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Conciliação das atividades esportivas profissionais de futebol com a formação de jovens atletas na escola

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Academic year: 2021

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Vitor Pinheiro Trovo

CONCILIAÇÃO DAS ATIVIDADES ESPORTIVAS PROFISSIONAIS

DE FUTEBOL COM A FORMAÇÃO DE JOVENS ATLETAS NA

ESCOLA

Florianópolis 2019

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CONCILIAÇÃO DAS ATIVIDADES ESPORTIVAS PROFISSIONAIS DE FUTEBOL COM A FORMAÇÃO DE JOVENS ATLETAS NA ESCOLA

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Educação Física do Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do Título de Licenciado em Educação Física

Orientador: Prof. Dr. Jaison Jose Bassani Coorientador: Prof. Me. Lucas Barreto Klein

Florianópolis 2019

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CONCILIAÇÃO DAS ATIVIDADES ESPORTIVAS PROFISSIONAIS DE FUTEBOL COM A FORMAÇÃO DE JOVENS ATLETAS NA ESCOLA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de “Licenciado” e aprovado em sua forma final pelo Curso de Educação Física

Florianópolis, 28 de Junho de 2019. ________________________ Prof., Dr. Giovani Firpo Del Duca Coordenador do Curso de Educação Física Banca Examinadora:

_________________________________ Orientador: Prof., Dr. Jaison José Bassani Universidade Federal de Santa Catarina __________________________________ Coorientador: Prof., Me. Lucas Barreto Klein

Universidade Federal de Santa Catarina

__________________________________ Membro: Prof., Dr. Juliano Fernandes da Silva

Universidade Federal de Santa Catarina ___________________________________ Membro: Prof., Me. Daniel Machado da Conceição

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Primeiramente, gostaria de agradecer a minha família que sempre esteve ao meu lado, apoiando e dando suporte a todo momento para que esse objetivo em minha vida fosse alcançado.

Agradecer também a minha namorada, Ida Carolina, que me deu forças e depositou muita confiança e encorajamento nos momentos de desânimos e dúvidas sobre está caminhada. Podemos dizer agora que conseguimos juntos!

Ao Eduardo, excelente profissional e preparador de goleiros do clube, que me possibilitou um estágio para poder acompanhar de perto todo trabalho realizado nas categorias de base, dando suporte e esperança a ponte de me fazer acreditar de que era possível a realização deste projeto.

E minha principal e enorme gratidão ao orientador Jaison Bassani e ao coorientador Lucas Barreto Klein por terem aceitado este desafio comigo, pelas leituras dos textos inconclusos e caóticos, procurando sempre dar sugestões e orientações adequadas para que esse projeto fosse consumado com sucesso.

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profissionalizante esportiva de jovens atletas concomitantes com a formação escolar, principalmente quando tratamos como público alvo os goleiros. Com isso, a presente pesquisa teve como objetivo identificar e analisar quais são as estratégias utilizadas pelos jovens atletas para conciliação de atividades esportivas profissionalizantes de futebol no processo de escolarização focando nas questões que circundam seus sonhos, as rotinas de treinamentos, projeto familiar e a escola. A pesquisa foi realizada através de um questionário estruturado, em um dos maiores clubes de Santa Catarina com os jovens atletas goleiros das categorias de base sub 15, sub 17 e sub 20 com idades entre 14 e 20 anos. Esta pesquisa relata alguns pontos principais, tais como: a importante relação que o futebol tem na vida desses jovens como projeto de vida, mesmo diante de barreiras na qual a medida que a profissionalização vai se aproximando, demandas e responsabilidades aumentam na mesma proporção que o projeto escolar, porém, um detalhe importante para se ressaltar é a visão qualificada sobre a escola e a importância da mesma como meio de opção secundária, caso a profissionalização no futebol venha a não dar certo.

Palavras-chave: Futebol; Formação Esportiva; Goleiros; Escolarização; Conciliação; Estudante-atleta.

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There are few studies and studies that report on the scenario of professional sports training of young athletes concomitant with school education, especially when we target the target audience the goalkeepers. Thereby, the present research had the objective identify and analyse what are the strategies used by young athletes for the conciliation of professionalizants soccer sport activities in the education process focus on the issues surrounding your dreams, training routines, family project and the school. The research was carried out througt a questionary structured questionnaire, in one of the largest clubs in Santa Catarina with young athletes goalkeepers of the base categories sub 15, sub 17 and sub 20 with aged between 14 and 20 years. This research reports some main points, such as: the important relationship that football has in the lives of these young people as a life project, even in the face of barriers in which the professionalization is approaching, demands and responsibilities increase in the same proportion as the school project, however, an important detail to highlight is the qualified view on the school and its importance as a secondary option, if professionalisation in football does not work.

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Quadro 1. Distribuição da amostra da pesquisa...20

Quadro 2. Dados Demográficos...22

Quadro 3. Indicadores Socioeconômicos...23

Quadro 4. Quantidade de treinos, tempo de treino e tempo de deslocamento para o treino...26

Quadro 5. Tempo de escola...27

Quadro 6. Tempo total treino semanal x Tempo total escola semanal...27

Quadro 7. Distribuição do nível de ensino que os atletas estão ou já concluíram...29

Quadro 8. Turno que os atletas estudam/estudavam...29

Quadro 9. Quantos atletas já reprovaram pelo menos uma vez...31

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1 INTRODUÇÃO...11 1.1 JUSTIFICATIVA...13 1.1.1 Objetivo Geral...16 1.1.2 Objetivos Específicos...16 2 REVISÃO DA LITERATURA...16 2.1 ESTUDANTES-ATLETAS...17

2.2 PROCESSO DE PROFISSIONALIZAÇÃO ESPORTIVA...18

3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS...19

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO...19

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3.4 ANÁLISE DE DADOS...21

4 RESULTADOS...21

4.1 INICIAÇÃO ESPORTIVA DOS JOVENS ATLETAS NO FUTEBOL...21

4.2 PERFIL EDUCACIONAL DOS JOVENS ATLETAS...27

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...35

6 REFERÊNCIAS...38

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1 . INTRODUÇÃO

O futebol é um esporte muito consagrado no cenário nacional e internacional, em que grande parte de sua imagem, é garantida através de meios midiáticos que o englobam, atraindo interesses de grande parte dos públicos, indiferenciados por sexo, cor ou idade que assistem e acompanham a modalidade (ROCHA et al., 2011).

É natural crianças e adolescentes terem ídolos como referência motivacional para irem em busca de seus sonhos, afinal os atletas encantam os olhos de quem os acompanha com jogadas de efeitos, gols, e o glamour fora das quatro linhas. Todas as possibilidades ostentadas pelos atletas de alto nível como carros luxuosos, festas e roupas alimentam o desejo destes jovens (CORREIA, 2013).

Com isso, a procura de estar nesse meio pelo jovem cresce bastante, seja pelo fato de jogar o futebol da rua, em jogar o futebol na escola, de poder entrar em alguma escolinha de futebol, incentivado muitas vezes pelos pais ao colocarem seus filhos para poderem aprimorar habilidades técnicas e táticas ou até mesmo participar de alguma “peneira” na qual é uma oportunidade de poder demonstrar suas habilidades para alguma comissão técnica de um clube e estar ingressando então, em uma categoria de base de alguma instituição futebolística, visando o sonho tão almejado que é o futuro profissional (ROCHA et al., 2011).

Porém, o caminho para se chegar ao profissional é árduo e nem sempre certo, sendo que aqueles que realmente chegam ao topo da elite são poucos em consideração àqueles que conseguem acessar um grande clube (ROCHA et al., 2011).

Muitos dos atletas que tentam um futuro promissor, acabam jogando em clubes pequenos, em que a renda econômica não chega nem perto ao dos ícones almejados (HELAL

et al., 2005), ou mesmo quando não conseguem dar continuidade por motivos, seja eles lesões

ou fracassos regulares exigidos em campo, o que fazem ficar preocupados dentro do mercado da bola.

Mesmo sabendo das barreiras que o mundo do futebol apresenta, grande parte dos jovens atletas não parece se importar - ou não pode se importar - e tentam buscar formas de superação para darem continuidade na carreira. De fato, há muito investimento pessoal no processo de profissionalização visto que ele inicia próximo aos doze anos de idade com rotinas de treinamento que ultrapassam cinco mil horas (DAMO, 2005). O excesso de treinos

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em busca do aprimoramento técnico e tático visando um futuro profissional pode vir a comprometer a qualidade de envolvimento com a escolarização.

(...) os atletas devem dar conta de duas carreiras: uma no esporte, que exige uma vida ascética e regrada rotina de treinamento físico, técnico e de competições na busca de profissionalização; e, outra nos bancos escolares, que exige também dedicação, mas com graus variados e com exigências distintas, para obter a certificação escolar. (CONCEIÇÃO, 2015, p. 10).

E para não deixar de seguir seus sonhos, os estudantes-atletas buscam maneiras de conciliar suas rotinas de treino e aula, flexibilizando seus horários para o período noturno, visto que, não prejudicaria toda sua participação no meio esportivo, diante de treinos, competições e viagens, evitando possíveis, reprovações do aluno, evasões de aula ou distorções de serie (CONCEIÇÃO, 2015).

Como esses jovens atletas atuam como goleiros, posição essa, que tem uma carga de responsabilidade muito grande, estão sempre entre a glória e a derrota, entre o bem e o mau. Muitas vezes considerados santos por fazerem defesas inacreditáveis, outras vezes criticados por falharei uma miséria vez. Este atleta que dá o máximo de si para parar a estratégia ofensiva do time adversário, treina muitas horas dos dias em busca do melhor aperfeiçoamento possível, onde normalmente são os primeiros a entrarem nos gramados para treinar e os últimos a saírem.

Por sua vez, na realidade brasileira, sabe-se da importância da escolarização na vida das crianças e das famílias, sendo notório que grande parte das pessoas ainda se encontra em situação de analfabetismo e alfabetização funcional. Assim, a escolarização, para além do letramento e aprendizado de operações matemáticas, representa a mudança no status social de imenso contingente populacional. Considera-se, inclusive, que mesmo no esporte de alto nível de rendimento, os conhecimentos acadêmicos são extremamente relevantes, inclusive para os atletas terem discernimento sobre as escolhas da carreira, que envolvem, dentre outras questões importantes: o relacionamento com agentes, dirigentes esportivos e mídia esportiva; domínio do idioma pátrio e estrangeiro; aspectos culturais de diferentes países, dentre outras questões importantes.

Em relação à escola, sabe-se que o campo de conhecimento e intervenção da Educação Física tem sido historicamente negligenciado nesse espaço de formação. Há situações em que estudantes não participam das aulas por falta de interesse ou motivação própria; são dispensados por motivos de limitação físicas por vezes contornáveis, e até com o argumento

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de que já realizam atividades físicas em outros espaços, dentre elas relacionadas ao treinamento de alto rendimento esportivo. Sendo assim, evidencia-se notável contradição, na medida em que, se de fato a escolarização é importante dimensão de formação humana e pode contribuir com a futura carreira profissional de atletas, o contrário também é verdadeiro, na medida em que estudantes-atletas podem contribuir com a formação dos demais escolares. Contudo, de forma geral, não é essa necessária relação de trocas o que vem ocorrendo.

Nesse sentido, considerando-se todos estes aspectos introdutórios, este projeto tem o seguinte problema de pesquisa: como jovens atletas conciliam as práticas esportivas profissionalizantes de futebol com a formação escolar?

1.1 JUSTIFICATIVA

O sonho de ser um jogador de futebol sempre esteve nos meus objetivos, então, comecei a treinar desde cedo, começando a jogar futebol apenas nas aulas de Educação Física e com os amigos nas ruas. O tempo foi passando e a vontade de me tornar um jogador aumentava cada vez mais, porém, ninguém da minha família me estimulava a isso, eu simplesmente brincava por brincar.

Na busca de querer entrar para algum clube, eu me vi no papel de querer melhorar minhas habilidades, tanto em questões técnicas quanto em questões táticas, com isso, eu vi a oportunidade de entrar para uma escolinha de futebol perto de casa, para poder começar a entrar em um ritmo de “cobrança” maior, me deparando com competições e adversários cada vez mais fortes.

O que era algo que eu fazia em alguns dias da semana apenas por brincar, agora eu me via realmente como um estudante-atleta, na qual todos os dias eu tinha uma rotina de treinos e uma carga horária maior do que qualquer atividade que acontecesse em meu dia a dia, a fim de alcançar meu objetivo.

Por eu ser goleiro e estar em uma posição diferenciada dos demais atletas, tinha dias na semana que eu treinava mais de uma vez, até mesmo em categorias diferentes, isso sem ganhar nenhum tipo de investimento econômico, treinava apenas por ser apaixonado pelo que fazia. Meus treinos eram separados em dois momentos, no primeiro era trabalhada separadamente e especificamente os movimentos recorrentes do goleiro em suas funções técnicas, e no segundo momento participando em atividades conjunto com os demais atletas até o jogo coletivo final.

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Nunca deixei de estudar, conseguia conciliar os treinos e a escola de maneira cansativa, cada vez mais eu me via muito mais focado no futebol do que propriamente nas disciplinas escolares, fazendo com que de certa forma, meu desempenho dentro de sala de aula, viesse a decair aos poucos em vista da falta de dedicação para a mesma, os cansaços do dia, me desanimavam ao chegar na escola a ponto de me perguntar o que estou fazendo aqui?

Chegou uma etapa da vida que eu decidi focar de vez nos estudos. Ao entrar no curso de Educação Física, me vi no papel de entrar para o time de futebol de campo da UFSC, para enxergar o futebol com uma perspectiva de aprendizagem, onde me deparei novamente com a situação de conciliação dos estudos com as práticas e treinos no futebol da universidade, na qual eu participava dos treinos e dos campeonatos como goleiro também. Toda a equipe era formada por alunos das diferentes graduações da universidade, inclusive a comissão técnica, na qual, quando eu não estava treinando especificamente como goleiro, eu participava e auxiliava no treinamento dos mesmos em alguns momentos.

Minha paixão por este esporte sempre esteve vivo dentro de mim, e percorreu em toda minha trajetória acadêmica, e com isso, acredito que deveria concluir está etapa de minha vida, apresentando um tema que mais relacionava com a minha realidade, e está ideia ganhou forças, quando eu fui convidado a passar um tempo como estagiário observacional no clube ao qual eu trago ao longo desta pesquisa, acompanhando diariamente todo o processo de treinamento dos goleiros das categorias de bases e suas especificidades.

Goleiro é uma posição muito respeitosa, ele é o último jogador a defender o alvo do time adversário, o único atleta que pode utilizar as mãos como ferramenta de trabalho dentro das linhas determinada como área grande de penalidades. Ao contrário dos outros atletas, deve-se utilizar uma roupa de cor diferente ao do time em campo e utiliza equipamentos como luvas para proteção contra impacto, conforto e aperfeiçoar suas técnicas de encaixe para maiores variações dentro do contexto do jogo. O goleiro é diferente e detém a maior responsabilidade entre os jogadores, ele deve estar sempre preparado para não ser surpreendido pelo adversário, tem que ser rápido e ágil nas suas tomadas de decisões, deve ser inteligente e ter uma boa leitura de jogo para ser o mais eficiente possível com o mínimo de esforço. Para todas essas características, é necessário que haja treinamentos para aprimora-las, normalmente sozinho, é o primeiro a entrar nos treinos e o último a sair, faz seus treinamentos separados do grupo com um único objetivo, aperfeiçoar suas técnicas.

Para dar suporte a esses treinos, o papel do preparador de goleiros é fundamental, onde possibilita o atleta a realizar suas ações técnicas tanto defensivas quanto ofensivas em suas

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condições de concentração, pregando normalmente sempre treinos dinâmicos para as diferentes valências que o goleiro precisa, porém, sem muito conhecimento cientifico sobre, pois normalmente que compõe essa função, são ex-jogadores que exerciam essa função, deixando de lado os conhecimentos que o curso de Educação Física pode proporcionar, possibilitando uma maior estratégia fundamentada nos treinamentos e deixando de lado os aspectos de senso comum constituídos nos treinamentos técnicos, táticos e psicológicos que englobam toda essa posição do goleiro.

Está temática é nova na área da Educação Física, especificamente trabalhos ou artigos científicos que envolvem goleiros e formação escolar existem pouquíssimos. É possível encontrar este tema em estudos de níveis de TCC, dissertações e teses na área da Educação e da Sociologia, onde tem um olhar maior para todos os jovens atletas, não apenas para os goleiros. Este estudo visa contribuir para a compreensão das quais significações os jovens atletas goleiros das categorias de base de alto rendimento fazem da escola e do futebol e quais das possibilidades de futuro priorizam, consequentemente, analisar o que ou quem os influencia nessa priorização.

Ao longo desse trabalho, falaremos brevemente sobre o “conceito” de estudantes-atletas, na qual são nomeados os jovens que estão vivendo sua etapa de vida conciliando os dois projetos, da profissionalização esportiva e o da formação escolar, posteriormente, damos uma breve introdução no assunto do processo de profissionalização esportiva, que traz informações a fim de destacar pontos que serão aprofundados ao longo do trabalho como a iniciação ao futebol precocemente, visto a alta concorrência dentro do mercado do futebol, junto a concorrência com a formação escolar, já que a faixa etária na qual os jovens inicializam a formação profissional caminham junto com a escolarização e as barreiras encontradas durante esse processo.

A partir disso, apresentaremos uma pesquisa de cunho descritiva exploratória, onde os sujeitos são os goleiros jovens atletas das categorias de base de um dos maiores clubes de futebol de Santa Catarina, que separados por categorias sub 15, sub 17 e sub 20 com idades entre 14 e 20 anos, foram investigados através de um questionário pré-estruturado com perguntas divididas em dois períodos, o primeiro sobre a iniciação esportiva desses atletas dentro do futebol, onde abordamos as questões sobre dados demográficos, primeiro registro como federado, alojamentos, dados socioeconômicos, tempo de deslocamento para os treinos, quantidade de treinamentos semanais e tempo de treinamentos, lembrando que são goleiros e

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demandam atividades específicas a ponto de aumentarem o tempo dessas treinamentos em outras categorias e os dados de tempo de escola, para poder fazer uma correlação entre as atividades esportivas e as escolares. Com isso, entramos no segundo período, que trata sobre o perfil educacional desses jovens, onde abordamos questões que envolvem a conciliação dos dois projetos, o período escolar na qual estão inseridos, qual turno frequentam a escola, os dados das escolaridades dos pais desses jovens, se já reprovaram e até onde almejam chegar nesse âmbito acadêmico. Para isso, utilizamos de forma quantitativa, tabelas para facilitar o entendimento do objetivo da pesquisa e analisar as mesmas de forma qualitativa através de experiências no assunto em conversa com autores, artigos e literatura da área específica. 1.1.1 Objetivo Geral

Identificar e analisar quais são as estratégias utilizadas pelos jovens atletas para conciliação de atividades esportivas profissionalizantes de futebol no processo de escolarização.

1.1.2 Objetivos Específicos

 Identificar quais são os interesses dos jovens atletas visando o futuro profissional;  Identificar o que os jovens atletas entendem sobre a escolarização e o quão importante

a mesma é para o jovem;

 Analisar como o estudante-atleta concilia a dupla carreira;

 Identificar as influências e as motivações que os fazem permanecer na escola.

2 . REVISÃO DA LITERATURA

Nesta revisão, falaremos sobre dois tópicos que circundam o dia a dia do jovem atleta, na qual traz perspectivas relacionadas à escolarização e a formação profissional, buscando essas informações nas plataformas de pesquisas cientificas como Scielo, Revista Movimento e Revista Motriz, com o foco em palavras chaves que pudesse dar um norte a pesquisa como futebol, estudante-atleta, escolarização, formação escolar, formação profissional, profissionalização irão constituir está pesquisa.

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2.1 ESTUDANTES-ATLETAS

O crescimento esportivo no cenário nacional e internacional é vasto. Parte desse crescimento, é devido à grande contribuição midiática que a favorece (ROCHA et al., 2011). Por consequência, os ícones esportivos, os grandes ídolos surgem encantando aos olhos de quem os assistem, crescendo ainda mais o cenário esportivo a ponto de considerarem o esporte como um meio a profissionalização (AZEVEDO et al., 2017).

Os estudantes-atletas, recebem está nomenclatura aqueles indivíduos que estão em formação esportiva ao mesmo tempo que estão matriculados em uma instituição regular de ensino. Expressão essa que faz relação com estudante-trabalhador, onde vivencia parte semelhante de contexto com estudar e trabalhar (CONCEIÇÃO, 2015).

Esses dois interesses nos dias de hoje são muito comuns, possivelmente chamados de “dupla carreira” na qual o indivíduo, indeciso, tenta conciliar da melhor maneira possível, garantir seu futuro, e para que essa situação não atrapalhe a carreira do estudante-atleta em sua formação esportiva e em sua formação escolar, alguns clubes aderiram parcerias com instituições de ensino (ROCHA et al., 2011),

Na Finlândia, em 1970, iniciou-se um projeto para combinar o esporte de rendimento com um currículo escolar flexibilizado para os jovens atletas, fazendo com que fosse alongado o tempo da formação na escola. Já na Dinamarca, em escolas que funcionariam também como centros de treinamento, houve tentativa de flexibilizar o currículo escolar, buscando proporcionar aos atletas de elite menos tempo de aulas por dia e mais horas destinadas aos treinamentos, além de abono de faltas e reposição de provas, se o aluno tivesse a situação de conflito com datas de jogos. (AZEVEDO et al., 2017, p. 8).

No Brasil, vem se mostrando não muito diferente desses países, onde o clube e a instituição entram em acordo com o aluno e a família, para propiciar a melhor conciliação possível para o estudante-atleta em sua permanência no clube e na escola.

Umas das possibilidades de conciliação muito comum aqui no Brasil é transferir as aulas para o horário noturno, possibilitando a participação do estudante-atleta nos treinos nos períodos matutino e vespertino, visto que, conforme o estudante-atleta vá subindo de categorias, a carga horária dos treinos também aumenta (MELO, 2014, apud AZEVEDO, 2017).

Outro aspecto comum de conciliação de treinos e estudo no Brasil equivale a quando o estudante-atleta reside dentro do alojamento fornecido pelo clube, certamente, para essas

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ocasiões acontecem quando o atleta é de uma localização muito longe ou até mesmo fora do estado, viabilizando melhorar os deslocamentos do indivíduo, dessa forma, os estudantes-atletas estudam nas proximidades do clube, proporcionando um pequeno tempo de deslocamento até o local, assistindo as aulas em turnos diferentes e flexibilizando suas presenças em detrimento de seus compromissos com os treinos para aqueles que não tem uma tabela de horário fixa de treino, otimizando o tempo de deslocamento e maximizando o aprendizado do estudante-atleta (AZEVEDO, 2017).

2.2 PROCESSO DE PROFISSIONALIZAÇÃO ESPORTIVA

O sonho de se tornar um atleta, ajudar a família e nas despesas de casa, de conquistar suas dependências financeiras, ganhar mais visibilidade e status na sociedade, pode começar de muito novo, de acordo com Damo (2005) apud Rocha et.al (2011) a demanda para tornar sua formação de forma profissional, pode ser começada a partir dos 12 anos de idade, resultando cerca de 5 mil horas de treinos específicos. Com isso, o estudante-atleta em seu início, passa aproximadamente o mesmo tempo dedicado na escola e em seus treinos do clube, e com o decorrer de sua progressão nas categorias, essas horas poderão aumentar ainda mais.

Esse processo de profissionalização precoce acontece em vista da grande demanda de concorrência que está surgindo conforme o tempo, visto que o aporte midiático em relação ao cenário esportivo principalmente do futebol vem em uma crescente exponencial, chegando a toda sociedade, e interessando não apenas ao estudante-atleta, mas sim, toda uma estrutura familiar, na qual há um planejamento proposital nesse investimento, visualizando uma questão de promoção social e econômica (RIAL, 2006; SOUZA et al., 2008 apud ROCHA et

al., 2011).

Veloso (2009), afirma que famílias consideradas de classes baixas, relatam a falta de oportunidades de trabalho, juntamente com a falta de qualidade nas instituições de ensino públicas, desmotivando e os deixando cada vez mais longe de seus desejos e sonhos, encontrando o futebol como uma “única” alternativa, onde visualiza o esporte como meio rápido de conseguir sua independência financeira sem necessariamente uma formação escolar. Segundo Helal et al. (2005) citado por Rocha et al. (2011), 84% dos jogadores atletas do futebol no Brasil, acabam recebendo um salário de até R$1.000,00. Uma situação totalmente atípica para esses jovens que visam estar no topo da elite do esporte como

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demonstram seus ídolos a partir da mídia. Porém, por mais que essa informação seja um tanto quanto preocupante, os jovens atletas não veem primeiramente isso como um problema a ponto de desistirem de seus sonhos (ROCHA et al., 2011).

Essa profissionalização precoce pode conceder algumas barreiras na hora de conciliar o estudante-atleta com sua formação profissional e sua formação escolar, uma vez que a exigência e a cobrança de qualidade nos treinos é bastante intensa, ocasionando o cansaço do estudante-atleta pelo esforço físico e mental, longos tempos de viagem e deslocamento, tanto para treino quanto para jogos podem ser resultados para a falta de motivação em relação aos estudos, deixando-o de lado a importância de uma dedicação em suas formações escolares, ocasionando repetências ou abandonos dessas instituições de ensino para focar em busca de suas profissionalizações, por outro lado, ao pensar em uma possibilidade de falha em sua carreira esportiva, o mesmo estaria com dificuldades em uma inserção no mercado de trabalho convencional (AZEVEDO et al., 2017).

3 . PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

Foi realizado uma pesquisa de cunho descritiva exploratória com o objetivo de poder entender a rotina de treinamentos junto com a formação escolar dos jovens atletas que estão vinculados nas categorias de base de um dos maiores clubes de Santa Catarina que disputam profissionalmente os principais campeonatos como estadual e o Brasileiro, juntamente com campeonatos importantes para as categorias de base como Catarinense e a Copa São Paulo de Futebol Junior.

3.2 PARTICIPANTES

Os sujeitos dessa pesquisa foram os 10 atletas que atuam na posição de goleiros das categorias de base do clube, que continham entre 14 a 20 anos de idade, pois acredita-se que seja a faixa etária na qual os jovens começam a demandar maiores responsabilidades nas decisões, na busca da profissionalização esportiva ou dar maior ênfase na qualidade dos estudos para uma formação escolar adequada.

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Quadro 1. Distribuição da amostra da pesquisa

Categoria Idades Atletas Federados Amostra da pesquisa

Sub15 14-15 3 3 Sub17 15-17 3 3 Sub20 18-20 4 4 Total 10 10 Fonte: Autor 3.3 PROCEDIMENTOS DA COLETA

Ao entrar em contato com a coordenação das categorias de base do clube para analisar se era possível a realização dessa pesquisa, para isso, foi entregue o pré-projeto desta pesquisa, para que tanto o clube (diretores e dirigentes) quanto à própria comissão técnica (técnicos e preparadores de goleiros) pudessem ter ciência do que seria feito sem comprometer nenhum dos lados. Com a aprovação da coordenação, foi estabelecida uma data, um horário e um local para a realização da coleta dos dados com os sujeitos. Os sujeitos para a coleta de dados foram os goleiros do clube das categorias de base sub 15, sub 17 e sub 20, na qual constam com idades entre 14 a 20 anos de idade, onde 3 atletas representaram o sub 15 com idades entre 14 e 15 anos, no sub 17 também consta com 3 atletas com idades entre 15 a 17 anos e por fim, no sub 20, foi realizado com 4 atletas entre 18 a 20 anos de idade.

O instrumento para coleta dos dados foi através de um questionário a partir de um formulário de entrevista estruturada, elaborado no Laboratório de Educação do Corpo do Programa de Pós Graduação em Educação da UFRJ (LABEC/PPGE/UFRJ) (Anexo I), na qual abordava as seguintes questões com informação sobre a escolaridade dos pais e dos atletas, formação no processo de profissionalização no futebol, tempo gasto nos treinamento, meio de transporte junto ao tempo de deslocamentos para o clube ou centro de treinamento, o tipo de formação escolar, o tempo gasto na rotina escolar, meio de transporte e tempo nos deslocamentos para escola e com seus hábitos naturais em seus tempos ócios.

A coleta dos dados foi realizada na área de refeição do próprio Centro de Treinamentos (CT) do clube antes do início do treino dos jovens atletas, na qual, o entrevistador realizava a pergunta e registrava a resposta no questionário, em um contato direto com o atleta. A entrevista aconteceu desta forma, para que o jovem atleta não tivesse nenhum erro de interpretação sobre a pergunta proposta, assegurando que o entrevistador não intervisse de alguma forma sobre a resposta dos mesmos.

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3.4 ANÁLISE DE DADOS

Para a conclusão e análise dos dados, foi utilizado por meio quantitativo de tabelas, agrupando os sujeitos investigado por categorias (sub 15, sub 17 e sub 20) para auxiliar na compreensão das questões globais e individuais dos jovens atletas de forma qualitativa, na qual é possível fazer uma conversa com referências e autores que acrescentam e enriquecem as análises com suas literaturas específicas da área já publicadas em prol de facilitar a compreensão do objetivo proposto.

4 . RESULTADOS

4.1 INICIAÇÃO ESPORTIVA DOS JOVENS ATLETAS NO FUTEBOL

O futuro do jovem no futebol se dá através de um planejamento que pode ser diferente para cada pessoa, tanto por parte exclusiva do atleta quanto por uma questão familiar. Ambas as situações vêm com um propósito de ascensão social junto a fatores econômicos visando um futuro promissor para o atleta, mesmo que o investimento demande muito tempo e os riscos para se chegar ao topo sejam alto, já que, a concorrência dentro desse mercado é extremamente competitiva (SOARES, 2011).

Este planejamento ao topo do futebol profissional, parte quando o mesmo deixa de ser um simples “brincar de bola” na qual foi inicializado nas ruas com os amigos, partindo para a escola, evoluindo para as escolinhas específicas até se chegar a um clube em suas dependências de categoria de base num projeto multo da busca pelo sonho que é separado em dois mundos, o do futebol amador e do futebol profissional (CONCEIÇÃO, 2015),

Esta etapa de profissionalização tende a acontecer próximo aos 12 anos de idade, faixa etária que andam em paralelo com a formação educacional do indivíduo e que interfere no futuro do mesmo quando as duas possibilidades são tratadas com importância e essa profissionalização impacta de certa forma quando a mesma passa a ter compromissos maiores em relação ao rendimento do jovem e suas organizações de tempo (SOARES, 2011). O jovem que consegue seu espaço dentro de uma categoria de base passa agora a ter compromissos diretos com o clube, visto que o mesmo está atrás de seus objetivos, porém o clube também

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tem suas metas a serem alcançadas, com isso, os treinamentos acompanhados com seus desempenhos dentro de campo passam a ser fatores determinantes para o progresso do jovem. Quadro 2. Dados Demográficos

Categorias Sub15 Sub17 Sub20

Naturalidade: Santa Catarina Fora de Santa Catarina

1 2 2 1 2 2 Moradia: Com familiares Alojamento do clube Sozinho / Hotel 1 2 0 1 2 0 0 2 2 Fonte: Autor

A tabela acima mostra um dado importante de que dos 10 atletas investigados, 5 não são naturais de Santa Catarina, ou seja, o clube tem papel fundamental de dar todo o suporte para esses jovens, tendo em vista que, os mesmos se desapegam e ficam longe de suas famílias em busca de realizar seus sonhos. Com isso, o clube trata em fazer com que seus atletas tenham o melhor processo formativo como um todo, na qual disponibiliza e faz parcerias com instituições de ensino, propõe ao atleta de fora a sua moradia no alojamento, trata das questões alimentícias e nutricionais do atleta, contando com uma equipe diversa de profissionais, como fisioterapeutas, psicólogos, cozinheiras, nutricionistas, dentre outros, em prol do crescimento e desenvolvimento do jovem. Podemos observar na tabela, que 6 dos 10 atletas residem nos alojamentos do clube, muitas vezes considerados como “apostas”, já que o clube arca com todo um investimento sobre o atleta na esperança de um bom desempenho dentro de campo. Também contamos com 2 jovens que residem ainda junto a seus familiares, onde geralmente são aqueles que moram próximos ao clube e são da região ou que possivelmente se mudaram para acompanhar de perto todo o processo formativo esportivo do jovem. No sub 20, podemos destacar duas possíveis promessas, na qual residem em hotéis e moram sozinhos, visto que, um deles já tem contrato assinado profissionalmente e o outro já trabalha em conjunto com o time profissional do clube.

Para que esse processo de profissionalização tenha seu rumo consumado, o planejamento e o investimento por parte da família no jovem é crucial, pois, tenha que ter toda uma programação que circunda e atenda às necessidades do jovem como escola, trabalho, locomoção, chuteiras, uniformes, dentre outros itens até sua profissionalização (KLEIN, 2014).

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Segundo Conceição (2015), a formação no mundo do futebol é bastante desigual, principalmente quando tratamos de clubes grandes e pequenos. Não é todo clube que consegue investir e ter todo um suporte para seus atletas há aqueles que mal têm centros de treinamentos e equipamentos para a construção de um treinamento, na qual a realidade é completamente diferente daqueles cujos investimentos na base é um dos principais objetivos do clube, tanto para fins lucrativos em seus atletas até mesmo numa perspectiva melhor para aquele jovem que possa ser julgado como “promessa”.

Quadro 3. Indicadores Socioeconômicos

Indicadores Possui Não possui Sujeitos

Televisão de LCD, LED ou Plasma 100% 0% 10 TV por assinatura 70% 30% 10 Computador 80% 20% 10 Acesso à internet (Wi-Fi) 100% 0% 10 Automóvel 80% 20% 10 Micro-ondas 100% 0% 10 Empregado(a) Mensalista 20% 80% 10 Máquina de lavar 100% 0% 10 Geladeira 100% 0% 10 Fonte: Autor

Para entender melhor o contexto da família no quesito socioeconômico, podemos notar que nos itens: televisão, internet Wi-Fi, micro-ondas, máquina de lavar, geladeira, todos afirmam que contem em suas casas, ou seja, as famílias desses jovens têm condições mínimas de apoio e investimento tanto para aqueles que residem no alojamento, quanto para os que não residem, onde parte dessa economia é destinada ao objetivo do jovem atleta. Podemos ressaltar que, essas respostas são somente destinadas as suas casas de origem, não considerando ao que é oferecida no alojamento pelo clube.

Durante a entrevista, um dos itens questiona em qual idade o atleta foi registrado como federado, e em 100% dos jovens, disseram ter sido registrado aos seus 12 anos de idade. Para Arena e Bohme (2000) e outros autores e pesquisadores da literatura, consideram a idade entre 12 e 14 anos a idade ideal para se dar início a treinamentos em modalidades específicas com intuito competitivo, visto que, antes disso, não é tão recomendo, pois, a criança não possui maturidade suficiente para compreender o processo competitivo, tornando a pratica

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esportiva muitas vezes questão de obrigação e não algo que vá contribuir para sua formação como um todo. Até a etapa do jovem ser registrado como federado, normalmente, possíveis práticas já foram sendo realizadas até tornar-se federado, dando a entender, que o processo regular já vem de antes, com o “futebol da rua”, praticas na escola e nas instituições especializadas chamadas de “escolinhas de futebol”, onde geralmente é dado o ponta pé inicial desse interesse em prosseguir com o processo esportivo muitas vezes acompanhada de estímulos motivacionais por parte dos pais, dos treinadores e dos professores de Educação Física (CONCEIÇÃO, 2015).

Mesmo sabendo da dificuldade de ingresso no âmbito profissional do esporte, parece ser um fator que não incomoda os jovens em tentar diariamente melhorarem suas condições físicas, aprimorando suas capacidades e habilidades técnicas e táticas para ingressar em um clube oficial, separando os “peladeiros” de um “jogador” (DAMO, 2005). Para chegar ao objetivo da profissionalização, os atletas se submetem a testes realizados por clubes que tem a intenção de adquirir novos jovens talentos a comporem suas respectivas equipes de base. Esses testes geralmente são nomeados de “peneiras”, que ocorrem com jovens entre 12 a 16 anos, onde o atleta demonstra toda sua capacidade e habilidades técnicas e táticas em prol de uma aprovação, e caso consolidada a aprovação, o mesmo, tem um certo período de tempo dentro do clube até sua permanência na mesma. Por outro lado, também pode ser ingressado a um clube por parte de indicações de treinadores de escolinhas, ou pelos denominados “olheiros” que normalmente são profissionais do próprio clube que vão a competições menores em busca desses talentos. Esses atletas que são convidados a integrar o clube através de indicações ou pela peneira, onde normalmente encontrasse um número extremamente expressivo de jovens em busca de ingressar ao clube, representa apenas 1% dos jovens que participam realmente do processo seletivo (SOARES et al, 2009).

Estar dentro de um clube, nas categorias de base, já é um grande avanço para o projeto familiar, pois da créditos, confiança e esperança de que o caminho para o sucesso está sendo traçado de maneira correta, e isso irá demandar bastante esforço, foco e disciplina por parte do jovem atleta para continuar na caminhada, pois os cuidados específicos de se manter com uma boa alimentação e condicionamento físico, ter qualidade nos treinos, demonstrar interesse e trazer resultados nos jogos é primordial para o sucesso e que conforme o atleta vai subindo de categoria, essas demandas vão aumentando junto a suas responsabilidades (CONCEIÇÃO, 2015).

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Segundo Paoli (2007), a categoria sub 15 é uma etapa importante para a consolidação do jovem atleta rumo a profissionalização dentro do clube, porém o sucesso nessa categoria, não garante a permanência do mesmo no clube, visto que, conforme cada progresso, o jovem tende cada vez mais arcar com as responsabilidades que o mundo do futebol e o comércio da bola exige, diante de um número relativamente expressivo de concorrentes que tem dentro desse meio, o jovem tem que garantir o seu lugar. Segundo Damo (2005), os clubes-empresas visam retornos por parte do que é investido pelos jogadores. Isso acontece, sejam eles profissionais ou das categorias de base, desta forma, tornando o mercado futebolístico altamente dinâmico, visto que, caso o atleta não atinja os requisitos mínimos considerados pelo clube como importante, o mesmo possa a ser convidado a se retirar do clube, ou seja, quando o atleta começa a não ter um rendimento considerável, não mostrando resultados que o clube deseja no que é compatível ao investimento utilizado pelo clube, geralmente este atleta independe de seu tempo de permanência dentro do clube estará apto a ser dispensável e trocado por outro (CONCEIÇÃO, 2015).

Nessa situação, o jovem recebe uma rotina de treinos cada vez mais exigente, ao qual, dentro dessa faixa etária, também está presente a sua formação escolar, tornando muitas vezes difícil conciliação entre os dois projetos considerados de suma importância, tanto para o indivíduo, quanto para a família (CONCEIÇÃO 2015).

Quadro 4. Quantidade de treinos, tempo de treino e tempo de deslocamento para o treino

Categoria Quant. de treino por

semana (em média por dia)Tempo de treino deslocamentoTempo de (Alojamento – CT)

Sub 15 6 Aprox.: 02:30:00 Aprox.: 00:30:00

Sub 17 6 Aprox.: 02:30:00 Aprox.: 00:30:00

Sub 20 6 Aprox.: 03:00:00 Aprox.: 00:30:00

CT = Centro de Treinamento Fonte: Autor

Com a minha breve passagem no clube como estagiário observacional, foi possível testemunhar a análise no tempo de descolamento, quando percebemos que é o mesmo para ambas as categorias, isso acontece, pois, geralmente, exceto aqueles que possuem carros, conseguem caronas ou que os pais podem levar, os demais, se encontram no alojamento do clube ás 7 horas da manhã para a alimentação matinal, facilitando para aqueles que já residem no mesmo, em seguida, se preparam para embarcar no ônibus que o próprio clube oferece que tem sua saída pré-estipulada para as 7 horas e 30 minutos com o destino de chegar até o

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centro de treinamento (CT). Todos os entrevistados declararam aproximadamente 30 minutos da saída do alojamento até a chegada ao centro de treinamentos, raras as exceções quando se tem um fluxo maior de automóveis, esse tempo possa aumentar para 40 minutos.

Ao analisarmos a tabela a cima, podemos perceber que a quantidade de treinos por semana entre as categorias é semelhante, incluindo treinos aos sábados normalmente, porém, a mudança fica na quantidade de tempo de treino por dia, que muda à medida que o atleta chega perto do profissional, ou seja, o jovem atleta desde a sua iniciação rumo à profissionalização, já se depara com uma quantidade de desempenho e esforço semanalmente rigorosa, aumentando sua demanda e tempo de treino maior no sub 20. Podemos destacar um ponto importante, relatado por todos os sujeitos, visto que, como são goleiros, os mesmos recebem treinamentos diferenciados e específicos dos demais atletas, podendo ocorrer treinos em diferentes categorias e até mesmo turnos diferentes, elevando ainda mais a participação deles tanto na quantidade de treinos por semana e também no tempo de treino.

Junto a essa tabela, será apresentado outros dois novos tópicos, que representaram o tempo médio de escola para cada aula semanalmente, concluindo com uma comparação do tempo total entre o tempo de escola com o tempo de treinamento para compreender um pouco da rotina do dia a dia dos jovens em relação a estes dois projetos e debatermos mais sobre o assunto.

Quadro 5. Tempo de escola

Categoria Dias de aula durante a semana Tempo de escola por dia

Sub 15 5 Aprox.: 03:45:00

Sub 17 5 Aprox.: 04:00:00

Sub 20 0 0

Fonte: Autor

Podemos observar na tabela a cima, que os jovens atletas das categorias sub 15 e sub 17, estudam de segunda a sexta com um tempo semelhante de aproximadamente 4 horas por dia. Já os jovens atletas da categoria sub 20, todos já haviam concluído o ensino médio e não teriam iniciado nenhum outro tipo de formação acadêmica no período que esta pesquisa ocorreu. Com a tabela do tempo na escola, junto com a tabela do tempo gasto com os treinamentos, podemos identificar que os estudantes-atletas do sub 15 e 17 treinam aproximadamente 15 horas totais por semana e estudam aproximadamente 20 horas totais por semana.

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Quadro 6. Tempo total treino semanal x Tempo total escola semanal

Categoria Treino (Semanal) Escola (Semanal) Total

Sub 15 15:00:00 18:45:00 33:45:00

Sub 17 15:00:00 20:00:00 35:00:00

Sub 20 18:00:00 0 18:00:00

Fonte: Autor

Diante desta tabela, podemos analisar que as categorias sub 15 e sub 17 demandam certa dedicação a esses dois tipos de projeto (esportivo e escolar), transformando essa situação em uma concorrência de interesses, visto que, conforme o jovem vai subindo de categoria e chegando próximo à profissionalização, o tempo de treinamento vai aumentando junto com as exigências que o clube impõe, o mesmo ocorre para a formação escolar do indivíduo, conforme o jovem vai se aproximando da sua finalização no processo escolar, suas demandas e obrigações com a formação aumentam, gerando assim, uma concorrência entre os dois projetos na vida desses jovens. Ao analisarmos a categoria sub 20, podemos identificar uma predominância por parte do Futebol, visto que, todos os jovens da categoria já concluíram o ensino médio, fazendo com que essa dedicação ao esporte seja prioritária. Com isso entraremos em um novo tópico, onde serão abordadas questões que envolvem o projeto educacional desses jovens.

4.2 PERFIL EDUCACIONAL DOS JOVENS ATLETAS

Neste tópico, iremos abordar mais sobre o perfil educacional dos jovens juntamente com o histórico educacional dos pais, para entender melhor como se dá esse tipo de conciliação entre os dois projetos presente na vida dos jovens, identificar os interesses e desejos em relação as práticas esportivas, pois, geralmente quando o jovem prioriza o esporte, deixa de lado outros meios formadores, sendo um deles a sua formação escolar (ROCHA, 2011).

Segundo Soares et al. (2011), os jovens atletas permanecem na escola, pois o vínculo dele com clube possibilita o mesmo a estudar e frequentar essa instituição, porém, isso não assegura que o ensino será de qualidade e nem mesmo que o indivíduo apreenda aquilo que esteja sendo ensinado. Diante disto, Veloso (2009) reforça a ideia de que as instituições de ensino brasileiras, geralmente as públicas, não tendem a ter uma qualificação adequada que chame a atenção e agrade seus alunos, podendo entender que esses jovens atletas não se

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sintam tão motivados em estudar e a frequentar a escola a ponto de deixarem de lado este tipo de formação, priorizando seu foco e objetivo nas atividades esportivas que praticam.

O clube na qual foi realizada a pesquisa tem parceria com duas escolas públicas estaduais diferentes, onde ambas apresentam ensino regular e são bem próximas do alojamento onde os atletas residem. Todos os participantes da pesquisa estudaram em uma dessas escolas, inclusive os atletas do sub 20, mesmo que já estando formados e apesar de não terem constados na tabela 5 e 6 no tempo de aula desses jovens, visto que no momento da pesquisa eles já estavam formados no ensino médio, as respostas deles no questionário (Anexo I) sobre a qualidade da escola, organização, funcionamento e percepção de ensino diante dessas instituições serão relevantes e descritas ao longo da pesquisa.

Esses jovens atletas responderam que a escola por ser muito próximo do alojamento, facilmente era possível ir a pé, tendo um tempo de deslocamento próximo dos 5 minutos, tanto como ida, quanto na volta. Na escola, os professores tinham o conhecimento de que os mesmos eram jogadores de futebol, e por isso, entendiam quando havia algum tipo de falta, os professores apenas solicitavam a declaração do clube, para garantir que o mesmo, realmente estariam fazendo alguma atividade desempenhada pelo clube. Em relação às faltas, essas eram abonadas quando comprovadas, tanto as provas quanto às atividades eram remarcadas para que o jovem atleta não fosse prejudicado devido ao compromisso esportivo.

Quadro 7. Distribuição do nível de ensino que os atletas estão ou já concluíram Categoria /

Escolarização Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior

Sub 15 7 e 8 1 0

Sub 17 1, 2 e 3 0

Sub 20 X 0

7 = 7 série/8ºAno; 8 = 8 série/9ºAno; 1 = 1º Ano; 2 = 2º Ano; 3 = 3º Ano; Fonte: Autor. X = Completou o ensino médio.

Segundo a tabela acima, podemos perceber que temos três jovens atletas da categoria sub 15, onde dois deles apresentam histórico de repetência, ainda cursando o ensino fundamental e apenas um deles está no ensino médio, isso é explicado, pois, conforme Veloso (2009), mesmo os jovens atletas estando registrados e frequentando uma instituição de ensino regular, não é garantido que os mesmos estejam em suas respectivas séries corretas, devido a possibilidade de repetências que normalmente ocorrem. Na categoria sub 17, temos jovens atletas com a idade de 15, 16 e 17 anos, correspondendo às séries respectivas 1, 2 e 3 da tabela. Já no caso da categoria sub 20, todos já teriam completado o ensino médio.

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Quadro 8. Turno que os atletas estudam/estudavam Em que turno

estuda(ou)?

Sub15 Sub17 Sub20

Manhã

Tarde 2

Noite 1 3 4

Fonte: Autor

Nessas instituições, as aulas acontecem em todos os três períodos, matutino, vespertino e noturno, mas como podemos perceber na tabela acima, que há certa preferência em relação ao ensino noturno, isso ocorre, pois facilita a conciliação entre os dois projetos, o da profissionalização esportiva e o da formação escolar, visto que, todos os jovens atletas treinam no período matutino. Diferente dos dois jovens atletas da categoria sub 15 que estudam no período vespertino, onde podemos interpretar que esses dois jovens ainda não estão sendo utilizados de forma que tenham que participar de mais de um treino durante o dia ou treinamentos em categorias diferentes. Diferentemente do que ocorre com os outros atletas, principalmente da categoria sub 17 e sub 20 onde normalmente é possível ter mais de um treino por dia até mesmo em categorias diferentes (atleta do sub 17 indo treinar com a categoria sub 20, e o sub 20 indo treinar com o time profissional), especialmente por serem goleiros e terem seus treinos específicos. Conforme Conceição (2015), uma das maneiras dos estudantes-atletas conseguirem conciliar toda rotina de treinamento físico, tático, competições e viagens, é a participação do estudante-atleta realizar suas demandas escolares no período noturno, possibilitando assim, possíveis conciliações entre os projetos, sem que o mesmo reprove, ou seja, prejudicado de alguma maneira em sua formação escolar. Azevedo (2017) reforça a ideia de Conceição (2015) quando correlaciona o Brasil a fazer um modelo parecido com o da Dinamarca, onde os clubes fazem parceria com instituições proporcionando melhor flexibilidade de horários para que os estudantes-atletas possam realizar suas práticas esportivas profissionalizantes, possibilitando a ideia de frequentar e estudar no período noturno, abonar as faltas, remarcar datas de provas caso em dias de competições. Como os treinamentos acontecem no período matutino, ao responderem se os treinamentos atrapalhavam a frequência nas escolas ou ocorria atraso pelo motivo do treino, alegaram que atrapalhava ou chegavam atrasados, apenas em casos de dias especiais na qual os treinos aconteciam no período vespertino também.

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Outra questão levantada e respondida através dos questionários foi da escolaridade dos pais dos sujeitos, onde podemos identificar melhor o nível de exigência estipulada para o jovem quando se trata da formação escolar e como esses jovens junto aos pais, planejam a dupla carreira do indivíduo. Segundo Rocha (2017), é importante o reconhecimento da escolarização dos pais, pois isto pode ser um fator para consolidar a expectativa do jovem sobre seu futuro profissional, visto que, tanto o futebol quanto a escola, são agentes formadores para o mercado de trabalho.

Ao perguntar sobre a escolaridade por parte do pai aos jovens, 7 teriam o ensino médio completo, sendo que desses, 4 teriam começado o ensino superior. Apenas 1 dos pais teria o ensino superior completo. Ao perguntar sobre a escolaridade por parte das mães, 2 apresentaram ter concluído até o ensino fundamental, 4 teriam concluído o ensino médio e as outras 4 teriam concluído o ensino superior.

Podemos observar através das respostas que a maioria dos pais, tem como ensino médio completo, seguido de alguns pais com o superior completo, esses dados vão de encontro muito semelhante a dados de outras pesquisas da área como os de Klein (2014), Conceição (2015), Rocha (2017) entre outros. O papel escolar por parte dos responsáveis, pode dizer muito sobre a escolha do jovem em priorizar a sua decisão na carreira profissional, de acordo com Rocha (2017), conforme maior grau de ensino dos pais, maior a probabilidade do jovem atleta em dar importância para sua formação escolar, pois sabe da vasta concorrência que é encontrada no mercado do futebol, junto com a valorização e reconhecimento sobre as posições de seus pais dentro do mercado de trabalho convencional. Diante disto, podemos interpretar que, quanto maior a escolaridade, maior as chances de conquistar um espaço no mercado de trabalho, mas também reforçam uma concepção contrária, o que tornaria uma situação de desigualdade social, já que, aquele que nasceu em famílias com baixa escolaridade, tende a ter menos chance de sucesso pela área educacional, tendo então, oportunidades maiores na questão de trabalho via formação educacional, aqueles que contêm um nível de educação e investimento maior.

Na tabela a seguir, serão exibidos quantos atletas reprovaram alguma vez na escola nas diferentes categorias do clube. Ao perguntar aos atletas quantas vezes eles já teriam reprovado os que responderam sim, afirmaram ter cometido este deslize apenas uma única vez e se arrependem de não ter passado naquele ano.

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Quadro 9. Quantos atletas já reprovaram pelo menos uma vez.

Repetiu na escola? Sub 15 Sub17 Sub20

Sim 2 0 1

Não 1 3 3

Fonte: Autor

Na tabela acima, podemos observar que dos 10 atletas entrevistados, 3 repetiram de ano, e curiosamente, esses atletas que reprovaram estão entre os que residem nos alojamentos do clube, podendo interpretar, que, por mais que os mesmos estejam sobre os cuidados do clube diante ao afastamento do jovem em relação a família, a cobrança pela qualidade do desempenho do aluno na escola é enfraquecida, mesmo sendo exigido uma frequência e nota regular do aluno na escola. Para que o jovem atue nas competições federais oficiais que o clube participa, o mesmo é obrigado a estar vinculado e registrado em alguma instituição de ensino, e que tenha sua frequência escolar e notas adequadas para progressão das series posteriores, porém, a cobrança na qualidade e no desempenho em relação ao aluno dentro de sala, passa muitas vezes despercebida pelo clube.

Apesar do número de reprovações nessa pesquisa terem sido baixas, o motivo pela qual o fato aconteceu, deve ser tratado com atenção, pois a formação escolar na vida do indivíduo deveria ser valorizada diante da vasta concorrência dentro do mercado de trabalho e pelo futuro incerto dos jovens atletas que integram os elencos nos clubes.

Diante das perguntas dos questionários respondidas pelos jovens atletas, uma delas trata sobre a organização da escola como um todo, subsequente de questões que revelariam a interpretação deles em relação à qualidade e ensino da instituição. Podemos destacar que a interpretação dos jovens em relação à organização e a qualidade de ensino da escola é preocupante, já que os atletas entrevistados, todos estudavam nas instituições que o clube tem parceria, e os mesmos alegam serem ambas, uma escola fraca, pois não passam muitas atividades, e quando passam a cobrança não é muito exigida, ocasionando muitas das vezes, em os jovens nem realizarem as atividades solicitadas.

Visivelmente há uma falta de interesse nos jovens atletas quando se trata do assunto de escola e sua formação, isso pode decorrer de alguns fatores propriamente sobre a relação aluno-escola, mas também pode ter relação do jovem como indivíduo aluno-esporte. Quando tratamos o jovem, relacionando ele como aluno-escola, um fator desmotivacional comum pode ser em relação à qualidade de ensino das instituições, pois Veloso (2009), afirma que as famílias consideradas de classes baixas, relatam a falta de oportunidades de trabalho,

(33)

juntamente com a falta de qualidade nas instituições de ensino públicas, o que acaba desmotivando e os deixando cada vez mais longe de seus desejos e sonhos, encontrando o futebol como uma “única” alternativa, onde visualiza o esporte como meio rápido de conseguir sua independência financeira sem a necessariamente uma formação escolar. Quando tratamos o jovem como atleta-esporte, encontramos também fatores que dificulte o interesse dele em frequentar a escola, onde Conceição (2015) conta que devido ao número de competições, treinamentos e viagens, podem acabar ficando semanas longe de convívio escolar, acarretando na falta de compreensão e assimilação dos conteúdos. Outro fator muito comum entre os jovens que acabam recebendo muitas faltas e prejudicando sua formação escolar e até mesmo o ano letivo inteiro, são aqueles jovens atletas que não conseguem se estabilizar em um clube renomado, já que o mesmo tende a passar por muitos clubes em busca de sua aprovação, não conseguindo contato com a escola, ocasionando muitas vezes repetências (CONCEIÇÃO, 2015).

A escola muitas vezes acaba cedendo demais, a ponto de o aluno entrar em uma conclusão precipitada de que a escola não tem nada a contribuir com a sua formação esportiva profissional, diante das faltas que são justificadas, por questões de treinos, viagens que contemplem e prevalece a questão do futebol, acabam tolerando a falta de compromisso por parte dos jovens dentro de sala, na qual devem fazer o “mínimo” para que sua aprovação esteja garantida, finalizando sua formação escolar, muitas vezes quando concluem o Ensino Médio (CONCEIÇÃO, 2015). Diante desses fatos, podemos interpretar que a escola parece não querer ser uma barreira no processo de profissionalização do jovem, pois entende que o foco do atleta é a prioridade do esporte e não a sua escolarização, tendo a ideia de um paradoxo, pois a escola deveria ser um espaço de conhecimento, aprendizado, formação, de oportunidades, com isso, acaba a entender de que a escola não tem nada a oferecer em prol do jovem atleta.

Quadro 10. Deseja estudar até que nível?

Nível de Ensino Sub15 Sub17 Sub20

Completar Ensino Médio 2 0 0 Fazer Faculdade (Superior) 1 3 3 Fazer pós-graduação 0 0 1 Fonte: Autor

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A tabela acima demonstra o desejo dos jovens em concluírem certas etapas de suas formações educacionais, para alguns, no caso dos dois atletas da categoria sub 15, desejam apenas concluir o ensino médio para que possam dar maior foco em seus processos de profissionalização, um deles admite o interesse em prolongar e tentar entrar para uma faculdade, mas que a prioridade desde sempre será o futebol. Nas categorias de base do sub 17 e do sub 20, em resposta ao questionário, os jovens atletas contribuíram para algumas informações que em sua maior parte admitiram o interesse de começar uma faculdade, mas não sabem até que ponto conseguiriam dar atenção e até mesmo concluir está etapa, pois reconhecem a importância da escolarização, como meio de se protegerem caso o futebol, que é prioridade, não venha a dar certo, com isso, um ensino superior, em tese, ampliariam suas oportunidades dentro do mercado de trabalho, em prol de uma independência financeira atribuindo certo conforto e status sociais.

Podemos destacar o curso de Educação Física, quando em certas falas, na hora das respostas de alguns jovens, em declarar que, se não derem certo no futebol, uma possibilidade em trabalhar com algo da área, eram o que mais gostaria o que torna muito comum, entender um pouco sobre o profissional de preparador de goleiros, onde, geralmente, é assumido este papel, aquele indivíduo que por sua experiência de vida dentro de campo assumindo a função de goleiro na época que jogava, venha a trabalhar com esse público. Segundo Oliveira (2004), citado por Simões (2012), a profissão de preparador de goleiro era titulada para aqueles atletas goleiros que estivessem prestes a se aposentar ou já estivessem aposentados, mas que tiveram uma grande experiência vivenciada na posição, tendo em receio por parte dos clubes, em contratar profissionais de Educação Física, por considerar os mesmos inexperientes para assumir tal compromisso, alegando que esses, não teriam conhecimento para treinar exercícios específicos físicos e táticos que compõe um treinamento de goleiro.

Nos momentos finais do questionário, nos deparamos com o item que possibilita o jovem atleta entrevistado, a responder aquilo que realmente acredita quando escuta as palavras “Treinar, Competir, Estudar e Ir à Escola” Nesta questão, nos chamou bastante a atenção, pois claramente os jovens atletas tem um foco muito maior na questão do esporte, quando trata as palavras “Treinar e Competir” foi de unanimidade a suas representatividades e objetivos diante ao esporte, pois subjugam essas palavras como “Realização de um sonho, em busca de uma vida melhor, prazer, felicidade, dar ao máximo nos jogos buscando sempre melhorar e nunca errar, futuro, dedicação”. Certamente esses jovens atletas, tem um

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planejamento de sua carreira visando estar no profissional e fazem disso, o seu objetivo nos dias de hoje, enquanto em relação as palavras “Estudar e Ir à escola”, três dos jovens atletas titularam como “obrigação, chato, vou pois tenho que ir, os outros sete jovens atletas, rotularam essas palavras com “aprendizado, importante caso o futebol não dê certo, necessidade, disciplina”, ou seja, mesmo que o foco esteja no futebol, parte desses jovens entende a importância da escola em seus projetos mesmo que na realidade, a qualidade com que eles encaram a escola, fique em segundo plano.

Com estas informações coletadas, podemos identificar que o jovem atleta tende a ter dificuldades em conciliar o processo de profissionalização esportiva junto com a sua formação escolar, visto que a busca para a realização de seus sonhos, prioriza muito mais o projeto do futebol, colocando a escolarização em segundo plano mesmo diante de um futuro incerto. Por mais que o jovem atleta venha a ser registrado e ter a possibilidade de frequentar uma instituição de ensino que por lei é obrigatório, o mesmo não caracteriza um bom aproveitamento escolar por fatores que tendem sempre priorizar um dos projetos, não conseguindo fazer com que a profissionalização esportiva e a formação escolar se complementem, mas que se impedem por seus interesses particulares.

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5 . CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve a intenção de buscar identificar algumas situações que circundam uma etapa da vida dos jovens atletas que encaram a profissionalização esportiva em paralelo a formação escolar, e como os mesmos conseguem conciliar esses dois projetos. Este trabalho teve como público, os goleiros das categorias de base do sub 15, sub 17 e sub 20 de um dos maiores clubes de Santa Catarina, podendo ao longo do trabalho identificar alguns objetivos como, i) Identificar quais são os interesses dos jovens atletas visando o futuro profissional; ii) Identificar o que os jovens atletas entendem sobre a escolarização e o quão importante a mesma é para o jovem; iii) Analisar como o estudante-atleta concilia a dupla carreira e iv) Identificar as influências e as motivações que os fazem permanecer na escola. Para a coleta dos dados foi utilizado um formulário de entrevista estruturada, elaborado no Laboratório de Educação do Corpo do Programa de Pós Graduação em Educação da UFRJ (LABEC/PPGE/UFRJ) (Anexo I), que trata questões de informações sobre a escolaridade dos pais e dos atletas, formação no processo de profissionalização no futebol, tempo gasto nos treinamentos, meio de transporte junto ao tempo de deslocamento para o clube ou centro de treinamento, o tipo de formação escolar, o tempo gasto na rotina escolar, meio de transporte e tempo nos deslocamento para escola. As análises dos dados foram utilizadas por meio quantitativo de tabelas, agrupando os sujeitos investigado por categorias (sub 15, sub 17 e sub 20) para auxiliar na compreensão das questões globais e individuais dos jovens atletas de forma qualitativa, na qual foi possível fazer uma conversa com referências e autores que acrescentaram e enriqueceram as análises com suas literaturas específicas da área já publicadas em prol de facilitar a compreensão dos objetivos propostos.

Conseguimos ver, através desse estudo, que o maior investimento e interessepor parte dos jovens atletas é voltado para o futebol. Os mesmos sonham em poder ter sua liberdade financeira e seu lugar dentro da sociedade de forma impactante, mesmo que de futuro incerto visto a alta concorrência dentro desse mercado, mesmo assim, investem parte de seu tempo no projeto escolar como um suporte para um possível fracasso na carreira esportiva. Pode-se dizer que esses jovens atletas, fazem o possível para que o sonho de se tornarem profissionais do futebol dê certo, e um desses momentos é quando deixam suas famílias para morar em alojamentos do clube em prol de uma nova jornada, com isso, o clube tem um papel fundamental tanto dentro quanto fora de campo para que esses jovens atletas tenham o melhor

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desenvolvimento possível no período em que estão atuando, proporcionando toda uma equipe que trabalhe na melhora dentro de campo daquele atleta, para que possa chegar a níveis de aprimoramento técnico e táticos que os julguem adequados, enquanto fora de campo, parcerias com instituições de ensino para que o jovem atleta possa ter por seu direito, ensinamentos, aprendizados e educação que transforme o indivíduo em um ser crítico junto a valores e princípios morais na construção do caráter, para contribuir o mesmo no desenvolvimento de um sociedade, no autoconhecimento e suas interações sociais.

Podemos notar que a relação entre o clube e a escola é bem frequente, e as mesmas tendem a resolver problemas que possam englobar o jovem atleta. Um desses problemas é a demanda de compromissos por parte de ambos os projetos, e para que possam andar em paralelos, uma resposta rápida de solução para o problema seria a flexibilidade de horários que aquele jovem atleta consegue em poder frequentar seus estudos no período noturno com algumas regalias que o mesmo tem para a justificativa de compromissos com o esporte. Mesmo que essa parceria aconteça, conseguimos ver sobre os relatos dos jovens atletas e através de literaturas específicas na área, situações que desestimulam em manter o foco dentro de sala e ampliar maiores possibilidade de investimentos dentro desse projeto como a falta de qualidade nessas instituições, principalmente públicas. Quando comentando sobre a organização da escola e sobre os professores, os sujeitos logo relataram sobre a falta de comprometimento e de cobrança nas atividades propostas, juntamente com a alta demanda de treinamentos, pois conforme o atleta vai progredindo dentro da formação esportiva seu desempenho junto com as sessões de treinos tendem a aumentar, principalmente em situações específicas, quando as categorias precisam reorganizar o elenco para os treinamentos, onde o atleta é convidado a participar dos treinos de outra categoria, para melhorar seu desempenho ou suprir uma posição que está vaga, treinando em certos dias até mesmo em mais de uma categoria, ampliando o tempo de treinamento semanalmente, afetando o desempenho do jovem dentro de sala. Por mais que o clube ofereça instituições de ensino para o jovem atleta, não significa que a mesma estimule o jovem a ter um “bom desempenho”, até porque, quando se trata de aumentar a demanda conforme o jovem progride nas categorias, o mesmo tem que abdicar de alguns aspectos pessoas e sociais na busca pelo alto desempenho e rendimento para se manter dentro do clube. De fato, seus focos são para o futebol, mas mesmo com a falta de qualidade no projeto escolar, sabe-se da importância do mesmo caso o futebol não venha a dar certo, visível quando perguntamos até onde os jovens atletas pretendem estudar, e até onde gostariam de estudar, na qual preferem em primeira instancia terminar o ensino médio para

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