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O Trabalho Emocional. na Enfermagem

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(1)

O Trabalho Emocional

na Enfermagem

Constructo e evolução

conceptual

Paula Diogo, UI&DE, Outubro 2007

O Trabalho Emocional

na Enfermagem

Constructo e evolução conceptual

Paula Diogo, ESEL, Outubro 2007

(2)

Trabalho Emocional Definição

Domínio dos sentimentos do profissional Domínio do comportamento observável pelo Cliente

Modelos

Interacção Experiência emocional

Profissões de Prestação Serviços Enfermagem

Fontes de Emoções

Moderadores ou mediadores potenciais do bem-estar emocional Condições de trabalho Supervisão individual e de grupo Investimento na Relação Terapêutica Gestão Interna e relacional Comércio Vocacionais Empregado de mesa (Paules, 1991) Agentes da polícia (Martin, 1999) Assistentes Sociais (Aldridge, 1994) Oficiais de justiça (Lively, 2002) Enfermeiros (Smith, 1992; James, 1992; Staden, 1998; Bolton, 2000; Henderson, 2001; Mercadier, 2004 ) Regulação emocional Grandey (2000) Cobrador de dividas (Sutton,1991)

Morris & Feldman (1996,1997)

Kruml & Geddes (2000a) Experiência Emocional Enf.º Avaliação Trabalho Emocional sobre o próprio Cuidados Emocionais Cuidados centrados pessoa/relacionamento Enfermeiro de referência Gratificação; satisfação profissional Modos de lidar internas Modos de lidar na interacção Manejar o estado emocional Cliente Caritas; compaixão “Loving Care” Ranking profissões Factores de cuidar (Watson) Conhecer/comp. Exp. emocional do Cliente Empregado Loja (Tolich, 1993) Empregado fast-food (Leidner, 1993) Empregado Disney

(Bryman, 1999) (Ashforth e Humphrey, 1993) Médicos

Actividades de lazer e bem-estar Escalas Estilo de liderança Intensa e árdua; sofrimento; stresse burnout Potencial Terapêutico Competências Emocionais Formação Aprendizagem Reflexiva “Estar lá”; envolvimento; uso do Self Autoconhecimento Técnicas Comunicação Treino Inteligência Emocional Antecedentes Componentes Consequências Cuidados fim de vida; to. agressivos Domínio instrumental; técnico-racional Aliviar sofrimento; prom. bem-estar Suporte; animo; humor; paciência Emotion-oriented Care

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Definição

Sociologia e Psicologia – principais áreas de investigação

Profissões do comércio e prestação de serviços

Antecedentes, componentes, consequências

Conceito multidimensional, complexo

Domínio dos sentimentos do profissional

O conceito de Trabalho Emocional foi pela primeira vez nomeado por Hochschild (1983):

“O manejo dos sentimentos de modo a adoptar uma expressão que produza nos outros um sentimento de ser bem cuidado e de estar seguro, exigida pelo contexto organizacional”. Publicação

“The managed heart:

Commercialization of human feeling”

Características comuns das actividades profissionais que exigem trabalho emocional:

• O confronto directo visual ou de voz com o cliente

• O profissional produz um estado emocional na outra pessoa (cliente ou consumidor)

• O empregador exerce um nível de controlo nas actividades de natureza emocional desempenhadas pelo empregado, através de treino e supervisão

Perante a imposição de “normas de comercialização” dos sentimentos, da parte da organização ou

empresa, o profissional envereda por um trabalho emocional através de 2 formas: representação

(4)

- O aspecto da dissonância emocional passa a ser central na investigação sobre o trabalho

emocional (

Morris,1996; Abraham, 1998; Grandey, 2000):

o conflito entre as verdadeiras emoções

sentidas e experienciadas pelo trabalhador e o que é esperado pela organização, é em si trabalho emocional.

- Tolich (1993) e Morris (1996) acrescentam um novo antecedente:

o confronto com interacções agressivas, hostilidade e ausência de colaboração do cliente. O trabalho emocional implica gerir o relacionamento (emocionalmente intenso) com o cliente

- Antecedentes (imposição de “normas de comercialização” dos sentimentos; confronto com interacções emocionalmente intensas). Componentes (dissonância emocional; representação superficial; representação profunda). Consequências (stresse, burnout; automatismo, alienação, ausência de autenticidade;

dissonância emocional).

Domínio do comportamento observável pelo cliente

- O comportamento, em vez da emoção, constitui a característica chave; com centralidade no cliente

e não no profissional (Ashforth e Humphrey, 1993):

é o acto de demonstrar emoções apropriadas.

- Antecedentes (factores culturais e sociais de acordo com o nível de poder imputado a determinada profissão). Componentes (moldar as respostas emocionais; adequação do comportamento).

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Trabalho Emocional Definição

Domínio dos sentimentos do profissional Domínio do comportamento observável pelo Cliente

Modelos

Interacção Experiência emocional

Profissões de Prestação Serviços Enfermagem

Fontes de Emoções

Moderadores ou mediadores potenciais do bem-estar emocional Condições de trabalho Supervisão individual e de grupo Investimento na Relação Terapêutica Gestão Interna e relacional Comércio Vocacionais Empregado de mesa (Paules, 1991) Agentes da polícia (Martin, 1999) Assistentes Sociais (Aldridge, 1994) Oficiais de justiça (Lively, 2002) Enfermeiros (Smith, 1992; James, 1992; Staden, 1998; Bolton, 2000; Henderson, 2001; Mercadier, 2004 ) Regulação emocional Grandey (2000) Cobrador de dividas (Sutton,1991)

Morris & Feldman (1996,1997)

Kruml & Geddes (2000a) Experiência Emocional Enf.º Avaliação Trabalho Emocional sobre o próprio Cuidados Emocionais Cuidados centrados pessoa/relacionamento Enfermeiro de referência Gratificação; satisfação profissional Modos de lidar internas Modos de lidar na interacção Manejar o estado emocional Cliente Caritas; compaixão “Loving Care” Ranking profissões Factores de cuidar (Watson) Conhecer/comp. Exp. emocional do Cliente Empregado Loja (Tolich, 1993) Empregado fast-food (Leidner, 1993) Empregado Disney

(Bryman, 1999) (Ashforth e Humphrey, 1993) Médicos

Actividades de lazer e bem-estar Escalas Estilo de liderança Intensa e árdua; sofrimento; stresse burnout Potencial Terapêutico Competências Emocionais Formação Aprendizagem Reflexiva “Estar lá”; envolvimento; uso do Self Autoconhecimento Técnicas Comunicação Treino Inteligência Emocional Antecedentes Componentes Consequências Cuidados fim de vida; to. agressivos Domínio instrumental; técnico-racional Aliviar sofrimento; prom. bem-estar Suporte; animo; humor; paciência Emotion-oriented Care

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Modelos Explicativos

Foco na Interacção

Morris & Feldman (1996, 1997) baseiam-se no MODELO INTERACCIONISTA das emoções: o esforço,

o planeamento e o controlo necessários para expressar emoções esperadas pela organização ou

empresa, durante a interacção com os clientes.

- A experiência e expressão emocional estão sujeitas tanto a influências externas (organizacionais e

profissionais) como ao manejo do próprio indivíduo

- O trabalho emocional possui 4 dimensões: frequência, duração-intensidade, diversidade emocional expressa, dissonância emocional

Foco na Experiência Emocional

Kruml & Geddes (2000a) apoiam-se no conceito original de Hochschild (1983); antecedentes pessoais

(idade, género, contágio emocional) e profissionais (emoções dos clientes, treino, proximidade)

- Escala de trabalho emocional assente em 2 dimensões: dissonância emotiva (representação superficial) e esforço emotivo (representação activa profunda)

- Recomendações às organizações de modo a prevenir ou minimizar os efeitos da dissonância emocional; preocupação com o bem-estar emocional dos profissionais; influência positiva na produtividade em benefício da organização ou empresa; trabalho em equipa

(7)

Modelos Explicativos

Foco na Regulação Emocional

Grandey (2000) é seguidor das teorias da REGULAÇÃO EMOCIONAL - processo pelo qual o indivíduo

influencia as suas emoções, quando as vive, como as experiencia e como expressa tais emoções

(Gross, 1998)

TE: processo de regulação e expressão de sentimentos dos profissionais, de acordo com os

objectivos organizacionais

Desenvolve o conceito de Hochschild (1983); explora a diferença entre representação superficial e

profunda enquanto 2 processos distintos; testar os mediadores e moderadores do trabalho emocional

- Antecedentes (incluiu factores situacionais) = factores de risco (ambiente de trabalho)

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Trabalho Emocional Definição

Domínio dos sentimentos do profissional Domínio do comportamento observável pelo Cliente

Modelos

Interacção Experiência emocional

Profissões de Prestação Serviços Enfermagem

Fontes de Emoções

Moderadores ou mediadores potenciais do bem-estar emocional Condições de trabalho Supervisão individual e de grupo Investimento na Relação Terapêutica Gestão Interna e relacional Comércio Vocacionais Empregado de mesa (Paules, 1991) Agentes da polícia (Martin, 1999) Assistentes Sociais (Aldridge, 1994) Oficiais de justiça (Lively, 2002) Enfermeiros (Smith, 1992; James, 1992; Staden, 1998; Bolton, 2000; Henderson, 2001; Mercadier, 2004 ) Regulação emocional Grandey (2000) Cobrador de dividas (Sutton,1991)

Morris & Feldman (1996,1997)

Kruml & Geddes (2000a) Experiência Emocional Enf.º Avaliação Trabalho Emocional sobre o próprio Cuidados Emocionais Cuidados centrados pessoa/relacionamento Enfermeiro de referência Gratificação; satisfação profissional Modos de lidar internas Modos de lidar na interacção Manejar o estado emocional Cliente Caritas; compaixão “Loving Care” Ranking profissões Factores de cuidar (Watson) Conhecer/comp. Exp. emocional do Cliente Empregado Loja (Tolich, 1993) Empregado fast-food (Leidner, 1993) Empregado Disney

(Bryman, 1999) (Ashforth e Humphrey, 1993) Médicos

Actividades de lazer e bem-estar Escalas Estilo de liderança Intensa e árdua; sofrimento; stresse burnout Potencial Terapêutico Competências Emocionais Formação Aprendizagem Reflexiva “Estar lá”; envolvimento; uso do Self Autoconhecimento Técnicas Comunicação Treino Inteligência Emocional Antecedentes Componentes Consequências Cuidados fim de vida; to. agressivos Domínio instrumental; técnico-racional Aliviar sofrimento; prom. bem-estar Suporte; animo; humor; paciência Emotion-oriented Care

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Trabalho Emocional Definição

Domínio dos sentimentos do profissional Domínio do comportamento observável pelo Cliente

Modelos

Interacção Experiência emocional

Profissões de Prestação Serviços Enfermagem

Fontes de Emoções

Moderadores ou mediadores potenciais do bem-estar emocional Condições de trabalho Supervisão individual e de grupo Investimento na Relação Terapêutica Gestão Interna e relacional Comércio Vocacionais Empregado de mesa (Paules, 1991) Agentes da polícia (Martin, 1999) Assistentes Sociais (Aldridge, 1994) Oficiais de justiça (Lively, 2002) Enfermeiros (Smith, 1992; James, 1992; Staden, 1998; Bolton, 2000; Henderson, 2001; Mercadier, 2004 ) Regulação emocional Grandey (2000) Cobrador de dividas (Sutton,1991)

Morris & Feldman (1996,1997)

Kruml & Geddes (2000a) Experiência Emocional Enf.º Avaliação Trabalho Emocional sobre o próprio Cuidados Emocionais Cuidados centrados pessoa/relacionamento Enfermeiro de referência Gratificação; satisfação profissional Modos de lidar internas Modos de lidar na interacção Manejar o estado emocional Cliente Caritas; compaixão “Loving Care” Ranking profissões Factores de cuidar (Watson) Conhecer/comp. Exp. emocional do Cliente Empregado Loja (Tolich, 1993) Empregado fast-food (Leidner, 1993) Empregado Disney

(Bryman, 1999) (Ashforth e Humphrey, 1993) Médicos

Actividades de lazer e bem-estar Escalas Estilo de liderança Intensa e árdua; sofrimento; stresse burnout Potencial Terapêutico Competências Emocionais Formação Aprendizagem Reflexiva “Estar lá”; envolvimento; uso do Self Autoconhecimento Técnicas Comunicação Treino Inteligência Emocional Antecedentes Componentes Consequências Cuidados fim de vida; to. agressivos Domínio instrumental; técnico-racional Aliviar sofrimento; prom. bem-estar Suporte; animo; humor; paciência Emotion-oriented Care

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Trabalho Emocional na Enfermagem

Concepção de Hochschild (1983) levanta questões éticas relacionadas com a autenticidade Trabalho Emocional… necessidade de induzir ou reprimir os seus próprios sentimentos face à situação de

modo a inspirar confiança e calma (Smith, 1992)… desenvolver um trabalho sobre as suas próprias emoções de modo a poder cuidar dos outros (Smith, 1992)… manejo de sentimentos negativos de modo a transformá-los em neutros ou positivos (James, 1993)… intervenções e respostas relacionados com a melhoria do bem-estar emocional dos outros e com o suporte emocional, i. é, intervenções que façam com que os outros se sintam cuidados (Erikson, 1993).

Fontes de Emoções

A introdução do conceito de enfermeiro de referência e de cuidados centrados na pessoa teve como resultado a diminuição da formalidade na relação enfermeiro-cliente. Muitos dos conceitos actualmente valorizados nos cuidados de saúde tal como parceria, comunicação aberta e “nova enfermagem” (Salvage, 1990), enfatizam a importância do relacionamento enfermeiro-cliente.

Cuidar de alguém está associado com o desempenho de tarefas físicas, mas cuidar com alguém implica um

cuidado a um nível profundo, onde os sentimentos estão explicitamente envolvidos no relacionamento, resultando em cuidado. Se o enfermeiro pretende desenvolver relacionamentos terapêuticos e ligar-se ao cliente, para cuidar de e com ele, isto envolve-os emocionalmente (Fealy, 1995).

A mudança para encorajar a parceria nos cuidados de saúde requer comunicação aberta e compreensão mútua que pode ser facilitada quando existe uma boa ligação entre o cliente e o profissional (McQueen, 2000).

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Trabalho Emocional na Enfermagem

Fontes de Emoções

• Nas últimas décadas tem existido uma menor preocupação em manter a distância em relação à pessoa que necessita de cuidados, para aumentar a tendência para o envolvimento e proximidade (Benner, 2001; Williams, 2000)

Ao adoptar valores de cuidados holísticos, parceria e proximidade, os enfermeiros ficam a conhecer os seus clientes na sua individualidade e experienciam respostas emocionais do seu sofrimento. O enfermeiro fica assim mais expostos tanto ao distress físico como emocional pelo contacto com o cliente e tem que lidar com isso, enquanto componente do seu trabalho (McQueen, 2004).

As doenças crónicas na actualidade envolvem a pessoa numa maior esperança de vida, em tratamento mais agressivos e dolorosos, e fases de fim de vida prolongadas em doenças como o cancro ou cardíacas que prevalecem na moderna sociedade ocidental, e que requerem um manejo mais complexo dos aspectos emocionais dos cuidados de saúde.

Mudança para o paradigma de Cuidar

Exposição a um nível elevado de expressão emocional Ambiguidade gerada pelo desempenho do Trabalho

Emocional num contexto em que domina a prática técnico-racional

• Smith (1991) salienta que existe uma clivagem entre a orientação para o Cuidar e a realidade da prática. Estes

resultados reforçam Strauss e col. (1982) e James (1989, 1992) que referem que o Trabalho Emocional desenvolvido pelos profissionais de saúde, e dentro da lógica de orientação dos

cuidados centrados na pessoa, é frequentemente subjugado

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Trabalho Emocional na Enfermagem

Experiência Emocional

 O TE é exigente, implica empenho (James, 1992) e um intenso ou prolongado TE pode ser desgastante e levar à exaustão. Um trabalho duro desta natureza pode causar efeitos adversos nos enfermeiros ao nível da sua saúde física e psicológica, com potencial de conduzir ao burnout (Benner & Wrubel, 1989).

 Num estudo de Tolich (1993), o trabalho emocional é apresentado como complexo e propenso a incluir ambas as

emoções positivas e negativas.

 Também Diogo (2006) obteve dados que explicitam uma experiência emocional perturbadora mas igualmente

gratificante, na prática do enfermeiro em contexto pediátrico.

Experiência emocional intensa e perturbadora; sofrimento; stresse e burnout está associado à necessidade de mobilizar estratégias para lidar

Experiência gratificante e de satisfação está associada à essência do cuidar, “fazer o bem”, sentimento de estar a agir bem, uma motivação e persecução pela excelência da prática

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Trabalho Emocional na Enfermagem

Trabalho emocional sobre o próprio

Modos de lidar individuais

• Um estudo realizado por Smith (1991) refere que o cliente considera TE quando o enfermeiro “tenta ser delicado e amável, e guarda os maus sentimentos para si” ou “ (…) quando o cliente toca à campainha o enfermeiro faz caretas, mas depois chega junto do cliente cheio de sorrisos” – “falsear os sentimentos”.

A estratégia reside no manejo das emoções e transformá-las em algo positivo (Hughes, 1984; James, 1993). Os clientes descrevem situações de verem estudantes no limite dos seus recursos emocionais, mas mantendo controlo exterior (…) lidar é o principal (…) Isto é duro para o seu interior, mas era capaz de lidar muito bem e tinha uma cara de anjo” (Smith, 1991).

• A Inteligência Emocional requer que as emoções sejam reconhecidas e confrontadas. O conceito fornece também compreensão sobre como a experiência emocional de cada um afecta o trabalho em equipa (Druskat & Wolff, 2001). Deste modo, as emoções não são suprimidas ou ignoradas mas são realmente reconhecidas e “trabalhadas”.

Um equilíbrio é necessário para promover a proximidade, atenção individualizada ao cliente enquanto o enfermeiro deve reconhecer os seus limites e mobilizar

estratégias de coping para se proteger do burnout, que actualmente se direccionam para as habilidades de IE. • Enquanto que é defendido que mostrar as emoções que

reflectem os sentimentos do enfermeiro demonstra a sua

humanidade (Staden, 1998), a finalidade da gestão emocional

é facilitar os melhores resultados para o cliente (McQueen, 2004).

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Trabalho Emocional na Enfermagem

Trabalho emocional sobre o próprio

Modos de lidar na interacção

Menzies (1970) propõe que o distanciamento é um mecanismo de coping que serve para garantir aos trabalhadores da saúde uma distância de segurança das desconfortáveis emoções que podem surgir ao prestarem cuidados.

Modelo de Morse e col. (1992) – Envolvimento / distanciamento emocional na interacção

• O estudo de Froggatt (1998) revela que o enfermeiro se descreve a si próprio como “ligando-se e

desligando-se” alternadamente ou por períodos de modo a manter as barreiras profissionais e a evitar o desgaste

emocional.

• Omdahl e O’Donnell (1999) fazem a diferença entre a questão da empatia e o contágio emocional e advertem os enfermeiros para usarem estratégias que promovam a empatia, mas que evitem esse contágio emocional. • O estudo de Henderson (2001) revela que os enfermeiros experienciam afastamento ou proximidade ao longo

de um contínuum que tem oscilações de acordo com as circunstâncias do cliente e do enfermeiro.

Modelo de Mazhindu (2003) – 6 tipos de trabalho emocional de acordo com os sentimentos envolvidos na

interacção.

(15)

Trabalho Emocional na Enfermagem

Cuidados Emocionais

Strauss e col. (1982) sugerem que o enfermeiro deve estar habilitado a lidar com os estados emocionais do cliente e a ajudá-lo a gerir os seus sentimentos. Os investigadores mencionam a antiga noção de TLC (tender loving care = cuidados afectuosos, carinhosos).

• Muetzel (1988) descreve um nível de proximidade como “estar lá”, em que o enfermeiro está conectado com

o cliente ao nível emocional. Swanson (1991) revela que estar com é tornar-se emocionalmente aberto para o

Outro.

No estudo de Smith (1991) sobre o que compõe o trabalho emocional do enfermeiro: dar suporte e

tranquilidade, delicadeza e amabilidade, simpatia, animar, utilizar o humor, ter paciência, aliviar o sofrimento, conhecer o cliente e ajudar a resolver os seus problemas, compaixão.

 O TE desenvolvido por profissionais de saúde parece assentar num duplo papel no manejo das

reacções/sentimentos do cliente (Phillips, 1996): promover segurança e apoio ao cliente de modo a que o tratamento possa ser tolerável; promover o bem-estar psicológico e físico.

 Watson (1998) saliente à noção de afecto no cuidar no desenvolvimento da “caritas clínica”. Caritas é a palavra latina relacionada com caridade, cuidar e tratar com carinho. Tendo a conotação de preciosidade, isto significa que está próximo da ideia de ter em consideração, amar e estimar.

(16)

Trabalho Emocional na Enfermagem

Cuidados Emocionais

Staden (1998) encontrou no seu estudo o uso do Self enquanto componente do trabalho emocional das enfermeiras. Também Bolton (2000) descobriu que as enfermeiras que trabalham num serviço de ginecologia vêem o TE como parte do relacionamento de “dádiva” estabelecido conscientemente e de “dar algo de si” ao cliente (uso do Self).

Dar e receber afecto é algo que está implícito na prática diária dos enfermeiros. A aliança terapêutica deve ter

fundações nos afectos (Stickley & Freshwater, 2002).

No sentido de ajudar os clientes a sentirem-se cuidados, o enfermeiro acolhe o cliente de um modo cortês,

respeitável e com consideração (McQueen, 2004).

Cuidados orientados pela emoção (emotion-oriented care) implementado na Holanda e na Bélgica por Verdult

(1993) em contexto domiciliário, nos cuidados a pessoas com demência

Emotional-oriented care; “Estar lá”, envolvimento, uso do Self; Conhecer/compreender a experiência emocional do Cliente,

Necessidades emocionais; Manejar o estado emocional Cliente; Suporte, animo, humor, paciência, compaixão;

Caritas, afecto, “Loving Care”;

Aliviar sofrimento e promover o bem-estar

Care = organisation+physical labour+emotional labour

(17)

Trabalho Emocional na Enfermagem

Competências Emocionais

James (1989) identificou as competências dos trabalhadores das emoções: ser hábil na compreensão e

interpretação das necessidades dos outros; ser hábil para dar uma resposta individual a essas

necessidades; ser hábil para avaliar o frágil equilíbrio de cada indivíduo e do indivíduo inserido no grupo

James (1993) estuda o TE em contexto oncológico e identifica a competência mais importantes: manejo de

sentimentos negativos de modo a transformá-los em neutros ou positivos.

• As habilidades/aptidões/capacidades na IE que são relevantes no TE ou cuidados emocionais são as habilidades para compreenderem os outros, trabalhar bem em colaboração com a equipa e ser auto-consciente. São habilidades relevantes nos cuidados directos ao cliente e no trabalho em equipa multidisciplinar. Capacidades da Inteligência Emocional (Goleman, 1998)

Graham (1999) realça que os enfermeiros necessitam de “competência emocional”, a habilidade para se

analisarem e para fornecerem cuidados centrados no cliente.

O enfermeiro emocionalmente inteligente ouve os sinais, estabelece contacto visual, comunica

(18)

Trabalho Emocional na Enfermagem

Competências Emocionais

O enfermeiro emocionalmente inteligente consegue trabalhar em harmonia com os pensamentos e os

sentimentos e é conhecedor das suas necessidades de afecto, das necessidades de afecto dos seus clientes, das necessidades dos clientes de receber afecto (Freshwater & Stickley, 2004)

McQueen (2004) defende que o manejo das emoções é essencial nas interacções bem sucedidas, para que os profissionais consigam mostrar compreensão pelo outro e consigam lidar com a influência dos sentimentos

dos outros (que podem ser dos clientes ou dos colegas).

Potencial Terapêuticos

May (1995); Berg e col. (1996); Phlillips, (1996); Walsh (1999)

Necessidade de investigação; evidência científica sobre os resultados terapêuticos do TE

Henderson (2001) evoca que o envolvimento emocional desenvolvido pelo enfermeiro pode contribuir para a qualidade dos cuidados porque os ganhos resultantes da

proximidade emocional são uma condição para a excelência da prática.

Cliente

Enfermeiro

Interacção/intervenção

terapêutica

(19)

Trabalho Emocional na Enfermagem

Formação

 Várias abordagens podem ser incorporadas nos programas de formação para promover estas competências, particularmente o auto-conhecimento, auto-regulação e competências socias (relacionais, comunicacionais). O ambiente onde a aprendizagem tem lugar também deve ser abordado para promover um setting de

confiança e suporte onde cada estudante se sente seguro para explorar os seus sentimentos e dar voz às suas

opiniões (Rogers, 1969).

Cook (1999) sublinha a necessidade do auto-conhecimento na Enfermagem. As abordagens que incluem a

prática reflexiva e auto-avaliação (compreensão e consciência de Si) podem ser formas de trabalhar a IE.

Cadman & Brewer (2001) evocam que a IE é desenvolvida ao longo da vida da pessoa, por um treino de competências interpessoais, e propõem que deveria ser realizada uma avaliação da IE antes da admissão aos cursos de enfermagem.

Quando as competências práticas são treinadas separadamente da componente emocional da interacção humana, a arte da enfermagem é reduzida á ciência do tecnicismo (Freshwater,

2003). Mais ainda, quando o desenvolvimento emocional é negligenciado, é negada a oportunidade ao indivíduo de se

desenvolver completamente ao nível intelectual.

Pam Smith (1991)

Stickley & Freshwater (2002)

Freshwater & Stickley (2004)

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Trabalho Emocional Definição

Domínio dos sentimentos do profissional Domínio do comportamento observável pelo Cliente

Modelos

Interacção Experiência emocional

Profissões de Prestação Serviços Enfermagem

Fontes de Emoções

Moderadores ou mediadores potenciais do bem-estar emocional Condições de trabalho Supervisão individual e de grupo Investimento na Relação Terapêutica Gestão Interna e relacional Comércio Vocacionais Empregado de mesa (Paules, 1991) Agentes da polícia (Martin, 1999) Assistentes Sociais (Aldridge, 1994) Oficiais de justiça (Lively, 2002) Enfermeiros (Smith, 1992; James, 1992; Staden, 1998; Bolton, 2000; Henderson, 2001; Mercadier, 2004 ) Regulação emocional Grandey (2000) Cobrador de dividas (Sutton,1991)

Morris & Feldman (1996,1997)

Kruml & Geddes (2000a) Experiência Emocional Enf.º Avaliação Trabalho Emocional sobre o próprio Cuidados Emocionais Cuidados centrados pessoa/relacionamento Enfermeiro de referência Gratificação; satisfação profissional Modos de lidar internas Modos de lidar na interacção Manejar o estado emocional Cliente Caritas; compaixão “Loving Care” Ranking profissões Factores de cuidar (Watson) Conhecer/comp. Exp. emocional do Cliente Empregado Loja (Tolich, 1993) Empregado fast-food (Leidner, 1993) Empregado Disney

(Bryman, 1999) (Ashforth e Humphrey, 1993) Médicos

Actividades de lazer e bem-estar Escalas Estilo de liderança Intensa e árdua; sofrimento; stresse burnout Potencial Terapêutico Competências Emocionais Formação Aprendizagem Reflexiva “Estar lá”; envolvimento; uso do Self Autoconhecimento Técnicas Comunicação Treino Inteligência Emocional Antecedentes Componentes Consequências Cuidados fim de vida; to. agressivos Domínio instrumental; técnico-racional Aliviar sofrimento; prom. bem-estar Suporte; animo; humor; paciência Emotion-oriented Care

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Avaliação do trabalho emocional

Ranking

do TE em 15 profissões; Enfermagem 5.º lugar

Escalas

Kruml & Geddes (1998): 2 dimensões (esforço emocional e dissonância emocional)

Brotheridge & Lee (2003);

modelo de Morris & Feldman (1996, 1997) e concepção de Hochschild

(1983) = 6 dimensões

Salovey & Mayer (1997): Teste de IE -

MSCEIT (Mayer, Salovey, Caruso Emotional Intelligence Test)

Cossette e col. (2005):

Caring Nurse-Patient Interactions Scale; Avaliação dos 10 factores de

Cuidar de Watson

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Trabalho Emocional Definição

Domínio dos sentimentos do profissional Domínio do comportamento observável pelo Cliente

Modelos

Interacção Experiência emocional

Profissões de Prestação Serviços Enfermagem

Fontes de Emoções

Moderadores ou mediadores potenciais do bem-estar emocional Condições de trabalho Supervisão individual e de grupo Investimento na Relação Terapêutica Gestão Interna e relacional Comércio Vocacionais Empregado de mesa (Paules, 1991) Agentes da polícia (Martin, 1999) Assistentes Sociais (Aldridge, 1994) Oficiais de justiça (Lively, 2002) Enfermeiros (Smith, 1992; James, 1992; Staden, 1998; Bolton, 2000; Henderson, 2001; Mercadier, 2004 ) Regulação emocional Grandey (2000) Cobrador de dividas (Sutton,1991)

Morris & Feldman (1996,1997)

Kruml & Geddes (2000a) Experiência Emocional Enf.º Avaliação Trabalho Emocional sobre o próprio Cuidados Emocionais Cuidados centrados pessoa/relacionamento Enfermeiro de referência Gratificação; satisfação profissional Modos de lidar internas Modos de lidar na interacção Manejar o estado emocional Cliente Caritas; compaixão “Loving Care” Ranking profissões Factores de cuidar (Watson) Conhecer/comp. Exp. emocional do Cliente Empregado Loja (Tolich, 1993) Empregado fast-food (Leidner, 1993) Empregado Disney

(Bryman, 1999) (Ashforth e Humphrey, 1993) Médicos

Actividades de lazer e bem-estar Escalas Estilo de liderança Intensa e árdua; sofrimento; stresse burnout Potencial Terapêutico Competências Emocionais Formação Aprendizagem Reflexiva “Estar lá”; envolvimento; uso do Self Autoconhecimento Técnicas Comunicação Treino Inteligência Emocional Antecedentes Componentes Consequências Cuidados fim de vida; to. agressivos Domínio instrumental; técnico-racional Aliviar sofrimento; prom. bem-estar Suporte; animo; humor; paciência Emotion-oriented Care

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Moderadores ou mediadores do bem-estar Emocional

Gestão interna e relacional

Supervisão individual e grupo

Investimento na relação terapêutica

Estilo de liderança

Condições de trabalho

(24)

Considerações finais…

- Contributo para a compreensão do que constitui o trabalho emocional na

Enfermagem

- A literatura em Enfermagem não explicita bem, e em profundidade, os aspectos

emocionais numa perspectiva terapêutica (instrumentos e potencial terapêutico)

- É necessário, igualmente, investigar este conceito em contextos específicos da

prática de enfermagem e em situações concretas de cuidados

- Outro campo a investigar é a perspectiva do cliente

- James (1992) e Smith (1992) sugerem que o TE é um trabalho habilmente

especializado, que tem de ser aprendido da mesma forma que as competências

“técnicas”

É necessário nomear explicitamente estes aspectos emocionais para que possam ser reconhecidos como tal, e não como

aspectos psicossociais dos cuidados, fragilizando a sua importância no cuidar em enfermagem.

- Existem, ainda, muitos aspectos

para investigar de modo a verificar

as formas mais vantajosas de fazer

avançar a IE, de a ensinar e dar

suporte aos enfermeiros no seu

trabalho com as emoções

(25)

Obrigado pela

atenção!

Referências

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