc 50 Bbc

Solo Natural 15.3 Ba 7.83 Ba 1.66 Ba 83.33 Ba

Terra Vegetal + Pó de Serra 15.8 Bbc 9.56 Ba 1.61 Babc 50 Bbc

Terra Vegetal + Casca de Açaí 16.6 Bab 5.57 Ba 1.55 Babc 66.66 Babc

Terra vegetal + Solo natural 15 Bab 7.52 Ba 1.75 Babc 83,33 Bab

Pó de serra + Casca de açaí 16.7 Bbc 8.38 Ba 1.62 Bc 16,66 Bc

Pó de serra + Solo natural 15.7 Bab 8.92 Ba 2.02 Babc 83,33 Bab

Sem cotilédone

Casca de açaí + Solo natural 14.8 Bab 8.44 Ba 1.88 Bab 66.66 Babc

CV% 65.82 63.11 63.67 66.54

* Médias seguidas de letras distintas, maiúsculas para o fator I (cotilédone) e minúsculas para o fator II (substrato) não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Quanto ao desenvolvimento em altura das plântulas de M. ita-uba, verifica-se que houve um melhor desempenho de plântulas repicadas em solo natural, seguido de terra vegetal, casca de açaí, terra vegetal + casca de açaí, terra vegetal + solo natural, pó de serra + solo natural e casca de açaí + solo natural. Para o comprimento de raiz não houve diferença estatística significativa entre os substratos testados. Já para o diâmetro de colo das plântulas observou-se melhor desenvolvimento para plântulas repicadas nos substratos solo natural e casca de açaí, seguidos de terra vegetal, pó de serra + solo natural e pó de serra + casca de açaí.

Com relação à taxa de sobrevivência das plântulas, ela variou entre 16,66% no substrato pó de serra + casca de açaí e 100% no substrato solo natural. Outros substratos favoráveis para a sobrevivência das plântulas foram de terra vegetal, terra vegetal + pó de serra, casca de açaí e casca de açaí + solo natural. VIANI & RODRIGUES (2007) estudaram a sobrevivência de 2.424 indivíduos, pertencentes a 110 espécies arbustivo-arbóreas em estádio regenerante retiradas de um remanescente de Floresta Estacional Semidecidual em Bofete, SP, e mantidas em viveiro sob sombrite 50% por nove meses e encontraram uma taxa de sobrevivência de 69%. Eles observaram ainda que plântulas de espécies pioneiras apresentaram

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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014 1207 taxa de sobrevivência significativamente maior que plântulas de espécies não pioneiras. CALEGARI et al. (2011) observaram taxa média de sobrevivência de 79,3% para 996 indivíduos arbóreo-arbustiva transplantados de fragmentos florestais para saquinhos plásticos e mantidos em viveiro durante seis meses.

Com relação ao peso de massa verde e seca da parte aérea e raiz das plântulas de M. ita-uba (Tabela 2), observa-se que as plântulas com cotilédone aderido apresentaram médias mais significativas do que as plântulas sem cotilédone. Quanto ao peso de massa fresca, as melhores médias foram obtidas em plântulas com substrato casca de açaí + solo natural. O peso de massa fresca de raiz e da massa seca da parte aérea e das raízes das plântulas não foi influenciado significativamente pela presença ou ausência do cotilédone e nem pelo tipo de substrato.

TABELA 2 - Médias do peso de massa verde e seca da parte aérea e raiz de plântulas de Mezilaurus ita-uba obtidas após 120 dias de permanência em diferentes substratos em casa de vegetação do Laboratório de Sementes Florestais da UFAC em Rio Branco, Acre.

PESO DE MASSA VERDE PESO DE MASSA SECA Fator I Cotilédone Fator II Substrato Parte aérea Média (g) Raiz Média (g) Parte aérea Média (g) Raiz Média (g) Terra Vegetal 4.358 Aab 2.77 Aa 1.457ns 0.755ns Pó de serra + areia 1.575 Ab 1.371 Aa 0.584 0.388 Casca de Açaí 3.356 Aab 2.787 Aa 1.031 0.534 Solo Natural 5.563 Aab 2.932 Aa 1.633 0.718 Terra Vegetal + Pó de Serra 2.966 Aab 2.321 Aa 0.421 0.17 Terra Vegetal + Casca de Açaí 5.146 Aab 3.195 Aa 1.659 0.76 Terra vegetal + Solo natural 5.293 Aab 2.809 Aa 1.613 0.773 Pó de serra + Casca de açaí 1.948 Ab 1.030 Aa 0.349 0.289 Pó de serra + Solo natural 2.643 Aab 2.008 Aa 1.015 0.586 Com Cotilédone

Casca de açaí + Solo natural 8.057 Aa 3.942 Aa 2.235 0.844 Terra Vegetal 2.244 Bab 1.530 Ba 0.698 0.448 Pó de serra + areia 1.679 Bb 1.873 Ba 0.587 0.455 Casca de Açaí 2.131 Bab 2.043 Ba 0.853 0.38 Solo Natural 4.531 Bab 2.822 Ba 1.523 0.795 Terra Vegetal + Pó de Serra 1.879 Bab 1.803 Ba 0.729 0.556 Terra Vegetal + Casca de Açaí 1.34 Bab 0.617 Ba 0.427 0.149 Terra vegetal + Solo natural 4.831 Bab 2.557 Ba 1.597 0.593 Pó de serra + Casca de açaí 1.235 Bb 0.653 Ba 1.033 0.565 Pó de serra + Solo natural 5.974 Bab 2.876 Ba 1.718 0.679 Sem cotilédone

Casca de açaí + Solo natural 3.523 Ba 1.749 Ba 0.963 0.376

CV% 74.94 77.67 89.22 95

* Médias seguidas de letras distintas, maiúsculas para o fator I (cotilédone) e minúsculas para o fator II (substrato) não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade; ns= não significativo.

CONCLUSÃO

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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014 1208 plântulas de M. ita-uba. As plântulas em substrato solo natural apresentaram maior taxa de sobrevivência e vigor no período avaliado, podendo ser indicado para a produção de mudas da espécie com plântulas oriundas de regeneração natural.

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Referências

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