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Aquisição do onset complexo no desenvolvimento fonológico típico em crianças entre 2;6 e 5;11 de idade, estudantes de uma creche-escola municipal pública de Maceió-AL

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS E LINGUÍSTICA FACULDADE DE LETRAS - FALE. MARAÍSA ESPÍNDOLA DE CASTRO. AQUISIÇÃO DO ONSET COMPLEXO NO DESENVOLVIMENTO FONOLÓGICO TÍPICO EM CRIANÇAS ENTRE 2;6 E 5;11 DE IDADE, ESTUDANTES DE UMA CRECHE-ESCOLA MUNICIPAL PÚBLICA DE MACEIÓ-AL. MACEIÓ 2015.

(2) MARAÍSA ESPÍNDOLA DE CASTRO. AQUISIÇÃO DO ONSET COMPLEXO NO DESENVOLVIMENTO FONOLÓGICO TÍPICO EM CRIANÇAS ENTRE 2;6 E 5;11 DE IDADE, ESTUDANTES DE UMA CRECHE-ESCOLA MUNICIPAL PÚBLICA DE MACEIÓ-AL. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Letras e Linguística da Universidade Federal de Alagoas como requisito final para obtenção do grau de Mestre em Linguística.. Orientador: Prof. Dr. Miguel Oliveira Jr. Co-orientadora: Profa. Dra. Luzia Miscow da Cruz Payão. MACEIÓ 2015.

(3) Catalogação na fonte Universidade Federal de Alagoas Biblioteca Central Divisão de Tratamento Técnico Bibliotecário Responsável: Valter dos Santos Andrade. C355a. Castro, Maraísa Espíndola de. Aquisição do onset complexo no desenvolvimento fonológico típico em crianças entre 2;6 e 5;11 de idade, estudantes de uma creche-escola municipal de Maceió-AL / Maraísa Espíndola de Castro. – 2015. 99 f. : il. Orientador: Miguel José Alves de Oliveira Junior. Coorientadora: Luzia Miscow da Cruz Payão. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Federal de Alagoas. Faculdade de Letras. Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística. Maceió, 2015. Bibliografia: f. 84-89. Anexos: f. 90-99. 1. Aquisição fonológica. 2. Onset complexo. 3. Sílaba. 4. Segmento. I. Título. CDU:81’344.

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(5) Aos meus pais, meus maiores incentivadores, pelo amor incondicional e por sempre confiarem e acreditarem em mim..

(6) AGRADECIMENTOS. A Deus que me guia e me protege, iluminando meus caminhos e minha vida.. Ao Prof. Miguel Oliveira Jr., pelas orientações desde o projeto inicial de pesquisa para a seleção de mestrado, sempre atento e prestativo; pelos conhecimentos partilhados em suas aulas e no grupo de estudos FONUFAL; e pelo incentivo, compreensão e confiança em mim depositada.. À Profa. Luzia Payão, que desde a iniciação científica na UNCISAL me orienta e me incentiva em meus estudos, pela dedicada orientação nesta pesquisa. Por me ensinar não só sobre as teorias, mas também a sua importância para a prática fonoaudiológica, contribuindo para que eu me tornasse uma melhor profissional.. À Profa. Januacele Francisca da Costa, pela leitura atenta e observações desde o projeto inicial deste estudo, quando me acolheu no Grupo de Estudos em Fonética e Fonologia. E pelas importantes sugestões na qualificação que contribuíram para o aprimoramento deste trabalho.. À Profa. Gabriela Silveira Sóstenes, que compôs a banca de defesa final da dissertação, pelas importantes observações que ajudaram no refinamento do trabalho.. Ao Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística (PPGLL) da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Alagoas, pela oportunidade e pelo apoio para desenvolver este estudo. Aos professores do programa, pela dedicação e conhecimentos compartilhados. E aos funcionários da secretária do PPGLL, sempre prestativos.. À equipe escolar da Creche-Escola Mestre Izaldino: ao diretor Pedro, à vice-diretora Norma, à coordenadora Cínthia, às professoras e auxiliares de sala, pela colaboração, sendo todos tão atenciosos durante o período de coleta dos dados.. Às crianças, e seus responsáveis, que possibilitaram a realização desta pesquisa..

(7) Ao Grupo de Estudos FONUFAL, pelo precioso aprendizado com todos os textos apresentados e importantes sugestões em minhas apresentações.. Ao meu marido, Tiago, pelo companheirismo, apoio, paciência e compreensão, principalmente durante a fase final de escrita da dissertação. Agradeço por todo amor e cuidado, tornando esse período mais leve.. Às queridas amigas Ana, Aline, Ayane, Fábia, Jeylla e Priscila, sempre atenciosas e dispostas a ajudar, pelos conhecimentos compartilhados, amizade e apoio.. Ao Musiliyu, por ser tão prestativo ajudando na redação do abstract.. Ao Prof. Lucyo Carvalho, pela importante ajuda nas análises estatísticas desta pesquisa.. À Irainê Almeida, pela escuta atenta e conselhos preciosos.. A todos os meus colegas do PPGLL, pela parceria e trocas de conhecimentos.. Às minhas amigas de graduação, pelo incentivo e pela torcida.. À minha irmã, Mariana, pela amizade, apoio e por torcer sempre pelo meu sucesso.. À minha família, em especial meus pais Nilce e Gilvan, por toda torcida, ajuda e incentivo..

(8) RESUMO. Este estudo tem como objetivo a descrição e análise da aquisição do onset complexo por crianças com desenvolvimento fonológico típico entre 2;6 e 5;11 de idade, estudantes de uma creche-escola municipal pública de Maceió-AL. Denomina-se como onset complexo ou ramificado o constituinte silábico que apresenta dois elementos na posição de onset – uma obstruinte na primeira consoante, seguida de consoante líquida. A análise dos dados foi embasada na teoria da Geometria de Traços de Clements e Hume (1995), em Clements (2005) e na Teoria da Sílaba (SELKIRK, 1984). Foram incluídas 40 crianças matriculadas nos anos letivos de 2013 e 2014. Os dados foram coletados por meio da avaliação com o Teste de Linguagem Infantil – ABFW (WERTZNER, 2004) e fala espontânea. Em seguida, foi realizada análise estatística inferencial dos dados, sendo analisada a influência dos ambientes fonológicos na produção do onset complexo e os processos fonológicos. Constatouse aquisição tardia do onset complexo, na faixa etária de 5;0-5;11, tanto para sílabas compostas de obstruinte + /l/ como de obstruinte + //. Quanto às variáveis influenciadoras na produção da sílaba CCV, foi constatada significância apenas na relação entre tonicidade e a produção-alvo do onset complexo com a líquida nãolateral. Em relação à prevalência dos processos fonológicos, constatou-se uma maior ocorrência do processo fonológico de simplificação para C1V. Na comparação entre as faixas etárias, observou-se uma gradual diminuição da ocorrência de processos fonológicos, até a estabilização do sistema fonológico das crianças na faixa etária de 5;0-5;11. As análises dos processos fonológicos e ambientes favoráveis realizadas fornecem informações importantes sobre a aquisição do onset complexo, auxiliando na seleção do léxico para avaliação e tratamento em casos de desenvolvimento atípico, contribuindo para elaboração e implementação de uma terapia mais efetiva. Palavras-chave: Aquisição fonológica. Onset complexo. Sílaba. Segmento..

(9) ABSTRACT. This study aims at describing and analyzing the phonological acquisition of complex onset in children with typical phonological development with age ranges from 2;6 (2 years 6 months) to 5;11 (5 years 11 months), who are students of a public primary school in Maceió, Alagoas. The complex onset or branching onset is the syllabic constituent which has two elements in the onset position – an obstruent in the first consonant followed by a liquid consonant. The data analysis was based on the Feature Geometry Theory of Clements & Hume (1995), in Clements (2005) and on the Syllable Theory (SELKIRK, 1984). A total of 40 children, enrolled in the 2013 and 2014 academic years, participated in this research. The data were collected through an assessment with the Child Language Test – ABFW (WERTZNER, 2004) and spontaneous speech. Then, a statistical analysis of the data was conducted by analyzing the influence of phonological environments in complex onset production and the phonological processes. It was observed a late acquisition of complex onset, with children aged from 5;0 to 5;11, in both syllable with obstruent + /l/ and obstruent with //. With respect to influencing variables in the production of CCV syllable, significance was noticed only in the relation between tonicity and the target production of complex onset with non-lateral liquid. In relation to the phonological processes prevalence, it was observed that the most frequent phonological process was the simplification for C1V. Comparing the age groups, there was a gradual decrease in the occurrence of phonological processes, until stabilization of the phonological system of children aged from 5;0 to 5; 11. The analyses of phonological processes and favorable environments conducted provide important information about the acquisition of complex onset, helping in lexicon selection to evaluation and treatment in cases of atypical development, and to development and implementation of a more effective therapy. Keywords: Phonological Acquisition. Complex Onset. Syllable. Segment..

(10) LISTA DE FIGURAS. Figura 1 - Hierarquia de nós e traços segundo Clements e Hume (1995). ............... 22 Figura 2 - Representação geométrica das consoantes. ............................................ 23 Figura 3 - Representação geométrica das vocoides. ................................................ 24 Figura 4 - Representação dos traços de raiz............................................................. 26 Figura 5 - Representação do nó vocálico, segundo Clements e Hume (1995). ........ 27 Figura 6 - Estrutura da sílaba hierarquizada (SELKIRK, 1982). ................................ 31 Figura 7 - Convenção de matrizes de traços dos constituintes para exemplo de uma sílaba [flawns] do inglês (Selkirk, 1982). ................................................................... 31 Figura 8 - Índice de sonoridade proposto por Selkirk (1984). .................................... 34 Figura 9 - Escala de sonoridade proposta por Clements (1990). ‘O” é obstruinte, ‘N’ é nasal, ‘L’ é líquida, ‘G’ é glide e ‘V’ vogal. ................................................................. 34 Figura 10 - Escala de sonoridade proposta por Bonet e Mascaró (1996). ................ 35 Figura 11 - Representação da relação entre os elementos prosódicos. ................... 36 Figura 12 - Representação da grade métrica de Halle e Vergnaud (1987). .............. 37 Figura 13 - Tipos de pés métricos segundo Hayes (1995). ....................................... 38 Figura 14 - Valores percentuais de produções-alvo em cada faixa etária nos dois grupos de onset complexo estudados. ...................................................................... 59.

(11) LISTA DE QUADROS. Quadro 1 - Escala de sonoridade proposto por Clements e Hume (1995, p. 269). ... 25 Quadro 2 - Escala de Robustez de traços de consoantes, proposta por Clements (2005). ....................................................................................................................... 29 Quadro 3 - Descrição dos sujeitos avaliados com as informações de sexo e idade. 48 Quadro 4 - Vocabulário obtido por meio da avaliação de nomeação e imitação do teste realizado. ................................................................................................................... 50 Quadro 5 - Vocabulário obtido por meio da avaliação de fala espontânea (o número em parênteses corresponde ao N de cada palavra). ................................................. 51 Quadro 6 - Processos fonológicos envolvendo o onset complexo analisados. ......... 53 Quadro 7 - Variáveis e variantes encontradas para o onset complexo com a líquida lateral /l/ e com a não-lateral //. ............................................................................... 62.

(12) LISTA DE TABELAS. Tabela 1 - Percentual de produções-alvo e produções com processos fonológicos do onset complexo (OC) nas diferentes faixas etárias. .................................................. 56 Tabela 2 - Percentual de produções-alvo e produções com processos fonológicos do onset complexo (OC) com a líquida lateral nas diferentes faixas etárias. ................. 56 Tabela 3 - Percentual de produções-alvo e produções com processos fonológicos do onset complexo (OC) com a líquida não-lateral nas diferentes faixas etárias. .......... 58 Tabela 4 - Relação entre os diferentes ambientes e as produções-alvo e produções com processos fonológicos na aquisição dos grupos de onset complexo com a líquida lateral. ....................................................................................................................... 63 Tabela 5 - Relação entre os diferentes ambientes e as produções-alvo e produções com processos fonológicos na aquisição dos grupos de onset complexo com a líquida não-lateral. ................................................................................................................ 65 Tabela 6 - Ocorrência dos processos fonológicos na aquisição do onset complexo nas diferentes faixas etárias analisadas. ......................................................................... 68 Tabela 7 - Ocorrência dos processos fonológicos na aquisição do onset complexo (OC) com a líquida lateral nas diferentes faixas etárias analisadas. ......................... 69 Tabela 8 - Ocorrência dos processos fonológicos na aquisição do onset complexo (OC) com a líquida não-lateral nas diferentes faixas etárias analisadas. .................. 70 Tabela 9 - Percentual de produções-alvo e produções com processos fonológicos do onset complexo nos sexos masculino e feminino...................................................... 76 Tabela 10 - Percentual de produções-alvo e produções com processos fonológicos do onset complexo nas diferentes faixas etárias nos dados de fala espontânea. .......... 77 Tabela 11 - Percentual de produções-alvo e produções com processos fonológicos do onset complexo relacionando as faixas etárias de 2;6-2;11 e 3;0-3;11 nos dados de fala espontânea. ........................................................................................................ 78 Tabela 12 - Percentual de produções-alvo e produções com processos fonológicos do onset complexo relacionando as faixas etárias de 3;0-3;11 e 4;0-4;11 nos dados de fala espontânea. ........................................................................................................ 78 Tabela 13 - Percentual de produções-alvo e produções com processos fonológicos do onset complexo relacionando as faixas etárias de 4;0-4;11 e 5;0-5;11 nos dados de fala espontânea. ........................................................................................................ 79.

(13) Tabela 14 - Ocorrência dos processos fonológicos na aquisição do onset complexo na faixa etária de 2;6 a 2;11. .......................................................................................... 80.

(14) LISTA DE ABREVIATURAS. C-. consoante. C1 -. consoante que ocupa a primeira posição da sílaba CCV. C1V -. sílaba CCV reduzida para CV composta de obstruinte + vogal. C2 -. consoante que ocupa a segunda posição da sílaba CCV. C2V -. sílaba CCV composta por líquida + vogal. CCV -. consoante / consoante / vogal. CV -. consoante / vogal. CVC -. consoante / vogal / consoante. CVCV - consoante / vogal / consoante / vogal FL -. Faculdade da Linguagem. GU -. Gramática Universal. MICT - Modelo Implicacional de Complexidade dos Traços OC -. onset complexo. PB -. português brasileiro. S-. sujeito. VC -. vogal / consoante. IPA - International Phonetic Alphabet (Alfabeto Fonético Internacional).

(15) LISTA DE SÍMBOLOS FONÉTICOS. [p] - oclusiva bilabial surda. [b] - oclusiva bilabial sonora. [t] - oclusiva alveolar surda. [d] - oclusiva alveolar sonora. [k] - oclusiva velar surda. [g] - oclusiva vela sonora. [f] - fricativa labiodental surda. [v] - fricativa labiodental sonora. [s] - fricativa alveolar surda. [z] - fricativa alveolar sonora. [S] - fricativa palatal surda. [Z] - fricativa palatal sonora. [h] - fricativa glotal surda. [m] - nasal bilabial sonora. [n] - nasal alveolar sonora. [ˉ] - nasal palatal sonora. [l] - lateral alveolar sonora. [¥] - lateral palatal sonora. [] - vibrante simples alveolar. [r] - vibrante múltipla alveolar. [x] - vibrante velar. [j] - semivogal palatal. [w] - semivogal bilabial. [i] - vogal anterior alta oral. [ĩ] - vogal anterior alta nasal. [u] - vogal posterior alta oral. [ũ] - vogal posterior alta nasal. [e] - vogal anterior média alta oral. [ẽ] - vogal anterior média alta nasal. [o] - vogal posterior média alta oral. [õ] - vogal posterior média alta nasal. [ɛ] - vogal anterior média baixa oral. [ç] - vogal posterior média baixa oral. [a] - vogal central baixa oral. [ã] - vogal central baixa nasal. [ ] - transcrição fonética. / / - transcrição fonológica. ʹ - sílaba acentuada (tônica).

(16) SUMÁRIO. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 16 1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 20. 1.1. Os fonemas ................................................................................................. 20. 1.1.1. Traços de consoantes .................................................................................. 25. 1.1.1.1 Nó de raiz ..................................................................................................... 25 1.1.1.2 Nó laríngeo ................................................................................................... 26 1.1.1.3 Nó de cavidade oral ...................................................................................... 26 1.1.1.4 Nó de ponto .................................................................................................. 26 1.1.2. Traços de vogais .......................................................................................... 27. 1.2. Teoria da sílaba........................................................................................... 30. 1.2.1. Princípio de sequência de sonoridade .......................................................... 32. 1.3. Teoria métrica ............................................................................................. 36. 1.4. Aquisição da linguagem ............................................................................ 39. 1.4.1. Aquisição fonológica ..................................................................................... 40. 1.4.1.1 Aquisição do Onset Complexo ..................................................................... 41 2. METODOLOGIA........................................................................................... 47. 2.1. Sujeitos da pesquisa .................................................................................. 47. 2.2. Coleta dos dados ........................................................................................ 49. 2.3. Instrumentos e procedimentos de descrição e análise .......................... 52. 2.4. Variáveis analisadas................................................................................... 52. 3. ANÁLISE. DOS. DADOS. –. AQUISIÇÃO. DO. ONSET. SOB. A. INTERPRETAÇÃO DAS TEORIAS FONOLÓGICAS .............................................. 55 3.1. Análise dos dados coletados com o Teste de Linguagem Infantil ABFW. – Parte A: Fonologia – Provas de Imitação e Nomeação (WERTZNER, 2004) ... 55 3.1.1. Ambientes favoráveis à produção-alvo do onset complexo .......................... 60. 3.1.2. Análise dos processos fonológicos observados na aquisição do onset. complexo ................................................................................................................... 67 3.2. Análise dos dados coletados por meio de fala espontânea ................... 76. 3.3. Subsídios fonológicos para a prática clínica fonoaudiológica .............. 80 CONCLUSÕES ............................................................................................ 82 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 85.

(17) ANEXOS ...................................................................................................... 91 Anexo A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ....................... 92 Anexo B - Protocolo de anamnese............................................................ 95 Anexo C - Parte A: Fonologia do Teste de Linguagem Infantil – ABFW – Protocolo de registro – Imitação............................................................................ 97 Anexo D - Parte A: Fonologia do Teste de Linguagem Infantil – ABFW – Protocolo de registro – Nomeação ........................................................................ 98 Anexo E - Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial ..................... 99.

(18) 16. INTRODUÇÃO. No presente estudo, será analisada a aquisição do onset complexo em crianças com desenvolvimento fonológico típico. A aquisição fonológica considerada típica é definida como aquela em que o domínio do sistema fonológico da língua-alvo é atingido espontaneamente, em uma sequência comum à maior parte das crianças e dentro de uma determinada faixa etária, que se estende, aproximadamente, dos 4;0 até, maximamente, os 6;0 (LAMPRECHT, 2004, p. 195). O onset complexo caracteriza-se por ser um constituinte silábico que apresenta duas consoantes na posição de início de sílaba, formando uma estrutura CCV – Consoante-Consoante-Vogal. Em português, os grupos de onset complexos são formados por uma obstruinte na primeira consoante, podendo ser /p, b, t, d, k, g, f, v/, seguida da consoante líquida, que pode ser /l, /. Porém existem restrições para essas combinações, pois a fonotática, ou seja, a distribuição dos segmentos nas estruturas silábicas, na língua portuguesa do Brasil (doravante PB) não permite que algumas associações de obstruinte + líquida ocorram. Além disso, algumas combinações são encontradas em número reduzido de palavras. Esse fato que resulta em uma diminuição ou mesmo falta de input1, dificulta a aquisição desses onsets. No capítulo 1, a noção onset complexo será tratada mais detalhadamente. Adotou-se neste trabalho a visão gerativista, segundo a qual o contato com uma língua natural dispara o dispositivo inato da Faculdade da Linguagem (FL) capaz de processar a aquisição da língua materna. A FL dá acesso à Gramática Universal (GU), que corresponde ao estado inicial pré-linguístico da criança. A GU se constitui, segundo a Teoria de Princípios e Parâmetros, em um conjunto de princípios que caracteriza as gramáticas possíveis, a partir das quais são fixados parâmetros que vão determinar as gramáticas particulares (CHOMSKY, 1981, p. 4-7). Segundo Lamprecht (2004), a construção do sistema fonológico se processa em etapas de forma similar para todas as crianças. Porém, dentro dessas etapas e das características gerais do desenvolvimento fonológico pode-se verificar a existência de variações individuais entre as crianças, tanto no que diz respeito à idade de aquisição, como em relação aos processos fonológicos utilizados.. 1. O input refere-se a toda fala percebida pela criança, seja dirigida a ela própria ou a terceiros (LAMPRECHT, 2004)..

(19) 17. Matzenauer (2004) afirma que, apesar dessas diferenças individuais, em uma mesma comunidade linguística, crianças muito diferentes e com experiências diversas chegam a possuir gramáticas comparáveis e até praticamente idênticas. A criança, durante o percurso de seu desenvolvimento fonológico, vai, gradativamente, desenvolvendo suas habilidades cognitivas e fonoarticulatórias e, a partir do input do falante adulto, realiza diferentes ajustes, organizando o seu sistema fonológico a fim de atingir as palavras-alvo. Porém, se a palavra-alvo não coincidir com formas mais simples que a criança já domina, como, por exemplo, a estrutura silábica CV (consoante + vogal), ela provavelmente tenderá a evitá-la ou simplificá-la, tentando ajustar as sequências de sons-alvo ao inventário que ela já possui. Essas tentativas, que podem afetar uma classe ou sequência de sons são chamadas de processos fonológicos e são observadas de forma sistemática na fala das crianças. Alguns processos fonológicos fornecem evidências que apontam para a representação subjacente do onset complexo existente na mente da criança, apesar dessa sequência silábica ainda não ser evidenciada em sua fala. Esse fato pode ser observado em um exemplo dos dados do presente estudo, no qual uma criança, ainda não tendo adquirido o onset complexo, ao tentar produzir a palavra cruz, ao invés de realizar uma simplificação da sílaba complexa para C1V, realiza o processo de epêntese [kuʹuis]. Para alguns pesquisadores (RAMOS-PEREIRA, HENRICH e RIBAS, 2010; MEZZOMO et al., 2012), esse processo já seria um indício de que a criança possui esse constituinte silábico em sua representação mental. Quanto à complexidade silábica, Lamprecht (2004) afirma que a estrutura CV caracteriza-se por ser predominante no português, sendo considerada não-marcada por estar presente em todas as línguas do mundo e por ser de emergência mais precoce no processo de aquisição de diferentes sistemas linguísticos, a partir do input fornecido. Por isso, observa-se a tendência da criança em simplificar o onset complexo para uma estrutura mais simples no processo de aquisição da estrutura silábica. Segundo Ribas (2002), a razão desse constituinte silábico ser adquirida mais tardiamente que os demais, pode residir na dificuldade articulatória que a sequência de consoantes sem vogal interveniente oferece. No entanto, independente de existir essa dificuldade, o onset complexo é adquirido por crianças com desenvolvimento fonológico típico. Aquelas que não conseguem adquirir espontaneamente essa.

(20) 18. estrutura silábica apresentam uma lacuna no seu sistema fonológico, caracterizando um desenvolvimento atípico. Assim, além do caráter articulatório, deve existir uma explicação baseada na fonologia que justifique essa aquisição tardia do onset complexo. Assim, ressalta-se a importância de se realizar estudos em aquisição fonológica, considerando-se as teorias fonológicas para a compreensão da natureza dos desenvolvimentos fonológicos típicos. Esta pesquisa tem como objetivo a descrição e análise da aquisição do onset complexo por crianças com desenvolvimento fonológico típico entre 2;6 e 5;11 de idade, estudantes de uma creche-escola municipal pública de Maceió-AL. Foi realizada análise estatística inferencial dos dados, observando-se a influência dos ambientes linguísticos na produção deste constituinte da estrutura silábica. Também foram analisados os processos fonológicos presentes na fala das crianças, buscandose explicar as motivações fonológicas. O interesse em estudar o onset complexo partiu da observação da aquisição da estrutura silábica CCV por crianças com desenvolvimento fonológico típico, em estudos na área de aquisição fonológica do PB (RIBAS, 2002; QUEIROGA et al., 2011; BAESSO et al., 2012; MEZZOMO et al., 2012), além das evidências de dificuldades de produção por crianças que apresentam aquisição atípica na prática clínica fonoaudiológica. A relevância desta pesquisa reside, portanto, na possibilidade de ampliar os conhecimentos linguísticos sobre os aspectos relacionados com a aquisição do onset complexo no desenvolvimento fonológico típico em crianças falantes do PB em Maceió, fornecendo, além disso, subsídios para o diagnóstico e a atuação clínica fonoaudiológica, como refere Ribas (2006). Além disso, estudos em aquisição fonológica das estruturas silábicas, em especial de sílabas com onset complexo, têm sido realizados a partir de dados do português falado na região sul/sudeste do país. Na região nordeste pesquisas que abordam o onset complexo ainda são restritas. Os dados de fala de crianças residentes em Maceió da atual pesquisa irão contribuir para a diversificação das discussões sobre a aquisição do onset complexo em diferentes dialetos do PB. No Capítulo 1 são apresentados os modelos teóricos que norteiam esse trabalho: a Geometria de Traços, a Teoria da Sílaba e a Teoria Métrica, além de ser apresentado um levantamento bibliográfico de estudos relacionados com a aquisição fonológica com enfoque no onset complexo e suas peculiaridades. O Capítulo 2.

(21) 19. apresenta a metodologia usada no presente estudo, descrevendo os sujeitos investigados, as variáveis, o método de coleta e a análise estatística. No Capítulo 3 são apresentados os resultados e uma discussão sobre esses achados, confrontando esses dados com outros estudos em aquisição fonológica com crianças com desenvolvimento típico no Brasil. Por fim, são apontadas as considerações finais..

(22) 20. 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para identificar e caracterizar um desenvolvimento fonológico típico em uma criança é preciso tanto verificar o inventário fonético que produz numa determinada idade, como analisar o tipo de simplificação que ela faz quando comparado ao sistema fonológico do adulto. Essa descrição comparativa dos padrões usados pela criança pode ser feita seguindo-se vários modelos linguísticos, tanto os modelos lineares (estruturais e gerativos clássicos) como não lineares (Fonologia Autossegmental, Fonologia Lexical, Fonologia Métrica). Neste capítulo serão apresentados os modelos teóricos que norteiam o presente estudo, descrevendo-se a natureza dos fonemas e os traços distintivos que os constituem e a organização dos fonemas para a formação e complexidade das sílabas, especificamente, na constituição do onset complexo na aquisição fonológica do PB, objeto de análise nesta pesquisa.. 1.1 Os fonemas Clements e Hume (1995) afirmam que tem sido amplamente aceito que as unidades básicas da representação fonológica não são os segmentos e sim os traços, os membros de um conjunto pequeno de categorias elementares que se combinam de diversas formas para formar os sons da linguagem humana. Embora traços sejam normalmente interpretados como entidades psicológicas, eles são definidos em termos de padrões específicos de realizações acústica e articulatória que fornecem a ligação crucial entre a representação cognitiva da fala e sua manifestação física (CLEMENTS e HUME, 1995, p. 245) O estudo dos traços oferece explicações para muitas generalizações no domínio da aquisição de linguagem, distúrbios da linguagem e mudança histórica, entre outras. A teoria de traços tem emergido como um dos maiores resultados da ciência linguística deste século e tem fornecido forte confirmação da visão de que as línguas não variam sem limite, mas refletem um padrão geral único, o qual é enraizado nas capacidades físicas e cognitivas da espécie humana (CLEMENTS e HUME, 1995, p. 245)..

(23) 21. Matzenauer (2009, p. 51) também ressalta a relevância da análise de traços distintivos, considerando esta basilar para desvendar-se a constituição de inventários de consoantes no processo de aquisição. As teorias lineares, que consideram os segmentos simplesmente como uma coluna de traços, trouxeram diversos argumentos ao seu favor. Clements e Hume (1995) citam o fato de serem conceitualmente simples, matematicamente tratáveis, e imporem poderosos contrastes de modo que os traços possam ser organizados em representações. Porém, apesar de suas vantagens, os modelos lineares têm duas importantes inadequações. Primeiro, nesses modelos, todos os traços que definem um fonema encontram-se em uma relação bijectiva, na qual cada valor de traço caracteriza apenas um fonema e cada fonema é caracterizado por apenas um valor de cada categoria. A segunda inadequação se deve à afirmação de que grupos de traços não têm uma estrutura interna. Ou seja, os traços não são agrupados em conjuntos maiores. Tais problemas levaram ao desenvolvimento de teorias alternativas, os modelos não-lineares. Dentre esses modelos, o de maior influência foi a teoria da fonologia autossegmental, desenvolvida na década de 70 e início dos anos 80. Ao contrário das teorias lineares, a Teoria Autossegmental pressupõe que os traços podem se estender aquém ou além de um segmento. A Teoria Autossegmental – com base na proposta inicial de Goldsmith (1976) referentemente ao tom – caracteriza-se por tratar os traços fonológicos como autossegmentos, ou seja, como unidades cujo domínio pode ser maior ou menor que um segmento. Além disso, a representação desses segmentos é feita em diferentes camadas ou tiers, dispostos em diferentes planos (CLEMENTS e HUME, 1995). Dentre os modelos teóricos recentes que podem ser aplicados na aquisição fonológica, destaca-se a contribuição da Geometria de Traços de Clements e Hume (1995). Essa teoria, que se baseia nos pressupostos da fonologia autossegmental, representou um acréscimo particular aos modelos fonológicos anteriores, ao defender a existência de uma hierarquia entre os traços que integram a estrutura interna dos segmentos. Ela tem como propriedades gerais: (a) valores de traços são arranjados em camadas separadas, onde podem obter relações não-bijectivas (não-lineares) uns com os outros; (b) traços são ao mesmo tempo organizados em arranjos hierárquicos, nos quais cada constituinte pode funcionar como uma unidade única em regras fonológicas..

(24) 22. Na Geometria de Traços, os segmentos são representados em uma configuração de nós hierarquicamente organizados, na qual os nós terminais são valores de traços e os nós intermediários representam os constituintes. Os nós terminais são situados em diferentes camadas, permitindo expressar a sobreposição de traços, como um padrão da fonologia autossegmental, numa estrutura arbórea, como pode ser observado abaixo:. Figura 1 - Hierarquia de nós e traços segundo Clements e Hume (1995).. Fonte: Clements e Hume (1995, p. 249). Nessa configuração hierárquica, todos os ramos da estrutura arbórea emanam do nó superior (A), que corresponde ao próprio segmento. O nível logo abaixo corresponde aos nós de classe (B, C, D, E), que incluem o nó laríngeo, nó de ponto, entre outros, os quais dominam agrupamento de traços (a, b, c, d, e, f, g) e que podem exercer funções isoladamente ou em classes naturais nas regras fonológicas. A abordagem da Geometria de Traços tem como um de seus princípios básicos:. “as regras. fonológicas. desempenham. apenas. operações únicas”. (CLEMENTS e HUME, 1995). Esse princípio prevê, por exemplo, observando-se o diagrama acima, que uma regra pode atingir os traços (d), (e), (f), (g), realizando uma única operação no constituinte (C). Entretanto, nenhum processo pode atingir os nós (c), (d), (e) em uma única operação, já que esses nós não formam um constituinte. Isso significa, então, que apenas os conjuntos de traços que formam constituintes, ou seja, que estejam ligados ao mesmo nó, poderão operar juntos em regras fonológicas..

(25) 23. Um segundo princípio prediz que: “a organização de traços é universalmente determinada”, ou seja, é invariável em todas as línguas. Clements e Hume (1995, p. 266-293) propuseram uma forma de distribuição de traços em nós de classe para expressar a organização de consoantes e vogais (Figuras 2 e 3), com as seguintes características: segmentação independente de partes dos sons, interdependência e sobreposição dinâmica das constrições no trato vocal, representadas pela organização interna dos traços distintivos.. Figura 2 - Representação geométrica das consoantes.. Fonte: Clementes e Hume (1995, p. 292).

(26) 24. Figura 3 - Representação geométrica das vocoides.. Fonte: Clementes e Hume (1995, p. 292). A partir da configuração da Geometria de Traços, pode ser explicada a naturalidade dos processos fonológicos, ou seja: ao mostrar que uma determinada regra fonológica pode ser usada em um dado conjunto de traços para a exclusão de outros, podemos assumir que os conjuntos de traços sob um mesmo nó de classe formam um constituinte na hierarquia de traços. Abaixo serão apresentados os nós constituintes dessa hierarquia e os traços pertencentes a esses nós..

(27) 25. 1.1.1 Traços de consoantes. Os traços de consoantes representam, por meio de uma estrutura hierárquica, os segmentos consonantais. Os nós constituintes dessa hierarquia são: o nó de raiz, nó laríngeo, nó de cavidade oral e nó de ponto. Esses nós e seus respectivos traços serão descritos detalhadamente abaixo.. 1.1.1.1 Nó de raiz. O nó de raiz, dominando todos os traços, expressa a coerência do segmento “melódico” como uma unidade fonológica (Clements e Hume, 1995, p. 268). É atribuído um status especial ao nó de raiz, pois ele domina todos os outros traços e é constituído pelos traços maiores [soante], [aproximante] e [vocoide]. A unidade desses traços deriva de seu papel de dividir os segmentos em classes, de acordo com o valor de sonoridade de cada classe: obstruintes, nasais, líquidas e vogais. A partir desses traços uma escala de sonoridade dessas classes de segmentos é proposta em função dos valores positivos de traços. No Quadro 1 a seguir estão classificados os graus de sonoridade das classes segmentais conforme os traços distintivos constituintes: Quadro 1 - Escala de sonoridade proposto por Clements e Hume (1995, p. 269).. Escala de. [soante]. [aproximante]. [vocóide]. Obstruinte. -. -. -. 0. Nasal. +. -. -. 1. Líquida. +. +. -. 2. Vocoide. +. +. +. 3. sonoridade. Fonte: Clements e Hume (1995). Essa classificação de sonoridade só é determinada pela ação conjunta dos três traços do nó de raiz, os quais nunca podem espraiar ou desligar-se isoladamente. Portanto, temos na Figura 4 a representação do nó de raiz:.

(28) 26. Figura 4 - Representação dos traços de raiz.. Fonte: Clements e Hume (1995). 1.1.1.2 Nó laríngeo. O nó laríngeo tem como característica o fato dos traços laringais funcionarem como uma unidade, não podendo espraiar-se ou desligar-se sozinhos. Os traços que estão sob o domínio do nó laríngeo são: [glote constrita], [glote não-constrita], [vozeamento] – traços equivalentes a [±aspirado], [±glotalizado] e [±vozeado].. 1.1.1.3 Nó de cavidade oral. O nó de cavidade oral encontra-se em uma posição intermediária entre o nó de ponto e o nó de raiz. Esse nó corresponde à noção articulatória de “constrição da cavidade oral”, caracterizando-se como uma unidade funcional na fonologia, ao determinar esse grau de constrição. Liga-se ao nó de cavidade oral, o nó ponto de C e o traço [±contínuo], o qual representa os segmentos que possuem ou não uma oclusão central no trato vocal. Esse traço é responsável pela distinção entre as obstruintes, caracterizando as plosivas com o traço [-contínuo] e as fricativas com o traço [+contínuo].. 1.1.1.4 Nó de ponto. Os traços do nó de ponto determinam o ponto no trato vocal onde ocorre a articulação dos segmentos. Esse nó funciona como uma unidade única, podendo, por exemplo, espraiar-se independente dos traços dos demais nós. O nó de ponto é formado pelos traços [labial], [coronal] e [dorsal]. O traço [coronal] engloba ainda os traços dependentes [±anterior] e [±distribuído]. Os traços pertencentes ao nó de ponto.

(29) 27. independem de traços que determinam o grau de abertura do trato vocal, como [contínuo], [vocoide] e [soante].. 1.1.2 Traços de vogais. Clements e Hume (1995) propõe uma representação unificada para as consoantes e vocoides, sendo classificadas pelo mesmo conjunto de traços. Os autores consideram dois parâmetros como característicos da constrição de qualquer segmento produzido no trato oral: o grau da constrição e o lugar da constrição. As vogais podem ser geometricamente representadas como podemos observar na Figura 5 abaixo: Figura 5 - Representação do nó vocálico, segundo Clements e Hume (1995).. Fonte: Clementes e Hume (1995, p. 277). Com base nos articuladores utilizados para a realização dos segmentos vocálicos, os traços de ponto das vogais estabelecem uma correspondência com os traços de ponto de consoantes: [labial], que envolve os lábios como articulador ativo, sendo representado pelas consoantes labiais e vogais arredondadas ou labializadas; [coronal], o qual envolve a frente da língua como articulador ativo, incluído as consoantes coronais e vogais frontais; e [dorsal], que envolve o corpo da língua como articulador ativo, representado pelas consoantes dorsais e vogais posteriores. Esses traços vocálicos funcionam como uma unidade, formando classes naturais..

(30) 28. Já o nó de abertura, que pode ser observado na Figura 5, considera o grau aproximado de constrição, dominando os traços referentes à altura da vogal. Diferentemente de outros modelos, como o de Chomsky e Halle (1968) que definiram esse traço das vogais binariamente ([±alto], [±baixo]), a Geometria de Traços usa apenas o traço [aberto]. Este, por sua vez, é caracterizado por um sistema de alturas, também hierarquicamente organizado em camadas. Na perspectiva da geometria de traços, Mota (1996) elaborou um modelo visando representar as relações existentes entre os traços marcados na aquisição de complexidade segmental das consoantes do PB, denominado Modelo Implicacional de Complexidade dos Traços (MICT). Essa proposta explica a variabilidade existente entre os sistemas fonológicos em desenvolvimento (MOTA, 2001; BARBERENA, KESKE-SOARES e MOTA, 2008). Payão (2004) observa que no MICT é possível observar a variabilidade e a complexidade gradual dos sistemas fonológicos em desenvolvimento das diversas crianças, atendendo às peculiaridades individuais nas etapas da aquisição fonológica. Embora essa variabilidade seja possível, ela se restringe aos limites impostos pelas relações implicacionais, de dependência e hierarquia, entre os traços distintivos. Clements (2005) apresentou uma gama de evidências de que os traços distintivos desempenham um papel central na estruturação de inventários fonológicos contrastivos. O autor defende cinco princípios que atendem a essas evidências: a) Limite de Traços b) Economia de Traços c) Evitação de Traços Marcados d) Robustez e) Reforço Fonológico Esses princípios interagem para predizer amplas propriedades dos sistemas de sons, tais como simetria e a tendência dos sons de se dispersarem no espaço auditivo. Os autores sugerem que essas propriedades gerais dos sistemas de sons devem encontrar uma explicação na natureza da aquisição da linguagem. Matzenauer (2009) analisou inventários fonológicos de crianças com desvio fonológico com base na proposta teórica apresentada por Clements (2005). A autora toma como basilar em sua análise o Princípio da Robustez, defendendo que esse princípio pode ser determinante no processo de aquisição da fonologia considerado.

(31) 29. atípico, pois prevê que alguns contrastes são altamente favorecidos em inventários fonológicos, outros são menos favorecidos e outros são desfavorecidos. Pelo Princípio da Robustez, Clements (2005) propõe uma hierarquia na qual as oposições estabelecidas pelos traços que ocupam posição mais alta na geometria de traços são mais favorecidas nos inventários fonológicos do que aquelas estabelecidas pelos traços em posição mais baixa na hierarquia, como dispostas no Quadro 2, sendo que os contrastes mais baixos na lista tendem a estar presentes em um inventário somente se os contrastes mais altos também estiverem. Quadro 2 - Escala de Robustez de traços de consoantes, proposta por Clements (2005).. a) [±soante] [labial] [coronal] [dorsal] b) [±contínuo] [±anterior] c) [±voz] [±nasal] d) [glotal] e) Outros Fonte: Clements e Hume (2005, p. 31). Juntamente com o Princípio da Robustez, opera o Princípio da Evitação da Marcação, já que os níveis mais altos da Escala apresentam também a propriedade de implicarem coocorrências de traços não-marcados, ou seja, com menor complexidade. Serão adotados, na análise dos dados do presente estudo, os modelos teóricos de Clements e Hume (1995) e Clements (2005), para explicar os aspectos segmentais dos constituintes do onset complexo..

(32) 30. 1.2 Teoria da sílaba A fonologia é a organização de um número limitado de sons em sequências fonotáticas possíveis, ou seja, é um conjunto de segmentos consonantais e vocálicos que podem se combinar em um número finito de possibilidades, originando as sílabas, que, por sua vez, reunidas, formarão palavras (RIBAS, 2009). Para Cristófaro Silva (2011), a sílaba é uma unidade que agrega segmentos consonantais e vocálicos, considerada unidade de análise importante na Fonologia Autossegmental, na Fonologia Métrica e na Fonologia Prosódica. Bisol (2014) afirma que a sílaba é a menor categoria prosódica, constituída por uma cabeça, que em português é sempre uma vogal – o elemento de maior sonoridade – e os seus dominados que a cercam, os segmentos consonantais e os glides. Blevins (1995) define a sílaba como a unidade fonológica que organiza melodia segmental em termos de sequências de sonoridade; os segmentos silábicos são equivalentes a picos de sonoridade dentro dessas unidades organizacionais. É possível separar duas correntes teóricas a respeito da sílaba, em função do entendimento que têm sobre a organização da sua estrutura e aplicação de regras. Há modelos que pressupõem uma estrutura plana como organização interna da sílaba, em que a relação dos elementos se dá de modo linear; e outros em que essa estrutura é, a partir de um modelo métrico, organizada hierarquicamente e a relação entre os elementos é distinta em função de unidades menores que a sílaba. (COLLISCHONN, 2014; RIBAS, 2009). A sílaba, nesta última visão, consiste em um onset (O) e uma rima (R), sendo que esta divide-se em núcleo (Nu) e coda (Co) (SELKIRK, 1982), como pode ser observado na Figura 6 a seguir. Esse será o modelo adotado neste estudo..

(33) 31. Figura 6 - Estrutura da sílaba hierarquizada (SELKIRK, 1982).. Fonte: Selkirk (1982). Selkirk (1982) afirma que os constituintes internos da sílaba são caracterizados como um complexo de traços distintivos. Dessa forma, determinados traços distintivos podem ocupar um dado nó da estrutura silábica e assim há possibilidade de que algumas regras fonológicas não operem em uma matriz de traços particular, mas em traços de constituintes de nós (RIBAS, 2002). Essa relação pode ser observada na Figura 7.. Figura 7 - Convenção de matrizes de traços dos constituintes para exemplo de uma sílaba [flawns] do inglês (Selkirk, 1982).. Fonte: Ribas (2006). Observa-se uma visão hierárquica da sílaba, de acordo com a qual a autora estabelece a ligação entre vogais e consoantes na organização esqueletal silábica. Há a inter-relação entre a estrutura autossegmental, disposta em camadas hierárquicas e a estrutura silábica interna, que também se encontra numa disposição hierárquica. A partir da inter-relação entre segmentos e estrutura silábica, que inclui.

(34) 32. aspectos fonotáticos e a aplicação de regras fonológicas, estabelecem-se as condições de boa formação no nível das representações de palavras (PAYÃO, 2010). Bisol (1999) explica que estrutura silábica e silabificação configuram duas instruções diferentes, sendo que a primeira respeita os Princípios de Composição da Sílaba Básica (PCSB), enquanto a silabificação atua a partir de princípios gerais, universais. Assim, a representação subjacente da estrutura silábica contém, além dos fonemas, um registro sobre o molde silábico e as condições específicas da língua, referentes ao onset e à coda. A partir daí atuarão os princípios universais ao nível da silabificação. Collischonn (2014) elenca os princípios que norteiam a formação da sílaba: (i) toda sílaba tem um núcleo; (ii) a sequência CV é silabada como tautossilábica; (iii) todo segmento realizado deve pertencer a uma sílaba; (iv) a sequência de segmentos no onset e na coda deve obedecer ao Princípio de Sequência de Sonoridade. Existem duas formas de distinguir as sílabas em uma palavra: a abordagem de regras e a abordagem de condições. A primeira considera que a silabação de uma sequência de segmentos é feita por meio de regras de criação de estrutura silábica: regras de formação do núcleo, regras de formação do ataque (ou onset), regras de formação da coda. Essas regras são ordenadas entre si na seguinte ordem: núcleo – ataque – coda. Já a segunda considera a silabação um processo automático que obedece a determinadas condições, não ordenadas. As condições podem ser paramétricas, ou seja, determinadas possibilidades nas quais cada língua faz sua escolha, como, por exemplo, o molde silábico de cada língua; e universais, as quais são as mesmas para todas as línguas. Uma das condições universais é a Sequência de Sonoridade (COLLISCHONN, 2014).. 1.2.1 Princípio de sequência de sonoridade Praticamente todas as teorias que trabalham com a sílaba concordam que elas seguem algum princípio de sonoridade regendo a organização interna dos seus constituintes..

(35) 33. A sonoridade é uma característica da produção dos segmentos, ou seja, a base do conceito vem da observação de como os sons são produzidos, em termos de abertura/constrição, o que se reflete no nível fonológico de organização dos segmentos. Elementos produzidos com grande sonoridade são aqueles em que a emissão sonora se dá com livre fluxo do ar, sem encontrar constrição no trato vocal. Por isso, as vogais são os elementos com maior grau de sonoridade e as obstruintes aqueles com menor grau (RIBAS, 2002). A escala de sonoridade tem um papel importante na estrutura silábica porque se pode correlacionar a sonoridade relativa de um segmento com a posição que ele ocupa no interior da sílaba. O elemento mais sonoro sempre ocupará o núcleo da sílaba, ao passo que os elementos menos sonoros ocuparão as margens (onset e coda). E quando há sequências de elementos dentro do ataque ou da coda, estas apresentam sonoridade crescente em direção ao núcleo. (COLLISCHONN, 2014). O Princípio de Sonoridade é regido em função do traço [±soante] e possui a seguinte condição: em qualquer sílaba, o elemento com o maior grau de sonoridade constitui o núcleo da sílaba, e este deve ser precedido/seguido por elementos de grau de sonoridade crescente/decrescente, ou seja, os elementos menos sonoros devem estar nas margens da sílaba. Portanto, os segmentos na fonologia seguem uma hierarquia de sonoridade onde uns são mais sonoros do que outros. Existem diferentes propostas na literatura a fim de representar essa hierarquia de valores mais e menos sonoros da escala de sonoridade. Além disso, essa não é uma ideia nova, sendo encontrados estudos desde o final do século XIX. Selkirk (1984) propõe uma sequência de sonoridade para as línguas, organizando os segmentos em uma escala hierárquica de sonoridade, a qual será adotada neste estudo, pois apresenta os diferentes graus de sonoridade das vogais. Em sua proposta, Selkirk apresenta um índice de sonoridade onde cada segmento possui um valor e aqueles com o mesmo valor formam uma classe natural. Essa sequência pode ser vista na figura abaixo:.

(36) 34. Figura 8 - Índice de sonoridade proposto por Selkirk (1984).. Fonte: Ribas (2002). A autora defende que as vogais altas são menos sonoras do que as outras vogais, e que os glides assemelham-se às vogais mais altas, mas não os considera na hierarquia. O segmento /s/ é colocado mais alto do que as outras obstruentes, ou seja, é mais sonoro do que essas, pois é acusticamente mais saliente (e também perceptualmente), além de ocupar posições na sílaba que outras obstruintes não ocupam (RIBAS, 2002). Em um estudo sobre sonoridade e silabificação, Clements (1990) levanta vários aspectos da sonoridade inerentes aos segmentos e propõe uma análise de estruturação das sílabas em função dessas características, sugerindo uma escala hierárquica de sonoridade que leva em conta os traços de raiz (Figura 9). Figura 9 - Escala de sonoridade proposta por Clements (1990). ‘O” é obstruinte, ‘N’ é nasal, ‘L’ é líquida, ‘G’ é glide e ‘V’ vogal.. Fonte: Clements (1990).

(37) 35. Segundo Clements (1990), a silabificação é regida pelo Princípio do Ciclo de Soância, o qual, por sua vez, é implementado por dois outros princípios: Silabificação Geral e dispersão de Sonoridade. Em um de seus trabalhos, Clements (1990) postula que as sílabas não são divididas em ataque, núcleo e coda, mas sim em duas partes parcialmente superpostas, as demissílabas, sendo que o pico silábico pertence a ambas (COLLISCHONN, 2014). Outra proposta para a sequência de sonoridade é a de Bonet e Mascaró (1996, apud RIBAS, 2002). Os autores tentam explorar a relação das possíveis realizações das líquidas não laterais e de outros segmentos nas línguas ibéricas, concentrando suas atenções no contraste entre as róticas flap e trill em posição intervocálica. Em onset, as posições nas quais essas róticas ocorrem são diferentes, porque o trill aparece em onset simples, enquanto o flap aparece na segunda posição do onset complexo. Portanto, o flap e o trill são colocados em diferentes posições na escala de sonoridade, como pode ser observado abaixo:. Figura 10 - Escala de sonoridade proposta por Bonet e Mascaró (1996). (0) Plosivas < (1) fricativas/trill < (2) nasais < (3) laterais < (4) flap/ glide < (5) vogais Fonte: Ribas (2002). A mesma escala é adotada em diversos estudos brasileiros em aquisição fonológica, como Miranda (1996), Hernandorena e Lamprecht (1997) e Ribas (2002). Observamos a partir do Princípio de Sequência de Sonoridade que existem regras de boas condições de formação das sílabas, e que as sequências que mais se adequam às condições desse Princípio são caracterizadas por serem menos marcadas e são aquelas que as crianças vão preferir durante o processo de aquisição da linguagem. Portanto, se justifica a aplicação desse princípio na análise dos dados do presente estudo..

(38) 36. 1.3 Teoria métrica A Fonologia Métrica é o modelo teórico que, utilizando a concepção hierárquica das estruturas linguísticas, permitiu uma nova representação da sílaba e uma análise adequada do acento. (MATZENAUER, 2014) Segundo Matzenauer (2014), as línguas podem apresentar três tipos básicos de acento: a) acento primário: o mais forte de uma palavra (cása); b) acento secundário: o acento relativamente menos forte que o acento primário de uma palavra (dócemente); c) acento principal: o acento mais forte de uma sequência de palavras (vamos cantár). No modelo gerativo de Chomsky e Halle (1968), o traço [±acento] refere-se a uma propriedade aplicada à vogal e não relacionada à sílaba. Nesse modelo teórico, o acento é um traço distintivo como os demais, sendo atribuído por uma regra, pois, na estrutura profunda, as vogais não são acentuadas (MATZENAUER, 2014; RIBAS, 2009). Diferentemente, a Fonologia Métrica de Liberman e Prince (1977) considera o acento uma propriedade da sílaba e não de um segmento. Neste novo modelo teórico, somente uma sílaba pode ser portadora do acento primário. O acento é uma proeminência que nasce da relação hierárquica entre os elementos prosódicos: sílaba (σ), pé (Σ) e palavra fonológica (w). Essa representação se faz como pode ser observado na Figura 11.. Figura 11 - Representação da relação entre os elementos prosódicos.. Fonte: Ribas (2002). ..

(39) 37. Portanto, a partir das novas concepções de Liberman e Price (1977), o acento passa a ser entendido como o resultado da estruturação hierárquica dos constituintes prosódicos, que tem como unidades básicas a sílaba, o pé e a palavra, sendo reflexo de uma descrição não-linear do acento (RIBAS, 2002). A sílaba se organiza em pés métricos e a posição do elemento dominante (sílaba forte) estabelece o algoritmo acentual de uma língua (RIBAS, 2002). Existem dois modelos a fim de representar o acento com base na relação entre os constituintes prosódicos: um diagrama de “árvore” e também uma “grade métrica”. A “árvore” é estabelecida a partir de sílabas que formam pés, sempre binários, rotulados em termos de forte (‘s’ – strong) e fraco (“w” – weak). Já na “grade métrica”, a hierarquia prosódica é calculada por uma Regra de Projeção de Proeminência Relativa, segundo a qual em qualquer constituinte cuja relação forte/fraco esteja definida, o elemento designado terminal do subconstituinte forte é metricamente mais forte do que o elemento terminal do subconstituinte fraco (MATZENAUER, 2014). A grade métrica de Liberman e Price (1977) organiza hierarquicamente, em colunas, as relações entre os elementos e, assim, expressa também a força relativa desses elementos: quanto mais extensa for a coluna, maior será sua força, assim permitindo a visualização do ritmo. Halle e Vergnaud (1987, p. 40) apresentaram uma proposta diferente de grade métrica, a qual é formada por asteriscos e enriquecida pela formação de constituintes, cujos limites são indicados por parênteses (Figura 12). Figura 12 - Representação da grade métrica de Halle e Vergnaud (1987).. ( • • • • *) linha 2 (* • * • *) linha 1 (*)(* *)(* *) linha 0 Fonte: Halle e Vergnaud (1987, p. 41). A grade métrica de Halle e Vergnaud (1987, p.40-41) pressupõe um espaço para cada sílaba. Na linha 0, são marcados os elementos acentuados, que são possíveis portadores de proeminência acentual, as vogais, sendo cada espaço marcado por meio de um asterisco, formando-se os constituintes. Na linha 1, apenas.

(40) 38. os elementos mais fortes recebem um asterisco, ou seja, uma cabeça de cada constituinte. Na linha 2, apenas a cabeça de toda a sequência recebe um asterisco. Hayes (1991) propôs um modelo de grade em que o peso silábico é incorporado aos próprios constituintes, os quais são chamados de pés. O autor afirma haver apenas três tipos de sistemas de acento: a) Sistemas de pé troqueu silábico: sistemas insensíveis ao peso silábico, com constituintes binários de cabeça à esquerda. b) Sistemas de pé troqueu mórico: sistemas sensíveis ao peso, com constituintes binários de cabeça à esquerda. c) Sistemas de pé iambo: sistemas com constituintes binários de cabeça à direita. Hayes (1995) toma desse conjunto de pés dois tipos basicamente: troqueu e iambo (Figura 13). Esses pés são responsáveis não somente por explicar as alternâncias dos elementos fortes e fracos, mas também por determinar a localização do acento primário.. Figura 13 - Tipos de pés métricos segundo Hayes (1995).. (*. •). (• *). σ. σ. σ σ. Pé troqueu. Pé iambo. Fonte: Hayes (1995). Partindo do pressuposto de que a maioria das palavras do português apresenta-se como troqueus, ou seja, estrutura as sílabas em pés métricos binários de núcleo à esquerda, Bisol (1992) argumenta que o acento é atribuído pela regra abaixo: Regra do Acento Primário Domínio: a palavra i.. Atribua um asterisco (*) à sílaba pesada final, isto é, sílaba de rima ramificada..

(41) 39. ii.. Nos demais casos, forme um constituinte binário (não-iterativamente) com proeminência à esquerda, do tipo (* .), junto à borda direita da palavra.. Para elaborar a regra do acento, Bisol (1992) utilizou as noções de peso silábico e de pé métrico. Quanto ao peso silábico, a regra é sensível à sílaba pesada final, sendo o acento atribuído às oxítonas terminadas em consoante ou ditongo. Quanto ao pé, a regra determina que o acento irá cair sobre a segunda sílaba a contar da borda direita da palavra, desde que a primeira não seja pesada, sendo o acento atribuído às paroxítonas (COLLISCHONN, 2014). As exceções à regra são resolvidas pelo recurso de extrametricidade, o qual permite que um elemento (sílaba, mora ou segmento) não seja visto pela regra de acento, resultando, assim, um recuo do acento uma sílaba à direita da sua posição esperada.. 1.4 Aquisição da linguagem A criança nos primeiros anos de vida, ao fazer uso de uma palavra-alvo adulta, possui meios limitados a sua disposição. Se a palavra-alvo coincide totalmente com uma das formas mais simples2, ela provavelmente será produzida de modo adequado, mas somente. algumas. palavras. adultas se enquadrarão nessa categoria. Se a. palavra-alvo não fizer parte do conjunto de formas que a criança já domina, ela pode ser simplificada ou evitada. Caso faça uma tentativa de produzi-la, a criança pode buscar do seu repertório e tentar nova sequência de sons, ou, além disso, adaptar esta palavra, modificando ou rearranjando alguns de seus sons, de maneira a ajustála a uma forma canônica disponível (MENN; STOEL-GAMMON, 1997, p. 284). O estágio inicial da aquisição da linguagem corresponde ao que é dado na Gramática Universal. A Gramática Universal (GU), segundo a Teoria dos Princípios e Parâmetros (CHOMSKY, 1981) “é a essência comum existente em todos os sistemas, a partir da qual cada língua estrutura a sua gramática particular, ou seja, cada língua estabelece parâmetros a partir de princípios universais” (MATZENAUER, 2004, p. 35). A partir daí, a criança progride em direção a um aumento de complexidade em seu. 2. Formas de estrutura silábica mais simples como, por exemplo, CV = consoante-vogal..

(42) 40. sistema fonológico por meio da admissão das estruturas/traços marcados, guiada pelas evidências recebidas do input. (MOTA, 2001).. 1.4.1 Aquisição Fonológica Durante a aquisição fonológica, verifica-se a existência de variações individuais entre as crianças, constatando-se, inclusive, que a possibilidade e a abrangência dessas variações são bastante amplas. Essa variação dá-se tanto em termos de idade de aquisição como também quanto aos caminhos percorridos – as estratégias de reparo utilizadas – para atingir a produção adequada (MENN e STOELGAMMON, 1997; LAMPRECHT, 2004; BARBERENA; KESKE-SOARES e MOTA, 2008). Os processos fonológicos, também chamados de estratégias de reparo, consistem em mudanças sistemáticas que afetam uma classe ou sequência de sons e se constituem em descrições de padrões que ocorrem regularmente na fala da criança com o objetivo de simplificar os alvos do adulto. (LOWE, 1996). A noção de processo fonológico foi introduzida nos estudos de fonologia da criança por Ingram (1976) e continua a ser bastante usada por tratar-se de um modelo útil para descrever as simplificações sistemáticas do. sistema fonológico do adulto. feitas pelas crianças (STOEL-GAMMON; DUNN, 1985). Esses processos podem ser divididos em três categorias (GONÇALVES, 2002; SCHEUER; BEFI-LOPES e WERTZNER, 2003): . Processos de estrutura silábica que alteram a estrutura silábica da palavra;. . Processos de substituição, em que há a mudança de um som por outro de outra classe, às vezes atingindo toda uma classe de sons;. . Processos de assimilação, em que os sons mudam, tornando-se similares a um som que vem antes ou depois.. Lamprecht (1986) adotou em seu estudo a classificação dos processos fonológicos em duas categorias: processos de estrutura silábica e os de substituição. Os processos de estrutura silábica incluem todos aqueles que causam apagamento de segmento ou de sílaba, bem como a vocalização de líquidas, porque esse processo, ao colocar uma vogal no lugar de uma consoante, altera a estrutura da sílaba. Já os processos de substituição incluem os que causam substituição de fones, inclusive por assimilação..

Referências

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