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It s the Connections: The Network Perspective in Interorganizational Research. É a conexão: a perspectiva da rede na pesquisa interorganizacional

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It’s the Connections: The Network Perspective in Interorganizational Research É a conexão: a perspectiva da rede na pesquisa interorganizacional

(Zaheer, Gözübüyük e Milanov, 2010)

Resumo: A aplicação da análise de redes sociais ao contexto interorganizacional angariou crescente interesse nos últimos anos. Não apenas a rede ou a perspectiva estrutural tem poder explicativo ao entendimento dos resultados e comportamentos organizacionais, mas expande o universo do fenômeno em comento de uma visão autônoma para uma visão relacional para estudar e explicar a ação e os resultados organizacionais. Desenvolve-se aqui uma abordagem baseada em três níveis da análise de redes (diádico, ego e rede como um todo) e quatro mecanismos teóricos (acesso a recursos, confiança, poder/controle e sinalização) para organizar e fazer uma revisão dos achados e debates principais da literatura sobre redes interorganizacionais. Por fim, aponta-se caminhos para pesquisas futuras.

INTRODUÇÃO

A análise das redes sociais no contexto organizacional e interorganizacional, nas últimas três décadas, conduziu a um acúmulo significativo de conhecimento (Borgatti e Foster, 2003; Brass, Galaskiewicz, Greve e Tsai, 2004; Parkhe, Wasserman e Ralston, 2006). Aqui, aplica-se a análise das redes sociais no nível interorganizacional, que compreende laços entre organizações ou firmas, como alianças estratégicas, relações entre compradores e fornecedores, entre outros. A lógica da perspectiva da rede social, aplicada ao nível interorganizacional, é que o padrão ou estrutura dos laços entre organizações e a força e o conteúdo do laço tem um significativo impacto no comportamento da firma, seus resultados e desempenho. Em outros termos, em contraste à abordagem feita por outros campos, como a economia neoclássica, em que a firma é vista como uma entidade autônoma, ou até mesmo isolada, lutando para usar seus recursos para competir com firmas similares, a abordagem de rede entende que as firmas acessam recursos e capacidades por meio de suas redes de firmas (Gulati, 1999), reforçando, portanto, o aspecto relacional.

Os estudiosos das redes não alegam que a estrutura de rede é o único – ou o mais importante – determinante dos resultados da firma individual. Ao mesmo tempo, as organizações são tanto emponderadas quanto restringidas pelos seus laços existentes. Assim, redes tanto permitem quanto restringem o comportamento, a ação e os resultados da firma. Portanto, o arraigo da firma em uma rede de relacionamentos interorganizacionais lança luz em como e porque as firmas agem e desempenham da forma que fazem. Algumas pesquisas recentes combinam as capacidades internas com a perspectiva estrutural para explicar o desempenho das firmas (Zaheer e Bell, 2005).

Para muitos, a perspectiva da rede não constitui em si uma lente teórica, mas uma abordagem um pouco além de uma metodologia. Em razão dos laços das redes poderem abranger virtualmente qualquer tipo de associação entre atores sociais e organizações, o processo

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causal, em que os laços da rede exercem os seus efeitos nos resultados organizacionais, pode ser altamente variado. Qualquer abordagem de rede sugere que “a estrutura importa”. Propõe-se aqui: apresentar conceitos centrais de rede e os achados principais relacionados ao contexto interorganizacional; destacar caminhos de pesquisa (ou “o que sabemos ou precisamos saber”). Para tanto, trata-se, primeiramente, de quatro abordagens teóricas aplicadas aos estudos sobre redes e, a posteriori, destaca-se os três níveis de análise em que as redes interorganizacionais são teorizadas.

ORGANIZANDO A LITERATURA: O QUE SABEMOS E PRECISAMOS SABER

Quando se examina a literatura, dois padrões distintos emergem: primeiramente, enquanto não há uma única teoria sobre redes interorganizacionais, a pesquisa está embebida em múltiplas e distintas abordagens teóricas, por vezes entrelaçadas para explicar o fenômeno. Assim, muitos trabalhos pegaram abordagens teóricas tradicionais – como a dependência de recursos – a fim de explicar os mecanismos teóricos que ligam o fenômeno das redes aos resultados organizacionais (normalmente o desempenho), o que gerou a falta de coerência e parcimônia. Assim, classifica-se a literatura em termos de mecanismos teóricos causais por trás da operação da rede; em segundo, tem-se uma multiplicidade de níveis de análise. Acreditamos ser importante fazer distinções entre níveis de análise, a fim de propiciar um entendimento mais completo de um conjunto de fenômenos que são, inerentemente, multiníveis. Ou ainda, um claro entendimento do nível em que a pesquisa é conduzida também ajuda a investigar as conexões ao longo desses níveis, um foco há muito negligenciado.

De maneira geral, a pesquisa organizacional nas redes sociais pode ser agrupada em múltiplos mecanismos teóricos – identificamos quatro – e classificada, posteriormente, em três níveis de análise (Tabela 1).

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MECANISMOS TEÓRICOS

A literatura sobre redes interorganizacionais pode ser relacionada a muitas teorias como capital social (Bourdieu, 1986; Burt, 1992; Coleman, 1988; Lin, 2001), visão baseada em recursos (Gulati, 1999), teoria da dependência de recursos (Bonacich, 1987; Pfeffer e Salancik, 1978), status social (Podolny, 1993, 2001), sinalização (Spence, 1973), confiança (Zaheer, McEvily e Perrone, 1998) e visão relacional (Dyer e Singh, 1998). Apesar de distintas, o domínio dessas teorias têm sobreposições significativas. Como exemplo, tanto a visão relacional quanto o capital social (CS) argumentam que as redes propiciam acesso a recursos e capacidades exteriores à organização. Por outro lado, essas teorias diferem muito em suas explicações. O capital social, por exemplo, tem um componente muito forte relacionado ao poder e controle, enquanto a visão relacional foca mais na confiança.

O acúmulo de conhecimento gerado a partir das teorias permite identificar quatro mecanismos subjacentes à operação das redes interorganizacionais. Mais ainda, estes quatro mecanismos permitem uma distinção clara da operação das redes, que por sua vez facilitam o entendimento das lacunas e direções futuras de pesquisa. Os quatro mecanismos são redes como acesso a recursos, como fonte de confiança, como uma ferramenta para poder e controle, e um mecanismo de sinalização. Cada artigo na literatura sobre redes interorganizacionais usa um e, às vezes, mais de um desses mecanismos.

Nota sobre a terminologia: no jargão da rede, “ego” se refere ao ator focal (a firma ou organização) e “alter” aos atores (outras firmas) os quais o ego está conectado na rede.

Redes como Acesso a Recursos

As redes são comumente estudadas como uma importante fonte de recursos e capacidades. Os recursos podem se originar das características dos relacionamentos, da estrutura da rede do ego, ou das características dos alter. A informação é um dos recursos mais citados das redes. A eficácia da transferência de informação se baseia no ajuste entre a força dos laços da rede (Granovetter, 1973) e a qualidade da informação que está sendo transferida (Hansen, 1999), com fortes ou múltiplos laços transferindo mais informação de qualidade (Uzzi, 1996). Redes como uma Fonte de Confiança

Redes são entendidas como geradoras de confiança. Coleman (1988) sugere que quanto mais densa uma rede (maior conectividade entre os atores), mais confiança existe nela. Na literatura sobre administração, altos níveis de confiança estão associados a menores custos de transação, o que aumenta a eficiência das relações interorganizacionais como as alianças e as joint ventures (Beamish e Lupton, 2009).

Redes como uma Fonte de Poder e Controle

Diz-se que as redes tanto aumentam como restringem o poder dos atores. Uma explicação para o poder nos relacionamentos interorganizacionais deriva da teoria da dependência de recursos (Aldrich e Pfeffer, 1976; Mizruchi, 1989; Pfeffer e Salancik, 1978, 2003). Esta sugere que o poder de um parceiro sobre uma firma focal aumenta com a elevação da dependência da firma em relação aos recursos desse parceiro. Além da observação do poder em díades

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individuais, em uma perspectiva estrutural, uma companhia menor pode restringir o poder de uma empresa poderosa ao trazer terceiros à rede (Bae e Gargiulo, 2004).

Redes como Mecanismos de Sinalização

Redes podem funcionar como sinais ou “prismas” no mercado, significando que a qualidade de um ator pode ser inferida a partir de seus relacionamentos, particularmente quando não há maneira eficaz de medir a qualidade desse ator (Podolny, 1993, 2005).

NÍVEIS DE ANÁLISE

Na segunda dimensão da abordagem proposta, identifica-se três níveis de análise na literatura: diádico – implica no arraigo relacional, os laços diádicos – o ego – arraigo estrutural ou a posição do ego na rede – e da rede como um todo.

Nível Diádico

Neste nível, os pesquisadores focam nas características do relacionamento entre duas organizações ligadas entre si. A questão-chave é entender a natureza dos relacionamentos entre os atores em termos de características relacionais como a força dos laços (Granovetter, 1973), o grau de confiança (Ring e Van de Ven, 1992; Zaheer et al., 1998) e como estas características relacionais afetam a probabilidade da renovação, continuação e dissolução da relação ou outros resultados. Dyer e Singh (1998) falam de quatro fontes de vantagem competitiva organizacional (ou aluguéis): especificidade dos ativos; rotinas de compartilhamento de conhecimento; recursos e capacidades complementares; e governança efetiva.

As ideias gerais, neste nível, são: laços repetidos entre duas organizações fortalecem a confiança entre eles e engendram laços futuros (Gulati, 1995; Gulati e Gargiulo, 1999). Alta confiança interorganizacional – entre duas firmas – reduzem os custos de transação e permitem maiores benefícios (Zaheer et al., 1998). Laços arraigados – relacionamentos próximos entre gestores de diferentes organizações – ajudam a melhorar desempenho (Ingram e Roberts, 2000). Contudo, o superarraigo pode prejudicar o desempenho econômico ao tornarem as firmas vulneráveis às mudanças ambientais, em virtude da diversidade limitada de informações a que elas têm acesso (Uzzi, 1997) (dialoga com o artigo “too much love in the neighborhood can hurt” de Molina-Morales e Martínez-Fernández, 2009). Laços fortes são melhores para a transferência de conhecimento tácito, enquanto laços fracos ajudam na transferência de conhecimento explícito e busca de informação (Uzzi e Lancaster, 2003). Laços fortes são melhores para desempenho quando o ambiente demanda altos níveis de exploração, como na indústria do aço. Contrariamente, laços fracos melhoram o desempenho quando o ambiente exige altos níveis de exploração, como na indústria de semicondutores. Ademais, em uma relação diádica, o parceiro mais necessitado é o com maior poder (Pfeffer e Salancik, 1978).

Nível Ego

Neste nível, trata-se dos tipos de efeitos que a rede do ego tem sobre o seu comportamento e desempenho. Estes efeitos resultam das conexões do ego, das conexões do ego com os seus

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alter, as características dos alter e a posição estrutural do ego dentro da rede. O foco não é nas características de cada relacionamento, mas na estrutura dos relacionamentos que cercam o ego. A maioria das análises de redes na literatura ocorre neste nível e apresenta três conceitos principais: centralidade, buracos/fechamento estrutural e equivalência estrutural.

Centralidade. Trata dos atores mais proeminentes nas redes, ou seja, quando seus laços o tornam visível a outros atores na rede. Knoke e Burt (1983) falam de duas formas de proeminência: centralidade e prestígio. Um ator central está envolvido em muitos laços; um ator com prestígio recebe muitos laços. Em determinados aspectos da centralidade, a direcionalidade dos laços importa, uma vez que as redes podem ser formadas por relacionamentos direcionais (centralidade, organização central tem mais representantes participando nas decisões de outras empresas/grupo de empresas, enquanto a organização mais prestigiada é aquela que recebe mais representantes de outras firmas) e não direcionais (a distinção feita nos relacionamentos direcionais é impossível nesta). Os tipos mais usados de centralidade são o grau de centralidade (número de laços/relacionamentos que um ator tem com outros) e a centralidade Bonacich (considera a centralidade dos alter em relação ao ego. A centralidade do alter pode mudar a centralidade do ego). Um ator com alto grau de centralidade é um grande canal de informação e, portanto, altamente visível e proeminente (Wasserman e Faust, 1994).

Buracos/Fechamento Estrutural. Um buraco estrutural existe entre dois atores quando eles estão conectados ao mesmo ator, mas não estão conectados entre si (Figura 1).

Burt (1992) argumentou que os atores que criam pontes em buracos estruturais ganharão informação e controlarão os benefícios relativos aos atores que têm alter que se conectam uns aos outros. Estes benefícios informacionais ocorrem por meio de acesso, tempo e referências. Benefícios de acesso se referem a “receber parte de uma informação valiosa e saber quem pode usá-la” (Burt, 1992, p. 13). Tempo (cronometragem) se relaciona à informação recebida antes de outros atores, enquanto benefícios de referência são refletidos no nome do ator mencionado no momento e lugar certo para propiciar oportunidades aos atores.

Fechamento é o contrário do buraco estrutural, normalmente medido pela densidade da rede do ego. Uma rede com fechamento completo é aquela em que todos os atores estão

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conectados uns aos outros (Coleman, 1990). Uma rede altamente fechada aumenta a cooperação e a confiança (Coleman, 1990), incrementando o compartilhamento de conhecimento entre os atores (Rowley et al., 2000) logo, o desempenho do ator (Ahuja, 2000; Uzzi, 1997). Muitos pesquisadores procuraram investigar empiricamente se e em que condições o fechamento é mais benéfico que os buracos estruturais.

Equivalência Estrutural. Dois atores são equivalentes estruturalmente “se tiverem laços idênticos aos de todos os outros atores da rede” (Wasserman e Faust, 1994, p. 356). Ressalta-se que para Ressalta-serem estruturalmente equivalentes, dois atores não necessariamente têm uma relação direta entre eles. O conceito de equivalência estrutural foi estendido à noção de equivalência papel (role equivalence), que ocorre quando dois atores apresentam laços com os mesmos tipos de alter, mas não os mesmos alter.

Pesquisa no Nível Ego. O achado mais básico das pesquisas se resume à “centralidade aumenta o desempenho” (Tsai, 2001, 2002). A centralidade de uma firma aumenta sua inovação nas indústrias químicas e biotecnológicas. Ou ainda, um alto grau de centralidade aumenta a capacidade absortiva e a sua taxa de desenvolvimento de novos produtos. Ingram e Roberts (2000) mostraram que a centralidade de um gestor de hotel em uma rede de gestores de hotéis em Sydney elevou a taxa de ocupação em seu empreendimento, o que sugere que o grau de centralidade de uma firma é benéfico para o desempenho em termos de vários resultados como crescimento, inovação e sucesso financeiro.

Outros achados tratam dos determinantes estruturais do capital social (Burt, 2000, 2001; Lin, 2001). O CS é gerado tanto por buracos quanto fechamentos estruturais, apesar destes dois construtos serem exatamente opostos. Burt (1992) argumenta que redes ricas em buracos estruturais criam capital social para um ator, enquanto Coleman (1988, 1999) entende que o fechamento estrutural é que cria. Conciliando estas visões, buracos e fechamentos estruturais são complementares e não mecanismos competidores (Burt, 2000, 2001; Reagans e Zuckerman, 2001). Nesta linha de pensamento, grupos precisam acessar recursos informacionais diversos fora das fronteiras da rede, mas indivíduos dentro do grupo necessitam compartilhar esta informação diversa uns com os outros para serem eficazes (dialoga com o paradoxo confiança fora da rede abala a confiança interna à rede). De maneira geral, quando existe competição – como a fora do grupo – buracos estruturais criam CS, mas quando há a necessidade de cooperar – por exemplo, dentro dos grupos – fechamento gera CS (Burt, 2001).

Uma segunda linha de pesquisa integra as perspectivas dos buracos estruturais e fechamento. Koka e Prescott (2002) teorizam o CS como um construto multidimensional e argumentam que tanto a riqueza de informação – resultante de laços fortes e redes densas – quanto a diversidade de informação – os quais resultam de buracos estruturais – são dimensões do CS.

Uma terceira linha de pesquisa lida com o papel do status da rede em explicar o desempenho organizacional. Vista sob as lentes da rede, status é entendido com um forte sinal de qualidade (Podolny, 1993), que facilita a entrada em novos mercados (Jensen, 2003), ajuda a encontrar parceiros para explorar novos domínios (Dimov e Milanov, 2009), influencia as relações da comunidade financeira (Stuart et al., 1999) e eleva o desempenho

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organizacional (Shipilov e Li, 2008). Adicionalmente, firmas com alto status incorrem em menores custos de transação na aquisição de recursos e são entendidas como parceiras de troca mais desejáveis (Podolny, 1993).

Nível da Rede como um todo

Neste nível, investiga-se as características e o comportamento de toda a rede interorganizacional, assim como a centralização (Provan, Fish e Sydow, 2007) ou seus “mundos particulares” (small-worldness) (Barabasi, 2002), e examina os seus resultados. Recentemente, passou-se a investigar os efeitos da rede nos resultados da firma individual. O sucesso de algumas indústrias e regiões é explicado pela prevalência de redes interorganizacionais, como no Vale do Silício, em que as redes interpessoais conectam as organizações umas as outras, possibilitando o acesso a recursos que beneficiam as firmas, como o derramamento de informações. Recentemente, estudiosos começaram a apontar para os relacionamentos complexos entre geografia, redes e desempenho regional (Bell e Zaheer, 2007), o que se torna uma área próspera para pesquisa.

Na literatura, redes de “mundos particulares” melhoram o desempenho das firmas e a sua capacidade inovativa (Baum, Shipilov e Rowley, 2003; Fleming, King e Juda, 2007; Uzzi e Spiro, 2005; Verspagen e Duysters, 2004), em razão de uma transferência de conhecimento mais eficaz entre elas (Schilling & Phelps, 2007).

PESQUISAS FUTURAS

Identificou-se duas dimensões – mecanismos teóricos e níveis de análise – que delineiam a literatura sobre redes e o atual estado da arte. Discute-se, agora, as implicações desta revisão para as pesquisas futuras em três temas maiores: ligações ao longo das caixas (verticalmente e horizontalmente), lacunas e extensões ao longo da abordagem (trade-offs, dinâmicas e redes ampliadas).

Ligações ao Longo das Caixas

A maioria dos estudos pode se situar dentro de uma das 12 caixas da Tabela 1. Sempre que as fronteiras entre mecanismos são cruzadas (verticalmente), é por meio do uso de diferentes mecanismos no mesmo nível de análise. Por exemplo, pesquisa sobre o valor dos buracos estruturais x fechamento, ocorre no nível ego, mas cruza os mecanismos verticais entre recursos informacionais, poder e confiança.

Como saber se poder, acesso à informação ou falta de confiança é que está causando algum resultado? Similarmente, como desembaraçar os efeitos da sinalização, dos efeitos do acesso a recursos? Ou ainda, como saber se eles não são direcionados por um terceiro fator que afeta um os dois fatores?

Movimento Horizontal ao Longo das Caixas

Pesquisas futuras podem examinar cada um dos mecanismos identificados e como eles operam ao longo de diferentes níveis de rede (horizontalmente na tabela apresentada). Por exemplo, os estudiosos podem estender os mecanismos da confiança em um estudo ao longo

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das redes (ou de indústrias) e examinar se as características da rede como um todo, como a densidade, afetam a natureza dos laços diádicos. Ou é possível estudar o poder.

Movimento Vertical ao Longo das Caixas

Quando se usa múltiplas teorias ou mecanismos na pesquisa, é importante eliminar explicações alternativas.

Lacunas na abordagem

Conforme apresentado, apesar das contribuições dentro e ao longo das caixas, há um grau desigual de atenção dada aos quadros. Por exemplo, enquanto muito se pesquisa, no nível diádico, o fluxo de recursos e as dependências que ele cria (Podolny, 2001), poucas investigações focam nas propriedades de sinalização dos laços neste nível.

Neste sentido, uma pergunta de pesquisa importante pode ser como a densidade da indústria, como uma proxy para a velocidade e a confiabilidade da transmissão de informação, influencia a eficácia dos mecanismos de sinalização das firmas, que são entendidos como mais importantes em situações em que a qualidade do ator focal não é observada? Duas outras caixas que requerem mais atenção de pesquisa são as dos mecanismos de poder/controle e confiança nível da rede como um todo.

Extensões para Além da Abordagem Trade-offs

Quase todos os focos de pesquisa focam nos efeitos positivos das redes interorganizacionais (ver Jensen, 2008, e Reagans e Zuckerman, 2008, para exceções), sem considerar os trade-offs (em que a opção de não formar redes teria resultado) que emanam nas consequências negativas da participação na rede. Assim, pode-se pesquisar o que é dito como o “lado negro” do capital social (Gargiulo e Benassi, 1999; Portes, 1998). Por exemplo, como as organizações equilibram os benefícios da confiança e do arraigo com os custos de estarem presos e da inflexibilidade com o conjunto de parceiros?

Perguntas de pesquisa podem ocorrer em diferentes níveis de análise. No nível ego, pode-se focar nos efeitos positivos de vários tipos de centralidade.

Os achados da literatura atual podem encorajar os gestores a aumentarem as suas alianças ad infinitum. Enquanto o aumento do tamanho da rede reduz a dependência da organização focal de qualquer parceiro em particular, o crescimento contínuo da rede não é possível, porque os atores são limitados no desenvolvimento de novos laços e na manutenção dos atuais, em razão das restrições de tempo e recursos (Burt, 1992). Assim sendo, a pesquisa sobre centralidade pode se beneficiar da exploração dos potenciais trade-offs entre expandir a rede ego e cair nas restrições de recursos.

Esmiuçar as consequências negativas das redes pode também se dar no nível da rede como um todo. Por exemplo, a densidade da rede ajuda as organizações a integrarem os inputs obtidos de seus contatos diretos porque a alta densidade da rede significa que a informação e as normas viajam mais rapidamente em torno da rede (Gilsing et al., 2008). Contudo, enquanto

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esta densidade pode resultar em maior confiança e colaboração, ela também pode alcançar um ponto em que se torna difícil para qualquer firma individual proteger sua propriedade intelectual, o que pode resultar em maior litígio ou inovação reduzida (reforça a tese do artigo de Molina-Morales e Martínez-Fernández, 2009 mencionado anteriormente, de que mais capital social desfavorece a inovação). Pesquisa trazendo esta questão pode ajudar a clarear algumas dessas áreas subinvestigadas atualmente.

Dinâmicas da rede

A pesquisa em redes sociais é comumente criticada como estática, mas se tem falado em começar a mudar de estudos mais transversais para longitudinais (Ahuja, Soda e Zaheer, 2008; Brass, Galaskiewicz, Greve e Tsai, 2004; Parkhe et al., 2006), tudo isso, visando aprofundar os insights teóricos sobre a origem, dinâmica e mudança das redes (Ahuja et al., 2009). Infelizmente, os estudos transversais não trazem as respostas críticas para lidar com muitas assunções subjacentes aos estudos das redes.

Outras sugestões de estudo envolvem o entendimento das condições em que os atores se adaptam, mantêm ou dissolvem relacionamentos em contraste a outros fatores que ressaltam a estabilidade da rede e o caminho de dependência (Baum et al., 2003; Walker, Kogut e Shan, 1997).

Um grupo relacionado de questões pode abrir a caixa preta da coevolução dos resultados, comportamentos e estruturas que está emergindo na literatura. Por exemplo, Shipilov e Li (2008) examinaram como a estrutura e o desempenho coevoluem.

Ampliando as Redes

Outra forma de expandir a pesquisa atual sobre redes concerne ao conjunto de membros da rede. Normalmente, as pesquisas escolhem a indústria relevante ao fenômeno de estudo. Focar em uma única indústria traz vantagens relacionadas à homogeneidade em significado e duração do relacionamento (Ahuja, 2000) e outras práticas comparáveis dentro da indústria, mas limita a generalização dos achados. Muitos estudos, portanto, têm buscado examinar as redes ao longo de diferentes indústrias (exemplo de Gulati e Gargiulo, 1999; Rosenkopf e Schilling, 2007; Rowley et al., 2000). Especificamente, ampliar a definição do que constitui a rede além dos estudos comparativos da indústria pode ajudar a alcançar insights mais profundos dentro da evolução e coordenação da rede.

Pesquisas futuras podem, do mesmo modo, considerar o arraigo dos atores sociais em múltiplas redes. Estudos passados tenderam a tratar cada rede como independente. Particularmente, entende-se que a participação em múltiplas redes resulta em organizações com acesso a diferentes recursos da rede (Gulati, 1999), oportunidades e restrições em razão da natureza dos laços, a identidade dos nós e os processos em que cada rede difere em uma ou mais dimensões (Podolny e Baron, 1997). Ademais, à medida que há uma sobreposição na informação que as organizações recebem por participarem de múltiplas redes, oportunidades para eficiência podem surgir ao gerenciar as duas redes.

Examinar múltiplas redes possibilita a teorização em multiníveis (relacionamentos entre variáveis em diferentes níveis). Por exemplo, o argumento do arraigo (Granovetter, 1985) faz

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assunções explícitas sobre os efeitos multiníveis: os relacionamentos sociais dos indivíduos afetam o comportamento e o desempenho das organizações (Ingram e Roberts, 2000; Uzzi, 1996, 1997). A pesquisa em redes sociais e arraigo não explicita a diferença entre um nível e multiníveis. Alguns estudos enxergam que as organizações estão arraigadas em relacionamentos interpessoais (Ingram e Roberts, 2000; Uzzi e Lancaster, 2003), enquanto outros veem as organizações arraigadas a redes interorganizacionais (Gnyawali e Madhavan, 2001; Rowley et al., 2000). Um desafio para pesquisas futuras é destrinchar os mecanismos que cruzam níveis de análise, e quando e sob que condições elas existem. Sugere-se estudar também o isomorfismo para entender as consequências das redes.

Observações Finais

O objetivo aqui foi: (a) organizar os conceitos e achados, a partir da vasta literatura sobre relações interorganizacionais que usam a perspectiva das redes; (b) sugerir direções promissoras para as pesquisas futuras. Para organizar a literatura, escolheu-se quatro mecanismos teóricos que representam as explicações dominantes para a ação organizacional usando a perspectiva da rede, e se identificou três níveis de análise de rede.

Referência completa

Zaheer, A.; Gözübüyük, R.; Milanov, H. (2010). It’s the Connections: The Network Perspective in Interorganizational Research. Academy of Management Perspectives., (feb., 2010), pp. 62-77.

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