Modelos Internos Dinâmicos de Vinculação e Relações de Objecto
Internalizadas: Análise de narrativas em crianças dos 5 aos 7 anos
Alexandra Pinto1, Nuno Torres1, Joana Maia1& Manuela Veríssimo1
1
UIPCDE, ISPA
Constituindo dois grandes campos teóricos e científicos da compreensão do ser humano, a Teoria da Vinculação e a Psicanálise têm-se vindo a desenvolver de forma autónoma, embora mantendo alguns pontos de contacto. A presente investigação procura relacioná-las empiricamente, focando-se nas Teorias Psicanalíticas de Relação de Objecto. A
Attachment Story Completion Task foi aplicada a uma amostra de 51 crianças em idade
pré-escolar e escolar. As narrativas produzidas foram analisadas, de forma independente, relativamente à tonalidade afectiva do mundo objectal interno, avaliada segundo a dimensão Tonalidade Afectiva do Paradigma das Relações da Social Cognition and
Object Relations Scale e em função da Coerência e Segurança das Representações de
Vinculação emergentes. Aplicou-se ainda a WPPSI-Rpara controlar potenciais efeitos da capacidade linguística na produção das narrativas. Foi encontrada uma correlação positiva e significativa entre a qualidade das representações de vinculação e a tonalidade afectiva dos objectos internos, sendo os resultados discutidos em função das semelhanças e divergências teóricas entre estes dois conceitos.
Palavras-chave: Vinculação, Relações de Objecto, Modelos Internos Dinâmicos
1. INTRODUÇÃO
Muito embora a Teoria da Vinculação tenha fortes raízes psicanalíticas na Escola Inglesa de Relações de Objecto (Ainsworth, 1969; Bretherton, 1998), as origens psicanalíticas desta teoria têm sido negligenciadas pela literatura, sendo maioritariamente enfatizadas as influências etológicas, cognitivistas e cibernéticas que estiveram na base da sua formulação inicial (Steele & Steele, 1998). Por outro lado, até aos anos 90, a Teoria da Vinculação foi considerada uma espécie de tabu na Psicanálise (Guedeney & Guedeney, 2004), com algumas das ideias inovadoras de Bowlby a serem sistematicamente atacadas e repudiadas por círculos psicanalíticos oficiais (Ainsworth, 1969).
No entanto, as sobreposições teóricas entre as duas correntes são inquestionáveis. Segundo Fonagy (2001), o constructo vinculação de Bowlby (1981) encontra eco noutras formulações clássicas psicanalíticas, como a de amor primário de Balint (1979), a de relação com o ego de Winnicott (1975), ou a de relações pessoais proposta por Guntrip. Por sua vez, também o conceito de Modelos Internos Dinâmicos (MID), se pensados enquanto “regras” procedimentais que governam aspectos importantes do comportamento e que estão
embebidas nas representações cognitivo-afectivas do self, dos outros e das interacções entre o
self e os outros (Eagle, 2003), se aproxima dos conceitos de Representações de Interacções
Generalizadas (RIGs) de Stern (1992), de Estruturas Interaccionais [interactional structures] de Beebe e Lachmann (1988), ou de unidades de afecto-self-objecto [self-object-affect units] de Kernberg.
Também segundo Lilleskov (1992) o conceito de MID é análogo ao de representações de objecto e do self da psicanálise, estando próximo do conceito de relações de objecto internalizadas enquanto formas emocionalmente codificadas de relacionamento e resposta, correspondentes a modelos e esquemas que organizam a personalidade do sujeito (Bretherton, Ridgeway & Cassidy, 1990).
Similares são também as posições de Stern (1992) e de Zelnick e Buchholtz (1990) para quem ambas as teorias conceptualizam as representações mentais como esquemas cognitivo-afectivos que providenciam informação emocionalmente carregada sobre o objecto, o self e o
self em relação com o objecto, através da internalização gradual de memórias episódicas.
Por outro lado, é de referir que ambas as tradições teóricas da vinculação e das relações de objecto colocam o seu enfoque nos factores interpessoais e na qualidade dos cuidados prestados à criança em fases precoces do desenvolvimento, existindo uma sobreposição entre a psicanálise em geral (incluindo não apenas as teorias das relações de objecto) e a teoria de Bowlby (1973; 1980; 1981; 1988) em várias assumpções teóricas e epistemológicas (Steele & Steele, 1998; Fonagy, 2001), tais como: a diferenciação entre realidade actual e psíquica, considerando que a percepção das experiências sociais são distorcidas por representações e modelos mentais que operam tanto a nível consciente como inconsciente; a ênfase na importância dos primeiros anos de vida, sobretudo ao nível das experiências afectivas de relacionamento para o desenvolvimento da personalidade; o papel central da qualidade dos comportamentos das figuras parentais no desenvolvimento da criança, traduzível em conceitos como o de sensibilidade materna, sendo que, ainda que conceptualizem a sensibilidade materna de forma diferente, ambas especificam a importância dela como um factor causal na determinação da qualidade das relações objectais e, portanto, do desenvolvimento psíquico; e finalmente, a motivação para criar relações considerando que a relação entre a criança e o cuidador é baseada numa necessidade autónoma e independente de estabelecer relações de proximidade afectiva, o que também aparece explicitado de forma clara e directa nos trabalhos de autores psicanalíticos da linha das relações de objecto, como Fairbairn, ou de forma indirecta, por outros autores que seguem a linha da psicologia do Ego como Ana Freud (cf. Ainsworth, 1969).
1.1 Investigação Empírica Conjunta
Até ao presente, são extremamente reduzidas as investigações que têm procurado estabelecer a ligação entre estes dois grandes paradigmas teóricos (Steele & Steele, 1998). Apresentaremos de seguida algumas excepções de relevo.
Buelow, McClain & McIntosh (1996) apresentaram uma metodologia objectiva que reúne estas duas teorias, o The Attachment and Object Relations Inventory (AORI), defendendo que embora as relações de vinculação e as relações de objecto sejam inseparáveis em termos práticos, os seus constructos podem ser distinguíveis em termos teóricos. Aplicável a populações clínicas e não clínicas, o inventário AORI avalia a vinculação de forma multifactorial, produzindo pontuações gerais relativas à qualidade das representações de vinculação e das relações de objecto. Esta metodologia tem sido utilizada em várias áreas de estudo, tais como o processo de autonomização dos adolescentes (Giles & Maltby, 2004), o efeito dos estilos parentais e dos padrões de vinculação da infância nas relações íntimas de adultos (Neal & Frick-Horbury, 2001), bem como das diferenças intersexuais nas medidas de vinculação, analisada em adultos (Ross, 2008).
Goldman e Anderson (2007) investigaram a qualidade das relações de objecto de pacientes e a sua segurança de vinculação como preditores da aliança terapêutica inicial. Por sua vez, Priel e Besser (2001) concluíram que as representações que as mães recentes possuem sobre as suas próprias mães, mediavam a associação entre os seus modelos internos dinâmicos e as ligações psíquicas pré-natais com os seus bebés. Uma das metodologias mais utilizadas para integrar estas duas teorias tem sido o inventário de Bell, o Bell Object
Relations Inventory, aplicado em estudos com pacientes esquizofrénicos (e.g. Bell &
Bruscato, 2002; Bell, Lysaker & Milstein, 1992) e no campo das perturbações alimentares (Heesacker & Neimeyer, 1990). No entanto, será de sublinhar o facto de estas investigações serem realizadas maioritariamente em adultos, existindo uma considerável lacuna empírica no que se refere à infância.
Recentemente, Ramos (2008) efectuou uma pesquisa exploratória com uma amostra de crianças portuguesas institucionalizadas, vítimas de maus-tratos, utilizando a SCORS e a ASCT. Os seus resultados sugerem a existência de alguma convergência entre a qualidade dos modelos internos dinâmicos de vinculação e a tonalidade afectiva das relações de objecto. A presente investigação procura acrescentar alguma luz a esta interligação entre teorias que se espera que seja crescentemente proveitosa, procurando ainda alargar o espectro desta área de investigação para a infância.
1.2. Objectivos
Averiguar se crianças com um Modelo Interno Dinâmico de Vinculação mais seguro, possuem um mundo objectal interno mais estável e positivo, caracterizado pela expectativa de relações benignas e benevolentes entre os sujeitos.
Foi escolhida uma metodologia que permitisse comparar os resultados obtidos na exploração empírica de cada uma das teorias: A Attachment Story Completion Task (ASCT), tarefa de completamento de histórias desenvolvida no contexto da Teoria da Vinculação (Bretherton, Ridgeway & Cassidy, 1990), foi aplicada a uma amostra de 51 crianças em idade pré-escolar e escolar. As narrativas produzidas foram analisadas, de forma independente, relativamente à tonalidade afectiva do mundo objectal interno, avaliada segundo uma metodologia empírica psicanalítica (Social Cognition and Object Relations Scale [SCORS; Westen, 1995; Westen, Barends, Leigh, Mendel & Silbert., 2002; Westen, Lohr, Silk, Kerber & Goodrich, 2002; Hilsenroth, Stein & Pinsker, 2004]) e relativamente à qualidade das Representações de Vinculação emergentes.
2. MÉTODO 2.1 Participantes:
51 crianças portuguesas (25 rapazes e 26 raparigas) em idade pré-escolar e escolar, com idades variando entre os 65 e os 91 meses (M = 76.22; DP = 7.84), alunos dum estabelecimento de ensino privado da grande área de Lisboa. Todas as crianças frequentam o externato em regime diurno, vivendo com os seus pais, pertencendo a um estrato social médio/médio alto. As mães têm idades compreendidas entre 30 e 44 anos (M = 36; DP = 4) e os pais entre os 30 e os 53 anos (M = 38.58; DP = 5,732).
2.2 Instrumentos:
Escala de Inteligência de Wechsler para a Idade Pré-Escolar e Primária - Edição Revista (WPPSI-R; Wechsler, 1989)
Foram aplicados, por duas investigadoras independentes, os sub-testes verbais da WPPSI-R, com o objectivo de analisar as competências verbais das crianças e possíveis diferenças na capacidade lexical e compreensão verbal. A recolha dos dados foi realizada de forma individual, em dias separados da recolha das narrativas ASCT. As provas foram
aplicadas pela seguinte ordem: Prova de Informação, Prova de Vocabulário, Prova de Aritmética, Prova de Semelhanças e Prova de Compreensão.
Attachment Story Completion Task (ASCT; Bretherton, Ridgeway & Cassidy, 1990) Instrumento constituído por cinco inícios de histórias formulados com o intuito de activar as representações e sentimentos associados às experiências de vinculação das crianças: (1) “Sumo Entornado”: a figura de vinculação num papel de autoridade, (2) “Joelho Magoado”: a dor como despoletador de comportamentos de vinculação na criança e de protecção parental, (3) “Monstro no Quarto”: o medo como despoletador de comportamentos de vinculação na criança e protecção parental (4) “Partida”: a ansiedade de separação e capacidade de coping e (5) “Reencontro”: a reacção ao regresso dos pais (Bretherton, Ridgeway & Cassidy, 1990). É utilizado um conjunto de pequenas figuras humanas, introduzidas como pertencendo a uma mesma família (mãe, pai, duas crianças do mesmo sexo, mas de idades diferentes e uma vizinha), bem como um conjunto de adereços simples (mesa, cadeiras, carro, etc.) que complementam e acompanham cada uma das temáticas das histórias.
Cada história incompleta, iniciada pelo experimentador, deve ser completada pelas crianças. É efectuado o registo audiovisual da sessão, de modo a garantir um suporte com informação sobre os comportamentos verbais e não verbais da criança, essencial para a análise e cotação posterior das narrativas.
2.3 Metodologia de cotação da ASCT
Se, aquando da criação do instrumento, os autores propuseram uma avaliação categorial das narrativas em seguras e inseguras, atendendo às estratégias de vinculação predominantes, uma das particularidades da evolução do instrumento desde os anos 90 até ao presente, tem sido o facto de não obrigar à utilização de um sistema de cotação único, existindo a possibilidade de ajustar o processo de cotação (bem como a inclusão de novas histórias ou omissão de algumas das originalmente propostas), aos objectivos específicos de cada investigação em curso (Bretherton, 2008; Bretherton & Munholland, 2008; Murray, 2007; Solomon & George, 2008). Com efeito, vários estudos têm demonstrado a pertinência da sua utilização para avaliar áreas do funcionamento psíquico e inter-psíquico tão distintas quanto o desenvolvimento moral, a expressividade emocional, o comportamento pró-social, a representação parental, a agressividade, o locus de controlo, o temperamento, a natureza dos
processos defensivos, a regulação emocional, ou estratégias de resolução de conflitos (Bretherton & Oppenheim, 2003).
Representações de Vinculação
Sintetizando procedimentos de cotação prévios, optámos por uma avaliação dimensional das representações de vinculação num contínuo, privilegiando a extensão em que estão ou não presentes elementos da dimensão segurança – insegurança (Heller, 2000; Maia, Ferreira & Veríssimo, 2008).
Dois critérios são analisados, coerência e segurança, ambos avaliados numa escala de 8 pontos. No caso da coerência, é avaliada a congruência com que o sujeito consegue, ou não, resolver o problema apresentado, bem como o grau de complexidade desta resolução1. Assim, a escala varia de extremamente incoerente (1) - histórias incompreensíveis e bizarras, com sequências de acontecimentos violentos e dispersos, ou evitamentos massivos do problema em questão) a extremamente coerente - (8) - histórias lógicas, relacionadas e relevantes em que o sujeito lida com o problema de forma construtiva e imaginativa. Nos valores médios encontramos histórias moderadamente coerentes, em que o sujeito tem em conta o conflito da história sendo capaz de fornecer uma resolução mínima embora atravessada por alguns elementos de incoerência. As histórias tendem a ser muito curtas e há necessidade de repetidos incitamentos. Existem, geralmente, desvios ou contradições moderados que, contudo, não tornam a história bizarra ou desconexa. O critério da segurança constitui uma medida mais lata que, para além do critério de coerência e da capacidade de resolução do problema, tem também em conta os seguintes parâmetros: comportamento não verbal, emoção geral expressa, conhecimento emocional, representação parental, investimento na tarefa, fluência verbal e interacção com o entrevistador. É igualmente avaliada ao longo de uma escala de 8 pontos, que varia de Desorganizado (1) a Muito Seguro (8), e onde estão contidas as distintas cambiantes dos comportamentos de evitamento e de ambivalência.
1
Uma resolução é considerada mínima se, apesar do problema ser reconhecido e resolvido, existe pouca ou nenhuma elaboração nesta resolução. É completa quando acrescenta uma compreensão relacional da situação, havendo após a resolução imediata do problema, um retorno à normalidade. Finalmente, a história é considerada sem resolução se o problema apresentado não é tido em conta e solucionado, apesar dos incentivos específicos do entrevistador. A cotação resolução com reviravolta deve ser atribuída a histórias que são resolvidas (com ou sem conclusão pacífica) mas que são seguidas por uma inversão negativa, revés emocional, ou acontecimento bizarro.
Todas as histórias foram cotadas por um investigador treinado, independente da recolha de dados e desconhecedor de outras informações relativas às crianças. Para avaliar a validade das cotações, cerca de 60% das histórias foram analisadas por um avaliador adicional, também ele independente. O acordo inter-avaliadores foi de r = 0.81 para a Coerência e de r = 0.85 para a Segurança.
Tonalidade afectiva associada às relações de objecto
Investigadores independentes avaliaram as mesmas narrativas seguindo uma metodologia empírica psicanalítica, a Social Cognition and Object Relations Scale (SCORS; Westen, 1995; Westen et al., 2002a; 2002b; Hilsenroth, Stein & Pinsker, 2004). Desenvolvida para avaliar e analisar o mundo dos objectos internos, esta escala constitui um instrumento de avaliação clínica, utilizado para caracterizar as representações do funcionamento interpessoal dos sujeitos.
A SCORS analisa narrativas contendo episódios de relacionamento interpessoal, possuindo, na sua versão original, 5 dimensões, avaliadas numa escala de 5 pontos:
Complexidade das Representações de Pessoas; Tonalidade Afectiva do Paradigma das Relações;
Capacidade de Investimento Emocional nas Relações e nos Padrões de Moralidade; Capacidade de Investimento;
Compreensão da Causalidade Social
No presente estudo optámos por utilizar somente a Tonalidade Afectiva do Paradigma das Relações, dimensão que avalia a qualidade afectiva das representações de pessoas e relações, tendo em conta o conteúdo (positivo ou negativo) e a forma como são descritas as expectativas do indivíduo em relação aos outros com quem se relaciona. Na perspectiva psicanalítica, esta dimensão pode ser conceptualizada como a coloração afectiva do “mundo objectal” (de malevolente a benevolente), podendo ainda ser abordada numa perspectiva sócio-cognitiva, na qual se refere à qualidade afectiva das expectativas interpessoais (relações dolorosas e ameaçadoras ou agradáveis e enriquecedoras).
Pretendendo aceder à extensão em que a pessoa espera que as relações sejam destrutivas e ameaçadoras ou, pelo contrário, seguras e gratificantes, as pontuações possíveis podem variar em torno de cinco pontos:
(1) O sujeito entende o mundo social como sendo tremendamente ameaçador e/ou experiencia a vida como avassaladoramente caprichosa e dolorosa. Perspectiva os demais sujeitos como tendencialmente abandónicos, abusadores, ou destrutivos nas
relações interpessoais, sem qualquer razão, para além duma possível malícia ou despreocupação, classificando frequentemente as pessoas como vítimas ou vitimizadoras. A pessoa pode sentir-se tremendamente só.
(2) O sujeito representa o mundo social como hostil, caprichoso, vazio ou distante, mas não avassalador. Pode sentir-se sozinho, tendendo a conceber os outros como desagradáveis ou não cuidadores, mas não primariamente como ameaças à sua existência.
(3) O sujeito tem representações/esquemas sobre pessoas e expectativas interpessoais carregados de uma variedade de afectos, que não são primariamente positivos. Geralmente vê os outros como capazes de amar e de ser amados, de cuidar e de ser cuidados.
(4) O sujeito tem representações/esquemas sobre pessoas e expectativas interpessoais caracterizados por uma variedade de afectos, primariamente positivos. Em geral, perspectiva os outros sujeitos como capazes de amar e de ser amados, desfrutando da companhia dos demais, isto é, valorizando a proximidade relacional.
(5) O sujeito tem representações/esquemas sobre pessoas e expectativas interpessoais caracterizados por uma variedade de afectos. Geralmente esperam que as relações sejam benignas e mutuamente enriquecedoras. A pessoa espera intimidade, apreciação mútua e lealdade nas relações íntimas.
3. RESULTADOS
3.1 Segurança e coerência das representações de vinculação
As médias de Coerência para cada história oscilaram entre 5.19 (DP=1.39) e 5.55 (DP=1.17), No que se refere à Segurança as médias variaram entre 5.26 (DP=1.38) e 5.58 (DP=1.31).
Realizou-se uma análise correlacional para os valores de Coerência e de Segurança entre as cinco histórias, Para cada parâmetro foram encontradas correlações positivas e significativas em todas as histórias, pelo que, através da média dos valores de Coerência e Segurança foram criadas duas novas variáveis, Coerência Total (M=5.38; DP=1.01) e Segurança Total (M=5.43; DP=1.11).
As correlações entre os valores totais de Coerência Total e Segurança Total demonstraram a existência de uma correlação positiva e muito significativa (r = ,99; p<0.05),
permitindo agregar estas duas escalas numa única dimensão a que denominámos Qualidade
das representações de vinculação.
3.2 Relação entre a Qualidade das Representações de Vinculação, Competências Linguísticas e Variáveis Demográficas
Não foram encontradas associações significativas entre a variável Qualidade das representações de vinculação e o Género, Idade e Posição na fratria da criança, Idade, Estado civil, Habilitações literárias e Situação profissional dos pais, Igualmente, não se verificou uma correlação significativa entre o QI Verbal e a variável Qualidade das representações de vinculação, No entanto, encontram-se correlações significativas positivas, embora fracas, entre QI Verbal e Segurança (r=.26; p<0.05) e Coerência (r=.28; p<0.05), na história da Partida.
3.3 Tonalidade Afectiva do paradigma das relações
As médias para a Tonalidade Afectiva oscilaram entre 2.93 (DP = 0.58) e 3.17 (DP= 0.70 e 0.55), Realizou-se uma análise correlacional para os valores de Tonalidade Afectiva das cinco histórias, Verificaram-se valores positivos significativos em 80% das correlações bivariadas, Os coeficientes de correlação oscilaram entre 0.21 e 0.60, A Tonalidade Afectiva da história do Sumo Entornado não mostrou ter correlações significativas com as histórias Monstro no Quarto e Reencontro.
3,4 Relação entre a “Tonalidade Afectiva”, competências linguísticas e variáveis demográficas
Encontraram-se correlações significativas e positivas, moderadas, entre a idade das crianças e os valores da Tonalidade Afectiva em todas as histórias, excepto para a história do Monstro no Quarto (Sumo Entornado r= 0.32; p<0.05; Joelho Magoado r= 0.33; p< 0.01; Partida r= 0.37; p<0.05 e Reencontro r= 0.32; p<0.05), Finalmente, verificou-se uma correlação significativa positiva, embora fraca, entre o QI Verbal, e a história da Partida (r=,34; p<0.05).
3.5 Relação entre Tonalidade Afectiva e Qualidade das Representações de Vinculação As correlações entre a Tonalidade afectiva do paradigma das relações e a Qualidade das representações de vinculação apresentam-se na Tabela 1.
Tabela 1: Correlações entre a Tonalidade Afectiva das 5 narrativas e a Qualidade das Representações de Vinculação
Tonalidade Afectiva das Relações de Objecto
Qualidade das Representações de Vinculação r Sig, Sumo Entornado 0,57(**) 0,000 Joelho Magoado 0,58 (**) 0,000 Monstro no Quarto 0,16 0,134 Partida 0,45(**) 0,001 Reencontro 0,45 (**) 0,001
**Correlação significativa para p<0,01 (1-tailed),
4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os resultados encontrados vão no sentido de uma associação positiva forte entre a qualidade das representações de vinculação e a qualidade da tonalidade afectiva das representações internas de objecto, com a excepção da história do Monstro no quarto, Assim, em quatro das cinco histórias, crianças com representações de vinculação mais seguras e coerentes tendem a apresentar tonalidades afectivas das suas relações objectais mais positivas e benevolentes.
Desta forma, estes resultados revelam a existência de uma relação empírica entre os constructos da Teoria da Vinculação e os constructos das Teorias de Relação de Objecto, tal como proposto teoricamente por Lilleskov (1992), Goodman (2002), Fonagy (2001), Steele e Steele (1998) e Eagle (2003), entre outros, e reforçando os resultados obtidos por Neal e Frick-Horbury (2001) e Giles e Maltby (2004), Os dados vêm ainda ao encontro dos resultados obtidos por Ramos (2008) numa investigação análoga à presente, com uma amostra de crianças portuguesas institucionalizadas, vítimas de maus-tratos.
Adicionalmente, o QI Verbal revelou ter associações positivas quer com a tonalidade afectiva, quer com a coerência e segurança, apenas na história da Partida reforçando a ideia de que a capacidade de coping com cenários de separação aos cuidadores, temática clássica da Teoria da Vinculação, parece ser positivamente afectada pelo desenvolvimento verbal, estando associada a representações das relações mais positivas e benevolentes.
Por outro lado, os resultados evidenciam que, embora embora estejam significativamente relacionados, as representações de vinculação e as representações de
objecto internalizadas são divergentes nalguns aspectos e possuem algumas discrepâncias entre si, possuindo idiossincrasias específicas
1, Contrariamente ao que se verificou com os scores de qualidade das representações de vinculação, não se encontraram correlações bivariadas significativas entre os valores de tonalidade afectiva das cinco histórias, sugerindo que as temáticas abordadas pelas diferentes histórias que compõe o procedimento ASCT evocam aspectos diferenciados em termos de tonalidade afectiva das representações de objecto, Assim, não foram encontradas correlações significativas entre a história do Sumo Entornado e as histórias do Monstro no Quarto e Reencontro, Estas histórias e suas temáticas (autoridade e medo; autoridade e qualidade da reunião familiar após separação) parecem, então, não evocar aspectos relacionados entre si em termos de tonalidade afectiva das relações de objecto.
2, Contrariamente à qualidade das representações de vinculação, foram detectadas associações positivas entre a tonalidade afectiva e a idade das crianças, (excepto na história do Monstro no Quarto) sugerindo que um maior desenvolvimento verbal permite uma melhor gestão da tonalidade afectiva das temáticas específicas abordadas nestas histórias, Estes resultados vão ao encontro de investigações que têm vindo a demonstrar a forma como o desenvolvimento linguístico pode ser um elemento organizador da psique humana (e,g, Streit, 1988; Barone, 2006).
A história do Monstro no Quarto
Os resultados encontrados demonstraram que esta histórica, com uma temática relacionada com o medo, é a única que não apresenta uma correlação significativa entre a tonalidade afectiva das relações de objecto, e as representações de vinculação, As conceptualizações psicanalíticas sobre o medo, a ansiedade e a ansiedade neurótica são centrais na na compreensão das diferentes estruturas psíquicas que o ser humano constrói no seu desenvolvimento (Bienenfeld, 2005; Kernberg, 2005; Kohut, 1977, 1988; Lemma, 2003), Desta forma, não será de estranhar que esta temática assuma contornos especiais na análise da dimensão de relação de objecto internalizada, se entendermos que o medo do monstro assume uma dimensão de angústia interna, determinada pela fantasia do próprio, estando-se mais num plano do inconsciente, onde outros aspectos susceptíveis de processamento menos consciente poderão influir na produção destas histórias, Já nas restantes histórias, onde se verificou a existência de uma relação significativa e positiva entre vinculação e tonalidade afectiva, as crianças são levadas a lidar com situações reais do quotidiano, ou seja, cenários relacionais que evocam processos mentais mais do plano do consciente.
Encontrou-se também uma diferença significativa no género da criança ao nível da tonalidade afectiva da história do Monstro no Quarto, em que as raparigas apresentam tonalidades afectivas mais positivas que os rapazes, Esta diferença apresenta-se como mais uma divergência entre representações de vinculação e representações de objecto internalizadas, já que ao nível da vinculação o género não demonstrou diferenças significativas.
Levit (1991) afirma que a teoria psicanalítica clássica refere a existência de diferenças intersexuais ao nível da personalidade, sugerindo que as raparigas tendem a possuir uma orientação mais passiva e os homens e rapazes uma orientação mais activa, possuindo diferenças ao nível dos seus esquemas defensivos, As investigações empíricas têm vindo a suportar a hipótese de que existem diferenças intersexuais ao nível dos esquemas defensivos, em que o sexo masculino tende a apresentar maiores níveis de defesas externalizantes, como a projecção e a agressão orientada para fora (deslocamento e formas agressivas de
acting-out), enquanto que o sexo feminino tende a utilizar mais defesas internalizantes, tais como o
virar-se contra o self (Levit, 1991; Cramer, 1983; 1987; Gleser & Ihilevich, 1969; Massong, Dickson, Ritzier & Layne, 1982), Os resultados dos estudos citados sugerem que estas diferenças comecem a emergir na denominada “idade da latência”, ou seja, sensivelmente entre os 5 anos e os 12 anos (Cramer, 1979) e continuem ao longo da adolescência.
Os resultados obtidos ao nível da história do Monstro no Quarto, que apresentam diferenças intersexuais ao nível da tonalidade afectiva, podem ser explicados pela existência de diferenças ao nível dos esquemas defensivos, com as raparigas a beneficiarem desse efeito na produção de narrativas com tonalidades afectivas mais positivas que os rapazes, Seria necessário realizar-se uma análise mais aprofundada ao nível das narrativas produzidas para testar esta hipótese, Finalmente, o aparecimento destas diferenças na idade da amostra da presente investigação vem sugerir que talvez seja mais precoce a emergência de diferenças ao nível do esquema defensivo.
O presente estudo permitiu verificar que a Teoria da Vinculação, através do conceito de Modelos Internos Dinâmicos e as Teorias de Relação de Objecto da Psicanálise, através do conceito de Representações de Objecto Internalizadas se encontram relacionadas entre si, possuindo, no entanto, algumas especificidades próprias.
Foi possível compreender como as representações de vinculação se parecem estabelecer independentemente de outras variáveis do desenvolvimento e contexto, tais como o género, a idade, o QI verbal, o estado civil dos pais ou a sua formação académica, Já no que concerne às representações de objecto internalizadas, percebeu-se que estas estão muito mais
associadas a essas variáveis, estando relacionadas com algumas delas segundo temáticas diferenciadas.
Finalmente, será de sublinhar as diferenças encontradas ao nível das temáticas associadas a cada uma das histórias, Assim, as temáticas relacionadas com o medo parecem possuir um lugar de destaque na divergência entre representações de vinculação e representações internas de objecto.
AGRADECIMENTOS
Os autores gostariam de agradecer a todas as crianças que aceitaram participar neste estudo, financiado em parte pela F,C,T (PTDC/PSI/64149/2006), Os autores gostariam ainda de agradecer a todos os colegas da linha 1, Psicologia do Desenvolvimento, da UIPCDE pelos seus comentários valiosos,
CONTACTO PARA CORRESPONDÊNCIA Alexandra Pinto
UIPCDE, ISPA, Rua Jardim do Tabaco, 34, Lisboa apinto@ispa,pt
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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