• Nenhum resultado encontrado

2º Ano - CEPA - Aula 11 - União Estável

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "2º Ano - CEPA - Aula 11 - União Estável"

Copied!
19
0
0

Texto

(1)
(2)

Marta

Rebouças,

solteira,

domiciliada

no

Município

e

Comarca de São Paulo, onde reside na Rua Y, n° 100,

subdistrito do Jabaquara, conviveu, desde o início de 2003 e

até meados deste ano, com Atílio Granadeiro, viúvo,

domiciliado no Município e Comarca de Santo André, onde

reside na Rua X, n° 1, quando, sem qualquer motivo, vieram a

se separar. Marta e Atílio jamais assinaram qualquer pacto

escrito a respeito de aspectos patrimoniais. Dessa união não

houve prole, tendo sido adquiridos uma casa de alto padrão,

onde Atílio reside, e dois automóveis populares, bens esses

que estão em nome Atílio, que, todavia, se recusa a

reconhecer os direitos de Marta e, por via de conseqüência, a

fazer qualquer partilha amigável acerca do patrimônio

existente.

Questão:

Na qualidade de advogado de Marta prepare a petição

inicial cabível na espécie.

(3)
(4)

Evolução Histórica

O art. 226, § 3º da CF foi um grande avanço legislativo, porque até então, as uniões de fato entre homem e mulher não passavam

de uma sociedade patrimonial, não eram consideradas como

organismos familiares, não eram protegidas pelo direito de família. CF, art. 226, § 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

Lei 8.471/94: (o prazo para o reconhecimento era de 5 anos, revogado pelo CC de 2002, que não menciona prazo)

Lei 9.278/96: (disciplinou o regime de comunhão parcial, mantido pelo CC, mas não mencionou prazo)

Essas leis não foram revogadas expressamente, mas em muito são incompatíveis com o Código Civil que, nesse caso, revoga tacitamente os dispositivos contrários.

(5)

Legislação

Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e

estabelecida com o objetivo de constituição de família.

§ 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.

Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres

de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.

Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.

Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.

Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato.

Porém, o art. 1.641 que estabelece o regime da separação de bens

obrigatório no casamento das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; da pessoa maior de 70 anos, (redação dada pela Lei 12.344 de dezembro de 2010. Antes dessa data a redação era a seguinte: do maior de sessenta e da maior de cinquenta anos) e de todos os que

(6)

Requisitos

A União Estável é uma situação de fato que, se reconhecida acarreta efeitos jurídicos. Ela é um acontecimento que precisa preencher alguns requisitos para ser reconhecida juridicamente. São requisitos da união estável:

a) Estabilidade: união é estável, contínua e pública, o que difere do namoro;

b) Notoriedade: reconhecida por todos;

c) Inexistência de impedimento matrimonial: irmãos, ascendentes e descendentes em linha reta..., todos exceto na hipótese de separação, onde o legislador permite que o separado de fato ou de direito constitua a união estável (art. 1723, § 1º do CC); d) Objetivo de constituir família

Obs. a União Estável que preenche todos os requisitos é chamada de pura. Trata-se da verdadeira união estável que é reconhecida como unidade familiar. Sendo certo que, ser for constituída com algum dos impedimentos ou com pessoa casada, não separada. Será impura que será o mesmo que concubinato (art. 1727 do CC).

(7)

Julgados

Relações duradouras, públicas e contínuas sem o objetivo de constituição familiar não podem ser encaradas como união estável e não geram qualquer efeito jurídico, como o que ocorre no namoro.

“AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. REQUISITOS. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. Para a caracterização da união estável é imprescindível a existência de convivência pública, contínua, duradoura e estabelecida com objetivo de constituir família. O relacionamento que ostenta apenas contornos de um namoro, ainda que duradouro, sem atender aos requisitos do art. 1.725 do CC, não caracteriza união estável. Apelação Cível desprovida, de plano.”

(Apelação Cível Nº 70040515124, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em.30/06/2011).

(8)

Efeitos

Efeitos

a) Deveres recíprocos (art. 1724 do CC): deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos;

b) Vínculo de afinidade: reconhecida união estável, o companheiro cria vínculo de afinidade com os parentes do outro companheiro;

c) Uso do nome – é preciso pedir autorização judicial;

d) Regime da comunhão parcial de bens, salvo contrato escrito em cartório (art. 1725 do CC).

e) Direito a alimentos: a situação é complicada, pois diferente do casamento onde o divórcio coloca fim ao vínculo jurídico e com isso cessa o dever de mútua assistência, aqui não existe prazo estabelecido, nem o vínculo (estudaremos adiante);

f) Direitos sucessórios: os companheiros não são herdeiros necessários, participam da sucessão conforme o art. 1790. O casal poderá fazer um contrato estabelecendo quanto aos bens adquiridos na constância da união.

(9)

Competência

Competência da Vara de Família

de qualquer forma a união estável, também no

aspecto processual, equipara-se ao casamento,

vez que, além da matéria passar para a

competência do juízo especializado de família,

ainda ficou assegurado o segredo de justiça

quando da tramitação destes processos.

Lei 9.278/96 - art. 9º - Toda matéria relativa à

união estável é de competência do Juízo da

Vara de Família, assegurado o segredo de

justiça.

(10)

Exemplo

Em janeiro de 2005 Joana Goes, brasileira, solteira,

bancária, conheceu Pedro Coelho, brasileiro, separado

judicialmente, advogado. Após 4 meses de namoro, Pedro

Coelho passou a pernoitar na casa de Joana Goes todas as

quartas, sábados e domingos, mantendo publicamente

convivência com a mesma.

Em junho de 2006, Pedro Coelho comprou um imóvel, em

seu nome exclusivamente, pelo valor de R$ 80.000,00

(oitenta mil reais), contando para tanto com a poupança de

Joana Goes no importe de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Ocorre, porém, que no dia 10 de janeiro de 2010, Pedro

Coelho saiu de casa, alegando que iria se casar com Maria

Silvia, informando que no prazo de 30 dias devolverá a

importância de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), acrescida de

juros e correção monetária.

QUESTÃO: Como advogado de Joana Goes, promova a

medida necessária a garantir o seu direito.

(11)

Solução

Deverá ser proposta, perante o juízo da Vara da Família, ação de reconhecimento e dissolução de união estável, na qual, com fulcro no art. 1.723, 1.725 e 1.726 do Novo Código Civil, pleitear-se-á a partilha em igual parte entre demandante e demandado, do imóvel mencionado no problema, por eles adquirido e registrado apenas no nome de Pedro Coelho .

A união estável caracterizou-se pelo fato de que o casal manteve, por mais de quatro anos, relação pública de convivência, residindo no mesmo imóvel e ostentando o mesmo e único orçamento familiar, estando presentes respeito e consideração mútuos e também assistência moral e material recíproca.

A inexistência de filhos, bem como o fato de o demandado dormir no imóvel em apenas três dias por semana não tem o condão de afastar a ocorrência da união estável.

Também não há que se falar em suposto empréstimo, mas sim em aquisição de patrimônio na constância da convivência, o que concede fundamento jurídico ao pedido formulado pela autora, concernente à partilha do imóvel em partes iguais.

(12)

Modelo – Ação de União Estável

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DA FAMILIA E DAS SUCESSOES DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA CAPITAL.

(10 linhas)

Joana Goes, brasileira, solteira, bancária, portadora da Cédula de Identidade RG (número) e inscrita no Cadastro das Pessoas Físicas sob o número (número), residente e domiciliada nesta Capital, à Rua (nome da rua e n.º do domicílio), (e-mail), vem, por seu advogado, com escritório nesta cidade, na Rua (endereço), local onde receberá intimações, (e-mail), à presença de V. Exª, propor

AÇÃO DE RECONHECIMENTO e DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL, em face de Pedro Coelho, brasileiro, separado

judicialmente, advogado, portador da Cédula de Identidade RG (número) e inscrito no Cadastro das Pessoas Físicas sob o número (número), residente e domiciliado nesta Capital, na Rua (endereço), (e-mail), tendo em conta os motivos de fato e de direito que seguem:

(13)

Modelo – Ação de União Estável

DOS FATOS

A autora conheceu o réu em janeiro do ano de 2005, sendo que após quatro meses de namoro, ambos passaram a ter uma relação pública de convivência, servindo de lar para o casal o imóvel habitado anteriormente por Joana.

A convivência não gerou filhos, mas compartilhavam o mesmo teto, o mesmo e único orçamento familiar. Havia respeito e consideração mútua, assistência moral e material recíproca, embora Pedro pernoitasse em companhia de Joana somente às quartas-feiras, sábados e domingos.

Após os quatro meses de namoro, Pedro passou a colaborar financeiramente com as despesas anteriormente suportadas por Joana, quais sejam: aluguel, condomínio, conta telefônica, alimentação, empregada.

(14)

Modelo – Ação de União Estável

DOS FATOS

Joana, por sua vez, passou a cuidar de um lar, das roupas de seu companheiro, alterou o cardápio das refeições, assumiu o controle da agenda social e do orçamento doméstico, tanto que iniciou uma poupança, visando obter uma reserva financeira para fazer frente a qualquer eventualidade, poupança esta que somou a quantia de R$ 20.000,00 (...). Em junho de 2006, o casal resolveu adquirir um imóvel no valor de R$ 80.000,00 (...), para tanto contaram com a poupança aberta por Joana. O imóvel constitui-se no único bem significativo, adquirido durante a união, estando registrado exclusivamente em nome de Pedro Coelho, conforme matrícula nº, junto ao Registro de Imóveis da Capital, certidão em anexo (doc. 1).

Ocorre porem, que no dia 10 de janeiro de 2010, Pedro Coelho saiu de casa, alegando que iria se casar com Maria Silvia, informando que no prazo de 30 dias devolveria a importância de R$ 20.000,00 (...), acrescida de juros e correção monetária.

A união estável mantida pelo casal há mais de quatro anos foi dissolvida, inesperadamente para Joana, articulada maliciosamente por Pedro.

(15)

Modelo – Ação de União Estável

DOS FATOS

Joana não necessita de assistência financeira, pois conta com seu trabalho para manter-se, porém não pode experimentar prejuízo patrimonial aceitando passivamente a partilha de bens comuns proposta pelo réu.

DO DIREITO

Não há dúvida que entre autora e réu estabeleceu-se uma relação de convivência por mais de quatro anos, uma união estável nos termos do art. 1.723 do Novo Código Civil, “in verbis”

"Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua, duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”.

Ademais, conforme prevê o art. 1.725 do mesmo diploma legal, não há como afastar da autora o direito à meação do imóvel adquirido na constância da relação.

(16)

Modelo – Ação de União Estável

DO DIREITO

Nesse sentido, conforme ensina a Professora Titular da PUC/SP Maria Helena Diniz, em comentários ao diploma civil ora citado:

“Regime legal da comunhão parcial de bens. Ter-se-á o regime legal da comunhão parcial de bens entre os companheiros, que não fizeram qualquer contrato escrito a esse respeito. Por esse regime haverá comunicabilidade dos bens adquiridos onerosamente durante a convivência, excluídas as doações, heranças e legados” (Código Civil Anotado. São Paulo: Editora Saraiva, 8ª Edição, 2002, p. 1121)

Assim, não a presente ação, merecerá total procedência, eis que presentes todos os requisitos para a configuração da união estável, passando a autora a expor seu pedido e demais requerimentos.

(17)

Modelo – Ação de União Estável

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer a autora a procedência da ação, declarando-se a existência da união estável, bem como seja decretada sua dissolução, condenando o réu:

a) na obrigação de fazer partilha, em igual parte com a autora, do imóvel sito à (endereço), mediante lavratura de escritura pública, que será averbada junto á matrícula nº. do Registro de Imóveis, arcando com todas as despesas para tal fim;

b) ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.

DOS REQUERIMENTOS

Outrossim, requer a autora:

a) citação do réu, por Oficial de Justiça, para que compareça à audiência de mediação e conciliação, observado o disposto no art. 694 do CPC e, depois, conheça dos termos da presente ação, e apresente defesa no prazo legal, se necessário;

(18)

Modelo – Ação de União Estável

DOS REQUERIMENTOS

Outrossim, requer a autora: a)...

b)deferimento de todos os meios de prova admitidos em direito, inclusive o depoimento pessoal do réu e oitiva de testemunhas e juntada de documentos supervenientes.

c) sejam concedidos ao Oficial de Justiça incumbido das diligências, os benefícios previstos no art. 212, §2º, do CPC.

Dá-se à causa do valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), para os devidos efeitos legais.

Nestes termos,

Aguarda-se deferimento. (Local e data)

(19)

FIM DA

Referências

Documentos relacionados

A avaliação deriva de substâncias/produtos com estrutura ou composição semelhante Toxicidade à reprodução De acordo com a informação disponível não há indicação de

1-A escritura pública declaratória de União Estável na medida em que produz efeitos na ordem jurídica quanto ao reconhecimento e declaração da união

O estudo da dinâmica de tebuthiuron em palha de cana-de-açúcar foi constituído dos seguintes experimentos: transposição no momento da aplicação, deposição e lixiviação

APÓS A CONFIRMAÇÃO DE TODOS OS DOCUMENTOS VOCÊ PODERÁ FAZER O SEU DEPÓSITO EM REAIS PARA COMPRAR O BITCOIN.... COMO FAZER UM

Térreo - Sala de estar, cozinha, área de serviço, banheiro, 2 quartos e garden descoberto. Área

Na área da micro-bacia do riacho Carrapateiras, as classes representadas como Caatinga moderadamente conservada/extrativismo (Cmce), Caatinga

Assim como não há formalidades para que se estabeleça uma união estável, da mesma forma não há qualquer requisito para a sua dissolução, desde que os

Conforme o que se é sabido, não é impedido pelo ordenamento jurídico que sejam realizados pelos casais, antes do casamento civil, os chamados contratos pré- nupciais.