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A Unilever recorreu para o tribunal cível, que deu provimento ao recurso, ordenando que fosse deferida a concessão

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Cópias dos acórdãos do Supremo Tribunal de Justiça e da Relação de Lisboa e da sentença do 2.° juízo cível da comarca de Lisboa proferidos no processo de patente de invenção n.° 34 735.

Acordam no Supremo Tribunal de Justiça:

Unilever N. V. requereu patente de invenção para «Pro- cesso de preparação de um agente de limpeza», sob forma sólida, pastosa ou líquida, com um teor de percombinação, caracterizado pelo facto de conter biguanidos como pro- tectores contra a corrosão.

Sonadel - Sociedade Nacional de Detergentes, S. A. R. L., reclamou dizendo que a invenção carecia de novi- dade, pois o emprego de biguanidos como anticorrosivos já era conhecida antes.

A reclamação foi julgada procedente e a patente foi recusada com fundamento no artigo 5.°, n.° 7.°, do Código da Propriedade Industrial (carência de novidade da in- venção).

A Unilever recorreu para o tribunal cível, que deu pro- vimento ao recurso, ordenando que fosse deferida a con- cessão da patente.

Apelou a Sonadel, mas a Relação confirmou a sentença apelada, pelas seguintes razões textuais:

Baseou-se o indeferimento nos pareceres que se en- contram no processo instrutor, mas nestes apenas se diz que pelos documentos juntos se verifica que os produtos químicos que entrariam na preparação já eram empregados em agentes de limpeza anterior- mente à data do pedido. Não se aponta prova de que assim sucedesse: faz-se a afirmação, mas não se produz nem indica prova alguma.

A reclamante, por sua vez, alega que a composição a que respeita o pedido já consta de duas patentes

americanas e é referida também num livro que citou. Mas não se fez prova alguma nem da existência das duas patentes americanas nem de qual seja o objecto delas.

Não há, por isso, nem no processo instrutor, nem no processo cível, qualquer elemento pelo qual se veja que tais patentes, se existem, afectam o carácter de novidade do invento a que respeita o pedido.

O excerto do livro citado também nada contém de que deva deduzir-se que ali se trate da preparação de agentes de limpeza que seja idêntica àquela para que a recorrida pediu a patente. Vê-se desse livro apenas que são conhecidos os «biguanidos», mas o que não se vê é que se tenham empregado e com- binado conforme consta das reivindicações apresenta- das pela recorrida.

Do acórdão que assim decidiu pede agora revista a Sonadel.

Queixa-se de que ele violou os artigos 4.°, 5.°, n.° 7.°, e 10.° do Código da Propriedade Industrial, porquanto o invento em causa não é novo e antes era conhecido e divulgado na literatura técnica da especialidade.

E m justificação, invoca o excerto do livro a que o acór- dão faz referência e cujos termos são os seguintes:

Achou-se que os compostos biguanidos aromáticos eram efectivos para inibir a formação de manchas nas ligas de cobre por detergentes do tipo sulfato e sul- f o n a t o .

Diz que é nesta função inibidora da formação de man- chas que o invento da Unilever utiliza os biguanidos.

A recorrida, por sua parte, sustenta o que vem decidido. Tudo visto:

A novidade legalmente exigida para que as invenções possam patentear-se está definida no artigo 10.° do Código da Propriedade Industrial, onde se diz ser nova «a invenção que antes do pedido da respectiva patente não foi divul- gada dentro ou fora do País, de modo a poder ser conhe- cida e explorada por peritos na especialidade».

A Relação não deu como provada a anterior divulgação, que é pura matéria de facto.

O Supremo não tem competência para a averiguar, nem lhe é lícito alterar o decidido pelos tribunais de instância quanto a factos, a não ser nos casos do artigo 722.°, n.° 2.°, do Código de Processo Civil, que não foram invocados nem se verificam.

Assim, por ausência de prova daquela anterior divul- gação, a reclamação da ora recorrente tinha de improceder e o seu recurso não pode ser provido.

Nestes termos:

Nega-se a revista e condena-se a recorrente nas custas. Lisboa, 8 de Maio de 1962. - Lopes Cardoso - José Osório - Arlindo Martins.

Está c o n f o r m e .

Secretaria do Supremo Tribunal de Justiça, 25 de Junho de 1962. - O Chefe da Secção, Jaime Pablo Pereira.

Acordam nesta Relação:

A Unilever N. V., indentificada nos autos, requereu a concessão da patente de invenção n.° 34 735, subordinada ao título «Processo de preparação de u m agente de lim- peza», que é caracterizado pelas seguintes reivindicações,

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constantes do requerimento base do pedido da dita patente apensado por linha aos presentes autos, sem que tenha sido lavrado termo de apensação:

1.° Processo de preparação de um agente de limpeza, sob forma sólida, pastosa ou líquida, com u m teor de per- combinação, caracterizado pelo facto de o mesmo conter, como protector contra a corrosão, um biguanido da fórmula geral

na qual R é u m resto de hidrocarboneto alifático, ciclo- alifático ou aromático, R1, R2, R3 e R são hidrogénio ou restos de hidrocarbonetos alifáticos, cicloalifáticos ou aromáticos e n é 1 ou 2.

2.° Processo de preparação de u m agente de limpeza de conformidade com a reivindicação 1, caracterizado pelo facto de o protector contra a corrosão ser u m biguanido da fórmula geral

na qual R é octil, decil, dodecil, fenil, difenilil, clorofenil ou diclorofenil.

3.° Processo de preparação de u m agente de limpeza de conformidade com a reivindicação 1, caracterizado pelo facto de o protector contra a corrosão ser um biguanido da fórmula geral

na qual R é hexametilene, octametilene, decametilene ou um resto bivalente de difenil, difenilmetano, toluol, nafta- lina, piridina ou metoxibenzol.

4.° Processo de preparação de u m agente de limpeza de conformidade com as reivindicações 1-3, caracterizado pelo facto de o mesmo conter 0,5-10 por cento, de pre- ferência aproximadamente 5 por cento, do protector contra a corrosão.

5.° Processo de preparação de u m agente de limpeza de conformidade com as reivindicações 1-4, caracterizado pelo facto de o mesmo conter fosfatos condensados.

6.° Processo de preparação de um agente de limpeza de conformidade com as reivindicações 1-5, caracterizado pelo facto de o mesmo conter uma reduzida quantidade de um sal de metal solúvel na água, que activa a formação de oxigénio por meio de percombinação.

O pedido desta patente deu entrada na Repartição da Propriedade Industrial em 7 de Janeiro de 1958 e depois de contra ele ter reclamado a Sonadel - Sociedade Na- cional de Detergentes, S'. A. R. L., portuguesa, industrial, com sede em Lisboa, Avenida de Fontes Pereira de Melo, 39, 5.°, a fl. 7 do apenso, foi o mesmo indeferido por despacho do Ex.mo Director-Geral do Comércio, datado de 14 de Julho de 1960, lançado ao fundo da fl. 1 do alu- dido apenso, onde foi escrito o «Parecer do serviço de in- venções» do referido processo de patente de invenção n.° 34 735, parecer este que é do chefe do respectivo ser- viço e do seguinte teor:

Reporto-me ao parecer emitido no processo de pa- tente de invenção n.° 34 734.

Aí, como aqui, sustentou-se a discussão completa sobre a novidade do objecto do pedido, nascida da

reclamação apresentada por Sonadel - Sociedade Na- cional de Detergentes, S. A. R. L.

Comparando as reivindicações daquele com as do pedido em estudo, verifica-se que onde se dizia «um triazol e ou tetrazol ...» diz-se agora «um biguanido», nada mais fazendo distinguir u m do outro.

Assim, tem inteiro cabimento neste parecer tudo quanto disse no que incidiu sobre o pedido de patente de invenção n.° 34 734, por serem os mesmos os ar- gumentos pró e contra a protecção, da reclamante e da requerente.

Sou, por isso, de parecer que a reclamação tem fundamento e que a patente requerida deve ser re- cusada, nos termos n.° 7.° do artigo 5.° do Código da Propriedade Industrial.

Repartição da Propriedade Industrial, 11 de Julho de 1960. - O Chefe de Serviço de Invenções, (rubrica ilegível).

Concordo. - O Chefe da Repartição, (rubrica ile- gível).

E o parecer emitido no pedido de patente de invenção n.° 34 734, cuja cópia se encontra junta a fi. 2 do mesmo apenso, é do seguinte teor:

O objecto deste pedido, contra o qual reclamou Sonadel - Sociedade Nacional de Detergentes, S. A. R. L., refere-se à adição a agentes de limpeza de protectores contra a corrosão, u m triazol e ou u m tetrazol, com determinadas características de consti- tuição e composição e em quantidades definidas, de- vendo os agentes de limpeza conter fosfato condensado e «uma reduzida quantidade de um sal de metal» com activador da formação de oxigénio.

A reclamante fundamenta a sua oposição no facto de ser conhecida, anteriormente à data do pedido (patente inglesa n.° 722 332, de 28 de Dezembro de 1951), a adição de «tetrazóis substituídos como agen- tes anticorrosivos» a agentes de limpeza. Como re- forço da sua afirmação vai buscar a passagem da contestação em que se afirma ser a aplicação de tais produtos feita como antidescolorante, que na sua opinião é um fenómeno de corrosão.

Continuando a defesa iniciada na contestação, a requerente da patente expõe, na tréplica, algumas novas considerações. São elas, fundamentalmente, a interpretação do artigo 4.° da réplica, no qual vê uma afirmação abonatória do objecto do pedido, e a distin- ção entre descoloração e corrosão feita por Chamber no seu dicionário técnico, pelas quais será de concluir, diz, que a matéria reivindicada deve ser protegida.

Salvo melhor opinião, parece-nos contràriamente à requerente.

Vejamos:

Pretende-se proteger u m «processo» que consiste em adicionar produtos, triazóis e ou tetrazóis, com fim determinado.

Pondo de parte qualquer raciocínio sobre a prote- gibilidade de u m tal processo, encarar-se-á o caso simples da finalidade do emprego desses produtos.

Verifica-se pelos documentos do processo que tais produtos eram empregados em agentes de limpeza anteriormente à data do pedido. Denuncia-o a recla- mante e confirma-o a requerente. Assim sendo, não tem novidade a aplicação reivindicada no pedido e, como consequência, o efeito de protecção contra a corrosão carece, igualmente, daquela qualidade, visto

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que, se o uso do produto se fazia, ele actuava em con- formidade com as suas próprias características, quer antidescolorantes, quer anticorrosivas.

Quase se conclui que o pedido não vai além da re- velação de mais uma qualidade dos produtos referidos, que, porventura recentemente descoberta, não pode ser objecto de patente.

Nestas condições, sou de parecer que a reclamação tem fundamento e que a patente requerida deve ser recusada, nos termos do n.° 7.° do artigo 5.° do Có- digo da Propriedade Industrial.

Repartição da Propriedade Industrial, 11 de Julho de 1960. - O Chefe do Serviço de Invenções, J. Graça.

Do referido despacho interpôs a requerente Unilever N. V. o competente recurso e pediu a revogação do mesmo, com os fundamentos constantes das suas alegações de fls. 2 e seguintes, que aqui se dão como reproduzidas e que terminaram com nove conclusões, subordinadas às alí- neas a) a i), inclusive.

Tal recurso seguiu os seus normais e regulares termos e foi a final julgado por sentença do meritíssimo juiz do 2.° juízo cível desta comarca de fls. 42 e seguintes, datada de 23 de Março último, que lhe concedeu provimento e ordenou que o despacho recorrido fosse substituído por outro em que se deferisse a concessão da requerida pa- tente

Inconformada com esta decisão, dela interpôs a dita Sona- del - Sociedade Nacional de Detergentes, S. A. R. L., recurso para esta Relação, recurso que foi admitido como apelação e com efeito suspensivo (fls. 53 e 54).

Recebido o processo neste Tribunal, foi nele lavrado o despacho preliminar de fl. 68 v.° Pela recorrente e recor- rida foram apresentadas as suas alegações, respectiva- mente a fls. 73 e 79 e seguintes, as quais se dão aqui como reproduzidas, e o processo prosseguiu nos seus ulteriores e normais termos.

Conhecendo:

Vê-se dos autos que a recorrente pretende, em primeiro lugar, que o objecto da patente requerida não é suscep- tível de ser patenteado, porque não constitui um processo de preparação, mas apenas uma composição química, e esta não pode ser objecto de patente, em vista do precei- tuado no n.° 4.° do artigo 5.° do Código da Propriedade Industrial.

Ora o pedido de patente não foi indeferido por este fundamento, mas apenas pelo previsto no n.° 7.° daquele mesmo artigo. E m face disto, o que tem de discutir-se é apenas se a razão do indeferimento se verifica ou não. É, todavia, manifesto que a recorrida não pediu a pa- tente para qualquer produto da indústria química, mas para um novo processo de preparação de um agente de limpeza, que consiste numa combinação de produtos quí- micos, por forma a evitar a corrosão. E tais composições constituem inventos químicos, susceptíveis de ser paten- teados.

Mas o que importa essencialmente é saber se o invento terá ou não o requisito da novidade. Este requisito é defi- nido pelo artigo 10.° do Código da Propriedade Industrial e é exigido, para a concessão de uma patente, pelo ar- tigo 4.° e seus parágrafos e pelo n.° 7.° do artigo 5.° do mesmo código.

Baseou-se o indeferimento nos pareceres que se encon- tram no processo instrutor, mas nestes apenas se diz que pelos documentos juntos se verifica que os produtos quí- micos que entrariam na preparação já eram empregados em agentes de limpeza anteriormente à data do pedido.

Não se aponta prova alguma de que assim sucedesse: faz-se a afirmação, mas não se produz nem indica sequer prova alguma.

A reclamante, por sua vez, alega que a composição a que respeita o pedido já consta de duas patentes ameri- canas e é referida também num livro que citou. Mas não se fez prova alguma nem da existência das duas patentes americanas nem de qual seja o objecto delas.

Não há, por isso, nem no processo instrutor, nem no pro- cesso cível, qualquer elemento pelo qual se veja que tais patentes, se existem, afectam o carácter de novidade do invento a que respeita o pedido.

O excerto do livro citado também nada contém de que deva deduzir-se que ali se trata da preparação de agentes de limpeza que seja idêntica àquela para que a recorrida pediu a patente. Vê-se desse livro apenas que são conhe- cidos os «biguanidos», mas o que não se vê é que já se tenham empregado e combinado conforme consta das rei- vindicações apresentadas pela recorrida.

Têm, pois, a composição e processo de preparação, ex- postos no pedido da patente, que considerar-se novos.

Ainda a recorrente argumenta que o pedido foi feito em Inglaterra em 10 de Janeiro de 1957 e o pedido em Por- tugal foi apresentado em 3 de Outubro de 1958. Tendo sido, em tais condições, excedido o prazo de doze meses, carece o invento de novidade também por este motivo.

Mas não tem razão, pois o pedido foi apresentado em Portugal no dia 7 de Janeiro de 1958, como consta do pro- cesso instrutor. O que foi apresentado em 3 de Outubro de 1958 foi o pedido de substituição do título e algumas reivindicações, como se verifica de fls. 6/2 do processo instrutor. Mas esta substituição foi requerida e foi autori- zada, como se vê de fls. 6/1; por isso, embora alterado, o pedido originário subsistiu.

Improcede, consequentemente, também este funda- mento.

Nestes termos, acordam os desta Relação em confir- mar a sentença recorrida, condenando a recorrente nas custas, negando-se assim provimento ao recurso

Lisboa, 29 de Novembro de 1961. - José Meneses - Simões de Carvalho - Lucena e Vasconcelos.

Está conforme.

Lisboa, 4 de Dezembro de 1961. - O Chefe da 2.ª Sec- ção, Carlos Pimentel.

A Unilever N. V., holandesa, industrial, com sede em Museumpark, 1, Roterdão, Holanda, requereu a concessão de patente de invenção n.° 34 735, para «Processo de pre- paração de u m agente de limpeza», caracterizado pelas seguintes reivindicações:

1.° Processo de preparação de um agente de limpeza, sob forma sólida, pastosa ou líquida, com um teor de percombinação, caracterizado pelo facto de o mesmo conter, como protector contra a corrosão, um biguanido da fórmula geral

na qual R é um resto de hidrocarboneto alifático, ciclo- alifático ou aromático, R1, R2, R3 e R4 são hidrogénio ou restos de hidrocarbonetos alifáticos, cicloalifáticos ou aromáticos e n é 1 ou 2.

2.° Processo de preparação de um agente de limpeza de conformidade com a reivindicação 1, caracterizado pelo

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facto de o protector contra a corrosão ser u m biguanido da fórmula geral

na qual R é octil, decil, dodecil, fenil, difenilil, clorofenil ou diclorofenil.

3.° Processo de preparação de u m agente de limpeza de conformidade com a reivindicação 1, caracterizado pelo facto de o protector contra a corrosão ser um biguanido da fórmula geral

na qual R é hexametilene, octametilene, decametilene ou um resto bivalente de difenil, difenilmetano, toluol, nafta- lina, piridina ou metoxibenzol.

4.° Processo de preparação de u m agente de limpeza de conformidade com as reivindicações 1-3, caracterizado pelo facto de o mesmo conter 0,5-10 por cento, de pre- ferência aproximadamente 5 por cento, do protector contra a corrosão.

5.° Processo de preparação de u m agente de limpeza de conformidade com as reivindicações 1-4, caracterizado pelo facto de o mesmo conter fosfatos condensados.

6.° Processo de preparação de um agente de limpeza de conformidade com as reivindicações 1-5, caracterizado pelo facto de o mesmo conter uma reduzida quantidade de um sal de metal solúvel na água, que activa a formação de oxigénio por meio de percombinação.

O pedido desta patente deu entrada na Repartição da Propriedade Industrial em 7 de Janeiro de 1958 e depois de contra ele ter reclamado a Sonadel - Sociedade Na- cional de Detergentes, com sede na Avenida de Fontes Pereira de Melo, 39, 5.°, desta cidade, foi o mesmo in- deferido por despacho de 14 de Julho de 1960 do Ex.mo Di- rector-Geral do Comércio, com base no seguinte parecer emitido pelos respectivos serviços:

Reporto-me ao parecer emitido no processo de pa- tente de invenção n.° 34 734.

Aí, como aqui, sustentou-se a discussão completa sobre a novidade do objecto do pedido, nascida da reclamação apresentada por Sonadel - Sociedade Na- cional de Detergentes, S. A. R. L.

Comparando as reivindicações daquele com as do pedido em estudo, verifica-se que onde se dizia «um triazol e ou tetrazol ...» diz-se agora «um biguanido», nada mais fazendo distinguir u m do outro.

Assim, tem inteiro cabimento neste parecer tudo quanto disse no que incidiu sobre o pedido de patente de invenção n.° 34 734, por serem os mesmos os ar- gumentos pró e contra a protecção, da reclamante e da requerente.

Sou, por isso, de parecer que a reclamação tem fundamento e que a patente requerida deve ser re- cusada, nos termos n.° 7.° do artigo 5.° do Código da Propriedade Industrial.

E o parecer emitido quanto ao pedido de patente de invenção n.° 34 734 foi do teor seguinte:

O objecto deste pedido, contra o qual reclamou Sonadel - Sociedade Nacional de Detergentes, S. A. R. L., refere-se à adição a agentes de limpeza de protectores contra a corrosão, u m triazol e ou u m

tetrazol, com determinadas características de consti- tuição e composição e em quantidades definidas, de- vendo os agentes de limpeza conter fosfato condensado e «uma reduzida quantidade de u m sal de metal» com activador da formação de oxigénio.

A reclamante fundamenta a sua oposição no facto de ser conhecida, anteriormente à data do pedido (patente inglesa n.° 722 332, de 28 de Dezembro de 1951), a adição de «tetrazóis substituídos como agen- tes anticorrosivos» a agentes de limpeza. Como re- forço da sua afirmação vai buscar a passagem da contestação em que se afirma ser a aplicação de tais produtos feita como antidescolorante, que na sua opinião é um fenómeno de corrosão.

Continuando a defesa iniciada na contestação, a requerente da patente expõe, na tréplica, algumas novas considerações. São elas, fundamentalmente, a interpretação do artigo 4.° da réplica, no qual vê uma afirmação abonatória do objecto do pedido, e a distin- ção entre descoloração e corrosão feita por Chamber no seu dicionário técnico, pelas quais será de concluir, diz, que a matéria reivindicada deve ser protegida.

Salvo melhor opinião, parece-nos contràriamente à requerente.

Vejamos:

Pretende-se proteger um «processo» que consiste em adicionar produtos, triazóis e ou tetrazóis, com fim determinado.

Pondo de parte qualquer raciocínio sobre a prote- gibilidade de u m tal processo, encarar-se-á o caso simples da finalidade do emprego desses produtos.

Verifica-se pelos documentos do processo que tais produtos eram empregados em agentes de limpeza anteriormente à data do pedido. Denuncia-o a recla- mante e confirma-o a requerente. Assim sendo, não tem novidade a aplicação reivindicada no pedido e, como consequência, o efeito de protecção contra a corrosão carece, igualmente, daquela qualidade, visto que, se o uso do produto se fazia, ele actuava em con- formidade com as suas próprias características, quer antidescolorantes, quer anticorrosivas.

Quase se conclui que o pedido não vai além da re- velação de mais uma qualidade dos produtos referidos, que, porventura recentemente descoberta, não pode ser objecto de patente.

Nestas condições, sou de parecer que a reclamação tem fundamento e que a patente requerida deve ser recusada, nos termos do n.° 7.° do artigo 5.° do Có- digo da Propriedade Industrial.

Do referido despacho interpôs a requerente o presente recurso, em devido tempo, e pediu por via dele revogação do mesmo, com os fundamentos que expôs nas suas ale- gações e que resumiu nas seguintes conclusões:

a) O objecto do invento consiste num processo químico tendente a obter u m agente de limpeza com a propriedade inédita de eliminar a corrosão a que estão sujeitos os metais de que são fabricadas as máquinas de lavagem;

b) Tal propriedade confere ao produto obtido, segundo o processo da recorrente, óbvias vantagens;

c) O processo reivindicado e descrito na memória era e é patenteável nos termos da alínea b) do artigo 4.° do Código da Propriedade Industrial;

d) Do invento resultou u m produto comerciável e u m resultado prático industrial, bem como u m considerável progresso na técnica da especialidade;

e) O invento é novo segundo a definição do artigo 10.° do código citado, completada com a condição expressa

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no § 2.° do mesmo artigo 10.°, visto que o primeiro pe- dido foi depositado na Inglaterra a 10 de Janeiro de 1957 e em Portugal a 7 de Janeiro de 1958;

f) Não ficou provado que fosse de objecto de outra pa- tente igual, descrito em qualquer publicação, utilizado de modo notório ou caído no domínio público (artigo 10.°, § 1.°);

g) A informação em que se fundou o despacho recorrido não prova que a invenção careça de novidade e implìcita- mente aceite os demais requisitos de patenteabilidade;

h) A dita informação parece, pois, omissa em certos pormenores técnicos de importância transcendente no en- tendimento e apreciação do processo reivindicado;

i) A sanção do n.° 7.° do artigo 5.° do código citado é inaplicável e o despacho que a impôs é ilegal, iníquo por- tanto.

Foi dado cumprimento ao disposto nos artigos 206.° e 207.° do Código da Propriedade Industrial, tendo a Di- recção-Geral do Comércio remetido a este juízo o processo referente à aludida patente e a parte contrária (Sonadel - Sociedade Nacional de Detergentes) apresentado as ale- gações de fls. 32 e seguintes, em que se opõe à proce- dência do recurso pelas razões que resumiu pela forma seguinte:

a) O pretenso invento carece de novidade, pois o uso de biguanidos é já conhecido há muitos anos e consta das patentes norte-americanas n.° 2 706 179 W O Tundermann e n.° 2 706 180 H S Sylvester, concedidas à firma Colgate Palmolive Co., e da obra de Schwartz de Perry intitulada Surface Active Agents and Detergents, vol. II, p. 254;

b) Os aperfeiçoamentos que a recorrente diz ter con- seguido mais não são do que simples composições de ele- mentos conhecidos; além de essas composições não serem patenteáveis, de forma alguma traduzem novidade.

Teve vista do processo o magistrado do Ministério Pú- blico, que nada requereu.

Nada existe no processo que possa obstar ao conheci- mento do mérito. Cumpre, pois, conhecer dele:

A recorrida não impugnou as conclusões das alíneas a), b), c) e d) das alegações da recorrente, nem essas con- clusões, segundo parece, podem por qualquer forma ser afectadas pelo que se escreveu nos pareceres que serviram de base ao despacho recorrido. Assim, e em face dessas conclusões, há necessàriamente que admitir que a recor- rente efectivamente criou, nos termos de reivindicações atrás referidas, um processo de preparação de um agente de limpeza com a propriedade e alcance prático industrial de eliminar a corrosão a que estão sujeitos os metais de que são fabricadas as máquinas de lavagem. A divergên- cia entre a recorrente e a recorrida resume-se apenas e fundamentalmente à questão de «novidade» do invento. Enquanto aquela invoca essa novidade, esta nega-o di- zendo que o uso de «biguanidos» é já conhecido há muitos anos e consta até já de outras patentes e de literatura sobre detergentes. Aliás, e por outro lado, o próprio des- pacho recorrido apenas considerou como motivo de indefe- rimento do pedido de concessão de patente em causa a circunstância de esta não possuir o preciso requisito de no- vidade. Este requisito exigido para a patenteabilidade de invenção, quer pelas diversas alíneas do artigo 4.°, quer pelo n.° 7.° do artigo 5.° do Código da Propriedade Indus- trial, é definido por uma forma positiva e negativa no ar- tigo 10.° do mesmo código, que, depois de declarar que se deve considerar como nova a invenção que antes do pe- dido da respectiva patente ainda não se encontrava divul-

gada dentro ou fora do País de modo a poder ser conhecida e explorada por peritos na especialidade, acrescenta que não possuem essa qualidade as invenções que, dentro ou fora do País, já tenham sido objecto de patentes ante- riores, embora nulas ou caducas, que já tenham sido des- critas em publicações de modo a poderem ser conhecidas e exploradas por peritos na especialidade e aquelas que já tenham sido utilizadas por modo notório ou tenham caído por qualquer forma no domínio público.

Ora, examinando com todo o cuidado o presente pro- cesso e aquele que se encontra apenso e em que foi profe- rido o despacho recorrido, nada se vê neles que à face da referida definição possa excluir a novidade quanto à patente em causa. Com efeito:

N u m primeiro aspecto há a notar que a recorrida, em- bora tivesse invocado contra a dita novidade duas paten- tes de origem norte-americana, não fez a prova da exis- tência das mesmas nem mostrou que tais patentes, pela sua natureza e objecto, fossem susceptíveis de comprome- ter a mesma novidade. De resto, os próprios pareceres que serviram de base do despacho recorrido também nada referem de preciso e concreto a este respeito. Por outro lado, e num segundo aspecto, também nada foi provado no processo nem demonstrado nos ditos pareceres no sen- tido de que o invento em discussão já tivesse sido descrito por qualquer forma na literatura da especialidade. E, por outro lado e num terceiro aspecto, há a ponderar que a circunstância de os «biguanidos» já serem conhecidos na data do invento e de já se ter feito uso deles no fabrico de agentes de limpeza, antes da mesma data, não pode obstar ao requisito da novidade quanto ao mesmo invento, uma vez que não se mostra, por qualquer modo, que tal uso tivesse sido feito nos termos e subordinado às fór- mulas que constam das reivindicações relativas à patente em discussão.

Finalmente, e ainda a respeito do requisito de novidade do invento, é de notar que esse requisito não se pode considerar como prejudicado pelo facto de o pedido de patente em apreciação ter sido apresentado em Inglaterra a 10 de Janeiro de 1957, uma vez que na data da sua apresentação em Portugal ainda não tinha decorrido o prazo fixado no § 2.° do artigo 10.° do Código da Pro- priedade Industrial. De resto, e para este efeito, é de salientar que nenhum relevo pode ter o facto da substi- tuição do título de reivindicação de patente feita pelo re- querimento apresentado em 3 de Outubro de 1958, por não poder dar lugar à aplicação do disposto no § 4.° do ar- tigo 172.° do Código da Propriedade Industrial, quer por a patente se manter pràticamente igual nos dois requeri- mentos, quer por essa disposição reger apenas para efeitos de prioridade dos registos, como resulta do conteúdo geral do artigo onde está integrado.

Assim, e considerando o pedido relativo à patente em re- ferência ao abrigo das disposições combinadas dos arti- gos 4.°, alínea b), 5.° e 10.° do citado código, concede-se provimento ao recurso e ordena-se que o despacho recor- rido seja substituído por outro em que se defira a con- cessão da mesma patente.

Custas a cargo da oponente Sonadel. Fixe-se o imposto de justiça em u m sexto. Mantém-se o valor indicado na petição do recurso.

Notifique-se e registe-se e cumpra-se oportunamente o disposto no artigo 210.° do Código da Propriedade Indus- trial.

Lisboa, 23 de Março de 1961. - Acácia Victor Ferreira. Está conforme. - Lisboa, 25 de Abril de 1961. O Chefe de Secção, Elísio Vieira.

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