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RELATÓRIO DE POLÍTICA MONETÁRIA

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Academic year: 2021

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RELATÓRIO DE POLÍTICA MONETÁRIA 

(ao abrigo do n.º 3 do art.º 18º da Lei Orgânica) 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

Banco de Cabo Verde 

Novembro de 2011 

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Relatório de Política Monetária  BANCO DE CABO VERDE  Departamento de Estudos Económicos e Estatísticas  Avenida Amílcar Cabral, 27  CP 7600‐101 ‐ Praia ‐ Cabo Verde  Tel: +238 2607000 / Fax: +238 2607197  http://www.bcv.cv 

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Índice 

 

Sumário Executivo       5               I. Actividade Económica Nacional nos últimos meses         1. Enquadramento Externo da Economia de Cabo Verde      9             2. Indicadores da Procura e Produção       14                 3. Preços       18         4. Contas Externas      20          5. Situação Orçamental      24                6. Situação Monetária e Financeira       26                 II. Perspectivas  para a Economia de Cabo Verde          7. Hipóteses de Enquadramento      31    8. Projecções para a Economia Cabo‐Verdiana       32    9. Programação  Monetária      36    10. Política Monetária para os Próximos seis meses      38    III. Anexo Estatístico 

Relatório de Política Monetária 

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Sumário Executivo 

  A actividade económica mundial abrandou significativamente, desde o primeiro semestre,  devido aos desempenhos menos favoráveis do sector industrial e do comércio internacio‐ nal. Registe‐se que a produção industrial global foi significativamente afectada por fenóme‐ nos não antecipados, entre os quais os problemas na cadeia de produção em consequência  do sismo e tsunami do Japão, e o aumento do preço das matérias‐primas, em resultado da  instabilidade  social  e  política  no  Norte  de  África  e  no  Médio  Oriente.  A  actividade  global  também  foi  afectada  pela  deterioração  das  expectativas  dos  produtores  e  consumidores,  relacionada com a persistência da instabilidade financeira e de um sentimento de incerteza  quanto à resolução dos problemas dos bancos e dos países excessivamente endividados. 

 

Os indicadores de tendência da actividade económica nacional apontam para um abranda‐ mento  do  ritmo  de  crescimento  da  economia,  nos  primeiros  nove  meses  do  ano,  muito  relacionado com a evolução do consumo privado. A evolução dos indicadores de confiança,  produzidos pelo Instituto Nacional de Estatísticas, confirma a tendência de moderação da  actividade económica, não obstante a performance positiva do sector do turismo. 

 

A inflação média anual permanece com um perfil ascendente, fixando‐se em 4,2% no mês  de  Setembro.  O  comportamento  da  inflação  reflecte,  em  larga  medida,  a  aceleração  dos  preços internacionais dos bens alimentares e combustíveis, principalmente no 1º semestre,  bem como o seu efeito indirecto na economia do país. 

 

As  contas  externas  deterioraram,  resultando  num  défice  da  balança  global  na  ordem  dos  6%  do  PIB  previsto  para  2011.  O  aumento  expressivo  das  importações,  afectado  por  um  lado, pela dinâmica dos investimentos e por outro, pela alta dos preços nos mercados for‐ necedores, e a redução dos donativos oficiais determinaram o desempenho mais desfavo‐ rável da balança corrente e de capital. O financiamento da economia processou‐se maiori‐ tariamente com recurso ao endividamento externo (público e privado), face à redução dos  influxos de investimento directo estrangeiro. O défice de recursos de financiamento face às  necessidades resultou numa redução das reservas internacionais líquidas em 65 milhões de  euros.    Nas contas monetárias e financeiras, em linha com a deterioração das contas externas, os  activos externos líquidos totais decresceram cerca de 25% e o crédito à economia cresceu  11,4%. A expansão do crédito à economia foi determinada  pelo aumento dos empréstimos  concedidos, tanto ao sector privado como às empresas públicas.     

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Relatório de Política Monetária  cariz  marcadamente  expansionista.  O  défice  das  contas  públicas  atingiu  em  Setembro,  o  valor 9.396  milhões de escudos, financiado com recurso ao endividamento, tanto  interno  como externo. Em resultado, o stock da dívida pública atingiu os 80,1% do PIB previsto para  2011.    Do lado da política monetária, com o objectivo de estabilizar as reservas externas do país ‐  condição necessária para a sustentabilidade do regime cambial de peg unilateral ao euro ‐ e  reforçar a eficiência do sistema bancário, o Banco de Cabo Verde deliberou, em Junho, o  alargamento da base de incidência das reservas obrigatórias para incluir 50% dos depósitos  do sector público administrativo.     A evolução recente da economia e um conjunto de hipóteses de enquadramento levaram o  Banco de Cabo Verde a actualizar as suas projecções para 2011 e a projectar o crescimento  da actividade económica para 2012. Relativamente ao enquadramento externo, as projec‐ ções actuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam para um crescimento global  relativamente baixo, no curto prazo. Em particular, os principais parceiros económicos do  país ‐ os países da Zona Euro obrigados a implementar rigorosos programas de consolida‐ ção orçamental ‐ deverão abrandar significativamente em 2011 e 2012. No quadro de um  abrandamento da procura mundial, as pressões inflacionistas nos mercados das matérias‐ primas estarão mais contidas, na perspectiva do FMI. No que respeita ao enquadramento  interno,  as  expectativas  de  evolução  da  economia  mantêm‐se  condicionadas,  em  larga  medida, pelos desenvolvimentos económicos e financeiros dos principais parceiros do país  e  pelas  finanças  públicas.  Neste  contexto,  o  PIB  deverá  crescer  no  intervalo  4%‐5%  em  2011.  Para  2012,  o  cenário  central  das  projecções,  que  pressupõe  a  manutenção  das  actuais orientações orçamental e monetária, admite uma ligeira desaceleração em termos  reais  face  a  2011  e  um  agravamento  das  contas  externas,  devendo  as  reservas  externas  atingir  os  2,6  meses  de  importação.  No  cenário  alternativo,  que  fixa  uma  meta  para  as  reservas externas, correspondente a 3 meses de importação, prevê‐se um abrandamento  maior do ritmo de crescimento da economia, explicado por uma queda dos investimentos,  em linha com o abrandamento previsto do crédito interno.    Em ambos os cenários, a previsão da inflação para 2012 situa‐se no intervalo 3%‐4%, regis‐ tando uma desaceleração em relação a 2011.    Num contexto de menor afluxo de recursos externos, com impactos necessariamente nega‐ tivos na actividade económica, ambos os cenários interpelam para a necessidade de uma  adequada coordenação entre as autoridades de política económica, em prol de uma actua‐ ção prudente nas esferas orçamental e monetária.     

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Relatório de Política Monetária 

 

Actividade Económica Nacional 

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1. Enquadramento Externo da Economia de Cabo Verde 

 

A  actividade  económica  global  abrandou  significativamente  desde  finais  do  primeiro  tri‐ mestre,  principalmente  devido  ao  fraco  desempenho  das  economias  avançadas.  Na  pers‐ pectiva do Fundo Monetário Internacional (FMI), o enfraquecimento inesperado da econo‐ mia  dos  EUA;  o  aumento  considerável  da  volatilidade  financeira,  motivada  pelo  arrasta‐ mento da crise da dívida soberana e dos problemas do sector bancário na Europa; os efei‐ tos  devastadores  na  produção  e  no  sentimento  do  consumidor  do  sismo  e  tsunami  do  Japão justificam o desempenho menos favorável dos países avançados.   

 

A Zona Euro, principal parceira económica do país, cresceu 1,6% em termos homólogos no  2º trimestre, depois de ter registado, no 1º trimestre, o maior crescimento dos últimos 3  anos  (2,4%).    Para  o  3º  trimestre,  a  evolução  dos  indicadores  de  tendência  da  actividade  económica,  nomeadamente  os  indicadores  de  confiança  no  consumidor  e  na  indústria,  sugerem uma contínua deterioração do sentimento económico.  

 

A moderação do crescimento na Área do Euro está muito associada aos problemas de liqui‐ dez do sector bancário e de financiamento dos Estados excessivamente endividados, alguns  dos  quais  obrigados  a  implementar  um  rigoroso  programa  de  consolidação  orçamental.  Registe‐se que, além dos países que já acederam ao Fundo Europeu de Estabilização Euro‐ peia (Grécia, Irlanda e Portugal), os mercados receiam a necessidade de um eventual resga‐ te financeiro da Itália e/ou da Espanha, respectivamente  terceira e quarta economias da  região monetária.     Paralelamente, problemas pontuais, relacionados com o abastecimento de petróleo à Euro‐ pa, em resultado do embargo à circulação marítima no Canal de Suez, em Abril, contribuí‐ ram para o desempenho menos favorável da região no 2º trimestre, e em especial da maior  economia – a Alemã.     Os Estados  Unidos cresceram em termos homólogos 1,6% no 2º trimestre (2,2% no 1º tri‐ mestre), de acordo com as estimativas  do Bureau of Economic Analysis. A desaceleração  em 0,6  ponto percentual do PIB real dos EUA resultou do efeito combinado da desacelera‐ ção do consumo privado e da procura externa líquida. Os indicadores de actividade econó‐ mica  apontam  para  uma  ligeira  melhoria  da  actividade  económica  no  3º  trimestre,  com   alguma aceleração da produção industrial. O consumo privado, que contribui em cerca de  2/3 para o produto interno bruto, deverá estabilizar‐se, principalmente devido à fraca per‐

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Relatório de Política Monetária 

Figura 1: Produto Interno Bruto Real e Desemprego 

         

Fonte: Banco de Portugal; Federal Reserve; US Department of Labor. 

Informações disponíveis sobre a situação no mercado de trabalho nas economias avança‐ das  apontam  também  para  uma  deterioração.  Nos  EUA,  a  taxa  de  desemprego  inverteu,  em  Abril,  a  trajectória  descendente  registada  nos  primeiros  meses  do  ano,  mantendo‐se  muito  próxima  dos  dois  dígitos  (9,1%).  Na  Europa,  registou‐se  o  mesmo  movimento  de  deterioração  na  Zona  Euro.  A  taxa de  desemprego  do  conjunto  dos  17  países  da Área  do  Euro atingiu os 10,2% em Setembro,  e no  Reino Unido, principal mercado emissor do turis‐ mo cabo‐verdiano, a taxa de desemprego atingiu em Agosto o nível mais alto dos últimos  15 anos (8,1%). 

 

O  ritmo  de  crescimento  nas  economias  emergentes  e  em  desenvolvimento  permaneceu  forte, embora consideravelmente díspar entre regiões. O aumento dos preços das matérias  primas estimulou o desempenho das economias da Europa Central e do Leste, bem como  da América Latina. A actividade económica manteve‐se robusta na África Subshariana. Con‐ tudo, a instabilidade política e social, que ainda persiste em alguns países do Norte de Áfri‐ ca e do Médio Oriente, deverá ter um impacto negativo no seu desempenho. Igualmente,  prevê‐se  que as economias asiáticas emergentes poderão acusar um abrandamento, devi‐ do,  por  um  lado,    ao  efeito  de  contágio  da  interrupção  ocorrida  na  cadeia  de  produção  nipónica  e,  por  outro,  em  função  da    implementação  de  medidas  de  política  monetária  mais restritivas para fazer face às pressões inflacionistas.    

 

No  mercado  das  matérias  primas,  as  pressões  inflacionistas  estão,  recentemente,  mais  contidas. Registe‐se que o preço do petróleo aumentou cerca de 25% no início da primave‐ ra,  devido  a  problemas relacionados  com  a  oferta  (interrupção  da  circulação  no  Canal  de  Suez e posteriormente com a guerra na Líbia), num contexto em que a procura, especial‐ mente dos mercados emergentes, permanecia forte e crescente. Desde então, o preço do  barril de brent, petróleo de referência para Cabo Verde, vem observando decréscimos gra‐ 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 Ja n‐ 07 Ab r‐ 07 Ju l‐ 07 Ou t‐ 07 Ja n‐ 08 Ab r‐ 08 Ju l‐ 08 Ou t‐ 08 Ja n‐ 09 Ab r‐ 09 Ju l‐ 09 Ou t‐ 09 Ja n‐ 10 Ab r‐ 10 Ju l‐ 10 Ou t‐ 10 Ja n‐ 11 Ab r‐ 11 Ju l‐ 11 em  pe rc en ta ge m  da  p opul a çã o  ac ti va EUA Zona Euro ‐6,0 ‐4,0 ‐2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 1º  tr i 07 2º  tr i 07 3º  tr i 07 4º  tr i 07 1º  tr i 08 2º  tr i 08 3º  tr i 08 4º  tr i 08 1º  tr i 09 2º  tr i 09 3º  tr i 09 4º  tr i 09 1º  tr i 10 2º  tr i 10 3º  tr i 10 4º  tr i 10 1º  tr i 11 2º  tr i 11 em  pe rc en ta g em EUA Zona Euro

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duais,  não  obstante  uma  grande  volatilidade.  Em  termos  médios,  de  Abril  a  Setembro,  o  preço do brent caiu 2%. 

 

Os preços dos produtos alimentares, por seu turno, continuam com um perfil ascendente,  embora,  em  termos  mensais,  tenha‐se  registado  uma  correcção  dos  máximos  históricos  atingidos nos primeiros meses do ano. Em termos homólogos, o food price index cresceu  28,5% no 3º trimestre (41,8% no 2º trimestre), principalmente devido à aceleração do pre‐ ço de açúcar (45,9%), cereais (37,7%) e óleos alimentares (33,7%).      Determinada essencialmente pelo aumento dos  preços de commodities, a inflação homó‐ loga na Zona Euro, região monetária com a qual o país mantém um acordo de cooperação  cambial,  atingiu  3%  em  Setembro,  1  ponto  percentual  acima  do  target  do  Banco  Central  Europeu (BCE). Não obstante, a política monetária permaneceu acomodatícia. O BCE man‐ teve  inalterada  a  sua  taxa  de  juro  de  referência  em  1,5%,  desde  a  última  subida  de  7  de  Julho e, face aos problemas de liquidez e solvência de alguns bancos e Estados, expandiu as  suas operações de liquidez e o seu programa de compra de títulos soberanos, passando a  abranger também a Itália e a Espanha.    Nos Estados Unidos, a política monetária permaneceu, igualmente, acomodatícia. O Fede‐ ral Reserve manteve a banda de flutuação da sua taxa de juros de referência em 0%‐0,25%  e aprovou, na reunião do Federal Open Market Commitee de 20 e 21 de Setembro, um pro‐ grama que visa a  extensão da maturidade média dos títulos do Tesouro da sua carteira.    

Ao  contrário  da  Europa,  a  política  orçamental deverá,  igualmente, continuar  a  suportar  a  recuperação da economia e em particular do emprego nos EUA, não  obstante o compro‐ misso das autoridades públicas em garantir a sustentabilidade orçamental, a longo prazo.   Figura 2: Preços de Commodities                            Fonte: FAO e Bloomberg.  65 75 85 95 105 115 125 135 Jan ‐10 Ma r‐ 10 Ma i‐ 10 Ju l‐ 10 Se t‐ 10 No v‐ 10 Jan ‐11 Ma r‐ 11 Ma i‐ 11 Ju l‐ 11 Se t‐ 11 US D crude brent ‐100,0 ‐80,0 ‐60,0 ‐40,0 ‐20,0 0,0 20,0 40,0 60,0 1/ 20 10 3/ 20 10 5/ 20 10 7/ 20 10 9/ 20 10 11/ 20 10 1/ 20 11 3/ 20 11 5/ 20 11 7/ 20 11 9/ 20 11 va ri aç ão  em  % Cereals Price Index Oils Price Index Sugar Price Index

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Relatório de Política Monetária 

Perspectivas para o Enquadramento Internacional  

  

As projecções do Fundo Monetário Internacional apontam para um crescimento da activi‐ dade económica global em torno dos 4%, tanto em 2011 como em 2012, o que correspon‐ de  a  uma  desaceleração  em  1,1  pontos  percentuais  relativamente  a  2010.  Comparativa‐ mente ao cenário de Abril de 2011, as expectativas do FMI quanto ao desempenho da eco‐ nomia mundial foram revistas em baixa em 0,3 e 0,5 pontos percentuais, respectivamente  para 2011 e 2012. As economias avançadas deverão crescer em termos reais 1,6% e 1,9%,  no pressuposto de que as autoridades públicas mantenham o compromisso em acomodar  políticas económicas que estimulem o crescimento e que a actual turbulência nos merca‐ dos financeiros se dissipe, possibilitando o reforço da confiança dos agentes económicos.      Por seu turno, as limitações na capacidade produtiva, a implementação de medidas de polí‐ ticas  restritivas  para  fazer  face  às  pressões  inflacionistas  e  o  abrandamento  da  procura  externa poderão condicionar o crescimento de alguns países do grupo dos mercados emer‐ gentes e em desenvolvimento. Neste quadro, o FMI prevê  que o ritmo de crescimento des‐ tas economias deverá reduzir para 6,4% em 2011 e 6,1% em 2012, face aos 7,3% registados  em 2010.      Os riscos das actuais projecções são, contudo, essencialmente descendentes. De destacar,   os riscos relacionados com os problemas no balanço dos bancos e de financiamento de um  conjunto de Estados das economias avançadas; a fraca resposta política à resolução da cri‐ se da dívida soberana na Europa; a emergência de alguma vulnerabilidade em certas eco‐ nomias emergentes e em desenvolvimento; a contínua volatilidade dos preços das matérias ‐primas e tensões geopolíticas. 

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Caixa 1. Implicações da Crise do Euro na Economia Cabo‐Verdiana 

 

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia global enfraqueceu e o nível de  confiança dos agentes caiu de forma significativa, numa conjuntura em que a margem de actuação  da  política  macroeconómica  nos  países  avançados  é  relativamente  reduzida.  Adicionalmente,  o  recrudescimento das tensões nos mercados financeiros, relacionado com a crise da dívida soberana  na  Área  do  Euro,  afectando  a  actividade  económica  das  economias  interdependentes,  aumenta  o   risco de uma  nova recessão global.   

 

Neste quadro de elevada incerteza, a trajectória da economia cabo‐verdiana será certamente afec‐ tada. Sendo Cabo Verde uma economia pequena, cujo  grau de abertura ronda os 100%, a sua dinâ‐ mica  de  crescimento  é  fortemente  condicionada  pelo  enquadramento  externo,  em  particular  pela  situação económica e financeira da Europa. Registe‐se que, mais de 90% da procura turística pro‐ vém dos mercados da União Europeia, mais de 70% das exportações de mercadorias cabo‐verdianas  destinam‐se exclusivamente aos mercados português e espanhol, conforme ilustrado na figura abai‐ xo.                                                Adicionalmente, a dependência de Cabo Verde da poupança externa para o financiamento do seu   desenvolvimento amplifica a sua vulnerabilidade.  Da  Europa, em particular,  provêm mais de 80%  das transferências de emigrantes (remessas para auxílio familiar e para investimento), cerca de 90%  dos influxos de capitais para investimento no país e proporção considerável da ajuda ao desenvolvi‐ mento.    Face à nossa dependência externa e no quadro dos desafios de consolidação orçamental que os prin‐ cipais parceiros enfrentam, prevê‐se algum efeito de contágio na nossa economia. De notar ainda,  que sendo uma pequena economia aberta,  com um regime cambial de taxa fixa, a política monetá‐ ria  terá    margem  reduzida  para  absorção  de  choques  externos.  Neste  quadro,  antecipa‐se  um   impacto dos desenvolvimentos na Europa sobre a balança corrente e financeira com um  provável  abrandamento das receitas brutas do turismo, das exportações de mercadorias, das transferências  unilaterais, investimento directo estrangeiro e eventualmente de fluxos geradores de dívida.     Este cenário adverso do enquadramento externo da economia cabo‐verdiana apela aos ajustamen‐ tos necessários do lado da economia real, sendo certo que o maior desafio, a curto prazo, é assegu‐ rar o financiamento da economia que seja compatível com a manutenção de um nível adequado de  reservas externas.    15,3% 5,0% 2,5% 17,8% 17,8% 14,6% 18,5% 8,4% Procura Turística Alemanha Bélgica e Holanda Espanha França Itália Portugal Reino Unido Outros 21% 18% 9% 46% 3% 3% IDE por País de Origem Espanha Inglaterra Irlanda Itália Portugal Outros 0,1% 74,0% 0,5% 6,1% 0,1% 18,9% 0,4% Exportação de Mercadorias Guiné‐Bissau Espanha Estados‐Unidos França Países Baixos Portugal Outros 12,9% 9,8% 21,2% 5,4% 1,4% 34,2% 2,1% 3,6% 2,8% 2,6% 3,9% Remessas de Emigrantes Estados Unidos Países Baixos França Itália Alemanha Portugal Reino Unido Suiça Luxemburgo Espanha Outros                               Fonte: Instituto Nacional de Estatísticas e Banco de Cabo Verde.   Nota:  os dados referem ao 1º semestre. IDE‐investimento directo estrangeiro. 

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Relatório de Política Monetária   

2. Indicadores da Procura e da Produção 

  Os indicadores de tendência da actividade económica nacional apontam para um abranda‐ mento do ritmo de crescimento da economia, nos primeiros nove meses de 2011.   

Uma  análise  aos  indicadores  quantitativos  da  procura  interna  produzidos  pelo  Banco  de  Cabo Verde   aponta para uma ligeira recuperação do consumo privado no 2º e 3º trimes‐ tres do ano (em 1,5 e 1,9 pontos percentuais, respectivamente), depois do forte abranda‐ mento registado no 1º trimestre (em 25,6 pontos percentuais).  Contudo, em termos acu‐ mulados,  a  tendência  de  desaceleração  do  indicador  é  dominante.  A  evolução  de  outros  indicadores de tendência do consumo privado, nomeadamente a queda do índice de volu‐ me de vendas no comércio a retalho em estabelecimentos e o abrandamento do crédito a  particulares para consumo, também sugere uma desaceleração no ritmo de crescimento do   consumo privado.     

No  que  se  refere  ao  investimento,  os  indicadores  disponíveis  sugerem  uma  tendência  ascendente da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), em termos agregados.  As importa‐ ções de materiais de transporte, ajustadas da sazonalidade, cresceram 59% no 3º trimestre,  depois de terem crescido cerca de 25% no 2º trimestre, e  as importações de bens de equi‐ pamentos recuperaram integralmente da queda registada no 2º trimestre.  

 

Entretanto,  tanto  os  indicadores  produzidos  pelo  BCV  como  os  produzidos  pelo  INE  indi‐ ciam uma tendência de abrandamento da FBCF em construção. Em termos homólogos, as  importações de bens de construção aumentaram 5,4%, ritmo consideravelmente mais fra‐ Figura 3: Evolução dos Indicadores de Consumo  (taxas de variação homóloga de médias móveis dos últimos 3 meses)       Fonte: Direcção Geral das Alfândegas; Instituto Nacional de Estatísticas; Cálculos Banco de Cabo Verde.  ‐10,0 ‐5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 Se t‐ 08 De z‐ 08 Ma r‐ 09 Ju n ‐09 Se t‐ 09 De z‐ 09 Ma r‐ 10 Ju n ‐10 Se t‐ 10 De z‐ 10 Ma r‐ 11 Ju n ‐11 Se t‐ 11 em  pe rc e n ta g e m Importações de Bens  de Consumo ‐3,0 ‐2,5 ‐2,0 ‐1,5 ‐1,0 ‐0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 Ma r‐ 07 Ju n‐ 07 Se t‐ 07 De z‐ 07 Ma r‐ 08 Ju n‐ 08 Se t‐ 08 De z‐ 08 Ma r‐ 09 Ju n‐ 09 Se t‐ 09 De z‐ 09 Ma r‐ 10 Ju n‐ 10 Se t‐ 10 De z‐ 10 Ma r‐ 11 Ju n‐ 11 Se t‐ 11 em  pe rc en ta ge m Vendas no Comércio a Retalho em Estabelecimento, Índices Base = 100   

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co que o  registado no 4º trimestre de 2010 (27,8%). Igualmente, a carteira de encomendas  no sector da construção e obras públicas diminuiu 1,3% no 3º trimestre, acentuando a tra‐ jectória descendente que vem registando desde Dezembro do ano passado.  Adicionalmente, a desaceleração do ritmo de crescimento dos créditos a particulares para  habitação relativamente a Dezembro (em 3 pontos percentuais), sugere um abrandamento  dos investimentos residenciais.    

No  que  concerne  à  procura  externa,  os  desenvolvimentos  da  balança  de  pagamentos,  nomeadamente a deterioração do défice comercial, apontam para  uma diminuição do con‐ tributo da procura externa líquida para o crescimento. 

 

Do  lado  da  oferta,  o  indicador  de  clima  económico  produzido  pelo  INE  apresentou  uma  evolução favorável no 3º trimestre de 2011.   Figura 4: Evolução dos Indicadores de Investimento  (taxas de variação homóloga de médias móveis dos últimos 3 meses)    Fonte: Direcção Geral das Alfândegas; Instituto Nacional de Estatísticas; Cálculos Banco de Cabo Verde.  Figura 5: Evolução dos Indicadores de Confiança                                             Fonte: Instituto Nacional de Estatísticas.  ‐2,0 ‐1,5 ‐1,0 ‐0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 Se t‐ 08 De z‐ 08 Ma r‐ 09 Ju n‐ 09 Se t‐ 09 De z‐ 09 Ma r‐ 10 Ju n‐ 10 Se t‐ 10 De z‐ 10 Ma r‐ 11 Ju n‐ 11 Se t‐ 11 em  pe rc en ta ge m Importações de Bens de Construção Importações de Bens de Equipamentos Importações de Materiais de Transporte ‐2,0 ‐1,5 ‐1,0 ‐0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 Ma r‐ 07 Ju n‐ 07 Se t‐ 07 De z‐ 07 Ma r‐ 08 Ju n‐ 08 Se t‐ 08 De z‐ 08 Ma r‐ 09 Ju n‐ 09 Se t‐ 09 De z‐ 09 Ma r‐ 10 Ju n‐ 10 Se t‐ 10 De z‐ 10 Ma r‐ 11 Ju n‐ 11 Se t‐ 11 em  pe rc en ta g em Carteira de Encomendas no Sector da Construção  e Obras  Públicas Índices Base=100  ‐60 ‐40 ‐20 0 20 40 Ma r‐ 07 Ju n‐ 07 Se t‐ 07 De z‐ 07 Ma r‐ 08 Ju n‐ 08 Se t‐ 08 De z‐ 08 Ma r‐ 09 Ju n‐ 09 Se t‐ 09 De z‐ 09 Ma r‐ 10 Ju n‐ 10 Se t‐ 10 De z‐ 10 Ma r‐ 11 Ju n‐ 11 Se t‐ 11 em  pe rc e nt a ge m  

Comércio Transportes Construção Turismo Indústria

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Relatório de Política Monetária  Contudo,  para  o  conjunto  dos  nove  primeiros  meses  do  ano,  o  indicador,  que  reflecte  as  expectativas dos agentes económicos, sugere uma tendência de abrandamento do ritmo de  crescimento da actividade económica, em resultado da evolução menos favorável dos indi‐ cadores  de  confiança  nos  sectores  da  construção,  comércio  em  estabelecimento  e  indús‐ tria. Os indicadores de confiança nos sectores do turismo e dos transportes apresentaram,  contrariamente, um perfil ascendente. 

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         Caixa 2.  Os Inquéritos de Conjuntura e sua Importância  para a  Análise da Conjuntura Económica 

 

Os inquéritos de conjuntura têm por objectivo recolher informação sobre as expectativas de evolu‐ ção da actividade económica. São dos instrumentos mais utilizados na análise da conjuntura econó‐ mica,  pois,  por  não  exigirem    uma  resposta  quantitativa,  mas  sim  uma  opinião  qualitativa  sobre  determinados eventos, permitem a  minimização do desfasamento temporal entre o envio e o rece‐ bimento do questionário.     Os resultados apurados dos inquéritos assumem a forma da diferença entre a percentagem de res‐ postas positivas e a percentagem de respostas negativas ‐ saldo de respostas extremas (s.r.e), impli‐ cando a perda da informação respeitante às respostas “igual” ou “estável”, que se considera, geral‐ mente, irrelevante.     De forma a assumirem algum significado analítico, os resultados apurados pelos inquéritos são pon‐ derados  pela  importância  relativa  dos  agentes  inquiridos,  de  acordo  com  critérios  metodologica‐ mente definidos. A ponderação justifica‐se por se pretender, com a agregação das respostas indivi‐ duais, uma indicação de natureza macro sobre a tendência das variáveis em estudo. Por outro lado,  os resultados são apresentados sob a forma de médias móveis de três termos (MM3), de maneira a  obter‐se uma série mais alisada, expurgada de grandes irregularidades.    Em termos interpretativos, os resultados dos  inquéritos, se adequadamente tratados, sugerem uma  tendência de evolução de um determinado sector ou variável e não fornecem qualquer informação  quantitativa sobre o sector ou a variável.    O Instituto Nacional de Estatísticas, enquanto entidade oficial responsável pela produção das esta‐ tísticas nacionais realiza, desde 2002, inquéritos de conjuntura aos sectores do comércio (comércio  em  estabelecimento  e  comércio  em  feira),  da  construção  e  obras  públicas,  transportes  e  serviços  auxiliares aos transportes e turismo. Os  inquéritos à indústria transformadora são realizados desde  2003 e desde 2009 lançou‐se um inquérito de conjuntura aos consumidores, cuja divulgação come‐ çou no 2º trimestre de 2011. 

 

O inquérito aos consumidores tem dois grandes objectivos: um objectivo conjuntural, que pretende  captar  o  sentimento  das  famílias  sobre  a  sua  situação  económica  e  a  do  país  e  da  economia  em  geral e um segundo,  que visa a  análise das disparidades de rendimento e o acompanhamento das  intenções de aquisição de automóveis e de habitação.    Com os primeiros resultados do inquérito aos consumidores construiu‐se o Indicador de Confiança  do Consumidor, a partir da média aritmética simples dos saldos de respostas extremas às seguintes  questões: i) situação financeira do lar nos próximos 12 meses; ii) situação económica geral do país  nos próximos 12 meses e, iii) desemprego no país nos próximos 12 meses.  É um indicador avançado,  na medida em que pretende recolher informações sobre a expectativa futura da situação financeira  dos consumidores.    Em termos de resultados, o indicador apresentou  uma trajectória ascendente no 1º e 2º trimestres  do ano, significando que em geral os consumido‐ res  estavam  optimistas  quanto  à  evolução  da  situação económica do seu lar e do país nos pró‐ ximos 12 meses, conforme ilustrado no gráfico.                              35,0 37,0 39,0 41,0 43,0 45,0 47,0 49,0 51,0 2º T ri m .0 9 3º T ri m .0 9 4º T ri m .0 9 1º T ri m .1 0 2º T ri m .1 0 3º T ri m .1 0 4º T ri m .1 0 1º T ri m .1 1 2º T ri m .1 1 mé d ia  mó ve l do s  úl ti m os  3  me se s  em  % Indicador de Confiança dos Consumidores                   Fonte: Instituto Nacional de Estatísticas. 

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Relatório de Política Monetária  Figura 6: Índice de Preços no Consumidor      Fonte: Instituto Nacional de Estatísticas; Banco de Portugal.   

3. Preços 

  A inflação, medida pela variação média anual do índice de preços no consumidor,  manteve  ao longo do ano, o perfil ascendente que vem registando desde Maio de 2010.  Em termos  médios,  a  inflação  atingiu  os  4,2%  em  Setembro,  2,1  pontos  percentuais  acima  do  valor  registado  em  Dezembro  de  2010.  Enquanto  importador  líquido  de  bens  alimentares  e  de  combustíveis,  o  comportamento  da  inflação  reflecte,  em  larga  medida  a  aceleração  dos  preços  internacionais  das  matérias  primas  energéticas  e  não  energéticas,  principalmente  no primeiro semestre, bem como o seu efeito indirecto na economia do país.1 

 

A inflação mensal  acelerou 0,3 pontos percentuais para 0,5%, em resultado, principalmen‐ te, do aumento dos preços de peixe, frutos e dos serviços de hotéis e restauração, de acor‐ do com o Instituto Nacional de Estatísticas.  Infere‐se que algum efeito sazonal relacionado  com  as  condições  meteorológicas  adversas  à  pesca  artesanal  e  com  o  ciclo  de  produção  agrícola e, ainda, algum  aumento da procura, poderão explicar o comportamento da infla‐ ção em termos mensais.  

A variação homóloga do IPC agregado foi de 4,8% em Setembro, determinada pelo compor‐ tamento das classes das rendas de habitação, água, electricidade e gás e outros combustí‐ veis,  transportes  e  produtos  alimentares  e  bebidas  alcoólicas,  que  cresceram  respectiva‐ mente  7,1%,  6,4%  e  5,7%.  Excluindo  os  bens  energéticos  e  os  produtos  alimentares  não  transformados a variação homóloga do IPC atingiu os 4,4% em Setembro (2,9% em Dezem‐ bro de 2010).   ‐4,00 ‐2,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 Fe v‐ 08 Ma i‐ 08 Ag o‐ 08 No v‐ 08 Fe v‐ 09 Ma i‐ 09 Ag o‐ 09 No v‐ 09 Fe v‐ 10 Ma i‐ 10 Ag o‐ 10 No v‐ 10 Fe v‐ 11 em  pe rc en ta ge m Taxa de variação homóloga Taxa de variação média 12 meses Taxa de variação mensal ‐4,0 ‐2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 Ju l‐ 09 Se t‐ 09 No v‐ 09 Jan ‐10 Ma r‐ 10 Ma i‐ 10 Ju l‐ 10 Se t‐ 10 No v‐ 10 Jan ‐11 Ma r‐ 11 Ma i‐ 11 Ju l‐ 11 Se t‐ 11 em  pe rc en ta ge m IPC Agregado excluíndo Energia, Alimentares e Bebidas, Álcool e Tabaco IPC Agregado IPC Agregado excluíndo Energia IPC Agregado excluíndo Energia e Alimentares não Transformados variações homólogas 

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Registe‐se  que  a  variação  homóloga  do  IPC  excluindo  energia  e  produtos  alimentares  (transformados e não transformados) foi inferior à inflação subjacente em 2,0 pontos per‐ centuais, sugerindo que os preços dos bens alimentares não transformados, que são essen‐ cialmente  produzidos  internamente,  continua  a  mitigar  o  efeito  da  inflação  internacional  dos bens energéticos e alimentares.                      

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Relatório de Política Monetária   

4. Contas Externas 

 

Estimativas preliminares da balança de pagamentos apontam para uma deterioração  das  contas  externas  nos  primeiros  nove  meses  do  ano,  não  obstante  alguma  melhoria  no  3º  trimestre. 

 

No primeiro semestre, a balança corrente registou um défice de 8,7% do PIB, representan‐ do um agravamento de perto de 3 pontos percentuais, em termos homólogos. A deteriora‐ ção da conta corrente foi determinada pelo aumento expressivo das importações de bens  (22,5%),  pela  redução  dos  donativos  oficiais  correntes  (3%)  e  pela  forte  recuperação  das  importações de serviços (que cresceram 6,4%, depois de terem caído cerca de 20% no pri‐ meiro semestre de 2010). Em termos agregados, a aceleração das exportações de bens e de  serviços não foi suficiente para compensar o aumento das importações de bens e serviços e  a diminuição dos donativos.    As necessidades de financiamento da economia, medidas pelo saldo conjunto das balanças  corrente e de capital, aumentaram 3 pontos percentuais para 8,8% do PIB, também impul‐ sionadas  pela  redução  expressiva  das  transferências  oficiais  de  capital  (80%).  Em  conse‐ quência  e  face  à  redução  do  investimento  directo  estrangeiro, a  economia  foi  financiada, 

essencialmente, com recurso ao endividamento e  às reservas internacionais.    No 3º trimestre, entretanto, o défice em conta corrente diminuiu cerca de 1 ponto percen‐ tual para 2,6% do PIB, em resultado da aceleração do excedente dos serviços e da expressi‐ va redução do défice da balança de rendimentos.    A balança de serviços cresceu 38% em termos homólogos (10,2% no 1º semestre), em fun‐ ção do aumento do saldo dos serviços de turismo.  Com efeito, as receitas brutas de turis‐ mo  cresceram  33,6%,  depois  de  terem  crescido  16,7%,  no  1º  semestre.  Estima‐se  que  o  aumento  da  oferta  hoteleira,  em  cerca  de  21%,  no  primeiro  semestre,  bem  como  algum  desvio da procura dos países do Magreb para Cabo Verde tenham contribuído, em grande  medida,  para  o  dinamismo  das  receitas  turísticas.2 Adicionalmente, a contínua redução dos 

gastos dos residentes cabo‐verdianos em viagens para férias (16% em termos homólogos,  no 3º trimestre) também contribuiu para o aumento do excedente das viagens de turismo  em 48%, no período.            2  A oferta turística medida em termos do número de quartos. 

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O défice da balança de rendimentos diminuiu cerca de 78% (‐9,6% no primeiro semestre),  em consequência,  sobretudo,  do  esgotamento  do  efeito  da  distribuição  extraordinária  de  dividendos aos investidores externos realizada em período homólogo. 

 

A redução dos encargos com os juros da dívida externa pública e das sociedades não bancá‐ rias, em cerca de 14% em termos homólogos, igualmente explica a melhoria da balança de  rendimentos.  De  notar  que,  a  diminuição  dos  juros  pagos  ao  exterior  pelo  Governo  e  empresas  reflecte,  principalmente,  o  calendário  das  amortizações  e,  em  certa  medida,  a  depreciação  do  dólar  americano,  uma  vez  que  os  juros  internacionais,  nomeadamente  as  taxas euribor que indexam grande parte da dívida por reembolsar, mantiveram a tendência  ascendente, que se vem registando desde meados de 2010.     Ao contrário das balanças de serviços e de rendimentos, o contributo das balanças de bens  e de transferências para a evolução das contas externas foi negativo.    O défice da balança de bens aumentou 18,5%, depois de ter crescido 17,6% no 1º semes‐ tre, em resultado da aceleração das importações de bens de 22,5% para 26,5%. O compor‐ tamento  das  importações,  por  um  lado,  está  em  linha  com  a  dinâmica  do  investimento  interno (público e privado) e, por outro, reflecte o aumento dos preços internacionais. Com  efeito,  no  3º  trimestre,  as  importações  de  bens  de  capitais  cresceram  76,4%  em  valor,  enquanto as importações de bens de consumo, acompanhando, em certa medida, a mode‐ ração do consumo privado e público, agravaram a tendência de redução que vinham obser‐ vando desde início do ano. Em termos homólogos, no 3º trimestre, o contributo da varia‐ ção de preço no aumento das importações foi de cerca de 22% (15,2% de Janeiro a Setem‐ bro).    As exportações de mercadorias  mantiveram‐se em expansão (cresceram 73% no 3º trimes‐ tre e 48,1% no 1º semestre), com um contributo importante (49%) das exportações de pes‐ Figura 7: Balança Corrente e de Capital e Serviço de Turismo    Fonte: Banco de Cabo Verde  ‐15.000 ‐10.000 ‐5.000 0 5.000 10.000 15.000 1ºT ri 0 9 2ºT ri 0 9 3ºT ri 0 9 4ºT ri 0 9 1ºT ri 1 0 2ºT ri 1 0 3ºT ri 1 0 4ºT ri 1 0 1ºT ri 1 1 2ºT ri 1 1 3ºT ri 1 1 m ilh õe s  de  es cu d os Bens e Serviços Rendimentos Transferências

Saldo Conjunto  das Balanças Corrente  e de Capital

400 600 800 1.000 1.200 1.400 1.600 4.000 4.500 5.000 5.500 6.000 6.500 7.000 7.500 8.000 8.500 1ºT ri 09 2ºT ri 09 3ºT ri 09 4ºT ri 09 1ºT ri 10 2ºT ri 10 3ºT ri 10 4ºT ri 10 1ºT ri 11 2ºT ri 11 3ºT ri 11 mi lh õe s  de  es cu do s mi lh õe s  de  es cu do s Exportação de Serviços de  Turismo Importação de  Serviços de  Turismo (eixo direito)

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Relatório de Política Monetária  cado.  As  reexportações  de  combustíveis  e  víveres  em  portos  e  aeroportos  internacionais  cresceram 51%, com o aumento do tráfego aéreo e marítimo e do preço dos combustíveis.    O excedente da balança de transferências, por seu turno, reduziu 11,7% no 3º trimestre (‐ 6,7% no 1º semestre), em função da contínua queda das transferências oficiais. O compor‐ tamento das transferências oficiais é resultado do efeito combinado da redução dos donati‐ vos de capital e de algum atraso nos desembolsos da ajuda orçamental. 

No  que  concerne  às  transferências  privadas,  as  remessas  de  emigrantes  correntes  e  de  capital  cresceram  18,6%.  O  ritmo  de  crescimento  das  remessas  abrandou,  contudo  no  3º   trimestre, devido à desaceleração das transferências provenientes da França e de Portugal  (em 16 e 18 pontos percentuais, relativamente ao primeiro semestre) e à queda das remes‐ sas da Itália (2%) e da Espanha (24%). As remessas dos Estados Unidos mantiveram a ten‐ dência de diminuição  que vinham registando desde o primeiro semestre.    A balança financeira, que representa os canais através dos quais se processa o financiamen‐ to da economia,  registou uma entrada líquida de fundos na ordem dos 3% do PIB, para a  qual contribuíram os desembolsos líquidos da dívida (pública e privada) em 74%.     O investimento directo estrangeiro registou uma queda de 11,5% em termos homólogos. A  conclusão de alguns projectos da imobiliária turística em meados do 2º trimestre e o adia‐ mento no arranque de alguns projectos, em função da deterioração das condições de finan‐ ciamento nos principais países investidores, entre outros factores, poderão explicar o fraco  desempenho do IDE, no período.    O excesso de influxos de financiamento  sobre as necessidades da economia, em resultado  de  um  maior  dinamismo  dos  influxos  privados,  determinou  a  acumulação  das  reservas  externas no período em 3,5 milhões de euros.     Figura 8: Transferências Oficiais e Remessas de Emigrantes                                        Fonte: Banco de Cabo Verde.  0 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400 0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 Ja n ‐09 Ma r‐ 09 Ma i‐ 09 Ju l‐ 09 Se t‐ 09 No v‐ 09 Ja n ‐10 Ma r‐ 10 Ma i‐ 10 Ju l‐ 10 Se t‐ 10 No v‐ 10 Ja n ‐11 Ma r‐ 11 Ma i‐ 11 Ju l‐ 11 Se t‐ 11 m ilh õe s  de  e sc udos m ilh õe s  de  e sc udos Transferências Oficiais  Remessas de Emigrantes  (eixo direito) 

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Em termos agregados, no entanto, as reservas internacionais líquidas do país reduziram 65  milhões  de  euros  relativamente  a  Dezembro  de  2010,  passando  a  cobrir  2,8  meses  das  importações previstas para 2011.                                                                    Figura 9: Investimento Externo e Reservas Internacionais      Fonte: Banco de Cabo Verde.  2,4 3,4 3,6 4,1 4,2 4,2 4,2 2,7 0 1 2 3 4 5 0 50 100 150 200 250 300 350 De z‐ 04 De z‐ 05 De z‐ 06 De z‐ 07 De z‐ 08 De z‐ 09 De z‐ 10 Se t‐ 11 me se s  de  im po rt aç ão mi lh õe s  de  eu ro s Stock Reservas em milhões de euros Meses de importação 0 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400 1.600 Jan ‐09 Ma r‐ 09 Ma i‐ 09 Ju l‐ 09 Se t‐ 09 No v‐ 09 Jan ‐10 Ma r‐ 10 Ma i‐ 10 Ju l‐ 10 Se t‐ 10 No v‐ 10 Jan ‐11 Ma r‐ 11 Ma i‐ 11 Ju l‐ 11 Se t‐ 11 m ilh õe s  de  e sc udos

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Relatório de Política Monetária   

5. Situação Orçamental 

 

A  política  orçamental  manteve,  ao  longo  do  ano,  um  cariz  essencialmente  expansionista,  suportado particularmente pela execução do  programa pluri‐anual de investimentos públi‐ cos (PPIP), em curso desde 2009.  

 

Em Setembro, as contas públicas registaram um deficit de 9.396 milhões de escudos (7% do  PIB),  o  que  representa  um  agravamento  de  1,9  pontos  percentuais  face  ao  1º  semestre.  Excluindo os juros da dívida, o défice orçamental (défice primário) cresceu 2,1 pontos per‐ centuais, fixando‐se em 0,7 pontos percentuais acima do défice global.  No entanto, o exce‐ dente  corrente  aumentou,  reflectindo  principalmente  o  abrandamento  das  despesas  cor‐ rentes. 

 

As despesas de investimento totalizaram os 15.590 milhões de escudos em finais de Setem‐ bro, que compara ao valor orçamentado de 27.596 milhões de escudos, direccionadas, na  sua  maior  parte,  para  projectos  ligados  à  expansão  e  modernização  de  portos,  habitação  social,  governação electrónica, infra‐estruturação agrícola e protecção social mínima.  

 

As  despesas  correntes  aumentaram  5,4%  em  termos  homólogos,  passando  a  totalizar  20.707 milhões de escudos. O aumento das despesas correntes, embora em desaceleração,  traduz,  principalmente,  o  crescimento  homólogo  das  transferências  correntes  (5,7%),  em  resultado do aumento das transferências para as famílias e dos subsídios, relacionados com  a liquidação do défice tarifário e a compensação da potência alugada à Electra. O aumento,  até ao 3º trimestre, em 11,8% dos encargos com os juros da dívida e em 1% das despesas  com pessoal, igualmente, contribuíram para a evolução das despesas correntes.  Quadro 2: Evolução da Situação Orçamental     Fonte: Ministério das Finanças.  Nota: Os cálculos para o 3º trimestre foram efectuados com informações muito preliminares. De acordo com  o Ministério das Finanças o valor das despesas por regularizar é de 796 milhões de escudos. 

1º Tri 2º Tri 3º Tri 4º Tri 1º Tri 2º Tri 3º Tri

Receitas Fiscais ‐1,0 2,7 23,4 2,7 12,0 11,5 12,7 das quais: Imposto s/ Valor Acrescentado (IVA) ‐2,1 4,7 30,4 7,3 15,9 11,5 8,0 Imposto Único s/ Rendimento (IUR) 10,2 3,4 16,3 ‐2,4 ‐1,5 5,4 18,1 Donativos ‐16,1 ‐35,3 46,1 8,5 ‐13,7 ‐19,3 ‐45,3 Despesas Correntes 5,4 1,4 32,4 0,3 23,1 9,7 5,4 das quais: Salários 5,2 9,0 37,6 1,5 8,9 5,9 1,0 Transferências  7,2 13,4 39,4 8,9 17,9 6,7 5,7 Pensões 10,2 11,0 14,1 16,0 17,0 17,3 n.d Despesas de Investimento 32,7 49,7 110,0 37,1 32,2 22,3 ‐1,0 Saldo Global (incluindo Donativos) ‐0,4 ‐3,9 ‐9,7 ‐11,9 ‐1,7 ‐5,1 ‐7,0 Saldo Corrente 1,2 1,6 2,0 1,9 0,5 1,7 2,7 em percentagem do PIB taxas de variações homólogas 2010 2011

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Do lado das receitas, as  fiscais registaram um aumento de 12,7%, não obstante a desacele‐ ração do imposto sobre o valor acrescentado em 3,5 pontos percentuais, relativamente ao  arrecadado no primeiro semestre.  

 

Os  donativos  ao  Governo  Central  reduziram  45%,  em  termos  homólogos,  principalmente  devido ao término do 1º compacto do programa Millenium Challenge Account e ao calen‐ dário dos desembolsos da ajuda ao orçamento.  

 

Em resultado do aumento das necessidades de financiamento do sector público,  o stock de  dívida  do  Governo  Central  (excluindo  os  Títulos  Consolidados  de  Mobilização  Financeira)  aumentou 11,4% relativamente a Dezembro, para 80,1% do PIB projectado para 2011, com  o aumento do endividamento interno e externo em 17,9% e 9,4% respectivamente.  

 

O stock da dívida interna, deduzido dos depósitos do Governo Central atingiu os 26,4 mil  milhões  de  escudos  (19,8%  do  PIB),  concentrando‐se,  fundamentalmente,  em  títulos  de  médio  e  longo  prazos.  O  sistema  bancário  nacional  e  o  Instituto  Nacional  de  Previdência  Social detêm, respectivamente, 50,2% e 49,5% do total do stock das obrigações de tesouro,  e 6,5% e 93,5% do stock dos bilhetes de tesouro, emitidos no mercado primário. Refira‐se  que  apesar  do  aumento  do  recurso  ao  endividamento  interno,  as  taxas  de  remuneração  dos  títulos  do  Tesouro  mantiveram‐se  relativamente  estáveis.  As  taxas  dos  bilhetes  de  tesouro fixaram‐se em 4,00%,  3,939% e 3,63%, respectivamente, para as colocações a 91,  182 e 364 dias, enquanto as  taxas das obrigações do tesouro oscilaram entre 5,5% e 6%,  tendo‐se registado excepcionalmente uma colocação a 7% em Janeiro de 2010.     A dívida externa efectiva atingiu os  61,1% do PIB. O aumento  da dívida externa, ao longo  dos nove primeiros meses do ano, foi determinado em 78% pelo desembolso das institui‐ ções financeiras portuguesas.                                     

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Relatório de Política Monetária   

6. Situação Monetária e Financeira 

  Orientada para a estabilização das reservas externas do país ‐ condição necessária para a  sustentabilidade do regime cambial de peg unilateral ao euro ‐ e reforço da eficiência do  sistema bancário, o Banco de Cabo Verde deliberou, a 2 de Junho de 2011, o  alargamento  da  base  de  incidência  das  reservas  obrigatórias  para  incluir  50%  dos  depósitos  do  sector  público administrativo. Adicionalmente à  implementação desta medida de política, a ges‐ tão monetária permaneceu, nos últimos seis meses, focalizada no ajustamento da liquidez,  ainda excessiva e assimetricamente distribuída no sistema bancário.     Neste quadro, as operações do tipo open market, nomeadamente as emissões de Títulos de  Regularização Monetária (TRM) à taxa directora (4,25%) ascenderam a 13,7 mil milhões de  escudos.  As  operações  de  cedência  de  liquidez,  à  taxa  de  7,25%,  atingiram  os  91,5  mil  milhões de escudos, enquanto as de absorção totalizaram 27,2 mil milhões de escudos.  

 

De  registar  que  as  transacções  no  mercado  interbancário  (MMI)  intensificaram‐se,  no  período, resultando numa duplicação dos montantes permutados,  face ao registado no 1º  trimestre  de  2011.  As  transacções  no  MMI,    à  taxa  média  de  5,9%,  totalizaram  37,5  mil  milhões em finais de Setembro.    Agregados Monetários     Reflectindo a evolução da actividade económica nacional e os desenvolvimentos nas contas  externas,  a  oferta  de moeda  em sentido lato, representada pelo agregado monetário M2,   cresceu  3%  em  termos  homólogos  em  Setembro  (que  compara  aos  4,9%  registado  em  Setembro de 2010). Esta evolução representa um abrandamento significativo no ritmo de  expansão da massa monetária, que nos últimos anos cresceu em média 9%.  

 

A moderação da criação monetária reflecte os choques negativos sobre os activos externos  líquidos do sistema. Com efeito, em linha com a deterioração das contas externas, os acti‐ vos  externos  líquidos  totais  decresceram  24,9%,  em  resultado  da  redução  das  reservas 

Quadro 3: Principais Indicadores da Situação Monetária  (taxas de variações homólogas)                      Fonte: Bancos Comerciais; Banco de Cabo Verde. 

Março Junho Setembro Dezembro Março Junho Setembro

Activos Externos Líquidos  ‐5,0 9,2 8,3 5,9 ‐1,3 ‐24,9 ‐25,9 Crédito Interno Liquído 11,1 7,2 8,0 6,2 9,4 13,7 13,6 Crédito Líquido ao SPA 12,9 ‐8,2 1,3 ‐6,0 10,0 24,2 22,2 Crédito à Economia  10,7 11,2 9,7 9,2 9,3 11,3 11,4 M1 ‐0,5 ‐2,4 ‐4,1 7,9 3,4 1,7 ‐4,1 M2 4,0 4,4 4,9 5,9 5,9 3,3 3,1 2011 2010

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internacionais líquidas do Banco de Cabo Verde (19,2%) e do aumento dos passivos exter‐ nos de curto e longo prazos dos bancos comerciais  em 12% e 70%, respectivamente. 

 

O crédito à economia cresceu 11,4% em termos homólogos (8,7% relativamente a Dezem‐ bro de 2010), mantendo o seu papel determinante na criação monetária. De notar que o  crédito  ao  sector  privado,  que  representa  99,1%  do  total  do  crédito  à  economia,  cresceu  10,5% em termos homólogos (7,9%, relativamente a Dezembro), tendo as hipotecas para  residências crescido 8,3%  (11,3% no período homólogo). O crédito para os diversos secto‐ res de actividade apresentou, no seu conjunto, uma evolução homóloga positiva, particu‐ larmente  os  serviços  sociais  e  pessoais  (18,9%),  a  construção  e  obras  públicas  (15,2%)  e  transportes e comunicações (42,7%).  

 

O  crédito  ao  sector  público  administrativo  aumentou  22%  em  termos  homólogos  em  Setembro (32,1% relativamente a Dezembro), invertendo a tendência de redução que vinha  observando.     Em termos de componentes, a criação monetária foi determinada pelo comportamento dos  passivos quase monetários, depósitos à prazo, na medida em que os meios de pagamento  em sentido estrito diminuíram 4,1% em termos homólogos e 9% relativamente a Dezem‐ bro.   Entre os componentes dos passivos quase monetários, destaca‐se o aumento dos depósitos  de emigrantes, na ordem dos 9,4% em termos homólogos e 8,2% relativamente a Dezem‐ bro,  bem  como  dos  depósitos  de  poupança  em  9,6%  e  5,2%,  relativamente  ao  período  homólogo e Dezembro, respectivamente. Registe‐se que em termos agregados, os depósi‐ tos, que representam a principal fonte de financiamento dos bancos, estabilizaram‐se, tan‐ to em termos homólogos como relativamente a Dezembro.    Quadro 4: Componentes da Massa Monetária  (taxas de variações homólogas)                          Fonte: Bancos Comerciais; Banco de Cabo Verde. 

Março Junho Setembro Dezembro Março Junho Setembro

M1 ‐0,5 ‐2,4 ‐3,8 7,9 3,4 1,7 ‐4,1 Circulação monetária 0,1 0,5 ‐0,7 2,8 ‐1,2 ‐4,1 0,7 Depósitos à ordem M/N ‐0,6 ‐3,1 ‐4,4 9,2 4,5 3,0 ‐5,2 Passivos quase‐monetários 6,9 9,0 11,1 4,6 7,5 4,3 7,4 Depósitos a Prazo M/N 9,8 6,4 14,0 3,5 1,1 ‐9,9 ‐13,3 Depósitos de Emigrantes 7,9 8,8 9,2 6,3 6,4 5,7 9,4 M2 4,0 4,4 5,1 5,9 5,9 3,3 3,1 2011 2010

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Relatório de Política Monetária  Figura 10: Taxas de Juros Activas e Passivas                                Fonte: Bancos Comerciais; Cálculos do Banco de Cabo Verde  Atendendo à evolução das taxas de juro activas e passivas, infere‐se que as alterações nas  condições de investimento e financiamento do sector bancário influenciaram o aumento do  crédito  e dos recursos de clientes.         As taxas de juro activas, especialmente as praticadas nos empréstimos de maturidade até  seis meses, apresentaram uma tendência de redução mais expressiva (superior a 1 ponto  percentual)  a  partir  do  3º  trimestre.  Simultaneamente,  as  taxas  das  operações  passivas,  nomeadamente as que remuneram os depósitos de residentes de maturidade inferior a 6  meses e os depósitos de emigrantes registaram um perfil ascendente.      6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00 13,00 De z‐ 06 Ma r‐ 07 Ju n‐ 07 Se t‐ 07 De z‐ 07 Ma r‐ 08 Ju n‐ 08 Se t‐ 08 De z‐ 08 Ma r‐ 09 Ju n‐ 09 Se t‐ 09 De z‐ 09 Ma r‐ 10 Ju n‐ 10 Se t‐ 10 De z‐ 10 Ma r‐ 11 Ju n‐ 11 Se t‐ 11 em  pe rc en ta ge m taxas activas

6 ‐12 meses 1 ‐2 anos Superior a 10 anos

3,00 3,50 4,00 4,50 5,00 5,50 De z‐ 06 Ma r‐ 07 Ju n‐ 07 Se t‐ 07 De z‐ 07 Ma r‐ 08 Ju n‐ 08 Se t‐ 08 De z‐ 08 Ma r‐ 09 Ju n‐ 09 Se t‐ 09 De z‐ 09 Ma r‐ 10 Ju n‐ 10 Se t‐ 10 De z‐ 10 Ma r‐ 11 Ju n‐ 11 Se t‐ 11 em  pe rc en ta ge m taxas passivas Residentes (181 dias a 1 ano) Emigrantes (181 dias a 1 ano) Residentes (91 a 180 dias)

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7. Hipóteses de Enquadramento  

 

As  actuais  projecções  assentam  em  informações  sobre  a  evolução  recente  da  economia  cabo‐verdiana, bem como num conjunto de pressupostos sobre as expectativas de evolu‐ ção  dos  principais  indicadores  económicos  e  financeiros  para  o  4º  trimestre  de  2011  e  o  ano de 2012.    O enquadramento externo da economia apresenta‐se menos favorável, mas as pressões  inflacionistas estão mais contidas.    Os desenvolvimentos económicos e financeiros mais recentes apontam para um abranda‐ mento da actividade económica global  e do comércio internacional, na segunda metade do  ano e em 2012. Acresce‐se o facto dos riscos de uma nova recessão global não serem negli‐ genciáveis,  numa  conjuntura  de  recrudescimento  de  tensões  nos  mercados  financeiros,  relacionado com o agudizar da crise da dívida soberana na Área do Euro, num contexto em  que  a  margem  de  actuação  da  política  macroeconómica  nos  países  avançados  é  relativa‐ mente limitada.   

 

A informação disponível nos mercados de futuros aponta para uma descida do preço médio   anual do petróleo de cerca de 112 dólares por barril em 2011 para 108 dólares em 2012,  em  função  do  abrandamento  da  economia  mundial.  As  expectativas  nos  mercados  suge‐ rem,  igualmente,  alguma  desaceleração  dos  preços  dos  bens  alimentares  nos  mercados  internacionais, face aos máximos registados no início do ano, e uma redução de 4,7% em  2012.     Os pressupostos técnicos relativos à evolução das taxas de câmbio admitem, em conformi‐ dade com as projecções do Banco de Portugal,  uma apreciação nominal do euro face ao  dólar de 4,7%, em termos homólogos em finais de 2011, e uma depreciação ligeira do Euro  em 2012, tanto em relação ao dólar como em termos médios efectivos.    No que se refere às condições de financiamento externo, as taxas euribor a 3 meses, que  indexam grande parte da dívida externa por reembolsar, deverão atingir 1,4% em 2011 e  1,2% em 2012 (0,8% em 2010), de acordo com o Banco Central Europeu.    A política orçamental permanece, essencialmente, expansionista.    De acordo com as linhas orientadoras da política orçamental, o ano de 2011 marcaria o iní‐ cio do phasing‐out da política fortemente expansionista em curso desde 2009, prevendo‐se  uma redução do défice global em 0,6 pontos percentuais do PIB em 2011. Contudo, a ava‐

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Relatório de Política Monetária  liação de meio percurso da execução orçamental, feita pelo Ministério das Finanças, aponta  para  um  agravamento  do  défice  previsto  para  2011  (em  0,7  pontos  percentuais).  Para  2012, o quadro orçamental considera:   desaceleração das receitas fiscais em 1,8 pontos percentuais;   redução dos donativos em 48,7%;   aumento das despesas correntes em 5,4% (11,1% previsto para 2011) e redução  das despesas de investimento em 14%.  O défice global, na perspectiva do Ministério das Finanças, deverá atingir os 9,8% do PIB,  que compara aos 11% antecipados para 2011.     O Orçamento do Estado prevê um menor recurso ao endividamento externo, compensado  com um maior recurso ao financiamento interno em 2012.   

8. Projecções para a Economia Cabo‐Verdiana 

  Num contexto de dissipação de factores de natureza temporária, que determinaram a ace‐ leração dos preços internacionais de matérias‐primas, nomeadamente a instabilidade polí‐ tica e social no Norte de África, e de moderação da procura global, a projecção actual apon‐ ta para uma descida da  inflação média anual do intervalo 4,5%‐5% para o intervalo 3%‐ 4%.    O exercício da projecção da inflação teve por base a evolução actual do índice de preços no  consumidor e considerou os pressupostos técnicos relativos à evolução dos preços interna‐ cionais das matérias‐primas energéticas e não energéticas, bem como a inflação prevista na  Zona  Euro  e  em  Portugal,  país  de  onde  provêm  mais  de  50%  das  importações  cabo‐ verdianas. A nível interno, admitiu‐se que o crescimento dos custos salariais deverá manter ‐se moderado.    Quadro 5: Hipóteses de Enquadramento da Projecção da Inflação                                 Fonte: Fundo Monetário Internacional; Banco Central Europeu e Banco de Portugal.        Notas: IHPC‐índice harmonizado de preços no consumidor; P ‐ projecções.  Preço das Matérias‐Primas energéticas ‐36,3% 27,9% 30,6% ‐3,1% não energéticas ‐15,7% 26,3% 21,2% ‐4,7% IHPC‐Portugal ‐0,9% 1,4% 3,5% 2,4% IHPC‐Zona Euro 0,3% 1,6% [2,5%  2,7%] [1,1%  2,2%] 2011P 2009 2010 2012P

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No pressuposto da manutenção das actuais orientações de política orçamental e monetá‐ ria,  a presente projecção aponta para um abrandamento do ritmo de crescimento da eco‐

nomia em 2011 e 2012. Acompanhando, em certa medida, a evolução esperada da procura 

externa  líquida,  o  PIB  deverá  crescer  no  intervalo  4%‐5%  em  2011.  Para  2012,  o  cenário  central  das  projecções  admite  uma  ligeira  desaceleração  em  termos  reais  face  a  2011,  explicada, principalmente, pelo comportamento do investimento.   

 

Em termos reais, prevê‐se um contributo maior da procura externa líquida, suportado pela  desaceleração significativa  das importações.  

 

Do  lado  da  procura  interna,  antecipa‐se  um  aumento,  ainda  que  moderado  do  consumo  privado, sustentado pela melhoria do rendimento disponível real das famílias, em grande  medida, devido à redução das pressões inflacionistas. Em linha com o orçamentado, o con‐ sumo público deverá crescer 6,5%.  

 

Em  termos  agregados,  a  formação  bruta  de  capital  fixo  deverá  estabilizar‐se  em  termos  reais,  prevendo‐se  que  os  investimentos  privados  compensem  a  significativa  redução  do  investimento público. 

 

As  exportações  de  bens  e  serviços  deverão  registar  um  abrandamento  no  seu  ritmo  de  crescimento, em linha com o enquadramento externo da economia, enquanto as importa‐ ções  deverão  desacelerar  grandemente,  acompanhando  o  abrandamento  da  procura  glo‐ bal. 

 

 

A  balança  global  deverá  permanecer  deficitária  em  2012,  induzindo  a  uma  redução  das 

reservas internacionais líquidas do país,  que deverão passar a garantir 2,6 meses de impor‐ tação (3,0 em 2011).   Produto Interno Bruto variação real  5,6 [4,0 ‐ 5,0 ] [4,0 ‐ 5,0 ] Consumo Privado 3,8 2,9 4,1 Consumo Público 2,6 1,9 6,5 Formação Bruta de Capital Fixo 4,1 5,1 0,5 Exportações 13,8 11,4 4,4 Importações 4,1 4,5 0,8 Balança Corrente e de Capital  em % do PIB ‐9,8 ‐17,4 ‐13,9 Balança de Bens e Serviços em % do PIB ‐30,7 ‐33,3 ‐28,0 Índice de Preços no Consumidor variação média em % 2,1 [4,5 ‐ 5,0] [3   ‐  4 ] variação real  Unidades 2010 E  2011 E 2012 P Quadro 6: Projecções do Banco de Cabo Verde                           Fonte: Banco de Cabo Verde.         Notas: E‐ estimativas ; P ‐ projecções. 

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Relatório de Política Monetária  O défice da balança corrente e de capital deverá registar, no entanto, um comportamento  menos desfavorável. Prevê‐se que as exportações de bens mantenham um perfil ascenden‐ te, embora em desaceleração, face à moderação da procura externa e  à redução do efeito  preço nas reexportações de combustíveis. Estima‐se, igualmente, que a alteração das con‐ dições de acesso preferencial ao mercado da União Europeia  deverá afectar negativamen‐ te a evolução das exportações de mercadorias. As importações de bens deverão abrandar  consideravelmente,  em  função  da  esperada  desaceleração  da  procura  e  da  redução  das  pressões inflacionistas nos mercados fornecedores.  

 

O excedente da balança de serviços deverá crescer 10,1%, o que compara à projecção de  20,8% para 2011. O impacto antecipado da deterioração da situação financeira dos turistas  da  União  Europeia  e  o  aumento  das  importações  de  serviços  empresariais  suportam,  em  grande medida, as projecções da balança de serviços.     As perspectivas para a evolução das remessas de emigrantes são, igualmente, menos opti‐ mistas, em função da esperada degradação dos mercados de trabalho dos principais países  de acolhimento da emigração cabo‐verdiana. Igualmente, prevê‐se que a severa consolida‐ ção orçamental na Europa (em particular, o aumento dos impostos paralelamente à redu‐ ção dos benefícios sociais) influa nas transferências dos emigrantes. A redução prevista dos  donativos ao Governo Geral também deverá contribuir para a diminuição do excedente da  balança de transferências.    Nas rubricas de financiamento, prevê‐se uma redução, embora menos acentuada devido ao  efeito base, dos influxos do investimento estrangeiro, atendendo ao desenvolvimento nos  mercados financeiros na Europa.    Os desembolsos líquidos da dívida pública externa deverão diminuir perto de 4%, enquanto  as sociedades não financeiras privadas deverão continuar, fundamentalmente, a amortizar  dívida contratada em anos anteriores.    A  posição de investimento internacional do país deverá registar um agravamento, devido à  contínua acumulação dos passivos externos geradores de dívida. Em consequência, os indi‐ cadores  de  sustentabilidade  da  dívida  externa,  nomeadamente  o  valor  actual  da  dívida  pública externa efectiva em percentagem do PIB, continuam a deteriorar, aproximando‐se  este último do  threshold  estabelecido para risco moderado (50% do PIB). Igualmente, em  resultado do aumento das obrigações contratuais do Governo Central e da dinâmica espe‐ rada dos influxos privados.       

Referências

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