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Violência doméstica contra crianças e adolescentes e seus efeitos na aprendizagem

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUI

DHE - DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO

CURSO DE PSICOLOGIA

JÉSSICA KERKHOFF SEGER

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES E SEUS EFEITOS NA APRENDIZAGEM

Santa Rosa - RS

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JÉSSICA KERKHOFF SEGER

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES E SEUS EFEITOS NA APRENDIZAGEM

Trabalho de conclusão de curso de graduação em Psicologia apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Psicólogo da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ.

Orientadora: Silvia Cristina Segatti Colombo

Santa Rosa - rs

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha mãe, que sempre me incentivou a ir em busca dos meus sonhos, por estar sempre presente e pelo seu apoio incondicional.

Agradeço a meu noivo por todo apoio e calma, por estar ao meu lado me auxiliando e me dando forças para continuar.

Aos professores do curso de Psicologia, pela dedicação e ensinamentos, pois cada um contribuiu de uma forma única e especial para a minha formação.

Agradecimento especial à professora Silvia Cristina Segati Colombo, pela orientação, dedicação e todo o auxílio prestado a mim na realização deste trabalho.

Enfim, agradeço a todas as amigas que me incentivaram e apoiaram a seguir essa profissão.

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Sonho,

deixa penetrar a raiz no centro de tua alma, aspira a seiva da fonte infinita de teu inconsciente

e conserva teu verdor. D. W. Winnicott

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RESUMO

A violência sempre foi palco de grandes discussões, por se tratar de um assunto que atinge todas as camadas da sociedade. O presente estudo trata sobre a violência doméstica cometida contra crianças e adolescentes e seus efeitos na aprendizagem. Os capítulos são divididos em dois, o primeiro abrange a violência como um sintoma social, trazendo as consequências que a violência doméstica produz na criança e no adolescente. No segundo capítulo são expostas as diferentes concepções da aprendizagem, partindo de referenciais teóricos Piagetianos, Psicanalíticos e Sócio Históricos. A violência doméstica pode se apresentar de forma física, psicológica, negligente ou sexual, e as consequências podem ser devastadoras. É na família que a criança e o adolescente deveriam se sentir protegidos, mas é o lugar onde, na maioria das vezes, sofrem maus tratos. Todas essas formas de violência geram graves consequências psíquicas, que acabam afetando o processo de ensino aprendizagem.

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ABSTRACT

The violence has always been the theme of discussion, because it is an issue that reaches all levels of society, since the Middle Ages. Therefore, the present study will approach domestic violence committed against children and adolescents and their effects on learning. The chapters are divided into two, the first one covers the violence as a social symptom, bringing the consequences that domestic violence has on the children and adolescents. In the second chapter are exposed the different conceptions of learning, starting from Piagetianos theoretical references, psychoanalytic and socio-historical. The domestic violence can occur in physical, psychological, sexual or negligent form, and the consequences can be devastating, because it is in the family that the child and the adolescent should feel protected, and often is where they are maltreated. All these forms of violence lead to serious psychic consequences, that end up affecting the teaching and learning process.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...7

1. VIOLÊNCIA E SINTOMA SOCIAL ...9

1.1. A violência na história...9

1.2. Estabelecimento da lei e a formação de vínculos...13

1.3. A violência doméstica e suas consequências...15

2. IMPLICAÇÕES NO ENSINO APRENDIZAGEM ...18

2.1. Concepções de aprendizagem segundo Freud, Vygotsky e Piaget..18

2.2. A violência e o processo de aprendizagem: seus efeitos...23

CONSIDERAÇÕES FINAIS...31

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INTRODUÇÃO

O tema “a violência doméstica contra crianças e adolescentes e seus efeitos na aprendizagem” tem sido um assunto bastante abordado entre os profissionais da educação e muito estudado por profissionais de psicologia. Neste trabalho de conclusão de curso apresentam-se as diferentes formas de violência que ocorrem no âmbito familiar e também se destacam as consequências psíquicas que afetam tanto o desempenho escolar, quanto a vida cotidiana dessas crianças e adolescentes.

No estágio em Psicologia e Processos Sociais em uma instituição que acolhe crianças e adolescentes, e durante o estágio em Psicologia e Processos Clínicos, na clínica-escola da Unijuí, ouviram-se muitas questões trazidas por pais e professores, relacionadas à dificuldade de aprendizagem dos filhos. Visando conhecer tais realidades, pôde-se perceber que muitas dessas crianças e adolescentes sofriam algum tipo de violência em seu próprio lar.

A violência atinge todas as camadas da sociedade, fazendo com que as vítimas não se sintam acolhidas e protegidas no meio familiar, assim, pode-se pensar em todas as consequências que afetam crianças e adolescentes. Diante disso, faz-se necessário pensar nos efeitos produzidos na aprendizagem.

O objetivo deste trabalho é analisar e investigar como a violência doméstica interfere no contexto educacional, destacando as formas que ela aparece e as consequências psíquicas, observando, também, a importância da família nesse processo.

O estudo dessa problemática dá-se pelo fato de ser um assunto pertinente e atual nas escolas, pelo fato de a violência trazer grandes efeitos para a vida do sujeito e, também, para proporcionar a outros profissionais um maior entendimento sobre essa realidade e poder identificar com maior facilidade casos de violência contra crianças e adolescentes.

Para o desenvolvimento deste trabalho utilizou-se a pesquisa bibliográfica, que oferece grande aporte teórico. O trabalho é dividido em dois capítulos. O primeiro trata sobre violência e sintoma social, apresentando um breve histórico da

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violência e enfatizando-a no âmbito familiar e suas consequências. No segundo capítulo, são desenvolvidas as implicações no ensino aprendizagem, trazendo estudos de Freud, Vygostky e Piaget e suas teorias sobre a aprendizagem. Após, são contextualizados os efeitos que essa violência irá produzir na aprendizagem.

Estudar sobre essa questão é de extrema importância, tanto para o trabalho de psicólogos, quanto para os pais e professores, pois, nos consultórios, é cada vez mais frequente o atendimento a essas demandas. Os pais, muitas vezes, desconhecem os efeitos que uma violência gera nas crianças e também nos adolescentes. E os professores acompanham esses problemas quase que diariamente nas escolas.

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1. VIOLÊNCIA E SINTOMA SOCIAL

Neste capítulo aborda-se a forma como a violência faz parte da vida das pessoas, enfatizando a violência doméstica e as consequências para a criança e o adolescente.

1.1. A violência na História

A temática da violência contra crianças e adolescentes, cometidas em seu próprio lar, é o foco de estudo deste trabalho monográfico. A ideia de trabalhar esse tema surgiu quando, no Estágio de Psicologia em Processos Sociais, houve o contato com essa problemática. É uma questão bastante presente na vida das crianças e adolescentes e, em muitos casos, percebe-se que compromete a aprendizagem escolar. Tal realidade trouxe a reflexão e a pesquisa mais aprofundada sobre os efeitos que essa violência produz na aprendizagem.

Estudos registram que a violência foi produzida pelo humano para a própria sobrevivência. Isso foi necessário para que ele pudesse se alimentar e se aquecer, então utilizava a caça e a pesca.

Durante a Idade Média, a violência era utilizada para punir, educar e intimidar os grupos sociais. Esse foi o período mais violento da história, pois as punições eram sangrentas e se tornavam espetáculos em praças públicas, onde as vítimas sofriam as mais violentas agressões, que muitas vezes as levavam a morte (Jéssica Santos, Repórter Unesp).

A violência pode ter vários sentidos, dentre eles: ataque físico, comportamento ingovernável, uso da força física, ameaça, etc. Para Michaud (1989, p. 10-11), a violência é definida como:

[...] há violência quando, numa situação de interação, um ou vários atores agem de maneira direta, maciça ou esparsa, causando danos a uma ou várias pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral, em suas posses, ou em suas participações simbólicas e culturais.

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Este tema começou a ser mais debatido no Brasil por volta dos anos de 1980, quando começa a ser criada a constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), que instituem normas e direitos a serem cumpridos. Segundo Odalia (1985, p. 14), “uma das condições básicas da sobrevivência do homem, num mundo natural hostil, foi exatamente sua capacidade de produzir a violência numa escala desconhecida pelos outros animais”. Contudo, a violência está muito presente nos dias atuais. Está exposta nos bairros sofisticados e nas favelas, ou seja, em todo lugar. Todos os dias, no noticiário, pode-se assistir algo que trate sobre assaltos, assassinatos, sequestros, estupros, etc. Essa violência vitimiza muitas crianças e adolescentes todos os dias, em todo o país.

Para Roure (1996), a violência, nos dias atuais, pode apresentar-se de forma indireta, através do fracasso das políticas públicas, ou de forma direta, através da vitimização das crianças e adolescentes em suas relações familiares e interpessoais.

Segundo Guareshi et. al. (2004), compreende-se por políticas públicas um conjunto de ações que são estruturadas para a garantia dos direitos sociais dos indivíduos e que se configuram como um compromisso público que deverá dar conta das demandas.

Portanto, existem várias políticas públicas e em diversas áreas, mas muitas delas não funcionam de forma adequada. Um exemplo que pode ser citado é o atendimento psicossocial a crianças e adolescentes vítimas da violência doméstica. Percebe-se que deveria haver mais espaços de proteção que acolhessem e acompanhassem esses indivíduos, na maioria das vezes esquecidos.

A vitimização de forma direta está muito presente nos lares, configurando vários tipos de violência, sendo ela mais grave ou não. O seio familiar deveria ser para a criança e o adolescente um lugar de proteção, porém acaba se tornando um aprisionamento.

Todo tipo de violência cometido contra crianças e adolescentes se configura também como violência psíquica, pois de acordo com a Médica e Psicanalista Luci Pfeiffer (2012):

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A violência psíquica contra crianças e adolescentes se caracteriza pela prática, eventual ou rotineira, de atitudes ou ações que provoquem, conscientemente ou não, a humilhação, o sentimento de inferioridade ou de rejeição, que agridam moral ou eticamente, que tratem a criança ou o adolescente de forma preconceituosa, indiferente ou negligente e que, por fim, tem no abandono a sua forma mais cruel.

Segundo a mesma autora, a violência psíquica geralmente é praticada por pessoas em quem a criança confia e mantém laços afetivos. Essa violência traz consequências desastrosas, pois como um ser em desenvolvimento, a criança está vivendo “refém” de seus agressores.

Para se compreender melhor a violência contra crianças e adolescentes, objeto de estudo do presente trabalho, fez-se necessário resgatar o histórico sobre as diferentes concepções de infância e adolescência.

Segundo Roure (1996), na sociedade colonial, a criança era vista apenas como instrumento, pois o poder exercido pelo pai não permitia qualquer tipo de rebeldia e resistência. A violência, naquela época, surgiu como forma educativa e de disciplinarização dos filhos, das mulheres, dos empregados e escravos. Pelo exacerbado poder do pai, a criança era submetida à violência física e psíquica. Ela, não apresentava nenhum valor e não era vista como um ser em desenvolvimento. O pai tinha poderes totais e podia decidir onde o filho iria estudar, qual seria sua profissão e com quem iria se casar.

Para Jover e Nunes, (2005), o historiador Ariés (1981) observa que a adolescência se confundia com a infância até o século XVIII, pois a palavra criança era empregada para designar aquele que ainda era dependente economicamente ou que tinha uma baixa posição na sociedade. Com a elevação do Brasil a Império, houve uma intervenção da medicina que redefiniu os hábitos, costumes e valores da sociedade. É nesse momento que a criança burguesa passa a ser considerada como objeto de cuidado.

De acordo com Coriat e Jerusalinsky (1987), os primeiros anos de vida da criança são de extrema importância, pois ela passa por conflitos identificatórios e, nas relações com os pais, vai deixar a fascinação imaginária e estruturar-se no Édipo.

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Todo o ato entre mãe e filho transporta o físico e o fantasmático, pois a mãe satisfaz a necessidade do filho assim que se apresenta. Já o manejo físico é fundamental para proporcionar a satisfação física que contribui para a estruturação da psique infantil. Winnicott (1965, p.17) diz que “o desenvolvimento do ser humano é um processo contínuo, tanto no aspecto corporal como no da personalidade e na capacidade para as relações”.

Coriat e Jerusalinsky (1987) apresentam que os sistemas nervoso, psíquico-afetivo e psíquico-cognitivo se condicionam e situam o lugar desde o qual o sujeito se manifesta. É necessária a preservação e a construção dos acontecimentos entre a criança e seus pais, pois estes devem ter exigências tais como: preservar a vida e o bem-estar físico dos filhos, higienizar, entender e fazer-se entender, possibilitar-lhes a aprendizagem, etc.

Com o passar do tempo, a criança cresce e torna-se adolescente. Isso ocorre quando o sujeito se vê diante de um excesso pulsional e quando ocorre uma intensiva elaboração do laço social, que é transmitida pela cultura de maneira que, quando se encontra com outro sexo ou o Outro da cultura, acaba se tornando problemático (COUTINHO, 2004).

Em “Romances Familiares” (1976), Freud observa que a adolescência é marcada pelo afastamento das figuras parentais e a autoridade é colocada em questão, ou seja, a separação para com os pais não é no real, mas a nova perda, que é do ideal infantil, está presente nas relações com os pais.

De acordo com Rassial (1997), na adolescência o pai se vê afetado pelo fato de o filho contradizer o discurso do mestre. Porém, é necessário que os pais considerem seus filhos como futuros adultos, pois assim como a criança, o adolescente também precisa estar protegido.

Dessa forma, o adolescente muda seus comportamentos e tenta se adaptar ao fato de não ser mais criança. Busca, assim, afirmar-se em um novo lugar no mundo. Para isso é necessário que ele esteja inserido em um contexto familiar adequado.

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Após a constituição de 1988 e o ECA, instituído pela Lei 8.069, de julho de 1990, a infância e a adolescência são redefinidas e elas começam a ocupar um novo lugar no seio familiar quanto à educação, ao cuidado, à proteção e aos valores.

Segundo o Art. 5º do ECA: “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”. Foi a partir daí que a criança e o adolescente passaram a ser sujeitos de direitos e não mais vistos como objetos. Também são reconhecidos como seres em desenvolvimento que necessitam de prioridades. Contudo, Mello (2001) diz que, ainda se vê, principalmente nas grandes metrópoles, a exploração de crianças e adolescentes. Muitas famílias só conseguem sobreviver graças ao trabalho desses menores, o que as autoridades preferem ignorar.

1.2. Estabelecimento da lei e a formação de vínculos

A cultura nasce a partir de uma lei, ou seja, quando se dá o estabelecimento de novas ordens sociais. Uma das leis que organizam a cultura é a do incesto, que foi trabalhada pelo antropólogo Lévi Strauss. Ele traz três explicações sobre a proibição do incesto. A primeira diz que o incesto foi proibido para proteger a humanidade das consequências genéticas de um casamento entre parentes próximos. Outra explicação é a ideia de que haveria um horror natural ao incesto, ou seja, os fatores genéticos e o psiquismo estariam ligados ao papel negativo dos hábitos eróticos. Após algum tempo, Lévi percebe que essas explicações não se fundamentam e ele aborda essas questões de maneira diferente. Segundo o autor, a vida social é estruturada e definida na troca, ou seja, a partir de que o casamento entre parentes próximos é proibido, os indivíduos de um determinado grupo se casam com indivíduos de outro grupo, gerando assim a exogamia. A partir disso, podemos considerar que a proibição do incesto se dá pela passagem da natureza para a cultura, é essa proibição que viabiliza a vida social dos indivíduos.

Freud (1976) traz o pai como o “violentador” no momento em que interdita o filho em relação à mãe, ou seja, nesse momento o pai se coloca como o

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representante da lei. Essa é a violência primeira que se apresenta e que é constitutiva de todo ser humano. A agressividade é instaurada nesse momento como efeito da castração, da perda, do esfacelamento do corpo, que são determinantes do sujeito.

Quando a violência torna-se um ato de maltratar, implica não só a violência física, mas também o abandono psíquico. É através da linguagem que a tradição deveria ser passada de pai para filho, mas quando ocorrem os maus tratos, o que deveria ser passado de geração em geração se perdeu, e a única coisa que é transmitida é a cultura da violência.

Os pais são pessoas identificatórias para as crianças, é neles que elas se espelham e com eles aprendem o “certo” e “errado”. Na família, a criança deverá aprender como interagir com os demais e também aprender as normas e regras da sua cultura, mas, muitas vezes, o que acabam aprendendo é essa cultura de violência e de agressividade.

Para Hardt (1993), os maus tratos e a violência são um sintoma social, ou seja, esse fenômeno é efeito de uma estrutura, produto da cultura onde há uma organização que a constrói dessa maneira.

Segundo Bruschini (2000), Freud, em sua teoria, descreve o quanto é fundamental o papel que a família desempenha. Traz que a estrutura é construída na infância através de um longo processo de formação da personalidade e de estabelecimento de vínculos afetivos e emocionais. Deve ocorrer dentro de uma estrutura familiar, pois é na família que ocorre a função de transmissão, e é o espaço onde o sujeito fará a sua primeira experiência do inconsciente, interpretando o desejo do Outro.

No entanto, o espaço familiar aparece muitas vezes como lugar de exercício de práticas violentas. De acordo com Roure (1996), Pinheiro (1989), traz que as crianças e adolescentes expostos à violência familiar são pertencentes tanto a famílias de baixa renda, como a famílias de classe média e rica.

Muitos estudos apontam que a violência está ligada à situação econômica da família, porém essa violência diz respeito ao lugar que o filho ocupa no espaço familiar e como a família está organizada, ou seja, muitas vezes o pai não faz sua

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função de lei, que determina os limites necessários ao filho. A família é a primeira experiência de relação social, e se o discurso é o da violência, consequentemente os filhos também se tornarão violentos.

É importante pensar também que se ouve falar mais em violência nas classes sociais baixas, porque nas mais abastadas os indivíduos pensam no seu status social e acabam não denunciando as diversas formas de violência vivenciadas por eles.

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1.3. A violência doméstica e suas consequências

Guerra (1998, p. 32-33) aponta que:

A violência doméstica contra crianças e adolescentes representa todo ato de omissão, praticados por pais, parentes ou responsáveis, contra crianças e/ou adolescentes que – sendo capaz de causar dano físico, sexual e/ou psicológico a vítima – implica, de um lado uma transgressão do poder/dever de proteção do adulto e, de outro, uma coisificação da infância, isto é, uma negação do direito que crianças e adolescentes têm de ser tratados como sujeitos e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento.

Percebe-se que a agressão pode estar relacionada com a questão narcísica dos pais, ou seja, o filho não corresponde a uma imagem idealizada e os pais o veem como o próprio fracasso. Mas somente essa questão narcísica não dá conta no que diz respeito à violência. O pai bate para sustentar um ideal social, garantindo que tenha um lugar na sociedade. A violência que ele utiliza para com o filho serve para implantar a lei.

Para Hardt (1993), é através da identificação com o pai que a criança adquire a única herança e, quando cresce, coloca em prática o que herdou, ou seja, nesse caso, a violência. A violência contra crianças e adolescentes pode se manifestar de várias maneiras, uma vez que envolve um agressor em condições superiores, induzindo a vítima pela violência ou pela sedução.

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Um tipo de violência cometido contra crianças e adolescentes é a violência física, capaz de causar algum dano através da força utilizada pelo agressor. Essa é uma forma muito comum de violência, e o dano provocado pode ser de lesões leves, graves e, até, levar à morte.

Quando a violência é sexual, a criança e o adolescente são envolvidos em atividades sexuais impróprias. Essa violência é caracterizada por ser, geralmente incestuosa, ou seja, praticada por familiares, seguidos de vizinhos e pessoas conhecidas da criança. O abusador utiliza-se da sedução ou da ameaça para atingir seus objetivos. Nem sempre o abuso deixa marcas físicas, pois há ocasiões em que o abusador pratica atos libidinosos como toques, carícias, etc., mas que, de qualquer forma, acabam gerando graves consequências para as vítimas.

O abusador é, geralmente, um homem que não tem conflitos com a lei, não tem problemas no trabalho e é bem visto na sociedade, mas que, na verdade, aplica a sua autoridade na vida privada. Esse abusador quer punir os que supostamente possam ameaçar sua posição, pois conforme Mees (2010, p. 279):

[...] os elementos fantasmáticos do abusador: a relação sexual como devolução forçada do que acredita ter sido usurpado de si mesmo, o que implica que o outro nada ganhe e que esteja em pura entrega. Trata-se, logo, de fazer ao outro o que supõe ter sido feito consigo mesmo: atacado em sua ingenuidade, roubado em sua boa-fé nas pessoas e lançado a dar conta do que acha que não tem como fazê-lo.

Já a violência psicológica caracteriza-se pela humilhação, o desrespeito, a depreciação, a rejeição e a agressão verbal contra a criança e o adolescente. Essa é uma forma de violência que, muitas vezes, não é notada por não apresentar sintomas evidentes, mas pode trazer graves danos ao desenvolvimento social e emocional de quem está sendo agredido.

Segundo Santos e Silva (1997), outra forma de violência que também poderá trazer grandes danos é a negligência, caracterizada pela ausência de cuidados físicos, emocionais e sociais que deveriam ser promovidas pelos responsáveis. As vítimas não recebem cuidados necessários para o seu desenvolvimento físico, moral, cognitivo, psicológico e educacional.

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Para Guerra e Azevedo (1998), a negligência pode configurar-se quando os pais ou responsáveis não oferecem alimentos, vestimenta ou o suporte necessário que seus filhos necessitam. A negligência, muitas vezes, está associada ao consumo de álcool e drogas por pais ou responsáveis pela criança ou adolescente.

Segundo os estudos de Guerra e Azevedo (2001), existem alguns indicadores que a criança e o adolescente demonstram quando estão sofrendo algum tipo de violência doméstica. No caso de violência física, as vítimas desconfiam dos contatos com adultos, têm mudanças frequentes de humor, demonstram receio dos pais, demonstram comportamentos agressivos, destrutivos e dificuldades de aprendizagem.

Quando a violência é sexual, os comportamentos podem ser: interesse sobre questões sexuais, brincadeiras envolvendo assuntos sexuais, masturbação compulsiva, dores e problemas físicos sem explicação médica, gravidez, timidez, mudança de comportamento, pesadelos, hemorragia vaginal, dor ao urinar, enurese e mau desempenho escolar.

Uma pesquisa feita pela Dr. Simone de Assis para a revista Unesco, aponta que adolescentes, que sofreram e ainda sofrem maus tratos, apresentam mais episódios de violência na escola, participam de agressões na própria comunidade e não respeitam as normas sociais impostas. Quando essa violência se apresenta na forma psicológica, as crianças e adolescentes possuem uma menor capacidade de superar as dificuldades da vida e seguir em frente.

A mesma pesquisa aponta que a violência doméstica, contra crianças e adolescentes, destaca-se em pessoas portadoras de deficiência física ou mental, do sexo feminino e em indivíduos de baixa renda, embora pessoas das classes mais altas também enfrentem o mesmo tipo de violência.

O presente capítulo trouxe um pouco da história da violência, mostrando como se dá o seu estabelecimento e as consequências da violência contra as crianças e adolescentes. Após este estudo, pode-se pensar em como a violência doméstica contra esses menores poderá provocar efeitos no processo de ensino aprendizagem.

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2. IMPLICAÇÕES NO ENSINO APRENDIZAGEM

Este capítulo aborda as concepções de aprendizagem pelas vias psicanalítica, sócio-histórica e piagetiana. Faz-se necessário um estudo mais aprofundado sobre a aprendizagem, pois são vários conceitos que discutem tal questão. Após essa compreensão é possível entender o que a violência contra crianças e adolescentes pode provocar no processo de ensino aprendizagem.

2.1 Concepções de aprendizagem segundo Freud, Vygotsky e Piaget

Pela via psicanalítica, a aprendizagem está ligada aos determinantes psíquicos que levam o sujeito a ser um desejante de saber. O momento de se pensar a aprendizagem é quando as crianças descobrem que o mundo é feito por homens e mulheres, com ou sem pênis e quando querem saber o porquê das coisas, querendo saber sobre o nascimento e sobre a morte.

O momento decisivo na vida do ser humano é quando ele descobre a diferença sexual anatômica, ou seja, as crianças passam pela angústia da castração, pois é neste momento que os meninos e meninas percebem que não são iguais, e o sexo feminino pensa estar lhe faltando algo. Essa angústia é sempre de ordem sexual.

Para Kupfer (2001), Freud aponta que a criança descobre diferenças que fazem com que ela fique angustiada, e é justamente essa angústia que a faz querer saber. As primeiras investigações serão sempre de ordem sexual, pois o que está em jogo é a necessidade de a criança definir o seu lugar no mundo e esse lugar virá a partir do desejo dos pais.

Essa relação dos pais com a criança se configura desde a chegada do bebê. A mãe investe todo o seu desejo sobre ele, que inicialmente faz parte do seu próprio corpo. Após, a criança passa a se tornar um objeto desejante, a partir do Complexo de Édipo. Ao final do conflito edipiano, “a investigação sexual cai sob o domínio da

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repressão”. Uma parte sublima-se em “pulsão de saber” e associa-se em pulsões de domínio e ver, ou seja, o desejo de saber associa-se com o dominar, o ver e o sublimar.

Quando a criança começa a frequentar a escola, deixa de lado as questões sexuais, inerentes a sua constituição, aí acontece um deslocamento do sexual para o não-sexual. Porém, continua fazendo perguntas, e o que estimula isso é a força da pulsão que Freud chama de investigação sexual sublimada.

Para a autora, Freud diz ainda que a investigação sexual sublimada associa-se à pulsão de domínio. Essa pulsão está ligada a certo sadismo e agressividade. Também na pulsão de domínio ele localizou a pulsão de morte, que é muito associada ao desejo de saber, muito ligado à vida.

Outro elemento é o ver, que Kupfer (2001, p. 83) descreve como:

[...] Na constituição da sexualidade, um elemento central estudado por Freud é a fantasia da cena primária, ou cena de relação sexual entre os pais, na qual essa relação sexual “é objeto de uma visão pela qual o sujeito imagina a sua origem” [...].

É através dessa fantasia que o sujeito se imagina um personagem da cena. Essa pulsão, depois de sublimada, se transforma em pulsão de saber, de gosto pela leitura, prazer de ler, pesquisar, viajar.

Segundo Nodari, (2009), o sujeito não aprende por si mesmo, ele precisa de alguém, e na escola esse alguém é o professor. Esse professor só pode ser “ouvido” pelos seus alunos quando eles o revestem com uma importância especial. Deverá haver transferência.

Segundo Kupfer (2001), Freud traz em seus estudos que a relação entre professor-aluno está centrada na relação afetiva dos dois, pois no período de latência o professor toma da criança o lugar dos pais. Assim, o professor se tornará uma figura em quem serão depositados os interesses de seus alunos. E o que será transferido ao professor são as experiências vividas com os pais.

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O professor é também marcado pelo seu desejo inconsciente, é esse desejo que o faz ser professor, mas nesse momento precisa renunciar a ele. Por isso, Freud apoia-se na ideia de que a educação é impossível.

Da visão da psicanálise, há posições sobre o ser professor e o ser aluno:

Ao professor, guiado por seu desejo, cabe o esforço imenso de organizar, articular, tornar lógico seu campo de conhecimento e transmiti-lo a seus alunos.

A cada aluno cabe desarticular, retalhar, ingerir e digerir aqueles elementos transmitidos pelo professor, que se engancham em seu desejo, que fazem sentido para ele, que, pela via de transmissão única aberta entre ele e o professor – a via da transferência – encontram eco nas profundezas de sua existência de sujeito do inconsciente. (KUPFER, 2001. p. 99).

Outra abordagem teórica que trabalha a aprendizagem e que é objeto de estudo neste trabalho é a sócio histórica. Vygotsky, um dos representantes dessa abordagem, parte seus estudos de uma questão central, que é o conhecimento adquirido pelo sujeito através de sua interação com o meio. Ele afirma que a criança, no início de sua vida, possui apenas sensações orgânicas como dor, calor/frio, tensão. Quando ela deixa de sofrer as influências biológicas, começa a perceber a realidade. Então passa a ver e administrar o mundo através de seu ponto de vista.

Segundo Fontes (2003), para Vygotsky, a criança nasce dotada apenas de funções psicológicas, como a atenção e os reflexos. E quando ocorre o aprendizado cultural, essas funções transformam-se em planejamento, consciência, etc. Vygotsky, parte do conceito de mediação. No processo de conhecimento o indivíduo não tem acesso ao objeto, portanto a construção do conhecimento se dá na relação com outros indivíduos.

É por meio da linguagem que as funções sociais são culturalmente transmitidas, é através disso que as culturas produzem diferentes estruturas. Essa cultura fornece aos indivíduos os sistemas simbólicos de representação da realidade. A linguagem representa para os indivíduos uma evolução na espécie, pois é por meio dela que as funções mentais são formadas e transmitidas para a cultura.

As dimensões do aprendizado são elaboradas a partir de um conceito, que é o da zona de desenvolvimento proximal. Esse processo determina dois níveis de

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desenvolvimento; o real e o potencial. O nível de desenvolvimento real está associado ao desenvolvimento das funções mentais da criança, ou seja, são os conhecimentos que ela já adquiriu e é capaz de fazer por si própria. Já o nível de desenvolvimento potencial é atribuído aos indivíduos que demostram que seus conhecimentos não estão formados, e a solução dos problemas é feita sob a orientação de outra pessoa.

Assim, a aprendizagem interage com o desenvolvimento, abrindo caminho para o desenvolvimento proximal que Fontes (2003, p. 113), a partir de Vygotsky, define como:

A zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão presentemente em estado embrionário. [...] A zona de desenvolvimento proximal provê psicólogos e educadores de um instrumento através do qual se pode entender o curso interno do desenvolvimento.

Observa-se que Vygotsky, em seus estudos, trabalha com os níveis de desenvolvimento. Para ele, o que uma criança pode fazer com ajuda hoje, será capaz de fazer sozinha amanhã. Na sua concepção, o sujeito produz conhecimentos a partir de sua interação com o outro, e é na escola que acontecem as relações que desencadeiam trocas entre sujeitos.

Dessa forma, o aprendizado que é adequadamente organizado e resulta em

desenvolvimento mental, que movimenta assim vários processos de

desenvolvimento. Porém, o desenvolvimento das crianças nunca acompanha o aprendizado escolar em igual medida.

Na teoria piagetiana, segundo Nodari (2009), Piaget investiga o desenvolvimento cognitivo e esclarece que o desenvolvimento em geral e o problema de aprendizagem são muito diferentes. O desenvolvimento, em geral, é um processo do corpo, dos nervos e funções mentais. E esse desenvolvimento se conclui apenas na vida adulta. Já no processo da aprendizagem, os problemas poderão aparecer por situações provocadas em sala de aula ou alguma situação externa.

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Ocorreram muitas tentativas acerca da aplicação da epistemologia genética na aprendizagem, e para isso foi dado o nome de construtivismo, que para Piaget significava construir um novo conhecimento, descobrir uma nova forma para significar algo, baseado em experiências e conhecimentos preexistentes. Nesse tipo de aprendizagem o aluno faz com que todo o seu saber esteja sempre em ampliação, reconstrução e elaboração.

Para Piaget, a criança é um ser epistêmico, isso quer dizer que ela constrói seus conhecimentos a partir dos ensinamentos e oportunidades oferecidas pela sociedade e pela cultura, também pela sua saúde orgânica e mental e pela herança genética.

A epistemologia genética possui quatro princípios que explicam o funcionamento do psiquismo humano que são: capacidade de aprendizagem, atividade mental construtiva, competência e equilibração das estruturas cognitivas. A partir dessa teoria, o aluno passa a ser um sujeito ativo e há uma interação entre ele e o conteúdo aprendido.

Então, Piaget aponta que, antes da aprendizagem, as funções psicológicas precisam estar desenvolvidas, por isso o professor, antes de preparar suas aulas, precisa conhecer a realidade dos alunos e o desenvolvimento em que se encontram. A aprendizagem irá ocorrer quando o aluno elabora seu conhecimento, e o ensinar tem a função de proporcionar ao aluno a construção do conhecimento.

Uma aprendizagem não parte jamais do zero, quer dizer que a formação de um novo hábito consiste sempre numa diferenciação a partir de esquemas anteriores; mais ainda, se essa diferenciação é função de todo passado desses esquemas, isso significa que o conhecimento adquirido por aprendizagem não é jamais nem puro registro, nem cópia, mas o resultado de uma organização na qual intervém em graus diversos o sistema total dos esquemas de que o sujeito dispõe. (Piaget, 1973, p. 32).

Nas concepções de aprendizagem estudadas, encontra-se que o sujeito se constitui num processo de interação com o meio e com o outro. Como o objeto de estudo deste trabalho monográfico é a questão da violência doméstica contra a

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criança e o adolescente, é possível pensar o quanto essa violência implica no processo de aprendizagem.

De acordo com Goulart (2001), a não-aprendizagem pode, muitas vezes, estar relacionada com o mito familiar, e a educação pode produzir possibilidades e impossibilidades dentro do espaço familiar. Segundo a mesma autora, a criança, do momento do seu nascimento e até que entra na escola, está sendo constituída enquanto sujeito, então em muitos momentos ela é tomada como objeto de desejo do Outro.

Após a família, é na escola que as crianças/adolescentes passam a maior parte do tempo, e é na escola que será reproduzido o que é vivenciado em casa.

Para poder compreender como a violência doméstica interfere no processo de aprendizagem, José e Coelho, (2006, p. 11) ressaltam:

A aprendizagem é o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maturo, que se expressa, diante de uma situação problema, sob a forma de uma mudança de comportamento em função da experiência, [...]. Enfim, a aprendizagem se refere a aspectos funcionais e resulta de toda estimulação ambiental recebida pelo indivíduo no decorrer da vida.

2.2 A violência e o processo de aprendizagem: seus efeitos

Na família, a criança encontra o seu primeiro modelo de identidade, e é nela que irá adquirir os hábitos, costumes e valores. Segundo Lacri (2007), se a família não constitui confiança e apoio à criança, ela passará a ter experiências negativas e dolorosas e poderá ter sua formação prejudicada, pois a violência contra a criança e o adolescente os reduz à condição de objeto, violando assim seus direitos enquanto sujeitos.

Segundo Alexandre (2010), a aprendizagem pode ser vista como um processo de mudanças de comportamentos que são construídos através de fatores ambientais, emocionais e neurológicos. As experiências de cada sujeito acrescentam a ele novos saberes, e esses saberes o fazem mudar de

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comportamento. A aprendizagem é desencadeada “a partir da motivação que ocorre no interior do indivíduo”, pois de acordo com a mesma autora (2010, p. 52-56),

[...] o ambiente onde a criança vive é fundamental para seu desenvolvimento enquanto cidadão, pois influencia em seu aprendizado, na interação com outras pessoas, especialmente com outras crianças, pois estão em fase de mudanças intensas, além, ainda, da apropriação dos costumes, tradições e valores que seu grupo social conhece e julga como necessários para sua vida em sociedade. Nesse sentido, quando se trata de aprendizagem escolar precisa-se considerar tudo que influencia na aprendizagem do educando, para que ele adquira efetivamente uma aprendizagem sólida e duradoura.

Pensando que o ambiente em que a criança e o adolescente vivem, influencia no seu processo de aprendizagem, o enfoque desta monografia são os efeitos que essa violência, cometida pelos pais ou responsáveis dentro de seu próprio lar, produz na aprendizagem escolar. Pode-se observar que a qualidade das relações entre pais e filhos dificulta a formação de identificações psicológicas das crianças para com os pais.

Também a escola têm se modificado, ela não transmite mais só o conhecimento, pois passou a fazer a formação das crianças através de uma natureza familiar. Através disso, acabam se perdendo as identidades. De acordo com Gurski (2006, p. 97), “[...] os professores, muitas vezes, acabam fazendo suplência parental, apagando, com sua boa intenção, o diferencial que caracteriza uma intervenção educativa, fora do âmbito familiar”.

Segundo Verdi (2006), muitos professores têm tomado os problemas de aprendizagem como um sinal de que algo não vai bem. Ressaltam que o mundo se tornou pior, com crianças e adolescentes que não respeitam e que são indisciplinados. Isso se atribui, muitas vezes, à negligência por parte dos pais. Cada vez mais as famílias afirmam que a educação dos filhos deve ser feita na escola. Isso se dá pelo motivo de as escolas, por muito tempo, anunciarem que as crianças e os adolescentes teriam uma educação integral e que iriam ser preparados para a vida, entre outras “promessas”. Diante disso, as famílias se tornaram mais exigentes e passaram a cobrar o que foi prometido.

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Assim, ainda para Verdi, a família não se achou mais obrigada a dar educação aos filhos, caracterizando o declínio da função paterna, ou seja, a lei não é instituída. A partir dessa lei é que nascem a consciência moral e as regras que limitam o sujeito no espaço social.

Para Albuquerque (2006), o pai, representante da lei que possibilita a identificação, não está mais fazendo seu papel. Atualmente, o pai se tornou uma figura ausente que não é capaz de sustentar uma figura idealizada, fazendo com que o sujeito não se sinta amparado. Diante disso, muitas vezes, a lei que deveria ser transmitida pela família, fica posta à sociedade.

Os efeitos dessa problemática são as consequências levadas para a escola. Para Gutierra (2002), os educadores não têm mais o seu valor simbólico e não cabe mais a eles dar uma ressignificação que possa contribuir para o futuro desses sujeitos. Essa ausência de referências faz com que os adolescentes formem grupos rígidos, gerando agressividade e inibindo o adolescente de se reinscrever simbolicamente.

Segundo Tavares (2006), as crianças desejam que tudo passe rápido para se tornarem adultos e fazer tudo o que estes fazem, ou seja, ter acesso ao gozo sexual. Porém, esse gozo sexual que as crianças almejam, é um lugar de angustiantes incertezas. O adulto acaba se debatendo “contra o retorno infantil”, buscando assim, “obter a garantia de um gozo constante”. Porém, quando o adulto se torna abusador, ele procura se satisfazer e as crianças expostas a essa situação, tornam-se objetos de satisfação.

De acordo com Lenoble (2008), as dificuldades de aprendizagens encontradas hoje, tornam-se “patologias”, e essas crianças e adolescentes não são mais levados aos pedagogos, mas sim a psicólogos, fonoaudiólogos ou médicos. Para a autora, “a situação de aprendizagem envolve o sujeito suposto, aprender em uma relação particular com seu objeto” (2008, p. 43).

Essa situação é nítida nas escolas e na instituição em que se realizou o estágio, pois as crianças e adolescentes com problemas de aprendizagens eram muitas vezes encaminhadas ao psicólogo, pelo coordenador, para um

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acompanhamento, porém os pais, na maioria dos casos, achavam desnecessário tal encaminhamento.

Conforme Mahoney e Almeida (2005), a criança que sofre com a violência doméstica tem a capacidade de aprendizagem prejudicada, podendo causar no sujeito comportamentos agressivos, depressivos, faltas na escola, insegurança, problemas na aprendizagem, entre outros.

Segundo Piaget (1978 apud Veiga, Silva e Silva, 2009, p.1), a inteligência depende do conjunto de influencias e estimulações ambientais, que poderão alterar os padrões de comportamento dos indivíduos. Pode-se entender que as agressões que a criança e o adolescente sofrem, podem comprometer o desenvolvimento físico, motor, social e cognitivo, o que acaba gerando sérios problemas de aprendizagem.

Para José e Coelho (2006, p.11), o processo de aprendizagem sofre influências “físicas, sociais, intelectuais e psicomotoras – mas é do fator emocional que depende grande parte da educação”. Sendo assim, dependendo de como a criança é tratada, a maneira que ela se vê, se está sendo rejeitada ou não, vai influenciar no seu processo e capacidade de aprendizagem. A criança que é agredida, humilhada, desprezada, internaliza todo esse tratamento que recebe e acaba se achando merecedora de tudo que está sofrendo, consequentemente ela terá baixa autoestima, insegurança e sentimento de incapacidade para aprender, pois não se acha capaz.

De acordo com José e Coelho (2006, p. 24), “a criança é um todo e, quando apresenta dificuldades de aprendizagem, precisa ser avaliada em seus vários aspectos”. As dificuldades podem mostrar uma maneira de a criança estar sofrendo maus tratos, pois será na escola que ela irá manifestar o seu sofrimento, podendo ser através de atos agressivos ou permanecendo isolada e apática frente aos colegas e professores.

A escola tem um papel fundamental nesse processo e é obrigação dos profissionais da educação, notificar aos órgãos competentes no caso de violência doméstica contra criança e adolescente, quando tal realidade é percebida ali. No entanto, o que muitas vezes acontece é que os professores têm medo de se

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envolver nessas situações e também não são preparados para lidar com esses acontecimentos.

Arroyo (2004) apresenta uma questão importante, pois fala que a rebeldia de uma criança/adolescente pode ser um gesto, através do qual esperam ser ouvidos e entendidos por alguém daquela instituição. Para esse mesmo autor (2004, p. 21-22):

A sociedade destrói a infância e espera das professoras e dos professores que conciliem sua bondade, cuidado e carinho com a mais absoluta indolência de sociedade e dos governos. Que esperam da escola? Que seja apenas uma saída de emergência? Que a imaginação dos mestres mais uma vez tente corrigir as imposturas que a sociedade comete contra a infância? Esse papel não é mais pacífico nos coletivos docentes. Estes interrogam a sociedade. Sentem até vontade de mandar de volta essa criançada para as famílias e para a sociedade.

Esse autor acredita que as escolas não estão preparadas para lidar com situações de crianças e adolescentes que são transformados pela sociedade, pois nas ruas e nos lares, muitos sofrem violência, trazendo para a escola muitas adversidades. Sabe-se, no entanto, que não é dever só da escola prevenir e combater a violência, mas de toda a sociedade, pois de acordo com Nepumoceno (2002, p.164):

A prevenção aparece como uma das maneiras de proteger crianças e adolescentes dos maus-tratos praticados por seus parentes, pais ou responsáveis. Quando buscamos a responsabilização desses violadores de direitos, estimulamos e encorajamos outras pessoas a fazer o mesmo, a denunciar e a procurar a punição legal para o mesmo, com isto provemos a proteção de outras crianças e prevenimos outros casos.

Durante o estágio de psicologia em processos sociais, era perceptível como as crianças e adolescentes se tornavam agressivos ou inibidos por sofrerem violência familiar, que muitas vezes não partia somente dos pais, mas também dos irmãos. A instituição não estava totalmente preparada para receber esse tipo de problemática, que acontecia com frequência e, assim, muitas crianças e adolescentes eram vistos como “pestes”, e não eram escutados e nem entendidos.

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Pode-se destacar que, quando a violência está presente na vida cotidiana das crianças e adolescentes, eles podem apresentar sintomas no decorrer da aprendizagem. Portanto Mannoni, citada por Goulart (2001, p. 53), diz que “em cada sintoma há uma mensagem encapsulada, o sujeito está falando através do sintoma, com sinais de um código pouco ou nada comunicável”.

Quando se fala em sintomas, pode-se pensar na inibição, que é quando o sujeito tenta evitar o contato com o objeto de seu pensamento, ou seja, ele evita pensar e consequentemente o aprender também será evitado.

Para Freud (1926 apud Goulart 2001, p. 54), a inibição não representa sempre algo patológico, pode apenas representar uma limitação. A inibição poderá ter muitas causas, e possui limitações, que para Goulart (2001, p. 54)

Algumas inibições tornam-se, por vezes, evidentes quando atingem determinadas atividades como escrever, tocar piano, e, revela em sua análise uma excessiva erogeinização do órgão encarregado de executá-la, sua significação sexual. Assim, o que a inibição encobre é justamente o significado simbólico que o ato em si representa.

A inibição evita o conflito do ego com o superego, no qual a finalidade é a autopunição, um exemplo é quando os sujeitos que tem inibições em atividades escolares não possuem êxito na escola.

Quando se trata da angústia, Goulart (2001), apud Freud, aponta que o sintoma pode não se apresentar junto à angústia, pois os sintomas são criados para evitar o perigo que se assinala através do desenvolvimento da angústia. Portanto, “a angústia é a reação à situação de perigo; ela é poupada se o Eu faz algo para evitar a situação, ou subtrair-se dela”.

A angústia é sentida e tem uma sensação de desprazer, porém, nem todo desprazer será angústia, pois existe também o desprazer da dor, do luto, da tensão, entre outros.

Segundo Freud (1926), sempre que houver angústia, há algo que a provoca, desse modo, a angústia é provocada pelo Eu. Ela é a condição necessária para o surgimento do sintoma, pois desperta o prazer/desprazer e paralisa o id. A angústia

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não possui apenas desprazer, mas também apresenta atos de descarga, que são as sensações físicas ligadas a alguns órgãos específicos.

Então, ainda para Freud, existe uma relação entre inibição e angústia, pois a inibição pode surgir como uma tentativa de evitar a angústia.

Outro sintoma que se apresenta nas escolas devido à violência doméstica contra a criança e o adolescente é a agressividade. De acordo com Train (1997), a agressividade é necessária para a sobrevivência do ser humano, desde o seu nascimento. Com o passar do tempo, essa agressividade da criança vai se modificar e irá surgir como defesa quando se sentir ameaçada.

Para Freud (1905), a agressividade sempre foi uma fonte instintiva e pulsional. Mais tarde, ele introduziu em sua teoria uma nova divisão pulsional, a pulsão de vida x a pulsão de morte. Em seu texto “Mal- Estar na Civilização”, o autor traz que a agressividade é uma representação da pulsão de morte e os sujeitos precisam utilizar reforços para que se possa estabelecer limites para o instinto agressivo do homem.

Segundo estudos de Winnicott (1939-1987), o ambiente tem fundamental importância para que a criança possa expressar a transformação da agressividade. No início de sua vida, a criança não traz consigo a intenção de destruir. É nesse período que entra a função materna, ou seja, ela cria condições para que essa criança possa aceitar a culpa que vem das pulsões destrutivas. Essas condições só se tornam possíveis se a mãe suprir as necessidades do filho, não só com a alimentação, mas também de segurança emocional.

No ambiente escolar, Kupfer (1998) menciona que a agressividade pode se apresentar sob três formas diferentes. A Imaginária, que é dirigida para o professor, cujos pequenos ataques, cotidianamente o desqualificam. A Real, quando não há sentido para os atos, cujo exemplo é a depredação. E a Simbólica, que busca restaurar a figura da autoridade perdida, muitas vezes dirigida pela lei dos traficantes.

Já, Hutz (2005), em seus estudos, afirma que as crianças e adolescentes que presenciam a violência no ambiente doméstico, tendem a desenvolver

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problemas e um repertório de estratégias que os tornam com comportamentos diferentes das demais crianças.

Desse modo, pode-se verificar que a violência doméstica poderá trazer grandes danos no processo de aprendizagem. Cabe salientar, que a criança ou adolescente que sofre esse tipo de tratamento poderá apresentar a sua capacidade cognitiva prejudicada, também apresentar danos psíquicos e comportamentos inadequados. Essas crianças e adolescentes, muitas vezes, são vistos como alunos problema nas escolas, porém, como muitos profissionais da educação não são preparados para lidar com essas problemáticas, acabam por intensificar ainda mais as angústias vividas por essas vítimas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A violência começa a ser usada desde os primórdios, como forma de sobrevivência do ser humano que, mais tarde, passa a utilizá-la como forma punitiva, tanto para crianças e adolescentes, quanto para os adultos.

Pode-se encontrar a violência em quase todos os lugares, porém ela poderá se apresentar sob diversas formas, da violência física até a sexual, psicológica, negligente, entre outras. Entende-se que a violência é um mal-estar social, que pode ser entendida como um sintoma.

Diante desse sintoma social, que é a violência, o presente estudo abordou a questão da violência doméstica contra a criança e o adolescente, tema esse que passou a ser mais debatido a partir da criação do ECA e da Constituição. Foi daí que essas pessoas passaram a ser sujeitos de direitos.

A família é o lugar em que as crianças vivem sua primeira experiência de violência, justamente num local necessário e essencial para a constituição do ser humano. Essa “violência” é o momento em que o pai interdita o filho em relação à mãe. Também é na família que a criança e o adolescente deveriam se sentir protegidos e acolhidos.

As questões mais enfatizadas neste trabalho são as consequências que a violência cometida por pais, responsáveis, irmãos, produz na criança e no adolescente. Sabe-se que todo tipo de violência traz danos, que sempre produzirão consequências psíquicas e, por vezes, também físicas.

Dentre as consequências que a violência cometida contra esses sujeitos ocasiona, citam-se os comportamentos agressivos, as mudanças de humor e de comportamento, o mau desempenho escolar e as dificuldades de aprendizagem.

Como essas crianças e adolescentes passam a maior parte tempo na escola, depois do lar, é nela que irão demostrar se estão sofrendo a violência. O que se vê, no entanto, é que muitos profissionais da educação não estão preparados para lidar com essa situação. Então as vítimas não são ouvidas e ainda são “rotuladas” como incapazes.

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Não existem muitos estudos acerca dessa problemática, porém os objetivos propostos, de mostrar a investigação sobre a violência doméstica e se esta teria mesmo influência sobre a aprendizagem das crianças e adolescentes, foram alcançados neste trabalho.

De acordo com os autores pesquisados nas teorias Psicanalíticas, Piagetiana e Sócio Histórica, pôde-se concluir que o sujeito constitui-se num processo de interação com o outro e com o meio, e a aquisição da aprendizagem será o resultado que o ambiente tem sobre o indivíduo, ou seja, se a criança e o adolescente sofrem a violência, eles irão internalizar tal tratamento e se achar merecedores de tudo que estão sofrendo, consequentemente a capacidade de aprendizagem será baixa.

Quando os professores percebem que crianças e adolescentes são violentados, é de extrema obrigação notificar aos órgãos competentes. É de suma importância também, os profissionais da educação poderem contar com a ajuda de profissionais da psicologia para investigar e trabalhar com esse e outros casos que atingem esses sujeitos escolares.

Chega-se ao final deste trabalho de conclusão de curso com grande êxito, pois com bastante pesquisa e investigação, pode-se dizer que a violência doméstica interfere, e muito, na aprendizagem e também na conduta das crianças e dos adolescentes. Ficam, no entanto, algumas questões que, após a finalização deste trabalho, levam às seguintes reflexões: Como seria se as escolas pudessem contar com um profissional de psicologia para orientar e acompanhar essas crianças e adolescentes? E se as políticas públicas funcionassem de forma adequada, esses sujeitos seriam lembrados e acolhidos? Será que a violência doméstica diminuiria? Ou será que, se essas crianças e adolescentes pudessem contar com atendimentos psicossociais, o futuro delas poderia ser diferente? Essas são perguntas sobre a situação que perdura hoje nas escolas e nas famílias e que merecem ainda, ampla discussão, quem sabe em outro estudo, no futuro.

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