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Orientação Fundamentos dos Odús de Ifá Jogo de Buzios

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Academic year: 2021

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CENTRO DE ORIENTAÇÃO AFRO-BRASILIERA CULTO AOS

ORIXAS - BH-MG/BRASIL - CANDOMBLE

Babalawo: Oxosse Ibualama (Junto) Oxum Apara

Sarcedote: Arnaldo de Aguiar Filho

Endereçol: Rua Engenho de Minas Nº.71 – Cep: 31320580 - Bairro Engenho Nogueira

Cidade: Belo Horizonte – Estado: Minas Gerais – Pais: Brasil

Tel: 55+31+34187159 + Cel:Vivo: 31+99290675 - Cel Oi: 31+86362863

E-mail:

baba.ibualama.arnaldo@gmail.com

FUNDAMENTO DE ENSINO CULTO AOS ORIXAS YURUBA –

BENI AFRICA

Odús de Ifá / Jogo de Búzios

Ebós - Oferendas Orixás Preceitos

Ifá é o nome de um oráculo africano. É um sistema de adivinhação que se originou naÁfrica Ocidental entre os yorubas, na Nigéria. É também designado por Fa entre os Fon eAfa entre os Ewe. Não é propriamente uma divindade (Orixá), é o porta-voz de Orunmilá e dos outros orixás.

O sistema pertence as religiões tradicionais africanas mas também é praticado entre os adeptos da Lukumí de Cuba através da Regla de Ocha, Candomblé no Brasil através doCulto de Ifá, e similares transplantadas para o Novo Mundo.

Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade

Da Nigéria são dois os listados como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade: OGelede, que também é praticado no Benin e Togo, e os Ifa Divination System, e em estudo na Nigéria um sistema de Tesouros

Humanos Vivos e esforços para salvaguardar o suas línguas ameaçadas.

OS DEZ MANDAMENTO DE IFÁ

Os conceitos constantes do presente documento representam a herança moral que nos foi legada por nossos ancestrais, consistindo em 16 Mandamentos de Ifá, transmitidos oralmente no dialeto original e traduzidos para o castelhano, idioma em que se encontram escritos nos antigos livros sagrados das seculares sociedades de Ifá de Cuba e que devem agora chegar ao conhecimento de todos aqueles que, de alguma forma, se interessem por nossa religião.

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É necessário que, de posse destes conhecimentos, possam todos aqueles que adotaram uma postura desonesta, corrompendo os ditames de Ifá e usando a religião tão somente para usufruírem vantagens financeiras, possam refletir e, retomando a senda do bem, exaltar o sagrado nome de Orunmilá,

divulgando-o dentro do respeito e religiosidade esperados de um verdadeiro sacerdote. Os mandamentos de Ifá nascem no Odu Ikafun e ninguém pode gabar-se de sua autoria. Itan do Odu Ikafun:

Quando os Maiores (os Irunmole) chegaram a Terra, fizeram todos os tipos de coisas erradas que foram avisados que não fizessem.

Então, começaram a morrer um atrás do outro e, desesperados, puseram-se a gritar e a acusar Orunmilá de está-los assassinando.

Orunmilá então defendeu-se dizendo que não era ele que os estava matando.

Orunmilá disse que os maiores estavam morrendo porque não cumpriam os mandamentos de Ifá. Então IFÁ disse: A habilidade de comportar-se com honra é obedecer aos mandamentos de Ifá, o que é de sua inteira responsabilidade.

A HABILIDADE DE COMPORTAR-SE COM HONRA E OBEDECER AOS MANDAMENTOS DE IFÁ É MINHA RESPONSABILIDADE TAMBÉM..

Sentença: Eni da ile á bá ilé lo. Os 16 mandamentos de Ifá.

(Os mandamentos de Ifá nascem no Odu Ikafun)

1o Mandamento – Eles, os 16 Maiores, caminhavam em busca da Terra Prometida, Ile Ifé, a Terra do Amor, para pedirem Ire Ariku (o bem da longevidade) ao Deus Supremo, Olofin. Então perguntaram a Orunmilá: “Viveremos vida longa como foi prometido por Olodumare quando foi feita a consulta através do oráculo de Ifá?” E eles (os adivinhos), responderam: “Aquele que pretende vida longa, que não chame a esúrú” (tipo de inhame parecido com pequenas batatas)”. (Chamar esúrú significa falar do que não se sabe).

Significado do 1o mandamento:

O sacerdote não deve enganar ao seu semelhante acenando com conhecimentos que não possui. Interpretação:

O sacerdote não deve dizer o que não sabe, ou seja, passar ensinamentos incorretos ou que não tenham sido transmitidos pelos seus mestres e mais velhos. É necessário o conhecimento verdadeiro para a prática da verdadeira religião.

Mensagem:

Quem abusa da confiança do próximo, enganando-o e manipulando-o através da ignorância religiosa, sofrerá graves conseqüências pelos seus atos. A natureza se incumbirá de cobrar os erros cometidos e isto se refletirá em sua descendência consangüínea e espiritual.

2o Mandamento – “Eles avisaram aos Maiores que não chamassem a todos de esúrú”. (Chamar a todos de “esúrú” é considerar todas as coisas como contas sagradas).

Significado do 2o Mandamento:

O sacerdote deve saber distinguir entre o ser profano e o ser sagrado, o ato profano e o ato sagrado, o objeto profano e o objeto sagrado.

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Não se pode proceder a rituais sem que se tenha investidura e conhecimento básico para realizá-los. Chamar a todos de esúrú é considerar a todos, indiscriminadamente, como seres talhados para a missão sacerdotal, o que é uma inverdade ou, o que é pior, uma manipulação de interesses. Da mesma forma que nem todas as contas servem para formar-se o eleké (colar) de um Orixá (como as contas sagradas), nem todos os seres humanos nasceram fadados para a prática sacerdotal.

Mensagem:

Para ser um sacerdote de Ifá, são necessários inúmeros atributos morais, intelectuais, procedimentais e vocacionais.

A simples iniciação de um ser profano, desprovido destes atributos básicos e essenciais, não o habilita como um sacerdote legítimo e legitimado.

Da má interpretação e inobservância deste mandamento resulta a grande quantidade de maus sacerdotes que proliferam hoje em dia dentro do Culto de Orunmilá.

Ai observa-se a diferença entre “ser bàbáláwo” e “estar bàbáláwo”. Aquele que se submete à iniciação visando tão somente o status de bàbáláwo, jamais será um verdadeiro sacerdote de Orunmilá. “Estará” bàbáláwo, cargo adquirido pela iniciação, mas jamais “será” bàbáláwo, condição imposta por sua vocação, dedicação e desprendimento. Cabe ao sacerdote que procede a iniciação escolher, com muito critério, aqueles que são realmente dignos do sacerdócio.

3o Mandamento – Eles avisaram que não chamassem forças, da forma errada “ódidé”. (Uma referência às aves noturnas e misteriosas, que se nutrem de sangue. Dar maus conselhos e orientações erradas é expor as pessoas aos perigos de energias maléficas e sem controle).

Significado do 3o mandamento:

O sacerdote nunca deve desencaminhar as pessoas dando-lhes maus conselhos e orientações erradas. Interpretação:

É inadmissível que um sacerdote se utilize do seu poder e do seu conhecimento religioso para, em proveito próprio, induzir ao erro aqueles que o seguem. Ao agirem desta forma, assumem a postura das aves noturnas que, nas trevas, saciam suas necessidades com o sacrifício e o sangue dos outros. Mensagem:

Uma das mais importantes funções do sacerdote é orientar seu discípulo, conduzindo-o ao caminho correto, ao encontro do “irê” (boa sorte), de acordo com os ditames estabelecidos por seu Odu pessoal e seus Orixás de cabeça.

Quem chega aos pés de Orunmilá para consultar seu oráculo em busca de soluções, deve ser orientado pelo sacerdote corretamente, independente do interesse deste como olhador.

A pessoa que chega com um problema deve ter seu problema solucionado e não vê-lo acrescentado de outros criados artificialmente com o fito de proporcionar a quem a consulta, vantagens financeiras ou possibilidade de conquistas e abusos.

4o Mandamento – Eles avisaram que não dissessem que as folhas sagradas do arabá (Ceiba Pethandra), são folhas da árvore “oriro”.

(Tudo deve ser feito de acordo com os ditames e os preceitos religiosos. A simples troca de uma simples folha pode ocasionar conseqüências maléficas ou tornar sem efeito um grande ebó da mesma forma que as folhas do arabá não são iguais às folhas de oriro).

Significado do 4o Mandamento:

O sacerdote não pode, em nenhuma condição, utilizar-se de falsos recursos, fornecendo coisas sem validade religiosa como elementos de segurança ou de culto.

Interpretação:

Os procedimentos litúrgicos devem ser observados integralmente e a ninguém cabe o direito de fazer “isto” por “aquilo” quando em “aquilo” é que está a solução.

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Mensagem:

Aquele que se utiliza de meios escusos e enganosos contra seus semelhantes, será culpado do crime de abuso de confiança. Usando de artifícios e mentiras contra as pessoas inocentes e de bom coração, o sacerdote provoca o descontentamento de Orunmilá e a conseqüente ira de Elegbara, e isto não é bom. Cada entidade espiritual possui um nome individual, de acordo com a determinação de Olofin (Deus). Da mesma forma, cada Exú Elegbara possui nome e identidade própria, assim como atributos específicos. É inadmissível, portanto, que esta Entidade tão sagrada e importante dentro do culto, seja assentada e entregue de maneira irresponsável, e que aqueles que a recebem permaneçam ignorantes do seu nome, qualidade, forma de tratamento e especificidade de função.

Sentença: “Orunmilá é aquele que nos olha com amor, não façamos por onde possa nos olhar com desprezo”.

5O MANDAMENTO – ELES AVISARAM QUE, NÃO DEVERIAM MERGULHAR FUNDO, AQUELES QUE AINDA NÃO SOUBESSEM NADAR. (O “saber” é fundamental para quem quer “fazer”. Para tanto, é necessário o “poder”, que só a iniciação pode outorgar).

Significado do 5o Mandamento:

O sacerdote não pode proceder a liturgias para as quais não seja habilitado através do processo iniciático ou cuja prática desconheça ou domine apenas parcialmente.

Interpretação:

O BABALÁWO NÃO DEVE OSTENTAR UMA SABEDORIA QUE NA VERDADE NÃO POSSUA. PROCURAR SABER NÃO AVILTA, MAS, PELO CONTRÁRIO, EXALTA O SER HUMANO. O SABER É CONDIÇÃO BÁSICA PARA QUE SE POSSA FAZER.

Mensagem:

Tudo deve ser feito integralmente e com legitimidade total. Se houver dúvidas sobre algum

procedimento, deve-se pesquisar profundamente sobre ele. Cabe ao sacerdote ensinar tudo o que sabe àqueles que o cercam e que nele confiam. A sonegação de ensinamentos corretos e completos implica na responsabilidade da prática de suicídio cultural.

Da mesma forma, buscar orientação em quem sabe, nada tem de humilhante e enaltece tanto àquele que busca como ao que fornece a orientação.

A verdadeira sabedoria consiste na consciência da própria ignorância. Só os tolos se exibem e sabem tudo!

Sentença: Deus não deu ao ignorante o direito de aprender sem antes tomar de quem sabe a obrigação de ensinar. (Da sabedoria oriental)

6O MANDAMENTO – ELES AVISARAM QUE FOSSEM HUMILDES E NUNCA, JAMAIS, AGISSEM COM EGOÍSMO. (HUMILDADE E DESPRENDIMENTO SÃO ATRIBUTOS INDISPENSÁVEIS DE UM VERDADEIRO SACERDOTE).

Significado do 6o Mandamento: O bàbáláwo não deve ser vaidoso de seus poderes, mas consciente deles. Não deve agir somente visando o próprio benefício, existe para servir e não para ser servido. Interpretação:

A vaidade transforma o homem fraco de espírito num pavão que faz questão de exibir sua bela plumagem sem a consciência de que é a sua beleza que, despertando a atenção de terceiros, irá provocar a sua morte.

NO ODU OGUNDAKETE, ENCONTRAMOS ITANS QUE FALAM DO EXIBICIONISMO DO PAVÃO QUE, OSTENTANDO A BELEZA DE SUA PLUMAGEM, ATRAI PARA SI A ATENÇÃO DE TODOS QUE, DEPOIS DE SACRIFICÁ-LO, TRANSFORMAM SUAS PENAS EM BELOS LEQUES E ADORNOS. O VERDADEIRO SACERDOTE, O ELEITO DE ORUNMILÁ, NÃO SE PREOCUPA EM EXIBIR SEU PODER NEM O SEU SABER EM DISPUTAS VÃS E INCONSEQÜENTES. ACUMULA EM SI UMA GRANDE CARGA DE SABEDORIA QUE TRANSMITE COM DEDICAÇÃO A QUEM MERECE SABER.

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O exibicionismo é um dos maiores defeitos num ser humano e inadmissível num sacerdote. Já dizia o velho jargão: “Num burro carregado de açúcar, até o suor é doce”. É assim que, aos olhos do sábio, parecem os exibicionistas: “burros carregando açúcar”.

7o Mandamento – Eles avisaram que não entrassem na casa de um Arabá (título daquele que resguarda os segredos da chefatura de Ifá), com má intenção. (As boas intenções devem prevalecer acima de tudo. A casa do Arabá é o templo onde a iniciação é obtida).

Significado do 7o Mandamento:

A iniciação não pode ser motivada por interesses que não sejam puramente religiosos. Interpretação:

As verdadeiras intenções do iniciando devem ser cristalinas como a água pura, e desprovidas de qualquer outro objetivo que não seja servir à humanidade através de Orunmilá.

Querer iniciar-se no culto por simples vaidade, para obter status social ou ostentar títulos sacerdotais é profanar o sagrado.

Mensagem:

Aquele que profana o sagrado tabernáculo de Ifá, movido por qual for o motivo, pagará com duras penas o sacrilégio praticado.

Ninguém adentra impunemente o Igbodu Ifá.

O conhecimento corresponde à responsabilidades que nem todos estão preparados para assumir. É muito melhor errar por não saber do que saber e persistir no erro.

O conceito mais amplo simboliza a atitude de um predador que esconde suas garras procurando adquirir a confiança e os conhecimentos de sua vítima para ter base de agir no momento mais propício aos seus objetivos.

A mesma responsabilidade assume aquele que inicia pessoas que não possuam os requisitos básicos exigidos para tal, visando aí, a simples vantagem financeira.

8o Mandamento – Eles avisaram que não deveriam usar as penas “ekodidé” para limparem os seus traseiros.

(A pena do ekodidé é um dos símbolos mais sagrados dentro do culto e, por este motivo, jamais deverá ser profanada).

Significado do 8o Mandamento:

Os sagrados fundamentos não podem ser usados com objetivos vãos. Os tabus devem ser integralmente observados sob pena de severas conseqüências.

Interpretação:

O sacerdote deve submeter-se de bom grado às interdições impostas por seu Odu pessoal, assim como aos tabus de seu Olori.

A observância destes ditames está diretamente ligada ao estado de submissão às deidades cultuadas. As obediências totais às orientações de Ifá conduzem o homem à plenitude das bênçãos.

Utilizar-se dos sagrados conhecimentos de forma leviana corresponde à profanar o sagrado. A figura aqui utilizada representa muito bem tal atitude. “Limpar o traseiro com penas ekodidé” é o mesmo que usar coisas sagradas com objetivos condenáveis e fúteis.

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A prática do mal, invariavelmente, apresenta resultados mais rápidos, mas conduz a caminhos tortuosos que não têm volta.

Da mesma forma, aquele que se utiliza destes poderes visando unicamente auferir vantagens econômicas, está em desacordo com os sagrados ditames e será responsabilizado por isto. 9o Mandamento – Eles avisaram que não deveriam defecar no epô.

(A sujeira e a falta de higiene são incompatíveis com o rito). Significado do 9º mandamento:

O epô (azeite de dendê) corresponde ao sangue vegetal. Elemento sagrado e indispensável no ritual, há de ser sempre muito puro e limpo.

Da mesma forma, tudo deve ser limpo, os instrumentos, os ambientes, os assentamentos, as pessoas e, principalmente, as atitudes.

Não se admite, sob nenhuma hipótese, a falta de limpeza e de higiene em qualquer aspecto, quer seja físico, ambiental ou moral.

Mensagem: O sacerdote deve ser escrupuloso com tudo.

Seus instrumentos litúrgicos, os assentamentos das entidades cultuadas, seu corpo, suas atitudes e seu caráter hão de permanecer, sempre, impecavelmente limpos.

Nenhum Orixá admite a sujeira, seja ela física ou moral.

10o Mandamento – Eles avisaram que não deveriam urinar dentro do afó. (O afó é o local onde se fabrica o azeite de dendê em terra yorubá). Significado do 10º Mandamento:

Tudo aquilo que antecede a um rito e que a ele faça referência, deve ser realizado com limpeza e religiosidade.

Interpretação:

Da mesma forma que o ritual deve ser cercado de cuidados de limpeza, a confecção das comidas e oferendas deve seguir os mesmos princípios.

Preparar as comidas ritualísticas é também um rito e deve ser realizadas em total circunspecção e concentração religiosa.

Mensagem:

Durante a preparação das oferendas e comidas ritualísticas a atitude de quem dela participa deve ser a mesma de quem participa do ritual em si.

É inadmissível que, neste momento sagrado, as pessoas estejam consumindo bebidas alcoólicas, falando coisas vulgares, discutindo, brigando ou tentando exibir seus conhecimentos, humilhando a quem sabe menos.

A postura será sempre sacerdotal, o silêncio e a concentração devem ser mantidos e, ensinar a quem não sabe ou a quem sabe menos, é uma obrigação sagrada.

11o MANDAMENTO – ELES AVISARAM QUE NÃO SE DEVE RETIRAR A BENGALA DE UM CEGO. (a bengala de um cego substitui seus olhos e indica os obstáculos que se interpõem em seu caminho). Significado do 11º mandamento: o sacerdote não pode prevalecer-se de sua carga de conhecimento para humilhar ou confundir a ninguém. O sacerdote há de ter o mais profundo respeito pelos que sabem menos. Ninguém tem o direito de descaracterizar o que os outros sabem e acreditam. Abalar a fé de quem sabe pouco ou nada sabe, é retirar a bengala de um cego, deixando-o sem qualquer orientação nas trevas em que caminha.

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Interpretação: Mensagem:

UMA DAS MAIS IMPORTANTES MISSÕES DO SACERDOTE É ENSINAR E ORIENTAR. MUITAS VEZES SURGEM PESSOAS QUE NADA SABEM E JULGAM SABER. É NESTE MOMENTO QUE O SÁBIO AFLORA NO SACERDOTE E A ORIENTAÇÃO CORRETA E O ENSINAMENTO CERTO SÃO PASSADOS, COM DOÇURA, SUTILEZA E HUMILDADE,SEM MELINDRAR A QUEM OS RECEBE E SEM PROVOCAR CONFUSÕES EM SUA CABEÇA. TUDO DEVE SER ENSINADO COM CLAREZA E LÓGICA. ASSIM, O BABALAWO, NO EXERCÍCIO DE SEU SACERDÓCIO, ASSUME TAMBÉM A MISSÃO DE MESTRE. 12o Mandamento – Eles avisaram que não se retira um bastão de um ancião.

(O bastão do ancião representa o acúmulo de experiências adquiridas nos longos anos em que viveu). Significado do 12º Mandamento:

Deve-se respeitar e tratar muito bem ao mais velhos, principalmente os mais antigos na religião. Interpretação:

O respeito aos mais velhos é um dos principais fundamentos de uma religião onde, reconhecidamente, antigüidade é posto.

Faltar-lhes com o devido respeito e atenção é como retirar-lhes o bastão em que se apóiam. Aquele que sabe respeitar, acatar e amar aos seus mais velhos, sem dúvida receberá o mesmo tratamento quando também caminhar apoiado no seu próprio bastão.

Mensagem:

Os velhos, pelas experiências vividas, representam verdadeiros mananciais de sabedoria onde cada um deve procurar beber um pouco, saciando a sede de saber.

São livros sagrados, cujas páginas devem ser lidas com paciência e carinho.

Uma religião que, durante séculos incontáveis, teve seus fundamentos transmitidos oralmente, deve valorizar, sobremaneira, aqueles que são depositários destes conhecimentos.

Um velho, por mais obtuso que possa parecer à primeira vista, sempre terá algo, obtido nos longos anos vividos, a ensinar.

Devemos lembrar sempre que, se antigüidade é posto, saber é poder!

13o Mandamento – Eles avisaram que não se deitassem com a esposa de um Ogboni.

(“Ogboni” é um título que significa juiz ou magistrado, representa uma pessoa digna de respeito). Significado do 13º Mandamento:

As autoridades devem ser respeitadas integralmente. Interpretação:

O “Ogboni” da sentença representa, genericamente, as autoridades e as leis por elas estabelecidas. O Sacerdote, como homem de bem, deverá pautar sua vida de acordo com os ditames das leis dos homens e das sagradas leis de Ifá.

Mensagem:

O homem religioso não pode viver à margem da lei e da sociedade da qual deve fazer parte como célula importante.

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Pugnar pela obediência às leis é uma das obrigações de um sacerdote que, neste sentido, deve também orientar os seus seguidores.

Da mesma forma, as leis de Ifá, devem ser observadas integralmente e a ninguém cabe o direito de manipulá-las em benefício próprio ou de outrem.

14o Mandamento – Eles avisaram que nunca se deitassem com a esposa de um amigo. (Não se deve trair um amigo). Significado do 14º Mandamento: Os amigos devem ser respeitados e uma amizade não pode ser traída.

Interpretação:

“Deitar com a esposa de um amigo” é a maior injúria que o sacerdote pode praticar contra esta pessoa. A sentença busca valorizar o sentimento de amizade que deve ser pautado sempre, no respeito mútuo e na reciprocidade ética, que em hipótese alguma, podem ser esquecidos.

Mensagem:

“Um amigo vale mais do que um parente”. Esta afirmativa da sabedoria popular fundamenta-se no fato de que os parentes nos são impostos pelo destino, ao passo que, os amigos, cabe-nos escolher dentre as inúmeras pessoas que surgem no decorrer de nossas vidas. Se elegemos, de livre e espontânea vontade, os nossos amigos, por que traí-los? Por que não dar a eles o mesmo tratamento que

gostaríamos que nos dessem? Conservar as amizades tratá-las com respeito e carinho é, acima de tudo, uma demonstração de sabedoria. As amizades devem ser cultuadas e ninguém deve criar animosidade entre amigos colocando em risco uma relação que pode representar um grande tesouro. “Mais vale um amigo na praça do que dinheiro no banco”. (Da sabedoria popular).

15o Mandamento – Eles avisaram que não semeassem discórdias religiosas. Significado do 15º Mandamento:

Não se deve usar a religião para motivar a separação e a guerra entre os homens. Interpretação:

A religião tem por finalidade única unir os homens através de Deus. Não é concebível, portanto, que possa ser utilizada como elemento apartador dos seres humanos. Mesmo no âmbito de uma mesma religião pode-se verificar a atuação de pessoas que, de forma nefasta e visando seus próprios

interesses, jogam uns contra os outros, semeando a desconfiança e a discórdia entre sacerdotes, irmãos e adeptos.

Mensagem:

Muitas guerras, incorretamente denominadas “guerras santas”, têm feito derramar o sangue de inocentes, enlutando famílias e propagando a dor e o pranto. A motivação religiosa que as incentiva é, no entanto, uma máscara para o seu motivo real: a obtenção do poder. O verdadeiro sacerdote deve pugnar pela união dos homens, independente de seu credo religioso. Deus é um só e todos os homens são seus filhos e, por conseqüência, irmãos entre si. Da mesma forma, os sacerdotes de uma mesma religião devem agir dentro de uma ética que os impeça de falarem mal uns dos outros, utilizando-se de meios condenáveis para atrair os seguidores de seus coirmãos.

16O MANDAMENTO – ELES AVISARAM QUE NUNCA FALTASSEM COM O RESPEITO OU QUISESSEM DEITAR-SE COM A ESPOSA DE UM OUTRO SACERDOTE.

(Todos aqueles que possuem cargos religiosos são importantes e dignos de respeito).

SIGNIFICADO DO 16º MANDAMENTO: OS SACERDOTES, INDEPENDENTE DE FUNÇÕES E HIERARQUIA, DEVEM RESPEITAR-SE MUTUAMENTE.

Interpretação:

Uma única palavra pode sintetizar o 16o mandamento de Ifá: “Ética”. Mensagem:

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A falta de ética entre os sacerdotes de nossa religião, muito tem colaborado para o seu enfraquecimento e falta de credibilidade pública. O sacerdote dotado de postura ética, jamais abre a boca para apontar erros e defeitos em seus irmãos. Se os constata, procura corrigi-los de forma sutil e, se possível, despercebida aos olhos alheios, sem alardear aquilo que considera errado.

Muitas pessoas tentam encobrir os próprios erros e esconder a própria incompetência, apontando, de forma espalhafatosa, o erro e a incompetência dos outros. Esta é uma atitude incorreta que só tem prejudicado e impedido um maior desenvolvimento da nossa religião.

Pode-se ouvir todas as noites, em programas de rádio produzidos e apresentados por sacerdotes e sacerdotisas do culto aos Orixás, verdadeiros absurdos praticados em nome de nossa religião. As pessoas que se ocupam neste tipo de divulgação deveriam refletir um pouco mais sobre sua atuação, na maior parte das vezes exageradas e motivadas por problemas de ordem pessoal, e os malefícios que produz, não somente aos alvos de suas críticas, mas na religião dos Orixás como um todo que, a cada denúncia feita pelo ar, cai no descrédito e na execração pública.

Cada denúncia divulgada publicamente representa uma nova arma para o arsenal dos detratores de nossa religião.

A seleção será feita, naturalmente, por Orunmilá e os Orixás, através da ação de Exú. Só a eles cabe julgar o que é certo e o que é errado. Só a eles cabe separar o joio do trigo.

África

*Nota:esta é somente uma versão da ordem, e pode mudar dependendo da região 16 Odús principais Nome 1 2 3 4 Ogbe I I I I Oyẹku II II II II Iwori II I I II Odi I II II I Ọbara I II II II Ọkanran II II II I

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Irosun I I II II Iwọnrin II II I I Ogunda I I I II Ọsa II I I I Irẹtẹ I I II I Otura I II I I Oturupọn II II I II Ika II I II II Ọsẹ I II I II Ofun II I II I 16 Afa-du principais (Yeveh Vodoun) Nome 1 2 3 4 Gbe-Meji I I I I Yeku-Meji II II II II Woli-Meji II I I II Di-Meji I II II I Abla-Meji I II II II Akla-Meji II II II I Loso-Meji I I II II Wele-Meji II II I I Guda-Meji I I I II Sa-Meji II I I I Lete-Meji I I II I Tula-Meji I II I I Turukpe-Meji II II I II ka-Maji II I II II Ce-Meji I II I II Fu-Meji II I II I

O babalawo e os aprendizes sempre ao seu lado. O aprendizado começa muito cedo. O Orixá Orumilá é também chamado de Ifá, ou Orunmila-Ifa e também é denominado

frequentemente Agbonniregun (“Aquele que é mais eficaz do que qualquer remédio”). Em caso de dúvida Ifá é consultado pelas pessoas que precisam de uma decisão, que queiram saber sobre casamentos, viagens, negócios importantes, doenças, ou por motivo religioso.

Para os yorubas o sacerdote é o babalawo e entre os Fons e Ewes recebe a designação debokonon, e o sistema de adivinhação é o mesmo. O babalawo (pai do segredo) recebe as indicações para as respostas através dos signos (odù) de Ifá.

Origens

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Orunmilá é o orixá e divindade da profecia. Ifá é o nome do Oráculo utilizado por Orunmilá. O Culto de Ifá pertence a religião yoruba.

O culto do vodun Fa é originário de Ile Ifè, e chegou ao antigo Dahomey pelas mãos de sacerdotes imigrados do território yoruba já a partir do século XVII, mas sua instalação oficial como uma das divindades reconhecidas pelo rei de Abomey teria se dado ou através do babalawo Adéléèyé, de Ile Ifè que chegou a Abomey no reinado de Agadjá (1708-1732) , junto com outros (Gongon, Abikobi, Ato e Gbélò), ou pela princesa Nà Hwanjele, mãe do rei Tegbessu (1732-1775), que era de origem yoruba. Os sacerdotes de Fá são chamados em fon debokonon, o correspondente a babalawo dos yoruba. O bokonon da corte de Abomey é um dos dignitários do rei reconhecido na categoria de príncipe e está entre os poucos autorizados a vestir djelaba em público e a permanecer com a cabeça coberta diante do rei e da rainha-mãe.

Métodos utilizados

O Babalawo (pai que possui o segredo), é o sacerdote do Culto de Ifá. Ele é o responsável pelos rituais, iniciações, todos no culto dependem de sua orientação e nada pode escapar de seu controle. Por garantia, ele dispõe de três métodos diferentes de consultar o Oráculo e, por intermédio deles, interpretar os desejos e determinações dos Orixás. Òpelè-Ifá, Jogo de Ikins.

Opon-Ifá

Opon-Ifá, tábua sagrada feita de madeira e esculpida em diversos formatos, redonda [2], retangular, quadrada, oval,[3] utilizada para marcar os sígnos dos Odús (obtidos com o jogo de Ikins) sobre um pó chamado Ierosum. Método divinatório do Culto de Ifá utilizado pelos babalawos. Irofá de Orula instrumento utilizado

pelobabalawo durante o jogo de Ikin com o qual bate na tábua Opon-Ifá. Jogo de Opele

Opele Ifá

O Òpelè-Ifá ou Rosário de Ifá é um colar aberto composto de um fio trançado de palha-da-costa ou fio de algodão, que tem pendentes oito metades de fava de opele, é um instrumento divinatório dos tradicionais sacerdotes de Ifá.

Existem outros modelos mais modernos de Opele-Ifá, feitos com correntes de metal intercaladas com vários tipos de sementes, moedas ou pedras semi-preciosas.[4][5]

O jogo de Opele-Ifá é o mais praticado por ser a forma mais rápida, pois a pessoa não necessita perguntar em voz alta, o que permite o resguardo de sua privacidade, também de uso exclusivo dos Babalawos, com um único lançamento do rosário divinatório aparecem 2 figuras que possuem um lado côncavo e outro convexo, que combinadas, formam o Odú.

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Jogo de Ikin

O Jogo de Ikin só é utilizado em cerimônias relevantes, só pode ser consultado pelobabalawo. O jogo compõe-se de 21 nozes de dendezeiro Ikin, são manipuladas pelo babalawo com a finalidade de compõe-se apurar o Odú a compõe-ser interpretado e transmitido ao consulente. Dos 21 Ikins, 16 são colocados na palma da mão esquerda, com a mão direita rapidamente o babalawo tenta retirá-los de uma vez. A determinação do Odú é a quantidade de Ikin que sobrou na mão esquerda, o resultado seja qual for, terá que ser riscado sobre oierosun que está espalhado no Opon-Ifa, para um risco usa o dedo médio da mão direita e para dois riscos usa dois dedos o anular e o médio da mão direita. Deverá repetir a operação quantas vezes forem necessárias até obter duas colunas paralelas riscadas da direita para a esquerda com quatro sinais, se não sobrar nenhum ikin na mão esquerda, a jogada é nula e deve ser repetida.

Oráculo

O oráculo consiste em um grupo de cocos de dendezeiro ou Búzios, ou réplicas destes, que são lançados para criar dados binários, dependendo se eles caem com a face para cima ou para baixo. Os cocos são manipulados entre as mãos do adivinho , e no final são contados, para determinar aleatoriamente se uma certa quantidade deles foi retida. As conchas ou as réplicas são freqüentemente atadas em uma corrente divinatória, quatro de cada lado. Quatro caídas ou búzios fazem um dos dezesseis padrões básicos (um odu, na língua Yoruba); dois de cada um destes se combinam para criar um conjunto total de 256 odus. Cada um destes odus é associado com um repertório tradicional de versos (Itan), freqüentemente relacionados à Mitologia Yoruba, que explica seu significado divinatório. O sistema é consagrado aos orixás Orunmila-Ifa, orixá da profecia e a Exu que, como o mensageiro dos Orixás, confere autoridade ao oráculo.

O sistema inteiro traz uma semelhança superficial com os sistemas ocidentais de geomancia. Suspeita-se que a geomancia ocidental é um empréstimo de um sistema criado pelos Árabes e trazida para o norte da África, onde foi aprendida pelos europeus durante as Cruzadas. Muito embora possua um número diferente de símbolos, o sistema carrega também alguma semelhança com sistema chinês do I Ching.

O Babalaô brasileiro William de Ayrá (Mestre Obashanan, discípulo de Mestre Arapiagha) foi o primeiro a realizar um estudo comparativo sério e eficaz entre o Ifá, o I-ching, Geomancia e o cabalismo de diversas culturas, com resultados filosóficos e divinatórios comprovados.

Os primeiros a escreverem sobre Ifá no Brasil foram sacerdotes Umbandistas. W.W. da Matta e Silva, conhecido como Mestre Yapacani já descrevia em 1956 um dos inúmeros sistemas de Ifá em suas obras. Seus discípulos, Francisco Rivas Neto (Mestre Arapiaga) e Ivan H. Costa (Mestre Itaoman) escreveram, nos anos 90, obras descritivas sobre o oráculo. A tradição africana de Ifá só chegou ao Brasil via africanos e Cubanos muito mais tarde.

Odu

Cada odù é formado por um conjunto constituído por duas colunas verticais e paralelas de quatro índices cada. Cada um desses índices compõem-se de um traço vertical ou de dois traços verticais paralelos que o babalawo traça no pó (iyerosun) espalhado sobre um tabuleiro de madeira esculpida (Opon-Ifá) à medida que vai extraindo os resultados pela manipulação dos cocos de dendezeiro ou ikin-ifá.

O babalawo detecta esse odù manipulando caroços de dendê (Ikin) ou jogando o rosário de Ifá chamado (Opele-Ifa).

Existem 256 odù, correspondendo cada um a uma série lendas (Itan).

O Culto de Ifá é oriundo das Religiões tradicionais africanas, ligado ao Orixá Orunmilá-Ifá da religião yoruba. Com a ida destas culturas para Brasil e Caribe, nos períodos do tráfico negreiro, alguns sacerdotes

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(chamados babalawo (yoruba) e Bokono (ewe/fon).) foram levados para estes países, estando ligados às religiões Candomblé (Brasil) e Santeria através da Regla de Ocha (Cuba).

O culto de Ifá é um sistema divinatório, empregado na África e nos países para onde foi disseminado para decisões de cunho religioso ou social. Utiliza três técnicas diferentes (Opelê, Ikins eMerindilogun), que têm em comum os Odú-Ifá, os signos.

As mulheres também podem ser iniciadas no culto, quando passam a ser chamadas apetebis(esposas de Orunmilá), mas os sacerdotes - babalawôs - sempre são homens heterossexuais, sendo vedado às apetebis jogar Opelê ou Ikins. O Merindilogun é o jogo dos OBAORIATES sendo permitido as mulheres a usarem o EKURÓ. As pessoas ebomis que não são iniciadas em Ifá usam o OBANIKA.

O Culto de Ifá tem um rígido e complexo sistema de conduta moral relativo a seus adeptos, expresso no Odu Ikafun, onde surgem os dezesseis mandamentos de Ifá.

Os primeiros a escreverem sobre Ifá no Brasil, obras publicadas em português foram sacerdotes Umbandistas. W.W. da Matta e Silva, conhecido como Mestre Yapacani já descrevia em 1956 um dos inúmeros sistemas de Ifá em suas obras. Seus discípulos, Francisco Rivas Neto (Mestre Arapiaga) e Ivan H. Costa (Mestre Itaoman) escreveram, nos anos 90, obras descritivas sobre o oráculo.

COMPRENDENDO AS DETERMINAÇÕES ORACULARES

Existe uma distância enorme que separa a postura do homem religioso da postura do homem racional. O religioso é aquele que busca a compreensão de tudo o que diz respeito aos dogmas, procedimentos ritualísticos, liturgias e filosofia de sua religião, o que o diferencia também do fanático, que aceita qualquer coisa sem compreender e sem contestar.

O homem racional não busca a compreensão e sim o resultado. Para ele a religião, seja qual for, é uma butique de milagresonde os resultados pretendidos devem ser obtidos e, invariavelmente, em curto prazo.

O que não pode ser provado em laboratório, o que não lhe trouxer um resultado prático e positivo é, para o racional, considerado obsoleto e, como tal, jogado na cestinha das bobagens sem utilidade. O homem racional é, em essência, um cético e ateu, por conta de nunca haver-se provado a existência de Deus “in vitro”.

Creio que esta introdução pode servir para responder, em parte, aos diversos questionamentos da maioria das pessoas, e, claro, a alguns de nossos amigos que a este lêem.

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De forma mais objetiva, já que tratamos com pessoas confessadamente pragmáticas, ou seja, que considera o valor prático como critério da verdade, eu diria que quando se tira um Odu regente, o que se pretende na verdade é buscar, em Orunmilá, os aconselhamentos e orientações para que se possa proceder de forma a assegurar que tudo transcorra bem a partir da execução de determinados procedimentos, sejam eles religiosos ou posturais.

Somente as pessoas crentes no poder de Orunmilá podem aceitar as orientações daí decorrentes e, segundo as mesmas, participar dos ritos, observar as interdições, seguir os aconselhamentos e oferecer os sacrifícios propiciatórios e defensivos determinados.

Não sendo assim, de nada adianta “sacar-se” um Odu para saber dessas orientações, e não segui-las, ou obedecê-las, e assim NÃO se beneficiar das orientações por ele trazidas.

Temos o grave defeito (humano, congênito, cultural e Geográfico), de culparmos aos Orisá, pela não realização de nossos anseios.

Costumo dizer que Orisá lê a mente e o coração de todos nós, e o que a boca fala, às vezes, não é o que o coração e a mente executam. E daí provém a não execução de alguns desejos nossos.

Ou a demora da realização dos mesmos.

Ou o atendimento, mas não da forma que desejaríamos.

Devemos ter a consciência de que estamos aqui na Terra para aprender, para evoluir, para recebermos as benesses de Orisá, mas não de graça. Temos um dever, mas sempre queremos apenas os direitos. E quase sempre relutamos em executar os deveres conforme as determinações de Orunmilá.

Temos a pretensão de achar que sabemos mais que Orunmilá, que Orisá, e constantemente “botamos queda de braço” com Eles.

Ledo engano…

Na grande maioria das vezes fazemos o que queremos e também constantemente contra as determinações do Oráculo.

Achamos que os sacerdotes, por serem humanos como nós, nada sabem. Achamos que as impressões, por ele apresentadas, são de sua autoria. O que normalmente não é.

E aí…pagamos caro…e normalmente com dor, pela nossadescrença.

E mesmo assim, relutamos em crer em nosso sacerdote, em suas determinações fornecidas por Esú. E culpamos aos Orisá, por tantas coisas, que chega a ser ridículo as colocações.

Mas tudo devido a nossa incompetência, a nossa negligência, a nossa falta de confiança e na falta de FÉ.

Mas, como homem estudioso de minha Religião, um Sacerdote que busca constantemente uma melhor evolução religiosa, cultural e litúrgica, crente na sabedoria de Orunmilá, creio que as orientações que Ele me fornece para minha proteção e das pessoas pertencentes ao meu Egbe, através do Odu, funcionam, como tem funcionado até hoje de forma muitíssimo satisfatória, para aqueles que seguem essas determinações, e que têm em Orunmilá, e em Esu, como seus orientadores e mentores espirituais.

E reafirmo aos que lêm a este, que busquem dentro de si mesmos as respostas, baseadas nos ensinamentos de Ifá.

Busquem aprimorar-se como seres humanos, como pessoas que estão em busca não só de bem estar material, mas sim na busca de IWÁ (caráter).

Que assumam seus compromissos assumidos diante de Ifá, e deEsu, e cumpram-nos, para obterem assim as tão desejadas benesses materiais.

Não adianta querer, e não fazer.

Não adianta falar para o Mundo, e não sentir dentro de si mesmo. Não adianta teimar, e não seguir as determinações.

Não adianta receber, e depois descumprir o assumido. Não adianta… pois ninguém engana a Esu !!!

QUANDO SE DAR E QUANDO RECEBER

Um sábio passeava pelo mercado quando um homem se aproximou. Sei que és um grande mestre – disse.

Hoje de manhã, meu filho me pediu dinheiro para comprar algo que custa caro; devo ajudá-lo? Se essa não é uma situação de emergência, aguarde mais uma semana antes de atender o seu filho. Mas se tenho condições de ajudá-lo agora; que diferença fará esperar uma semana?

Uma diferença muito grande – respondeu o sábio.

– A minha experiência mostra que as pessoas só dão o real valor a algo quando têm a oportunidade de duvidar se irão ou não conseguir o que desejam.

Moral da história:

A vida freqüentemente nos ensina este ponto. Por isso é que muitas vezes as nossas orações demoram um pouco para serem atendidas.

REZAS PARA O JOGO DE BÚZIOS

Saudação para abertura do jogo, pelo sistema IFÁIFÁ OGBO IFÁ OUÇA

OMÓ ENIRE OMÓ ENIRE

FILHO DE ENIRE, FILHO DE ENIRE OMÓ EJÓ MEJI

FILHO DE DUAS COBRAS

TÍÍ SARE GRANRAN GANRAN LORÍ EREWE

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AKERE FINU SOGBON

O PEQUENO QUE ESTÁ CHEIO DE SABEDORIA AKONOLIRAN BI IYE KAN ENI

AQUELE QUE SOLIDARIZA CONOSCO IBÁ AKODA

COMO SE FOSSE DE NOSSA PRÓPRIA FAMÍLIA IBÁ ASEDA

SUA BENÇÃO, PRIMEIRO SER CRIADOR NA TERRA OLOJO ONI IBÁ A RÉ O

SUA BENÇÃO, CRIADOR DO DIA DE HOJE

ASÉ ASÉ ASÉPARA SER REZADA A TERMINO DO JOGO, COM O OBJETIVO DE PASSAR A

RESPONSABILIDADE AO CLIENTE, QUANDO ESTE RESOLVE NÃO TOMAR CONHECIMENTO DO LHE FOI DITO. ORUKO AWON / ORISÍ IFÁ MIRAN

TOUÁ NIKE YORUBA TI O IÁ TO SI

ÒRÚNMÌLÁ MI ABIBÁ / OOBI UNLE OLOKUN

OLOKUN AWO UO MIPEObs.: acostumar-se a rezar após a saudação de abertura, antes de iniciar o jogo, pois com certeza, não terá esquecimento ao terminar, pois é muito comum acontecer de esquecer. Passe

imediatamente a responsabilidade.

Jogo de Búzios

ORIGENS

Em todos os países do mundo numa época ou em outra surgiram e continuam a surgir formas de adivinhação algumas vezes chamadas de oráculos. O i-ching chinês é um oráculo assim como o tarot ocidental ou o jogo de búzios nigeriano. Enquanto o i-ching possui forte base pragmática, o tarot nos remete a conceitos mais

românticos. Já o jogo de búzios é talvez o mais objetivo de todos. Imagina-se que este jogo esteja sempre ligado aos cultos afro, o que não é verdade. Isto se deve à forma como ele chegou ao Brasil trazido por sacerdotes yorubás no século XVIII. Na realidade, visto isoladamente, o jogo de búzios em pouco se difere de outros processos divinatórios. Ele é constituído de uma base onde se lançam pequenas conchas. Pela disposição destas conchas ou búzios, o olhador ou ledor, retira a resposta à pergunta formulada por ele mesmo ou por um consulente.

A LÓGICA DO JOGO

O grande humanista suíço C. G. Jung ao estudar os processos de adivinhação, desenvolveu a teoria da

sincronicidade ou das coincidências significativas. Por esta teoria ao se tirar cartas, moedas ou em nosso caso, lançar búzios, tendo em mente uma certa questão, há uma interação entre a pessoa que faz o jogo, a formulação feita e a resposta que reside em algum ponto do espaço-tempo. Como tudo ocorre no mesmo instante o nome sincronicidade está bem aplicado.

A PRÁTICA

Uma forma bastante comum do jogo de búzios é a que utiliza uma peneira como base. Esta peneira estará coberta por um pano branco, em redor da peneira deverão ser colocadas as guias, que são colares de contas com as cores dos orixás, formando um círculo, em seu interior poderá conter outros objetos, que

complementam a magia, moedas, pedras e outros amuletos que representam os orixás.

Orixá mais que um deus ou semi-deus, é a representação simbólica ou arquetípica de forças da natureza. Possuem representação humana o que é natural para a maioria dos povos (veja o caso dos deuses gregos),

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seus erros e virtudes. O equivalente na astrologia seriam os planetas revestidos de seus signos naturais. Nesta peneira ou base equivalente, lançam-se 16 búzios, e ocasionalmente um extra chamado oxetuá (búzio de energia ou axé). Nos 16 búzios faz-se um furo nas “costas” de modo que ao ser lançado tenha igual chance de cair

Aberto (boca da concha para cima). Fechado (furo para cima).

Como em qualquer oráculo pode-se fazer qualquer pergunta. O ingrediente que aciona a sincronicidade é a crença, fé ou que nome se queira dar. A qualidade da resposta é muito mais uma função de quem joga do que do jogo propriamente dito.

Alguém disse que o erro não está na astrologia mas nos astrólogos. O mesmo se pode dizer do jogo de búzios. As melhores respostas são aquelas em que razão e intuição andam lado a lado. Os melhores adivinhos podem chegar a tal estado de perfeição que dispensam qualquer meio sejam eles cartas, moedas, mapas astrais ou mesmo búzios.

Naturalmente estes casos são muito raros. O normal é seguir as observações comprovadas ao longo de centenas de anos por estes magos.

O processo aqui descrito se baseia em regras muito claras na prática diária do jogo. A propósito não se deve confundir o nome jogo com algum tipo de brinquedo. O jogo de búzios é sério e para funcionar corretamente é preciso que se o leve a sério.

Não há absolutamente necessidade que o olhador ou o consulente pertençam a qualquer culto africano. É fundamental no entanto o respeito à força maior que orienta a “caída” dos búzios. Não há mágica, mas mistério. Não há superstição, mas crença. E esta fé neste poder superior é a mesma que move a ciência, a filosofia e a religião.

OS JOGOS DE BÚZIOS

Os jogos mais difundidos são : a) – O jogo de Alafiá = 4 Búzios b) – O Jogo de Odú = 16 Búzios c) – O Jogo no Ketô = 16 Búzios d) – O Jogo de Angola = 21 Búzios E é possível 4 tipos de jogadas :

1. Indica o orixá de cabeça ( guia espiritual ou se você preferir o signo do indivíduo ) dados da potencialidade pessoal. As suas qualidades e estilo ficam como que mais acessíveis. E nada impede que um homem tenha o estilo de um orixá dito feminino e vice-versa.

2. Responde às perguntas cujas respostas sejam do tipo sim/não/talvez. Búzio aberto ( na astrologia se diz que há um aspecto favorável ). No caso de cair com o búzio fechado (na astrologia aspectos desfavoráveis), estes elementos não se apresentam impossíveis mas são situações desafiadoras.

3. Oráculo para qualquer pergunta ou questão mais complexa.

4. O jogador pode lançar qualquer número de búzios numa jogada pessoal, já que há pessoas que usam 21 búzios.

A INTERPRETAÇÃO

A interpretação da “caída” dos búzios se fundamenta na quantidade de búzios abertos e fechados e na relação que existe entre este número e determinados orixás. Em certos casos como a opção 1 é considerado igualmente o dia da semana em que o consulente nasceu, exatamente como no ocidente o Domingo é dia do sol (sunday), Sábado de Saturno (saturday) etc., cada dia da semana é regido por um ou mais orixás, conforme abaixo: Segunda – Feira = Exu e Obaluaê.

Terça – Feira = Nanã, Oxumaré, Ogum. Quarta – Feira = Xangô e Iansã.

Quinta – Feira = Oxóssi e Logun-Edé. Sexta Feira = Oxalá.

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Domingo = Olorum e todos os Orixás.

Cada jogada se encerra com um quadro de chaves interpretativas, que dão margem a interessantes combinações. Não é raro acontecer “coincidências” incríveis.

Com o tempo e a prática você será capaz de intuir fatos que hoje seriam tidos como mágicos. É uma questão de pura dedicação. Inicialmente aproveite os quadros como se apresentam. Futuramente quem sabe você passe a utilizar seu próprio método.

OS ORIXÁS

Para facilitar o entendimento, adotaremos o jogo da Nação Ketô, com 16 Búzios

A quantidade de búzios abertos e fechados que caem na peneira, indica qual orixá está respondendo a pergunta do consulente e qual a sua mensagem.

Somente isto seria suficiente para qualquer tipo de interpretação, bastando para tanto saber as características de cada orixá (os nomes podem diferir entre as diversas nações de origem embora os atributos sejam os mesmos ).

Vejamos as caídas e as principais características arquetípicas dos orixás :

Os números à esquerda do “X”, representam a quantidade de “búzios abertos” e à direita a quantidade de “búzios fechados”.

00 X 16 = Caída neutra, deve ser repetida a jogada . 01 X 15 = EXÚ = Mensageiro neutro

02 X 13 = OGUM = Objetivo, prático e egoísta 03 X 14 = OBALUAE = Curioso, estudioso e preciso 04 X 12 = IEMANJÁ = Maternal, gentil e complacente 05 X 11 = OXUM = Bondoso, sensível e comunicativo

06 X 10 = EWÁ = Personalidade volúvel, confiante e temperamental 07 X 09 = OSSAIM = Cordial, diplomata e orgulhoso

08 X 08 = OXALÁ = Inteligente, sério, correto e lógico 09 X 07 = LOGUM = Sofisticado, culto e egocêntrico 10 X 06 = XANGÔ = Reservado, hábil e líder natural 11 X 05 = OXÓSSI = Jovial, romântico e imaturo 12 X 04 = IANSÃ = Extrovertido, franco e exótico 13 X 03 = NANÃ = Discreto, místico e cauteloso 14 X 02 = IBEJI = Infantil, volúvel, instável 15 X 01 = OBÁ = Ingênuo, honesto e tolerante

16 X 00 = OXUMARÉ = Enigmático, inteligente e astucioso O RITUAL

Os búzios deverão ter sido deixados no sereno, em noite de lua cheia, num preparado com ervas de colônia, Santa Luzia, Saião, Elevante, Fortuna, Orepê, Seiva de alfazema, Açúcar com Epó de Oxalá e Macaça. Pela manhã, antes do sol nascer, deverão ser lavados com as ervas em água corrente e mel e deixados em descanso por algumas horas antes do jogo. O olhador, deverá estar de roupa clara, descalço e com as guias de seus orixás. Não deve beber ou fumar antes e durante o jogo. Deverá então pedir licença para o orixá que rege o dia da semana para abrir o jogo saudando todos os orixás, começando por “Exú ” e finalizando com “Oxalá”. Pedir a iluminação de “Ifá” pronunciando a seguinte oração em yorubá:

” Oduduá, Dadá, Orumilá Babá mi Alari Ki Babá Olodumarê Babá mi Bakê Oshê

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Bara Lonan Kou Filé Babá mi Emim Lo Shirê Babá Ifá Benim Mojubaré Ifá Orum Mojubaré

Exú Mojubá (Bater o pé direito tres vezes) Okê Oxé

Ifá Agô

Ogum yê Patacori, Jassy, Jassi “

Para se aprender a jogar Búzios não é necessário ser espírita ou frequentar candomblé, mas deverá ser iniciado nos “Segredos de Ifá”, que não é mais uma divindade ou orixá, “Ifá” representa o nosso “Eu” Interior, o “ID” de “Freud”. Então cultuar “Ifá” é cultuar a sí mesmo, isto é os nossos dons interiores, para encontrar o nosso bom “Iwá” (Destino). Porém sempre devemos pedir licença para “Exú”, que é quem detém para sí os bons e os maus caminhos.

O objetivo deste trabalho é transmitir um pouco da cultura esotérica Africana que é muito rica e pouco difundida. Somente o estudo dosOrixás , merece um capítulo à parte e sua mitologia é tão rica que não fica devendo nada à Mitologia Grega ou à qualquer outra cultura ocidental européia.

JOGO DE BÚZIOS POR ODUS

O ser humano sempre questionou o motivo de sua estadia sobre a terra e, principalmente ,o mistério que envolve o seu futuro. A insegurança e a curiosidade em relação ao futuro fez com que o homem tentasse, de diferentes maneiras prever o que lhe estava reservado, vindo a se precaver de todos os tipos de maléficos, como pôr exemplo, a má sorte, dificuldades amorosas, sociais, financeiras e outros, sendo assim o

homemassegurava para si a certeza da efetivação dos diferentes acontecimentos benéficos.

Podemos encontrar muitos sistemas oraculares existentes com esta finalidade acima citada, não importando a origem dos sistemas nem a sua filosofia de estudo, aprendizado ou execução, todos se concentram em único significado que é encontrar os melhores métodos para prevenir ou ainda remediar situações maléficas, trazendo assim um alívio imediato para a pessoa e ou sua comunidade ou família.Quase todos os oráculos, independente de sua origem cultural, absorvem uma tendência a alguma tipo ou aspecto religioso, vindo sempre a sugerir ou indicar um certo tipo de ritual ou prática religiosa, de caracter e aspectos muito mais, ou ainda quase que completamente, místicos do que científicos.Em particular no Brasil, o sistema mais conhecido, pelo fato de sua ampla divulgação e fácil acesso a interpretação dos conhecimentos e execução é o jogo de búzios, que tem origens totalmente africanas, embora muitas das mesmas, feliz ou infelizmente, adaptadas ou ainda modificadas em nosso país. Mais especificamente falando essas origens não só são africanas como são de origem do culto à Òrúnmìlà, que nos permite exercer tal função através das interpretações dos Odù, esses estão totalmente

ligados aos seres humanos e aos òrìsà, ou ainda podemos dizer que os diferentes Odù juntamente de Èsù e Ifá são os meios pelo qual o homem pode vir a ajustar e melhorar a sua vida terrena e espiritual.A nossa cultural assimila de forma notável os costumes de origem africana, que foram trazidos até nós pôr intermédio dos escravos e de maneira brutal e trágica durante diversos séculos.De maneira geral, podemos dizer que a música, a culinária, a maneira de agir e pensar do brasileiro demonstram de forma inequívoca a influência africana aqui exercida, que não poderia deixar de ser verificada também, na postura estabelecida por nós diante das religiões, quando independente de sua opção ou credo, adotamos sempre uma atitude pautada num certo profundo misticismo.Para o brasileiro e também para o africano, não cai uma folha de uma árvore sem que para isto não haja uma determinação espiritual ou um motivo de fundo religioso.As forças superiores a nós são sempre solicitadas para a solução de problemas do cotidiano, e seja qual for a religião cultuada pela pessoa, a prática da magia é sempre adotada em busca das soluções, mesmo que esta prática “mágica” seja mascarada pôr outro nomes em diferentes tipos de crenças.O presente trabalho consiste em ser uma proposta totalmente didática e básica ao conhecimento e estudo do oráculo africano ligado ao oráculo dos búzios, que é feito através da interpretação dos segredos contidos nos diferentes Odù.

Qualquer pessoa pode aprender e conhecer o oráculo dos búzios africano, que nada mais é do que conhecer os segredos contido nos Odù, porém somente os iniciados e consagrados podem realmente ter acesso a prática do oráculo.

Os Odù demonstram as diversas tendências da pessoa e dos acontecimentos que surgirão na vida da mesma, os Odù podem também estar direta ou indiretamente ligado aos sonhos, devendo sempre o sacerdote perguntar ao consulente a respeito de sonhos recentes a data da consulta, e no instante em que o consulente estiver descrevendo o/os sonhos deve-se prestar bastante atenção, pois podem apresentar-se diversos detalhes em comum entre os sonhos e estes poderão ajudar na solução do problema da pessoa, seja na criação de um ebo ou em atitudes a serem tomadas.

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que 16 caminhos interligados um com o outro, ou seja o primeiro caminho está interligado com todos os demais 15, e é pôr este motivo que em, determinadas situações não é somente um odù que se apresenta para resolver o problema da pessoa, ou seja aquele determinado problema está sendo causado pôr diversos motivos, sendo assim o mesmo exige diferentes soluções, porém todas interligadas.

Quando agora a pouco comentamos que o oráculo dos búzios é a interpretação dos 16 principais odù, estamos realmente afirmando que estamos estudando referente os 16 primeiros e principais odù enviados à terra pôr Òrúnmìlà, e que desses 16 principais foi dado origem à 256 omo odù (odù filhos), e que hoje já podemos dizer que existem cerca de 4098 odù do método de interpretação de Ifá.

Todo odù está ligado a diversos òrìsà, porém aquele òrìsà que se apresentar primeiro em um determinado odù, será ele um dos responsáveis direto à solucionar o problema do consulente.

Abaixo iremos relacionar os 16 principais odù que começaremos a estudar com mais afinco: 1. ÒKÀNRÀN 2. EJÌOKO ou OYÈKÚ 3. ÉTAÒGÚNDÁ ou ÌWÒRI 4. ÌROSÙN 5. ÒSÉ 6. ÒBÀRÀ 7. ÒDÍ 8. EJÌONÍLE ou EJÍOGBÈ 9. ÒSÁ 10. ÒFÚN 11. ÒWÓNRÍN 12. EJÍLÀSEGBORA ou ÒTÚRÁ 13. EJÍOLOGBÓN ou ÒTÚRÚPÒN 14. ÌKÁ 15. OGBÈÒGÙNDÁ ou ÒGÙNDÁ 16. ÌRÈTÈ ou ALÁFIA

Esses últimos quatro odù são muito pesados quanto ao seu lado negativo devendo sempre tomar muito cuidado na sua interpretação, e principalmente na criação e execução de seus ebo, até mesmo o 16º odù que

normalmente traz notícias esplendidas e excelentes, vindo aparecer em um determinado jogo em uma situação negativa pode passar a trazer um recado muito perigoso ao consulente.

Esses quatro últimos odù estão completamente ligados à feitiços, doenças, tragédias, dramas, etc., porém os mesmos também podem se apresentar de maneira completamente positiva, podendo depender também da combinação dele com os demais e da sua colocação e situação no jogo em questão Existe também aqueles odù que podemos chamar de confirmativos, que são os odú 4, 6, 8, 10 e 12, porém é de nossa inteira obrigação mencionar que esta observação depende não só da situação, colocação e combinação no jogo, mas também da ligação do sacerdote com Ifá referente esses odù e suas interpretações em relação ao sistema divinatório, pois Ifá com certeza sabe o que se passa na cabeça do sacerdote e do consulente no momento da pergunta para assim poder fornecer a sua devida resposta.

Deve-se ter no momento do jogo toda uma concentração e total interação com os elementos que determinam o mesmo, isto feito com certeza o sacerdote alcançara a sensibilidade de visualizar e pressentir no decorrer do jogo quando que realmente um odù traz um recado de solução do problema da pessoa através de caminhos de

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ebo ou qualquer outro tipo de sacrifício, alguns problemas que surgem na vida das pessoas estão realmente marcados para acontecerem, e se fizermos alguns trabalhos para modificarmos o rumo da situação poderemos fazer com que o consulente venha a ser prejudicado no futuro, pôr isso a importância de se cultuar o orì, muitas vezes, diríamos até na maioria dos casos vale-se muito mais um egborì (cerimonia de adoração a cabeça) do que um ebo, adímu ou etutu.

Texto extraido do Livro: Búzios a Interpretação dos Segredos Autores: Nelson Pires Filho e Fábio Escada

Ed. Madras

O JOGO DE BÚZIOS

Como será meu dia de amanhã?Se eu fizer o que pretendo, qual será o resultado?Desde que o mundo é mundo que o homem tem necessidade de saber algo sobre o seu futuro. Dentro do Candomblé, a modalidade do jogo de búzios é a mais conhecida (O búzio é uma concha do mar encontrado em praias litorâneas).O jogo de búzios é um aprendizado de conhecimentos preciosos em que a memória exerce um papel muito importante, ou seja, é lá na memória ou cabeça, que se vai guardar uma enorme série de histórias, lendas e caídas que decifram, segundo a tradição yorubá, a vida de uma pessoa.Na Nigéria, o jogo de búzios recebe o nome de Merindilogún, ou seja, o “JOGO DOS DEZESSEIS”. O processo do jogo de búzios consiste no seguinte: Os búzios são lançados sobre uma toalha ou peneira conforme a nação daquele Babalorixá ou Yalorixá que está jogando. A posição em que os búzios caem é que dará as indicações necessárias solicitadas pelos consulentes. Portanto, cabe ao Babalorixá ou Yalorixá interpretar as caídas e passar para os consulentes as mensagens do jogo.O intermediário do

Merindilogún, ou seja, desta forma de jogo, não é Ifá; e sim, Exu. Ifá tem a sua modalidade particular de jogo. Diz uma lenda que apenas Exu tinha o dom da adivinhação. Mas, a pedido de Orunmilá, Exu transmitiu seus conhecimentos a Ifá e em troca Exu recebeu o privilégio de receber sempre em primeiro lugar as oferendas e sacrifícios antes de qualquer outro orixá.Diz ainda que Oxum era a companheira de Ifá e os homens lhe pediam constantemente que respondesse às suas perguntas. Oxum contou o caso a Orunmilá que concordou que ela fizesse a adivinhação com a ajuda de 16 (dezesseis) búzios. Porém, as respostas seriam indicadas por Exu. Exu, então, voltou à antiga função, ou seja, a de responder às perguntas de Oxum. Depois disso, por espírito de vingança, Exu passou a atormentar com mais raiva os filhos de Oxum.Na verdade, o jogo de búzios é o instrumento de maior consulta constante do Babalorixá ou Yalorixá, pois é através dele que ele(a) irá dirigir diversas situações dentro da casa de orixá.No começo do aprendizado do jogo de búzios, segundo a tradição, começa-se a jogar com 04 (quatro), 08 (oito) e depois os 16 (dezesseis) búzios. Mas, vamos nos deter aqui no jogo de 04 (quatro) búzios, também chamado de “Jogo de Confirmação”.

O Jogo de Confirmação, como relatei, é formado por 04 (quatro) búzios. Esta modalidade é usada como o próprio nome sugere, para confirmar caídas feitas anteriormente com os outros búzios, ou ainda, esta forma de jogo é usada para se obter respostas rápidas dos orixás, por exemplo:

04 (quatro) búzios abertos significa “tudo ótimo”

03 (três) búzios abertos e 01 (um) fechado significa “talvez”, ou seja, poderá dar certo ou não o que seperguntou

02 (dois) búzios abertos e 02 (dois) fechados: a resposta é afirmativa; “tudo bem”

03 (três) búzios fechados e 01 (um) aberto: a resposta é “não”, ou seja, “negócio não realizável”

Agora, se todos os 04 (quatro) búzios caírem com as 04 (quatro) partes fechadas para baixo significa que não se deve insistir em perguntar o que se quer saber, pois além de ser nula esta caída, ela vem

acompanhada de “maus presságios”.

Além disso, este Jogo de Confirmação ou Jogo dos 04 (quatro) Búzios também é chamado de “Jogo de Exu”, porque segundo alguns antigos Babalorixás, quem responde nesse jogo é Exu, pela precisão e rapidez nas respostas.

ODÙ

A palavra odù vem da língua yorubá e significa “destino”. Portanto, odù é o destino de cada pessoa. O destino é, na verdade, a regra determinada a cada pessoa por Olodumaré para se cumprir no àiyé, o que muitos chamam de missão. Esta “missão” nada mais é do que o odù que já vem impresso no ìpònrí de cada um, constituído numa sucessão de fatos, enquanto durar a vida do emi-okán ou espírito

encarnado na terra.

Enquanto a criança ainda não nascer, ou seja, enquanto ela permanecer na barriga de sua mãe, o odù ou destino desta criança ficará momentaneamente alojado na placenta e só se revelará no dia do

nascimento da criança.

Cada odù ou destino está ligado a um ou mais orixá. Este orixá que rege o odù de uma pessoa

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influenciará muito durante toda a vida dela. Mas, nem por isso ele será obrigatoriamente o orixá-ori, ou “o pai de cabeça” daquela pessoa, ou seja, o orixá-ori independe do odù da pessoa. Vejamos um exemplo: um omon-orixá de Yansã que tenha no seu destino a regência do odù ofun (que é ligado à Oxalá), essa pessoa terá todas as características dos filhos de Yansã: independentes, autoritários, audaciosos. Mas, sofrerá as influências diretas do odù ofun, trazendo portanto para este filho de Yansã, lentidão em certos momentos da vida. Situação esta desagradável para os filhos de Yansã, que tem a rapidez como marca registrada.

Os odùs ou destinos são um segmento de tudo que é predestinação que existe no universo, conseqüentemente, de todas as pessoas.

Os odùs, além de serem a individualidade de cada um, também são energias de inteligências superiores que geraram o “Grande Boom”, a explosão acontecida a milhares de anos no espaço que criou tudo. Dentro de um contexto específico(pessoal ou social) em nosso planeta esses odùs podem seguir um caminho evolutivo ou involutivo, por exemplo: existe um odù denominado de odi. Foi Odi que em

disfunção gerou as doenças venéreas e outras doenças resultantes de excessos e deturpações sexuais. Traz em sua trajetória involutiva a perversão sexual e é ainda através desse lado involutivo de odi que acontece a perda da virgindade e a imoralidade.

Porém, como expliquei, existe o lado evolutivo e o próprio odù odi citado aqui em nosso exemplo possui características boas e marcantes como: caráter forte e firme e tendência a liderança.

Na verdade, são os odùs que governariam tudo que está ligado a vida em todos os sentidos. Abaixo, relaciono os 16 (dezesseis) principais odùs e seus orixás correspondentes:

ODÙ ORIXÁ

1.Òkànràn Exu

2.Éji Òkò Ogun e Ibeji

3.Étà Ògúndá Obaluaiye e ainda Ogun

4.Ìròsùn Yemanjá

5.Òsé Oxum

6.Òbàrà Oxossy, Xangô, Yansã e Logun-Edé

7.Òdì Exu, Omolu 8.Éjì Onílè Oxaguian 9.Òsá Yemanjá e Yansã 10.Òfún Oxalá 11.Òwórín Yansã e Exu 12.Èjìlá Seborà Xangô 13.Éjì Ológbon Nanã 14.Ìka Oxumarê

15.Ogbègúndá Obá e Ewa

16.Àlàáfia Orunmilá

UM BREVE RELATO E EXPLICAÇÕES O que é Odú?

Odú é um presságio de um momento do passado ou do presente que poderá alterar ou não um futuro ora, inexistente. O Odú traz em seu conteúdo uma gama de informações sobre uma pessoa, local, situações diversas ou política. Odus são 401 titulares e mais 1200 “omó-odú (sub-Odús)

Quem pode lidar com Odú ?

Lida com Odú somente sacerdotes (Babáolorisás e Yialorisás), Ologbôs, YialéMolés, Oluwôs, Baabalawôs, Ojés, Alagbás e Alapinis. – Todos devem ter esses “graus” comprovados.

Referências

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