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História das mulheres: por uma discussão histórica da militância política de Maria de Fátima Cavalcante Bezerra no sertão de Água Branca - AL

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL CAMPUS DO SERTÃO LICENCIATURA EM HISTÓRIA. DÁRIDA DOS SANTOS TEIXEIRA. HISTÓRIA DAS MULHERES: POR UMA DISCUSSÃO HISTÓRICA DA MILITÂNCIA POLÍTICA DE MARIA DE FÁTIMA CAVALCANTE BEZERRA NO SERTÃO DE ÁGUA BRANCA-AL. DELMIRO GOUVEIA, AL 2017.

(2) DÁRIDA DOS SANTOS TEIXEIRA. HISTÓRIA DAS MULHERES: POR UMA DISCUSSÃO HISTÓRICA DA MILITÂNCIA POLÍTICA DE MARIA DE FÁTIMA CAVALCANTE BEZERRA NO SERTÃO DE ÁGUA BRANCA-AL. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do curso de Licenciatura em História, da Universidade Federal de Alagoas, Campus do Sertão, como requisito final para obtenção do título de Licenciada em História. Orientadora: Profa. Dr. Ana Cristina Conceição Santos. DELMIRO GOUVEIA, AL 2017.

(3) T266h Teixeira, Dárida dos Santos História das mulheres: por uma discussão histórica da militância política de Maria de Fátima Cavalcante Bezerra no sertão de Água Branca - AL / Dárida dos Santos Teixeira. - 2017. 62f.:il. Monografia (História) – Universidade Federal de Alagoas, Delmiro Gouveia, 2017. Orientação: Profª. Drª. Ana Cristina Conceição Santos. 1. História das Mulheres. 2.Militância Política. I. Água Branca. CDU 869 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do Campus Sertão/ UFAL – Delmiro Gouveia.

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(5) Ao meu avô José Maria (in memoriam), pelo amor e cuidado até os últimos dias. Sei que está orgulhoso de mim, Vô, amo o senhor!.

(6) AGRADECIMENTOS. A Deus, o fundamento da minha vida, força e amor. A minha mãe, por ter me concedido o milagre da vida, por cuidar de mim, obrigada meu anjo do céu por me dar forças, mesmo estando em outro além, saiba que sua presença e amor habitam em mim... Saudades eternas. Ao meu pai e minha madrasta pelos cuidados, atenção, conselhos e principalmente amor. Pai, exemplo de paciência, honestidade e verdadeiro amigo. Às minhas irmãs, Sabrina, Daniela, Sâmara e Maria, razão do meu viver, meu sustentáculo de todos os dias. Vivo por vocês, minha gratidão do tamanho do céu. À minha Vó Lia, pelo incentivo, criação, educação. Por ter segurado a barra depois que meu avô se foi, por continuar cuidando de mim e das minhas irmãs. Aos meus tios e tias paternos, pelo cuidado e amor desde sempre. Ao meu marido, companheiro e amigo, sua compreensão, seu amor, seus cuidados, os alertas para concluir esse trabalho foram minha inspiração. Obrigada meu amor, além desse trabalho dedico todo meu amor a você. Aos meus professores da graduação, em especial a duas professoras: Vanuza Sousa, que me encantou com suas aulas que soavam poesia, eram maravilhosas, jamais vou esquecer. E a minha professora do segundo período, Ana Cristina e hoje minha orientadora desse trabalho, muito obrigada por ter me acolhido, ter partilhado comigo suas ideias, conhecimentos e experiência, me motivando sempre. Quero expressar o meu reconhecimento e admiração pela sua competência profissional, pela forma humana que conduziu minha orientação. Obrigada pelas conversas e risadas compartilhadas. À minha preta Neinha Lima, enfrentamos juntas nossos medos e anseios. Durante o curso criticamos, choramos, discutimos, dividimos alegrias e experiências. Seu cuidado para mim no momento de enfermidade jamais terei como pagar, apenas dedico a reciprocidade dos cuidados e amor.. Como poderíamos ser pessoas melhores, se não houvesse alguém a nos. apoiar no momento certo? Como poderíamos chegar ao fim dos desafios, se não estivéssemos uma ao lado da outra? Obrigada por tudo! Às melhores amizades que a universidade pode oferecer eu ganhei: Mayra, Mércia, Mayara, Carlinhos, Aline, Ceci... Ninguém cruza nosso caminho por acaso. Tampouco entramos na vida de alguém sem nenhuma razão. Conquistamos novas amizades, adquirimos mais conhecimento e muitos são os motivos de eu estar feliz neste momento, mas o mais.

(7) importante deles é por ter pessoas tão especiais ao meu lado. Pessoas que me deram força nos momentos difíceis, que me ajudaram a concluir mais esta etapa da minha vida. Às minhas mais belas amizades, exemplo de amor, confiança, cumplicidade e reciprocidade, Reni, minha Reni amiga de todos os momentos, obrigada inclusive por doar seu computador durante dois anos para que esse trabalho fosse realizado. Sil, Manoel, Valdinei, Dedê. Pessoas especiais, a vocês, que seguraram a minha mão quando achei que ia cair, que enxugaram minhas lágrimas quando o choro fez-se inevitável. Minha gratidão parece pequena para agradecer tudo o que fizeram por mim. À Fal pela disponibilidade que teve para as realizações das entrevistas e conversas. Uma trajetória valente arquivada em sua memória que nos trouxe a tona para que fosse possível a produção desse trabalho. O vínculo e a intimidade respeitosa que o trabalho possibilitou são imensuráveis. Muito obrigada! A todos aqueles que, por esquecimento ou falta de merecimento, não foram citados, mas são peças fundamentais para a construção do meu caminho. Tem gente que Deus coloca na nossa vida só pra nos dar paz. Gente que pensa e repensa jeitos de nos fazer bem, que se preocupa e demonstra. Gente que é abraço, mesmo de longe. Que empresta o coração pra gente morar, que planta pensamentos bonitos. Gente que merece o que de mais bonito a vida tem a oferecer. A todos vocês: AMOR, ORAÇÃO e GRATIDÃO ETERNA..

(8) A esperança tem duas filhas lindas: a indignação e a coragem. A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; A coragem, a mudá-las. Santo Agostinho.

(9) RESUMO. Este trabalho tem como objetivo discutir a trajetória de Maria de Fátima Cavalcante Bezerra no município de Água Branca –AL, dialogando com um campo da historigrafia que possibilita novas formas de construir novas histórias - a biografia. Não se trata de uma biografia que dá conta da totalidade da vida dos sujeitos, mas das contradições, das descontinuidades, por isso este trabalho se inspira principalmente nos escritos de Pierre Bourdieu e Geovani Lévi que tratam em seus escritos da necessidade de fazer outras novas histórias sobre a vida biografada. Compreendendo a participação da mulher no contexto político, social e cultural em especial no município de Água Branca, alto sertão alagoano, propomos evidenciar a luta de Maria de Fátima Cavalcante Bezerra pela participação maior da sociedade, na medida em que a mesma alcançou um destaque relevante, no qual atravessou olhares machistas, lutando sobre aspectos políticos, sociais e culturais. Assim, compreendendo sua luta dentro do contexto histórico a qual vivia, mediante sua militância pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Deste modo, trazendo para o município uma significativa contribuição no que se diz respeito à luta pela participação feminina na política, no interesse por questões sociais. Analisando a partir de referenciais teóricos que discutem a significativa importância das mulheres na construção da sociedade e nas suas variadas conquistas. O trabalho evidenciou que o machismo e a discriminação com as mulheres no espaço público na sociedade ainda são bastante pertinentes, mesmo diante dos vários modelos de padrões tradicionais que a mulher rompeu na sociedade, ainda em meio a nossa resistência é possível nos depararmos com o desrespeito social à mulher. Palavras-chave: Biografia. Militância. História das Mulheres. Feminismo..

(10) ABSTRACT. This work aims to discuss the trajectory of Maria de Fatima Cavalcante Bezerra in the White Water municipality -AL, dialoguing with a new field of history; the biography, this is not a biography that gives account of the entire life of the subjects, but contradictions, discontinuities, so this work is based mainly on the writings of Pierre Bourdieu and Geovani Levi dealing in his writings of the need to other new stories about biographee life. Understanding women's participation in political, social and cultural context especially in this city, we propose to highlight the struggle of Maria de Fatima Cavalcante Bezerra for greater participation of society, to the extent that it reached in a major highlight, which crossed macho looks , fighting over political, social and cultural aspects. Thus, understanding their struggle within the historical context in which he lived through his activism for workers' party (PT). Thus, bringing to the city a significant contribution in what concerns the struggle for women's participation in politics, interest in social issues. Analyzing from theoretical references that discuss the significant importance of women in building society and its various achievements. The work showed that machismo and discrimination on women in public space in society is still quite stable, even in the face of the various models of traditional patterns that the woman broke in society, even in the midst of our resistance is possible to come across disrespect social woman.. Keywords: Biography, Militancy, PT, History of Women, Feminism..

(11) LISTA DE ILUSTRAÇÕES. FIGURA 1 Comício. no. centro. de. Água. Branca. para. a. candidatura. à. vereadora..................................................................................................... 30. FIGURA 2. Convenção para Prefeita em 1999............................................................... 34. FIGURA 3. Congresso Nacional dos Trabalhadores...................................................... 37.

(12) LISTA DE TABELAS. Tabela 1. Disputas. de. cargos. políticos. por. homens. e. mulheres. nos. municípios.................................................................................................. Tabela 2. Resultado. das. eleições. dos. anos. de. 2010. 26. a. 2012............................................................................................................ 27. Tabela 3. Propostas de governo.................................................................................. 34.

(13) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS. ASA Articulação no Semiárido. CIME Conselho Nacional Indigenista Missionária. PPS Partido Popular Socialista. PSOL Partido Socialista e Liberdade. PSB Partido Socialista Brasileiro. PT. Partido dos Trabalhadores. SINFUMAB Sindicato dos Funcionários Municipais De Água Branca.

(14) SUMÁRIO. 1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................14. 2. DO AGRESTE PARA O SERTÃO ALAGOANO: INFÂNCIA E JUVENTUDE DE MARIA DE FÁTIMA CAVALCANTE BEZERRA..................................................................................................................17 2.1.A INFÂNCIA NO AGRESTE ALAGOANO.............................................................18 2.2.RIO DE JANEIRO: SONHO X REALIDADE...........................................................18 2.3.DE VOLTA PARA ALAGOAS: NO SERTÃO DAS POSSIBILIDADES...............19. 3. VIDA PÚBLICA E A PARTICIPAÇÃO NOS MOVIMENTOS SOCIAIS.....................................................................................................................21 3.1.ROMPENDO COM OS PADRÕES SOCIAIS: MARIA DE FÁTIMA CAVALCANTE BEZERRA CONSTRÓI SUA MILITÂNCIA................................23 3.2.MARIA DE FÁTIMA CAVALCANTE BEZERRA: O PROCESSO NA POLÍTICA EM ÁGUA BRANCA-AL..........................................................................................27 3.2.1. A CAMPANHA PARA VEREADORA EM 1995..............................................29 3.2.2. A PRIMEIRA VEREADORA MULHER NO MUNICÍPIO DE ÁGUA BRANCA-AL.......................................................................................................30 3.3.AS RELAÇÕES DE GÊNERO NO CONTEXTO POLÍTICO DE ÁGUA BRANCA – AL...............................................................................................................................38. 4. LUGAR DE MULHER É ONDE ELA QUISER: MOVIMENTO FEMINISTA E A INFLUÊNCIA NA TRAJETÓRIA DE MARIA DE FÁTIMA CAVALCANTE........................................................................................................43 4.1. MARIA DE FÁTIMA CAVALCANTE BEZERRA: SUA ATUAÇÃO HOJE..........................................................................................................................53. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................56 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................57 ANEXOS..............................................................................................................................59.

(15) 15. 1. INTRODUÇÃO. O presente trabalho apresenta uma discussão histórica e política sobre a militância de Maria de Fátima Cavalcante Bezerra, mais conhecida por Fal1- nesse sentido irei me referir a esta pelo apelido, porque é assim que todos a conhecem e ela gosta de ser chamada- que vive atualmente no município de Água Branca, alto sertão alagoano. Uma mulher que rompeu com os padrões instituídos pela sociedade dentro do contexto histórico no qual vivia, deste modo, trazendo para o município uma significativa contribuição no que se diz respeito à luta pela participação feminina na política e questões sociais. A ideia para a construção desse trabalho nasceu a partir do “Projeto Ser/tão Alagoana: História, memórias e esquecimentos nas trajetórias das mulheres em Alagoas2 ministrado pela professora Drª. Vanuza Souza Silva, UFAL – Campus. do Sertão. Assim, com as. conversas em grupo, o nome de Fal foi ressaltado. Mas, por que escrever sobre Fal? O que diferencia ela de outras mulheres no nosso município? Por ser uma mulher que estava envolvida na maioria âmbitos sociais do município de Água Branca-AL, e principalmente, por ser uma mulher ativista política despercebida pela sociedade água-branquense. Nada mais significante e curioso que trazer à tona a trajetória política dessa mulher dando visibilidade a sua história e a luta feminina na política. Neste sentido, partindo de um novo estudo da história, a biografia, que: ...trata-se de cultivar um gênero que comporta, em primeiro lugar, a sedução do historiador pelo personagem, por sua vida de a alguma maneira considerada excepcional e digna de ser centro de um estudo, por revelar aspectos ainda não abordados pela historiografia voltada para o macro, ou por permitir a visualização da tensão entre indivíduo e sociedade. Seja pela abordagem dos sentimentos, do inconsciente, da cultura, da vida privada, do cotidiano. (MALATIAN 2008, p.26). Nossa proposta foi fazer uma biografia não da história de vida de Maria de Fátima Cavalcante Bezerra, mas tratar de sua trajetória como mulher militante no alto sertão em seu contexto. Não buscando uma história totalizante da sua trajetória, pensar a vida de um indivíduo é descrever o seu nascimento, relatando sua trajetória de vida a partir dos dados que dispõe e se correspondem, pois, concordamos com Pierre Bourdieu que “não podemos O apelido de Fal com “L” foi criado por um médico amigo, Maxuel, para o Slogan de sua campanha para vereadora: FAL, Falta alguém como você, onde nesse trabalho irei tratar com mais precisão sobre esse fato e a influência desse médico para a trajetória de Fal. 2 O projeto tinha como objetivo discutir as histórias, os silêncios e memórias das mulheres alagoanas e foi realizado nas comunidades em que as mulheres atuam como líderes, militantes ou são apenas do lar. 1.

(16) 16. compreender uma trajetória (...) sem que tenhamos previamente construído os estados sucessivos no campo do qual ela se desenrolou” (BORDIEU 1986, p. 190). Deste modo, buscamos primeiramente na nossa pesquisa vestígios da infância e juventude de Maria de Fátima Cavalcante Bezerra para justificar sua vida no presente. Com isso, de acordo com Bourdieu, partindo do conceito de que não é possível dar conta da trajetória de vida de um sujeito e, assim, analisando o contexto como uma ferramenta possível para preencher as lacunas encontradas na biografia. Giovanni Levi quando fala sobre biografia e contexto, diz que esse último “serve para preencher as lacunas documentais por meio de comparações com outras pessoas cuja vida apresenta alguma analogia, por esse ou aquele motivo, com o personagem estudado” (LEVI, 1989 p.176). De modo que uma vida não pode ser compreendida somente por meio de seus equívocos ou especificidade, mas revelando que “cada desvio aparente em relação as normas ocorrem em um contexto histórico que o justifica”. (LEVI, 1989 p. 176). Estes são os conceitos fundamentais ao nosso trabalho, revelando fatos antes não observados. Tratando-se de uma nova historiografia, é importante a referência aos Annales por ser o símbolo de constituição da nova história, quando aqui tratamos também de uma história social ao mesmo tempo em que a Micro História surge relacionada com esses ramos de estudos. A Micro História faz parte dessa discussão por ser um gênero historiográfico no qual evidencia os valores das culturas e conhecimentos locais, para que assim a pesquisa tenha uma alternativa de aumentar do micro para o macro “as experiências concretas, individuais ou locais de reingressarem na história”. (LEVI apud BURKE, 1991. p. 97). Compreendendo desde então o estudo aqui feito a partir do paradigma da história vista de baixo - uma História Social, por assim ser, uma Nova História só explorada a partir da nova geração dos Annales contrapondo a uma historiografia “factualista”, fundamentada “nas ideias e decisões de grandes homens(...)” (CASTRO, p. 45, S/D), propondo dessa forma uma história-problema. A metodologia foi qualitativa e como técnica metodológica para a construção do trabalho foram realizadas entrevistas, conversas com a nossa protagonista, o que nos remeteu a utilização da História Oral e consequentemente o uso da Memória. Conforme Marieta de Moraes Ferreira, “A história oral é um instrumento privilegiado para recuperar memórias”. (2004, P.326). Desta forma, construímos a partir dos depoimentos orais da memória de Maria de Fátima Cavalcante, a qual resgatou suas experiências de história vivida na sua trajetória de militante, realçando sua luta e visibilizando sua história como mulher no espaço público, que se encontravam embutidas e silenciadas em sua memória..

(17) 17. Esse trabalho está dividido em quatro capítulos. O primeiro que é a introdução, tratamos como se deu o nascer desse trabalho, o referencial de alguns teóricos para embasar a construção desse trabalho, apresentando ainda à problemática e metodologia utiliza e o resumo de cada capitulo. No segundo capítulo abordaremos a vida privada de Maria de Fátima Cavalcante na sua infância e juventude analisando os caminhos percorridos até sua militância. Uma infância marcada por um lugar onde viveu, infância essa, a qual consideramos “normal”, em que pôde aproveitar cada momento com intensidade. O terceiro capítulo discutimos a trajetória de Maria de Fátima enquanto militante e todo o processo político, social em que se envolveu, o qual nos permitiu evidenciar sua luta enquanto mulher, depois, inicialmente militante do Partido dos Trabalhadores (PT) e seu percurso na política no sertão alagoano. Trazendo através de sua memória o revés da mulher no espaço público, a discriminação na sua atuação política por ser mulher e por não ser ter nascido no município de Água Branca, lugar a qual militou e milita até hoje. O quarto capítulo trazemos de que forma se estabelece as relações de gênero no município de Água Branca, analisamos as dificuldade e discriminações no alto sertão através dos depoimentos de Maria de Fátima Cavalcante..

(18) 18. 2. DO AGRESTE PARA O SERTÃO ALAGOANO: INFÂNCIA E JUVENTUDE DE MARIA DE FÁTIMA CAVALCANTE BEZERRA. No presente capítulo irei discutir sobre a vida de Maria de Fátima Cavalcante Bezerra durante sua infância e juventude apresentando, desta forma, particularidades da sua vida privada “[...] ligado à domesticidade, à familiaridade ou a espaços restritos que podem emular a privacidade análoga à que se atribuiu à família [...]” (VAINFAS 1996, p.14) durante essas fases de sua vida. No decurso deste trabalho irei mencionar Maria de Fátima Cavalcante Bezerra pelo seu cognome Fal. A qual é conhecida e chamada por todos por esse apelido. Portanto, Maria de Fátima Cavalcante mais conhecida como Fal, nasceu em 08 de março de 1962, a qual se orgulha por ter nascido mulher e designa esse fato como um ocorrido maravilhoso, nascer especialmente no Dia da Mulher, em uma pequena cidade chamada Palmeiras dos Índios, no agreste de Alagoas. Filha de agricultores, do Sr. João Ferreira da Silva e Sra. Lindinalva Cavalcante da Silva. Ainda muito nova, apenas com seis anos de idade, ela e sua família viajaram para a cidade do Rio de Janeiro devido a um problema de saúde da sua mãe, e ficam hospedadas na casa de um primo da mãe de Fal, Tenório Cavalcante (O homem da capa preta) 3, um grande político do Rio de Janeiro na época, que ajuda no tratamento da doença da mãe de Fal. Assim como qualquer mulher determinada e cheia de sonhos, Fal imaginava alistar-se na marinha, mas isso não foi possível, pois teve que ir morar no sertão alagoano e o motivo foi por manter um namoro escondido que seu pai não aprovava devido o rapaz ser pai solteiro além do seu envolvimento com o esporte que já vinha irritando o seu pai, pois o mesmo era uma pessoa conservadora com forte influência patriarcal4. No entanto, isso não indispôs Fal com sua família, e a mesma trata com precisão sobre a educação dada pela sua mãe e seu pai o que a tornou a mulher que é hoje, pois traz os ensinamentos consigo. 3. Nasceu em Alagoas e foi para o Rio de Janeiro em busca de condições melhores de vida. Tenório Cavalcante foi um polêmico político da Baixada Fluminense dos anos 50 e 60, que com sua metralhadora apelidada de Lurdinha desfiava a corrupção e os poderosos. Em uma época de ditadura militar escondia os comunistas em uma chácara onde residia. Ler mais sobre em: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/retrato/o-homem-dacapa-preta. 4 “No sentido literal, o patriarcado significa governo do pai, ou direito paterno. Patriarcado é uma palavra derivada do grego pater, e se refere a um território ou jurisdição governada por um patriarca. O uso do termo no sentido de orientação masculina da organização social aparece pela primeira vez entre os hebreus no século IV para qualificar o líder de uma sociedade judaica; o termo seria originário do grego helenístico para denominar um líder de comunidade.”. Retirado do site: http://www.sbece.com.br/resources/anais/3/1428545115_ARQUIVO_6SeminarioBrasileirodeEstudosCulturaise EducacaoCompleto.pdf..

(19) 19. 2.1. A INFÂNCIA NO AGRESTE ALAGOANO É importante contextualizar a época que Fal nasceu para entendermos melhor sua trajetória. Fal nasceu na década de 1960, um período efervescente no Brasil, pois foi o período que antecedia a Ditadura Militar. O país estava em crise política. Visto isso, há inúmeros estudos sobre o Golpe de 1964 e em um artigo recente o historiador Caio Navarro Toledo revisou um estudo explicando o abril de 1964 no qual declara que: O movimento político-militar de abril de 1964 representou, de um lado, um golpe contra as reformas sociais que eram defendidas por amplos setores da sociedade brasileira e, de outro, representou um golpe contra a incipiente democracia política burguesa nascida em 1945, com a derrubada da ditadura do Estado Novo. (TOLEDO, 2004, p. 13 apud Costa 2013 p.01 ).. Nesse momento de turbulência em todo país é interessante saber como Fal vivia na cidade que nasceu, Palmeiras dos Índios/AL, antes de ir embora para o Rio de Janeiro tendo apenas seis anos de vida, juntamente com sua família e como foi seu trajeto no RJ onde passou 12 anos e vivenciou o fim da ditadura militar mais de perto já que no RJ a luta era ainda mais intensa, no mesmo instante em que Fal morava na casa de seu primo Tenório Cavalcante e via o movimento de políticos na casa em que morava. Fal retorna a Alagoas aos dezoito anos de idade e firma suas “raízes” no alto sertão. Conforme Fal, sua infância em Palmeiras dos índios foi afortunada, pois era provida de uma riqueza imaterial no lugar em que residia, em um sítio cujo dono era seu primo o Sr. Tenório Cavalcante. A casa de Fal ficava próxima a casa grande do sitio, pois, seu pai era um dos que cuidava do local. Fal relata que brincava muito e recorda com muita precisão a beleza desse local. Essas são umas das lembranças que marcaram sua infância, a beleza do sitio em que moraram até os seis anos de idade. Outro fator que Fal ressalta como marco na sua infância era o trem que passava próximo ao sitio, os dias em que o trem passava Fal, seus irmãos e primos saiam correndo para fazer caretas para os passageiros do trem e é graças a essa infância livre e feliz que Fal diz ter resistido às tristezas da adolescência e da vida adulta.. 2.2. RIO DE JANEIRO: SONHO X REALIDADE. O motivo que levou Fal e sua família para o Rio de Janeiro foi quando sua mae, Sra. Lindinalva, adoeceu. Presenciar o sofrimento da mãe a deixava infeliz e não ter como ajudar de alguma forma a deixava ainda mais tristonha. Por ser Palmeira dos Índios um local atrasado sem recursos para o tratamento da Sra. Lindinalva, o Sr. Tenório Cavalcante manda.

(20) 20. buscar a família de Fal para que no Rio de Janeiro sua mãe pudesse se tratar. Chegando ao seu destino se depara com aqueles prédios iluminados o que a deixou fascinada e a família não foi morar em lugar muito diferente da onde morava, pois ficou morando em uma chácara também do Sr. Tenório. Fal foi uma criança feliz e realizada até a sua adolescência. Mesmo sendo um período em que o país passava por uma crise política fervorosa, Fal diz não sentir o efeito da ditadura nessa época, nem mesmo tinha visão política sobre isso. Assim, a ditadura nada a influenciou na sua vida durante esse tempo sombrio do país. Na adolescência era uma pessoa que gostava da liberdade e seu pai por ser um senhor conservador foi se aborrecendo com o comportamento de Fal, o envolvimento com o esporte, os namoros escondidos, e isso Fal como uma adolescente que sabia o que queria e rebelde não se omitia nem mesmo ao seu pai para deixar de fazer o que fazia bem. Deste modo, aos 18 anos, numa noite de festa comemorando o ano novo, Fal vai ao encontro de um namorado que tinha naquele tempo para dar um beijo em comemoração a passagem de ano e seu pai fica sabendo. Até que ponto um pai não suporta o comportamento de uma filha por ela decidir namorar com quem ela quiser, ou até mesmo por sua filha mulher se envolver e gostar de esportes? O homem conservador e patriarcal não admite esse comportamento de uma filha mulher. Mulher não pode! Essa é a cultura construída sobre as mulheres, de submissão ao pai, ao homem. Se Fal se omitisse as vontades de seu pai não seria essa mulher que lutou em prol de seus direitos e contribuiu para o aumento na porcentagem de mulher na política. Desta forma, ficou sujeita até mesmo perder a vida pela sua desobediência. No entanto, com a ajuda de seus familiares Fal fica escondida na casa de uma irmã, e depois de alguns dias vai embora sem saber o destino, fica ciente do seu destino ao chegar à Rodoviária.. 2.3. DE VOLTA PARA ALAGOAS: NO SERTÃO DAS POSSIBILIDADES Compreendendo que voltava ao sertão, sofrendo com o que acontecia, pois relata não ter feito nada que tivesse causado tanto ódio ao pai. E voltou ao sertão sem entender o que acontecia, já que o esporte e o namoro para Fal não era nada que pudesse causar tanto conflito e desamor ao pai, deixando para trás seu sonho de entrar na marinha e a proteção da sua família. Fal ficou morando em Palmeira durante seis meses, e lá se envolve com um primo, insatisfeita com aquela situação quis ir embora, assim é convidada por sua prima Graça,.

(21) 21. sobrinha da sua mãe, para passar as férias em Delmiro Gouveia/AL se adaptando facilmente a cidade. Fal relata que por ser um local movimentado, logo fez amizades e foi convidada para jogar no time de Handebol, dessa forma não voltou mais em Palmeiras dos Índios. Então, o esporte que sempre acompanhara Fal foi um dos fatos que figurou sua vida. A mudança de Fal para Água Branca foi devido sua prima Graça ter sido transferida para trabalhar no Banco do Brasil desta cidade. No início Fal não queria pois tinha uma visão negativa sobre a cidade, pois escutava comentários que Água Branca era uma cidade parada em que o povo só fazia crochê e fuxicava sobre a vida dos outros, isso eram coisas que Fal repudiava, assim sua prima também não permite que Fal more sozinha, com isso Fal decide ir embora. Ao mudar-se para Água Branca, Fal se encanta por um morador que se encontrava na janela de uma casa no centro da cidade, “um Galã” segundo ela. Na mudança seu primo, o que Fal teve um namoro em Palmeiras dos Índios, foi ajudar, e como era um rapaz bonito, as meninas da cidade logo começaram a se aproximar de Fal. Cidade pequena é assim, chegou gente nova, as pessoas ficam todas curiosas para saber quem é principalmente quando se trata de jovens. Fal fez amizades rápido e logo foi convidada para jogar vôlei, como era uma amante do esporte se entusiasmou e decide ficar. Nessa intervenção ensina o Handebol para o pessoal do vôlei e logo forma um time na cidade. Assim, se envolve com João Ivaldo que é seu atual marido estando sempre ao lado de Fal. Fal permanece em Água Branca, se envolve socialmente e se manifesta contra o governo ditador da época quando ainda trabalhava no hospital do município, hoje nomeado como Unidade Mística Drª Quitéria Bezerra de Melo. Por fim, sua mãe, a Sr. Lindinalva, ficou curada e Fal volta ao Rio de Janeiro, a passeio, e faz as pazes com seu pai. Os pais de Fal hoje são falecidos e Fal os tem como exemplo irrepreensível do que é hoje. Na seguinte parte desse trabalho tratarei sobre a vida pública de Fal, sendo o meu foco de pesquisa sua trajetória política no município de Água Branca-AL..

(22) 22. 3. VIDA PÚBLICA E A PARTICIPAÇÃO DA MULHER NO ESPAÇO PÚBLICO. Na historiografia da mulher é nítida como era sua submissão ao homem, destinada à procriação, criada para o lar, servir e agradar ao outro. Sendo o lugar privado o espaço reservado para elas. Conforme Perrot (2005): “As donas-de-casa dirigem a sua gente, seus filhos e a criadagem, construindo uma cultura da reprodução muito coerente que dá seu sentido ao menor detalhe (a costura, por exemplo)” (p. 457). Nessa perspectiva, a relação que se assumiu historicamente entre a mulher e o espaço privado foi impactando um cariz de naturalidade, mesmo diante das rupturas dentro desse espaço, esse conceito vive até hoje. Entretanto, ao se deslocarem do espaço privado, o que é compreendido historicamente como espaço primordial das mulheres, para o espaço público - a inserção no mercado de trabalho, em todas as áreas e estudos, como também seu engajamento na política – transporta para ele vários elementos distintos; emoções, racionalidade, concepções de mundo, significados. Nesse sentindo, o espaço público produz uma nova configuração, bem como reorienta o fundamento e limites dos marcos democráticos. Vale ressaltar que a capacidade de interação entre o homem e a mulher é que se fundamenta essa ruptura que se dar a partir de interesses comuns, o que oportuniza a princípio a esfera pública. Ainda que as mulheres venham se deslocando do espaço privado para o público, não é aceito dizer que estejam deixando de lado o espaço privado, mas sim, transitando em ambos os espaços. Diante dessa concepção, destino aqui o espaço privado como uma esfera ocupada apenas pelas mulheres as quais não podia submeter a esfera pública – o espaço político - por esse espaço pertencer e ser ocupado apenas por homens. De acordo com Arendt, a esfera pública é tida como a esfera do comum, em que o sujeito executa sua liberdade. Desta forma estabelece que “O que a esfera pública considera irrelevante pode ter um encanto tão extraordinário e contagiante que todo um povo pode adotá-lo como modo de vida, sem com isso alterar-lhe o caráter essencialmente privado. ” ( ARENDT 2007, p.61). Nesse aspecto, Arendt remete que os sentimentos que são considerados caráter da esfera privada - como por exemplo o amor -, torna-se irrelevante na esfera pública, no mesmo instante que nesse último o que é visto como relevante são aspectos que dê visibilidade e durabilidade ao mundo público. No entanto, as relações do mundo privado e público que se deu entre as mulheres e os homens, foi surgindo novos conceitos e concepções, no que corresponde a transição da.

(23) 23. mulher para o espaço público, não quero dizer que a mulher resolveu sair de casa e entrar na política ou ocupar cargos antes só ocupados pelos homens, e foi assim tudo fácil e pronto. Mas, em meio a toda desigualdade e preconceito incumbiu mudando o seu pensamento, assim foram fomentando seu espaço na esfera pública e consolidando suas forças cada vez mais. Assim, afirma Arendt: “Não existe nenhuma estrutura social que não se baseie mais ou menos em preconceitos, através dos quais certos tipos de homens são permitidos e outros excluídos” (ARENDT, 1999, p.30). O preconceito de fato existe em todos os âmbitos sociais, portanto, a mulher passar a fazer parte de um meio social antes só destinados aos homens é conquistar um novo olhar sobre esse espaço apontado por Arendt (2007) como o lugar da pluralidade em que o indivíduo pode manifestar suas ações em sua diversidade. Além dos avanços das mulheres, o enfrentamento na sociedade, a ruptura social criada para o sexo feminino, da transitoriedade da vida privada para pública, é de suma importância ressaltar os movimentos que surgiram com vigor ainda no século XX. Sobre os movimentos sociais nos anos 1970, para Gohn : ...vão surgindo do “lugar” de exclusão dos indivíduos dos direitos e da construção de experiências de cidadania. Os movimentos sociais surgem do “não lugar” da política, e articulam-se através de sua inserção nas malhas finas do Poder, reelaborando seu próprio saber e atuando em espaços capilares, ali onde o poder exerce-se de forma mais material e, por isto mesmo, mais eficaz e desmobilizadora de energias políticas. (1994, p.22). É nessas circunstâncias que as mulheres vieram fazendo história “se fazendo reconhecer enquanto sujeitos individuais e coletivos, rebelando-se pelos direitos a cidadania, a uma identidade social e política. ” (ESMERALDO, 1998, p. 55). Com a persistência das mulheres dentro do campo político possibilitou para que fosse inserido nesse campo uma nova estrutura, permitindo que ocorresse novos avanços de direitos, ocasionando novas práticas, num sentido de reorientar a esfera pública. É nessa perspectiva, em meados dos anos de 1980 que Maria de Fátima Cavalcante Bezerra ao iniciar sua militância e envolvimento político encontra outras possibilidades de ativismo, norteando seus interesses também para os movimentos sociais, é neste envolvimento que a fez e faz até hoje a Maria de Fátima militante, que rege pelos movimentos e grupos do município contribuindo a cada dia diante as dificuldades, um pouco de sua luta e força para que todos os movimentos que a mesma participa não venha a perecer para que permaneçam firmem em suas organizações. Com o seu envolvimento político, Fal relata se sentir mais familiarizada com os movimentos sociais. É nesse aspecto que a mesma pega impulso e norteia seus objetivos.

(24) 24. políticos. Buscando sempre ajudar e resgatar as forças e cultura dos grupos sociais sejam eles indígenas ou os grupos de mulheres, dentre tantos outros espalhados pela região que é incentivado pela mesma, Fal exerce sua militância deste modo, tentando evidenciar a importância de cada grupo e de cada ser ali participante em meio a sociedade e para o nosso país.. 3.1. ROMPENDO COM OS PADRÕES SOCIAIS: MARIA CAVALCANTE BEZERRA CONSTRÓI SUA MILITÂNCIA. DE. FÁTIMA. Fal inicia sua militância política da década de 1980, ano em que a democracia ia se formando5, ainda como simpatizante, depois tornando-se militante do Partido dos Trabalhadores (PT), partido esse que se consolidava e ganhava seu espaço na sociedade nas camadas pobres e populares, um partido que sempre teve o apoio da classe trabalhadora e deu apoio as camadas mais pobres do país. Isso reflete na sua conquista como partido que ganhou espaço e reconhecimento no território brasileiro6. Entretanto, vem enfrentando uma larga crítica devido às mudanças cotidianas atribuída pelo ex presidente do partido Luís Inácio Lula da Silva7. Diante do momento que Fal decide atuar diretamente em atividades políticas, a mesma passa a militar, a qual se identificava nessa história de ativismo de todas as formas, principalmente com os encontros das mulheres petistas, isso de acordo com a mesma, a fascinava, ainda que nos outros partidos nem se discutiam estas possibilidades de encontro de mulheres. Desta forma, o historiador SECCO em uma entrevista sobre sua obra “PT: sucesso eleitoral e transformações”, ressalta que o PT se diferencia dos outros partidos começando pela sua história, assim afirma que “o PT está totalmente integrado à ordem, mas por muito tempo ainda será um partido diferente. Olhe a composição social das bancadas do PT e dos demais partidos. O PT tem mais sindicalistas, mais gente de origem nas classes baixas. ”. 5. A década de 80 foi o ano em que o Brasil passou por uma intensa organização popular. Nesse contexto, que teve o fim da ditadura militar e a explosão dos movimentos sociais, especificadamente o movimento feminista que ganhou força e construiu pontes que possibilitaram a intervenção e participação da mulher no setor público como também a intervenção pela igualdade de gênero. 6 Para uma leitura mais aprofundada sobre a história do PT recomendo a leitura do ensaio do historiador Lincoln Secco “PT: sucesso eleitoral e transformações”. http://www.pragmatismopolitico.com.br/2011/09/historiador-dausp-conta-historia-do.html 7 “Luiz Inácio Lula da Silva (1945-) ex-presidente do Brasil, ficou no cargo entre 01 de janeiro de 2003 até 01 de janeiro de 2011. É mais conhecido como Lula, apelido que teve que ser incluído em seu nome, para poder usá-lo em sua campanha eleitoral. Lula foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) e hoje é o Presidente de Honra. Depois de três derrotas (1889,1994 e 1998) em eleições para presidente do Brasil, Lula foi eleito em 2002 e reeleito em 2006” https://www.ebiografia.com/luiz_inacio_lula_silva/.

(25) 25. (SECCO, 2011)8. Sim, o PT atualmente foi se adaptando a modernização dos novos tempos, mas sua raiz ainda está consolidada conforme foi seu surgimento. Um partido que acolheu e propôs oportunidade as classes baixas da sociedade o qual o povo teve voz através de Lula. Posto isso, dando visibilidade a todos os sujeitos invisíveis da história, pois por ser um partido de esquerda, a luta em prol de todos os direitos era relevante. Nesse sentido, voltando ao início da militância de Fal, no ano de 1993 já tinham o Encontro de Mulheres do PT, inclusive a Secretaria Nacional de Mulheres do PT, os quais Fal passa a acompanhar. É a partir desses acontecidos que Fal reconhece sua aptidão pelos movimentos sociais, pois era nesse âmbito que se identificava, o que levava e leva até hoje a se encorajar e lutar com e para as causas sociais. Conforme o PT desempenhou com suas práticas de ampliação do espaço de participação de todas as lutas populares, movimentos sociais, com a participação das mulheres possibilitaram para que pudessem alcançar a sociedade brasileira em seu conjunto. Dessa forma chega aonde a mulher chegou, até a Presidência da República9. Fal, fala do PT com muito orgulho e emoção, ainda que, atualmente tem em vista outra realidade do partido, o qual quebrou muitos de seus conceitos contrariando seus ideais10, mas de acordo com a mesma inicialmente cumpriu seu papel. Um partido que não se restringiu a carregar uma patente marca de sua origem, mas soube, sobretudo, dar continuidade ás principais reivindicações no país. Sabemos o quanto nós mulheres eram mal vistas na política do país especialmente no Nordeste e imagine no Sertão das Alagoas, e em nossa cidade de Água Branca, e ainda mais carregando a bandeira do PT. (FAL). A discriminação, o machismo com a mulher ainda era explícita e no alto sertão alagoano isso predominava com muito mais vigor, onde era comum e imposto as mulheres seu papel submisso na sociedade - remetida ao lar fora do âmbito público , pois reconhecer a mulher como sujeito político encontrava barreiras por assim romper com padrões tradicionais 8. http://www.revistaforum.com.br/rodrigovianna/outras-palavras/pt-sucesso-eleitoral-e-transformacoes/ Dilma Roussef do PT, é a primeira mulher eleita para Presidenta do Brasil em 31 de outubro de 2010. 10 O Partido dos Trabalhadores vive atualmente um cenário contraditório de seus ideais, posto que, quando faz alianças com partidos de direita e se transforma naquilo que criticava como ressalta o cientista político Gonzalo Rojas: “Há quem acredite que o PT se transformou naquilo que ele criticava. Seria uma nova forma do neoliberalismo¨. Em um site cujo tema é: Após 12 anos de governo do PT, parte da esquerda brasileira se vê exilada, escrito por Afonso Benites. O PT não se tem mais a essência que tinha quando foi fundado em 1980. Talvez o poder tenha mudado seus fundamentos. Ler mais em: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/02/09/politica/1391976743_598170.html 9.

(26) 26. ligados a família e pela sociedade, o que seria apenas determinados pelo gênero masculino a participação pública e política, mas isso não intimidou a militante Fal, pois amante da liberdade e companheira da luta, manteve seu engajamento no papel social que a vida direcionou no seu caminho reformulando sua identidade a qual abrangia a política e sua militância. Nada me intimidava pelo contrário, me fascinava e me impulsionava para a luta, a liberdade de um povo que vivia amordaçado, escravos de uma elite mesquinha, que fazia questão de repetir que “lugar de mulher é em casa”, “política é coisa pra homem”, era por aí... (Fal).. A militância de Fal pelo PT inicialmente foi consequência de sua admiração e entusiasmo do partido dos trabalhadores que começava a abrir espaço para as camadas populares. Deste modo, o Partido do Trabalhador foi a grande referência da militante Fal para exercer sua luta, quando começou a atuar na política foi especialmente pelo PT que libertou seu espírito de esperteza e sensibilidade em pró das lutas sociais. Mas, o que era ser mulher e intervir ao mesmo tempo na política coronelista no alto sertão de Alagoas, ainda mais levando no peito o broche do PT? Sendo nesse tempo o Partido dos Trabalhadores oposição à política local. Para Fal era uma honra, porém uma ofensa e desacato as autoridades, a oligarquia local. O que de fato não intimidava a mulher que ia de encontro ao sistema político no alto sertão. “Sempre fui uma mulher apaixonada por causas desafiadoras, tanto que deixei minha família aos 18 anos de idade e, não seria em Água Branca que iria recuar da luta. ” (FAL) Fal e sua equipe, formada por alguns de seus ‘amigos’ também petistas que iniciaram o enfrentamento político, foram ganhando espaço, rompendo os obstáculos dos vieses paternalistas, machista, clientelistas que caracteriza a região. Assim, foi quebrando vários paradigmas, como a mesma ressalva: “Fomos para o enfrentamento mostrar a nossa cara, e pra que viemos”(FAL). Visto ainda muitos momentos de luta que rompeu aos poucos os paradigmas local Fal ainda cita: “Saímos rompendo com os silêncios nos lugares tradicionais da política reservada a meia dúzia de homens covardes e mesquinhos”. (FAL) Todavia, era um momento de fervor político e de luta para com o sistema de governo local, assim foram feitas intervenções buscando sempre mostrar competência e exigindo em vários momentos de acordo com seus preceitos, conhecimentos adquiridos por meio da realidade social e humana. ¨Sempre deixei registrado meu repúdio a esse tipo de sociedade desqualificada que tenta denegrir as mulheres de todas as formas, e comigo não foi diferente...”.(FAL).

(27) 27. Dessa forma, a militante Fal ao se envolver com a política sofre de forma muito sutil insultos de desqualificação tanto por ser mulher quanto por não ter nascido em Água Branca. Visto assim o preconceito por uma mulher que não tem suas origens naquela região e por fim, comprometida na luta contra o governo local indo de encontro com o sistema amedrontador de governo que chegava a intimidar toda a população, indignada com essa forma de governo foi a luta quebrando os tabus da sociedade o que ficava explicito a recusa das autoridades circunscrito e comandado por homens, á uma MULHER que veio de fora dilacerar os padrões numa pequena cidade no alto sertão alagoano. Mesmo sendo uma minoria no percentual de circunstâncias de decisões políticas, torna-se intolerável o tipo de comportamento que ainda ocorre contra as mulheres, tendo em vista aquela violência que marca não apenas o nosso corpo, mas também a nossa alma e nossa dignidade. Dados abaixo revelados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) afirma que o quantitativo de mulheres que ocupam o espaço político é muito pouco. Isso nos mostra a distância que ainda existe da mulher ter um espaço igualitário com o homem mesmo chegando a ultrapassar os 30% assegurada pela Lei nº 12.034/2009 que exige no mínimo esse percentual da cota feminina. Veja o percentual11 de homens e mulheres que ocupam cargos municipais no Brasil. Tabela 1: Disputas de cargos políticos por homens e mulheres nos municípios. BRASIL – SETEMBRO/2016 CARGOS. HOMENS Quantidade. Percentual. MULHERES Quantidade. Percentual. Vereador (a). 310.055. 66,92. 153.299. 33,08. Vice-prefeito (a). 13.957. 82,37. 2.988. 17,63. Prefeito (a). 14.415. 87,03. 2.149. 12,97. TOTAL. 338.427. 158.436. Fonte: Elaborado pela autora. Os dados fornecidos pelo TSE do ano de 2016 no que correspondem as eleições municipais apenas 12,97% disputa uma eleição para prefeita, para vereadora esse número cresce um pouco mais para 32,79%. É representativo o número de homens comparado com o de mulheres na disputa do poder público. Visto no geral que 31,6% (155,587) são para o sexo feminino e 68,4% (336,819) para o masculino. 11. http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2016/Setembro/eleicoes-2016-mulheres-representam-mais-de-30dos-candidatos.

(28) 28. Tabela 2: Resultado das eleições dos anos de 2010 a 2012. Fonte: retirado do site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A tabela acima mostra o quantitativo de mulheres e homens que se candidataram nas eleições de 2010 e 2012. Nota-se mais uma vez que as mulheres tanto como candidatas quanto eleitas nesse período em relação aos homens, são a minoria. Sejam em eleições municipais ora presidenciais. Diante da emancipação, lutas, resistências, conquistas, o que ainda não permite a mulher chegar a um nível social do homem já que a mesma conseguiu chegar ao cargo máximo da política, a presidência? Possivelmente, a cultura social, a história da mulher explica essa pergunta. No terceiro capitulo voltaremos a essa discussão.. 3.2. MARIA DE FÁTIMA CAVALCANTE BEZERRA: O PROCESSO NA POLÍTICA EM ÁGUA BRANCA-AL A militância política de Fal no sertão nasceu como já dito, com a insatisfação que tinha com o governo municipal na época, uma administração ditatorial. Com o fim da administração em situação na época, foi criado grupos na praça e na igreja. Inicialmente eram conversas soltas. Quem fazia parte deste grupo? Eraldo12, estudava no Recife e trazia grandes notícias, sobre o sistema político, trazia elementos que ousava os participantes do grupo irem ao enfrentamento (conhecido como Padre Eraldo que se encarregavam sempre de trazer. 12. Mais conhecido como Padre Eraldo, é um político atuante no município de Delmiro Gouveia-AL..

(29) 29. notícias e ideias políticas), Sueli, Ângela, Sônia, Cristina, Helena13, Sr. Manoel Batista, Seu Dedeca14, Vilmar e Toinho (a grande liderança). Grupos esses que foram realizados com a chegada do novo governo, o de seu Luiz Xavier, no fim do governo de Wilson Torres, onde começa as articulações. É a partir desses grupos e do novo nome para o governo que se abriu um novo horizonte para a política de Água Branca, “o povo já não seria mais oprimido como antes¨. Os primeiros a fazerem parte do PT foram Vilmar e Toinho, sendo esses também o primeiro grupo de Água Branca. É nesse contexto que Fal dá um pontapé na sua militância. Pois o atual prefeito a convida para trabalhar na equipe de Saúde. Claro que o coração de Fal era PT, mas ainda não havia se filiado por causa de conflitos que tinha entre Toinho e Vilmar, cada um queria ser a liderança maior. As confusões entre eles eram resolvidas por Heloisa Helena15, na época era presidente do partido no Estado de Alagoas, essa tinha que vir da capital Maceió para acalmá-los. Foi após o seu trabalho na secretaria de saúde que Fal se alia finalmente ao PT em 1993. Logo criaram a sede, cada um contribuía com o seu salário para manter a sede. Com a fundação o grupo foi se estruturando ainda mais. Através da secretaria de saúde Fal conhece inúmeras pessoas importantes, uma delas é o médico Maxuel, que tem como referência, o compromisso deste e comprometimento com o projeto do PT, onde relata que aprendeu muito com ele, esse que tinha uma visão socialista, volta ao sertão após ir embora quando trabalha na secretaria, “não por dinheiro, mas pelo projeto” (PT). No trabalho da secretaria de saúde, Fal fica a par da situação do município, onde ia fazer as visitas pelos povoados onde teve os primeiros contatos na zona rural, através da secretaria de saúde são construídas 76 casas financiada pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), nos povoado Maxi e Pipoca, como também medicação para combater a doenças de chagas. Nesse momento Fal, apresenta fraqueza ao ver a situação de miséria por onde passava. ¨Pensava em ir embora, via muito sofrimento, a fome...chorava descontroladamente. Fui amadurecendo vendo o sofrimento de fome das pessoas. A fome e o silêncio.¨ Desta forma ainda continua... ¨ a questão está na política, o canal, o instrumento maior era a política.¨ Enfim, o interesse político desperta em Fal: ¨Gente comendo demais, e muita gente com fome¨.(FAL) 13. Essas mulheres tiveram participação inicialmente do grupo político de Fal. Seu Dedeca e o Sr.Manoel Batista são líderes de comunidade, sendo os dois moradores do mesmo povoado Serra do Cavalo, atualmente suas ações são voltadas para a cultura. 15 Heloísa Helena era uma das articuladoras das reuniões, vinha de Maceió para dar assistência, Fal relata Heloisa Helena ter sido um suporte para as reuniões. 14.

(30) 30. No final do governo de Srº Luiz Xavier, o grupo de Fal opta para lança-la como vereadora. Em meio a essas discussões, foi indicada como vice-prefeita, mas não tinha o perfil para assumir tal cargo, pois a maior importância era fiscalizar o candidato a prefeito, Zé de Dorinha, e Fal possuía tal impassibilidade de vigiar alguém, sendo orientada por Heloisa Helena, e é lançada como vereadora. Em meio a diversos conflitos, há uma quebra no projeto que era a grande bandeira do PT, o médico Maxuel sai do grupo, pois era o eixo principal para as decisões no projeto, abria mão até do seu salário, oferecendo sua importância para outros fins dentro do projeto. Entretanto, era discutido os nomes para as candidaturas, Gilberto, Bida, Helena, Zé Batista, Cicero do cansanção (nomes que eram filiados ao PT e pertenciam ao mesmo grupo político) e Fal são candidatos pelo PT. Visto aqui a importância da militante em estudo, segue como de deu sua campanha.. 3.2.1. A CAMPANHA PARA VEREADORA EM 1995. A campanha de Fal se deu com muita luta, por seguir fielmente a cartilha do PT, após ser lançada como vereadora, Maxuel e Cícero Bezerra16 foram as referências de Fal para a realização de sua campanha. O nome FAL com “L” foi elaborado por Maxuel devido ao seu slogan “FALTA ALGUÉM COMO VOCÊ”. Tinha ainda os dez mandamentos do eleitor elaborado do Cícero Bezerra: Os Dez mandamentos do Eleitor Não mostre nem entregue seu título a ninguém. Não venda o voto e a consciência por coisa nenhuma. Vote em quem quiser. Ninguém tem o direito de controlar o seu voto. Seu voto é secreto. Não diga a ninguém sem quem você vai votar. Não vote nem trabalhe para candidato trambiqueiro. Não vote nem trabalhe para candidato que ameace e use de violência Não vote nem trabalhe para candidato que esteja do lado de poderosos. Vote em candidato que no passado já defendeu o direito dos pobres. Vote em candidato que dê apoio as comunidades e organizações legítimas do povo. 10. Vote em candidato que leve para a prefeitura e a câmara as verdadeiras necessidades do povo. (material xerocado, 1995) 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.. Esses mandamentos do eleitor, são itens elaborados pelo cunhado de Fal, Cícero Bezerra, o qual juntamente com o médico socialista Maxuel colaboraram para a campanha. Esse último criou os temas que era para serem debatidos por Fal em sua campanha, temas 16. Mais conhecido como Cizo, cunhado de Fal, foi um dos que deu suporte a sua vida política..

(31) 31. esses que foram suas bandeiras de luta. São eles: Saúde, Esporte e Mulher. Sendo os dois primeiros dominados por Fal, pois possuía conhecimento sobre o primeiro por trabalhar na Secretaria de Saúde, e do segundo por ter participado de atividades esportivas (Handebol) que era sua grande paixão. Mas, o tema mulher ainda não tinha certo domínio. Apenas se atendo mais a saúde da mulher. A sua campanha foi inovadora, desde as propostas até os detalhes. Ganhou blusas polos vermelhas estampada com uma seta FAL, que na época era novidade para campanha. Em palanque Fal era a última a fazer o discurso. Assim ela fala: “A minha fala era um destaque, a coordenação sempre me deixava por último. Apesar de ser péssima a minha fala” (FAL). No entanto, com seu punho forte e um discurso que chamava a atenção sempre agitava o povo, por esse motivo sempre era a última a discursar. Fal visitava todos os povoados do município, a mesma relata ir até mesmo a pé para as serras fazer campanha. Fal ganha é eleita vereadora.na imagem acima vemos Fal discursando e ao lado dela os candidatos a prefeito e vice-prefeito Zé Dorinha e Zé Silva.. Figura 1- Comício no centro de Água Branca para a candidatura à vereadora (1996).. Fonte: arquivo pessoal da entrevistada Fal. 3.2.2 A PRIMEIRA VEREADORA MULHER NO MUNICÍPIO DE ÁGUA BRANCA-AL, 1996 A 2000.

(32) 32. Em 1996 temos a primeira mulher vereadora no alto sertão alagoano. Maria de Fátima Cavalcante Bezerra, aos 34 anos de idade, vence a eleição juntamente com os candidatos a prefeito da sua coligação, Zé de Dorinha (PSB) e Zé Silva (PT). Fal relata ter entrado sem preparo, “mangavam do sotaque”, não dispunha de conhecimento referente a Leis, regimentos, com isso diz ter sido o primeiro ano de mandato como vereadora desastrosa, “chorava muito”, relata Fal. Porém, com a ajuda se seus amigos e orientações passadas pelos advogados mandados por Heloisa Helena de Maceió conseguiu exercer sua função. “Por muitas vezes pensei em entregar o cargo, pois não conseguia realizar nada”. Entretanto, foi um mandato agitado, pois Fal não se intimidava com a gestão da prefeitura e passou a ter conflitos com o atual prefeito Zé de Dorinha por nunca ter se omitido as ações desse, até então consideradas por Fal erradas. Na câmara de vereadores ia de encontro a todo projeto que ela julgava não ser de acordo ou que não favorecesse ao povo água-branquense. Conforme Fal os vereadores que eram do partido do prefeito tinham que deixar passar tudo pela câmara de vereadores sem mesmo ler do que se tratava. No entanto, Fal afirma que agia diferente, queria ler todos os projetos e saber convictamente do que se tratava, isto posto, os conflitos entre a vereadora e os colegas de coligação iniciaram. Fal queria transparência nas contas públicas além dos balancetes das contas, o que levava a entrar repentinamente em ação de Mandato de Segurança contra o presidente da câmara na época, José Heráclito17 L. S. de Melo. Nos arquivos da Câmara Municipal de vereadores conseguimos apenas quatros registros da atuação de Fal como vereadora. Encontramos três indicações e apenas um projeto de Resolução. Uma indicação nº 08/97 que propunha a canalização do esgoto geral que foi desviado nas imediações da estrada que dá acesso a Baixa do Maneca, aprovado em 06 de maio de 1997, porém nunca iniciaram essa obra. A segunda indicação de nº 02/98 apresenta a construção de um grupo escolar na comunidade de Serra das Viúvas e também que fosse beneficiada com máximo de urgência com o projeto de construção de casas populares. Sendo aprovado em 16 de maio de 1998. A terceira e última indicação de nº 03/98 pede a ampliação do cemitério da comunidade Tingui, neste município, também aprovado, na data de 16 de junho de 1998. Por fim, o projeto de Resolução nº/99 que altera dispositivo do regimento interno da câmara municipal de Água Branca-AL, aprovado em 05 de julho de 1997, e o. 17. Mais conhecido como Zeraco, foi vereador por dois mandatos..

(33) 33. projeto de Lei nº 04/2000 que propôs a alteração do quadro funcional da câmara municipal de Água Branca-AL e da outras providências, aprovado em 13 de março de 2000. Posto isso, é importante salientar que a passagem de Fal pela câmara de vereadores não foi em vão, apesar de muitas vezes ter sentindo a necessidade de abdicar o seu cargo. Durante seu mandato cresceu politicamente e realizou suas funções como vereadora. Muitos outros projetos, inúmeras indicações foram feitas, porém arquivados na prefeitura municipal de acordo com Fal. Acreditamos que muito mais tem arquivada na câmara municipal, mas talvez pelo excesso de trabalho, ou desinteresse em procurar tais documentos, dos funcionários dispôs apenas esses. Durante ainda o seu mandato, circulava pela cidade de Água Branca-AL “jornaizinhos” denominados Folha 13, elaborados pelo grupo do PT de Água Branca o qual Fal fazia parte. A partir disso Fal foi chamada pelo presidente da câmara de: Vereadora criadora de caso, acostumada a difamar as autoridades públicas deste Município, sem apresentar provas, como se verifica no jornal informativo bimestral do PT denominado “Folha 13”, cuja matéria tem o título “Espaço em branco e preto” configurando propaganda eleitoral intempestiva e ferindo frontalmente a lei nº 9.504-9718, devendo ser retirado de circulação pelo juízo eleitoral e com remessa de cópias ao Ministério Público Eleitoral, para apuração da responsabilidade, faz insinuações levianas apenas com cunho eleitoreiro as pessoas a qual é subordinada. (Relato retirado de documento feito por Heráclito enviado a Juíza de direito da Comarca de Água Branca- Alagoas, p. 1).. Verifica-se aí a injuria do presidente da câmara a vereadora Fal, sendo esse documento uma resposta a Juíza da Comarca ao Mandato de Segurança impetrado pela vereadora Fal. A qual submete a ações ao presidente da câmara por assiduidade a “Balancete de receita e despesas da câmara referente aos meses do ano de 1997 e janeiro e fevereiro do corrente ano; ” como também “folha de pagamento dos funcionários da Câmara e seus respectivos horários de trabalho”. Ao chamar a vereadora criadora de casos e difamadora das autoridades públicas locais dentre outros adjetivos, observa-se a turbulência que a vereadora causava na câmara quando ia de encontro aos embaciamentos dos trabalhos na câmara. Uma única mulher, vereadora que não temia a atrocidade feita a ela, e que persistia no que acreditava ainda que não viesse ter na maioria das vezes felicidade nas suas ações precisas, não deixando se redimir pelas causalidades de interesse político. Essa lei nº 9.504-97 estabeleceu normas para a eleição no de 1997. “Das disposições gerais do Art. 1º: As eleições para Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, Prefeito e Vice-Prefeito, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual, Deputado Distrital e Vereador dar-se-ão, em todo o País, no primeiro domingo de outubro do ano respectivo.” http://www.tse.jus.br/legislacao/codigo-eleitoral/lei-das-eleicoes/lei-das-eleicoes-lei-nb09.504-de-30-de-setembro-de-1997 18.

(34) 34. A vereadora Fal não ficava omissa diante dos afronto causado pela sua posição, muitas vezes chorava pelo que ocorria na câmara e não conseguir converter o que acontecia lá dentro. Digo que Fal tinha uma ideia de querer e fazer, mas a teoria é diferente quando passamos a estar ativo naquilo que acreditávamos e lutamos para realizar no que acreditávamos, a prática tem suas obscuridades que não nos permite executar nossos planos e acabamos por desviar muitas vezes dos nossos conceitos. Fal, ainda persistiu por muitos anos a seguir seus ideais políticos. Não foi um mandato fácil. Enquanto vereadora, numa entrevista à radio Delmiro AM realizada em 1999, de acordo um jornal local Fal “Na condição de presidente da Comissão de redação e Justiça da Câmara Municipal, coube a vereadora Fal (PT), a responsabilidade de modificar a proposta original do projeto do executivo sobre o Plano de Cargos e Carreira do funcionalismo público municipal, o qual continha verdadeiras aberrações.” (Jornal de Água Branca, Ano 2. p.4). A vista disso, com o apoio da SINFUMAB, Fal conquistou melhorias na condição de trabalho como também mudança da tabela salarial. Entretanto, a respeito dessa realização segundo o Jornal, essa proposta lançada pela vereadora Fal chegou a Câmara em “regime de urgência”, sendo aprovado apenas 10 dias depois. Deste modo, em entrevista à rádio Delmiro AM, percebe-se nas palavras usadas por Fal, mais um ato de sua coragem e rebeldia, destinada ao prefeito em situação, respondendo a acusação feita a mesma, uma vez que Fal estaria ficando com o dinheiro da Câmara: O prefeito é um homem covarde, insinua as coisas que não são verdadeiras, depois quer dar uma de certo, de honesto. Eu gostaria de dizer hoje, nós estamos com um trabalho dentro da Câmara diferente, sim. É meu primeiro mandato e quando assumi, era uma vergonha. Os projetos que entravam tinham que ser aprovados de imediato, sem nenhuma discussão. Cansei de pedir ao presidente e ele dizia: Vereadora, aqui tudo que entrar, enviado pelo prefeito, será aprovado. E eu, tudo bem vereador, só não é aprovado com meu voto. Quando o prefeito afirmou ser prioridade no seu governo o pagamento do funcionalismo público, é porque ele não sabe o que é prioridade. Pois apesar da falta de dinheiro para pagar salários ele não parou a obra do campo. Primeiro foi no Bairro Novo, onde a construção foi condenada pelo engenheiro Ronaldo, pois iria gastar horrores de dinheiro, mas o prefeito com a maior arrogância, (nunca vi, um cara tão prepotente), colocou a questão adiante desafiando o parecer técnico, posseiros, a questão ecológica, e o risco de desmoronamento do muro de proteção, e hoje as obras estão paradas. Quanto foi gasto ali, Sr. Prefeito? Agora o campo está sendo construído em frente ao clube, é excelente, investir na questão do lazer, dos atletas de Água Branca, com certeza. Mas, se a prefeitura passa por dificuldades financeiras, o que não acredito, ele teria que parar a obra e dar prioridade aos funcionários que já recebem tão pouco, alguns ganham apenas (R$ 35,00), e são tão perseguidos. Será.

(35) 35. que o prefeito entende o que quer dizer a palavra prioridade? (Jornal de Água Branca, p. 4). Em 2000, Fal se lança como prefeita de Água Branca fazendo oposição ao candidato Zé de Dorinha onde esse estava no auge de sua carreira política. Porém, o fato de Fal ter se lançado como prefeita nesse período não foi uma decisão individual, mas o grupo a qual participava quis lança-la, e isso ia de encontro a vontade de Fal, a mesma se lamentava muito, pois via sua força no legislativo e acreditava numa reeleição, da mesma forma que se sentia. bem exercendo suas funções nesse âmbito político. Mesmo indo de encontro as suas vontades, é possível entender também certa ingenuidade ao que cabia a política, e nesse âmbito ao que compete as suas amizades segue as vontades de seus aliados. Figura 2- Convenção para Prefeita em 1999. Na foto Heloísa Helena e Fal. Fonte: arquivo pessoal da entrevistada Fal. Fal tinha poucos recursos financeiros e político para uma eleição majoritária. Acabou perdendo, brigou internamente com seus antigos aliados, e acredito que por causa dessas brigas internas Fal não dispôs mais de forças políticas para um pleito eleitoral. Entretanto, nesse período, diante da apreensão a respeito de sua candidatura a mesma se mostra incansável e acreditada na sua missão política, dispôs minuciosamente de um plano de governo plausível para a sua candidatura para prefeita no ano de 2000. Segue algumas de suas propostas de governo, a qual vale a pena analisar..

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