• Nenhum resultado encontrado

GRÓCIO,ABRIL2000

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "GRÓCIO,ABRIL2000"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

INDICE

TEMAS

PÁGINAS

Apresentação 2 Introdução 3 Desenvolvimento 5 Conclusão 10 Bibliografia 11

(2)

APRESENTAÇÃO

O tema deste trabalho incide sobre a vida, obra e teoria defendida por Hugo Grócio, jurista, filósofo e teólogo.

(3)

INTRODUÇÃO

(4)

O Barroco é um período de transição, mas não representa somente o ponto de passagem para o séc. XVIII, nesta época nada de novo se criou, não existiu originalidade.

É uma época de discussão com a Idade Média, através de um restauro da Escolástica.

A filosofia jurídica e política desta época está de certa maneira dependente das ideias humanistas e também das necessidades da vida moderna.

Os humanistas estão representados pelas letras antigas e consequente renovação das concepções antigas de Estado. A vida moderna está representada por um maior empenho dos Estados em se emanciparem das formas medievais.

Por fins do séc. XVI e inícios do XVII esta evolução ainda decorre. O factor que veio a ter um papel decisivo nesta evolução, depois do abalo religioso da Reforma, foi a questão das relações entre o Estado e a Igreja através de lutas e deslocações de influências espirituais, dentro do cristianismo.

As essências da Revolução Humanistica não conseguiram retomar tal ritmo sem terem de conviver e aceitar, novamente, as ideias medievais e mais tarde vindo a cair no iluminísmo setecentista.

Isto serviu para que os mais ilustres espíritos se separacem em duas classes: Uma delas, a dos que apesar de herdeiros humanistas, procuram fortalecer a sua ligação com a Idade Média, como que olhando para o passado.

A outra, a dos que continuadores do humanismo, procuram encontrar nele as mais recentes conclusões e assim sendo, foram os precursores do séc. XVIII e da Revolução francesa, olhando como que para o futuro.

Os primeiros predominam em Espanha e em Portugal e corresponde-lhes o movimento da Neo-escolástica dos séc.XVI e XVIII.

Os segundos predominam na Holanda, Inglaterra e Alemanha, corresponde-lhes o racionalismo jusnaturalista ( Escola de Direito Natural ). Destacando-se Hugo Grócio, Hobbes e Pufendorf, sendo sobre Hugo Grócio que nos vamos debruçar.

(5)

DESENVOLVIMENTO

(6)

Grócio ou Hugo de Groot, nasceu em 1538 em Delft, na Holanda meridional, durante as lutas travadas no seu país contra Espanha. Viveu no meio de lutas civis e religiosas.

Era protestante ( religião que herdou de seu pai ), e pertenceu á seita moderada dos Arminianos, próxima do catolicismo, devido a este motivo foi fortemente perseguido.

A sua educação baseou-se num ambiente com grande força humanista vindo, Grócio, a dedicar-se à jurisprudência, à teologia e à política. Foi um dos espiritos mais eminentes do seu país e da sua época.

Uma das suas obras, a mais importante, foi o “ De Jure Belli et Pacis “ datada de 1623 em Leipzig.

Grócio era um contemporâneo de Suarez, mas pertence também à classe dos espíritos continuadores do humanismo, olhando mais para o futuro do que para o passado, procurando tirar dele muitas conclusões que os vieram a tornar, directos percursores do séc. XCIII e da revolução.

Grócio formou-se no meio de uma luta de tradições, fundou o direito internacional moderno, não teve influências escolásticas, foi um homem hostil ao passado, teve fraca formação religiosa e cristã.

As bases e elementos do seu pensamento podem simplificar-se em três:

Humanismo renascentista – donde extraiu o gosto clássico que tornou o seu

método de exposição e estilo da sua filosofia um espontâneo simpatizar com as correntes do platonismo italiano da Renascença.

Arminianismo protestante – incutiu-lhe principalmente o sentimento vivo do

valor da liberdade humana individual, opondo-se ao dogma da predestinação do calvinismo ortodoxo.

Experiência da sua própria vida, envolvido em lutas religiosas e civis – a

combinação deste último elemento com os dois primeiros transmitiu a Grócio um elevado amor da humanidade que o levou a lutar pela humanização da guerra e a sua sujeição a um direito, a partir da razão, que era suposto unir entre si todos os povos da terra. Esta foi a sua maior obra, aquela em que conseguiu uma grande originalidade: a fundação definitiva do direito internacional ou das gentes.

Toda a obra de Grócio girou em torno deste tema.

Na primeira metade do séc. XVII todos os Estados da Europa estavam definitivamente fundados e tornados independentes uns dos outros, concentrados em si mesmos e tendentes a fazer a guerra entre si por várias razões.

Com a descoberta do novo mundo as guerras e lutas civis ameaçavam romper por todo o lado devido às rivalidades provindas da expansão comercial e resultantes dos recentes desentendimentos religiosos provocados pela reforma.

(7)

Também devido ao facto do desmoronamento da Respública chisticina medieval, a ideia de cristandade, como força moral, prevalecia mantendo-se a Europa intensamente cristã.

Da necessidade de harminizar estes dois factos nasceu a obra de Grócio. Era um meio de prevenção a esta situação e de fortalecer e criar um direito superior ao de cada um dos povos, que prevalecesse no relacionamento entre todos, ainda durante a guerra foi, este, o maior objectivo a atingir por Grócio. Grócio preocupou-se em defender a ideia de tolerância entre os povos cristãos, união das confissões cristãs e a juridificação e humanização da guerra.

As suas ideias incidiram principalmente numa tentativa de compromisso entre as doutrinas universalistas de estóicos e escolásticos, mais propensas a desvalorizar o Estado e elevar as necessidades da nova situação histórica dos Estados nacionais, já completamente soberanos e independentes. Grócio não teve o intuito de criar nenhuma nova teoria sobre as origens da sociedade, do Estado ou do poder político,, como não se propôs, também, debater, no âmbito da sua “ profissão “, o direito divino dos reis, ou discutir qualquer outro assunto controverso do seu tempo. Devido a isto não é difícil que ele aceitasse as ideias reinantes e já impostas através da tradição escolástica e neo-escolástica, acolhendo-as sem grandes preocupações de profundeza, de originalidade ou de uma nova sistematização.

Particularmente é hoje ponto assente que Grócio foi somente um epígono. Grócio seguiu os escolásticos, repensando-os e repetindo-os, incutiu nessas doutrinas tais virtualidades que estas logo se dispõem aos serviços de outras correntes ideológicas.

Quanto ao Estado, Grócio partiu do principio de que é necessário aos homens viverem em sociedade devido ao seu appetitus societatis, na mesma linha que fazia do Homem um animal social, em Aristóteles, não vendo somente um facto empírico mas também um ditame da razão. A razão e o facto empírico coincidem deste modo, dentro de uma concepção filosófica de “ lei eterna “ que é para Grócio o pilar do direito natural, este surge ao mesmo tempo na razão e na Natureza. Também e em terceiro lugar existe um factor de utilidade que empurra os homens para a sociedade.

Grócio aceita o facto da origem da sociedade como facto histórico, pois fala-nos da existência destes factores como se num determinado momento algo levasse os homens a passarem de um estado natureza para o de sociedade mediante um contrato.

Em confronto Grócio e o Escolástico de Coimbra vemos que estas três ideias, que no último eram bastante vagas, em Grócio são muito mais precisas. Principalmente as duas primeiras ideias: Estado Natureza ( status primaevus ) e

(8)

Contrato Social ( pactum expressum aut tacitum ), perfiliam-se aí com um maior

vigor e passam de ideias reguladoras a conceitos de existência.

Isto representa um passo no sentido do nominalismo e do individualismo, este passo dado por Grócio teve grandes repercussões no futuro.

Quanto à sociedade Gócio e Suarez não divergiam muito. Suarez dedicou-se mais à filosofia do que à jurisprudência, mas Grócio provocou um pensamento analógico e um individualismo conceitual, coisa que Suarez evitou agindo contrariamente.

Grócio realça a ideia de utilidade comum e de tranquilidade pública, como fins do Estado e afasta a concepção Escolástica, do corpus mysticum que se foi transformando num radical individualismo.

Grócio sempre repensou, não teve originalidade, o que fez foi dar às ideias já existentes um acentuado ethos individualista.

No que respeita à soberania, faz uma distinção entre o Estado ( subjectum

commune ), e o Príncipe ( subjectum próprium ). Assemelha-se a Suarez e a Bodin,

ou melhor, segue as suas ideias.

O poder reside no povo como corpo social, tal como a alma no corpo, mas isto levava a confundir os conceitos de Povo e de Estado.

Grócio não é explicito quanto ao momento de transição da soberania para o príncipe. Não segue a ideia de direito divino dos reis, não acentua o momento democrático da origem da soberania.

A origem do poder, para Grócio não é nada mais que uma hipótese teórica somente válida em determinados casos. Considera, por outro lado, o momento pessoal e real da soberania, como o único visível e mais decisivo, não relevando o aspecto que mais preocupa os escolásticos.

Contrariamente, como Suarez, admite que o poder pode deixar de pertencer ao povo, e não aceita que o povo possa ser superior aos reis ficando assim excluídos o direito de resistência, de rebelião e de regicídio, Grócio admitia inicialmente só o direito de resistência. Mantinha a tradicional doutrina calvinista da não resistência, perante os usurpadores e tiranos por ter mais amor à ordem do que à justiça.

Isto torna-o, de certo modo, menos democrata e mais contemporizador com o absolutismo, que o mestre de Coimbra.

Onde o individualismo nominalista da sua concepção mais se denota é na maneira de se representar a Natureza nas mãos do príncipe ( subjectum proprium ). Aqui a sua ideia de patrimonialidade da soberania mostra um retroceder em relação às concepções da Escolástica e também de Bodin, já que estes tinham um sentimento de carácter juspublicistico da soberania com a particular dignidade que advinha da ideia de bem comum.

(9)

Concebe a soberania a partir do modelo do direito privado e tende para a negação do seu conteúdo ético.

O jurista, em Grócio, acaba aqui e também o moralista, o filósofo e mais ainda o teólogo, mas não deixa de admitir limites ao poder dos príncipes e subordinar o exercício da soberania ao direito. Mais tarde o filósofo e o humanista voltam a sobrepor-se ao jurista.

Os príncipes, embora soberanos, estão ligados pelo direito natural, divino e das gentes, e também pelos compromissos tomados. Isto torna-se evidente tendo em conta o modo como Grócio entendia o direito natural.

Aqui, quanto ao conteúdo e transcendência do direito face ao Estado, Grócio foi continuador da Escolástica, e mais uma vez não teve originalidade.

Tal como os neo – escolásticos, Grócio lutava contra as mais recentes consequências das doutrinas de Maquiavel, da “ Razão – de – Estado “ e do dogma de soberania absoluta sem limites, a favor de um Estado submetido ao direito. Como eles pretendeu fundamentar objectivamente o direito natural.

Grócio combatia em nome do humanismo e do “ platonismo “ e não em nome dos interesses políticos da Igreja face aos reis.

Do direito natural de Grócio ressaltam inúmeros momentos do platonismo renascentista. Tal como Platão, Grócio, busca também a ideia do direito justo. Para ele o direito é algo que se define e vale independentemente de qualquer experiência e realidade empírica. Isto é equivalente a uma materialização da ideia de direito.

Pensava que o direito é uma espécie de aritmética, ou seja, aquilo que a aritmética nos diz da natureza dos números e suas relações é, como no direito, expressão de uma verdade universal que seria ainda verdade, mesmo que não houvesse mundo nem homens para fazer contas e cálculos.

Tal como Deus não pode evitar que dois mais dois sejam quatro, também não pode fazer que o justo deixe de ser justo ou o direito direito.

Daí um sentido particular que tem o seu célebre conceito de um direito natural... “ adeo immutabile, ut ne a Deo quidem mutariqueat “ , que permanecia válido... “ etiamsi daremus non esse Deum “.

À doutrina de Maquiavel e de Bodin, de que o titular do poder supremo não se acha sujeito a quaisquer limitações de ordem jurídica, opõe Grócio a ideia de que há um direito que antecede toda a vontade humana e divina e cuja validade é independente delas.

Aqui, nesta reivindicação da transcendência da ideia do direito, reside o significado platónico e humanista da obra de Grócio, não se trata já de uma superação de conteúdos, mas sim de uma superação de métodos da Escolástica.

A razão para ele já constitui somente uma fonte autárquica do conhecimento justo.

(10)

Considerando conjuntamente a obra de Grócio, e abstraindo da sua contribuição para a fundação do direito internacional pode afirmar-se que Grócio foi, mais, um reajustador e modernizador de certas ideias do que um inovador, principalmente se for confrontado com Suarez e a Escolástica.

Não teve originalidade nem nas soluções que deu aos problemas fundamentais da ciência política nem na orientação jurídica com que os abordou. Mas teve-a fortemente no sentido geral da sua personalidade e da sua obra, na coloração mais humanista e racionalista, que lhes soube comunicar, ( como homo

modernus ), através da sua maior independência do dogma católico, da sua maior

isenção das interessadas preocupações das potências espirituais do tempo, e acima de tudo através do ethos do seu humanismo platonizante.

Foi também um laicizador de muitos conteúdos espirituais de certas soluções escolásticas, depois da Renascença e da Reforma. Por isso lhe chamam, dentro do Barroco, um continuador mais autêntico do humanismo e um espírito mais voltado para o futuro do que para o passado.

Grócio está entre dois mundos.

Havia ainda na época outros momentos e gérmenes de ideias, também ligados à renascença, que Grócio não recolheu ou não quis desenvolver: os do pensamento científico – natural e matemático, que mais adiante havia de desabrochar, ( na revolução filosófica de Descartes ).

CONCLUSÃO

Grócio foi um dos primeiros jusracionalistas, analisou o direito como a matemática, dois mais dois são sempre quatro, ainda que Deus não exista.

A justiça tem de existir quer Deus exista ou não, mesmo que a vontade de Deus seja não querer a justiça, ela existe independentemente da sua vontade. A partir daqui, Grócio, faz como que uma separação entre o direito de Deus e a religião

Grócio fundou a sua ideia, que separava o direito de Deus, na razão do Homem. No direito natural racional, o Homem é independente de Deus.

(11)

Quando pensamos em Grócio devemos enquadrá-lo na época renascentista, para entendermos melhor as suas ideias.

BIBLIOGRAFIA

# Filosofia do Direito e do Estado – L. Cabral de Moncada – Coimbra Editora

# Apontamentos tirados das aulas, da disciplina, de História do Pensamento Jurídico dadas pela professora Sara Guerreiro.

(12)
(13)

Referências

Documentos relacionados

El trabajo describe acciones realizadas en conjunto entre la Compañía Siderúrgica Nacional – (CSN)-Brasil y el Laboratorio Interdisciplinar de Electroquímica y Cerámica – LIEC de

As etapas que indicam o processo de produção do milho moído são: recebimento da matéria prima pela empresa, transporte manual, armazenamento, elevação mecanizada do produto,

utilizada, pois no trabalho de Diacenco (2010) foi utilizada a Teoria da Deformação Cisalhante de Alta Order (HSDT) e, neste trabalho utilizou-se a Teoria da

Ainda que das carnes mais consumidas nesta altura em Portugal, tanto os caprinos como os galináceos estão re- presentados apenas por um elemento, o que nos pode dar a indicação que

Estudos sobre privação de sono sugerem que neurônios da área pré-óptica lateral e do núcleo pré-óptico lateral se- jam também responsáveis pelos mecanismos que regulam o

Como parte de uma composição musi- cal integral, o recorte pode ser feito de modo a ser reconheci- do como parte da composição (por exemplo, quando a trilha apresenta um intérprete

Finally,  we  can  conclude  several  findings  from  our  research.  First,  productivity  is  the  most  important  determinant  for  internationalization  that 

Na questão seguinte relacionada o que mais a criança sente falta quando está em ambiente hospitalar, encon- tra-se com o diagnóstico de enfermagem ¨Disposição para