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A ARTE DOS ENCONTROS: OS PROFESSORES E O CINEMA 1

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Academic year: 2021

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A ARTE DOS ENCONTROS: OS PROFESSORES E O CINEMA

1

RECH, Indiara

2

; OLIVEIRA, VALESKA FORTES DE

3

; BREOLIN, Caroline

Ferreira

4

; ZINI, Hallana Cristina Peransoni

5

; FORTES, Nátali Dezordi

6 1

Trabalho de Extensão _UFSM 2

Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil

3

Professora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 4

Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 5

Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 6

Curso de Desenho Industrial da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS

,

Brasil

E-mail: indiararech@gmail.com ; guiza@terra.com.br ; carolbrezolin@hotmail.com ;

hallana.cris@gmail.com; natalifortes@ibest.com .

RESUMO

O Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Imaginário Social- GEPEIS- desafia-se a tomar frente de um projeto com uma temática nunca antes trabalhada em seu âmbito, mas que pode estar atrelada a formação de professores e ao cinema. O projeto surge por um convite de uma professora da Universidade Federal de Minas Gerais- UFMG- e tem como principal parceiro a Secretaria de Educação de Santa Maria- SMED SM. O trabalho visa compartilhar experiências acerca da formação de professores, o cinema e a educação, e tem como principal objetivo perceber a relação dos professores com o cinema, especificamente a importância que esse tem em suas vidas. Dessa forma foram aplicados questionários e planejada uma formação intitulada “ A vida e o cinema na formação de professores” que está em andamento.

Palavras-chave: Formação; Cinema; Experiências de vida.

1. INTRODUÇÃO

O Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Imaginário Social – GEPEIS – vem ao longo dos últimos dezenove anos trabalhando com pesquisa, ensino e extensão na área de Formação de Professores, alicerçado no campo teórico do Imaginário Social de Cornelius Castoriadis. Participam deste grupo alunos colaboradores e bolsistas de iniciação científica e da graduação, mestrandos, doutorandos e professores de escolas das redes municipal e estadual e de instituições de ensino superior.

Com o surgimento desta parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais –

UFMG, através da Profª. Inês Assunção de Castro Teixeira, com o projeto “Enredos da vida,

telas da docência: os professores e o cinema”, que tem como problemática principal as

relações, os enredos, os significados, experiências e práticas dos docentes com o cinema, foi elaborado um projeto para ser realizado na cidade de Santa Maria.

Nos tempos e espaços das vidas cotidianas dos professores, seja na sala de aula, em suas residências, nas salas de cinema, diante da TV ou onde mais estejam como docentes ou discentes, encontram-se pessoas com imagens em movimento, com repertórios

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audiovisuais, imersos numa multiplicidade dos textos fílmicos, o que constitui o sujeito-professor ligado às mídias sendo em sua vida pessoal ou profissional. Partindo desse pressuposto, sente-se a necessidade de explorar mais esse campo do cinema e educação.

Para que nosso projeto tivesse sustentação teórica, buscamos autores como Rosália Duarte (2002) e Turner (1997) que abordam a questão do cinema na educação. Esses autores apontam caminhos trazendo um novo elemento para a educação que é o cinema, no qual muitas vezes não é utilizados pelos professores e, quando o é, não passa de um uso inadequado, não atingindo esse potencial que o cinema tem na escola e na vida.

2. DESENVOLVIMENTO

O tema Cinema e Educação nos permite criar um cenário rico em ideias. Rosália Duarte (2002) nos traz referências importantes acerca da relação da sétima arte com a educação, mostrando que gostar de cinema está intimamente ligado à questão familiar e à condição social dos sujeitos. Assim, a educação está profundamente ligada ao cinema de várias formas, pois ele fornece novas percepções da realidade e crescimento intelectual, na medida em que o contato com os filmes amplia as visões de mundo das pessoas. Os professores que utilizam filmes como um recurso à reflexão e como fonte de conhecimento – buscando problematizar os enredos das obras com os contextos da realidade escolar e de cada estudante – percebem o potencial disso à formação pessoal e coletiva, resultando em práticas de socialização dos sujeitos.

O cinema e a educação têm uma relação pedagógica, pois além dos textos, os filmes trazem a tona a subjetividade, os sentimentos e emoções do ser humano. Percebe-se então que existe uma intenção do professor em estimular significados, fazer com que os indivíduos toquem seus íntimos. Este caráter pedagógico das histórias refere-se à ideia de que os filmes podem incitar opiniões, comportamentos e a riqueza da imaginação, dado que

Os filmes não são eventos culturais autônomos. Entendemos os filmes em termos de outros filmes, seu universo em termos de outros universos. “Intertextualidade” é um termo empregado para descrever o modo como qualquer texto de um filme será entendido mediante nossa experiência ou percepção de textos de outros filmes. (TURNER, 1997, p. 69).

O professor inserido em um determinado contexto histórico vai buscar conhecer e socializar com os alunos filmes que estejam ligados de alguma forma aos saberes da sua área, mas que se ligam à vida dos alunos e com a vida escolar como um todo, possibilitando uma reflexão dos valores e modos de pensar e de ver a sociedade, produzindo um

significado cultural. Nessa perspectiva, Duarte (2002 p. 60) diz que “o cinema é a mais

autorreferente de todas as formas de arte”.

Entende-se que o professor, ao dedicar seu tempo elencando filmes como instrumentos pedagógicos, mostra aos seus alunos que acredita em aparatos estimuladores

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de mudanças, não apenas pela adequação, mas pela pertinência do instrumento que poderá sensibilizar pela arte do movimento, dos sons e das histórias que ora imitam a realidade, ora a irrealidade. Posto isso, buscar-se-á compreender os desafios que os docentes encontram ao pensar o cinema em suas práticas de classe, uma vez que

Espectador jovem é um espectador com um olhar diferente, determinado pelo seu contato com outros meios de comunicação que não são o cinema. televisão, por exemplo, o habituou a se relacionar com as imagens através de uma tela pequena e num ambiente repleto de interferências de toda ordem, além de lhe permitir ter o controle absoluto do zapping (MOURÃO, 2001, p. 50).

Fazer com que pessoas tenham acesso a filmes, principalmente na rede escolar ou nas universidades, é um caminho para ampliar novas perspectivas de vida, de provocar os sujeitos a buscarem conhecimento, cultura, de incitá-los à reflexão acerca da existência individual e coletiva. Por isso, Rosália Duarte (2002, p. 67) afirma que, “o olhar do espectador nunca é neutro, nem vazio de significados”.

Duarte (2002 p.70) diz que “precisamos de ficção tanto quanto precisamos da realidade (...) a ficção atua como um dos elementos dos quais lançamos mão para dar sentido à nossa existência”.

A obra de Duarte faz referência sobre a questão de o professor usar o cinema como um simples recurso didático e não como uma fonte de saber, de conhecimento. É necessário que o professor tenha algum conhecimento prévio sobre o cinema que possa servir de direção para as escolhas de filmes que vão nortear o seu planejamento de aula. Maffesoli (2007), acerca do tema da pregnância da imagem no corpo social, propõe uma apreensão

do real na decorrência do irreal. O sociólogo atribui então um emprego à forma.

Notadamente, percebe-se na forma fílmica, texto que se alimenta da pluralidade dos sistemas de representação social, como objeto capaz de suscitar provocações ao fazer docente.

Vislumbrando-se a realização de um documentário na perspectiva compreensiva (Maffesoli), trabalhando o enunciado fílmico nas relações do cinema com as histórias de vida de docentes, precisa-se buscar a polifonia que suscita as transversalidades dessas histórias. Assim, antes de pressupor o cinema como um lugar de importância para os sujeitos, deve-se investigar em que medida ele se integra, ou não, aos cuidados de si.

A partir disso, tem-se como objetivos identificar, caracterizar e analisar as relações e vivências de professores/as de escolas públicas da Educação Infantil ao Ensino Fundamental com o cinema, no que se refere às suas histórias pessoais e profissionais e às formas pelas quais o cinema nelas se faz presente; Também se pensa compreender as visões e concepções, os saberes e fazeres docentes acerca desta arte em suas vidas e em seu trabalho no cotidiano da escola, os significados e sentimentos que se inscrevem em seus encontros com o cinema, suas práticas e preferências como cinéfilos dentro e fora da

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escola; Rastrear, identificar e categorizar trabalhos existentes nas escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental desenvolvidos pelos professores e professoras, que envolvam o cinema, seja na forma de projeção dos filmes, exercícios e produções fílmicas ou, ainda, mostras em festivais e atividades similares; E por fim, organizar um grupo de formação continuada com professores das escolas públicas, a partir de levantamento realizado junto à SMED.

3. METODOLOGIA

Para efeitos de análise e de encaminhamentos metodológicos da investigação, estruturamos nossa metodologia em três eixos, ou vértices. O primeiro, “Cinema de cada um: Viveres e memórias cinematográficas”, pretende levantar e analisar como o cinema está colocado nas histórias e vidas pessoais dos grupos dos docentes investigados. O segundo, “O cinema vai à escola pelas mãos dos professores”, procura rastrear, identificar e categorizar os projetos, trabalhos e atividades que envolvem cinema e educação em algumas unidades escolares da rede de ensino envolvida na investigação. E, por fim, o terceiro, “Professores no cinema e professores fazendo cinema”, em que serão investigadas grupos de professores a partir de produções cinematográficas que discutem a docência, porque trazem em seu argumento e roteiro a escola e seus sujeitos, os professores de modo especial. Neste caso, os docentes investigados se verão como num espelho, na tela.

Ao decorrer do projeto e durante as formações ocorrerão rodas de conversa com os participantes para ver que impressões eles obtiveram com a formação; se foi aquilo que esperavam; saber o que mais lhes tocou; o que faltou. A partir dessa avaliação o grupo se reunirá fazendo uma autoavaliação para verificar se os objetivos iniciais do projeto foram alcançados, relacionando também com a avaliação feita por nosso público alvo.

Nossa metodologia de avaliação defende que ela deve ocorrer durante todo o processo, para que cada vez mais se possa qualificar nosso trabalho frente aos professores. Contudo uma tabela irá nos auxiliar ao final do projeto contendo os itens de planejamento, execução, experiências, apropriação, emancipação e participação, itens esses que norteiam todo o processo de elaboração, execução e avaliação das propostas de extensão.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O projeto por estar em andamento têm resultados parciais. Assim é necessário descrever o percurso pelo qual o grupo iniciou o projeto que se divide em três partes: reuniões para discussão dos temas do cinema e elaborar a formação de professores, análises dos questionários e primeiro encontro da formação.

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O grupo GEPEIS procurou fazer parcerias para entrar em contato com o maior número possível de professores da rede municipal de ensino para que pudessem ver o perfil desses professores e suas relações com o cinema e convidá-los para participarem de uma formação com o referido tema. Outros encontros foram necessários para elaboração do questionário, discussões sobre formação e cinema, nesse momento um contato muito

enriquecedor foi a participação do grupo no “Seminário de cinema, cineclubismo e

educação”, no qual houve uma ampliação de conceitos e temáticas, bem como ideias e possibilidades de trabalhar com cinema e a educação. Nos encontros também foram assistidos curtas e filmes para relacionarmos com a formação e o projeto em vigor.

Na fase dos questionários, foi analisada uma pergunta que consistia em uma espécie de convite para uma formação relacionada ao cinema, para aqueles que se sentissem instigados a participar. Assim, os primeiros resultados foram obtidos, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Santa Maria- SMED que através dos tutores das regiões entregarão os questionários para as escolas, totalizando 1.500 questionários, número de professores do município. Após alguns dias, voltaram 645 questionários que estão em processo de tabulação, desses 371 professores responderam que gostariam de participar de uma formação com a temática do cinema, assim mais de 50% dos professores que responderam o questionário interessaram-se em fazer a formação, no entanto apenas 34 professores procuraram efetivar sua inscrição, ainda assim esse número foi reduzido para 27 professores que compareceram no primeiro dia do curso. Um número pequeno de participantes não impede que a formação aconteça e esse início foi avaliado pelo grupo como satisfatório, pois o grupo de professores participantes mostrou-se muito interessado e contribuiu em todo o momento da formação, deram sugestões do que mais gostariam de saber e discutir nesses encontros. Assim começou-se a perceber a relação dos professores e do cinema, muitas vezes não relacionado a educação, mas apenas a sua vida pessoal e como diversão.

5. CONCLUSÃO

Atualmente temos como realidades na nossa sociedade a mídia, inclusive na educação. Com o cinema muitos desafios podem ser vencidos, bem como pode-se alcançar o ideal de educação que tanto almeja-se, propondo formar cidadãos críticos capazes de transformar a realidade que atuam. Assim, os filmes os espaços de debates que podem ser proporcionados, fazem o sujeito formador de opiniões, o aluno como protagonista de seu próprio pensamento e a escola oferecendo outras possibilidades, sem ser modelos ou mídias de poder massificador, mas filmes que proporcionem reflexões, esses sim são capazes de prover transformações no sujeito e no seu meio.

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A desconstrução do que já está imposto, é o que o cinema pode possibilitar e está muito atrelada ao Imaginário Social, que nos propõe um outro olhar sobre o que já está apresentado na sociedade, fazendo outras perguntas aos mesmos problemas, desconstruindo olhares de significações dadas ressignificando-as.

Esse projeto procura despertar o cuidado de si para os professores através da arte, neste momento o cinema, usado este como um dispositivo para a formação de professores. A formação faz o professor refletir, acionar a memória e perceber que o cinema é bem maior do que o tempo que se apresenta nas telas, este pode ser formador de opiniões, algumas imagens podem representar nossa vida ou mudanças podem ser realizadas. Tanto para o professor como para o aluno o cinema deve fazer parte além da vida, mas em sua formação como sujeito.

REFERÊNCIAS

CASTORIADIS, Cornelius. A Instituição Imaginária da Sociedade. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1982.

DUARTE, Rosália. Cinema & educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

MAFFESOLI, Michel. O conhecimento comum: introdução à sociologia compreensiva. 1º Edição. Porto Alegre, RS: Sulina, 2010. 295 p.

MOURÃO, Maria Dora. Algumas reflexões sobre o cinema, o audiovisual e as novas

formas de representação. Revista FAMECOS: Sessões do Imaginário, 7: p 49-52, 2001

TURNER, Graeme. Cinema como prática social. 1º Edição. São Paulo, Summus, 1997.

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