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INÍCIO DE UM PROGRAMA DE SELEÇÃO DE ABELHAS AFRICANIZADAS PARA A MELHORIA NA PRODUÇÃO DE PROPOLIS E SEU EFEITO NA PRODUÇÃO DE MEL

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INÍCIO DE UM PROGRAMA DE SELEÇÃO DE ABELHAS

AFRICANIZADAS PARA A MELHORIA NA PRODUÇÃO DE

PROPOLIS E SEU EFEITO NA PRODUÇÃO DE MEL

Antonio José Manrique e Ademilson Espencer Egea Soares

Introdução

A apicultura é uma das ati-vidades agrícolas, que mais tem se desenvolvido no Bra-sil, nas últimas décadas, gra-ças aos estudos realizados na biologia de abelhas, manejo e subsídios com vista ao melho-ramento das abelhas africani-zadas (Gonçalves, 1996).

A maioria dos programas de melhoramento é desenvol-vido para selecionar os me-lhores indivíduos e usá-los como reprodutores na próxi-ma geração a fim de incre-mentar a produção e diminuir os custos de manejo (Rinde-rer, 1986).

Kerr (1972) propôs que, para uma seleção seja

eficien-te, deve ser feita a partir das 24 melhores colônias (no mí-nimo) que o apicultor possuir, das quais 12 serão usadas para produção de rainhas e as outras 12 para produzir gran-de número gran-de zangões gran-de boa qualidade. A seleção dos ma-chos deve ser feita a partir do desempenho de suas irmãs. Vencovsky e Kerr (1982)

con-PALAVRAS CHAVES / Abelhas / Mel / Própolis /

Recebido: 16/01/2002. Modificado: 22/03/2002. Aceito: 08/04/2002 Antonio José Manrique.

Zootec-nista, UNELLEZ. M.Sc. em Produção Animal, Universidad Central de Venezuela. Doutor em Genética, Universidade de

São Paulo (USP), Ribeirão Preto. Pesquisador II, Instituto Nacional de Investigaciones Agrícolas (INIA), Caracas, Ve-nezuela. Endereço:

INIA-Presidencia, Parque Central, Torre Este, piso 11, Caracas 1010, Venezuela.

e-mail: tonyman77@terra.com.ve

cluíram que usando o método de substituição das 25% pio-res rainhas, por filhas das 25% melhores, aumentavam sua produtividade nas próxi-mas gerações até 20%.

A seleção massal é o pri-meiro método utilizado em populações que não sofreram nenhum melhoramento. Em abelhas, resulta em bons gan-RESUMO

Algumas colônias de abelhas Apis mellifera produzem mais própolis que outras, e esta característica pode ter controle gené-tico. Esta possibilidade foi estudada neste experimento, desenvol-vido de abril a julho de 1999, na reserva florestal de cerrado “Pé de Gigante”, Santa Rita de Passa Quatro, Estado de São Paulo, Brasil. O objetivo foi iniciar um programa de melhora-mento genético de abelhas para aumentar a produção de própolis e verificar a correlação entre produção de própolis e de mel. Em sete apiários foram usadas 100 colônias de abelhas procedentes de enxames capturados na reserva florestal “Pé de Gigante”. Foi feita a análise de variância, usando as provas de Kruskal-Wallis e a de Mann-Whitney. A própolis foi colhida num

coletor do tipo Apis Flora. Só 25 colônias produziram própolis com média de 87,45g e as outras 75 não produziram própolis. As colônias produtoras de própolis (CPM) foram superiores (P<0,001) na produção de mel, com média de 26,98kg contra 13,93kg das colônias não produtoras de própolis (CM). Os re-sultados mostraram correlação direta entre a produção de própolis e a produção de mel com valores de r=0,422 e P=0,00001256, mostrando que as abelhas que mais produziram própolis também produziram mais mel. Os resultados mostram que é possível selecionar abelhas para aumentar a produção de própolis e para melhorar a produtividade de mel.

Ademilson Espencer Egea Soares. Biólogo, M.Sc em Genética e Doutor em Genética, USP- Ri-beirão Preto. Professor, Depar-tamento de Genética, Faculdade de Medicina, USP-RP. Brasil e-mail: aesoares@fmrp.usp.br

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RESUMEN Algunas colonias de abejas Apis mellifera producen mas propóleos que otras y esta característica pudiera tener control genético. Esta posibilidad fue estudiada en este experimento desarrollado entre abril y julio 1999 en la reserva forestal de cerrado “Pé de Gigante”, Santa Rita do Passa Quatro, Estado de São Paulo, Brasil. El objetivo fue iniciar un programa de mejoramiento genético de abejas para aumentar la producción de propóleos y verificar la correlación entre producción de propóleos y de miel. En siete apiarios fueron utilizadas 100 colonias de abejas procedentes de enjambres capturados en la reserva forestal “Pé de Gigante”. Se realizaron pruebas paramétricas de Kruskal-Wallis y de Mann-Whitney. El propóleo

fue colectado en colector tipo Apis Flora. Sólo 25 colonias produjeron propóleos con una media de 87,45g y las otras 75 no colectaron propóleos. Las colonias productoras de propóleos (CPM) fueron superiores (P<0,001) en la producción de miel, con media de 26,98 kg/colonia contra 13,93kg. de las colonias no productoras de propóleos (CM). Se encontró correlación po-sitiva entre producción de propóleos y de miel, con r=0,422 y P=0,00001256, mostrando que las abejas que más produjeron propóleos también produjeron más miel. Los resultados muestran que es posible seleccionar abejas para aumentar la producción de propóleos y mejorar la productividad de miel.

hos iniciais, principalmente em híbridos africanizados, graças a sua grande variabili-dade genética, mas não deve ser realizado em populações pequenas.

Nos últinos anos tem sido constatado um grande incre-mento do número de apiculto-res e colméias, aproveitando da rica e variada flora apí-cola, permitindo ampliar suas fronteiras e diversificar seus produtos. Entre estes se desta-ca a própolis, produto que ge-ralmente era jogado fora pela maioria dos apicultores num passado não tão distante.

A própolis é um complexo de substâncias resinosas, pro-cessada pelas abelhas, coleta-da de várias fontes de resinas vegetais (Ghisalberti, 1979) que pode ter uma gama varia-da de cores que vai desde pardo passando pelo verde, vermelho até o preto. Geral-mente a própolis coletada na colméia é composta de 50% de resinas e bálsamo vegetal, 30% de ceras, 10% de óleos essenciais e aromáticos e 5% de outras substâncias. As resi-nas são misturas complexas

de terpenos, flavonóides e substâncias gordurosas e sua produção está ligada ao cres-cimento vegetativo das plan-tas, que é promovido por um hormônio, a giberelina, que é um terpenóide. Indicando as-sim que, resinas em grandes quantidades são secretadas pelas plantas durante o cresci-mento de ápices vegetativos de folhas, caules ou troncos, antes da floração; razão pela qual nem sempre o grão de pólen encontrado na própolis, indica a espécie vegetal visi-tada para a coleta de resina (Bastos, 1998).

Poucas abelhas coletam re-sinas para produzir própolis, pouco menos de 3% das campeiras. Quando ocorre uma grande florada as abelhas dedicam pouco tempo e esfor-ço na coleta de resinas, dedi-cando-se principalmente a co-letar néctar e produzir mel. O desgaste das abelhas que pro-duzem própolis é muito alto e elas devem ser alimentadas ou ter muito néctar à disposição, para produzir adequadamente. Segundo Santos et al. (1996), as abelhas africanizadas,

apre-sentam um maior número de forrageamento de coletas de resinas entre 10 e 14 horas, nos horários mais quentes do dia; mencionam ainda que temperaturas abaixo de 21ºC e acima de 28ºC parecem ini-bir este comportamento. Para coletar a própolis, principal-mente durante a época quen-te, as abelhas, com mais de 15 dias de vida, mordem e ajudam-se com suas patas e a transferem para as corbículas; nesta manipulação algumas vezes adicionam cera e esta operação pode durar de 15 a 60 minutos (Gojmerac, 1980). As abelhas usam a própolis para fechar buracos, fendas e alvados para evitar o frio du-rante a época fria e o calor excessivo da época quente, que funciona como um agente termorregulador; também o usam para prevenir infesta-ções no interior da colméia por bactérias e desenvolvi-mento de outros microorga-nismos; para embalsamar ani-mais mortos e evitar putrefa-ção; para fixar todas as peças móveis da colméia e para evi-tar as vibrações quando as SUMMARY

Some colonies of Apis mellifera bees produce much more propolis than others, a trait that could be under genetic control. This possibility was investigated in an experiment carried out from April to July 1999, in the “cerrado” forest reserve Pé de Gigante, Santa Rita de Passa Quatro, São Paulo State, Brazil. The objective was to begin a genetic breeding program of bees to improve propolis production and verify the correlation be-tween propolis and honey production. In seven apiaries, 100 colonies of Africanized honeybees originating in swarms and captured in forest reserve “Pé de Gigante” were used. Kruskal-Wallis and Mann-Whitney tests were used. The propolis was

col-lected in an Apis Flora collector. Only 25 colonies produced propolis, 87.45g on average, while the other 75 colonies did not produce propolis. The colonies, producers of propolis were better (P<0.001) in honey production, with an average of 26.98 kg/ colony vs 13.93 kg/colony for non-propolised colonies. A positive correlation between propolis and honey production with r=0.422 and P=0.00001256 was found, showing that the bees that pro-duced more propolis also propro-duced more honey. The results show that it is possible to select bees for an increase of propolis pro-duction and improve the honey productivity.

colméias estão expostas a cor-rentes de ar minimizando os sons intensos.

Uma das principais metas na apicultura é produzir mel. No entanto, a maioria das pesquisas sobre produção de mel foram conduzidas em áreas com rendimentos por colônia relativamente baixos (Szabo e Lefkovitch, 1989). Pesante et al. (1992) apontam que a competição de colônias selvagens pode reduzir a pro-dução de mel de colônias ma-nejadas e que a alimentação prévia ao fluxo de néctar pode dar vantagens no cresci-mento da população sobre co-lônias selvagens.

Os estudos de produção de mel são muito variáveis da-das as considerações ecológi-cas. A quantidade de mel que uma colônia pode produzir é influenciada por muitas ca-racterísticas diferentes da co-lônia e pode variar de zero até 210kg/colônia/ano (Szabo e Lefkovitch, 1989). A produ-ção de mel tem sido correla-cionada significativamente com população total da colô-nia (Woyke, 1984) e

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quanti-dade de pólen coletado (Mil-ne e Pries, 1984).

Os objetivos do presente trabalho foram: realizar uma seleção das melhores colônias produtoras de própolis, para iniciar um processo de melho-ramento genético, que vise aumentar a produtividade de própolis, partindo de uma po-pulação silvestre não selecio-nada nem melhorada e verifi-car se há correlação entre produção de própolis e a pro-dução de mel.

Materiais e Métodos

O experimento foi desenvol-vido de abril a julho de 1999; os trabalhos foram realizados na Reserva Florestal “Pé de Gigante”, município de Santa Rita de Passa Quatro, Estado de São Paulo, com uma super-fície de 10000 hectares, locali-zada a 70km de Ribeirão Pre-to na via Anhanguera em dire-ção a São Paulo. A vegetadire-ção fronteiriça predominante é de eucalipto (Eucaliptus sp.), en-quanto na reserva a vegetação é típica de cerrado, com desta-que para: angico (Piptadenia falcata Benth), gabiroba (Cam-pomanesia cambedessiana Berg.), pequi (Caryocar bra-siliense Camb.), jatobá (Hyme-naea stilbocarpa Mart.) cipó São João (Pyrostegia venusta) e faveiro (Pterodon apparicio-ni Pedersoli). O clima da re-gião é subtropical úmido, com inverno seco e chuvas fortes no verão.

Ubicadas em sete apiários com número variável de colô-nias, a população base foi formada inicialmente por 130 colméias de abelhas africani-zadas, mas devido a perdas e roubos, foram avaliadas so-mente 100. Todas as colônias provinham de enxames silves-tres capturados no período de agosto de 1998 a fevereiro de 1999, em caixas iscas modelo Langstroth (46x20x25cm) com um volume de 23 litros e que continham no seu inte-rior 5 caixilhos com 1/3 de cera alveolada e atrativo quí-mico, extraído do “capim li-mão” (Cymbopogus citratus), que funciona como um análo-go do feromônio de

agrega-ção, encontrado nas glândulas de Nasanov das operárias. Após a sua captura os enxa-mes eram transferidos para ninhos após completarem a construção dos cinco favos de lâminas alveoladas e expandi-rem a sua população. Os en-xames diferiam em população e não foi feita uma homoge-neização da população. Todas as colméias foram identifi-cadas com uma chapa nume-rada.

Produção de própolis Foram feitas quatro coletas de própolis no período abril-julho. Em todas as extrações eram pesadas e registradas as quantidades de própolis pro-duzidas por cada colméia. A avaliação da produção foi fei-ta por pesagem direfei-ta da própolis colhida em cada coletor do tipo Apis Flora, descrito por Manrique e Soa-res (2002) que se coloca em cima da melgueira ou sobre-ninho e impede que a própo-lis receba sol ou chuvas dire-tamente, o que pode diminuir sua qualidade. Embora as abelhas estoquem própolis em buracos, fendas, caixilhos e alvados, neste experimento só foi considerada a própolis produzida nos coletores, por ter menos resíduos que a con-taminem, elevando seu preço e valor para gerar produtos derivados, além de não preju-dicar a colônia.

A seleção da melhor colô-nia foi feita baseada nos re-gistros de produção de pró-polis, a qual tiveram uma pro-dutividade pelo menos 40% superior as outras colônias, durante a temporada.

Produção de mel

A produção de mel foi feita durante a florada de eucalipto (Eucaliptus sp.) de abril a ju-lho de 1999, simultaneamente com a produção de própolis, e também foram testadas 100 colônias. A avaliação da pro-dução de mel foi feita com uma metodología indireta, os quadros foram colhidos com um mínimo de operculação de 2/3, depois eram

centrifuga-dos e juntava-se o mel rema-nescente que escorrera da cera, depois de tirar as impu-rezas, o mel era colocado em baldes de 25kg. Para determi-nar o peso líquido de mel/co-lônia, a produção total de mel foi dividida entre o número total de quadros colhidos e foi determinado um fator de correção pelo qual se multi-plicava e se obtinha o peso de cada quadro que multipli-cado pelo quadros colhidos por colônia, dava o total em kg/colônia.

Análise estatística

Foram feitas as provas não paramêtricas, quando não ti-veram distribuição normal e a variância entre grupos não fo-ram homogêneas, mas sem opção de corrigir (transformar dados), uma alternativa era eliminar dados, mas não con-vém porque o valor zero de várias colônias é importante já que mostra a alta variabili-dade. Dentre as provas, usa-ram-se: Mann-Whitney e Kruskal-Wallis.

Resultados e Discussão

Na Tabela I são mostrados os dados de produção média de própolis por apiários onde não se apresentaram diferenças estatísticas entre os apiários, segundo a prova de Kruskal-Wallis. No entanto, observa-ram-se marcadas diferenças bi-ológicas ressaltando o apiário Cynthia que teve a maior

pro-dutividade de própolis com uma média de 68,82g/colônia, mais de três vezes superior à média total, enquanto a produ-tividade do apiário Americano foi zero. Todavia o número de colônia por apiários poderia influir na coleta de própolis, mas este efeito não foi tão contundente, visto que a dife-rença média entre o apiário mais populoso (Pé de Gigante) e o Magnético, for de apenas 4g. Embora essas médias fos-sem estatisticamente fos- semelhan-tes, quando se comparam com os dados da seleção feita por Manrique e Soares (2002), elas indicam que mais impor-tante do que população é a própria disponibilidade de pas-to apícola que pode influenciar consideravelmente, visto que a vegetação na região é pobre no fornecimento de resina em quantidade e em qualidade.

Também é importante res-saltar o fato que somente 25 colônias (25% do total) produ-ziram própolis o que poderia dar uma idéia do baixo poten-cial propolisador destes enxa-mes, ou que, poderia ser devi-do à pouca habilidade genética de coletar resinas ou que a própolis fora depositada em outro lugares das colméias, como descrito por Thimann e Manrique (2002) que observa-ram na Venezuela que as abe-lhas, usando o mesmo coletor Apis Flora, depositavam a própolis entre os quadros, fe-chando todos os espaços vazi-os. Por outro lado, observa-mos, que as colônias 156 e 99 TABELA I

PRODUÇÃO MÉDIA DE PRÓPOLIS NA RESERVA FLORESTAL “PÉ DE GIGANTE” SANTA RITA DE PASSA

QUATRO, SP. (ABRIL - JULHO DE 1999) Apiário Número Produção de própolis

de colônias (g/colônia) Pé de Gigante 47 9,60 ± 20,12 N.S Cynthia 15 68,82 ± 159,21 N.S Magnético 19 14,23 ± 46,67 N.S Do Meio 8 23,39 ± 45,97 N.S Ximena 5 15,69 ± 19,44 N.S Yolanda 3 48,97 ± 7,57 N.S Americano 3 0 N.S Total/ Média 100 21,87 ± 69,40 N.S = Não significativo, segundo a prova de Kruskal-Wallis.

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do apiário Cynthia produziram respectivamente 571,9 e 102,4g de própolis verde e que foram as únicas colônias em coletarem tal tipo. Esta co-leta preferencial de resina, transformada em própolis ver-de, provavelmente de alecrim do campo (pouco abundante na região) poderia indicar uma tendência genética com algum traço herdável, tal como é su-gerido por Nye e Mackensen (1965) que apontaram que o comportamento coletor de pó-len de alfafa por parte de al-gumas abelhas é herdável. Re-sultados similares foram repor-tados por Mackensen e Tucker (1973) quanto a diferenças na coleta de pólen entre duas li-nhagens de abelhas selecio-nadas para coletar pólen de alfafa.

Produção de mel

Na Tabela II é apresentada a produção de mel por apiário no Pé de Gigante, onde foram encontradas diferenças signifi-cativas (P=0,015), segundo a prova de Kruskal-Wallis, entre os apiários Yolanda, Ximena e Cynthia, quando comparados com os apiários Magnético, Pé de Gigante, Do Meio e Americano.

A produção média não es-teve influenciada nem pela lo-calização dos apiários distan-tes entre si a menos de 400 metros nem pelo número de colônias por apiários, já que apiários com o mesmo núme-ro de colônias tiveram pnúme-rodu- produ-tividade dispares, sendo a má-xima em Yolanda (31,67kg/ colônia) e a mínima no Ame-ricano (0kg/colônia), com uma variação alta no apiário Yolanda de 0-48kg/colônia, mostrando a existência de va-riabilidade das abelhas africa-nizadas na produção de mel, dado o elevado nível de hibridização destas abelhas. Esta variabilidade na produ-ção de mel foi constatada por Duay (1996) no Brasil, tanto em abelhas africanizadas selecionadas quanto não selecionadas, com variabilida-de variabilida-de 0-153kg para as selecionadas e 0-90,5kg para as não selecionadas.

diferem dos Funari et al. (1998) que mostraram que, apesar de não apresentarem diferenças significativas, as co-lônias mais produtoras de mel produziram menos própolis.

Por outro lado, a análise de Correlação de Pearson, mos-trou que a produção de própolis e de mel tem um coe-ficiente de correlação positivo, com um valor de r =0,4215 e P=0,00001256. Esta tendência faz sentido, porque a produção de mel está correlacionada com a atividade de forragea-mento (Sugden e Furgala, 1982) e a coleta da própolis é mais uma atividade de forra-geamento embora não seja para produzir alimento, mas para se proteger.

Conclusões

Os resultados obtidos mos-tram que nem todas as abe-lhas coletam própolis, menos do 50% das colônias, o qual poderia sugerir diferenças ge-néticas embora todas as colô-nias fossem de híbridos africanizados.

Houve correlação entre a produção de própolis e a pro-dução de mel, com valor de r=0,422. Observou-se que as colônias produtoras de própolis produziram maior quantidade de mel do que aquelas que não coletaram própolis.

REFERÊNCIAS Bastos EM (1998) Grão de pólen e

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PRODUÇÃO MÉDIA DE MEL DE COLÔNIAS PROPOLISADORAS E NÃO PROPOLISADORAS NOS APIÁRIOS DA RESERVA FLORESTAL “PÉ DE GIGANTE”.

SANTA RITA DE PASSA QUATRO, SP. (ABRIL - JULHO DE 1999)

Tratamento Número Produção média de mel de colônias (kg/colônia) Colônias propolisadoras 25 26,98 ± 13,53 a Colônias não propolisadoras 75 13,93 ± 13,12 b

Total/ Média 100 16,34 ± 14,14

Letras minúsculas distintas indicam diferenças altamente significativas (P<0,001), segundo a prova Mann-Whitney.

TABELA II

PRODUÇÃO MÉDIA DE MEL NOS APIÁRIOS DA RESERVA FLORESTAL “PÉ DE GIGANTE”, SANTA RITA

DE PASSA QUATRO, SP. (ABRIL - JULHO DE 1999)

Apiário Número Produção de mel

de colônias (kg/colônia) Pé de Gigante 47 13,27 ± 12,20 b Cynthia 15 21,80 ± 17,73 a Magnético 19 17,52 ± 14,85 ab Do Meio 8 13,00 ± 12,65 b Ximena 5 26,40 ± 6,54 a Yolanda 3 31,67 ± 5,51 a Americano 3 0 c Total/ Média 100 16,34 ± 13,14

Letras minúsculas diferentes indicam diferenças significativas (P<0.05), se-gundo a prova de Kruskal-Wallis.

A diferença na produção de mel entre os diferentes apiá-rios poderia ser explicada principalmente por caracterís-ticas genécaracterís-ticas das abelhas, população e pela idade da ra-inha, visto que todas elas re-ceberam o mesmo tipo de manejo, após serem captura-das como enxames. Nesse sentido, Root (1984) mencio-na que a idade da rainha tem uma relação inversa com o número de abelhas da colônia e sua produtividade, dado que rainhas velhas ovopositam menos e mais espalhado, di-minuindo a população. Por outro lado, as abelhas que têm boa disposição para pro-duzir mel têm menos tendên-cia a enxamear, trocando peri-odicamente a sua rainha velha por substituição natural (Rut-tner, 1988). Outro fator que pôde ter influenciado foi a época de captura dos

enxa-mes, já que os primeiros a se-rem capturados poderiam crescer e se desenvolver mais rápido, razão pela qual produ-ziram uma maior quantidade de mel. Embora, Spivak et al. (1989) relatem que não en-contraram correlação entre o peso inicial da colônia ou a área de cria com a quantidade total de mel, em colméias com graus variados de africa-nização na Costa Rica.

A Tabela III mostra a pro-dução média de mel das colô-nias que produziram própolis e mel e aquelas que produziram somente mel. Nesta avaliação observou-se que as colônias propolisadoras tiveram um de-sempenho altamente significa-tivo (P<0,001), segundo o teste de Mann-Whitney, na produ-ção de mel, comparado com as que produziram só mel, com uma produtividade 2,04 vezes maior, estes resultados

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Referências

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