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O ESTAGIÁRIO COMO AGENTE (TRANS)FORMADOR DO OUTRO COMO DETERMINANTE DO DISCURSO

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Academic year: 2021

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O ESTAGIÁRIO COMO AGENTE (TRANS)FORMADOR DO OUTRO COMO DETERMINANTE DO DISCURSO

Cleisa Maria Coelho Braga 1(FM) , Kerly Aparecida de S. C. Soares, *2 (IC) kerly.soares@hotmail.com

Universidade Estadual de Goiás- Câmpus de Iporá

Resumo: O presente trabalho refere-se à execução do projeto “Aprimorando habilidades e

competências em Leitura e Escrita” elaborado e desenvolvido pelo IF Goiano – Campus Iporá, em parceria com os acadêmicos do 4º ano de Letras da UEG – Campus Iporá, com o objetivo de ampliar o ensino de língua portuguesa e a redação para o ENEM e vestibulares. Os participantes são alunos dos 2º anos dos Cursos Técnicos em Agropecuária e Informática Integrados ao Ensino Médio, do Instituto Federal Goiano - Câmpus Iporá. Alicerçado por Marcuschi, Bakthin, Bechara e Koch estão sendo realizado com os alunos simulados de redação, aulas bem dinâmicas as quais exploram aspectos relevantes para ampliação do conhecimento em língua portuguesa e aprimoramento da escrita, tais como; estrutura do texto dissertativo argumentativo, coesão e coerência, ampliação das temáticas com o intuito de expandir o conhecimento dos discentes, e mais. Após a correção das redações os alunos recebem os textos para reescrevê-los, com o aporte orientado dos estagiários e da professora orientadora. Como principais resultados cabem elencar a melhoria na produção das redações, a compreensão técnica e normativa de uma redação nota 1.000 no ENEM, além da elevação da autoestima.

Palavras-chave: Produção textual. Discurso. Ensino. Formação.

Introdução

Nos últimos anos a quantidade de alunos que conseguiram tirar nota mil na redação do ENEM foi alarmante, em 2014 apenas 250 participantes atingiram nota máxima e em 2015 esse número assustou ainda mais, somente 104 tiraram nota mil (resultados do ENEM 2014 e 2015).

Esses resultados têm alertado os professores sobre a carência do ensino de língua portuguesa e produção textual e inquietou professores e acadêmicos do curso de Letras do município de Iporá, a ponto de elaborarem um projeto com o propósito de formar alunos capazes de usar adequadamente a língua materna em suas modalidades escrita e oral e a refletirem criticamente sobre o que leem e escrevem.

Sobre este ponto Koch pontua que “o texto é muito mais que uma soma de frases (e palavras) que o compõem: a diferença entre frase e texto não é meramente de ordem quantitativa; é, sim, de ordem qualitativa”. (KOCH, 2014, p. 11).

E ainda salienta que

A Linguística Textual toma, pois, como objeto particular de investigação não mais a palavra ou a frase isolada, mas o texto, considerado a unidade básica de manifestação da linguagem, visto que o homem se comunica por meio de textos e que existem diversos fenômenos linguísticos que só podem ser explicados no interior do texto. (KOCH, 2014, p. 11)

E partindo desse pressuposto, é necessário delimitar o conceito de texto com o qual iríamos trabalhar. Para tal o IF Goiano – Campus Iporá, em parceria com os acadêmicos do 4º ano de Letras da UEG – Campus Iporá decidem, desenvolver o Projeto “Aprimorando habilidades e competências em Leitura e Escrita”, em especial, com os gêneros dissertativos-argumentativos, com foco nas propostas do ENEM, a

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fim de que os alunos possam ver a leitura não apenas como uma tarefa escolar ou algo simples, mas perceberem a leitura como um hábito cotidiano necessário e prazeroso. O projeto ainda propõe a leitura e a prática, desenvolve estratégias e procedimentos de leitura da produção textual, aprimorando a argumentação e a escrita.

Recorremos para esse estudo apoio nas considerações feitas por Koch, que propõe a interação pela linguagem, já que é pela linguagem que o ser humano se torna capaz de interagir socialmente e de produzir textos, quer sejam orais ou escritos. Também alicerçamo-nos em Bakhtin, para quem o movimento de enunciação requer uma resposta ou uma espera por esta. Viajamos também nas elucidações de Bechara quando alerta que nas línguas em que, ao lado da realidade oral, existe a representação escrita de um sistema convencional dessa oralidade chamado sistema gráfico, e este ainda é um gargalo na produção textual e no discurso dos alunos. Já Marcuschi, outro grande contribuidor deste trabalho, defende que, toda atividade linguística se dá como um ato cognitivo na produção discursiva, que ela acontece em um texto realizado em algum gênero discursivo.

Partindo destes aportes teóricos, pensamos aulas que auxiliem no desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita e também melhore o domínio da norma padrão da Língua Portuguesa, de forma a privilegiar a leitura, a interpretação e a escrita como fonte de formação e informação do outro como determinante do discurso.

Material e Métodos

O projeto é desenvolvido em forma de aulas-oficina, ministradas uma vez por semana, com carga horária de 2 horas/aula, somando-se ao final 60h/a. Este projeto teve início em março com término previsto para novembro. As aulas-oficina acontecem todas as quartas-feiras no Instituto Federal Goiano-Câmpus Iporá. Sendo executadas conforme os passos descritos abaixo:

Oficinas de preparação dos acadêmicos, na UEG ( 40h/a) Aula inaugural/ apresentação do projeto.

Apresentação do ENEM 2014/15- Estatística.

Diagnóstico de escrita – prova modelo ENEM (somam-se 4 diagnósticos ) Competências exigidas na prova do ENEM.

Aulas temáticas (32 h/a).

Reescritas dos textos com ampliação do tema. Refacção orientada individualmente.

Produção da coletânea textual.

Participação CONSEMP/UEG e na Semana Nacional de Ciências e Tecnologias.

A seguir algumas informações sobre o desenvolvimento do projeto

1º Os acadêmicos foram preparados para atuarem com precisão nas aulas-oficina, bem como na forma de se fazer a correção textual segundo o ENEM.

2° Foram selecionados temas amplamente discutidos no Brasil e no mundo;

3° Os alunos recebem a proposta de redação seguindo os critérios do ENEM e escrevem em sala;

4° As acadêmicas do curso de Letras juntamente com a professora orientadora de estágio fazem as correções e a devolutiva das redações aos alunos;

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5° Na aula seguinte são trabalhados aspectos relevantes da Língua Portuguesa, principalmente a forma de reescrita;

6° Na semana seguinte a aula de devolutiva, são feitas discussões e ampliações sobre a proposta trabalhada naquela redação, para que o aluno melhore o seu conhecimento sobre a temática e possa desenvolver projeto de autoria quando for reescrever seu texto, os mesmos são estimulados a fazer a reescrita, em casa e entregá-las na semana seguinte.

Bakthin apud Rojo (2015) salienta que a sociedade é composta por comunidades de comunicação e a cada comunidade são exigidos padrões diferentes de acordo com a função e o contexto social, Marcuschi (2006) também ressalta a importância de sabermos nos apropriar da linguagem e nos adequar as situações de comunicação. Com base nessas discussões acreditamos que o projeto “Aprimorando habilidades e competências em Leitura e Escrita” está auxiliando os alunos e os acadêmicos no desenvolvimento de suas competências linguísticas de modo que se tornem sujeitos discursivos e que saibam se adequar às condições de produção, seja oral ou escrita.

Resultados e Discussão

Como o projeto ainda está em execução esperamos que os alunos continuem desenvolvendo suas habilidades e competências na leitura e escrita de textos dissertativo-argumentativos, bem como em análise, interpretação textual, argumentação, entre outros fatores que são propostos pela leitura e produção.

Quanto aos resultados parciais, ressaltamos a melhora na escrita dos alunos, uma vez que muitos já tentam criar autoria em seus textos inserindo conhecimentos de mundo e leituras realizadas fora das aulas do projeto e dos textos base, além de se preocuparem com as competências exigidas na redação do ENEM.

No final do projeto serão escolhidos os melhores textos de cada aluno e feito a publicação de uma coletânea, em formato de livreto. A coletânea será distribuída a cada participante do projeto e algumas edições serão divulgadas na sociedade, além de ser apresentada no CONSEMP/UEG – Campus Iporá, no final do ano letivo. Também será feito um banner com o resultado do projeto para exposição e apresentação na Semana Nacional de Ciências e Tecnologias, no IF- Câmpus Iporá e no CONSEMP/UEG.

Considerações Finais

Acreditamos que muito ainda precisa ser feito para solucionar ou melhorar o desempenho dos estudantes no quesito Língua Portuguesa, em especial quanto à escrita, uma vez que esta se atrela a um interlocutor. E discutir a necessidade de se pensar o papel do interlocutor na produção escrita é fundamental para um resultado de excelência.

Uma das carências do ensino de produção de texto nas escolas é justamente a definição do outro, do interlocutor. Quase sempre, quem assume esse papel é o professor, que é o agente mais próximo do aluno. E abraçar essa causa fará deste aluno interlocutor um candidato de peso onde quer que precise atuar. Percebemos, através deste projeto, que os professores vêm se mobilizando para superar desafios juntamente com estes alunos-candidatos.

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O projeto desenvolvido é uma demonstração de compromisso com a educação e o desejo de formar alunos cada vez mais capacitados para atuarem discursivamente em sociedade. E para que esses alunos possam se destacar nos processos seletivos de inserção no ensino superior muitos tabus, sobre o ensino da gramática normativa, precisam ser construídos e desconstruídos; afim de que o candidato perceba as especificidades da língua escrita, que em muito se distingue da língua falada.

Agradecimentos

Agradecemos a todos os parceiros que estão envolvidos, mais que envolvidos; que acreditam que é possível através do estágio/estagiário (trans)formar a realidade e capacitar estudantes para que atinjam seus sonhos. Então os nossos agradecimentos:

 A todos envolvidos diretamente na proposta do Estágio (coordenadores, professora orientadora, estagiários e tantos mais)

 Aos parceiros do IF que acreditaram que o projeto daria certo (Direção, coordenação e em especial às pessoas que nos acompanham bem de perto:

Elisângela Leles Lamonier – coordenadora do ensino médio técnico Adenilda Rodrigues da Silva Junqueira – Coord. pedagógica Maiele Sousa Silva Lima – Professora de Literatura

Natália Leão Prudente – Professora de Redação

 E, um agradecimento especial à professora orientadora Cleisa Maria Coelho Braga que acreditou em nós estagiários, em mim enquanto bolsista e aceitou o desafio, quando muitos disseram não ser possível.

 E por fim a todos nós, bolsistas e estagiários que também acreditamos que é possível construir e desconstruir tabus.

Referências

BAKHTIN, M. Mikhail: Marxismo e Filosofia da Linguagem. 14 ed. São Paulo: Hucitec, 2010.

BECHARA , Evanildo: Problemas de descrição linguística e sua aplicação no ensino

da gramática. In: Língua Portuguesa: teoria e método/ org. Neusa Barbosa Bastos.

São Paulo: IP-PUC-SP/EDUC, 2000.

BIZERRA, Carine Camara. Gêneros textuais e sua contribuição no ensino de línguas algumas considerações. In : Anais do xv congresso nacional de linguística e filologia. Cadernos do CNLF, Vol. XV, Nº 5, t. 1. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011.

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A coesão textual. In: Contexto, 2010. Ed. 22. SãoPaulo.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros Textuais: reflexões e ensino. Gêneros Textuais: configuração, dinamicidade e circulação In: Lucerna 2006. Rio de Janeiro.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção Textual, análises de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

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MARQUES, Allana Cristina Moreira; MESQUITA, Elisete Maria de Carvalho. A produção textual nas aulas de língua portuguesa no ensino médio: escrita e

reescrita. Disponível em:

www.seer.ufu.br/index.php/horizontecientifico/article/view/17813. acesso em agosto de 2016.

ROJO, Roxane Helena Rodrigues. Hipermodernidade, multiletramentos e gêneros discursivos. In: Parábola editorial, 2015.p.152(Estratégias de ensino; 51)

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