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A jurisdição é exercida, em cada caso, por um único órgão competente. Administração da unicidade da jurisdição.

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Questão 01 - O que é competência? Discorra sobre o princípio da perpetuação da competência. Diferencie competência relativa, absoluta e mista.

COMPETÊNCIA

A jurisdição é exercida, em cada caso, por um único órgão competente. Administração da unicidade da jurisdição.

“Medida da jurisdição”

“Capacidade para o exercício do poder jurisdicional”

Capacidade para exercer o poder jurisdicional dado pela CF e pela legislação infraconstitucional.

Competência está ligado ao pressuposto da validade dos atos decisórios – art. 113, §2º do CPC.

1 - COMPETÊNCIA INTERNA:

Divisão da competência por todos os órgãos do Poder Judiciário do Brasil. Art. 92 da CF define os órgãos de Poder Judiciário.

2 – CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA:

2.1 - COMPETÊNCIA ABSOLUTA E COMPETÊNCIA RELATIVA

A competência é classificada conforme a possibilidade da parte de poder alterá-la, conforme a disposição, ou não, pela vontade das partes.

“Os indicadores de competência absoluta constituem grupo de regras cogentes, determinadas no interesse público, não se admitindo que as partes possa convencionar de forma distinta da previsão legal, gerando, ademais, sanções muito mais graves. Por seu turno, as diretrizes de competência relativa são postas, sobretudo, no interesse das partes, razão pela qual podem elas dispor sobre esses critérios, alterando o regime legal (e, por conseqüência, o foro competente para a demanda)” (Processo de Conhecimento. Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart, 7ª ed., p. 43)1

Competência Absoluta: (não pode ser modificada) Características:

- juiz conhece de ofício; - é improrrogável;

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- a incompetência absoluta é alegada como preliminar de mérito na contestação- art. 301 do CPC;

- atacada por ação rescisória – art. 485 do CPC

Via de regra, encontra-se definida a competência absoluta na primeira parte do art. 111 do CPC, estabelecendo:

“Art. 111. A competência em razão da matéria e da hierarquia é inderrogável por convenção das partes (...)”

Portanto, é tida como absoluta, a competência definida em razão da matéria e da hierarquia, não estando à disposição das partes a alteração da competência, pois estabelecida de forma absoluta pelo CPC.

- Competência em razão da matéria (ratione materiae): determinação da competência pela matéria submetida a litígio – causa de pedir e pedido. Existência de varas especializadas. Normas de Organização Judiciária Local.

Súmula 206 do STJ: A EXISTENCIA DE VARA PRIVATIVA, INSTITUIDA POR LEI ESTADUAL, NÃO ALTERA A COMPETENCIA TERRITORIAL RESULTANTE DAS LEIS DE PROCESSO.

VOTO

O Senhor Ministro Milton Luiz Pereira (Relator): depreende-se que, em ação em que se discute correção monetária de créditos decorrentes de ICMS, foi oposta e acolhida exceção de incompetência com o fito de que seja processada em uma das Varas dos feitos da Fazenda Pública da Capital, onde o Estado tem foro privativo, provocando o agravo, julgado conforme sumariado na ementa:

"Processual Civil. Ação em Que é Parte o Estado Federado. Competência. Foro da Capital e Foro do Local do Fato. CPC, Art. 100, Inc. IV, Letras 'a' e 'd'. 1. A Justiça deve adeqüar-se aos novos tempos, ou seja, facilitar aos interessados o acesso, o que, naturalmente, não aconteceria com a obrigação de o contribuinte demandar contra o Estado no foro da Capital, sobre tornar as demandas difíceis e onerosas para os contribuintes. 2. O Estado pode ser demandado, tanto no foro especial da Capital. Quanto no juízo em cujo território ocorreu o fato em torno do qual se desenvolve o demanda. 3 . Recurso provido." (fls. 57)

Presentes os requisitos de admissibilidade, o recurso merece ser conhecido (art. 105. III. a, c, C.F.). Colocando o exame do assunto, transluz questão jurídica conhecidíssima e objeto de iterativos julgados desta Turma, por isso, inter alia, pela assemelhação de causa, apropriando-me da fundamentação acostada no voto que, relatando, proferi no Resp 39.375-2-SC, assim:

"A circunstância de figurar a Fazenda do Estado no pólo passivo da relação processual não desloca a competência do foro. A ré não tem o privilégio de foro privilegiado ou especial, com força atrativa das ações regularmente ajuizadas perante outros Juízos.

No mesmo sentido é o entendimento adotado no acórdão inserto na RJTJESP 5/162. Ed. Lex, Relator Desembargador Affonso André: "... todas as causas que devam ocorrer na Comarca da Capital onde está o domicílio do Governo, hão de ser distribuídas às varas especializadas, quando a Fazenda do Estado for autora, ré ou interveniente. Mas as causas que pertencem à

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de organização judiciária, ser transferida para a comarca da capital, ainda que nelas figure a Fazenda Estadual como autora, ré ou interveniente' Correta, portanto, a decisão impugnada, que se filiou à maciça corrente jurisprudencial e doutrinária, inexistindo, in casu, a violação argüida pela recorrente" (fls. 33/34).”

- Competência em razão da pessoa (ratione personae): por exemplo União Federal, autarquia federal ou empresa pública federal para a Justiça Federal. Por exemplo Estado para a Justiça Estadual.

CF - Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

Súmula 42 do STJ: COMPETE A JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR AS CAUSAS CIVEIS EM QUE E PARTE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA E OS CRIMES PRATICADOS EM SEU DETRIMENTO.

“PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. AÇÕES PREFERENCIAIS. INTERESSE DA UNIÃO. COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO. 1. O recurso especial não pode ser conhecido pela alínea "a" quando os dispositivos de lei indicados como violados não contêm comando suficiente para infirmar os fundamentos do acórdão recorrido (Súmula 284/STF). (Resp. nº 654223/SP, DJ. 05.10.2006). 2. A título de argumento obter dictum, vale transcrever precedente desta Corte de Justiça, em consonância com o entendimento do aresto objurgado: Competência. Ação de indenização. Banco do Estado de Santa Catarina. Sociedade de economia mista. I. - Ainda que o controle societário do BESC esteja com a União Federal, permanece ainda a sua condição de sociedade de economia mista, sendo da competência da Justiça comum estadual apreciar ações contra ele propostas. Aplicação da Súmula 42 desta Corte.

II. - Conflito conhecido e provido para declarar competente o suscitado. (STJ - CONFLITO DE COMPETENCIA - 37975 Fonte DJ DATA:09/06/2003) 3. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1105602/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/06/2009, DJe 06/08/2009)”

Súmula 42 do STJ: "Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento"

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SUCESSÃO LEGAL DA RFFSA. INGRESSO DA UNIÃO NO FEITO. DESLOCAMENTO DA COMPETÊNCIA DO FEITO PARA A JUSTIÇA FEDERAL. SÚMULA 365/STJ. 1. "A intervenção da União como sucessora da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) desloca a competência para a Justiça Federal ainda que a sentença tenha sido proferida por Juízo estadual" (Súmula n. 365/STJ). 2. Recurso especial provido. (REsp 1036223/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/12/2010, DJe 08/02/2011)

Súmula 556 do STF: É COMPETENTE A JUSTIÇA COMUM PARA JULGAR AS CAUSAS EM QUE É PARTE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA.

Justiça Estadual exerce competência delegada da Justiça Federal CF - Art. 109

§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.

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§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.

Lei 5.010/66 - Art. 15. Nas Comarcas do interior onde não funcionar Vara da Justiça Federal (artigo 12), os Juízes Estaduais são competentes para processar e julgar:

I - os executivos fiscais da União e de suas autarquias, ajuizados contra devedores domiciliados nas respectivas Comarcas;

INTERVENÇÃO ANÔMALA – LEI 9.469/97

Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais.

Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 535 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. DISCUSSÃO RELATIVA AO EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO SOBRE O CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA. AÇÃO PROPOSTA APENAS CONTRA A ELETROBRÁS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. PEDIDO DE INTERVENÇÃO NO FEITO FORMULADO PELA UNIÃO APÓS A PROLAÇÃO DA SENTENÇA. ART. 5º, DA LEI 9.469/97 E 50, DO CPC. DESLOCAMENTO DA COMPETÊNCIA PARA O TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL PARA APRECIAÇÃO DO PEDIDO DE INTERVENÇÃO E JULGAMENTO DOS RECURSOS. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543-C DO CPC. 1. Demanda envolvendo questões referentes ao empréstimo compulsório sobre energia elétrica proposta unicamente contra a Eletrobrás, perante a justiça estadual. Na hipótese, a União requereu o ingresso no feito, com fundamento nos artigos 5º, da Lei 9.469/97 e 50, do CPC, após a prolação da sentença pela justiça estadual. 2. No que se refere à competência para dirimir questões referentes ao empréstimo compulsório sobre energia elétrica, a jurisprudência desta Corte se firmou no sentido que a competência da justiça federal é definida em razão das partes litigantes e não da matéria em discussão, de sorte que, sendo a demanda proposta unicamente em desfavor da Eletrobrás, a competência para sua apreciação é da justiça estadual, ao passo que, ingressando a União no feito, a competência passa a ser da justiça federal, por força do que determina o artigo 109, inciso I, da Constituição Federal. 3. O pedido de intervenção da União realizado após a prolação da sentença enseja tão somente o deslocamento do processo para o Tribunal Regional Federal, para que examine o requerimento de ingresso na lide e prossiga (se for o caso) seu julgamento, sem a automática anulação da sentença proferida pelo juízo estadual. 4. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ. 5. Recurso especial parcialmente provido, para determinar a manutenção da sentença de primeiro grau e a remessa dos autos para o competente TRF, a fim de que se proceda à apreciação do pedido de intervenção da União e, se aceito, se realize o julgamento das apelações. (REsp 1111159/RJ, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/11/2009, DJe 19/11/2009)

- Competência Funcional: cada órgão do Poder Judiciário possui legalmente sua função estabelecida. Competência determinada pela lei. Assim, os Tribunais, na regra, possuem

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competência recursal (hierárquica). Competência Originária dos tribunais para o julgamento da ação rescisória.

- absoluta funcional horizontal: entre juízes do primeiro grau. Ex: juízo da cautelar é o juízo do processo principal; juízo do conhecimento para a fase de cumprimento de sentença. Exceção art. 475-P, parágrafo único do CPC.

- absoluta funcional vertical: vínculo de hierarquia entre juiz e Tribunal.

Nestes casos de competência absoluta, a verificação de nulidade, de não-cumprimento, ou seja, de incompetência absoluta se dará na própria contestação, não estando sujeita ao incidente de exceção de incompetência. A exceção de incompetência será somente para competência relativa. Caso constatada a incompetência absoluta, o réu irá alegar como preliminar de contestação, na forma do art. 301, II do CPC.

“Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser alegada, em qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de exceção.

§ 1o Não sendo, porém, deduzida no prazo da contestação, ou na primeira oportunidade em que Ihe couber falar nos autos, a parte responderá integralmente pelas custas.”

§ 2o Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos, remetendo-se os autos ao juiz competente.”

“A competência material e funcional são de natureza absoluta, não admitindo prorrogação nem derrogação por vontade das partes, porque ditas em nome do interesse público. O juiz deve pronunciar ex officio a incompetência absoluta; as partes e os intervenientes podem requerer seu exame a qualquer tempo e grau de jurisdição. (...) A sentença transitada em julgado proferida por juiz absolutamente incompetente é passível de impugnação por ação rescisória” – Nelson Nery Junior

O juiz incompetente recebe o processo determina a citação do réu e concede liminar sem a oitiva do demandado. Este, por sua vez, apresenta contestação e exceção de incompetência que vem a ser julgada procedente, determinando a remessa dos autos ao juizo competente. Nesta situação hipotética, a liminar terá sua nulidade decretada, sendo expedido novo mandado de citação?

Somente a declaração de incompetência absoluta implica em invalidade dos atos decisórios, a teor do que estabelece o artigo 113, § 2º, do Código de Processo Civil.

Competência Relativa (pode ser modificada): Características:

- juiz não conhece de ofício;

- é prorrogável – juiz incompetente relativamente transforma-se em juiz competente; - preclusão temporal;

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- não há ação rescisória.

Na regra, é aquela que poderá ser modificada por acordo das partes. Na acepção clássica, é o chamado foro de eleição estipulado pelas partes. Estabelecida em razão do valor e do território, conforme parte final do art. 111 do CPC, senão vejamos:

“(...) mas estas podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações

§ 1o O acordo, porém, só produz efeito, quando constar de contrato escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico.

§ 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.”

Frise-se que a competência relativa é prorrogável, ou seja, somente será decreta pelo juiz a incompetência relativa quando a parte suscitar por meio da exceção de incompetência. Não existindo a exceção de incompetência (art. 304), será prorrogada a competência com a chamada modificação de competência.

“Porque ditadas no interesse privado, como atuação do princípio do dispositivo, as competências territorial e pelo valor da causa são relativas. O juiz não pode pronunciar de ofício a incompetência relativa (STJ 33), porque depende da iniciativa exclusiva do réu. Na ausência de impugnação pelo réu, por meio de exceção de incompetência, prorroga-se a competência, e o juiz que era originariamente relativamente incompetente se torna competente. Sua sentença é válida e não padece de nenhum vício; não pode ser rescindida por ação rescisória. V., todavia, CPC 112, par. ún.” – Nelson Nery Junior.

“Art. 112. Argúi-se, por meio de exceção, a incompetência relativa.

Parágrafo único. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser declarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu. (Lei 11.280/2006)”

“Art. 114. Prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar na forma do parágrafo único do art. 112 desta Lei ou o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais.”

Em alguns casos, mesmo sendo determinada pelo valor e pelo território, a competência poderá ser considerada absoluta, como nos casos de ações imobiliárias (art. 95 do CPC - sendo o foro competente de maneira absoluta o da localização do imóvel), bem como as causas do Juizado Especial Federal – Lei 10.259 - 60 salários mínimos.

Por fim, cumpre referir a competência obrigatória dos foros regionais, matéria de ordem pública – competência absoluta.

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Exceção de Incompetência

Na forma de exceção, sempre irá se referir à exceção de incompetência relativa (valor e território). Aqui, ressalte-se que não se aplica a regra do art. 304, visto que a legitimidade é exclusiva do Réu ou Ministério Público.

Aqui aplica-se a disciplina da competência. Ressalte-se que a incompetência relativa é sempre originária, ou seja, não se pode falar de incompetência relativa por fato superveniente, pois aplica-se a perpetuação da jurisdição.

Art. 307. O excipiente argüirá a incompetência em petição fundamentada e devidamente instruída, indicando o juízo para o qual declina. (Na sua petição o excipiente é obrigado a indicar o foro ou juízo competente).

Art. 308. Conclusos os autos, o juiz mandará processar a exceção, ouvindo o excepto dentro em 10 (dez) dias e decidindo em igual prazo

Art. 309. Havendo necessidade de prova testemunhal, o juiz designará audiência de instrução, decidindo dentro de 10 (dez) dias.

Art. 310. O juiz indeferirá a petição inicial da exceção, quando manifestamente improcedente. (por exemplo no caso de intempestividade. caso não seja admitida a exceção caberá agravo de instrumento/fungibilidade, de igual forma, do julgamento da exceção de incompetência relativa, caberá agravo de instrumento).

Art. 311. Julgada procedente a exceção, os autos serão remetidos ao juiz competente.

Ocorre que a incompetência relativa, na regra, com exceção da cláusula de eleição nos contrato de adesão1, não poderá ser decretada de ofício pelo juiz, possuindo, inclusive, prazo preclusivo, sob pena de prorrogação da competência, conforme dispõe o art. 114 do CPC. “Procedência. Acolhida a exceção, o juiz remeterá os autos do processo principal para o foro ou juízo competente. Diferentemente da incompetência absoluta que,se reconhecida, enseja a anulação dos atos decisórios praticados pelo juiz absolutamente incompetente (CPC 113 §2º), as decisões proferidas pelo juízo relativamente incompetente devem ser mantidas, inclusive a que determinou a citação”2

“Improcedência. Rejeitada a exceção, cessa a suspensão e o processo prossegue normalmente no juízo de origem, retomando seu curso. Essa decisão é impugnável pelo recurso de agravo.” 3

1

Art. 112. Argúi-se, por meio de exceção, a incompetência relativa. Parágrafo Único. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser declarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo do domicílio do réu.

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Nelson Nery Jr.

3

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AGRAVO. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. PRORROGAÇÃO. Tratando-se de hipóteses de competência relativa, e não tendo sido oposta tempestivamente a exceção quando da resposta a ação cautelar, operou-se a preclusão do direito de argüi-la, e prorrogou-se a competência do foro onde a causa foi ajuizada, nos termos do art. 114 do CPC. Agravo provido” (AI 19724754)

“COMPETÊNCIA. PRORROGAÇÃO. MEDIDA CAUTELAR DE SUSTAÇÃO DE PROTESTO E AÇÃO ORDINÁRIA. Ajuizada medida cautelar de sustação de protesto na comarca da praça de pagamento do cheque e não levantada, no prazo da resposta, exceção de incompetência com o fito de deslocar a demanda para o foro do domicilio da ré, prorroga-se a competência do juízo, que resta prevento para conhecer e julgar também a ação principal de rescisão contratual, cumulada com perdas e danos e anulatória de título. A prevenção opera em ambos os sentidos, seja qual for a demanda aforada por primeiro: a principal ou a cautelar. Não incidência do disposto no art. 100, inc. V, letra "a", do CPC. Agravo provido, para julgar improcedente a exceção de incompetência. Uniforme” (AI 195141023)

Competência Mista - juiz conhece de ofício

- prorrogação de competência

“Art. 112. Argúi-se, por meio de exceção, a incompetência relativa.

Parágrafo único. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser declarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu. (Lei 11.280/2006)”

3 – COMPETÊNCIA LEGALMENTE DETERMINADA/PRERROGATIVA DE FORO Art. 94 ao 100 do CPC

- Direito pessoal e ação real sobre bens móveis – foro do domicílio do réu; (art. 94);

- Direito real sobre imóveis / direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova – foro da situação da coisa; (art. 95);

- A ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio de seu representante.

- Inventário - Art. 96. O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.

Parágrafo único. É, porém, competente o foro:

I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo;

II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio certo e possuía bens em lugares diferentes.

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- Foro da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento; (art. 100, I)

- Foro do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos; (art. 100, II)

- Foro do lugar do ato ou fato:

a) para a ação de reparação do dano;

b) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios.

Parágrafo único do art. 100. Nas ações de reparação do dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato. CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA (JUSTIÇA FEDERAL). AÇÃO CAUTELAR (JUSTIÇA ESTADUAL). DANOS AO MEIO AMBIENTE. CONEXÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. Hipótese em que o Parquet federal e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, individual e respectivamente, ajuizaram Ação Civil Pública (Justiça Federal) e Ação Cautelar com base na mesma situação jurídica: edificação supostamente irregular em imóvel localizado em área sujeita à proteção ambiental. 2. A concorrência de atribuições administrativas relacionadas às medidas de fiscalização ambiental deu ensejo à propositura de demandas similares nas Justiças Comum e Federal. 3. Havendo, porém, inequívoca conexão entre as causas, impõe-se a reunião no mesmo juízo, para o fim de evitar decisões conflitantes. 4. A competência da Justiça Federal, disciplinada no art. 109, I, da Constituição, é fixada em razão da pessoa. Um dos fatores que a justificam, portanto, é a presença do Ibama, réu na Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público Federal. 5. Ademais, o princípio federativo impede que a União ou suas autarquias fiquem sujeitas à jurisdição comum. Precedente do STJ. 6. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo Federal. (CC 78.058/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/11/2010, DJe 01/02/2011)

Súmula 489 – STJ - Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as ações civis públicas propostas nesta e na Justiça estadual.

PRINCÍPIO DA PERPETUATIO JURISDICIONIS:

Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia.

“A norma institui a regra da perpetuação da competência (perpetuatio iurisdictionis), com a finalidade de proteger a parte (autor ou réu), no sentido de evitar a mudança do lugar do processo toda vez que houver modificações supervenientes, de fato ou de direito, que pudessem, em tese, alterar a competência. Estas modificações são irrelevantes para a determinação da competência, que é fixada quando da propositura da ação. Só incide a regra se o juízo for competente, pois não há estabilização da competência em juízo incompetente.” – Nelson Nery Junior

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Comentários – Informativo STJ 504

TEMPESTIVIDADE DE RECURSO. FERIADO LOCAL. COMPROVAÇÃO POSTERIOR EM AGRAVO REGIMENTAL.

Adotando recente entendimento do STF, a Corte Especial decidiu que, nos casos de feriado local ou de suspensão do expediente forense no Tribunal de origem que resulte na prorrogação do termo final para interposição do recurso, a comprovação da tempestividade do recurso especial pode ser realizada posteriormente, quando da interposição do agravo regimental contra a decisão monocrática do relator que não conheceu do recurso por considerá-lo intempestivo. Precedentes citados do STF: AgRg no RE 626.358-MG, DJe 23/8/2012; HC 108.638-SP, DJe 23/5/2012; do STJ: AgRg no REsp 1.080.119-RJ, DJe 29/6/2012. AgRg no AREsp 137.141-SE, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 19/9/2012.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA ENTRE A JUSTIÇA ESTADUAL E A FEDERAL. RÉUS DISTINTOS. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS. COMPETÊNCIA ABSOLUTA RATIONE PERSONAE.

Compete à Justiça estadual processar e julgar demanda proposta contra o Banco do Brasil, sociedade de economia mista, e à Justiça Federal processar, nos termos do art. 109, I, da Constituição Federal, julgar ação proposta contra a Caixa Econômica Federal, empresa pública federal. Ante a incompetência absoluta em razão da pessoa, mesmo que se cogite de eventual conexão entre os pedidos formulados na exordial, ainda assim eles não podem ser julgados pelo mesmo juízo. CC 119.090-MG, Rel.Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 12/9/2012.

JULGAMENTO EXTRA PETITA. LIMITE COGNITIVO DA APELAÇÃO.

A Turma reiterou, entre outras questões, que o julgamento extra petita viola a norma contida nos arts. 128 e 460 do CPC, que adstringe o juiz a julgar a lide nos limites das questões suscitadas, impondo a anulação da parte da decisão que exacerbar os limites impostos no pedido. Assim, com a instauração da demanda, considera-se aquilo que se pretende a partir de uma interpretação lógico-sistemática do afirmado na petição inicial, recolhendo todos os requerimentos feitos em seu corpo, e não só os constantes em capítulo especial ou sob a rubrica dos pedidos. Na hipótese, cuidou-se, na origem, de ação de interdito proibitório (ajuizada pela recorrida) que objetivava o impedimento de quaisquer obras em área destinada a estacionamento. Concomitantemente, ajuizou-se ação de manutenção na posse objetivando, além da manutenção na posse, o desfazimento das obras e jardins construídos no local litigioso, sendo a liminar concedida. Posteriormente, quando convocada nova assembleia geral para deliberação de mudança do local do estacionamento para outra área, a recorrida propôs ação cautelara fim de impedir sua realização, cuja liminar foi indeferida. Outrossim, em razão da perda do objeto da ação decorrente do resultado da assembleia, os recorridos pleitearam a extinção do processo. Diante da conexão, sobreveio sentença conjunta relativa às ações possessórias e à cautelar. Quando do julgamento da apelação, o tribunal a quo decidiu pela nulidade da assembleia geral que determinou a

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transferência do local do estacionamento, apesar de o pedido declinado na ação cautelar ter-se restringido à suspensão da realização da assembleia. Assim, verificou-se que, in casu, não constou, na ação de interdito, tampouco na demanda de manutenção na posse, pedido para coibir eventual convocação de assembleia geral que deliberasse acerca da mudança do local do estacionamento dos associados, bem como não há pedido de anulação de deliberação quanto a essa questão, até porque a mencionada assembleia é posterior à propositura daquelas demandas. Daí, para o Min. Relator, é forçoso reconhecer presente o julgamento extra petita, o que leva à anulação do acórdão que julgou a apelação, devendo outro ser proferido referente à perda do objeto recursal, ficando superada a questão da validade da deliberação da assembleia no ponto relacionado à transferência do estacionamento para outro local. Precedentes citados: REsp 1.316.926-SP, DJe 15/8/2012; AR 3.206-RS, DJe 24/8/2012, e AgRg nos EDcl no Ag 1.041.668-MG, DJe 26/6/2009. REsp 1.294.166-GO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/9/2012.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 119.090 - MG (2011⁄0226731-8)

SUSCITANTE : JUÍZO FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL DE POUSO ALEGRE - SJ⁄MG SUSCITADO : JUÍZO DE DIREITO DA 2A VARA CÍVEL DE POÇOS DE CALDAS - MG INTERES. : WALDIR FERREIRA FELIPE

ADVOGADO : RODRIGO PAIVA FONSECA

INTERES. : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF E OUTRO RELATÓRIO

MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO (Relator):

Trata-se de conflito negativo de competência suscitado, nos termos do art. 105, I, "d", da Constituição Federal, pelo JUÍZO FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL DE POUSO ALEGRE - SJ⁄MG, em face do JUÍZO DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DE POÇOS DE CALDAS⁄MG, nos autos de ação de cobrança proposta por WALDIR FERREIRA FELIPE contra a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF e o BANCO DO BRASIL S⁄A, em que postula a diferença de correção monetária dos depósitos efetuados em cadernetas de poupança mantidas nas referidas instituições financeiras, com a inclusão dos denominados expurgos inflacionários.

O Juízo Estadual, de ofício, declinou da competência para a Justiça Federal, invocando o art. 109, I, da Constituição Federal, ao argumento, em resumo, de que figura como ré na ação empresa pública federal, no caso a CEF. (fls. 53)

O Juízo Federal, por sua vez, afirmou que a competência para processar e julgar o feito é da Justiça Federal, aduzindo, em síntese, verbis:

"(...) entendo não ser o Juizado Especial Federal integralmente competente para julgamento das demandas, porquanto o Banco do Brasil, em decorrência de sua natureza jurídica de sociedade de economia mista federal, não se ajusta ao disposto no art. 109, I, da Constituição da República de 1988.

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O feito deveria ter sido desmembrado, a fim de que a demanda referente ao Banco do Brasil permanecesse na esfera de competência do Juízo Estadual. Ao contrário, decidiu por encaminhar os autos ao Juizado Especial Federal, produzindo o conflito ora suscitado.

É que não se vislumbra hipótese de conexão ou de cumulação de demandas, já que a pretensão autoral envolve a revisão de créditos, a título de correção monetária, relativa a contas distintas vinculadas a instituições bancárias diversas.

A simples presença da Caixa Econômica Federal no polo passivo da demanda não implicaria, por si só, a competência do Juizado Especial Federal para julgamento da causa relativa ao Banco do Brasil." (fls. 2⁄4)

O Ministério Público Federal opinou pela competência do Juízo suscitado, em parecer assim ementado:

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CONTRATO BANCÁRIO. CADERNETAS DE POUPANÇA. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. CUMULAÇÃO INDEVIDA DE DEMANDAS. SÚMULA 170⁄STJ.

1 - Verifica-se, na espécie, que a petição inicial traz em seu bojo acumulação indevida de demandas, o que afronta o disposto no artigo 292, § 1º, inciso II, do Código de Processo Civil, pois no caso sob análise, no polo passivo da demanda figura a Caixa Econômica Federal (atraindo a competência da Justiça Federal) e o Banco do Brasil, que por ser sociedade de economia mista, não tem o condão de deslocar a competência para o Juízo Federal, conforme entendimento assentado na Súmula 42⁄STJ.

2 - Aplicação, por analogia, da Súmula 170⁄STJ, segundo a qual: "Compete ao Juízo onde primeiro for intentada a ação envolvendo acumulação de pedidos, trabalhista e

estatutário, decidi-la nos limites da sua jurisdição, sem prejuízo do ajuizamento de nova causa, com o pedido remanescente, no Juízo próprio" (Súmula 170⁄STJ).

3 - Parecer para se conhecer do conflito e declarar competente o Juízo de Direito da 2ª Vara Cível de Poços de Caldas - MG, ora suscitado, vez que foi o primeiro a tomar conhecimento da causa, para que, nos limites de sua competência, solucione a demanda contra o Banco do Brasil S⁄A, sem prejuízo de propositura de demanda própria contra a Caixa Econômica Federal no Juízo Federal competente. (fls. 63⁄70).

É o relatório.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 119.090 - MG (2011⁄0226731-8) VOTO

MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO (Relator): Eminentes Colegas, assiste razão ao Juízo suscitante.

Conforme se depreende da exordial, trata-se de ação em que o autor objetiva o recebimento da diferença de correção monetária dos depósitos efetuados em cadernetas de poupança mantidas no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal, com a inclusão dos denominados expurgos inflacionários, decorrentes dos planos "Bresser" e "Verão".

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De início, impende ressaltar que, nos termos da súmula 42⁄STJ, "compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento."

Nesse contexto, compete à Justiça Estadual processar e julgar as demandas propostas contra o Banco do Brasil, sociedade de economia mista.

A propósito:

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ELETROBRÁS. AÇÃO AJUIZADA CONTRA A SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. AUSÊNCIA DOS ENTES ELENCADOS NO ART. 109, I, DA CF. SÚMULA 42⁄STJ. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.

Na linha de orientação desta Corte Superior, em regra, a competência da Justiça Federal é fixada em razão da pessoa (CF, art.109, I), sendo irrelevante a natureza da lide.

A ação ordinária foi proposta apenas em face da Eletrobrás, sociedade de economia mista, não havendo, portanto, interesse de nenhum ente descrito no art. 109, I, da CF, no presente feito, devendo ser julgada pela Justiça Comum Estadual, no exato teor da Súmula n.º 42 deste Superior Tribunal de Justiça.

Agravo regimental improvido.

(AgRg no CC 76.015⁄RJ, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27⁄02⁄2008, DJe 05⁄03⁄2008)

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO ORDINÁRIA. RETENÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. DEPÓSITO RECURSAL. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. LEGITIMIDADE PASSIVA. BANCO DO BRASIL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.

I - Compete à Justiça Estadual processar e julgar as causas em que for parte sociedade de economia mista, no caso o Banco do Brasil, quando a União não intervir no processo como assistente ou opoente.

Incidência das Súmulas nºs 251⁄STF e 42⁄STJ. Ademais, no caso, não se trata de mandado de segurança, hipótese em que redundaria na competência da Justiça Federal, eis que, nesses casos, a autoridade coatora age sob a delegação do poder público federal. Precedentes: CC nº 48.376⁄GO, Rel. Min. FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, DJ de 20⁄06⁄05; AgRg no CC nº 35.992⁄SP, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJ de 20⁄10⁄03 e CC nº 30.756⁄SP, Rel. p⁄ Acórdão Min. ELIANA CALMON, DJ de 27⁄05⁄02.

II - Agravo regimental improvido.

(AgRg no CC 90.234⁄RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10⁄09⁄2008, DJe 29⁄09⁄2008)

De outro lado, é assente o entendimento desta Corte no sentido de que compete à Justiça Federal, nos termos do art. 109, I, da Constituição Federal, processar e julgar ação proposta em face da Caixa Econômica Federal, por se tratar de empresa pública federal, verbis:

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

AJUIZADA CONTRA UNIVERSIDADE PARTICULAR E PROFESSORA DA

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I - A competência cível da Justiça Federal define-se pela natureza das pessoas envolvidas no processo. Preceitua a Constituição da República ser de sua competência o processamento e julgamento do feito em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou opoentes (art. 109, I, a).

Conflito de Competência conhecido para se declarar a competência do Juízo Estadual. (CC 109.387⁄MG, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13⁄10⁄2010, DJe 28⁄10⁄2010)

Conflito de competência. Juizado Especial Federal. Juízo estadual. Medida cautelar. Empresa pública.

1. Havendo ente federal no pólo passivo da lide, no caso a Caixa Econômica Federal, empresa pública, inegável a competência da Justiça Federal. Não há vedação legal quanto ao processamento e ao julgamento de medida cautelar perante os Juizados Especiais Federais.

2. Conflito conhecido e declarada a competência do Juízo Federal do Juizado Especial de Catanduva⁄SP.

(CC 58.212⁄SP, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 09⁄05⁄2007, DJ 31⁄05⁄2007, p. 317)

Fixadas as premissas acima, verifica-se que o autor cumulou pedidos no mesmo processo, de forma indevida, porquanto contra dois réus distintos, o que é vedado pelo art. 292 do Código de Processo Civil, verbis:

"É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão".

No caso em tela, a ação foi proposta contra o Banco do Brasil e contra a Caixa Econômica Federal, circunstância que inviabiliza eventual cumulação de pedidos fulcrada no referido dispositivo do diploma processual civil.

De outro lado, mesmo que se cogite de eventual conexão entre os pedidos formulados na exordial, ainda assim eles não podem ser julgados pelo mesmo juízo, ante a incompetência absoluta, em razão da pessoa, da Justiça Estadual para processar e julgar ação contra a Caixa Econômica Federal e a mesma incompetência absoluta ratione personae da Justiça Federal para julgar demanda e face do Banco do Brasil S⁄A, tudo nos termos do art. 109, I, da Constituição Federal.

A propósito, confiram-se os seguintes precedentes desta Corte acerca da impossibilidade de reunião de processos em decorrência de eventual conexão, quando importar alteração de competência absoluta para o processamento e julgamento de um deles:

AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. REUNIÃO DE AÇÕES. CONEXÃO OU CONTINÊNCIA. COMPETÊNCIA ABSOLUTA. IMPOSSIBILIDADE. - A competência absoluta não pode ser modificada por conexão ou continência.

(15)

- Não é possível reunir ações, sob o fundamento de que o fato que as originou é o mesmo, se para uma delas a competência do Juízo é absoluta.

(AgRg no CC 92.346⁄RS, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13⁄02⁄2008, DJe 03⁄09⁄2008)

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA COMUM ESTADUAL E JUSTIÇA FEDERAL. AÇÃO DE EXECUÇÃO AJUIZADA PERANTE A JUSTIÇA ESTADUAL. EMBARGOS DE TERCEIRO OPOSTOS PELA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE CONEXÃO. AÇÃO DE EXECUÇÃO SOBRESTADA NA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. EMBARGOS DE TERCEIRO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.

I. A reunião de processos por conexão, como forma excepcional de modificação de competência, só ocorre quando as causas supostamente conexas estejam submetidas a juízos, em tese, competentes para o julgamento das duas demandas.

II. É competente a Justiça Federal para o julgamento dos embargos de terceiro opostos pela Caixa Econômica Federal, devendo ser sobrestada na Justiça Estadual, a ação de execução, até julgamento dos referidos embargos, pela Justiça Federal, para evitar prolação de decisões conflitantes.

Conflito de competência conhecido declarando-se competente para o julgamento dos embargos de terceiro o Juízo Federal da 24ª Vara da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais, ora suscitante.

(CC 93.969⁄MG, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28⁄05⁄2008, DJe 05⁄06⁄2008)

AGRAVO. CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO ORDINÁRIA NA JUSTIÇA FEDERAL (UNIÃO ASSISTENTE) QUESTIONANDO A NULIDADE DE CONTRATO E MONITÓRIA NA JUSTIÇA ESTADUAL QUERENDO O CUMPRIMENTO DO MESMO. CONEXÃO. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA. IMPOSSIBILIDADE DA REUNIÃO DOS PROCESSOS.

Somente os juízos determinados pelos critérios territorial ou objetivo em razão do valor da causa, chamada competência relativa, estão sujeitos à modificação de competência por conexão (art. 102, CPC).

A reunião dos processos por conexão, como forma excepcional de modificação de competência, só tem lugar quando as causas supostamente conexas estejam submetidas a juízos, em tese, competentes para o julgamento das duas demandas.

Sendo a justiça federal absolutamente incompetente para julgar ação monitória entre particulares, não se permite, na hipótese, a modificação de competência por conexão. Agravo improvido.

(AgRg no CC 35.129⁄SC, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 26⁄06⁄2002, DJ 24⁄03⁄2003, p. 136)

Nesse contexto, mostrar-se-ia razoável a conclusão sugerida pelo Ministério Público Federal, de aplicação analógica da súmula 170⁄STJ, verbis: "compete ao Juízo onde primeiro for intentada a ação envolvendo acumulação de pedidos, trabalhista e estatutário decidi-la nos limites da sua jurisdição, sem prejuízo do ajuizamento de nova causa, com pedido remanescente, no juízo próprio".

(16)

Com efeito, caberia à Justiça Estadual, na qual foi primeiramente proposta a ação, decidir a lide nos limites de sua jurisdição, ou seja, processar e julgar o pedido formulado contra o Banco do Brasil, competindo à Justiça Federal o processo e julgamento da demanda formulada (pedidos e causa de pedir articulados) contra a Caixa Econômica Federal - CEF. Entretanto, para que se evite inócua e indesejada posterior discussão acerca da prescrição da pretensão de cobrança ora formulada, agora no interregno da interrupção havida com a citação válida dos demandados e a nova propositura da demanda, tendo em vista a redução dos prazos prescricionais pelo Código Civil de 2002, tenho por determinar a cisão da ação proposta, impondo-se que cópia dos autos seja feita e endereçada à Justiça Federal para julgamento das pretensões formuladas em face da Caixa Econômica Federal, tão-somente. No sentido da possibilidade de cisão processual, ainda que no âmbito do processo penal, merece lembrança o seguinte precedente recente desta Corte:

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PROCESSO PENAL. 1. USO DE CARTEIRA DE HABILITAÇÃO FALSA PERANTE AUTORIDADE DA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. PRECEDENTES. 2. DEMAIS DELITOS. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS E FORMAÇÃO DE QUADRILHA. CONEXÃO PROBATÓRIA. INOCORRÊNCIA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.

INAPLICABILIDADE DO ENUNCIADO Nº 122⁄STJ.

1. Com a ressalva do meu ponto de vista, quedo-me, por hora, ao entendimento sedimentado na Terceira Seção desta Corte Superior no sentido de que o uso de carteira nacional de habilitação falsa perante autoridade da Polícia Rodoviária Federal é crime de competência da Justiça Federal, uma vez caracterizada lesão a serviço da União. Precedentes.

2. No caso, não há qualquer vinculação entre o suposto crime de uso de carteira de habilitação falsificada (art. 304 do CP), com aqueles praticados pelos demais denunciados, relativos à falsificação de documentos (art. 297 do CP) e formação de quadrilha (art. 288 do CP), inexistindo conexão probatória entre eles, por se tratarem, aparentemente, de condutas independentes.

3. Impossibilidade de reconhecimento de quaisquer das causas de modificação de competência inseridas nos artigos 76 e 77 do Código de Processo Penal, o que, por consequência, afasta a aplicação do enunciado n. 122 da Súmula deste Tribunal.

4. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo da 15ª Vara Cível de Aracaju⁄SE, restando a competência da Justiça Federal firmada somente em relação ao suposto delito de uso de documento falso, determinando-se a cisão do processo, nos termos em que requerido pelo Juízo suscitante.

(CC 112.984⁄SE, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26⁄10⁄2011, DJe 07⁄12⁄2011)

Ante o exposto, conheço do presente conflito de competência para declarar competente o Juízo de Direito da 2ª Vara Cível de Poços de Caldas⁄MG, no que tange à pretensão formulada contra o Banco do Brasil, e o Juízo Federal suscitado no que toca à pretensão formulada contra a Caixa Econômica Federal, operando-se a cisão do presente processo. É o voto.

(17)

Questão 04 - Conceitue pedido mediato e imediato. Qual deles a lei processual autoriza que seja realizado de modo genérico? O que é pedido genérico?

Pedido Mediato e Imediato

O Pedido Imediato é a providência jurisdicional almejada pelo autor, como por exemplo, a expedição de ordem, a condenação, providências de expropriação do bem do devedor. É a providência jurisdicional reclamada, poderá ser a declaração de um direito, a constituição de uma situação jurídica, condenação, mandamento ou execução.

O Pedido Mediato liga-se ao direito substancial, ao bem da vida reclamado, aquilo que o demandante esperar conseguir no mundo fático ao provocar a jurisdição. É a dívida, a entrega da coisa reclamada, a obrigação de fazer, entre outros.

Pedido Certo e Determinado

Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico:

I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados;

II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito;

III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.

Cumpre esclarecer que o CPC utilizou impropriamente a partícula “ou”, devendo ser entendido que o pedido deve ser certo e determinado.

Pedido Certo é o pedido expresso4. É inadmissível que o pedido seja implícito, ferindo a certeza do pedido. O pedido implícito somente é aceito por força de lei, como por exemplo, os juros legais e as despesas processuais e honorários advocatícios (art. 20 do CPC).

“Há alguns pedidos que sem encontram compreendidos na petição inicial, como se fossem pedidos implícitos. Isto porque seu exame decorre da lei, prescindindo de alegação expressa do autor. São eles os de: a) juros legais(CPC 293); juros de mora (CPC 219); c) correção monetária (LCM), porque mera atualização da moeda, não se constituindo em nenhuma vantagem para o autor que não a pediu; d)despesas processuais e honorários advocatícios (CPC 20); e) pedido de prestações periódicas vincendas (CPC 290)”5.

4

Pontes de Miranda.

5

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Pedido Determinado é delimitado na qualidade e quantidade, opondo-se ao chamado pedido genérico. A certeza e a determinação são requisitos tanto do pedido mediato quanto do pedido imediato.

Entretanto, em alguns casos expressamente referidos nos incisos do art. 286 poderá ser o pedido genérico. Ocorre que, somente o pedido mediato (a utilidade prática objetivada pelo autor) poderá ser genérico, nunca o pedido imediato.

Isto porque, o pedido imediato sempre será certo e determinado já que busca a prestação jurisdicional ou na forma de condenação, ou constituição, mandamental, ordem expressa, ofício, etc.

Hipóteses de Pedido Genérico:

- no caso do art. 286, I, ações universais, quando no inventário não se tem na inicial a relação exata e completa de todos os bens deixados pelo de cujus;

- no caso do inciso II do art. 286, por exemplo, nas ações de danos morais, onde não for possível verificar de pronto a extensão exata do dano, ou quando, não se puder, desde logo, determinar as conseqüências do ato ou fato ilícito.

- no caso do inciso III do art. 286, por exemplo, nas ações de prestação de contas cumulada com pagamento do saldo devedor.

Questão 05 – Determinada Ação Indenizatória foi movida em face da União Federal

e tramita no rito ordinário em razão de suposto dano causado por servidor público

no exercício de sua funções. Analisando a petição inicial, percebe-se que a mesma

é inepta, além de ter sido dado à causa um valor incompatível com o pedido e de

não serem verdadeiros os fatos articulados pelo autor. Considerando que a União

Federal deseja eventualmente trazer ao processo o servidor público, além das

outras apontadas circunstâncias resultantes da análise da petição inicial, quais as

atitudes que a Fazenda Pública poderia tomar?

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