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Natália Ledur Alles I. Palavra chave: comunicação, visibilidade midiática, prostituição, cidadania

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Academic year: 2021

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PROSTITUIÇÃO, CLANDESTINIDADE E ESTIGMA: REFLEXÕES SOBRE A

VISIBILIDADE COMUNICACIONAL DE MULHERES PROSTITUTAS

PROSTITUTION, CLANDESTINITY AND STIGMA: CONTEMPLATIONS ABOUT

COMMUNICATIONAL VISIBILITY OF SEX WORKERS

Natália Ledur Alles I

IDoutora em Ciências da Comunicação, Unisinos. Contato: natalia.alles@gmail.com

Resumo: O presente artigo pretende propor uma discussão sobre a importância da visibilização em

espaços comunicacionais das narrativas de prostitutas para a construção e circulação de enquadramentos que mostrem a heterogeneidade dos indivíduos que compõem o grupo de profissionais do sexo e para a transformação de representações que os posicionam entre os polos da culpabilização e da vitimização. A partir da análise de 65 textos publicados na internet, da realização de entrevistas com oito mulheres prostitutas e de um trabalho de campo, procedimentos desenvolvidos durante minha pesquisa de doutorado, busca-se problematizar a escassa presença de falas das prostitutas nos textos em questão e refletir sobre a visibilidade como potencial modificador de estereótipos, mas também como condição que pode aprofundar a marginalização e a discriminação enfrentada cotidianamente pelas trabalhadoras do sexo.

Palavra chave: comunicação, visibilidade midiática, prostituição, cidadania

Abstract: This article aims to discuss sex workers’ narratives visibility importance on communicational

content in order to build and circulate media frames which show the heterogeneity of sex workers, and also to change social representations which think about them as victims or guilty people. Based on a 65 media texts analysis, eight deep interviews and a fieldwork developed during my Doctoral Dissertation, we aim to indicate the low presence of sex workers’ narratives in the analysed content. We contemplate visibility as a potential stereotype’s changer, but also as a condition which can make their marginalization and stigmatization even deeper.

Keywords: communication, mediatic visibility , sex work, citizenship

1.Introdução: pensar a prostituição

A prostituição é um fenômeno essencialmente urbano que se dá com maior ou menor intensidade nas cidades brasileiras e que remete a representações hegemônicas de caráter negativo vinculadas às ideias de submundo, de impureza, de devassidão. O conceito de prostituição, afirma Margareth Rago (1991, p. 23), “inscreve-se numa economia específica do desejo, característica de toda uma sociedade em que predominam as relações de troca”. Vinculado a um sistema moralista que valoriza a união sexual monogâmica, a fidelidade feminina e a família heteronormativa,

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coloca as sexualidades insubmissas como a das prostitutas em um lugar marginalizado. Ao pensarmos sobre prostituição, encontramos explicações prontas e cristalizadas sobre o tema e lugares demarcados para cada personagem envolvido nestas relações.

Através de argumentos morais que pensam a prostituição como algo sujo e uma ameaça às famílias, de críticas à comercialização de serviços sexuais ou de denúncias sobre a opressão que a atividade engendraria, profissionais do sexo são uma categoria constantemente marginalizada desde o século XIX. Em inúmeros países, quando não correm o risco de ser criminalizados e presos, não possuem acesso a direitos trabalhistas, enfrentam patrulha religiosa, controle policial e sanitário e encontram dificuldades para assumir seu trabalho perante familiares e amigos. No Brasil, como já apontava Iara Ilgenfritz da Silva (1985) há 30 anos, a prostituição não é proibida, mas são estabelecidas limitações ao exercício dos direitos civis das prostitutas e elas são privadas de seus direitos sociais.

Embora visualizemos cotidianamente trabalhadoras e trabalhadores do sexo em espaços determinados da cidade, a figura da mulher prostituta ainda pode ser considerada o que Rago denominou fantasma, pois habita mais a imaginação do que as relações cotidianas de grande parte da população. Como temos pouco acesso a essas pessoas, vão sendo construídos e perpetuados discursos que corroboram a estigmatização das prostitutas ao pensa-las frequentemente entre os polos da vitimização e do desvio comportamental. Assim, é comum encontrarmos opiniões que defendem que prostitutas precisam ser salvas, ou que as criminalizam ou culpabilizam por sua “condição”. Ao serem representadas como desviantes que não seguem os padrões vigentes, defende Carmen Gregorio Gil (2009), essas mulheres também são pensadas como perigosas. Cria-se, então, mais um estereótipo que dificulta um olhar positivo sobre o fenômeno e sobre os indivíduos que nele se envolvem.

É comum que as tentativas de explicação para a participação de mulheres no mercado do sexo centrem-se somente em argumentos econômicos, tentando justificar uma dita “queda” moral a

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partir de ideias de extrema pobreza ou de absoluta falta de oportunidades. A necessidade econômica, porém, não pode ser pensada como única explicação para a prostituição. Para o antropólogo José Miguel Olivar (2013), as perspectivas do trabalho e do comércio são duas esferas possíveis para se aproximar da prostituição, mas, além disso, é preciso compreendê-la como uma ideia cultural, um espaço de práticas e de experiências e um espaço de sociabilidade de sujeitos, especialmente mulheres, tidas como marginais e perigosas. Dolores Juliano (2002) defende que a opção pela prostituição é construída socialmente e deriva dos significados atribuídos às alternativas de vida existentes, significados estes que se constituem também a partir das histórias individuais, dos condicionamentos das culturas específicas em que os sujeitos estão inseridos e dos mecanismos a partir dos quais os indivíduos constroem sua autoestima. Enquanto opção laboral, deve ser entendida no marco das oportunidades econômicas que as mulheres de cada grupo social possuem e das pressões sociais a que estão expostas.

A desqualificação da prostituição como uma possibilidade e a estigmatização sofrida por quem a pratica também foram objeto de reflexão de Laura Agustín (2013a, 2013b), que considera que o estigma que afeta as trabalhadoras do sexo teria um componente diferente de outras categorias estigmatizadas[1] por ter a pretensão de controlar as mulheres separando-as em grupos de mulheres boas e más de acordo com seu comportamento sexual. É o mesmo que diz Dolores Juliano (2010), para quem as diferentes estigmatizações que afetam as mulheres estão ligadas às construções dos papéis de gênero, que canalizam desconfiança e agressividade social para a sexualidade feminina como forma de controlar as mulheres não estigmatizadas. O enorme desprestígio social da prostituição não estaria relacionado às atividades realizadas, mas sim ao fato de ser historicamente um meio de sobrevivência que permitiria a autonomia das mulheres. Por causa da forte pressão estigmatizadora, tal possibilidade de autonomia acaba sendo enfraquecida ou desestimulada. A prostituição seria construída como uma atividade incorreta na tentativa de criar um modelo desvalorizado que mostrasse às mulheres o que lhes estava reservado se não cumprissem as normas de conduta e de sexualidade impostas pela sociedade.

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puta (PHETERSON, 1996), que faz com que, devido às identidades corrompidas dessas mulheres, muitos tenham se sentido no direito de falar por elas. Assim, a possibilidade de que as prostitutas possam ser racionais, pragmáticas e autônomas é desacreditada por diversos argumentos elencados e criticados por Agustín (2013a): tais mulheres não entendem o que estão fazendo porque não receberam educação; elas sofrem de falsa-consciência, ou seja, não conseguem reconhecer que são alvo de opressão; são usuárias de drogas ou tem problemas psicológicos, por isso têm seu raciocínio prejudicado; são manipuladas por suas famílias. E se são migrantes, pertencem a culturas “atrasadas” que não lhes dão outra opção; foram forçadas por pessoas más a viajar, então não são verdadeiras migrantes e suas experiências não contam; sofreram lavagem cerebral por parte de seus exploradores, então seus relatos não são confiáveis. As prostitutas são isoladas na sociedade e o estigma também atua como empecilho para que as mulheres possam desenvolver outras atividades laborais se assim desejarem.

Partindo dessas considerações, o presente artigo apresenta uma reflexão desenvolvida em minha tese de doutorado, intitulada “Dos estigmas a uma autonomia possível: enquadramentos comunicacionais e narrativas pessoais sobre as experiências de ser prostituta”, em que realizo a análise de 65 textos[2] publicados em distintos espaços comunicacionais da internet e de entrevistas efetuadas com oito mulheres prostitutas que atuam no centro de Porto Alegre. Explicando de forma resumida, a pesquisa buscou compreender os enquadramentos comunicacionais sobre prostituição presentes em textos publicados em espaços comunicacionais a partir da apresentação do projeto de lei 4.211/2012, também conhecido como PL Gabriela Leite, que propõe a regulamentação da prostituição como profissão e a descriminalização das casas de prostituição. Os textos foram divididos conforme as seguintes procedências autorais/organizacionais: portais de notícia, textos feministas, portais religiosos, blogs ou sites de artigos, sites institucionais, ONGs ou partidos políticos, sites governamentais.

Pretendeu-se ainda perceber o que mulheres trabalhadoras do sexo pensam sobre sua atividade e como se percebem visibilizadas nos meios de comunicação. Assim, procurou-se

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observar se as narrativas de pessoas que atuam na área são contempladas na construção de representações postas em circulação através da internet. Além da realização de entrevistas com mulheres prostitutas de diferentes idades e que possuem variadas experiências no mercado do sexo – aqui chamadas de Alana (40 anos), Ana (33), Márcia (55), Milena (24), Paola (29), Raquel (23), Simone e Silvana (39) – a pesquisa compreendeu, no ano de 2013, um trabalho de campo feito junto ao Núcleo de Estudos da Prostituição de Porto Alegre (NEP), entidade vinculada à Rede Brasileira de Prostitutas que há mais de 20 anos congrega trabalhadoras do sexo e desenvolve ações com o objetivo do exercício da cidadania e da prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.

Durante o decorrer da pesquisa, constatamos que, por mais que os enquadramentos circulantes na sociedade acerca da prostituição incidam na vida das mulheres que a exercem, não encontramos narrativas abundantes construídas pelas próprias prostitutas sobre a maneira como vivenciam seu trabalho, sobre o espaço que a atividade ocupa em seus cotidianos e até mesmo sobre questões práticas como a regulamentação da profissão, medida que provavelmente alteraria significativamente a atuação na prostituição. Contudo, ao mesmo tempo em que se ponderava sobre a importância de que essas narrativas tenham espaço na produção comunicacional, as falas das prostitutas e as interações travadas no trabalho de campo mostraram as dificuldades enfrentadas pelas trabalhadoras do sexo que impedem a divulgação de suas histórias e opiniões e que faz com que grande parte não deseje ter sua imagem exposta. O presente artigo, portanto, busca propor uma reflexão sobre a visibilidade midiática e social das prostitutas e as relações com clandestinidade, a estigmatização e a ampliação da cidadania desse grupo.

2. A visibilização das narrativas de prostitutas

A partir das percepções possibilitadas pelos diferentes procedimentos metodológicos desenvolvidos na pesquisa e acima explicitados, constatamos a existência de uma disputa pelo estabelecimento dos significados da prostituição na sociedade por variados grupos. Em alguns

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casos, encontramos explicações causais para o fenômeno, como se ele pudesse ser examinado sem levar em consideração sua complexidade e a diversidade dos sujeitos que nele atuam.

Merece destaque que, embora não seja notória em diversos textos analisados, tal complexidade é observável nas falas das prostitutas que participaram da nossa investigação. Pode ser constatada nas narrativas de Paola, Milena e Alana, que atestam ser prostitutas para sustentar os filhos, mas relatam que o início na prostituição se deu por outros motivos: Alana decidiu largar um emprego de secretária para dedicar-se somente à prostituição, enquanto Paola e Milena, ainda sem filhos, consideraram que poderia ser um trabalho adequado, já que elas gostavam de sexo. Ou na de Simone, que revela sentir falta da prostituição nos momentos em que se dedica a outras atividades, ao mesmo tempo em que afirma não se sentir digna para frequentar uma igreja. Assim, compreendemos que conhecer as trajetórias e opiniões das trabalhadoras do sexo oportuniza refletir sobre a prostituição sem recorrer a explicações prontas e fixas.

Ouvir os posicionamentos dos sujeitos que vivenciam a experiência da prostituição se constitui, portanto, como fundamental para a elaboração de percepções sobre o tema. Concordamos com Maria Paula Meneses e Boaventura de Sousa Santos (2009), que defendem que toda experiência social produz e reproduz conhecimento. Ao considerarmos que o saber depende de práticas e atores sociais inscritos em relações sociais dentro de uma determinada cultura, evidenciamos que grupos e sujeitos marginalizados, como é o caso das prostitutas, são também produtores de percepções e saberes sobre a realidade da qual participam. Tais conhecimentos, porém, muitas vezes são invisibilizados ou desqualificados na realização de pesquisas sobre minorias e coletivos estigmatizados.

No material coletado nos espaços comunicacionais da internet, não encontramos muitos indícios de que tal escuta seja entendida como necessária, visto que trabalhadoras do sexo ou mulheres que já atuaram na prostituição são utilizadas como fontes somente em 18 textos, que representam 27,7% da mostra da pesquisa. Ao todo, há 31 falas ou citações de prostitutas – todas

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mulheres –, sendo duas de “ex-prostitutas” e 16 correspondentes a mulheres com alguma visibilidade midiática: em sete textos, Gabriela Leite, fundadora da Rede Brasileira de Prostitutas, é fonte ou são apresentadas citações suas retiradas de outros espaços comunicacionais; Cida Vieira, presidente da Associação de Prostitutas de Minas Gerais, é fonte em quatro textos; Lola Benvenutti, em três; e Raquel Pacheco, a Bruna Surfistinha, em dois.

Também são consideradas fontes apropriadas nas abordagens sobre o tema: 16 intelectuais, pesquisadores ou professores universitários; onze parlamentares, que são os deputados federais Jean Wyllys (PSOL-RJ), Pastor Eurico (PSB-PE), Marco Feliciano (PSC-SP), Arolde de Oliveira (PSD-RJ), João Campos (PSDB-GO), Flávia Morais (PDT-GO) e Rubens Bueno (PPS-PR), os deputados federais que deixaram o Congresso em 2014 Anthony Garotinho (PR-RJ), Domingos Dutra (SDD-MA) e Severino Ninho (PSB-PE) e o deputado estadual de Minas Gerais Carlos Henrique (PRB); oito militantes feministas, sendo seis representantes da Marcha Mundial de Mulheres. São citados ainda posicionamentos de entidades e setoriais como a Mulheres da CUT e a Mulheres em Luta (PSTU), a organização francesa Scelles, as entidades de prostitutas DaVida e Aprospb (Paraíba) e o fórum Observatório de Sexualidade e Política.

Sendo o propositor do projeto de lei que pretende regulamentar a prostituição, o deputado federal Jean Wyllys se consolida como a principal fonte para tratar sobre o assunto. Suas declarações são empregadas em 29 textos, ou seja, em quase 45% do corpus da pesquisa – em portais de notícias, em sites governamentais e de ONGs e também em espaços comunicacionais que combatem a prostituição. Ele aparece, portanto, em onze textos a mais do que as trabalhadoras do sexo. O parlamentar é o mais qualificado para explicar as intenções do projeto, sua forma de implementação e as mudanças sociais que ele pode acarretar. Todavia, sendo uma medida que tenta melhorar as condições de vida das trabalhadoras e dos trabalhadores do sexo, não seria importante considerar e apresentar também as opiniões e ponderações desses sujeitos quanto à mudança proposta, seja nas notícias que buscam informar os leitores, seja nos artigos que se posicionam de forma contrária ou favorável ao PL? A compreensão da prostituição oferecida

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pelas pessoas que nela atuam nos parece indispensável para a formação de pareceres sobre o fenômeno. Embora não consideremos que somente os sujeitos envolvidos possam se posicionar sobre um tema específico, ouvir o que as pessoas estigmatizadas e marginalizadas têm a dizer sobre suas práticas cotidianas permite ampliar as perspectivas de entendimento sobre a questão. Com base na convivência e nas entrevistas realizadas com prostitutas que atuam no centro de Porto Alegre, constatamos que não é plausível representá-las somente a partir das ideias dicotômicas de vitimização ou culpabilização por suas experiências nessa posição moralmente condenada em nossa sociedade.

Sob essa perspectiva, problematiza-se aqui a escassa presença das falas e reivindicações de trabalhadoras do sexo no conteúdo produzido, que, ao tematizar a prostituição e sua regulamentação, se referem à vida delas. Nas 23 matérias publicadas em portais de notícias que fazem parte da análise, há falas de prostitutas (ou de um representante da ONG DaVida) em oito textos; dentre os 14 textos feministas, um apresenta relato de prostituta sistematizado pela Associação de Prostitutas da Paraíba e outro cita fala de Gabriela Leite para criticá-la; nenhum dos conteúdos publicados em espaços religiosos apresenta trabalhadoras do sexo como fonte. É digno de realce que, embora o projeto de lei seja destinado a todas as pessoas que atuam na prostituição, nenhum homem trabalhador do sexo é consultado. Apenas uma das 65 matérias, publicada no portal R7 e intitulada “Prostitutas defendem a legalização da prostituição: ‘Estaríamos mais seguras’” (MARTINS, 2014), possui como tema central a opinião das profissionais do sexo sobre a regulamentação de seu trabalho. Em sua maioria, as declarações de prostitutas que constam no material analisado são atribuídas a representantes do movimento organizado, como Gabriela Leite e Cida Vieira, que afirmam a participação da Rede Brasileira de Prostitutas na construção do projeto, e, assim sendo, posicionam-se de forma favorável a ele, ou então são de Lola Benvenuti e Bruna Surfistinha, que conquistaram um reconhecimento midiático e se apresentam como diferenciadas das demais – apesar de não atuarem mais, ambas defendem a regulamentação nos espaços comunicacionais investigados.

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conheçamos experiências e realidades que não acessamos em nossas rotinas. Como coloca John B. Thompson (2012), o desenvolvimento da mídia aumentou a capacidade que temos de acompanhar fenômenos que dificilmente fariam parte de nosso cotidiano. O sociólogo defende que

a luta por se fazer ouvir e ver (e impedir que outros o façam) não é um aspecto periférico das turbulências sociopolíticas do mundo moderno; pelo contrário, está no centro dele. O desenvolvimento dos movimentos sociais, como o movimento das mulheres e dos direitos civis, fornecem amplo testemunho de que as reivindicações de grupos até então subordinados ou marginalizados só se conquistam através de lutas pela visibilidade midiática. A evolução de tais movimentos também comprova o fato de que, ao conquistar algum grau de visibilidade na mídia, as reivindicações e preocupações de indivíduos particulares podem ter algum reconhecimento público, e por isso podem servir como um apelo de mobilização para indivíduos que não compartilham o mesmo contexto temporal-espacial (THOMPSON, 2012, p. 310).

De acordo com Rousiley Maia (2008), os meios de comunicação viabilizam oportunidades para que os sujeitos produzam sentidos sobre si e sobre suas relações com os outros. A visibilidade pode, portanto, fomentar debates politicamente relevantes, colocando em pauta lutas e demandas dos movimentos sociais e provocando mudanças nas relações sociais que se estabelecem presencialmente. Levar em conta visões diferentes e escutar o que dizem os outros, sustenta a autora, pode contribuir para modificar ou subverter representações e discursos hegemônicos. Consideramos, então, que a visibilidade das narrativas de trabalhadoras e trabalhadores do sexo possui a potencialidade de transformar representações sociais negativas construídas sobre esses sujeitos e de expor a heterogeneidade das pessoas que atuam como profissionais do sexo. Suas histórias, trajetórias e opiniões podem ampliar as reflexões sobre a temática e alterar os estereótipos que definem a prostituta como uma completa vítima ou como uma devassa destruidora de famílias, pois oportunizam descobrir que muitas dessas mulheres também têm famílias, filhos, netos, companheiros ou companheiras, frequentam instituições religiosas, são consumidoras e muitas vezes também estudantes. Aproximar-se do que as prostitutas pensam sobre suas próprias experiências na prostituição suscita ainda ponderações sobre as diferentes formas de relação com os corpos e as sexualidades e põe em discussão

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questões de gênero e suas interseccionalidades.

Pensa-se aqui na internet – juntamente com outras iniciativas de comunicação popular e alternativa – como ambiência em que vozes que não aparecem na mídia tradicional podem circular e que viabiliza o estabelecimento de redes identitárias que, embora possuam assimetrias, podem contrapor as lógicas que excluem determinados cidadãos (COGO, 2010). Considera-se que os espaços comunicacionais da internet oportunizam a grupos historicamente excluídos, como o das prostitutas, ampliar sua participação na cidadania comunicativa – entendida por Maria Cristina Mata (2006) como o reconhecimento de que são sujeitos de direito e de demandas no terreno da comunicação e de que podem exercer esses direitos, e por Denise Cogo (2012, p. 49) como “possibilidades de democratização do acesso e participação da sociedade na propriedade, gestão, produção e distribuição dos recursos comunicacionais”. Para Mata (2006), as possibilidades de práticas expressivas são fundamentais para que as pessoas e coletivos possam se estabelecer como sujeitos de demanda e de proposição em múltiplas instâncias da realidade.

Compreende-se, ainda, que a exposição nos espaços comunicacionais da vivência de um sujeito estigmatizado e das dificuldades por ele enfrentadas pode atuar como modo de tornar visíveis as trajetórias de muitos (THOMPSON, 2012). Entretanto, as experiências das prostitutas encontram pouco espaço nos conteúdos analisados e quando aparecem costumam ser expostas seguindo um padrão que busca explicar sua “queda” no mercado do sexo e apresentar seu rendimento mensal como forma de justificar sua escolha, visto que os ganhos financeiros citados costumam ser mais altos do que essas mulheres receberiam em outras ocupações. Observa-se, então, que há muitas pessoas falando sobre prostituição, mas poucas são as vozes prostitutas contempladas. Assim sendo, compartilhando dos entendimentos de Ronaldo Henn (2006) de que os nossos conhecimentos sobre o mundo são elaborados tendo como referência o que é exposto ou excluído dos espaços comunicacionais, sendo os coletivos mais marginalizados submetidos a silenciamentos midiáticos acerca de suas memórias, concebe-se que as ideias circulantes sobre a prostituição são construídas predominantemente por sujeitos que não partilham dessa realidade e

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que muitas vezes sequer se aproximam dela. Com frequência, como se constata pela análise realizada, as prostitutas são suprimidas das discussões que as afetam, como é o caso da regulamentação da atividade como profissão.

Baseando-nos nas considerações de Verônica Figueiredo e Dione Moura (2013), que discorrem sobre o silenciamento das vozes indígenas nas notícias que falam sobre esses povos, pensamos que o desinteresse ou a falta de esforço para que as prostitutas também sejam fontes permite que os sentidos acerca da prostituição sejam construídos por outros sujeitos e instituições. Quando o assunto é tematizado, repetidamente são exibidas representações ou estereótipos elaborados por outros grupos, e, por vezes, encontra-se a ideia de que as prostitutas não podem ser consideradas racionais e autônomas, por não terem consciência da opressão que sofrem – noção criticada por Laura Agustín (2013a) e Meena Seshu[3], secretária geral da organização indiana Sangram, que trabalha pelos direitos das trabalhadoras do sexo – e, assim sendo, é provável que também não sejam vistas como fontes qualificadas para falar sobre si próprias. Nesse sentido, também Rousiley Maia (2008, p. 213) coloca que mesmo que os cidadãos estigmatizados possuam habilidades e recursos para se pronunciar, “suas visões podem ser desconsideradas, uma vez que preceitos profundamente arraigados podem impedir que seus argumentos sejam efetivamente valorizados”. Entendemos, então, que a ausência de suas opiniões acaba repercutindo nas informações que são postas em circulação sobre as vidas das trabalhadoras e dos trabalhadores do sexo.

A visibilidade das narrativas das prostitutas nos espaços comunicacionais se constitui como meio para que, contemplando a singularidade dos sujeitos, a heterogeneidade do grupo e a complexidade do fenômeno sejam publicizadas e, então, incorporadas aos debates sobre o tema da prostituição e de sua regulamentação. Ponderando que não aparecem frequentemente como fontes em conteúdos comunicacionais, pode-se refletir sobre a pertinência de que os próprios movimentos organizados de prostitutas colocassem em circulação as narrativas de suas integrantes com o objetivo de difundir outras representações sobre essas pessoas. Nesse sentido, recorremos a

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autores como Roger Silverstone (2002) e Manuel Castells (2003), que ressaltam que a internet possibilita o surgimento de novas vozes nos debates desenvolvidos pelos meios de comunicação e permite que os valores e demandas de grupos específicos, minorias e grupos marginalizados sejam conhecidos por outras pessoas e exerçam influência em instituições e organizações a partir da visibilidade que adquirem. Também Henry Jenkins, Sam Ford e Joshua Green (2013) afirmam que o espalhamento das narrativas através das tecnologias digitais pode atingir públicos inesperados e angariar novos apoios às causas dos movimentos sociais, atraindo por vezes a atenção dos meios de comunicação tradicionais. Através da internet, portanto, há diferentes modos para que as ideias, opiniões e reivindicações de prostitutas revelem a diversidade de trajetórias e a dificuldade de compreendê-las categorizando-as fixamente em determinadas posições. Tais relatos ou textos possuem ainda a propriedade de expor as dificuldades de assumir uma identidade estigmatizada.

Contudo, a estigmatização da prostituição é responsável pela clandestinidade da atividade e faz com que parte significativa das mulheres com quem convivemos durante a pesquisa pense na visibilidade como um problema, pois elas têm receio das consequências para a vida pessoal de cada uma, visto que muitas não revelam no que trabalham para seus familiares. Mesmo quando a família sabe, a exposição midiática pode ser considerada um incômodo – é o caso de Márcia, que, por experiências negativas como militante do NEP, evita o contato com a imprensa. Em 2013, ela teve sua fotografia veiculada em importantes meios de comunicação brasileiros devido à polêmica gerada por uma campanha do ministério da Saúde por ocasião do Dia Internacional da Prostituta de 2013 em que a imagem dela aparecia em um cartaz ao lado da frase “Sou feliz sendo prostituta”. Após mobilizações de grupos religiosos e de deputados da Frente Paralmentar Evangélica, a peça foi retirada da campanha.

Todos os integrantes de sua família próxima sabem que Márcia é prostituta e militante, inclusive seus netos, que ainda são crianças. Embora nenhum deles faça julgamentos morais ou critique sua atividade, ela se sentiu desconfortável com a circulação de sua imagem por medo de

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que seus netos pudessem ser alvo de comentários maldosos na escola ou no bairro em que vivem. Verifica-se, então, que a exposição comunicacional da identidade de prostituta afeta também aos sujeitos que cercam os trabalhadores e as trabalhadoras do sexo e pode estender a estigmatização e a discriminação a eles.

Ter sido alvo de opiniões negativas na cobertura comunicacional abalou Márcia emocionalmente e reforçou sua desconfiança em relação à imprensa, como pode ser percebido nas declarações a seguir:

Ligava a TV, passou em tudo que era canal, mas em forma de deboche, isso que eu não gostei da imprensa. Claro que tem a questão da comédia, que eles fazem com todo mundo, também com os políticos, mas fiquei pensando, ninguém se defende, ninguém se ofende com isso? Acho que não deveriam ficar rindo das coisas, deveriam comentar sobre o assunto de uma forma positiva, não tudo negativo. Acharam negativo eu ser prostituta e ser feliz, acharam muito negativo isso, por que negativo? Se a prostituição ta em qualquer esquina por aí, ela existe, não é inventada (MÁRCIA, 55 anos, prostituta há 29 anos).

Porque quando aparece [na mídia] é pra desmoralizar, é pra criticar, aí ninguém quer falar. Eu sou uma, eu não me interesso de ir num programa de TV. Se me convidar, eu não vou. Porque quem tá olhando, além de quem tá te entrevistando, além do programa, que a gente sabe que pode até te dar uma risadinha, mas está pensando “sai dessa vida”, que é isso que eles veem. Te olham dos pés a cabeça. E quem tá assistindo é pior (MÁRCIA, 55 anos, prostituta há 29 anos).

Assim como ela, Alana também não considera que a abordagem da temática nos espaços comunicacionais seja proveitosa. Segundo ela, a prostituição “é uma coisa de cada um”, “é uma coisa da gente, então não acho que tem que comentar”. Já outras entrevistadas demonstraram interesse quando questionadas sobre a possibilidade de que prostitutas compartilhassem suas experiências em espaços comunicacionais. Paola, Raquel e Silvana acreditam que tais iniciativas poderiam ampliar o conhecimento sobre o tema e modificar ideias preconceituosas. Silvana defende que assim as prostitutas poderiam ser mostradas como mulheres trabalhadoras, que investem em suas famílias e casas, e não se preocupam somente com festas. Todas elas, porém, apontam a questão da clandestinidade como problemática a ser considerada, pois a exposição de

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seus rostos ou nomes pode prejudicá-las ou ampliar a discriminação para outras instâncias de suas vidas:

Eu gostaria. Eu até iria, só que, claro, não mostrar meu rosto né. Eu iria, eu gosto de falar. É bom ter palestras, passeatas, essas coisas, pro povo ir abrindo a mente e largando as prostitutas de mão (PAOLA, 29 anos, prostituta há quatro anos).

Eu fico na dúvida se não seria muita exposição para quem trabalha com isso, mas talvez as pessoas conseguissem ter um pouco mais de conhecimento, né (RAQUEL, 23 anos, prostituta desde os 20).

Importante [a visibilidade] é, mas eu não tenho certeza se muitas vão colocar a cara a tapa, porque acho que 99% das mulheres que trabalham com prostituição não é escancarado, não é todo mundo que sabe. Seria muito importante para ver que a prostituição não é só pra bagunça, é pra sustentar uma família mesmo, pra remédio, roupa, calçado, comida. Seria importante, mas eu duvido muito que elas aceitassem falar (SILVANA, 39 anos, prostituta há cerca de três anos).

A análise das falas das prostitutas revelou que esconder seu trabalho de familiares e entes queridos se constitui para elas como uma das maiores dificuldades enfrentadas no exercício diário de sua atividade e as leva a criar formas para distanciar sua vida familiar de seu local de atuação. O receio de que possam ser discriminadas ou ter vínculos familiares desfeitos é motivo para que permaneçam na clandestinidade e evitem a visibilidade comunicacional, que poderia ser estabelecida como estratégia de combate ao estigma. Dentre as entrevistadas, Ana foi a única que já havia pensado em relatar suas experiências como prostituta na internet. Ela afirma ter iniciado um blog e escrito alguns textos resgatando suas primeiras histórias na prostituição, mas problemas em seu computador a impediram de continuar. Para ela, mais do que um meio para informar outras pessoas sobre a prostituição, o blog possui a função de um diário em que ela pode organizar suas memórias.

É possível identificar ainda que a comunicação não é percebida pelas militantes do NEP como ferramenta a ser utilizada no combate à discriminação. Embora as entrevistadas demonstrem interesse em relatar suas vivências e considerem que a visibilidade do tema nos

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espaços comunicacionais pode apresentar noções e vozes silenciadas nas coberturas midiáticas a partir da construção de novos enquadramentos, a produção de conteúdo comunicacional não é uma iniciativa delas e tampouco é algo que elas conheçam ou busquem na internet. Além disso, embora a internet possibilite a publicação de conteúdo sem a necessidade de que seus nomes e rostos sejam revelados, o receio de que sua ocupação seja conhecida ou de que seus familiares sejam expostos as afasta desse instrumento de representação de si mesmas.

3. Considerações

É pertinente levar em conta que, como coloca Fernanda Bruno (2004) baseada em Foucault, tornar visível o indivíduo desviante faz com que ele seja constantemente relacionado a uma identidade específica, frequentemente marginalizada, que pode piorar suas condições de vida. Enquanto poucas pessoas de suas relações conhecem sua atividade laboral, as prostitutas conseguem manejar suas representações de si próprias e, como coloca Goffman (1988), controlar as informações para encobrir o que as torna alvo de discriminação. A partir do momento em que sua identidade estigmatizada é visibilizada publicamente em um espaço comunicacional, os sujeitos precisam lidar com essa nova situação em que qualquer indivíduo pode reconhecê-la e sentir-se no direito de julgá-la, como percebemos no exemplo de Márcia acima relatado.

A estigmatização reforça a invisibilidade pública dessas pessoas, que raramente são questionadas sobre suas próprias vidas e que são mantidas e se mantém na clandestinidade e às margens da sociedade para evitar a humilhação pública que a visibilidade pode trazer. Como pontua Fernando Braga da Costa (2004), a invisibilidade pública coloca os sujeitos em uma posição de rebaixamento social e político e a humilhação social, fenômeno constitutivo dessa invisibilidade, é expressão da desigualdade política em que os sujeitos são excluídos dos âmbitos da iniciativa e da palavra, o que influencia seus afetos, seus pensamentos, suas ações e seus

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corpos.

Ao refletirmos sobre o papel da comunicação na construção da realidade e pensarmos que os enquadramentos comunicacionais elaborados e postos em circulação possuem a potencialidade de contribuir para a manutenção ou para a transformação de situações de desigualdade ocasionadas pelas diferenças sociais, consideramos que há espaço para que comunicadores, especialmente jornalistas, considerem suas narrativas na elaboração de textos – respeitando as particularidades e sensibilidades que envolvem a divulgação de seus dados e imagens – para que essas pessoas possam passar a ser vistas como cidadãs, como protagonistas de suas histórias e agentes de suas vidas. Assim sendo, concordamos com Liliane Brignol (2010) sobre a importância dos meios de comunicação na construção de participações cidadãs desses sujeitos, visto que através da comunicação se pode elaborar ou difundir outras representações simbólicas. De acordo com a pesquisadora, os meios de comunicação ainda possuem a capacidade de promover o encontro e a mobilização das pessoas para que, apropriando-se das tecnologias, possam posicionar-se e sentir-se participantes de um coletivo. A divulgação de suas narrativas e a consequente construção de outros enquadramentos comunicacionais sobre a prostituição, portanto, ao retirá-los da invisibilidade pública, pode ter um papel relevante na percepção de que a clandestinidade não é mais necessária.

Notas

[1]Embora a autora aponte a diferença entre o estigma da puta e outros estigmas, ela salienta que isso não significa que as mulheres prostitutas sofram mais – ou menos – com isso do que outros sujeitos estigmatizados (AGUSTÍN, 2013b).

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[2] Não sendo possível mapear todos os textos publicados sobre o assunto na internet, selecionamos o corpus de pesquisa através de busca nas 10 primeiras páginas do buscador Google. Por este modo de procura foi possível encontrar textos construídos com variadas orientações e posicionamentos. Tratando-se de um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados, acreditamos ser interessante contemplar na análise também textos publicados ou divulgados pela agência de notícias da instituição, já que eles apresentam os debates travados pelos legisladores e também são utilizados como base em matérias jornalísticas e em artigos publicados na internet. Além disso, foram adicionados ao corpus de pesquisa os textos relacionados ao tema que são indicados nas matérias e artigos encontrados na primeira busca.

[3] No artigo Feminists might learn a trick or two from sex workers, publicado no site Contestations – dialogues on women’s empowerment . Disponível em http://www.contestations.net/issues/issue-5/feminists-might-learn-a-trick-or-two-from-sex-workers/ Acesso em 25 de setembro de 2015.

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