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Informativo Corrente 93 No. 1

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Academic year: 2021

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Colegiado da Luz Hermética

Fundado a Serviço da A∴A∴

C O R R E N T E 9 3

INFORMATIVO

No. 01

An V2, in 0° , in 14°  An. CXII da Era Thelêmica

(2)

Conteúdo

Editorial 3

O Culto de Lam 9

De Via Propria Feminis 16

Notícias da Linha de Frente 19

Colegiado da Luz Hermética 24

Corrente 93, Vol. I, No. 6 (edição para membros do C.L.H., A∴A∴, associados e assinantes). © 2016 Fernando Liguori

© 2016 Sociedade de Estudos Thelêmicos

Realização:

Sociedade de Estudos Thelêmicos

Av. Barão do Rio Branco, 3652/14 Passos – Juiz de Fora – MG 36 025020

(32) 3026 0638 | 9112 3590 E-mail: srikulacara@gmail.com

Conselho Editorial:

Alex B. Elias (Juiz de Fora) Fernando Liguori (Juiz de Fora) Jeanine Medeiros (Juiz de Fora) Priscila Pesci (Juiz de Fora) J.R.R. Abrahão (São Paulo)

Publicação registrada sob o nº 135.749 no Escritó-rio de Direitos Autorais do MinistéEscritó-rio da Cul-tura/Biblioteca Nacional. Todos os direitos reser-vados e protegidos pela lei 9610 de 19/02/1998. Nenhuma parte desta publicação pode ser utilizada ou reproduzida – em qual- quer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação, etc. – nem apropriado ou estocado em sistema de banco de dados ou mídia eletrônica, sem a expressa auto-rização do editor.

Contribuições e comunicações com o editor podem ser enviadas para Sociedade de Estudos Thelêmi-cos.

A Sociedade de Estudos Thelêmicos é uma organi-zação da sociedade civil com sede em Juiz de Fora, Minas Gerais. Tem como objetivo promover o de-senvolvimento humano através das atividades rea-lizadas por seus movimentos organizados. Através de nosso trabalho, promovemos atividades para elevação da consciência por meio da realização de projetos sociais sustentáveis, pesquisas, aulas

ex-tensivas, seminários e cursos intensivos, prepara-ção e divulgaprepara-ção de estudos e relatórios, edições e publicações.

Corrente 93 é uma publicação da SETh, Sociedade

de Estudos Thelêmicos, em nome da A∴A∴, que aborda temas sobre Magia, Tarot, Qabalah, Filoso-fia de Thelema, Tradição Tântrica, Yoga, Āyurveda e temas conectados como Ocultismo Thelêmico. Os recursos gerados com a venda de exemplares são integralmente reinvestidos no projeto, promo-vendo seu desenvolvimento organizacional e téc-nico, buscando sempre oferecer melhor conteúdo. Citações de trechos desta publicação podem ser usadas, desde que mencionada à fonte e que te-nham autorização escrita dos autores.

O copyright © de todo material de autoria de Aleis-ter Crowley pertence à O.T.O.

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Editorial

Care Frateres et Sorores,

Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.

em vindo a edição No. 6 do Jornal Corrente 93. Esse é um projeto do Outer College

Brasil, linha da A∴A∴ transmitida por Frater ON120 e Colegiado da Luz Hermética

através da SETh, órgão oficial de divulgação dos trabalhos desses dois Colegiados Thelêmicos. A Chancelaria do Colegiado da Luz Hermética vem recebendo algumas indagações acerca da absorção da Ordo Tifoniana Oculta (O.T.O. Draconiana/Ordo Draco-Thelemae) pela SETh, o papel de Lam dentro do Colegiado, a ênfase na magia sexual etc. e qual a diferença do Colegiado da Luz Hermética para A∴A∴ Essa é uma boa oportunidade para fazer alguns esclarecimentos. Preste atenção: a diferença fundamental entre o

Colegi-ado e a A∴A∴ reside no fato de que o ColegiColegi-ado dá ênfase na caminhada disntinta de homem

e mulher. De acordo com O Livro da Lei, ele é sempre um sol, e ela uma lua. Nessa ideia seus caminhos na iniciação são distintos. Fora essa questão fundamental, o Colegiado amplia o currículo da A∴A∴, potencializando o trabalho nela.

Sendo o Colegiado da Luz Hermética uma Ordem fundada a Serviço da A∴A∴, nossa missão é, fundamentalmente, proporcionar meios adequados para que cada um de nossos afiliados descubra e aplique sua Verdadeira Vontade. Nesse caminho, o Colegiado da Luz

Hermética converge dentro da sua estrutura as seguintes influências:

 A fórmula da magia sexual como transmitida através da Ordo Templi Orientis, O.T.O. e Ordo Typhonis. Em outras palavras, o sistema de magia sexual de Aleister Crowley e Kenneth Gant.

 A estrutura hermética e teúrgica-qabalística da Ordem Hermética da Aurora Dou-rada e Astrum Argentum.

 A Tradição da Feitiçaria Hermética e suas múltiplas influências como transmitidas nos Papiros Mágicos Greco-Egípcios e Papiros Mágicos Demóticos.

 A Tradição Draco-Tifoniana através do Culto de Śakti-Babalon.  As tradições tântricas do Śaivismo da Caxemira e Śrī-Vidyā.

Dessa maneira, tudo o que envolve os tópicos acima listados fazem parte do conteúdo de estudo e prática do Colegiado da Luz Hermética. A antiga estrutura da Ordo Tifoniana Oculta foi absorvida em uma Célula Interna da Ordem, aberta apenas aos Assocados. Essa Céluna Interna do Colegiado da Luz Hermética converge o pensamento e cosmovisão tifoniana dos antigos sacerdotes dos cultos da serpente associado as ideias de Aleister Crowley. A cosmo-visão tifoniana – e/ou draconiana-luciferiana – assumida pelo Colegiado está mais interes-sada no resgate da cultura suméria-greco-egípcia-thelêmica1 do que qualquer ideias e

con-ceitos modernos que atualmente expressam lampejos dessas tradições. Nossa proposta é fazer com que cada associado consiga restaurar o antigo culto thelêmico draco-tifoniano dos sacerdotes greco-egípcios no âmbito familiar. Thelema, como transmitida através do AL

1 Este é um termo técnico. Suméria porque Thelema trata-se do resgate da tradição sumeriana, nas palavras do próprio Crowley. Greco-egípcia-thelêmica porque O Livro da Lei transmite a cultura ou tradição greco-egípcia da magia como um resgate do culto sethiano de Tebas, presidido pelo sacerdote Ankh-af-na-Khonsu.

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vel Legis ou O Livro da Lei é um culto greco-egípcio que revela a Grande Obra do sacerdote

egípcio Ankh-af-na-Khonsu, um alto-iniciado tebano que adquiriu o título de ma-kheru, quer dizer, aquele cuja palavra é feita perfeita através de Maat. A fórmula mágica utilizada por ele foi registrada em sua tábua funerária, conhecida como Estela da Revelação, cujo Liber AL vel

Legis é a ativação teúrgica.

Nesse caminho, o Colegiado da Luz Hermética procura transmitir a cada associado o método da Gnose-Hermética através um arranjo complexo de doutrina mágico-iniciática dos antigos Sacerdotes Herméticos Tifonianos da tradição greco-egípcia da magia, que re-cebia em seu escopo a influência de cultos gnósticos ofitas e sethianos, tradições semitas e de raízes egípcias, helênicas e iranianas. Essa é a síntese que constitui a Tradição Hermética de Mistérios, das quais muitos são os gigantes: Apolônio de Tiana (15-100 d.C.), Apuleu de Madura (128-180 d.C.), Plotino de Roma (204-270 d.C.), Simão, o Mago ou o Mago da Sama-ria, Basilides (117-138 d.C.), Valentino (100-160 d.C.), Jâmblico (245-325 d.C.), Porfírio, o Filósofo (morto em 305 d.C.), Pitágoras (570-495 a.C.) etc.

Pelo termo gnose-hermética entende-se a gnose como compreendida pelos antigos ofi-tas e barbelos gnósticos: uma experiência mística profunda capaz de dotar aquele que passa pela experiência com o Conhecimento, representado pela Serpente. A doutrina kemética draco-tifoniana do Colegiado da Luz Hermética compartilha da crença gnóstica de que ape-nas o Conhecimento ou Gnose, a experiência direta com o Absoluto – é possível dotar o Ho-mem com as armas adequadas a tomar o céu por assalto.

É possível encontrar essa mesma corrente mágica nos cultos da tradição oriental como a cultura tântrica do Norte da Índia. O Colegiado da Luz Hermética, dessa forma, também absorve as tradições do Śaivismo tântrico da Ca-xemira, o Śrī Vidyā e as tradições do Yoga e Āyurveda. Tudo isso para auxiliar a cada associado na Construção da Pirâ-mide interior.

O Culto de Lam no Colegiado da Luz Hermética é uma herança de Kenneth Grant (1924-2011), continuador da obra de seu mentor, Aleister Crowley (1875-1947). Foi Grant quem sistematizou para a sua própria versão da O.T.O. os primeiros parâmetros do Culto de Lam. Após lan-çar as sementes desse culto, magistas de inúmeras zonas de poder no globo têm à sua maneira estabelecido contato com Lam. No Brasil as primeiras experiências com o Culto

de Lam se iniciaram com Euclydes Lacerda (1935-2010)

que por algum tempo manteve contato com Kenneth Grant, quem lhe transmitiu pessoalmente informações em como estabelecer contato com Lam. Euclydes formulou uma

apostila com alguns apontamentos acerca do Culto de Lam. Essa apostila chegou em minhas mãos em 1999, quando ele me apresentou o trabalho de Grant e a obra O Renascer da Magia. Desde então eu venho empreendendo trabalhos com o Culto de Lam. Primeiro através dos apontamentos de Euclydes, depois diretamente com Kenneth Grant e relatos de outros ocultistas que têm mantido conexões reais com Lam.

No Colegiado da Luz Hermética, Lam é o Gregore ou daemon da Ordem. Lam é a más-cara ou avātar de Aiwass, que atualmente é o Chefe Secreto da A∴A∴ que rege o Planeta. A título de exemplo, Baphomet é o Gregore dos Templarios e GOTOS é o Gregore da Fraterni-tas Saturni. Um daimon que representa a estrutura da egrégora da Ordem, um Espírito Fa-miliar da alma-grupo da Ordem, o qual cada associado deve empreender esforços em con-tatar. Através de Lam, cada associado tem acesso direto a egrégora da Ordem nos Planos

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Internos e através de seu culto é possível acumular e projetar o influxo da Corrente 93 (Von-tade-Thelema). Nesse caminho, o Culto de Lam atua como um carregador de bateria que acumula energia psíquica da egrégora da Ordem, compartilhada por todos associados a par-tir do Grau de Neófito, quando eles ganham acesso a egrégora da Ordem através do Ritual

do Gregore.

Na experiência com o Culto de Lam, muitos são os associados que têm visões especifi-cas de Lam, às vezes como entidade praeter-humana, às vezes como portal entre aeons. Através do Culto de Lam cada associado gradativamente passa a transmitir através de suas ações o empoderamento da Corrente 93, quando assumem o lema de Thelema e se tornam Thelemitas.

O Livro da Lei, a pedra angular do Culto de Thelema promulgado por Aleister Crowley,

foi recebido em Abril de 1904, ditado por uma inteligência conhecida pelo nome de Aiwass, através da mediunidade de sua esposa, Ourada (Rose Edith Kelly, 1874-1932), que traba-lhou como vidente durante a recepção.

Aiwass, a entidade praeter-humana por trás da comunicação, proveu pistas sobre sua identidade logo no início da transmissão: Vê! isto é revelado por Aiwass, o ministro de

Hoor-paar-kraat.2 Portanto, trata-se de Harpócrates, o Deus do Silêncio, que Crowley associa ao

Atu 0 do Tarot, O Louco.3 Existe, portanto, uma associação sutil entre a recepção de O Livro

da Lei e a corrente mágica do Divino Louco.4 Por outro lado, Crowley também considera que

o Atu XV, O Diabo, era o desenvolvimento completo da corrente que se iniciou no Atu 0, manifesta na forma da Besta, Pã. Foi à combinação dos esforços de Crowley como a Besta e sua Mulher Escarlate na função de Babalon que deu nascimento à corrente iniciada na re-cepção de O Livro da Lei, como indicado pela voz de Aiwass: Agora vós deveis saber que o

sacerdote escolhido & apóstolo do infinito espaço é o príncipe-sacerdote a Besta; e para sua mulher chamada a Mulher Escarlate é dado todo o poder.5 Essa combinação ou conexão

aca-bou por se refletir nas personas de Nuit e Hadit: Eu, Hadit, sou o complemento de Nu, minha

noiva.6 E Aiwass continua a instruir Crowley a se alinhar a Hadit: Sê tu Hadit, meu centro

secreto, meu coração & minha língua!7 Eu sou o ardor que queima em cada coração de homem,

e dentro do núcleo de cada estrela.8 Este centro secreto, entende-se, tem uma natureza

ser-pentina, uma potência ofidiana transmitida na imagem da Besta – O Louco – conjugada a Babalon: Eu sou a secreta Serpente enrolada pronta para saltar: em meu enrolar está o

pra-zer.9 Uma clara referência aos mistérios ofidianos preservados na cultura tântrica na forma

da kuṇḍalinī, tão importante no sistema de iniciação proposto por Crowley.

A identidade de Aiwass fascinou Crowley por toda sua vida, que acreditava ser ele um Deus, Daemon ou Demônio cujas origens remontam a Suméria, assim como uma

manifesta-ção de seu Sagrado Anjo Guardião.10 Essa alegação é baseada no fato de que Crowley

execu-tou a invocação do Não-Nascido antes da recepção de O Livro da Lei na Operação do Cairo, como ficou conhecida a ocasião. É o objetivo dessa invocação estabelecer uma conexão cons-ciente com o aspecto superior de cada um de nós e ela foi posteriormente incluída em seu

2 Liber AL, I:7.

3 Veja O Livro de Thoth, por Aleister Crowley. Madras, 1998.

4 É possível rastrear aspectos desta corrente mágica em inúmeros escritos de Crowley. Um exemplo clássico é o

Liber CXI ou Liber Aleph: O Livro da Sabedoria ou Tolice, descrito por Crowley como um extenso comentário de O Livro da Lei. Pode ser inferido dessa maneira que O Livro da Lei é a primeira manifestação ou transmissão da

corrente mágica do Divino Louco, continuada nas operações de Abuldiz (1911) e Amalantrah (1918). Liber Aleph foi concluído durante a Operação Amalantrah e transmite fielmente a corrente mágica que infunde o Atu 0, O

Louco.

5 Liber AL, I:15. 6 Liber AL, II:2. 7 Liber AL, I:6. 8 Liber AL, II:6. 9 Liber AL, II:26.

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Liber Samekh, um ritual construído para Consecução & Conversação com o Sagrado Anjo

Guardião.11

Charles Wyciffe Godwin (1817-1878), quem primeiro fez a tradução do papiro de ma-gia greco-egípcia que Crowley restaurou completamente em Liber Samekh traduz o termo grego akephatos como o sem cabeça. Crowley não gostou dessa tradução do termo e preferiu traduzir como o não-nascido, referência ao fato de que a entidade invocada por esse ritual não tem início ou fim. No entanto, a palavra akephatos é identificada por muitos egiptólogos como uma referência ao deus Seth.12 Dessa maneira, a deidade convocada na execução de

Liber Samekh é Seth. O Sagrado Anjo Guardião de Crowley, segundo a hipótese de Grant, é

similar ao deus Seth. Godwin ainda especula em sua obra que a invocação é dirigida ao

prin-cípio maligno dos egípcios, quer dizer, Seth.13

Na concepção de Kenneth Grant, Aiwass como Seth ou Seth-Aiwass como ele postula é uma incorporação da Tradição Draconiana do antigo Egito.14 Entre os egípcios, a

conste-lação de Draco – e outras ao Norte como as constelações de Hércules, Ursa Menor, Cepheus, Lyra e Cygnus – era atribuída ao deus Seth.15 De acordo com Gerald Massey,16 Seth foi a

primeira energia emanada da criação ou a primeira criança nascida da Grande Mãe, dessa forma, sendo associado a criação primordial, o Caos de onde a Ordem emergiu. No simbo-lismo do Tarot de Thoth, Draco é associada ao Atu XIII, Morte. Crowley vê este Atu como a culminação do simbolismo do deus moribundo, iniciada nos dois Atus anteriores e a subse-quente demonisação de Seth.17 Isso simboliza a morte do velho e o início do novo.

Em O renascer da Magia, Grant estabelece uma conexão entre Seth e Bes. Em sua obra,

The Dawn of Astronimy, N. Lockyer estabelece a mesma conexão, enfatizando que Seth e Bes

incorporavam os poderes das trevas, quer dizer, a tradição de deuses estelares como oposta

ou inimiga a tradição de deuses solares.18 Nessa obra, Lockyer se refere a Bes como um tolo.

Essa afirmação nos remete a um artigo escrito por H. Goedicke, Seth as a Fool [Seth como um

Tolo].19 Em muitos extratos mitológicos Seth é tido como um tolo, devido a sua eterna

con-tenda com Hórus. Mas esse é o aspecto exotérico da interpretação. A interpretação esotérica reside na conexão entre Seth e o Atu 0 do Tarot, O Louco. O Caminho de O Louco na Árvore da Vida é compreendido pelas vibrações do Caos, quer dizer, da Ordem no Caos. Em sua obra, Seth: God of Confusion [Seth: Deus da Confusão] H. Veld vai mais além ao dizer que Seth

como o divino tolo originou a confusão que levou a ordem. Veld cita P. Van Baaren, um

egip-tologista que estabeleceu uma conexão entre Seth e um loa do Vodu, Ghede, ressaltando a característica viril e o poder sexual atribuído a ambos, uma imagem arquetípica incorpo-rada pelo Atu 0, O Louco.

Os nomes bárbaros de evocação restaurados por Crowley em Liber Samekh também expõem o fato de que a entidade invocada por este rito é Seth. Os nomes Iaō-Sabaōth, Iēōu e outras deidades invocadas no ritual através dos nomes bárbaros têm raízes gnósticas e são referências a entidades mais antigas, acadeanas e babilônicas. A iconografia dessas deidades

11 Este ritual foi escrito na Abadia de Thelema, Cefalu, Cicília, na ocasião da admissão de Frater Progradior (Frank Bennett, 1868-1930) na Segunda Ordem da A∴A∴. O ritual foi adaptado de um fragmento de um ritual greco-egípcio traduzido de um papiro por Charles Wyciffe Godwin do museu britânico em 1852. Mathers o utilizou como invocação preliminar para sua tradução da Goécia. Crowley usou a interpretação começada dos nomes bárbaros e as fórmulas mágicas em todo seu conteúdo. A invocação original se chamava O Sem Cabeça. Agora, em todo seu formato se chama O Não-Nascido.

12 Veja por exemplo The Secret Books of the Egyptian Gnostics, por Jean Dorresee. 13 Veja Charles Wyciffe Godwin, A Fragment of Graeco-Egyptian Magic, p. 40. 14 Veja O Renascer da Magia, Kenneth Grant. Madras, 1999 e Penumbra, 2015.

15 Veja The Dawn of Astronomy, por N. Lockyer e The Natural Genesis, por Geral Massey. 16 The Natural Genesis, p. 149.

17 Veja O Livro de Thoth, por Aleister Crowley. Madras, 1998.

18 Para uma compreensão clara dessa animosidade entre os deuses estelares e solares no antigo Egito veja as obras de Kenneth Grant, Cults of Shadow e Outer Gatways. Starfire, 2013 e 1016.

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é rastreada a origem dos gnósticos. Por exemplo, o Sabaōth dos gnósticos é referido como uma deidade com cabeça de asno, o mesmo Iaō-Sabaōth dos judeus, também com cabeça de asno. Gerald Massey ainda chama a atenção para o fato de que as palavras Iaō e Iēōu são alternativas fonéticas para Jeu. Isso está claro pelo fato de que os Papiros Mágicos

Grego-Egípcios e os Papiros Mágicos Demóticos agrupavam um número distinto de tradições,

al-guns deles contendo material de idiomas distintos, dentro de um mesmo documento.20 A

palavra egípcia para asno é hĭw, um termo associado a Seth como asno ou serpente.

Entre os gnósticos Seth era um deus tido em alta consideração. Em O Livro de Jeu,21

Seth é associado a Jeou, o Deus Invisível. Em outro manuscrito gnóstico, o Código Bruce, Seth é referido como o Deus Supremo, o nascido sozinho e Sethius, o Logos Criador.

Eu vou continuar explorando a identidade entre Seth e Aiwass nas edições desse pe-riódico, o Corrente 93, assim como a própria natureza do deus Seth e sua relevância na Cé-lula Interna Draco-Tifoniana do Colegiado da Luz Hermética. Para filanizar estes esclareci-mentos, passamos ao tema magia sexual.

Como herança dos ensinamentos de Kenneth Grant, o Colegiado da Luz Hermética de-clara que um dos objetivos primordiais da Ordem é estabelecer conexão e comunicação com

Inteligências além da consciência humana ordinária, quer dizer, prater-humanas, extraterres-tres. De acordo com Aleister Crowley em Magick Without Tears, esse contato e comunicação

pode levar a humanidade a um próximo passo na evolução da Cosciência:

Minhas observações sobre o Universo convencem-me que existem Seres de inteligência e poder de uma qualidade muito superior do que qualquer coisa que nós possamos con-ceber como humano; eles não são necessariamente baseados nas estruturas nervosas e cerebrais que nós conhecemos; a única chance para a humanidade avançar como um todo é fazer com que individualmente cada humano entre em contato com estes Seres. De acorco com os ensinamentos de Kenneth Grant, o melhor mecanismo para conexão e comunicação com Inteligências praeter-humanas é a magia sexual. E qual a diferença ou inovação no sistema de Grant? No sistema de magia sexual de Aleister Crowley, baseado na fórmula ABRAHADABRA, a orientação mágico-filosófica é fálico-solar. No sistema – draco-tifoniano – empregado por Kenneth Grant, baseado na fórmula de BABALON, a ênfase do trabalho mágico-filosófico é estelar, daí o apelo ao deus Seth ao invés do deus Hórus, como proposto por Crowley.

O Colegiado da Luz Hermética concilia harmonicamente esses dois sistemas de magia sexual. Na realidade, o Colegiado vê essas duas visões como aspectos distintos do trabalho mágico. Portanto, nossa orientação é Seth-Hórus.

A magia sexual quando aplicada em cerimoniais mágicos é capaz de abrir um portal fora dos ciclos do tempo e espaço, empoderando a Mulher Escarlate ao ponto dela se tornar a conxão entre aeons dentro do círculo mágico. Através desse processo o Colegiado da Luz

Hermética acredita que o Universo pode ser sondado de maneira mais profunda e

abran-gente. O êxtase do orgamos magicamente dirigido é o poderoso gatilho desse processo. Kenneth Grant tentou estabelecer conexões entre seu sistema de magia sexual e a cul-tura tântrica. O Tantra trata enfaticamente da questão Tempo «kāla» e a criação do Universo como o conhecemos através da cópula sexual entre Śiva e Śakti. Dessa maneira, todo o Uni-verso se reflete nas polaridades sexuais fisiológicas de homens e mulheres. O poder da ener-gia sexual dirigida pelo manejo apropriado do Falo e da Vulva é igual ao poder de criação de todo o Universo. A fonte de todo esse poder no corpo humano é retratado no conceito ou

20 Sobre magia greco-egípcia, veja As Raízes Greco-Egípcias do Al vel Legis, logo abaixo. 21 A invocação que resultou o Liber Samekh foi restaurada desse papiro, O Livro de Jeu.

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arquétipo de kuṇḍalinī, a fonte ígne de poder que representa a própria Śakti ou Mãe Univer-sal. A sexualidade é uma expressão física do poder da kuṇḍalinī e nos tempos antigos ela esteve conectada inexoravelmente a religião e espiritualidade.

Existe uma corrente mágica que envolve o renascer dessa tradição espiritual em tem-pos modernos e através dela é tem-possível reavaliar a história do passado. O Colegiado da Luz

Hermética, assim, opera com as duas fórmulas mágicas: ABRAHADABRA e BABALON.

Bom estudo!

Amor é a lei, amor sob vontade.

Frater ON120 6°=5⌷ A∴A∴

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O Culto de Lam

Frater ON120

Fernando Liguori

Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.

Magia e o Ocultismo têm sido mencionados em várias ocasiões, mas somente de passagem, apenas um lado da questão. Têm-se limitado à Ufologia de gabinete, deixando as grandes implicações (mágicas, espirituais etc.) em segundo plano, possivelmente por medo do que elas poderiam concluir. Entretanto é fato que raramente alguém vá muito longe nesta área sem deparar-se com a doutrina oculta de uma forma ou de outra.

A pesquisa ufológica, mesmo aquela teórica, exige um alto grau de flexibilidade mental. Alguém pode criar regras gerais no sentido de analisar o fenômeno, mas é necessário manter a mente aberta a todo tempo e estar preparado para exceções que cruzam toda prévia teoria. Isto é especialmente certo para a síndrome dos contatados, que serve como um ponto de cristalização para todas as formas de complexos e desejos reprimidos. Através de meus estudos cheguei a conclusão que a maioria dos contatados não são diferentes de nós mesmos. Eles são de fato seres humanos comuns sofrendo problemas similares aos nossos, particularmente aqueles do tédio e alienação. Mas quais são as exceções a esta regra? Que dizer, por exemplo, dos ocultistas que se esforçam por um ato de vontade para estabelecer contato com entidades praeter-humanas?

De acordo com uma recente edição do periódico da Ordem Tifoniana, Starfire, o

principal objetivo da magia é a comunhão com inteligências desencarnadas ou extraterrestres. É para este fim que o ocultismo contemporâneo está dirigido. Em 1918

Aleister Crowley realizou uma série de experimentos mágicos os quais poderíamos denominar hoje de como canalização ou contato induzido. Desde então, vários ocultistas, principalmente Michael Bertiaux nos anos 60 e um grupo de iniciados da O.T.O. Tifoniana nos anos 70 – e recentemente um grupo de iniciados da Loja Shaitan-Aiwaz – realizaram trabalhos mágicos similares e seus esforços foram coroados com êxito. Isto ergueu sérias implicações para todo o campo da pesquisas ufológicas. A Operação Amalantrah foi uma série de visões e comunicações em transe recebidas entre janeiro e março de 1918 por Roddie Minor, O Camelo, que era na época a Mulher Escarlate de Crowley.

No inicio da Primeira Guerra Mundial, Crowley embarcou para os Estados Unidos no navio Lusitania. Chegando lá fixou residência em Nova Iorque - Rua 36 West – e ali dividiu seu tempo entre a magia sexual e a confexão artigos de propaganda pró-germânicas para o jornal Fatherland. Fazendo uma rápida viagem a Vancouver via São Francisco e Nova Orleans ele retomou a Nova Iorque. Roddie Minor, uma mulher casada vivendo separada do marido, juntou-se a ele em outubro de 1917 e juntos iniciaram a exploração o vasto campo da magia sexual.

Os diários pessoais de Crowley para outubro de 1917, descrevem Roddie Minor como

uma mulher grande, muscular e sensual. John Symons adiciona que ela era larga de ombros

e de face agradável. Ela também possuía uma faculdade de clarividência muito desenvolvida sob a influência de haxixe e ópio. No curso das operações mágicas, ela descreveu para Crowley uma série de visões arquetípicas envolvendo (entre outras coisas) um rei, um pequeno menino e um mago que se apresentou sob o nome de Amalantrah. Estas visões

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faziam exortações para que Crowley pudesse encontrar o ovo. A reação da maioria das pessoas ante estas coisas é pensar de imediato que elas não passam de alucinações induzidas pelas drogas e, portanto, sem nenhum significado, mas Aleister Crowley não era uma pessoa comum. De acordo com Symonds, ele não fez qualquer esforço para interpretar

este material em termos de inconsciente. Para ele as características e incidentes das visões dadas pelo mescal eram mais reais que qualquer realidade. Ele não ficaria surpreso em encontrar Amalantrah passeando pela Quinta Avenida. O mago teria invadido o plano da ilusão, isto era tudo.

Finalmente, sentindo que Amalantrah nada mais tinha a comunicar, Crowley voltou para a Europa, deixando Roddie Minor por sua própria conta. Mas a história não termina ai. Estaria além de minha competência prover um completo e acurado relato sobre a Operação

Amalantrah e suas consequências. A última palavra sobre o assunto provavelmente jamais

será escrito. Para o propósito deste ensaio eu somente necessito observar que Crowley não estava interessado em ideias para seu próprio bem, mas em resultados. Os detalhes não são claros, mas parece que em algum estágio durante os procedimentos ele contatou uma entidade possuindo uma grande cabeça e que agora é conhecida como Lam. Lam, cujo nome deriva-se da palavra Tibetana para caminho ou passagem, mais tarde tornou-se objeto de um retrato desenhado por Crowley.

O retrato original foi exibido pela primeira vez em Nova Iorque (1919), sendo repro-duzido várias vezes desde então. Embora desprovido do cru poder dos mais extravagantes quadros e murais de Crowley, o retrato é, sem dúvida, um marcante trabalho. O rosto está desenhado de frente e parece ser de um anão a despeito do fato que não existe qualquer referência de escala na composição. A cabeça é grande, lisa e sem qualquer cabelo, afilando em um queixo pontudo. A boca é como um fino corte; os olhos se estendem aos lados das faces. Não há qualquer indicio de roupa além daquilo que parece ser a gola de uma capa em volta ao pescoço; a entidade não possui qualquer traço de orelhas. Em resumo: Lam parece nitidamente ser um típico ocupante de um UFO, do tipo examinador (aquele tipo de E.T. chamado, na classificação mais geral, como um cinzento maléfico). Mas assim não é a as ex-periências de Michael Bertieux, Nema e Kenneth Grant clareiam o assunto de tal maneira que Lam hoje pode ser facilmente assimilado por aqueles que se sentem atraídos por seu Culto.

Lam é o presente foco de uma energia extraterrestre e transplutaniana com a qual muitos iniciados estão sendo chamados a comunicar neste critico momento de nossa civilização.

No Culto de Lam nós utilizamos o desenho de Crowley como um Portal para o contato com Inteligências Extraterrestres. Ao praticar, certifique-se de olhar fixamente para o re-trato de Lam até que a sonolência sobrevenha. Com o olhar fixo, você naturalmente se con-centrará nos olhos dele; eles parecerão alargarem-se e absorverão sua consciência. Neste momento você sentirá uma estranha sensação de que se encontra dentro da cabeça de Lam. Dois caminhos estão abertos: um para cima, outro para baixo. Se for para baixo a descida será acompanhada por uma sensação aérea que pode chegar à força de um furacão. Uma profunda escuridão vai engolfar a mente na medida em que se entra no escuro túnel atrás da boca de Lam e um vento será substituído por um som de água corrente. Elas ferverão ao redor da face da Lam até que uma chama brilhante que ascende e apaga em vários ciclos por segundo se mova rápido como um raio através do líquido oleoso e agitado. Sua agitação violenta despertará a imagem de uma entidade octópoda, os tentáculos da qual são as rami-ficações do túnel embaixo da boca de Lam. Seguir-se-á uma súbita quietude agitada somente pelas pululações vagas de uma entidade que se parece com uma lula. Nesta quietude o con-tato pode ser estabelecido com a rede de túneis que se ramificam para baixo em direção a base de Lam, onde os raios sexuais têm suas origens. Estes transportam a mente para dentro de um violento vórtice e a consciência parecerá difusa em uma variação de formas que são

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transportadas rapidamente para cima se fundindo em uma única forma. A fusão ocorrerá entre os olhos de Lam, na região do ājñā-cakra e a chama se arremessará para dentro do vasto brilho de um crânio que é infinito em extensão e deslumbrantemente resplandecente. O mantra Ipsoslam ou Lamipsos deve então ser vibrado conforme forem os túneis para cima ou para baixo.

O trabalho com Lam e outras Inteligências praeter-humanas tem como consequência a expansão e o aprofundamento da consciência humana, bem como a penetração da consci-ência em outras dimensões. Utilizando tais técnicas, o magista pode atingir uma compreen-são mais rica e mais profunda de Thelema ou da Corrente 93. O trabalho de grupo tem sido suplantado pelo trabalho individual e cada aspirante que trabalha a autorealização se torna tanto um foco de energia na Terra e a projeção de uma Estrela no espaço. Desta maneira, uma complexa rede de entrelaçadas correntes de energia emerge, modelada através dos as-pirantes que trabalham individualmente, estimulando assim uma completa evolução além do atual nível da humanidade. Essa consequente expansão e aprofundamento da consciên-cia também capacita o Iniconsciên-ciado a transcender as aparentes limitações de uma visão do tempo linear e sequencial.

O Dikpala do Caminho do Silêncio

Lam é o atual dikpala ou Guardião do Espaço, cujos eflúvios estão emanando por todo ambi-ente astral da Terra. Neste momento forças transplutonianas estão em contato com as pes-soas mais sensíveis do planeta – artistas, escritores, poetas, magistas e cientistas – para que através dos seus campos de luz possam refletir àquelas emanações do espaço Fora ou Além dos Portais do Abismo estelar.

Uma nova corrente flui por meio de longos túneis cuja radiação provém da Ordem da Estrela de Prata – a A∴A∴ – através de um antigo e extinto núcleo ou zona de poder chamada

Loja Nova Ísis. Após os primeiros contatos outros núcleos ou zonas de poder foram

forma-dos através do tráfico com entidades praeter-humanas cujo acesso alguns psiconautas têm explorado, mundos e dimensões além da consciência humana, i.e. do estado de vigília. Para se alcançar estes mundos é necessário utilizar um Portal de grande magnitude que na Tra-dição Oculta é conhecido como Lam, o Silêncio.

Lam é um Portal interagindo no plano da manifestação como o avātar de Aiwaz. Esta inteiração permite que cada psiconauta percorra mundos e sistemas estelares em níveis de consciência distintos acessíveis somente através do estado de gnose. Essa consciência é fun-dida através de algumas técnicas bem simples como a formação de uma cápsula oval para as primeiras incursões nos mundos distantes que estão localizados nas áreas do profundo espaço, a morada da Deusa Aranha.

Lam é a inteiração do continuun entre o momentuum de cada instante que é gerado por miríades de teias e redes que perscrutam o espaço infinito fora dos círculos do tempo. A mente intoxicada e torpe da consciência ordinária não tem acesso a estes mundos. Qual-quir tipo de prática espiritual executado neste estado mental pode gerar incidentes mágicos de proporções catastróficas. Estes incidentes ou interferências nós chamamos de tantra

tan-gencial ou mesmo o fracasso da ação direcionada que não foi delineada e nem acionada pela

Verdadeira Vontade do magista. Cada ação gera, obviamente, uma reação; o grande perigo está no fato de que ação e reação existem apenas no saṃsāra ou dualidade, dificultando as-sim todo o processo de contato com inteligências praeter-humanas. Entre as Torres de Ob-servação de Maat a dualidade é dissipada por uma enorme força centrípeta chamada Morte ou Daath.

A tecnologia de Lam requer profundos níveis de consciência onde não há o estabele-cimento de leis, o nível de vibração das tremendas forças do Caos. A Unidade não é um fim, mas o meio para se chegar ao Zero ou Vazio. As polaridades não são mais sustentadas por

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Maat e nem a Unidade é representada como Hórus, a Força de Coesão, mas sim Seth, o In-cognoscível que está além do desconhecido, aquele Vazio primordial que nem mesmo o Zero pode tipificar.

Para cada incursão é requerida uma cápsula criada pelo próprio magista a fim de pro-tegê-lo de determinados habitantes ou forças que fatalmente estranhariam sua presença naquelas distantes regiões do espaço. O revestimento de cada cápsula é o Silêncio e o co-mando está nas mãos da Verdadeira Vontade.

O ovo é a nave espacial projetada pelo magista para suas incursões astrais naquelas regiões além dos abismos e desfiladeiros que circundam o grande mar negro. Ele é invisível porque está no Silêncio. Magistas que operam nessa linha de trabalho não veem mais neces-sidade na estrutura física e convencional de um templo. Eles têm projetado seus templos na forma de um ovo ou espaço meta-psíquico.

Na Tradição Oculta Lam tipifica uma inteligência acima dos padrões terrestres, ou seja, da dualidade ou pertencente ao mundo fenomênico. Essa inteligência é extremamente sutil e suas manifestações não se dão na grande maioria das vezes no plano físico, mas em níveis astrais de consciência, ou seja, por meios de transes, sonhos, projeções etc., a fim de canalizar essa Energia de pura matéria estelar.

Estas Forças Primordiais são identificadas nas principais mitologias primitivas de di-versos povos da antiguidade e estiveram sempre em contato com alguns dos seres humanos iniciados nos mistérios de seus próprios cultos. Muitas dessas entidades são tremenda-mente bizarras, de aparência assustadora, vindas das profundezas do espaço ou das águas. Mais tarde estas mesmas criaturas foram modificadas em suas estruturas a fim de estabele-cer uma beleza condicionada aos olhos humanos, para que trouxessem uma paz vindoura ou mesmo solar. Quanto àqueles que os homens não puderam associar ou modificar para o Culto Solar, estes foram qualificados por demônios ou seres de um submundo onde se per-petuava o mal.

No século passado um dos grandes mitos da literatura de horror na década de 20 e inicio dos anos 30, Howard Phillips Lovecraft, esboçou para os seus leitores através de his-torias bizarras e aterrorizantes a descrição de mundos antiquíssimos narrados com preci-são e veracidade daquele que contatou estranhos seres de regiões sombrias e cheias de ter-ror em um dos seus mais famosos livros A Procura de Kadath. Outros como Arthur Machen, autor do clássico O Grande Deus Pã, Robert E. Howard criador do famoso Conan, o Bárbaro

Cimeriano descreveram diversas entidades que tinham origem de mundos remotíssimos e

que muitos desses estranhos seres já estavam em contato com humanos a milhares de anos. Inteligências muito superiores a nossa viveram em uma época onde havia apenas rochas, magmas e um calor insuportável em nosso planeta e muitos deles vieram para ajudar no processo evolutivo de uma nova espécie de homens que ainda iriam surgir.

Essas entidades foram atribuídas por muitos sacerdotes e hierofantes como criaturas malignas que habitam regiões infernais, colocando o Deus Sol como o maior e único entre os Antigos Deuses, que foram relegados ao esquecimento na mitologia de todos os povos,

escondidos por detrás de mitologias modernas como os mitos de Lovecraft, nos quais são

denominados por The Great Old Ones, The Deep Ones, The Outer Ones,22 entre outros.

Posteriormente, o meio de contato com esses Seres tornou-se mais distante e conse-quentemente mais complexo quanto a elaborados rituais com cerimônias cheias de artifí-cios para a invocação dessas entidades. Elas foram cada vez mais para as profundezas dos seus mundos e universos devido à ignorância dos homens, clamando-as sem o Espírito da Vontade em palavras já a muito estéreis. Surge então um novo tipo de contato, com magistas, sacerdotes que operam como agentes dos Deuses Antigos. Estes não retratam mais àquelas

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terríveis formas que levaram os homens tipificá-las como demônios ou deuses do mal. Sur-gem então os avātares23 desses deuses a fim de trazer a mensagem deles sob uma nova

pers-pectiva delineada por inteligências vindas de fora, ou seja, de mundos muito distantes, além do nosso sistema solar, i.e. da mente.

Através de Lam, portanto, é possível percorrer as regiões mais vastas e distantes do inconsciente, viajando por mundos trans-dimensionais fora dos círculos do tempo, fora do tempo e espaço que conhecemos. Lam representa um conhecimento atávico por trás dos sensores da mente humana, uma margem atemporal que se desdobra em zonas além da compreensão dual. Nós podemos tipificá-lo como o vazio, conhecido entre os Budistas como o estado de śūnnyata: o nada, o vazio, a vacuidade, a ausência de dualidade e conceituação.

Para contatar Lam e outras forças extraterrestres é necessário que o magista esteja em estado de vazio, livre dos sensores da mente. Para que estes contatos sejam genuínos é necessário antes de qualquer coisa um profundo trabalho interno libertando-se de restri-ções em níveis materiais, mentais, emocionais e espirituais. Esses contatos estão além de qualquer dogma ou religião. Portanto o receptáculo dessas forças deve estar preparado para tais contatos.

Lam vem para apresentar ao mundo uma Corrente que permeia o ambiente astral da Terra, salientando a existência de mundos ainda a serem descobertos, que mesmo a ciência não consegue perceber. O – modus operandis – nesta fase da Corrente é conhecida como

ofidiana. Trata-se da corrente mágica primordial identificada com o Culto da Serpente na

África. No Egito, esta Corrente instruiu o Culto Draconiano. É também conhecida como a Tradição Draconiana porque Ta-Urt era o Dragão ou Réptil das Profundezas e a Mãe de Seth. Esta corrente mágica confere ao magista um dinamismo e amplitude muito maior do que em épocas anteriores. Hoje, alcançar o estado vazio é muito mais rápido do que antes, não precisa mais de livros sagrados, instituições religiosas, escolas esotéricas, gurus, instrutores etc. Cada magista, munido das armas e ferramentas para se tornar um canal-vivo, tornar-se-á um avātar dos Deuses Antigos, o sacerdote de um culto primordial htornar-se-á muito esquecido pela humanidade.

O Culto de Lam: A Entrada no Ovo

A Entrada no Ovo é a primeira técnica ensinada na SETh (Sociedade de Estudos Thelêmicos)

para contato com Lam. Trata-se de um exercício preliminar. Para você executá-lo, é neces-sário que estabeleça sua kiblah.

É senso comum, entre as escolas iniciáticas, que a criação de um local em nossa casa para estudos e práticas é altamente benéfica para o desenvolvimento do Neófito. Esse local se torna o ponto focal de atração da egrégora (campo de forças de uma determinada Ordem ou Escola Ocultista) e cria uma atmosfera de introspecção que favorece o nosso desliga-mento das percepções sensoriais. Os benefícios desse lugar reservado para os estudos será sentido por cada um, à medida que o utilizarmos. Na tradição thelêmica, esse ambiente es-pecialmente preparado para nossas práticas, chama-se kiblah e é posicionado ao norte geo-gráfico (que será então o leste do thelemita). Caso o leste geogeo-gráfico não seja possível, crie um leste simbólico, isto é, determine qualquer ponto como sendo o seu leste. A kiblah po-derá ser permanente ou ser montada a cada vez que se for utilizar, ficando a cargo das con-veniências individuais.

23 Tem sua origem no sânscrito avātar, indicando a manifestação divina no plano dual ou fenomênico. Em termos qabalísticos seria a influência de Briah em Assiah, i.e. a esfera de Binah refletindo diretamente sobre e dentro da esfera de Malkuth.

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Montando a Kiblah

1. A Estela da Revelação deve ser pendurada na parede, no alto, acima da altura de sua cabeça quando você estiver em pé.

2. Leste: No meio da mesa-altar, O Livro da Lei, se possível posicionado em pé.

3. Um pouco à frente de O Livro da Lei formar um triângulo com a ponta para baixo, com os seguintes elementos:

i. à esquerda: uma vela branca – representando a letra Zain (z). ii. à direita, uma taça com água – representando a letra Lamed (l).

iii. na ponta do triângulo um bastão de incenso – representando a letra He (h) – incenso preferencial de sândalo vermelho, por auxiliar na expansão da cons-ciência.

A Entrada no Ovo

Estágio 1: Abertura da Kiblah

De pé, frente ao Norte, assuma a forma divina de Hoor-paar-Kraat e execute o Sinal do Silêncio.

Execute o Sinal de Puella e diga: menina, o dragão. Execute o Sinal de Puer e diga: menino, o leão. Execute o Sinal de Vir e diga: homem, o boi.

Execute o Sinal de Mulier e diga: a mulher satisfeita.

Execute o Sinal de Mater Triunphans e diga: a mãe triunfante.

Execute o Sinal de Tifon e diga: Hórus salta três vezes armado do útero de sua mãe.

Har-pócrates, seu gêmeo está oculto dentro dele. Seth é a sua santa aliança, que ele revelará no grande dia de Maat.

Execute o Sinal da Caveira de Ossos Cruzados e diga: Que os Mestres da Sagrada Egrégora

de Thelema e da Grande Fraternidade Universal possam me assistir neste momento, me inspirar com sua sabedoria e me proteger com seu amor, para que com eles eu possa me harmonizar e receber orientações através de minha intuição.

Execute o Sinal de Ísis a Mãe das Estrelas e diga: Ó, Grande Nuit! Senhora das Estrelas e

do Espaço Infinito. Caminho eternamente sob e em teu corpo na travessia de meu deserto e no descanso de minha Alma. Neste momento, olho em tua direção e evoco Tua presença. AUMGN (3x).

Execute o Sinal da Torre de Seth e diga: Ó, Grande Hadit! Tu que és o Centro e o Coração

do Sol. Tu que és todo o movimento, ardor e vida em meu corpo, pois tu és o adorador da mais alta Beleza da existência. Neste momento, olho em tua direção e evoco Tua presença.

AUMGN (3x).

Execute o Sinal do Hórus Vingador e diga: Oh, Grande Hórus, místico Senhor da Cabeça de

Falcão, do Silêncio e da Força, cuja nêmes cobre o céu azul noturno. Neste momento, olho em Tua direção e evoco Tua presença (3x).

Bata no sino: 3-5-3 e proclame: Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei. Amor é a lei,

amor sob vontade. A Palavra é Thelema.

Estágio 2: Abertura dos Portais de Daath

Execute o Ritual do Pentagrama e em seguida o Sinal de Proteção.24 Estágio 3: Invocação de Lam.

Sentado, frente ao altar, faça uma invocação silenciosa a Hoor-paar-Kraat e vibre os no-mes básbaros de evocação: IĒŌU, PUR, IŌU, IAŌ IŌ, ABRASAX, SABRIAM, EDE, EDU, AN-LALA, LAI, GAIA, AEPE, DIAThARNA ThORON.

24 Para detalhes sobre o Ritual do Pentagrama da Sociedade de Estudos Thelêmicos e sobre o Sinal de Proteção veja a segunda parte deste livro, Os Rituais dos Túneis de Seth.

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E então proclame:

LLLLLLLAAAAAAAMMMMMM Tu que és a Voz do Silêncio, Glifo de Hoor-Paar-Kraat: O Ente Silente, o Deus Interno. Portal para o Aeon de Maat! Eu Te Invoco, Eu Te Invoco! Com o mantra Talam-Malat, Talam-Malat,

Talam-Malat...

Estágio 4: A entrada no Ovo

Sente-se de frente a imagem de Lam, previamente arranjada em cima do altar, na frente do triângulo.

Mantenha a imagem na distância de um braço e se certifique que os olhos de Lam estão na mesma altura de seus olhos.

Execute trāṭaka fixando o olhar entre os olhos de Lam (pausa). Inspire e expeire profundamente por alguns segundos (pausa).

Inspire elevando a consciência do mūlūdhāra até o ājñā-cakra através da suṣumnā-nāḍī e projete-se em direção aos olhos de Lam. Continue até que a projeção seja real e você possa enxergar através dos olhos de Lam, como se estivesse vestindo uma máscara (pausa).

Você agora pode jornar dentro da cápsula oval de Lam, protegido contra os habitantes do astral.

Estágio 5: Jornada nos golfos do espaço

Nessa etapa inicie a jornada e investigação de qualquer área que deseje. Por exemplo, trace sigilos ou símbolos através da visualização que estejam em afinidade com as regi-ões que pretende investigar.

Caso não tenha ninguém para lhe acompanhar, use algum mecanismo de gravação para registrar suas visões e comunicações.

Estágio 6: Encerramento

Gradativamente, recolha a consciência novamente no ājñā através da inspiração e a envie ao mūlādhāra-cakra através da expiração. Repita esse processo até que sinta que seu corpo está completamente consciente (pausa).

Levante-se, assuma a forma divina de Hoor-paar-Kraat e execute o Sinal do Silêncio. Bata no sino: 3-5-3 e pronuncie: Abrahadabra, Thelema, Ipsos-Lam. Aumgn.

Amor é a lei, amor sob vontade.

Esse texto foi retirado da obra ainda em processo de escrita: Gnose

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De via propria feminis

Soror Miah56

Priscila Pesci

Sob a Supervisão de Frater ON120

Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.

leister Crowley (1875-1947) inicia o Capítulo XI de Magia em Teoria e Prática com as seguintes palavras: Os conteúdos desta seção, na medida em que dizem respeito

a NOSSA SENHORA, são demasiadamente importantes e sagrados para serem im-pressos. Eles só são comunicados pelo MESTRE THERION aos alunos escolhidos e em instrução privada. Anteriormente ele havia destacado em Liber Aleph que será lucrativo para ti, ó meu Filho, que Eu erro, que Eu te instrua no Mistério dos Caminhos de Nun e de Ayin, que em nossa Rota estão figurados no Atu chamado Morte, e naquele chamado O Diabo. Destes, Nun une o Sol com Vênus, e está referido a Scorpio no Zodíaco. [...] O Caminho de Ayin é um Elo entre Mercúrio e o Sol e no Zodíaco corresponde ao Bode. Este Bode é também chamado Força e está no Meridiano ao Nascer do Sol na Primavera e é de sua Natureza pular sobre as Monta-nhas. Portanto é ele um Símbolo de verdadeira Magia e seu Nome é Baphomet. Um é assim é a Fórmula do Homem, como o outro era da Mulher.25 A partir disso nós podemos inferir que

embora Crowley tivesse apenas destacado o papel do homem no sistema thelêmico de ini-ciação, ele estava consciente da fórmula mágica de Babalon e ao que parece, ele a transmitia a discípulos muito seletos. Seja como for, o papel da mulher em Thelema ainda não foi devi-damente explorado, até agora. Devido a suas inclinações pessoais, culturais e filosóficas, Crowley se preocupou apenas com a fórmula de ABRAHADABRA. Dessa maneira, seus es-critos para A∴A∴ e Ordo Templi Orientis, O.T.O. transmitem a doutrina fálica de Therion. A pergunta que nos salta é essa: a doutrina fálica theriônica é adequada a iniciação das mu-lheres? A lógica diz que não! A iniciação das mulheres está conectada aos mistérios lunares do útero e da vulva, não aos mistérios do Falo e da Palavra Sagrada que ele transmite.

Aliado a esse desmerecimento e falta de atenção a fórmula de iniciação feminina, ex-iste um apego dogmatico em explorar a Árvore da Vida dentro de um modelo de pensamento

fechado. Dion Fortune (1890-1946) escreveu em sua obra monumental, a Cabala Mística,

que existem inúmeras maneiras distintas de se abordar e agrupar as Dez Sephiroth Sagradas

e não é possível dizer se uma abordagem é mais correta do que a outra. Essas abordagens servem a inúmeros propósitos e elas têm lançado muita luz sobre as distintas maneiras de trabalhar e equilibrar as Sephiroth. Aleister Crowley estava consciente do fato de que uma

compreensão real da Árvore da Vida exige abordagens distintas para que a vastidão total do universo – representado pela Árvore da Vida – possa ser compreendido nos mínimos de-talhes, assim como sua relação individual com cada um de nós. Isso está claro no Sistema de iniciação que Crowley construiu para O.T.O. Por exemplo, ao levarmos em consideração os ituais dos Graus 0° ao III° na O.T.O., tanto homens e mulheres, começam de Chokmah ao invés de Malkuth na Árvore da Vida. Em outras palavras, na O.T.O. inicia-se o caminho descendo a Árvore da Vida, não subindo. Em Magia em teoria & Prática, ele salienta que a

Palavra ON é o Arcano Arcanorum da O.T.O. Seguindo a formula do caminho do homem

«Ayin-O» na Palavra Mágica ON, ele estruturou os Rituais de Iniciação da O.T.O. e o Sistema

25 Aleister Crowley, Liber Aleph, caps. 173 e 174.

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iniciático da A∴A∴. Somos nós que devemos, dessa maneira, nos esforçar para compreender a formula mágica do caminho da mulher «Nun-N» em ON. No entanto, uma vez que o cami-nho é distinto, para as mulheres a Palavra Mágica é NO.

O Caminho de NO.

Nos tempos antigos, os mistérios da iniciação eram fisiológicos. Posteriormente, esses mistérios começaram a ser interpretados metafisicamente e com o passar das eras o Arcano ou Segredo da Iniciação tem sido mantido nas mãos de sacerdotes que ensinam a pequenos grupos, na intenção de perpetuar sua transmissão. No entanto, de posse desse conheci-mento, é impossível deixar de perceber a realidade que nos abre: cada um, homem e mulher, deve seguir um caminho que esteja alinhado a sua fisiologia e ecologia interior, caso con-trário, a escalada da montanha torna-se doentia e degenerativa. Crowley ainda salienta isso em Liber Aleph quando lembra Frater Achad (Charles Stansfeld Jones, 1886-1950) que este

Caminho [quer dizer, o da mulher] é perigoso [a iniciação do homem], pois busca o Nível, e pode te rebaixar a não ser que tu prestes Atenção ao Ir [a fórmula mágica da mulher]. Dos seus três Modos, o Escorpião se destrói a si mesmo, como um Tipo de Prazer Animal [quer

dizer, as inclinações e impulsos sexuais da mulher. Os três modos de escorpião sendo os papeis da mulher na iniciação como Mãe/Rainha, Filha/Princesa e Guardiã do Santo Graal/Vampira]. A seguir, a Serpente é própria a Trabalhos de Mudança, ou Magia,

entre-tanto, também ela é venenosa, a não ser que tu tenhas Discernimento para encantá-la [quer

dizer, o impulso sexual/Lança/Falo do homem/Cavaleiro deve ser adestrado sob sua Von-tade]. Finalmente, a Águia é a mais sutil neste Assunto, de forma que esta Vereda é própria

para um Trabalho Transcendental [quer dizer, a serpente ganha asas da águia quando os

impulsos sexuais são dirigidos sob vontade]. Entretanto estão todos estes no Caminho da

Morte [Nun], e assim tua Baqueta é dissolvida e corroída nas Águas da Taça, e tem que ser renovada por Virtude de tua Natureza em Seu Curso [quer dizer, quando o homem tenta

se-guir o curso do Caminho de Nun, da mulher, tem o seu poder fálico enfraquecido e por conta disso, ele deve voltar a sua natureza fálica e seguir o curso adequado a sua iniciação, o Ca-minho de Ayin. Isso está claro na passagem que se segue]. Pois o Fogo é extinguido pela Água,

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mas sobre a Terra ele queima livremente e é inflamado pelo Vento. Compreende também isto que está escrito a respeito da Vesica: que esta é a Mãe, dando Facilidade, Sono, e Morte, Con-solações que são repelidas pelo Verdadeiro Homem ou Herói. Está claro, na visão de Crowley,

que homens e mulheres deve seguir caminhos distintos na iniciação.

Todos nós, homens e mulheres, aspiramos a consciência solar tipherética, pois cada

homem e cada mulher é uma estrela.26 No entanto, ao subirmos na Árvore da Vida, homens

e mulheres vão por caminhos distintos: homens através do Caminho de Ayin, O Diabo e mul-heres pelo Caminho de Nun, Morte. Essas são as Fórmulas de O & N em ON e NO. Quando homens e mulheres abraçam a sua formula de iniciação, estão se aprofundando e se ciando através de sua fisiologia e ecologia interior, o que torna saudável o processo da ini-ciação, a Busca pelo Santo Graal.

No Sistema do Colegiado da Luz Hermética, homens e mulheres começam em Malkuth e Yesod, pois ambos necessitam compreender os mistérios de seus corpos/templos, abraçar sua sexualidade/libido e natureza animal. Portanto, ambos precisam da Fundação (Yesod). Depois disso eles seguem por Camnhos distintos para ajustar a iniciação a sua estrutura orgânica e fisiológica.

O homem seguirá, portanto, por um Caminho fálico, de Yesod em direção a Hod, o que lhe permitirá construir o Templo da Besta, Therion, cuja essência fálica está por trás de Mercúrio. Na formula mágica do Tetragrammaton, esse Caminho do homem, Ayin-O, repre-senta o Filho (Vav), naturalmente estruturado na região de Hod enquanto na Busca pelo Santo Graal. Para isso, ele segue o caminho percorrido por Parzival na intenção de empun-har a Lança Sagrada (Falo) que foi a roubada por Kinglisor, quem representa seus próprios desejos e devaneios sexuais.

De outra maneira, a mulher segruirá os Mistérios de Babalon em direção a Netzach através do 18° Caminho da Lua, o que possibilitará a ela desenvolver sua iniciação através da espiritualidade feminina que abraça os mistérios fisiológicos da vulva, do útero e do amor venusial. Isso a transformará no próprio Santo Graal. Aqui ela representa a Filha na Formula do Tetragrammaton, atribuída a esfera de Makluth como um veículo de Babalon ou a incor-poração da Mulher Escarlate. A mulher, dessa maneira, no seu caminho constrói o Santuário de Babalon cujo poder vaginal encontra-se por trás de Netzach.

Esse é o Caminho N «Nun» da mulher que, ao chegar en Netzach, se dirige a Hod, dessa maneira auxiliando o Cavaleiro a empunhar a Lança Sagrada. Portanto, o Caminho de Baba-lon é o Caminho da Fórmula NO. Nesse processo a Mulher Escarlate ajuda o Cavaleiro a se redimir. O homem busca o Santo Graal, a mulher busca a Lança sagrada.

É chegada a hora de nós, Prostitutas de Babalon, assumirmos nosso próprio Caminho de redenção, um caminho que esteja adequado a nossa natureza e arquétipos femininos. Não podemos nos limitar as estruturas carcomidas do Velho Aeon que forçam homens e mulheres a seguirem um sistema dogmático de iniciação. Os mistérios do falo envolvem o quadrado e os mistérios da vulva envolvem o círculo. Que todas nós, da Ordem da Serpente & da Estrela, possamos abraçar a nossa formula mágica, a Fórmula de Nossa Senhora da Prostituição.

Amor é a lei, amor sob vontade.

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Notícias da Linha de Frente

Curso de Meditação

O curso de meditação da SETh ainda está com as inscrições abertas. Sua participação no curso requer algumas condi-ções:

1. Caso você seja aluno direto de Frater ON120 na A∴A∴, sua participação no curso está liberada sem ônus algum.

2. Caso você seja membro do Colegiado da Luz Hermé-tica, sua participação no curso está liberada sem ônus algum.

3. Caso você tenha adquirido as obras de Frater ON120, sua participação no curso está liberada sem ônus algum.

4. Caso você não se enquadre nas três condições acima, será necessário pagar uma taxa de R$93 para participar do curso.

Para fazer seu cadastro ou para se inscrever como ouvinte no curso, entre em contato com o editor do Corrente 93.

Robes de qualidade

A Sociedade de Estudos Thelêmicos disponibiliza robes de qualidade para os Irmãos da A∴A∴,

Ordo Templi Orientis e outras organizações

the-lêmicas.

 Robe do Probacionista R$280.  Robe do Neófito: R$230.  Robe do Zelator: R$230.

Robes com características distintas podem ser encomendados. Entre em contato com o editor do Corrente 93 e faça um orçamento sem com-promisso.

Os robes são em alta qualidade, de brim e bordados bem detalhados.

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A Lança & o Graal

A magia sexual de Aleister Crowley opera através de duas forças conhecidas como Caos e Babalon. Caos é a Força ou Energia Criadora Paterna primordial representada pelo Falo no homem. Ele é idendificado ao astro Sol como o Senhor na Missa Gnóstica. Babalon é a Força ou Energia Materna geratrix primor-dial representada pelos símbolos do Útero, a Vulva, a Mulher e a Terra. No sistema thelê-mico de magia sexual, a Mulher é o veículo que nutre a Palavra do Genitor com seu Po-der Gerador. Através da União de Caos e Ba-balon, nasce a Criança Mágica Baphomet. Nós estamos entrando no Equinócio de Pri-mavera de 2016 e.v. O ano 2012 e.v. foi muito importante para muitos iniciados, pois mar-cou o início de uma reificação na Terra das forças espirituais do Novo Aeon. No entanto, o resgate espiritual dessas forças dentro de cada um de nós depende da aplicação de

cer-tas chaves ou fórmulas mágicas. Uma dessas fórmulas, conhecida como Corrente Ofidiana, tem sido considerada das mais eficazes no estabelecimento das forças do Novo Aeon na consciência humana.

O livro A Lança & o Graal cumpre o objetivo de agregar em uma só publicação os textos acerca do sistema de magia sexual proposto por Aleister Crowley previamente publicados nas edições do Jornal Corrente 93 da Sociedade de Estudos Thelêmicos.

Para adquirir seu exemplar, clique aqui. Curso Cakra Sadhana

Entre os Ocultistas nos últimos cinquenta anos tem havido uma tentativa em estabelecer uma equivalência entre as Sephiroth da Árvore da Vida e os cakras da cultura tântrica. Se a Árvore da Vida contém tudo em nosso Universo, tanto acima quanto abaixo, deve haver al-gum lugar nela que os represente. Uma vez que tenha se aceitado que existe uma equivalên-cia entre as Sephiroth e os cakras, logo nasce a indagação acerca da relação entre os vinte e dois Caminhos – os Atus de Tahuti – e as Sephiroth ou zonas de poder. Estes Caminhos, en-tretanto, foram relacionados às nāḍīs dos ensinamentos tântricos. Nāḍī é um termo sâns-crito que significa torrente ou fluxo, quer dizer, aquilo que flui livremente. Este é o nome dado aos canais por onde circula o prāṇa ou energia vital. Eles conectam os cakras e levam energia as diversas partes do corpo psíquico e sua contraparte física. Os cakras são casas de

energia e literalmente a palavra significa roda.

No entanto, toda a doutrina do Tantra acerca da estrutura psíquica «cakras, nāḍīs,

ku-ṇḍalinī» e a maneira correta de manipulá-la envolve o conceito de Śakti, a Deusa. Śakti é uma

palavra sânscrita que significa poder, mas para todos os efeitos, em estado potencial. Existe uma parábola nos tantras que diz que no Infinito, antes da criação, a Deusa dividiu-se em

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ājñā-cakra, de onde ela começa a se projetar para baixo, vibrando «spandana» em direção a

terra na busca por seu Corpo. Nesse processo, a Śakti cria diferentes estados de realização, os cakras, começando pelo viśuddhi, atribuído ao Espírito, o anāhata, atribuído ao Elemento Ar, o maṇipūra, atribuído ao Elemento Fogo, o swādhisṭhāna, atribuído ao Elemento Água e o mūlādhāra, atribuído ao Elemento Terra. Ao fazer de sua morada o mūlādhāra-cakra, o processo de criação se encerra e a Śakti se recolhe em sono profundo. É neste estado que ela é conhecida como kuṇḍalinī-śakti. Uma possível tradução desse termo que se enquadra na descrição do tema é poder recolhido e na Tradição Esotérica Ocidental ela é identificada apenas pelo nome de Serpente de Fogo ou Fogo Serpentino. Quando aprendemos a manipu-lar essa força em nosso interior, fazendo-a acordar de seu sono no fosso da terra, é o mo-mento de aprendermos com ela em um processo de ascensão a fim de redescobrirmos o paraíso perdido. Este trabalho consiste em erguê-la do mūlādhāra-cakra aos cakras superi-ores através de um sistemático programa de treinamento.

Nos dias de Aleister Crowley (1875-1947) muito pouco material sobre o tema cakras havia sido traduzido do sânscrito para o inglês. Fora as especulações teosóficas, pouquíssi-mos ocultistas no Ocidente produziram material de peso realmente relevante. Por anos a maior fonte de pesquisas sobre os cakras utilizada pelos ocultistas da Tradição Ocidental foi o livro Os Chakras de W.C. Leadbeater (1854-1934), considerado um grande clarividente. No entanto, seu livro tem muito pouco ou quase nada a oferecer quando comparado aos próprios śāstras do tantrismo ou obras de mestres tântricos de calibre como Swāmi Satyānanda Saraswatī, fundador da Bihar School of Yoga, a organização mais tradicional da Índia em ensino superior de Yoga e Tantra.

Por volta de 1920, o autor mais celebrado sobre Tantra no Ocidente foi Sir John Wo-odroffe (1865-1936). Ele foi o responsável por apresentar ao Ocidente, através de inúmeras traduções e material próprio o profundo, vasto e rico oceano de conhecimento contido nos tantras, principalmente a Tradição Kaula e suas práticas obscuras de despertar da

kuṇḍa-linī-śakti e a manipulação dos cakras. Mas por incrível que pareça, Crowley parece ter dado

pouca atenção à obra de Woodroffe, seja por despeito ou falta de conhecimento.

Mas existe um problema ao tentar estabelecer uma equivalência entre a doutrina dos

cakras contida nos tantras e a Árvore da Vida. Inúmeras interpretações equivocadas foram

difundidas amplamente pela Sociedade Teosófica e a Ordem Hermética da Aurora Dourada, estabelecendo um desserviço a Tradição Esotérica Ocidental. Um exame acurado sobre as teorias estabelecidas por essas organizações revela verdadeiras anomalias e uma falta de compreensão absurda sobre os cakras.

Nos dias de hoje existe muito material a disposição, no entanto, a grande maioria dos livros escritos no Ocidente sobre o tema cakras ainda continua perpetuando as desinforma-ções disseminadas por essas duas organizadesinforma-ções. Por outro lado, o Oriente vem produzindo material seguro nessa área e as escrituras que nos dias de Crowley quase eram impossíveis de serem encontradas, agora abundam em traduções, o que nos permite ter um vislumbre mais amplo do assunto. Portanto, eu sempre aconselho aos meus alunos da A∴A∴ a procu-rarem a fonte original desses estudos, ou seja, os śāstras do tantrismo.

Ao elaborar o sistema de iniciação da A∴A∴, Aleister Crowley se debruçou ampla-mente sobre o Yoga, produzindo pérolas do misticismo thelêmico nas instruções da Ordem. No entanto, parece que ele deu pouca atenção à doutrina dos cakras, deixando a cargo da Ordo Templi Orientis, O.T.O., a produção do material necessário à instrução dos membros. Os primeiros Graus da O.T.O. operam enfaticamente com os ṣaṭ-cakras, mas infelizmente até os dias de hoje estamos a espera que a Ordem nos apresente instruções precisas sobre como manipular e direcionar as energias dos cakras. Até lá, ofereço esse pequeno opúsculo de meditação a comunidade de thelemitas do Brasil.

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Os Mistérios de Babalon têm sido guardados a Sete Chaves, pois Sete são suas Chaves ou as Chaves de seu Palácio. Das divindades que configuram no panteão thelêmico, Babalon é a mais arredia: não é mencionada em O Livro da Lei; embora ali se fale da sacerdotisa como sendo a Mulher Escarlate.

Babalon é um aspecto particular de Nuit. O verso 22 do primeiro capítulo d’O Livro da

Lei nos fala que no futuro o Profeta conheceria o nome secreto de Nuit. Este nome secreto é

a pronúncia correta de Babalon que ele recebeu enquanto trabalhava com o 12° Aethyr. An-tes disto, ele utilizava a forma bíblica Babylon. Babalon soma 156 e para Crowley esta nu-meração representa a copulação ou samādhi constante com toda a coisa vivente. Ele ainda A considerava como sendo equivalente (e não mero complemento) ao deus Pã e essa não é uma ideia isolada; ela também registra presença nos escritos de Parsons.

O termo Mulher Escarlate é encontrado em O Livro das Revelações ou Apocalipse: a

mulher vestida com púrpura e escarlate, e adornada de ouro [...] tinha na mão um cálice cheio de abominações; são as impurezas de sua prostituição (Apocalipse – Capítulo 17).

Essa menção à Mulher Escarlate levou Crowley ao nome de Babilônia, que ele retificou para Babalon (o Portal do Sol), conforme lemos no parágrafo em epígrafe. Em complemento a essa inter-relação, no Capítulo 49 de O Livro das Mentiras, Crowley descreve quais seriam as Sete Cabeças da Besta sobre a prostituta estaria montada:

Sete são as cabeças da Besta sobre a qual Ela monta. A cabeça de um Anjo; a cabeça de um Santo; a cabeça de um Poeta; a cabeça de uma Mulher Adúltera; a cabeça de um Homem de Valor; a cabeça de um Sátiro e a cabeça de um Leão-Serpente.

Para os thelemitas, de um modo geral, Babalon configura uma energia de cunho sexual e de caráter mágico. Babalon é um Arcano Arcanorum muito profundo que o próprio Crowley, no 11° Capítulo de Magick, diz que os mistérios Dela só seriam transmitidos particularmente a seus diletos pupilos.

Ela sempre foi conhecida, embora por outros nomes: Grande Mãe, Diana, Ishtar, Kālī, Lilith, Inana, Deméter, Ísis, Afrodite e Hécate; mas independentemente do nome que A chamarmos, ela sempre será a expressão livre e irrestrita de nossa própria natureza sexual-mágica.

Babalon em O Livro de Thoth, Atu XI: Luxúria, é a abundante Fonte de Vida do Uni-verso. Este arcano corresponde ao caminho entre Chesed e Geburah, fonte das energias da

Corrente 93, insinuando uma das faces do Novo Aeon que é a capacidade de trazer à tona

instintos primitivos para serem incorporados, de forma consciente, à nossa estrutura psí-quica. Conforme O Livro de Thoth ressalta: Existe nesta carta uma embriaguez ou êxtase – a

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