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Consumo de açúcar em bebês

Larissa Mendonça RODRIGUES¹, Renan Bezerra FERREIRA2, Letícia Diniz Santos

VIEIRA3.

Resumo

A boa alimentação durante a gravidez desempenha um papel importante para a vida do bebê, assim como o hábito alimentar adequado da criança proporciona uma condição de vida mais saudável para o seu crescimento e desenvolvimento. Para isso, é fundamental compreender a importância dos primeiros 1000 dias do bebê, desde a concepção até os dois anos de idade da criança, visto que esse período é caracterizado pelo crescimento rápido e pelas importantes aquisições no desenvolvimento, com ênfase nos seguintes cuidados: Aleitamento Materno Exclusivo (AME) até os seis meses de vida, pois tudo o que a criança precisa nesse período está no leite materno, e; introdução lenta e gradual da Alimentação Complementar (AC) a partir dos seis meses. É primordial também considerar as recomendações sobre os malefícios causados pelo consumo em excesso de açúcar e as relações com diversas doenças, tais como doença cárie, diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares. O objetivo deste trabalho foi revisar a literatura na base de dados SciELO, PubMed e Cochrane sobre o consumo de sacarose em bebês. Em suma, é importante considerar o hábito alimentar adequado da criança e as possíveis consequências do uso exagerado de açúcar, a fim de minimizar o risco de diversas doenças.

Palavras-chave:Odontopediatria. Sacarose. Dieta.

1Acadêmica em Odontologia do Centro Universitário do

Planalto Central Professor Apparecido dos Santos –

UNICEPLAC – DF.

2 Mestre em Odontopediatria pela São Leopoldo Mandic

Campinas-SP. Especialista em Odontopediatria e

Ortodontia pela HODOS UNINGÁ – DF, Professor de

Saúde Coletiva e Odontopediatria do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos UNICEPLAC – DF.

3 Pós-doutora em Biofotônica pela UNINOVE-SP, Doutora

em Odontopediatria pela UNICSUL – SP, Especialista em

Odontopediatria pela APCD-SP, Especialista em

Ortodontia pela HODOS – UNINGÁ – DF, Mestre em

Odontopediatria pela São Leopoldo Mandic – SP,

Coordenadora de Odontopediatria da HODOS – UNINGÁ

– DF, Professora de Odontopediatria e membro do NDE do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido

dos Santos – UNICEPLAC – DF, Habilitada em Óxido

Nitroso e Laser pela ABO – DF, Certificada em

(2)

2

Como citar este artigo: Rodrigues LM, Ferreira RB,

Vieira LDS. Consumo de açúcar em bebês. R Odontol Planal Cent. 2020.

- Os autores declaram não ter interesses associativos,

comerciais, de propriedade ou financeiros, que

representem conflito de interesse, nos produtos e companhias citados nesse artigo.

Autor para Correspondência: Larissa Mendonça Rodrigues

Endereço: Rua Manoel Elias, N. 5, Residencial D’eVille

Ap. 708 – Luziânia – GO. Telefone: (61) 99828-1480

E-mail: larissamrodriguees@gmail.com

Categoria: Revisão de Literatura Área: Odontopediatria

Introdução

Os primeiros 1000 dias do bebê se referem ao primeiro dia da gravidez até os dois anos de idade, considerado um período importante para o crescimento e desenvolvimento infantil1-4. O papel dos nutrientes se

torna essencial, sendo capaz de estabelecer um hábito alimentar adequado1.

O Aleitamento Materno Exclusivo (AME) é de extrema importância até os seis meses de vida, pois ele fornece tudo o que a criança precisa durante esse período2,4,5. Ao

completar seis meses, apenas o leite materno não atende as necessidades nutricionais da criança, sendo necessário a Alimentação

Complementar (AC) que consiste na introdução lenta e gradual de outros alimentos1-4. Inicialmente, os alimentos

oferecidos são em forma de papa de fruta e papa salgada, seguida de aumento gradual na consistência e frequência das refeições1,2.

Vale a pena ressaltar que a adição de açúcar deve ser evitada, como também alimentos industrializados, enlatados, embutidos e frituras1,2, visto que, o consumo em

excesso de açúcar durante a infância está associado ao risco de diversas doenças prejudiciais à saúde da criança, como a cárie dentária6,7,

obesidade infantil6,7, doenças

cardiovasculares7, hipertensão7 e

diabetes6-9.

A cultura parece desempenhar um papel significativo na introdução de outros alimentos na dieta da criança. Entretanto, o consumo de alimentos de uma criança deve ter uma abordagem multidisciplinar necessária para esclarecer sua complexidade5.

Portanto, é importante elaborar algumas estratégias para incentivar a importância do AME, além de outros benefícios, como promover o adiamento da introdução de sacarose em crianças5, incentivar os pais a

serem modelos para os filhos em relação a alimentação, disponibilizar

(3)

3 alimentos saudáveis nas creches e

escolas, e introduzir novos hábitos alimentares10.

O objetivo deste trabalho foi uma revisão de literatura na base de dados SciELO, PubMed e Cochrane sobre o consumo de sacarose em bebês.

Revisão de literatura Definição

O açúcar se divide em várias formas diferentes na dieta. Os termos normalmente empregados são: açúcares totais, açúcares adicionados, açúcares que ocorrem naturalmente, açúcares extrínsecos e intrínsecos, e açúcares livres7.

O termo “açúcares totais” é usado para descrever os monossacarídeos (glicose, galactose e frutose), dissacarídeos (sacarose, lactose, maltose e trealose). Esses açúcares incluem todos os açúcares contidos em alimentos ou bebidas, de fonte natural, como a lactose no leite, ou os açúcares adicionados aos alimentos. “Açúcares adicionados” refere-se àqueles que são utilizados como ingredientes em alimentos processados e preparados, e açúcares que são consumidos separadamente. “Açúcares que ocorrem naturalmente”

incluem os componentes naturais dos alimentos, como frutose em frutas e lactose no leite7,11.

“Açúcares extrínsecos” é definido como os açúcares que não estão localizados dentro da estrutura celular de um alimento, e são encontrados em sucos de frutas, mel e xaropes e adicionados a alimentos processados. O termo “açúcares extrínsecos não lácteos” Non-Milk Extrinsic Sugar (NMES), é usado para diferenciar açúcares extrínsecos contendo lactose, de todos os outros, porque a resposta metabólica para os dois tipos de açúcares difere. “Açúcares intrínsecos” são os açúcares presentes nas paredes celulares das plantas, como os açúcares naturais, e são sempre acompanhados por outros nutrientes7.

“Açúcares livres”, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), pertence ao grupo dos monossacarídeos e dissacarídeos, adicionados aos alimentos pelo fabricante, cozinheiro e consumidor, bem como açúcar presente naturalmente no mel, xaropes e sucos de frutas7,11.

Até os seis meses de vida a OMS recomenda exclusivamente o aleitamento materno12,13. De acordo

(4)

4 protetor, enquanto o consumo de

Bebidas Adoçadas com Açúcar (SSBs) exerce um efeito na direção oposta. Ademais, as mães que amamentam por períodos prolongados tendem a hábitos alimentares mais saudáveis, possibilitando um ambiente de alimentação saudável para os filhos10.

A partir dos seis meses de vida, apenas o leite materno não é suficiente para satisfazer as necessidades nutricionais do lactente1,2,4. Portanto, a prática

complementar de alimentação e a introdução gradativa dos alimentos é de suma importância2,4,13,14, sem a

inclusão de açúcar e outras guloseimas (salgadinhos, doces e alimentos industrializado)1,2.

Nos dois primeiros anos de vida, o crescimento e desenvolvimento da criança é intenso, visto que, durante essa fase as crianças adquirem habilidades para mastigar, digerir e autocontrole do processo de ingestão de alimentos. Portanto, o papel dos nutrientes é fundamental, inclusive para determinar o adequado hábito alimentar1.

Em um estudo de Liem et al.15

foi observado a preferência de doce ou azedo durante a infância, com o objetivo de determinar se a experiência no primeiro ano de vida

com fórmulas hidrolisadas influencia a preferência de sucos de maçã com sabor azedo. A pesquisa envolveu oitenta e três crianças, divididas em quatro grupos com base no tipo de fórmula alimentada durante a infância. As crianças de 4 a 5 anos que foram alimentadas com fórmulas de proteínas hidrolisadas durante o primeiro ano de vida, devido ao seu sabor amargo e odor desagradável, preferiram maior nível de ácido cítrico no suco comparado com crianças de 6 a 7 anos alimentadas de fórmulas hidrolisadas15.

Certamente, os pais têm uma influência marcante na dieta dos filhos

3,4,15,16 em relação ao tipo de alimento

consumido e frequência de alimentos doces15. Crianças que frequentemente

tem açúcar adicionado à dieta, preferem níveis mais altos de açúcar quando comparados a crianças que nunca tiveram açúcar adicionados à dieta15.

De acordo com um estudo realizado na Etiópia, cerca de 50% da mortalidade infantil está associada à desnutrição que pode ser evitada através do AME e da AC14.

Recomendações

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5 Heart Association (AHA), é

recomendado que as crianças consumam <25g ou seis colheres de chá de açúcares adicionados por dia7.

Para as crianças menores de 2 anos de idade, o recomendado é evitar alimentos contendo açúcar7,11.

Desde 2003, a OMS recomendou que a ingestão de açúcares livres seja restrita a <10% do consumo diário total de energia7,11,17.

Em 2015, a OMS orientou a redução para <5%, resultando em benefícios adicionais na redução do risco de doenças não transmissíveis, exclusivamente excesso de peso e doença cárie7,11.

A American Diabetic Association (ADA) recomendou a ingestão diária de 50% a 60% de carboidratos do total diário de calorias determinadas de acordo com as necessidades de cada indivíduo8.

Benefícios x Malefícios

O consumo de açúcar em pequenas quantidades contribui para uma dieta saudável, rica em energia, mas falha em nutrientes7. Em

contrapartida, o consumo excessivo durante a infância contribui para diversas doenças, como cárie dentária6,16, obesidade infantil6,9,18-20,

doenças cardiovasculares, hipertensão9, câncer relacionado à

obesidade e cárie dentária7, e

diabetes8,9.

A Cárie Precoce na Infância (CPI) é marcada pela presença de um ou mais dentes decíduos cariados (lesões cavitadas ou não), perdidos (por cárie) ou restaurados antes dos 71 meses de vida. Sua etiologia é multifatorial, mas apenas um fator desequilibra tudo, a sacarose21.

A intensidade da doença cárie em crianças pré-escolares parece ser resultado do consumo frequente de alimentos e bebidas contendo açúcar, incluindo biscoito, doce, pão, salgadinhos, sucos e achocolatados. Esses são consumidos com maior frequência e na maioria das vezes entre as refeições principais21.

Entretanto, uma pesquisa foi realizada com 69 crianças (30 meninos e 39 meninas) com idade entre 13 e 60 meses, para avaliar o consumo médio de ingestão de açúcar, com destaque na sacarose e ingestão de alimentos e bebidas cariogênicas. Os pais e/ou responsáveis preencheram um diário alimentar para obter dados sobre a dieta. Constatou-se que não houve relação significativa entre a frequência de ingestão de açúcar e presença de CPI21.

(6)

6 Embora a exposição ao flúor

diminua a ocorrência da doença cárie em determinada idade, ela não previne completamente a cárie, que permanece ocorrendo em populações que são expostas ao flúor5.

Em países industrializados, a associação entre açúcar e cárie se tornou mais difícil de ser manifestada, devido ao uso do dentifrício fluoretado e/ou fluoretação das águas de abastecimento. Em contrapartida, em países em desenvolvimento com indivíduos economicamente desfavorecidos, o consumo de açúcar aumenta progressivamente, o uso do fluoreto não é largamente empregado, e o tratamento odontológico nem sempre está à disposição21.

Portanto, é necessário orientar os pais e/ou responsáveis quanto ao consumo de determinados alimentos cariogênicos, especialmente aqueles ingeridos entre as refeições principais. E também, quanto à adoção de guias alimentares para a população22 e no

incentivo da prática constante de higiene bucal após as refeições e antes de dormir21.

Em relação a diabetes, existem dois tipos: o tipo 1 que é uma doença autoimune, e o tipo 2 em que vários fatores podem contribuir para o seu surgimento, inclusive o estilo de vida

inadequado e alimentação. Esses fatores são determinantes para o auxílio na prevenção. Alguns estudos apontam que a amamentação na infância está associada à redução no risco de diabetes tipo 28. Outros

estudos relataram que os adolescentes com sobrepeso ou obesidade manifestam maior resistência à insulina7. Os casos de

diabetes infantil, possuem as mesmas recomendações nutricionais para os diabéticos em geral. É importante definir uma alimentação equilibrada, evitando o excesso de carboidratos simples e açúcares refinados. Dados da International Diabetes Federation (IDF), mostram que se não forem tomadas soluções para alterar a trajetória de casos de diabetes no mundo, a contagem pode atingir 440 milhões de pessoas em 20308.

No que diz respeito à obesidade, uma doença crônica que pode ser manifestada desde criança23,

em um estudo realizado por Modrek et al.24, a amamentação pode reduzir a

tendência de crianças se tornarem obesas24. A OMS estima que no ano

de 2020, a prevalência geral de sobrepeso e obesidade entre crianças de 0 a 5 anos será de 9%, visto que entre 1990 e 2010 a porcentagem aumentou em 2,5%. Um estudo

(7)

7 realizado com 81 bebês

acompanhados desde o nascimento até o 30º mês de vida, apresentou uma relação entre o excesso de energia oferecida pelos açúcares livres e o excesso de peso, ligados a um alto consumo de alimentos processados, ricos em açúcares, gorduras e proteínas, baixo consumo de vegetais e frutas, sedentarismo e baixo nível educacional e socioeconômico da família23.

No tocante à relação das doenças cardiovasculares e açúcares, pesquisas relatam que o risco de adquirir a doença aumenta à medida que o consumo de açúcar adicionados aumenta. Ou seja, o consumo muito baixo de açúcar está relacionado com riscos mais baixos de doenças cardiovasculares7.

Discussão

O estudo realizado por Mis et al.11 relatou que a experiência de um

lactente com sabores começa no útero, através do fluido amniótico, e mais tarde, durante a amamentação, quando são experimentados os sabores da dieta da mãe11. As

crianças têm uma forte preferência por um sabor doce 7,11,13 e rejeição inata de

sabores azedo e amargo11. Nesse

sentido, Mis et al.11 acrescentou que

os recém-nascidos preferem soluções açucaradas a aquosas, e soluções mais doces a soluções menos doces, provavelmente porque a ingestão de açúcares leva à liberação dos opióides endógenos. Este efeito é utilizado na prática neonatal para alívio da dor processual em lactentes11.

Um estudo realizado por Liem et al.15 demonstrou que as crianças,

cujas mães frequentemente adicionavam açúcar à dieta, preferiam níveis mais altos de açúcar quando comparados a crianças cujas mães relataram nunca adicionar açúcar15.

Baseado nos estudos de Basulto et al.6, quanto mais tarde a criança

experimentar o açúcar, melhor, pois seu contato prematuro pode afetar negativamente a amamentação e influenciar na seleção alimentar da criança, que tem maior probabilidade de preferir alimentos não saudáveis6.

Estudos apontam que o início precoce do AME fornece vários benefícios para as crianças4,10,11. Além

disso, com o tempo, a composição do leite materno é modificada, permitindo que as crianças experimentem diferentes sabores e viscosidades10.

Embora o leite materno apresente um

sabor doce, a criança é exposta a

(8)

8 dependendo da alimentação da mãe11.

A respeito disso, Silveira et al.10

destacou que aquelas que

amamentam por períodos mais longos tendem a hábitos alimentares mais saudáveis, proporcionando uma alimentação mais saudável para os filhos10.

O estudo de Mis et al.11

enfatizou que a amamentação pode estar associada a uma maior aceitação de novos alimentos e sabores. Logo, as crianças que amamentaram por mais tempo, tiveram uma maior ingestão de vegetais e frutas durante a infância11. De acordo com um estudo

realizado por Neves et al.1, a média

para AME foi de 90 dias, período maior que os encontrados nos últimos inquéritos nacionais, o que pode ser efeito das campanhas realizadas pelo Ministério de Saúde para a promoção do AME1. Em conformidade com o

estudo de Modrek et al.24, amamentar

por pelo menos 90 dias leva a um declínio de 15% na probabilidade de uma criança ser obesa aos 3 anos de idade24. Ademais, Santos et al.8

relatou ainda que a amamentação na infância está associada a redução no risco de diabetes tipo 28. Como

também, Dagne et al.14 salientou que o

AME e a AC podem prevenir de 13% e 6% a mortalidade infantil, em crianças

abaixo de 5 anos14.

Segundo o estudo de Jardí et al.23, verificou-se uma alta

porcentagem de crianças com excesso de peso aos 12 meses (31,2%) e aos 30 meses de idade (39,5%), associada a um alto consumo de alimentos processados, ricos em gorduras, açúcares e proteínas, e um baixo consumo de frutas e legumes23. Além

disso, o estudo de Vos et al.7,

evidenciou que para os americanos, a forma em que os açúcares adicionados são consumidos pode influenciar nos efeitos metabólicos7.

Consequentemente, a ingestão em excesso de SSBs está positivamente associada ao aumento de peso e ao risco de obesidade7,10, enquanto o

AME está associado negativamente ao ganho de peso10 e a redução

significativa no risco de obesidade24. Um estudo de intervenção de

16 semanas em crianças chilenas de 8 a 10 anos de idade, mostrou que a substituição de SSBs por leite, pode ter efeitos benéficos na massa corporal magra e no crescimento, sem alterações na porcentagem de gordura corporal11. Em concordância, ensaios

clínicos randomizados, nos quais crianças e adolescentes mudam de SSBs para bebidas não calóricas, foram encontradas reduções de peso7.

(9)

9 Portanto, uma alternativa para reduzir

o peso e a adiposidade seria substituir as SSBs por água11.

O estudo de Pecoraro et al.3

comprovou que a alimentação saudável é fundamental em todas as fases da vida3, e ainda reduz o risco

de várias doenças não transmissíveis19. De fato, a maior

ingestão de açúcar na infância pode prolongar até a idade adulta, e trazer como consequências algumas doenças ligadas ao consumo de sacarose3. Em concordância com o

estudo de Elliot et al.18, o aumento de

açúcar e frutose contribui para um perfil de gordura corporal alterado, promovendo assim alterações metabólicas de risco18. Ademais,

estudos consideraram que os fatores genéticos, fisiológicos, psicológicos, nutricionais e ambientais, em conjunto com o excesso de peso, podem contribuir para o desenvolvimento da obesidade durante a adolescência e na idade adulta3,10.

Em relação a doença cárie, a ingestão de açúcar nos alimentos e bebidas durante a infância é um importante fator preditivo de cárie16.

Em um estudo realizado por Paula et al.5 observou-se o momento da

introdução da sacarose na alimentação do bebê e a presença da

doença cárie. Foi verificado que a introdução da sacarose na dieta das crianças foi precoce, e o consumo de açúcar antes dos 6 meses apresentou associação positiva com a presença da doença cárie5.

Júnior et al.22 afirmou que a

incidência da doença cárie muda de acordo com a região, níveis de escolaridade e socioeconômico da população22. Inclusive, em países

industrializados, onde há o uso de dentifrício fluoretado e/ou a fluoretação da água de abastecimento, a associação entre açúcar e cárie se tornou mais difícil de ser demonstrada. No entanto, a cárie continua sendo um sério problema para indivíduos economicamente desfavorecidos em países em desenvolvimento, onde o consumo de açúcar está aumentando, o uso de fluoreto não é largamente adotado e o tratamento odontológico nem sempre está disponível21.

O estudo de Elliot et al.18

considerou que atualmente os bebês e crianças estão imersos em um cenário de alimentos muito mais doces do que qualquer geração anterior, e que esse ambiente mais doce provavelmente tenha consequências importantes sobre o crescimento e desenvolvimento, como risco a obesidade e a doenças associadas18.

(10)

10 Consoante o estudo de Coates et al.20,

evidenciou-se que as crianças são frequentemente expostas ao marketing influenciador de Alimentos e Bebidas Ricos em Gordura, Açúcar e/ou Sal (HFSS) nas mídias sociais. As evidências sugerem que a exposição a redes sociais, via Instagram e YouTube, aumentam o consumo de HFSS em crianças de 9 a 11 anos, em comparação com a exposição à comercialização de produtos não alimentares20.

Deste modo, tornou-se fundamental a necessidade de elaborar estratégias eficazes, como o incentivo a amamentação durante o pré-natal em Unidades de Atenção Primária, e a divulgação em vários tipos de mídia (televisão, rádio, internet) para aumentar a duração do AME e reduzir o consumo de SSBs. E ainda, é essencial também, a criação de regulamentos alimentares relacionados ao marketing alimentar, que promovem alimentos não saudáveis e/ou exercem um efeito negativo no conhecimento e alimentação da população10. Para

Moreira et al.12 a implementação de

estratégias destinadas a promover o AME e AC pode gerar um impacto

positivo na saúde e nutrição infantil12.

Diante do que foi abordado, uma opção para auxiliar os pais e/ou responsáveis, são os guias alimentares brasileiros que dispõem de orientações sobre os alimentos saudáveis na busca da promoção da saúde. Nesses guias são apontados que a adição de açúcar é desnecessária e deve ser evitada até os dois primeiros anos de vida2.

Ademais, auxiliam como guia no sentido de uma dieta adequada, podendo atuar na prevenção de doenças, como a cárie, diabetes,

obesidade e doenças

cardiovasculares2, 9,17.

Conclusão

Em suma, é importante considerar o hábito alimentar adequado da criança e as possíveis consequências do uso exagerado de açúcar, a fim de minimizar o risco de diversas doenças.

(11)

11

Sugar consumption in babies

Abstract

Good nutrition during pregnancy plays an important role in the baby's life, just as the child's proper eating habits provide a healthier life condition for their growth and development. For this, it is essential to understand the importance of the baby's first 1000 days, from conception to the child's two years of age, since this period is characterized by rapid growth and important acquisitions in development, with an emphasis on the following cares: Exclusive Breastfeeding (EB) until the age of six months, because everything the child needs in that period is in breast milk, and; slow and gradual introduction of Complementary Feeding (CF) from six months. It is also essential to consider the recommendations on the harm caused by excessive sugar consumption and the relationship with various diseases, such as caries, diabetes, obesity and cardiovascular diseases. The objective of this paper was to review the literature in the Pubmed, Cochrane and SciELO databases on the consumption of sucrose in babies. In short, it is important to consider the child's adequate eating habits and the possible consequences of overusing sugar in order to minimize the risk of various diseases.

Keywords: Pediatric Dentistry. Sucrose. Diet.

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