Distribuidores : Qualidade de
atendimento a hospitais
Parte 2
Diretora Executiva NASCECMEgroup®
Presidente do Grupo de Estudos em Ortopedia de São Paulo
Idealizadora e realizadora do 1°e 2° Congresso Nacional de Limpeza e Esterilização [CONALE] on-line
Co-autora do livro Teoria e Prática na Prevenção da Infecção do Sítio Cirúrgico
Co-autora do livro: Recomendações Práticas para Processos de Esterilização em Estabelecimentos de Saúde. Guia Elaborado por Enfermeiros Brasileiros Fundadora e 1ª Presidente da SOBECC
Graduada e pós graduada pela UNIFESP
Especialista em Cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia
Consultora Técnica independente
Finalidade
da CME
• A Resolução RDC nº 307, de 14 de novembro
de 2002 (Brasil, 2002), considera o CME uma
unidade de apoio técnico, que tem como
finalidade o fornecimento de artigos
médico-hospitalares adequadamente processados,
proporcionando, assim, condições para o
atendimento direto e a assistência à saúde dos
indivíduos enfermos e sadios.
Distribuidores:Qualidade e
atendimento a hospitais
Parte 2
Atualização sobre processo de limpeza e manutenção de materiais e instrumentais
Critérios para Desinfecção de Artigos
(Classificação de Artigos-Spaulding, 1968)
Artigos críticos
São aqueles que penetram em tecidos estéreis ou no sistema vascular e devem ser
esterilizados para uso.
Artigos semi-críticos
São aqueles destinados ao contato com a pele não-intacta ou com mucosas
Requerem, no mínimo, desinfecção de alto nível ou esterilização.
Artigos não críticos
Artigos destinados ao contato
com a pele íntegra do paciente
Requerem limpeza ou
desinfecção de baixo ou médio
nível.
Definições
RDC n.15 de
15 de março
de 2012
• XIII - limpeza: remoção de
sujidades orgânicas e
inorgânicas, redução da carga
microbiana presente nos
produtos para saúde, utilizando
água, detergentes, produtos e
acessórios de limpeza, por meio
de ação mecânica (manual ou
automatizada), atuando em
superfícies internas (lúmen) e
externas, de forma a tornar o
produto seguro para manuseio e
preparado para desinfecção ou
esterilização
Diferença
entre
sujidades
• Sujidade orgânica • sangue • gordura • muco • saliva • dejetos • pele • Cartilagem • líquor. • Sujidade inorgânica • óleos em geral • vaselina • pomadas • pó de osso • cimento ósseo • pelos • cabelos • outrosCarga microbiana
É o número e tipo de
microrganismos viáveis presentes
em um determinado objeto.
Carga microbiana alta pode ocorrer se o
material não for limpo adequadamente
FATORES
INTERDEPENDENTES QUE INTERFEREM NAS ETAPAS DE LIMPEZA:
• Qualidade da água • Água dura
• Água dura
• É assim denominada pela presença de metais terrosos dissolvidos(cálcio, magnésio e estrôncio). Os metais se desprendem da solução e se depositam em camadas quando a água é aquecida ou evaporada. A água nestas condições pode favorecer a corrosão do instrumento, além de causar reações inflamatórias, efeitos tóxicos e a inativação de agentes detergentes e desinfetantes.
FATORES
INTERDEPENDENTES QUE INTERFEREM NAS ETAPAS DE LIMPEZA
• Qualidade da água • Água tratada • Potável • Filtrada • Deionizada • Destilada • Osmose reversa • Cada categoria de água tem características específicas.
Qualidade da
Água
• Art. 68 O enxágue dos produtos para saúde deve ser realizado com água que atenda aos padrões de potabilidade definidos em
normatização específica • Parágrafo único. O
enxágue final de produtos para saúde críticos utilizados em cirurgias de implantes ortopédicos,
oftalmológicos, cirurgias cardíacas e neurológicas deve ser realizado com
Monitoramento
Qualidade da Água
• Art. 74 O CME Classe II e a empresa processadora devem realizar o monitoramento e registro, com
periodicidade definida em protocolo, da qualidade da água, incluindo a mensuração da dureza da água, ph, íons cloreto, cobre, ferro, manganês e a carga microbiana nos pontos de enxágue da área de limpeza.
Does endotoxin contribute to aseptic loosening of orthopedic implants? Greenfield EM1, Bi Y, Ragab AA, Goldberg VM, Nalepka JL, Seabold JM.
• Nossos estudos recentes sugerem que a
endotoxina aderente em implantes ortopédicos também pode inibir a ósseo integração inicial dos implantes
• Em conjunto, esses estudos sugerem que a endotoxina bacteriana pode ter um papel
Controle da
Processo
de Limpeza
Processo de
limpeza
Acessórios de limpeza
• variedade de tamanho e diâmetros • conservação das escovas
• frequência de trocas • adequados á fricção
Limpeza versus fixação do sangue
• O emprego de soluções alcoólicas na etapa de limpeza é contra indicado tendo em vista que esta prática pode aumentar a adesão de resíduos à superfície do instrumento devido à desnaturação de proteínas
• A fixação de sangue no instrumento
dificulta o processo de limpeza e contribui para oxidação deste instrumento
Processo de
Limpeza
• Art. 65 Os produtos para saúde passíveis de processamento, independente da sua classificação de risco, inclusive os consignados ou de propriedade do cirurgião, devem ser submetidos ao processo de limpeza, dentro do próprio CME do serviço de saúde ou na empresa processadora, antes de sua desinfecção ou esterilização.
Limpeza de produtos
para saúde complexos
• Art. 67 RDC n.15
• No CME Classe II e na empresa processadora, a limpeza de produtos para saúde com conformações complexas deve ser precedida de limpeza manual e complementada por limpeza automatizada em lavadora ultrassônica ou outro equipamento de eficiência comprovada.
• Considerar:
• Tempo de exposição • Frequência em klz
• Material previamente limpo • Enxague com água tratada • Compatibilidade do produto para
saúde com lavadora ultrassônica • Se o instrumento precisar ser
conectado ao sistema o fornecedor providencia os respectivos
Devolução de
instrumento consignado
• Art. 71 Os produtos para saúde e o instrumental cirúrgico consignado e disponibilizado pelo distribuidor devem ser submetidos à limpeza por profissionais do CME do serviço de saúde, antes de sua devolução.
Central de
Material e
Esterilização
• METODOLOGIA
• 9 caixas de instrumentais (350 itens) • Processo de limpeza: lavadora
termodesinfectadora
• Microscopia óptica e biofluorescência
• RESULTADOS
• Todos os instrumentais apresentaram contaminação por proteínas em pelo menos um dos locais da amostra. • A análise estatística indicou diferença significativa nos
níveis de contaminação, o que sugere que os procedimentos de limpeza em alguns serviços são melhores do que em outros. Alguns instrumentos apresentaram locais com depósitos cristalinos (detergentes)
Limpeza :inspeção
visual
• Art.76 RDC n.15
• limpeza dos produtos para saúde, seja manual ou automatizada, deve ser avaliada por meio da inspeção visual, com o auxílio de lentes intensificadoras de imagem, de no mínimo oito vezes de aumento,
complementada, quando indicado, por testes químicos disponíveis no mercado.
Recomendação
Internacional
• A inspeção visual por si só não é
suficiente para assegurar o processo de limpeza; o usuário deve adotar
métodos mais objetivos e sensíveis que a inspeção visual para mensurar os níveis de matéria orgânica e
contaminação microbiana em artigos limpos. AAMI ST 79: 2017
• A limpeza portanto não deve ser avaliada apenas quando indicada, por testes químicos disponíveis no
mercado, mas sim como procedimento de rotina
Recomendação
internacional
• Considera-se difícil associar dano ao paciente decorrente do processo de limpeza, mas na literatura há dados sobre tal ocorrência
• Um estudo de caso bem conhecido em hospital do Texas associando carga microbiana em uma lâmina de shaver artroscópica com múltiplas infecções de pacientes.(TOSH et al,2011)
• O risco de transmissão de infecções devido a instrumentos cirúrgicos são escassos,porém podem ser mais frequentes do que os casos associados a surtos infecciosos.
• Pacientes apresentaram Infecção de sítio cirúrgico por
micobactéria após procedimento laparoscópico, observou-se a presença deste microorganismo em forma de biofilme na água do enxágue e nos instrumentos após processamento.
Instruções de Uso do Fabricante
• As instruções do fabricante devem ser
validadas, atualizadas e de fácil acesso para
todos os profissionais envolvidos no
processamento do instrumental cirúrgico
• O fabricante deve especificar:
➢ necessidade e características de
insumos:(água, ar comprimido)
➢ equipamentos de limpeza
➢ instruções de desmontagem do item (se for o
caso, inclusive com diagramas necessários
para a limpeza
Instruções de Uso do Fabricante
• acessórios ( adaptadores para conexão
correta entre o item e equipamentos de
limpeza)
• acessórios para limpeza de lumens e
peças internas
• agentes de limpeza
• lubrificantes
• procedimentos para o tratamento,
limpeza, desinfecção, inspeção, testes de
funcionalidade, embalagem e esterilização
Lubrificação
• Os instrumentos que apresentem superfície de atrito requerem
tratamento com produto lubrificante
• A lubrificação mantém a mobilidade e facilidade de operação desses itens
• A fricção entre metais provoca abrasão corrosão por atrito e rigidez do item.
Tempo de
contato
sujidade
• Há evidências de que 30 minutos após a impregnação da sujidade decorrente do ato cirúrgico, a adesão da matériaorgânica e demais resíduos se torna consolidada o suficiente para não ser removida com simples
imersão em água destilada. LIPSCOMB ,2007
Pré-limpeza : Ponto de Uso
• Limpar e descontaminar instrumentos cirúrgicos, logo que possível após a utilização e manter
instrumentos umedecidos é apropriado para prevenir carga microbiana decorrente do ressecamento
• Esta recomendação inclui uma forte evidência de que se o BIOFILME não for removido de um instrumento pode reduzir a eficácia de processos de desinfecção ou esterilização subsequentes. • Mesmo diante da pressão para agilizar o uso da
sala cirúrgica o preparo adequado dos instrumentos sujos para posterior
descontaminação, pode fazer toda a diferença AORN 2016
Biofilme
• Tanto a limpeza manual quanto a automatizada se inadequadamente realizada pode favorecer a
formação e adesão de biofilme.
• Durante o processo de limpeza espera-se a redução de agentes infecciosos (carga microbiana), matéria orgânica e inorgânica, e também a redução de pirógenos dos instrumentos.
Biofilme
• Microorganismos que produzem biofilme • Stafilococus coagulase negativo • Stafilococus aureus • Escherichia coli • E.facaelis • Pseudomonas aeruginosa• Variáveis que produzem biofilme • SUBSTRATO • textura,hidrofobicidade • FLUIDO • velocidade de infusão • ph • flagelos • temperatura • presença de cátions(Ca e Mg) • SUPERFÍCIE CELULAR • hidrofobicidade • fímbrias
EPS( substâncias poliméricas extracelulares)
Instrumentos
complexos
• Grupo de trabalho alemão observou que mesmo em lavadorastermodesinfectadoras alguns instrumentos não estão sendo devidamente limpos
• Acredita-se que devido ao desenho( produtos para saúde complexos) ou a natureza dos resíduos e ao ressecamento da matéria orgânica.
• Cimento ósseo: difícil remoção mesmo na lavadora se estiver seco • Os utensílios nos quais o
cimento foi misturado devem ser limpos
imediatamente após o uso, caso contrário, descarta-se os mesmos
• As lascas e pó de osso devem ser removidas das lixas de osso, em um banho ultrassônico, após podem ser lavados em lavadora • As lascas de osso que se
desprendem na lavadora poderiam bloquear os orifícios de saída dos jatos de água e paralisar o movimento dos braços rotativos
Produtos para
saúde complexos
• XIX –RDC n.15
• Produto para Saúde crítico de
conformação complexa: produtos para saúde que possuam lúmem inferior a cinco milímetros ou com fundo cego, espaços internos inacessíveis para a fricção direta, reentrâncias ou válvulas
Produtos para saúde
complexos
• Alargadores intramedulares: devem ser lavados manualmente e, em seguida, colocados na lavadora ultrassônica
• Parafusos, brocas ou chaves de fenda com lúmens de fio guia (diâmetro 1,5 a 2mm) podem ser muito difíceis de limpar na lavadora, pois não há conexão disponível • Esses itens devem ser lavados
manualmente limpos em banho ultrassônico seguidos de limpeza e desinfecção na lavadora
Produtos para saúde
complexos
Arthroscopic surgical tools: A source of
metal particles and
possible joint damage
september ,2013
• CONCLUSÕES:
• Este estudo mostra que a microdese metálica é liberada por instrumentos artroscópicos comuns
• Estas partículas são bioativas, como mostrado pelas respostas de sinoviócitos in vitro iniciadas por micropartículas metálicas. • RELEVÂNCIA CLINICA:
• Nossos resultados sugerem que micropartículas metálicas podem induzir dano intra-articular através de uma resposta de citocinas mediada por sinoviócitos, se suas
concentrações atingirem níveis clinicamente significativos.
Qualidade dos
instrumentos cirúrgicos
• A fabricação fora de padrão pode produzir itens:
• ineficientes
• que apresentam falhas mecânicas durante o uso
• que liberam corpo metálico no corpo do paciente
NHS realizou
estudo em 2004
Resultados • 4800 instrumentos novos • 15% abaixo do padrão segundo normas técnicas britânicasResultados do
estudo
• Rebarba de usinagem em dentes = 116
• Falha da engrenagem correta da cremalheira = 71
• Rachaduras = 91 • Falhas de solda = 47 • Mandíbula do porta agulha
deficiente = 36
• Saliência de pino em pinças = 35 • Falhas da ação de corte = 34 • Protusão de pino de pinça fórceps =
53
• CORROSÃO = 28
• Isolamento elétrico deficiente = 10 • Ausência de marca do fabricante =
Manutenção do
instrumento
cirúrgico
• Corrosão em instrumentos cirúrgicos proporciona um caminho para a contaminação, permite aprisionamento de detritos e impede a esterilização adequada. • A corrosão pode também comprometer a integridade estrutural de instrumentos e levar à falha mecânica em uso.Recomendação
AORN 2018
• Os instrumentos cirúrgicos devem ser mantidos livres de sujidade grosseira durante os procedimentos cirúrgicos. • Os instrumentos limpos , logo
que possível após o uso, podem ajudar a prevenir a formação de biofilme e
sangue seco que dificulta sua remoção
• Sangue e fluidos corporais podem causar corrosão dos instrumentos.
• Umedecer a sujidade visível no ponto de uso melhora a eficiência e a eficácia da descontaminação.
Manutenção do instrumento
cirúrgico úmido
• Finalidade: evitar a secagem, coagulação e ressecamento de sujidade • Durante a cirurgia: com
água destilada ésteril • Após a cirurgia: • desmontar todo o
material
• umedecer com água tratada ou
detergente(neutro,enzim ático ou alcalino) ou empregar soluções disponíveis no mercado especificas para este uso* • inserção da solução
Resíduo de
proteína seca em
instrumento
cirúrgico
inoxidável a 22°C
• a. 0 minuto • b. 5 minutos • c.10 minutos • d.30 minutosManutenção
instrumento cirúrgico
• A adesividade sob a fita de
identificação pode favorecer a
proliferação de microorganismos e a
formação de biofilme
• A falta de manutenção e troca regular
das fitas de identificação implicam em
risco de acidentes
Manutenção do
instrumento
cirúrgico
• Os instrumentos devem estar completamente secos para evitar riscos de corrosão
• O ar fornecido para secagem na CME deve ser de
qualidade medicinal
• Isso significa que o ar será isento de bactérias, químicos e grandes partículas de
Método de gravaçaõ visual
Gravação eletrolítica
Método de gravação
visual
• Cores
• Fita adesiva
• Resina sintética
Método de
gravação
visual
Método de gravação
não visual: eletrônico
• Código de Barras –Bar Code
• modelo de
representação numérica ou alfanumérica
• viabiliza a captura automática dos dados, através de leitura óptica
Métodos de identificação
não visual- eletrônicos
• Símbolos Bidimensionais –
DataMatrix
• Representação gráfica de código
bidimensionais na qual os dados
são baseados na posição de pontos
pretos dentro de uma matriz
• Cada elemento preto apresenta a
mesma dimensão e sua posição
codifica o dado.
Métodos de identificação
não visual :eletrônico
• Identificação por Rádio Frequência –
RFID
• Método de identificação automático
através de sinais de rádio (ondas
eletromagnéticas), recuperando e
armazenando dados remotamente
através de dispositivos chamados de
tags.
Controle instrumento
cirúrgico
• Todos os instrumentos devem ser
contabilizados durante todas as fases de uso na sala de cirurgia e na CME
• Todos os instrumentos devem ser contados no final de todos os
procedimentos
cirúrgicos para controle (AORN).
Instrumentação
cirúrgica
• É uma atividade de enfermagem, não sendo entretanto, ato privativo da mesma” o profissional de enfermagem, atuando como instrumentador cirúrgico, por força de lei, “subordina-se exclusivamente, ao
responsável técnico pela unidade”.
• (Resolução nº 214/1998 do COFEN)
Instrumentador cirúrgico
• Quando este profissional
(instrumentador cirúrgico), não é contratado pela Instituição de Saúde, os gestores e a equipe cirúrgica que o contratou, serão os responsáveis por todas as atividades desenvolvidas por este Profissional.