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Defensoria Pública: garantia do acesso à Ordem Jurídica Justa.

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Academic year: 2021

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JUIZO DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DO FORO REGIONAL DA PAVUNA-RJ. Processo: xxxxx

PETIÇÃO 01. Temas:

1) Composse exercida por incapazes;

2) Reconvenção :Usucapião ordinária e social (tabular) como correção indireta do ato nulo

3) Reconvenção: Direito subjetivo de R$ e potestativo de retenção pela edificação de acessões.

4) denunciação do notário à lide por responder pessoalmente pela falha da atividade desenvolvida

SERAFIM DE TAL, brasileiro, casado, pedreiro autônomo, inscrito junto a Receita Federal com CPF XXXX, portador do RG nº XXX, domiciliado na Rua das Flores, 70, Pavuna, vem, pelo Defensor Público, apresentar resposta que faz na modalidade de

CONTESTAÇÃO

Pelos seguintes argumentos de fato e de direito:

I

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

1. Inicialmente, afirma ser pessoa necessitada (ou em situação de vulnerabilidade), com insuficiência de recursos para pagar a taxa judiciária, as custas judiciais, as despesas processuais e os honorários advocatícios, na forma do artigo 115, do Decreto-lei Estadual nº 5/75, e do artigo 98, do Código de Processo Civil, sem prejuízo do sustento próprio ou da família, motivo pelo qual tem direito à gratuidade de justiça, indicando a Defensoria Pública para a defesa de seus interesses. 2. Trata-se de autônomo com renda mensal irregular, porém na média de R$ 2.000,00, , com cônjuge do lar, desprovida de renda, encontrando-se dentro da presunção absoluta de hipossuficiência na forma do artigo 4º, I da Deliberação CS/DPE-RJ nº 124, de 20-12-17, que estipula presunção de necessidade quando a renda do casal for inferior a 5 salários mínimos.

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DOS FATOS

2. Cuida-se de ação declaratória de nulidade de relação jurídica, baseada na aquisição a non domino do imóvel situado na Rua das Flores, lote 70, afirmando o Requerente, sucintamente, jamais ter outorgado poderes para alguém o representar no ato de compra e venda. 3. Pleiteia, então, a procedência do pedido principal declarando-se a nulidade do atual registro imobiliário e sucessivamente a reintegração no exercício da posse.

4. Ocorre que o Requerido adquiriu o bem onerosamente, há sete anos atrás, mediante escritura pública de compra e venda perante o representante convencional do Requerente, consoante anexa procuração, lavrado por instrumento público e com poderes especiais para alienação, sendo este contrato levado ao registro imobiliário imediatamente.

5. Oportuno ressaltar que o Requerido realizou, em plena posse de boa-fé,

acessão física consistente na casa onde até hoje exerce o direito a moradia digna, junto com sua

esposa e dois filhos, consoante anexas certidões.

6. Expostos os fatos, passa-se a apresentação da tese jurídica defensiva.

III

DOS ARGMENTOS JURÍDICOS

A- Da defesa preliminar ao mérito: emenda da exordial para inclusão de todos os litisconsortes passivos necessários, diante do estado de composse.

7. Preliminarmente ao mérito requer-se seja determinada emenda ao pedido exordial, posto tratar-se de composse exercida no imóvel.

8. Consoante já ressaltado, o Requerido exerce posse sobre o imóvel em conjunto com sua esposa e seus dois filhos menores impúberes, Pedro e Caio.

9. Trata-se de composse de mão simples, isto é, aquela onde cada compossuidor poderá perpetrar atos autônomos de posse, sendo certo que a posse não só pode ser exercida por incapazes, como até poderá ser adquirida pelos aludidos incapazes.

10. No sentido de visualizar a posse sendo exercida por incapaz temos o clássico exemplo citado pelo Mestre Caio Mário, consistindo na criança de dez anos sendo contemplada com uma bicicleta de presente, onde, mais do que qualquer adulto, terá a compreensão fática da existência do seu direito de posse. Ademais , aplicar-se-ia a teoria dos atos avolitivos (ato-fato jurídico).

11. Logo, deve a inicial ser objeto de emenda para incluir no pólo passivo todos os compossuidores, na forma do art. 319, II e VII c/c 321 do CPC, operando-se a respectiva citação, por se tratar de litisconsórcio passivo necessário, bem como determinando a intimação do MP.

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12. Justamente por se tratar de composse envolvendo incapazes imperativa é a aplicação do art. 178, II do CPC, determinando-se a intimação do MP, para manifestar-se no prazo de 30 dias.

C – Das TESES RECONVENCIONAIS : do preenchimento de todos os requisitos da usucapião ordinária e social. Aplicação do art. 214, §5º da Lei 6015-73.

13. Em sede de resposta na modalidade de contestação, o que o atual CPC permite tratar-se de mero título dentro da contestação, requer o Reconvinte expressamente a declaração da usucapião ordinária e social, esculpida no art. 1242, parágrafo único da Lei 10406/02, também denominada como usucapião tabular, e alternativamente na hipótese de não acolhimento da 1ª tese , a procedência do direito de retenção e de indenização pela edificação de acessão física. 14. O Reconvinte preencheu todos os dez requisitos de tal modalidade de usucapio, a saber:

a) posse mansa, isto é, sem oposição;

b) posse contínua, isto é, sem intervalos de abandono; c) tempo de posse de 5 anos,

d) objeto hábil; e) intenção de dono; f) justo título;

g) registro do justo título durante o período de posse de 05 anos (havendo tentativa de declarar sua nulidade/inexistência);

h) posse qualificada pela boa fé; i) aquisição onerosa; e

j) destinação social: obras/serviços sociais ou moradia.

15. Cediço que a partir da vigência do CPC/2015 a usucapião, qualquer que seja sua modalidade , passa a tramitar pelo procedimento comum, permitindo defesa na modalidade reconvencional. A ratio legis foi que, com a procedência do pedido reconvencional, onde constará este pedido na parte dispositiva da decisão judicial (procedência e reconhecimento da usucapião), não mais haverá necessidade de nova ação de usucapião. Trata-se da aplicação dos princípios da efetividade e economia processual, aliado à razoabilidade.

16. Oportuno ressaltar que a usucapião representa o primeiro instituto a externar a função social da posse, ainda mais no caso em epígrafe posto a destinação do imóvel atender ao direito constitucional à moradia digna, consoante interpretação sistemática do art. 1242, parágrafo único , arts 1º, III e 6º da CRFB, com nova redação introduzida pela EC 26.

17. A declaração da usucapião promoverá a improcedência do pedido exordial e a a manutenção da propriedade em prol do reconvinte. Aliás, há vozes sustentando que sequer haveria necessidade do pleito reconvencional, posto que bastaria a improcedência do pedido exordial para fazer valer a força probante do registro imobiliário.

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19. Alternativamente, na hipótese de não acolhimento do 1º pedido reconvencional, requer-se, com fundamento nos artigos 1219 c/c 1255 do CC, a declaração do direito de retenção e de indenização pela edificação da acessão física, tratando-se de casa, cujo valor será apurado ao longo da demanda, pleiteando-se desde já prova pericial.

20. Assim, mister é a aplicação do art. 1219 c/c 1255 do CC e na forma do brilhante enunciado 81 da I Jornada do CJF, proposto pelo renomado Jurista Bezerra de Mello, com o intuito de ser exercido o direito subjetivo à indenização, bem como o direito potestativo de retenção do bem principal.

21. Assim, requer-se em grau reconvencional:

a) a citação do reconvindo, na pessoa de seu patrono, para apresentar resposta no prazo de 15 dias, na forma do artigo 343, §§ 1º do CPC, bem como a citação dos confinantes de direito e de fato, indicados e qualificados o anexo 1 desta exordial;

b) a procedência do pedido reconvencional, provocando o expresso reconhecimento da validade do registro imobiliário, em prol do Reconvinte pelo reconhecimento da usucapião tabular, na forma do artigo 1242, p. un do CC c/c art. 214, § 5º da Lei 6015-73, inobstante já existir a força probante do atual registro imobiliário;

c) alternativamente, com fundamento nos artigos 1219 c/c 1255 do CC, a declaração do direito de retenção e de indenização pela edificação da acessão física, tratando-se de casa, cujo valor será apurado ao longo da demanda, pleiteando-se desde já prova pericial.

III

DA DENUNCIAÇÃO DO NOTÁRIO À LIDE,

PELA FALHA NA ATIVIDADE DELEGADA PELO ESTADO.

22. Eventualmente, como medida assecuratória, requer-se a denunciação do Sr. XX (Titular do Cartório de Notas) á lide , em decorrência da responsabilidade pessoal do notário pela falha da atividade exercida, por ter lavrado instrumento público de procuração em proveito de falsário, dado o falecimento do outorgante anos antes da lavratura do aludido instrumento de mandato.

23. Cediço que o notário é contemplado com a delegação de serviço que até então era desempenhado pelo Estado. Em razão da delegação, mediante certame público, o notário passa desempenhar atividade lucrativa,, respondendo pela falha da prestação.

24. Nos termos da conjugação do art. 37, § 6º da CRFB c/cv art. 22 da Lei 8935-94, a responsabilidade do notário é pessoal e objetiva.

25. Neste diapasão é o entendimento pretoriano:

0004573-04.2004.8.19.0207 - APELACAO

(5)

DES. MARIA HENRIQUETA LOBO - Julgamento: 04/08/2010 - SETIMA CAMARA CIVEL CONSTITUCIONAL - SERVIDOR PÚBLICO - TABELIÃO TITULAR DE CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL -RESPONSABILIDADE CIVIL - ARTIGO 37, § 6º, da CONSTITUIÇÃO FEDERAL -NATUREZA ESTATAL DAS ATIVIDADES EXERCIDAS PELOS SERVENTUÁRIOS TITULARES DE CARTÓRIOS E REGISTROS EXTRAJUDICIAIS, EXERCIDAS EM CARÁTER PRIVADO, POR DELEGAÇÃO DO PODER PÚBLICO -TRANSFERÊNCIA DE VEÍCULO EFETIVADA MEDIANTE DOCUMENTO COM ASSINATURA FALSA -PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA REJEIÇÃO - CERCEAMENTO DEFESA - INOCORRÊNCIA LAUDO PERICIAL COMPLETO - DANO E NEXO CAUSAL DEMONSTRADOS - ALEGAÇÃO DE FATO DE TERCEIRO FORTUITO INTERNO QUE NÃO EXCLUI O DEVER DE INDENIZAR.Não há que se falar em laudo incompleto eis que foram analisados e respondidos todos os quesitos, inclusive os complementares, tendo concluído a perita pela falsidade das assinaturas questionadas, apostas no Certificado de Registro de Veículo e no cartão de autógrafos, razão pela qual é de ser rejeitada a alegação de cerceamento de defesa.Responsabilidade civil objetiva do notário, o qual assume posição semelhante à das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, respondendo pelos danos causados a terceiros, independentemente de culpa, nos termos dos artigos 37, § 6º e 236 da Constituição da República, e artigo 22 da Lei nº 8.935/94.Atos notariais fraudulentos que não decorreram da atuação exclusiva de falsários, mas da conduta desidiosa de preposto do notário, que não adotou as cautelas exigidas ao deixar de verificar a idoneidade dos documentos que lhe foram apresentados.Desprovimento do recurso.

INTEIRO TEOR

Íntegra do Acórdão - Data de Julgamento: 04/08/2010 Relatório de 09/07/2010

26. Assim, requer-se a citação do denunciado, na forma do arrtigo 126 do CPC, com o escopo de que na hipótese de procedência do pedido exordial, o mesmo seja civilmente responsabilizado pela falha inescusável na lavratura de instrumento público de mandato, por mandante que falecera anos antes da lavratura do malsinado ato, responsabilizando-se objetivamente na forma do art. 37, § 6º da CRFB c/c art. 22 da Lei 8935-94, na forma do art. 125, II do CPC.

IV DO PEDIDO.

27. Isto posto, requer-se a Vossa Excelência: a) a concessão do direito subjetivo público à gratuidade de justiça;

b) o acolhimento da denunciação do oficial do cartório à lide, na forma do art. 125, , II do CPC, pela responsabilidade civil pelo eventual dano a ser sofrido pelo Requerido, ora denunciante, ocasião em que caso de procedência da pretensão exordial , a indenização dar-se-á nesses mesmos autos.;

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c) a emenda da exordial para incluir no pólo passivo todos os compossuidores, na forma do art. 319, II c/c 321 do CPC, operando-se a respectiva citação, por se tratar de litisconsórcio passivo necessário;

d) a intimação do MP, por existir interesse de incapaz;

e) o acolhimento da tese reconvencional , em decorrência do Requerido/Reconvinte já ter preenchido os requisitos da usucapião ordinária e social, na forma do art. 1242, parágrafo único do Código Civil, c/ art. 214, § 5º da Lei 6015-73;

e) eventualmente, o acolhimento da 2ª tese reconvencional declarando-se o direito subjetivo de indenização e retenção até o efetivo ressarcimento, na forma do art. 1219 c/c 1255 do CC e enunciado 81 da I Jornada do CJF;

28. Protesta pela produção dos seguintes meios probatórios:

a) testemunhal, com escopo de comprovar o preenchimento dos requisitos da usucapião, bem como a realização da acessão, cujo rol segue em anexo;

b) pericial, com o escopo de comprovar a usucapião, e eventualmente apurar o valor da acessão edificada, possibilitando dar liquidez ao direito subjetivo de crédito em pauta, cujos quesitos seguem anexados.;

c) depoimento pessoal do Requerente sob pena de confissão. P. Deferimento.

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