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Manejo Sanitário. Antônio Cândido Cerqueira Leite Ribeiro 1 John Furlong 1

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Academic year: 2021

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Antônio Cândido Cerqueira Leite Ribeiro1 John Furlong1 O manejo sanitário correto deve iniciar com a atenção para as anotações das ocorrências dentro do rebanho. Somente com os dados passados é que podemos analisar e tomar iniciativas para suprimir ou implementar medidas que possam auxiliar o manejo sanitário do rebanho. Sem estas informações, não podemos melhorar os índices zootécnicos dos animais. Dentre algumas informações importantes podemos citar a condição corporal em que o animal se encontra, se houve algum problema no parto, peso ao nascer, controle de peso para o desenvolvimento, peso para a inseminação, vacinações, controle leiteiro, ocorrência sanitária, entre outras. Como cada rebanho tem características próprias, o gerente e/ou o veterinário podem anotar aquilo que for importante para a condução do rebanho.

Vacas Gestantes

Como ponto de partida, uma vaca gestante nos dois últimos meses de gestação deve encerrar a lactação, isto é, deve-se fazer com que ela interrompa a produção de leite para que a glândula mamária possa descansar, se preparar para próxima lactação e produzir um colostro de boa qualidade. Se for uma novilha esta preparação vem naturalmente, já que ela nunca pariu.

Os procedimentos para a secagem eficiente de um animal em lactação podem ser realizados de várias formas. Um deles é esgotar o animal de manhã, deixá-lo sem água e comida por dois dias, sem esgotar o leite. No final da tarde do terceiro dia, deixar beber um pouco de água. No dia seguinte de manhã, esgotar o leite e de tarde deixar beber água e comer alimentos de baixo valor nutritivo. No dia seguinte, esgotar o leite e administrar medicamentos próprios para este período, antibióticos intramamários de grande persistência terapêutica para o período de secagem. Estes medicamentos só devem ser administrados em animais em processo de secagem pois estes antibióticos podem permanecer ativos por até 50 dias ou mais. Por este fato, não devem ser administrados no período normal de lactação em vacas com mastite, pois causariam resíduos no leite durante o período de eliminação. Durante o período seco, é muito importante observar se o animal desenvolve mastite, a qual pode ser observada por inchaço, vermelhidão, dor etc. Neste caso, tratar o animal com esgota, e medicamentos para mastite clínica, até que se cure e então usar novamente no teto afetado o medicamento para o período seco. Se o animal é de alta produção pode-se realizar o processo de secagem apenas mudando de local e cortar o regime de alimentação a que está acostumado. Isto é suficiente para que interrompa a lactação sem precisar de sacrifícios. Os procedimentos e cuidados após a secagem com os animais de alta produção são os mesmos utilizados nos demais.

Em torno de vinte a trinta dias antes do parto este animal deve ser levado para a maternidade, que deve ser de preferência um pasto próximo ao curral, facilitando a observação diária, No caso de confinamento total, deverão ir para uma baia-maternidade. O fato de ter uma maternidade vai facilitar alguma interferência que for necessária no decorrer do parto. Em rebanhos nos quais se faz a observação no parto, os problemas são resolvidos de forma mais rápida, com maior sucesso e menor índice de natimortos.

Neste período a fêmea deve receber a mesma dieta que irá receber após o parto, com restrição do sal mineral. É muito importante que neste período isto ocorra pois

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permite que os microorganismos do rúmen se adaptem à dieta que vai ser ingerida durante a lactação.

É bom lembrar que neste período final de gestação os animais sofrem as maiores transformações. Geralmente ficam mais pesados, o que dificulta a locomoção e reduz a capacidade de competição, exigindo, portanto, maiores cuidados.

Parto

No parto o animal perde em média 80 quilos de peso entre o feto, líquidos fetais e as membranas que envolvem o próprio feto. Isto acarreta uma mudança muito brusca que ocorre em poucas horas levando a um certo desconforto para o animal. É um momento de muito estresse e quando podem aparecer inúmeros problemas para os quais devemos ficar atentos.

Devemos interferir ao mínimo no parto. Os partos problemas, isto é, aqueles chamados distócicos, ocorrem com pouca freqüência e neste caso a interferência deve ser de maneira a causar o mínimo de danos, tanto à vaca quanto ao bezerro. Uma ajuda leve para evitar complicações não fará mal algum para ambos, porém, em casos que se apresentam de forma mais grave devem ser acompanhados por um veterinário ou sob sua supervisão. É comum neste caso que as pessoas envolvidas muitas vezes não têm treinamento adequado, intervêm de forma inadequada e acabam causando mais problemas e, quando o veterinário é chamado, a chance de resolver o problema diminui drasticamente. Esta decisão de chamar o veterinário deve ser tomada o quanto antes.

Caso seja necessária alguma intervenção no parto, é preciso tomar algumas providências. Lavar a região perineal (traseira da vaca) com água e sabão, e também as mãos do operador. Usar luvas para os trabalhos e desinfetante para os materiais como cordas, correntes ou outros objetos que poderão ser utilizados durante o serviço.

Colostro

Após o nascimento, o bezerro deve permanecer junto com a mãe por pelo menos 24 horas. Sabemos que o bezerro junto com a mãe, mama de 12 a 15 vezes ao dia. Estas mamadas permitem que o colostro passe muitas vezes pelo aparelho digestivo, aumentando a superfície de contato do colostro com a parede intestinal, favorecendo assim a absorção de imunoglobulinas (anticorpos). Entretanto, podemos fornecer o colostro de forma artificial oferecendo dois litros duas vezes por dia com intervalo próximo de 12 horas. O importante é que o bezerro ingira em torno de 10% do seu peso em colostro, nas primeiras 24 horas. O bezerro nasce sem proteção de anticorpos contra os agentes de doenças. A forma de adquirir estes anticorpos (defesa), é ingerindo o colostro. O colostro é o primeiro produto produzido pela glândula mamária no início da lactação, e uma rica fonte destes anticorpos que foram produzidos nos dois últimos meses de gestação. Após o nascimento, é importante que o bezerro ingira o colostro o quanto antes para que ele adquira esses anticorpos. A capacidade de absorver os anticorpos fornecidos pela mãe por meio do colostro, no interior do aparelho digestivo do bezerro ocorre nas primeiras 24 horas e esta capacidade de absorção tem seu pico máximo a partir de seis horas após a primeira mamada, quando começa a diminuir gradativamente até aproximadamente 24 horas, quando cessa então a absorção destes anticorpos. A partir deste ponto o colostro continua sendo um alimento muito rico e deve ser aproveitado pelo bezerro e outros do mesmo plantel que são tratados de forma artificial, porém perde a importância como fonte de anticorpos.

Outra função do colostro é ajudar na primeira descarga intestinal, isto é, ajudar a expelir as primeiras fezes que é o chamado mecônio. O mecônio são fezes amarelas pegajosas de difícil eliminação sendo portanto o colostro um leve laxante que vai ajudar

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nesta eliminação. Neste período devemos interferir somente se houver necessidade. Na maioria das vezes, esta intervenção é desnecessária. Uma das vantagens da maternidade é a possibilidade de observação do recém- nascido e qualquer problema que surgir neste local facilita o socorro.

O excesso de colostro pode e deve ser dado para os outros bezerros. Neste caso ele não tem função como fornecedor de anticorpos pois bezerros mais velhos perdem a capacidade de absorção dos anticorpos mas, como alimento, é até mais rico que o próprio leite. É bom lembrar que como o colostro tem uma função laxativa, para fornecer aos outros bezerros o melhor é diluir em quantidade igual de leite, para não causar desarranjo.

Cura de Umbigo

A cura de umbigo deve ser feita o quanto antes, com um desinfetante e um desidratante. Uma solução que tem sido utilizada com sucesso é a de álcool iodado, a qual pode ter uma diluição entre seis a 10%. O curativo deve ser feito todos os dias por três a quatro dias. Se correr tudo bem, o coto umbilical cairá por volta do nono dia. O iodo é um desinfetante de boa qualidade porém em alguns casos pode irritar a pele na junção do coto com o umbigo e, neste caso, pode causar fissuras, abrindo caminho para a instalação de miíases (bicheira) que devem ser cuidadas o mais rápido possível para evitar onfaloflebites (inflamação do umbigo), por meio de aplicação local de mata-bicheiras ou endectocidas.

Forma de Ordenha

De acordo com o manejo adotado, o qual pode ser com ou sem o bezerro ao pé, são necessárias condutas diferentes para cada modalidade. Com o bezerro ao pé este fica à disposição na hora da ordenha para vir e apojar. Feito isto, ao acabar a ordenha, o bezerro é solto com a mãe para retirar o leite residual. Pode ser separado imediatamente após o esgotamento total do leite, ou permanecer junto até a hora da apartação à tarde. Este manejo não é o mais recomendado pois neste caso o bezerro mama o leite que poderia ser aproveitado na ordenha da tarde. Este tipo de manejo apresenta algumas vantagens, porém as desvantagens são maiores. Ademais, lado se alimentamos os animais de forma artificial, o contato da mãe com o bezerro não existe. Isto facilita a mão-de-obra e tem-se um maior controle do que o animal está ingerindo, porém traz todos os transtornos da criação de órfãos. Entretanto, esta prática permite a observação individualizada, dando a oportunidade de se tomar atitudes mais rápidas para sanar os problemas que aparecem.

Num sistema de criação, com ou sem bezerro ao pé, devemos estar sempre atentos aos problemas que podem surgir. É bom chamar a atenção para a escolha do local para o criatório de bezerros. Este local deve ser de fácil acesso, bem drenado. Deve ser um local que após uma chuva seque com poucos dias de sol e ter alguma inclinação para o escoamento das águas e dejetos excessivos.

Diarréias

Uma doença comum que acomete os bezerros nesta época é a diarréia. O animal com diarréia se caracteriza por apresentar fezes líquidas que podem ter as mais variadas aparências, desde amarela viva passando por esverdeada, preta e vermelha, até mesmo com sangue vivo. Não se pode dar um diagnóstico seguro do causador da diarréia, pela cor das fezes. Mas a grande importância desta enfermidade é levar o animal à desidratação a qual normalmente é a causa principal da morte. O animal que apresenta a

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doença fica triste, não se alimenta de forma adequada, muitas vezes apresenta respiração acelerada e vai aos poucos apresentando sinais de desidratação, como pele seca, olhos fundos entre outros, e por fim as extremidades apresentam baixa temperatura e logo a seguir a morte. Neste caso, quando forem observados os primeiros sinais de desidratação, deve-se socorrer o mais rápido possível, dando-lhe mais líquidos. Pode-se utilizar a hidratação oral em primeira mão. Podem surgir casos de diarréia de causa nutricional, quando as mudanças na alimentação são feitas de forma brusca, como por exemplo mudança na fórmula do concentrado, ou em casos em que o concentrado está contaminado por fungos ou outros microorganismos. Nos casos mais graves, a presença de um veterinário é uma necessidade.

Micose

Outra enfermidade comum nesta idade é o aparecimento de micose. Existe um tipo de micose denominado “tinha”, que causa lesões com placas arredondadas que aparecem comumente na região da cabeça e pescoço. São placas de tamanho variado, em geral de forma arredondada. Normalmente não causa maiores danos e pode ser tratada com certa facilidade. A utilização de tintura de iodo tem efeito satisfatório desde que aplicada todos os dias, até o desaparecimento das lesões. Esta enfermidade é mais comum em ambientes de grande concentração de animais. Em bezerreiros coletivos, onde os bezerros permanecem muito tempo juntos, o aparecimento de tinha é comum.

Tristeza Parasitária

Os animais que receberam colostro adequadamente tem maior resistência aos agentes de doenças transmitidos por carrapatos, uma vez que ainda existe uma certa proteção dada pelo colostro quando os animais começam a desenvolver a parasitose de carrapatos. É o momento em que os primeiros sintomas da Tristeza Parasitária começam. Os agentes da Tristeza podem ser transmitidos pelos carrapatos e insetos hematófagos como moscas e pernilongos. A Tristeza Parasitária é causada por dois agentes parasitários, o Anaplasma e a Babesia, os quais podem ou não estar juntos causando a doença do animal. A Anaplasmose é causada pelo Anaplasma marginale e a Babesiose é causada pela Babesia bovis e/ou pela Babesia bigemina. As Babesias são transmitidas pelos carrapatos e a Anaplasma, pelos insetos hematófagos. A primeira providência que se deve tomar é deixar os animais se infestarem com pequeno número de carrapatos para que eles possam adquirir a doença o mais cedo possível de forma branda. É importante que esta carga de carrapatos seja em número pequeno pois a inoculação dos agentes da doença será em menor quantidade e assim os animais poderão reagir com mais eficiência dando tempo para a formação de anticorpos para defesa. Ambas são doenças que causam anemia grave podendo com freqüência levar os animais à morte. No campo é muito difícil diagnosticar se o animal está acometido de Babesiose ou Anaplasmose, razão pela qual geralmente chama-se a doença pelo nome genérico de Tristeza Parasitária. Os primeiros sintomas da doença começam com os animais se separando dos demais, têm o apetite deprimido, permanecem constantemente de cabeça baixa, orelhas caídas, dificuldade de respiração (dispnea) emagrecimento rápido, e em alguns casos a morte. O tratamento para a Tristeza Parasitária deve ser realizado assim que os primeiros sintomas forem observados. Têm-se no mercado vários tipos de medicamentos que são utilizados para o tratamento desta doença. Para a Anaplasmose, pode-se lançar mão de dois medicamentos de eleição: o Imidocarb e as oxitatraciclinas. Para a Babesiose, pode-se utilizar também o Imidocarb e os diamidínicos. Uma técnica que pode ser utilizada é a administração de doses reduzidas de imidocarb que não deixarão que os parasitas da Tristeza se desenvolvam com toda a sua virulência e, assim,

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permitindo que os animais tenham tempo de reagir sem que os sintomas da doença os afetem de forma grave, dando chance para que eles produzam anticorpos em quantidade suficiente para que passem o período de incubação da doença e se curem naturalmente. Todos os animais que são criados a campo desenvolvem a Tristeza Parasitária porém somente alguns demostram os sintomas da doença. Estas ações devem ser seguidas de acordo com as recomendações do veterinário assistente na propriedade. É importante lembrar que quanto mais precoce for o diagnóstico e o tratamento, melhor a recuperação.

Verminose

Os bezerros, do nascimento aos três ou quatro meses de idade são lactentes, e por isso não têm condição hábil de se infectar a ponto de apresentar verminose. Acontece porém que, quando mantidos em bezerreiros coletivos sem a devida higiene, o acúmulo de fezes e urina possibilita o desenvolvimento de larvas infectantes de um tipo especial de vermes, os quais penetram nos animais pela pele. Esse tipo de vermes é muito patogênico, causando um retardamento significativo no desenvolvimento dos animais e até a morte. A "vermifugação" dos bezerros nesse caso não resolve o problema, uma vez que está sendo atacado o efeito e não a causa. A partir dos três meses de idade, devemos estar atentos às verminoses, as quais acometem os bovinos jovens. Bovinos com idade até dois anos são muito sensíveis às verminoses e por isto devem receber atenção especial nesta fase, que é de grande desenvolvimento. Como as larvas de vermes estão disseminadas nas pastagens, os animais sob pastejo estão continuamente se infectando. Para que esta convivência esteja sob controle, deve-se combater os vermes de forma estratégica. Sabendo-se que as larvas de vermes estão espalhadas na pastagem tem-se que atacar da forma a ficar em vantagem. Em geral no Brasil-Central, na época de temperatura fria, a qual coincide com a seca, e as pastagens estão em seu pior momento, com o capim sem desenvolvimento, de porte baixo, as larvas não têm como se desenvolver e sobreviver de forma normal. Então a maior população de vermes está dentro dos animais. Assim sendo, esta é a melhor época para se combater os vermes. Se "vermifugarmos" os animais no início, no meio e no fim da época seca, estará se fazendo um excelente controle destes parasitas, de forma econômica e eficiente. Além dessas três "vermifugações" estratégicas, uma quarta aplicação, em meados do período das águas, em dezembro completará essa estratégia. O uso de vermífugos com poder residual maior, como por exemplo as avermectinas, pode facilitar este controle estratégico exigindo apenas duas vermifugações sendo uma no início e a outra no fim de seca. Outra forma de prevenção, é a partir de três ou quatro meses de idade vermifugar todos os animais mensalmente até a idade de um ano. Esta estratégia tem bom retorno financeiro.

Vacinações

Basicamente tem-se dentro de um programa sanitário algumas vacinas de uso obrigatório.

A vacinação contra a Brucelose é obrigatória somente para as fêmeas entre três e oito meses de idade. Não se pode vacinar estas fêmeas acima dessa idade pois a titulação do exame para diagnóstico da doença pode ser elevada o suficiente para que o animal seja considerado como positivo para o resto da vida e neste caso seu destino seria a condenação. Outra vacina obrigatória é a da Aftosa que deve ser aplicada de acordo com a região do Pais, como indicado pelos órgãos de defesa sanitária.

A vacinação contra o Carbúnculo Sintomático deve ser realizada em todos os animais acima de três meses de idade, sendo repetida de seis em seis meses até aos dois anos de idade. É neste período até aos dois anos que os animais estão mais sujeitos

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a desenvolver esta enfermidade. Como característica, é uma doença que afeta os animais com melhores escores corporais.

Outra vacinação importante é contra a Raiva, a qual deve ser aplicada anualmente, principalmente em regiões de surto, quando grande parte do rebanho pode ser afetada pela doença.

Existe no mercado um número grande de vacinas contra vários agentes de doenças como Leptospirose, Rinotraqueíte Infecciosa dos Bovinos - IBR, Diarréia Bovina a Vírus - BVD, Mastite, Campilobacteriose, Colibacilose e outras tantas, as quais devem ser indicadas para cada caso. Cada situação de manejo vai exigir uma conduta específica de acordo com a recomendação do veterinário.

Controle de Carrapatos

Uma das doenças mais importantes que afetam os rebanhos é a carrapatose. É doença que causa enormes prejuízos e grande desconforto para os animais, prejudicando o seu desenvolvimento e produção. Os carrapatos, além dos problemas que normalmente causam, transmitem agentes de doenças que afetam de forma drástica o animal. Estas doenças são a Babesiose e a Anaplasmose, componentes do complexo “Tristeza Parasitária”.

Um grande complicador no combate aos carrapatos é que não se pode eliminá-los do rebanho pois apesar de causarem diminuição do apetite, com todos os prejuízos advindos disso, além de transmitir os agentes da Tristeza Parasitária, é por meio deles que se mantêm os níveis de anticorpos, defesas, dos animais contra os agentes desta doença. Os carrapatos inoculam constantemente os agentes da Tristeza Parasitária nos bovinos e então estes estão sempre sendo estimulados a produzir anticorpos contra os agentes da doença. Entretanto, é imperativo que nossa vigilância esteja sendo levada com seriedade pois, com qualquer descuido, a população de carrapatos pode aumentar de tal forma que pode levar alguns animais à morte. É comum em propriedades descontroladas em relação ao carrapato que os animais estejam tão parasitados que, em função disso, começam a emagrecer, não têm o rendimento esperado, chegando em alguns casos extremos a morrer. Uma proposta de controle é o estratégico o qual consiste em banhar os animais de forma a não deixar o desenvolvimento de teleóginas, fêmeas ingurgitadas ou mamonas, por um período de 120 dias. Na Região do Brasil-Central este controle deve ser realizado na época de maior calor que coincide com a época das chuvas, quando aumenta também a umidade relativa. A partir de dezembro, começa um pico de crescimento do carrapato que deve ser combatido por banho carrapaticida. Estes banhos devem ser realizados a intervalos rígidos de no máximo 21 dias, com um total de cinco a seis banhos. Este combate deve cobrir um período de 120 dias sem que haja desenvolvimento de fêmeas ingurgitadas. Este banho pode ser dado por aspersão, imersão ou pour on, no fio do lombo. Se o carrapaticida utilizado for do tipo sistêmico, como por exemplo as avermectinas, com maior poder residual, estes banhos podem ser mais espaçados, com intervalos de 30 dias. O importante é combater os carrapatos de maneira que não se permita o desenvolvimento de fêmeas ingurgitadas.

As formas de dar banho podem variar com o produto. Em geral o banho por aspersão requer em torno de quatro a cinco litros de solução por animal adulto. O animal tem que ser molhado totalmente, desde a cauda até a ponta do focinho. Um dos grandes problemas encontrados nos banhos carrapaticidas é que as partes baixas e as reentrâncias da pele muitas vezes não ficam bem molhadas e os carrapatos que ali estão não sofrem os efeitos do veneno. Estes carrapatos vão se desenvolver e contaminarão as pastagens prejudicando de forma drástica o controle destes parasitas.

Quando formos banhar o rebanho, deve-se tratar todos os animais no menor espaço de tempo. Por exemplo, não é recomendado que se banhem os animais solteiros

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numa semana e os de leite na semana seguinte. Além de ter-se um controle muito trabalhoso de quem foi banhado, pode um destes animais trocar de lote e ser o contaminador daquele pasto. O ideal é que se banhe todo o rebanho no máximo em três dias.

Um agravante do controle estratégico proposto para o combate aos carrapatos é que é nesta época em que se tem a maior concentração de chuvas. Quando os animais tomam banho carrapaticida e logo após são atingidos por uma chuva, dependendo do produto utilizado, este é lavado e perde o efeito. Neste caso o controle é interrompido e não são alcançados os resultados esperados. Este é um dos grandes causadores de insucesso do combate estratégico dos carrapatos. Então, para que esse problema não ocorra, se no dia marcado para o banho estiver chovendo, é indicado que os animais após o banho permaneçam por um período mínimo de duas horas sob uma coberta, para dar tempo de intoxicação dos carrapatos. Outro fator para o qual se deve chamar a atenção, é a aplicação inadequada, tanto em quantidade quanto em qualidade, do produto carrapaticida, não atingindo todos os pontos do corpo do animal. Há uma variação enorme da quantidade gasta pelos proprietários para banhar seus rebanhos. Esta quantidade varia de meio litro até oito litros por animal. Como se há de convir, com meio litro de calda não é possível banhar todo um animal adulto. Ademais, oito litros para banhar um animal está se desperdiçando o produto.

Um dos grandes problemas que se encontra nas propriedades é a forma de se dar banho. Quando se faz uso de aspersores, os costais são o vilão da história. Com uma capacidade para 20 litros de calda, que daria para banhar entre quatro e cinco animais tem-se visto que nas propriedades com esta mesma quantidade de calda o funcionário banha até 40 animais. Conclui-se que este banho foi mal dado. Este problema vem da bomba que é pesada, o trabalho realizado pelo operador é pesado e, por este motivo, os três primeiros animais têm banhos melhores, nos outros vem o cansaço, o operador não agüenta mais e então não consegue trabalhar adequadamente.

É muito comum nestes casos as pessoas reclamarem do produto e muitas vezes há troca do produto sem que se preocupe com o princípio ativo que pode com freqüência ser o mesmo que o anterior. Às vezes, no segundo banho com o mesmo produto o operador consegue um melhor sucesso mas quando se busca entender o porquê, vê-se que simplesmente houve maior capricho no banho.

Outra forma de agir das pessoas é a troca constante e indiscriminada de base química sem critério. Isto ocorre sempre que não se tem sucesso com os tratamentos, e então troca-se por outra base carrapaticida mas o vilão continua sendo o banho mal realizado.

Todos estes cuidados devem ser observados na hora de planejar o controle estratégico. Qualquer erro em qualquer fase, pode comprometer seriamente o sucesso

Controle da Mastite

A mastite é a inflamação da glândula mamária. É causada pelos mais diversos agentes. Os agentes mais comuns causadores de mastites são as bactérias dos gêneros estreptococos e estafilococos. Outros agentes de importância causadores de mastites são os coliformes.

É preciso trabalhar preventivamente no controle de mastite pois é uma doença que está sempre para surgir repentinamente. Esta é uma doença de manejo. Para se fazer uma prevenção adequada, é preciso considerar todo o manejo da propriedade. Quando os índices desta doença se elevam, significa que uma ou mais ações dentro do manejo estão sendo executadas de forma inadequada. Vale ressaltar que as mamites ambientais são esporádicas e podem acometer qualquer dos animais em lactação.

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Dentro deste manejo da propriedade deve-se levar em consideração todo o processo realizado diariamente dentro da propriedade, desde quando os animais estão no pasto, vêm para a ordenha e voltam para o pasto.

Não importando se a forma de ordenha é manual ou mecânica, deve ser observada a condução de todo o processo pois um dos grandes causadores de mastite é quando a própria ordenha não é bem conduzida. Na ordenha mecânica, os equipamentos devem ter manutenção como recomendada pelos fabricantes, fazendo-se as trocas de peças e borrachas quando necessário. O nível de vácuo, tem que estar de acordo com o recomendado, uma vez que tanto o excesso como a diminuição deste vácuo são fatores predisponentes para o aparecimento de mastites. Estes são exemplos do que pode facilitar a instalação de mastites.

Existem vários testes que podem auxiliar no diagnóstico da mastite. O “CMT” (California Mastitis Test) é um teste que pode ser realizado na sala de ordenha, e é muito prático, devendo porém ser executado por profissional treinado. A contagem de células somáticas “CCS” é um exame laboratorial que é usado para o diagnóstico da mastite. Estes dois meios de diagnóstico são utilizados para diagnosticar a mastite subclínica. Esta doença ocorre com certa freqüência nos rebanhos. É a mastite que não se pode enxergar, porem ela é a precursora da mastite clínica. A mastite clínica é aquela que se pode enxergar.

Outro teste que pode ser auxiliar no diagnóstico da mastite é a cultura bacteriana. Toma-se uma porção do leite afetado e faz-se uma cultura em laboratório. Este exame é utilizado para identificar o agente causador da mastite.

O teste prático mais eficiente é o teste da caneca telada ou de fundo escuro. Este é o teste que se deve fazer a cada ordenha. Ele detecta a mastite clínica nos primeiros jatos de leite. Quando a mastite clínica aparece, há um depósito de leucócitos (células de defesa) no canal da teta e estes leucócitos formam grumos que são visualizados logo nos primeiros jatos de leite. Estes primeiros jatos devem ser depositados na caneca de fundo escuro ou telada onde os grumos serão visualizados com mais facilidade. Devido ao contraste do fundo da caneca com os próprios grumos, estes ficam mais aparentes, neste caso está-se diante de uma mastite clínica.

No caso de mastite clínica, o animal deve ser retirado do recinto e ser ordenhado mais tarde após os animais sadios. Dependendo da gravidade da mastite o animal deve ser ordenhado fora do local de ordenha para não contaminar o ambiente. Se a mastite for crônica o animal deve ser descartado.

No caso de controle adequado da mastite, pode-se utilizar a linha de ordenha, na qual primeiramente são ordenhadas as vacas sadias, depois as que já tiveram mastite e foram curadas e no final aquelas que estão com mastite e em tratamento.

O tratamento das vacas com mastite varia de acordo com o caso apresentado. Em geral, os tratamentos devem ser precedidos de ordenhas sucessivas, em torno de quatro, no período do dia e se for o caso de necessidade de medicamento, tratar somente após a ultima ordenha do dia.

As vacas secas devem ser tratadas com medicamentos próprios para esta fase. Existem no mercado vários medicamentos para tratamento preventivo de vacas neste período de descanso. É bom lembrar que estes medicamentos nunca devem ser utilizados para tratar mastites comuns, pois eles são próprios para a prevenção da doença no período seco.

Cascos

Uma das grandes preocupações em todos os criatórios de bovinos é com as lesões dos cascos. A importância dos cascos na locomoção do animal é vital. Qualquer problema que possa vir a acontecer com os cascos compromete de forma drástica a produção.

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São muitas as causas que prejudicam os cascos. Dentre as várias que podem ser citadas têm-se como muito importante, a alimentação e o desgaste que ocorre principalmente em animais confinados. Em animais não-confinados, quando chega a estação chuvosa, época em que o barro é abundante, há um amolecimento dos cascos, que favorece o desgaste. Estes fatores somados levam ao aparecimento de vários problemas que afetam diretamente os animais.

Animais que têm os cascos comprometidos podem apresentar inúmeros problemas mas um dos que mais chamam a atenção é a reprodução. Os animais afetados não só têm perda de peso como não demonstram cios e esta perda afeta diretamente o intervalo entre partos, além do que é comum a perda total do animal.

Reprodução

Para ter-se uma rentabilidade na atividade leiteira, uma alta eficiência reprodutiva deve ser a principal meta dos produtores para atingir produtividade e retorno econômico.

Para que se alcancem estes parâmetros, é necessário que se faça uma criação adequada das bezerras, uma vez que serão elas as futuras reprodutoras do rebanho. Animais que têm pouco desenvolvimento, seja por alimentação inadequada, seja por problemas sanitários, não têm condições de expressar todo o seu potencial ao longo da vida produtiva.

Este objetivo primário visa à idade ao primeiro parto, a qual deve ser a mínima possível dentro do manejo daquele rebanho. Neste processo está incluída a meta econômica da criação. Uma análise do custo econômico desta criação tem que ser considerada pois não adianta querer um desenvolvimento muito rápido do animal se este custo ficar tão elevado que não seja compensador para o futuro produtivo do animal. Normalmente, a idade ao primeiro parto deve ser entre os 24 e 30 meses.

Os animais gestantes também requerem cuidados especiais. Quando as vacas estão no terço final de gestação é quando o feto tem seu maior desenvolvimento e isto exige mais da mãe. Este animal deve permanecer num ambiente tranqüilo com alimentos e água de boa qualidade.

Referências

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