PREFEITURA DA ESTÂNCIA HIDROMINERAL DO MUNiCíPIO DE POÁ
ESTADO DE SÃO PAULO __ ---'MENSAGEM N° 16/2018
Estância Hidromineral de Poá, 30 de maio de 2018.
Senhor Presidente,
Cumpro o dever de comunicar a Vossa Excelência e Nobres Senhores Vereadores que à vista dos termos do artigo 30, parágrafo 1°,
combinado com o artigo 44, inciso V, da Lei Orgânica do Município, resolvo VETAR PARCIALMENTE o Projeto de Lei n" 011/2018 - Autógrafo n° 013/2018 - Processo n° 187/2018, de autoria do Vereador Saulo Souza, pelas seguintes razões:
Trata-se de projeto de lei aprovado pelo Legislativo que "dispõe sobre a obrigatoriedade da realização de cursos de primeiros socorros por professores e funcionários que tenham contato direto com os alunos nas creches e escolas instaladas no Município de Poá da Rede Pública municipal e particulares, e institui o selo" Lucas Begalli Zamora de Souza", de capacitação em primeiros socorros ."
Dada a sua natureza, o assunto foi submetido à apreciação da Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos para análise sob o aspecto legal e constitucional da medida proposta.
Após apreciar a matéria tratada na propositura aprovada por essa Câmara Municipal, a Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos opina pelo Veto Parcial ao referido Projeto de Lei.
O veto parcial recaiu sobre o Art.
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,
uma vez que este poderá resultar em indevida restrição à competitividade que deve reger os procedimentos de contratação, com consequente prejuízo ao erário, e em decorrência deste, fica vetado também o Art. 3° da referida propositura.Face ao exposto e aos termos do parecer técnico acima mencionado, que aprovo, decido vetar, parcialmente, o Projeto de Lei n° Segue"
PREFEITURA DA ESTÂNCIA HIDROMINERAL DO MUNiCíPIO DE POÁ
ESTADO DE SÃO PAULOMENSAGEM N° 016/2018
...•...•...•... fls. 2 011/2018 - Autógrafo n" 013/2018 - Processo n° 187/2018, devolvendo a matéria a essa Colenda Casa de Leis, para os devidos fins.
N a oportunidade faço anexar a presente Mensagem, cópia do parecer emitido pela Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos, com a finalidade de melhor elucidar a questão.
Reitero a Vossa Excelência e Nobres Pares meus protestos de elevada estima e consideração.
Atenciosamente.
Ao Excelentíssimo Senhor
Vereador Welson Lopes da Silva
DD. Presidente da Câmara Municipal de Poá poÁlsp
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n° 387/2018
Autógrafo n° 013/2018
ESTÂNCIA HIDROMINER DE POÁ:
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1. Trata-se de expediente destinado a análise do Autógrafo n° 013/2018, versando sobre projeto de lei iniciado na Câmara Municipal e que institui, no âmbito municipal, a obrigatoriedade de oferta de curso de primeiros socorros aos professores e funcionários de escolas da rede pública municipal e particulares que lidam diretamente com alunos.
2.
É, em apertada síntese, o relatório.ANÁLISE JURÍDICA
3. No tocante ao aspecto formal verifica-se que a matéria tratada não se encontra dentre aquelas reservadas à iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo Municipal, conforme artigo 27, § 1 ° da Lei Orgânica Municipal.
4. Com efeito,
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projeto não pretende tratar, sob nenhu aspecto, da estrutura orgânica da Administração e nem mesmo impô'\
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5.
lncabível, aSSIm, qualquer interpretação extensiva queimplique limitação à iniciativa do Poder Legislativo, criador de leis por excelência.
6. E não se alegue o fato de o projeto implicar aumento de
•
despesas como óbice à iniciativa do Legislativo. O mesmo se diga dofato de não haver previsão em lei orçamentária para a execução do projeto.
7. Com efeito, ajurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
por ocasião do julgamento da ADI n03394 / AM, sob a relatoria do . Ministro. Eros Graus, afastou a tese de que qualquer projeto de lei que
implique a geração de gastos à Administração Pública restaria adstrito
à iniciativa do Chefe do Poder Executivo.
8.
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entendimento não poderia ser outro.9. As hipóteses de limitação da iniciativa parlamentar estão previstas, em numeras clausus, seja nas constituições Estadual ou Federal, seja na Lei Orgânica do Município.
''<4 10. Ademais, a prevalecer entendimento diverso restaria inviabilizada quaisquer iniciativas de lei por parte do Poder
Legislativo.
11. A falta de previsão em lei orçamentária também não retira do Poder Legislativo a iniciativa de projetos de lei.
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De fato, esses gastos poderão ser absorvidos pelo ento de três maneiras: (i) através de sua inserção nos gastos
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Nesse sentido, aliás, já se manifestou o Egrégio
Tribunal
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Justiça do Estado de São Paulo
:
I - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI MUNICIPAL DE ORIGEM PARLAMENTAR QUE DISPÔS SOBRE A OBRIGATORIEDADE DE SINALIZAÇÃO E COMUNICAÇÕES TÁTIL E
AUDITIVA DESTINADAS ÀS PESSOAS PORTADORAS DE
DEFICIÊNCIA VISUAL EM ESTABELECIMENTOS DE USO PÚBLICO
DESTINADOS À EDUCAÇÃO, CULTURA, LAZER, SERV1ÇOS
PÚBLICOS, BEM COMO PONTOS TURÍSTICOS E DE NATUREZA
RELIGIOSA.,
I! - INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL, APENAS NO TOCANTE AO
ARTIGO 6° DA REFERIDA NORMA, QUE EFETIVAMENTE
DISPUNHA SOBRE MATÉRIA DE ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA,
EM OFENSA AO QUE DISPOSTO NOS ARTIGOS 5° E 24,
. PARÁGRAFO SEGUNDO, ITEM 2, AMBOS DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO.
III - NÃO OCORRÊNCIA, TODAVIA, NO TOCANTE AOS DEMAIS
DISPOSITIVOS, DE OFENSA À REGRA DA SEPARAÇÃO DOS
PODERES. NORMA DE CARÁTER GERAL E ABSTRATO QUE
APENAS ESTABELECEU OBJETIVOS E DIRETRIZES PARA A
IMPLEMENTAÇÃO DA SINALIZAÇÃO EM COMENTO, DEIXANDO A
CARGO DO PODER EXECUTIVO SEU PLANEJAMENTO,
REGULAMENTAÇÃO E CONCRETIZAÇÃO.
IV - INEXISTÊNCIA, ADEMAIS, DE VÍCIO DE INICIATIVA, POR
TRATAR-SE O ROL DE INICIATIVAS LEGISLATIVAS RESERVADAS
AO CHEFE DO PODER EXECUTIVO DE MATÉRIA TAXATIVAMENTf
DISPOSTA NA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL. PRECEDENTES D
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1\
V - AUSÊNCIA, POR FIM, DE OFENSA À REGRA CONTIDA N~
ARTIGO 25 DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO. A GENÉRIC& I \
PREVISÃO ORÇAMENTARIA NÃO IMPLICA A EXISTÊ::::3
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DE CONSTITUCIONALIDADE, MAS, APENAS, A PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
INEXEQUIBILIDADE DA LEI NO EXERCÍCIO ORÇAMENTÁRIO EM
QUE APROVADA. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL.
VI - AÇÃO JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE, CASSADA A
LIMINAR DEFERIDA. (ADI nQ 2079978-07.2014.8.26.0000, ReI.
Márcio Bartoli, julgada em 17 de setembro de 2014).
15. Não há, portanto, qualquer desrespeito às regras de atribuição de iniciativa legislativa.
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16. No mérito, entretanto, cremos que o artigo 20t estabelece
uma injustificada restrição ao estabelecer que os cursos de::?, 'capacitação serão ministrados por entidades sediadas no Municípíc.Í
17. Tal determinação não se justifica.
~18. Pelo lado das instituições de ensino particulares há que reconhecer que estas têm total liberdade de escolha quanto à
contratação de qualquer profissional ou empresa, independentemente
do local onde estabelecido o prestador do serviço. Tal liberdade decorre do princípio da livre iniciativa, consagrado na Constituição da República.
19.
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da parte da Administração Pública a proposta poderá resultar em indevida restrição à competitividade que deve reger osprocedimentos de
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ntratação
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com consequente prejuízo ao erário. 20. Dessarte, o ideal é que haja ampla liberdade para secontatar empresas ou entidades prestadoras do serviço de qualificação em primeiros socorros, independentemente da origem d .
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prestador.
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